1º bimestre processo penal

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“As misérias do processo penal “
Francisco Carnelutti
“ O caso dos exploradores de cavernas”
O estado como garantidor dos direitos de seus cidadãos, bem como regulador das relações da sociedade é o único, como entidade soberana, que detém o poder de punir.
O processo ou, a relação processual é caracterizado por um silogismo composto por uma premissa maior comparado a uma premissa menor as quais nos darão um resultado (decisão judicial). Ex:
Tem o dever de indenizar, quando por ato ilícito, causar dano a outrem.
João cometeu ato ilícito contra Maria.
 Logo João tem o dever de indenizar Maria.
Atividade jurisdicional 
Trata-se de uma das atividades típicas do estado (legislativa + executiva). A jurisdição vem do latim que significa: júris = direito, dição= dicere= dizer.
Com vistas a afastar a auto tutela, por meio da jurisdição devemos instrumentalizar o direito para a solução do litígio.
Processo
Conjunto de normas e princípios que regem o exercício conjugado da jurisdição do estado-juiz garantindo o direito de defesa pelo demandado e o direito de ação pelo demandante.
Jus puniendi 
O estado em regra é o detentor do poder-dever de punir (jus puniendi), podendo delegar ao ofendido a legitimidade para inicio da relação processual, conferindo-lhe o jus persequendi in judicio (direito de demandar em juízo) contudo conservando o jus puniendi.
É imprescindível a prestação jurisdicional para a dirimencia dos conflitos na órbita penal, não sendo possível a aplicação da pena pela via administrativa.
Mesmo no caso de crimes de menor potencial ofensivo em que se admite jurisdição consensual deverá ser homologado em juízo.
Outras características do direito processual penal
É uma matéria autônoma uma vez que possui objeto e princípios próprios e tem como finalidade a pretensão punitiva de um ilícito penal e tem como finalidades:
Mediata: se confunde com a própria finalidade do direito penal que é a paz social.
 Imediata: realização da pretensão punitiva derivada de um delito através da garantia jurisdicional.
Princípios norteadores do processo penal
Verdade real, o juiz não pode se basear apenas nas “verdades” levadas a ele por conta do processo. Ele busca a verdade através do que as partes o levam de ante-mão. Assim podendo requerer as provas que precisar.
Tal principio preceitua que o juiz não poderá prolatar uma decisão seja absolutória ou condenatória embasada tão simplesmente na verdade formal (verdade levada pelas partes). Art 156 CPP
Ou seja, no processo penal não acontece o que é admitido no processo civil, assim, o juiz no primeiro tem o dever de investigar como realmente aconteceram os fatos, sendo obrigação do mesmo dar seguimento na relação processual quando da inércia das partes.
Obrigatoriedade, nada mais é do que o dever de agir do estado. O dever que o estado tem de analisar a relação jurídica não é discricionário. Sendo assim, não haverá conveniência e oportunidade quando da instauração de IP (inquérito policial), bem como a respectiva ação penal.
Legalidade, o estado só poderá demandar em juízo e, punir o condenado, desde que sua atuação esteja amparada na lei. 
Oficialidade, este principio trata que o estado dividirá sua atividade oficialmente, ou seja, incumbe a polícia judiciária a investigação, o MP em acusar e, o juiz em julgar, tornando sua atividade legitima.
Indisponibilidade do processo, o estado não poderá atuar na demanda quando conveniente sendo a persecução penal é obrigatória, com exceção da tratada na ação penal privada e condicionada a representação. 
Art 17, 42, e 576 CPP.
Publicidade, o processo é publico, exceto os autuados sob segredo de justiça. Ex: interesse de menor. 
Art 5º LX e 792 CPP.
Presunção de inocência, somente será considerado culpado quando houver sentença penal condenatória transitada em julgado. Segundo recente julgado do STF poderá ser preso o réu logo após o julgamento recursal de 2ª instancia, violando amplamente a presunção de inocência.
Duplo grau de jurisdição, é garantido ao culpado ver-se processado por duas instancias, ou seja, a relação jurídica analisada em primeiro grau (A QUO) deverá ser reanalizada em segundo grau.
**O mesmo entendimento é cabível a acusação.
Juiz natural, é garantido no processo um julgamento por juiz competente. 
*regras objetivas, igual competência em relação ao crime. (Justiça federal)
*proibição a criação de tribunais de exceção: não é admitido no direito a criação de tribunais específicos ao atendimento de pessoas especificas.
Legalidade da prisão, a CF prevê que todo encarceramento seja ele cautelar, seja ele sanção deve por obrigatoriedade ao cumprimento das normas do direito penal garantista, 
*liberdade de locomoção no território nacional, art 5º inciso, 15
*personalização da pena, inciso XLV
*contraditório e ampla defesa, 55,57.
* ninguém será punido por autoridade incompetente ou, ninguém será preso se não em flagrante. 61
* relaxamento de prisões ilegais, 66
*liberdade provisória com, ou sem fiança. 67
* prisão civil = devedor inadimplente voluntario e inescusável de obrigação alimentícia, 68
* habeas corpus = direito de liberdade violado, permissível também sempre que alguém sofrer ou julgar-se ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção por ilegalidade ou abuso de poder. 75
* indenização por erro judiciário
Sistema processual (tipos de processo penal)
Acusatório, em suma, contraditório + publico + imparcial + ampla defesa, e distribui a órgãos distintos as funções de acusar, defender e julgar. Obs : não é dado ao juiz iniciar o processo, pois, a iniciativa cabe a parte acusadora (MP ou vitima). Actum Trium Personarum (Autor, juiz, réu).
Art 28 do CPP
Inquisitivo, em suma, é sigiloso + sempre escrito + ausência de contraditório e reuni na mesma pessoa as funções de acusar, defender e julgar.
Obs: o agente criminoso é mero objeto da persecução penal o que implica dizer que se admitia penas de tortura e demais penas degradantes, não obstante aos meios adotados para produção da a prova-mãe: a confissão.
Misto, Há uma fase inicial inquisitiva, na qual se procede a uma investigação preliminar e a uma instrução preparatória, e uma fase final, em que se procede ao julgamento com todas as garantias do processo acusatório. 
Obs: esse combina elementos acusatórios e inquisitivos em maior ou menor medida, segundo o ordenamento processual.
Aplicação da lei processual 
Lei processual no tempo, a lei processual independentemente se mais benéfica ou não, as partes do processo, a norma processual será aplicada a partir da sua vigência, inclusive aos processos em trâmite. 
Lei processual no tempo 
A eficácia temporal das normas processuais se sujeita a “vacatio legis” (alteração pela LC 95/98), ou seja, quando não determinado pelo legislador qual o período será cumprido a lei entrará em vigor quando de sua publicação.
Tempus regit actum:
Os atos realizados sob a égide da lei anterior serão considerados validos.
A norma processual tem aplicação imediata. (respeita a coisa julgada, o direito líquido e certo, e o ato jurídico perfeito).
Lei processual no espaço 
O CPP é regido pela absoluta territorialidade, ou seja, deverá o processo ser regulado pelas normas do local onde se desenvolve. 
Território: abrange o solo, subsolo, com limites reconhecidos, águas territoriais, plataforma continental e espaço aéreo.
Território por extensão, aeronaves brasileiras, embarcações de natureza publica ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontre.
 2) embarcações e aeronaves mercantes ou de propriedade provada que se achem em alto mar ou em espaço aéreo correspondente. Art 5º CP
Obs: diferentemente do CP a lei processual não ultrapassa os limites de seu território. Também por obediência ao principio da soberania, os atos referentes a processos que devem ser realizados no exterior devem ser aplicadas as leis processuais deste local. (Lex fori) 
Ação penal 
Possibilidade jurídica do estado perquirir o jus persequendiin judicio, ou seja, aplicar o poder/dever de demandar em juízo, contudo afim de evitar a auto tutela. 
Subdivide –se em publica e privada.
Publica 			- incondicionada
			- condicionada
Privada 		- propriamente dita
			- subsidiaria da publica
Incondicionada
 Tem origem nas centralização do jus puniendi estatal devendo ser promovida e movimentada pelo MP, independentemente de qualquer manifestação de vontade da vitima ou familiares quando esta for menor. Esta ação tem características:
Oficialidade, somente o MP será incumbido. 
Indisponibilidade, a ação penal depois de intentada não poderá dispor + declinar + desistir, contudo, não implica dizer que o MP ao final da relação processual manifeste-se pela absolvição do agente.
Obrigatoriedade, a obrigatoriedade estatal deverá obrigatoriamente ser realizada, atuando de forma totalmente independente.
Indivisibilidade, o MP deverá demandar contra os autores e participes do crime.
Intranscendência, a pena não pode passar da pessoa do condenado.
Obs: a ausência de qualquer desses requisitos gera nulidade processual. Art 564 CPP, 24.
Nos crimes cujo processamento se der por publica incondicionada, o código penal, lei especial serão silentes.
 Condicionada