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Aracnídeos de interesse para a saúde humana Prof. Rodrigo Gurgel Gonçalves Como identificar um aracnídeo? Quais são as principais espécies de aracnídeos de interesse para a saúde pública? Quais são os sintomas e tratamento dos acidentes com aracnídeos peçonhentos? Como prevenir esses acidentes? Como está a situação epidemiológica do araneísmo e escorpionismo no Brasil? Como vivem os carrapatos? Qual a importância médica desses artrópodes? Como prevenir o contato? Como ocorre a transmissão da febre maculosa? Quais são as populações de risco? Como pode ser feito o diagnóstico da escabiose e tratamento da escabiose? Quais são os fatores de risco para escabiose? Aracnídeos de interesse para a saúde humana Quem são os aracnídeos? Características compartilhadas: quelíceras, adultos com 4 pares de pernas e 1 par de pedipalpos. Scorpiones Aranae Acari aranha-armadeira Phoneutria nigriventer (15 cm de envergadura) Veneno neurotóxico: dor e edema local, sudorese e edema pulmonar O que fazer após acidente? Aranhas de interesse médico analgésico, soro antiaracnídico (5 a 10 ampolas em casos graves) https://www.youtube.com/watch?v=RCwRslF3yqI Edema discreto em dorso de mão em paciente picado há 2 horas por Phoneutria sp (FNS 1998) aranha-marrom Loxosceles gaucho (3 cm de envergadura) Loxosceles intermedia Forma mais grave de araneísmo no Brasil: veneno hemolítico levando a necrose Documentário: https://www.youtube.com/watch?v=9tpBdH1q2sI 2º pp 27º pp 41º pp 74º pp 5º pp Fonte: SVS Loxoscelismo Quadro clínico 2º pp Fonte: SVS 27º pp 62º pp Loxoscelismo Quadro clínico Como tratar? analgésico, soro antiaracnídico, excisão cirúrgica da área picada. viúva-negra Latrodectus geometricus Fêmeas: 1 cm Machos: 0,3 cm Latrodectus grupo mactans Veneno neurotóxico: dor aguda, sudorese, tremores, convulsões, taquicardia e edema Tratamento: analgésico. Soro antiaracnídico, em casos mais graves Almeida et al. (2009): caso de envenenamento em SP Scorpiones Pedipalpos Aguilhão Tityus serrulatus Sintomas após ferroada: calor, rubor, dor, tontura, náusea, cefaléia Tratamento: analgésico, soro antiescorpiônico 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 100 105 110 115 120 125 130 135 140 145 150 0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000 40000 45000 50000 55000 60000 65000 70000 75000 80000 85000 90000 95000 100000 105000 110000 115000 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Ign/Branco Serpente Aranha Escorpião Lonômia Ign/Branco Serpente Aranha Escorpião Lonômia Ano do acidente N ú m er o d e N o ti fi ca çõ es N ú m ero d e Ó b ito s Implantação do SINAN – Série histórica 1994 – 2010* Fonte: SINAN/SVS/MS *Dados sujeitos a revisão Os acidentes com animais peçonhentos constituem problema para a saúde pública? E A S Barras: notificações: ~52 mil Linhas: óbitos: 85 MUITOS acidentes, mas poucos óbitos 2010, escorpiões: Distribuição dos acidentes por animais peçonhentos por região de ocorrência e tipo de envenenamento Período de 2000 a 2010* 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% NORTE NORDESTE SUDESTE SUL CENTRO-OESTE Serpente Aranha Escorpião Lagartas Abelha Outros Onde? Brasil Fonte: SINAN/SVS/MS *Dados sujeitos a revisão Envenenamento em crianças e adolescentes por escorpiões A maior mortalidade foi associada a idade (mais jovens) e tempo de atendimento médico (tardio) Vermelho: fator de risco Azul: fator protetor Dor estimula ida ao hospital e tratamento oportuno/rápido Brasília, 16 de novembro 2014, jornal local Situação comum no DF, óbito registrado em 2013 Como seria o atendimento? Como proceder em um caso de acidente com animais peçonhentos? O que fazer? • Limpar o local com água e sabão; • Procurar posto de saúde ou hospital de referência mais próximos, se possível levando o animal • Iniciar o tratamento com analgésico e soroterapia de acordo com sintomas O que não fazer? • Não amarrar ou fazer torniquete; • Não aplicar nenhum tipo de substância sobre o local da picada (álcool, querosene, fumo, ervas, urina) nem fazer curativos que fechem o local, pois podem favorecer a ocorrência de infecções; • Não cortar, perfurar ou queimar o local da picada; Escorpionismo: quadro clínico, tratamento e frequência dos acidentes quanto à gravidade CLASSIFICAÇÃO QUADRO CLÍNICO Tratamento LEVE * (84%)** Dor, eritema e parestesia locais; sudorese local Sintomático MODERADO (10%)** Alterações locais + sistêmicas: Agitação, sonolência, sudorese, náuseas, vômitos, taquicardia e taquipnéia. SAE ou SAA 2 - 3 amp. EV GRAVE (1%)** Vômitos e sudorese profusos, agitação, tremores, espasmos musculares, prostração, convulsão, coma, bradicardia, bradipnéia, edema pulmonar agudo e choque SAE ou SAA 4 - 6 amp.EV * Tempo de observação das crianças picadas: 6 a 12 horas. ** Ano 2010, com dados sujeitos a revisão Fonte: SINAN/SVS/MS * Dados sujeitos a revisão 2010: 92% dos casos apresentaram manifestações locais 6% apresentaram manifestações sistêmicas 80 óbitos em 2013 O que fazer para controlar a ocorrência de escorpiões? Vigilância com participação comunitária, retirada/coleta dos escorpiões (agente de saúde) e manejo ambiental Não é recomendado uso de inseticidas para o controle de escorpiões! Evitar exposição aos fatores de risco: Lixo Entulho Acari (ácaros e carrapatos) -Ácaros < 1 mm, Carrapatos = 1-30mm - Fusão entre cefalotórax e abdome; larvas com 6 pernas, adultos com 8 pernas, escudo dorsal - Peças bucais localizadas em uma projeção anterior: capítulo Base do capítulo Palpos Quelíceras H ip ó st o m o Acari: variação de tamanho x alimentação Até 100 X o peso inicial Ciclo Biológico de Ixodidae Ciclos de 1 hospedeiro Ciclo Biológico de Ixodidae Ciclos de 3 hospedeiros Ectoparasitismo Detalhe da fixação do carrapato no hospedeiro. Quais adaptações? Derme - Inflamação e a coçeira intensa: perfuração da pele pelas peças bucais e injeção de saliva que liquefaz as células da derme. - O ato de coçar remove o ácaro, mas deixa o tubo, permanecendo uma fonte de irritação por vários dias - Adaptações: receptores olfativos nas pernas e nos palpos (detecção de CO2) e glândulas salivares (produção de cemento e anticoagulantes) Ectoparasitismo Observar eritrema e edema Ectoparasitismo Alta densidade populacional: anemia Rhipicephalus Ectoparasitismo Resposta inflamatória, edema, eritema Necrose focal na derme no local da picada Ectoparasitismo RGG, 2014 Ectoparasitismo 1d 6d 9d Transmissão de patógenos (ação como vetores) • Babesiose – Babesia sp. (gado, cães, homem) - vídeo • Encefalites e febres hemorrágicas – Febre maculosa (Rickettsia) – Doença de Lyme (Borrelia) – Viroses (+ de 15 espécies) Transmissão de Leishmania entre cães? Transmissão de Rickettsia rickettsiiFebre Maculosa no Brasil Sintomas inespecíficos Diagnóstico tardio (cultura/soroconversão) Dificuldade na identificação do exantema (palmar/plantar) Demora para iniciar tratamento com antibióticos 2007 a 2014: 1022 casos confirmados Baixa incidência Alta mortalidade Por que? 44% 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 0 10 20 30 40 50 60 70 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 L et a li d a d e( % ) ò b it o s ANO Número de óbitos Taxa de letalidade anual Oliveira et al. (in prep) Febre Maculosa no Brasil Grupos de risco: biólogos, veterinários, trabalhadores do campo, mateiros, extrativistas 2007 a 2012 Barros e Silva et al. (2014) Prevenção de carrapatos • Proteção individual (calças e camisas longas) • Uso de acaricidas e repelentes (piretróides) • Tratamento dos animais domésticos e vacinas anticarrapato Outras medidas: sabonete de enxofre, meia calça, macacão, fita adesiva Sarcoptes scabiei e Escabiose Sarcoptidae (ácaros da Sarna) Morfologia de Sarcoptes scabiei -Corpo globoso (0,4 mm) com pernas curtas, espinhos curtos e cerdas finas e flexíveis - Variedades: hominis, canis, suis Morfologia em microscopia Óptica Habitat de Sarcoptes scabiei Ciclo Biológico de Sarcoptes scabiei 200 em 1 mês. Duração: 21 dias Transmissão de Sarcoptes scabiei Transmissão por contato direto entre as pessoas Sacoptes é encontrado frequentemente entre os dedos, cotovelos, axilas, nádegas e genitais provocando feridas Sarna com origem canina: já descrita, mas aparentemente rara É possível transmissão cão-homem? Manifestações patológicas da Sarna - Coçeira intensa e irritação cutânea. O aparecimento de feridas é comum com a formação de crostas. Quais seriam as consequências da perfuração e formação de galerias na pele? Diagnóstico clínico-epidemiológico Presença de lesões típicas por mais de 2 semanas + Prurido, principalmente à noite + Ao menos um membro da família com lesões similares Heukelbach et al. (2005) Crostas em casos graves Como confirmar o diagnóstico? Fita gomada sobre as crostas microscopia Raspagem da pele, clarificação do material (NAOH) microscopia Problema: baixa sensibilidade em casos de baixa infestação Diagnóstico Microscopia epiluminescente (ELM) Não invasivo In vivo Alta eficácia Rápido Observação das galerias, sulcos e parasitos (ovos, ninfas e adultos) Quais fatores que contribuem para a alta prevalência da escabiose? Individuais Comportamentais Sociais Serviços: diagnóstico/tratamento Tratamento da Sarna O tratamento é feito com banhos mornos, retirada das crostas e aplicação de acaricidas (escabin, 4d e repetir após 1 semana) e bactericidas Uso de ivermectina oral é um tratamento alternativo, assim como uso de extratos de plantas (ex: nim) Referências Neves, D.P et al. Parasitologia Humana. 11a edição, São Paulo: Editora Atheneu, 2005, 193 p. Rey, L. Parasitologia. 4ª Edição, Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008, 435 p. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Manual de controle de escorpiões / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica. – Brasília : Ministério da Saúde, 2009. CDC http://www.dpd.cdc.gov/dpdx.
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