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1 DELEGADO FEDERAL E ESTADUAL – MÓDULO II Disciplina: Processo Penal Prof.: Levy Magno Aula: 01 Monitor: Munir MATERIAL DE APOIO - MONITORIA Índice I. Anotações da aula II. Jurisprudência correlata III. Lousas I. ANOTAÇÕES DA AULA 1. Persecução Penal: existem 2 fases da persecução penal, uma investigatória, e outra processual; para que se tenha a persecução penal, é absolutamente imprescindível a confecção de uma INVESTIGAÇÃO PRELIMINAR. A culpa criminal de qualquer pessoa está reservada para determinação do Poder Judiciário (artigo 5º, XXXV, CF – monopólio exclusivo de distribuição de justiça criminal). 2. Quem tem legitimidade para presidir investigações próprias? A PF e a PC dos Estados e do DF tem função TÍPICA investigatória. Nasceram com tal incumbência. Fornecem material probatório para formação da opinião do titular da ação penal. A PRF, a PFF, a PM, bem como a GC não tem legitimidade típica investigatória, mas poderão atipicamente, a título correicional, para avaliar conduta de seus membros, confeccionar investigações. 3. Existe hierarquia entre a PF e a PC? NÃO, mas tratando-se de investigação que envolva interesse da União, de suas autarquias, de suas empresas públicas, entre os órgãos de Polícia, somente a PF tem legitimidade para investigar (exclusividade). A PC tem atribuição residual. Quando, num determinado contexto, forem identificados crimes da Federal e da Estadual, ambos serão investigados pela PF (súmula 122 – STJ). 4. Guarda Civil: tem atribuição para proteger bens, serviços ou patrimônio municipal. NÃO PODE DESENVOLVER ATIVIDADE INVESTIGATÓRIA, MAS NADA IMPEDE QUE PRENDA EM FLAGRANTE QUANDO FOR O CASO, ENCAMINHANDO IMEDIATAMENTE O FATO AO DELPOL (Lei 13.022/14 – material do aluno). 5. MP: não há legitimidade legal expressa para presidir investigações próprias. Desde 1988, o MP vem investigando, e as investigações foram questionadas nos Tribunais Superiores; STF: RE 593.727-MG, por maioria de votos, Plenário, entendeu que o MP tem legitimidade implícita para presidir investigações próprias. STJ: Súmula n° 234 - A participação de membro do ministério público na fase investigatória criminal não acarreta o seu impedimento ou suspeição para o oferecimento da denúncia. 6. Quais são as formas de investigação preliminar? São 3: inquérito policial, termo circunstanciado, alguns denominam de termo circunstanciado de ocorrência, e 2 peças de informações (quaisquer documentos que não passem pelo crivo da Polícia, mas indicam a ocorrência de crime – artigo 40 do CPP). 7. Modalidades de “NOTITIA CRIMINIS”: 7.1) “NC” espontânea, direta ou imediata: é aquela em que a autoridade é informada da infração penal diretamente, sem a intervenção de nenhuma pessoa qualificada. Exemplo: DELPOL se depara com um crime de roubo ocorrendo na via pública. A partir daí, adota as providências (ninguém levou a ele a comunicação). Dentro desse conceito está a denúncia anônima, apócrifa ou inqualificada. Serve para instauração de investigação preliminar? Diante de uma denúncia anônima, primeiro o DELPOL deve verificar através de um exame preliminar a concretude da informação, a verossimilhança, o fato concreto, a mínima seriedade para, só depois, verificar se é o caso de aprofundar a investigação. Denúncia anônima + devassa = prova ilícita. STF: HC 99.490 – SP; STJ: HC 137.349 – SP (Operação Castelo de Areia). 7.2) “NC” provocada, indireta ou mediata: é a denominada “delatio criminis”, vale dizer, notitia criminis levada até a autoridade por um terceiro (PM, vítima, etc), ou através de uma requisição por parte do juiz, do MP, ou do Ministro da Justiça. Na segunda hipótese, sempre haverá um terceiro QUALIFICADO. “Delatio criminis” postulatória: é a notícia do crime levado pela vítima na forma de representação nos crimes que assim exigem (crime de ameaça – artigo 147 do CP). 7.3) “NC” coercitiva: é aquela encaminhada até a autoridade que autoriza, de imediato, a lavratura do auto de prisão em flagrante. 8. Inquérito Policial: conceito e formas de instauração 8.1) Conceito: trata-se de procedimento sempre administrativo, presidido por um Delegado de Polícia de carreira (concursado e empossado), tendo por finalidade a obtenção das circunstâncias, materialidade e autoria da infração penal, de modo a formar a “opinio delicti” do titular da ação penal. OBS: Como regra, somente DELPOL preside IP. A única exceção será na oportunidade em que o investigado tiver PRERROGATIVA DE FORO fixada na CF ou na CE. 8.2) Formas de instauração: Existem 6 formas: a) de ofício: a infração penal investigada não depende da autorização de quem quer que seja – a investigação é incondicionada – quando o crime não trouxer nenhuma observação, a investigação é incondicionada – o DELPOL baixa a portaria; b) mediante representação do ofendido, ou de quem o suceda (CCADI): a representação é condição de procedibilidade para que o DELPOL possa investigar, e o MP, possa oferecer eventualmente a denúncia. Está sujeito a prazo decadencial (6 meses do conhecimento da autoria). Caso não oferecida, se operará a decadência do direito de representação. A vítima pode se retratar (voltar atrás), e também pode se retratar da retratação, desde que esteja no prazo decadencial. OBS da Lei 11.340/06 – Histórico: - Crime de lesão corporal de natureza leve: originalmente era de ação penal pública incondicionada; - O artigo 88 da Lei 9.099/95 passou a exigir a representação como condição de procedibilidade, não só nas lesões leves, mas também nas culposas; - O artigo 41 da Lei 11.340/06 não permitiu a aplicação da Lei 9.099/95, sendo que o STF, julgando a ADC 19/12, declarou que o referido artigo era constitucional; 3 - Qualquer infração penal praticada no ambiente da Lei 11.340/06, no entendimento do STF e do STJ, é completamente incondicionada. c) Mediante REQUERIMENTO do ofendido: alguns crimes, poucos, são de iniciativa privada, vale dizer que o ofendido tem, caso queira, o dever de REQUERER AO DELPOL a instauração do IP. Essa regra só vale para os crimes que “se procede mediante queixa”. O DELPOL avalia e decide: determina a instauração, ou indefere motivadamente, hipótese em que a vítima poderá manejar recurso inominado ao chefe de Polícia (Secretário de Segurança Pública ou Delegado-Geral de Polícia). Ocorrido o crime de iniciativa privada, e sendo conhecida a autoria, inicia-se a contagem do prazo decadencial (como regra, 6 meses). O fato de requerer a instauração, ou o ato de instauração não interrompe ou suspende o prazo decadencial; d) Requisição do Ministro da Justiça: trata-se de hipótese remota em que o Presidente da República, ou Chefe de Estado que esteja no território nacional, sejam vítimas de crime contra a honra. Para a instauração, o DELPOL depende de ORDEM CIRCUNSTANCIADA DO MINISTRO NESSE SENTIDO. Requisição é condição de procedibilidade. e) Requisição do juiz ou do membro do MP: trata-se de ordem originada de juiz ou membro do MP para que o DELPOL instaure IP. Sendo a ordem legal, legítima, induvidosa, o DELPOL deverá instaurar; Na hipótese de ordem duvidosa, de legitimidade e legalidade duvidosa, mesmo sendo ordem, o DELPOL poderá descumprir justificadamente. 4 II. JURISPRUDÊNCIA CORRELATA 1. A Federação Interestadual do Sindicato de Trabalhadores das Polícias Civis – DF – FEIPOLrequer seu ingresso no processo na qualidade de amicus curiae.Para tanto, aduz a “ inequívoca pertinência temática entre a matéria ventilada na presente ação e a finalidade precípua da Entidade Requerente, que consiste na defesa de direitos e interesse da categoria dos servidores policiais civis que forma sua base” (fl.266).2. A intervenção deve autorizada.Conforme se lhe extrai do estatuto, o requerente é associação destinada a “ representar perante o Executivo e Legislativo (Federal, Estadual e Municipal), e ao poder Judiciário, os interesses da Categoria Policial Civil, julicial e/ou extrajudicialmente” (fl. 289).Ve-se, pois, que ostenta adequada representatividade (adequacy of representation) dos interesses envolvidos na causa, nos termos do art. 7º, § 2º, da Lei nº 9.868/99 e do art. 323, § 2º, do RISTF, a título de requisito de viabilidade da intervenção como amicus curiae. Afinal, é entidade representativa das entidades sindicais das categorias que representam os policiais civis, interessados na apreciação do tema da atribuição de poderes investigatórios, reputados pela entidade como próprios dos órgãos policiais, ao Ministério Público.3. Defiro, portanto, o ingresso do requerente na qualidade de amicus curiae, devendo a Secretaria proceder às anotações pertinentes. Determino, ainda, seja disponibilizada, no site do Tribunal, a digitalização integral dos autos, para fins de consulta. Prejudicado, assim, o pedido de vista dos autos pelo requerente.Publique-se. Int.Brasília,7 de abril de 2010.Ministro CEZAR PELUSO Relator (STF - RE: 593727 MG , Relator: Min. CEZAR PELUSO, Data de Julgamento: 17/04/2010, Data de Publicação: DJe-066 DIVULG 14/04/2010 PUBLIC 15/04/2010) HABEAS CORPUS. “ DENÚNCIA ANÔNIMA” SEGUIDA DE INVESTIGAÇÕES EM INQUÉRITO POLICIAL. INTERCEPTAÇÕES TELEFÔNICAS E AÇÕES PENAIS NÃO DECORRENTES DE “ DENÚNCIA ANÔNIMA” . LICITUDE DA PROVA COLHIDA E DAS AÇÕES PENAIS INICIADAS. ORDEM DENEGADA. Segundo precedentes do Supremo Tribunal Federal, nada impede a deflagração da persecução penal pela chamada “ denúncia anônima” , desde que esta seja seguida de diligências realizadas para averiguar os fatos nela noticiados (86.082, rel. min. Ellen Gracie, DJe de 22.08.2008; 90.178, rel. min. Cezar Peluso, DJe de 26.03.2010; e HC 95.244, rel. min. Dias Toffoli, DJe de 30.04.2010). No caso, tanto as interceptações telefônicas, quanto as ações penais que se pretende trancar decorreram não da alegada “ notícia anônima” , mas de investigações levadas a efeito pela autoridade policial. A alegação de que o deferimento da interceptação telefônica teria violado o disposto no art. 2º, I e II, da Lei 9.296/1996 não se sustenta, uma vez que a decisão da magistrada de primeiro grau refere-se à existência de indícios razoáveis de autoria e à imprescindibilidade do monitoramento telefônico. Ordem denegada. (STF - HC: 99490 SP , Relator: Min. JOAQUIM BARBOSA, Data de Julgamento: 23/11/2010, Segunda Turma, Data de Publicação: DJe-020 DIVULG 31-01-2011 PUBLIC 01-02-2011 EMENT VOL-02454-02 PP-00459) VIOLÊNCIA DOMÉSTICA – LEI Nº 11.340/06 – GÊNEROS MASCULINO E FEMININO – TRATAMENTO DIFERENCIADO. O artigo 1º da Lei nº 11.340/06 surge, sob o ângulo do tratamento diferenciado entre os gêneros – mulher e homem – , harmônica com a Constituição Federal, no que necessária a proteção ante as peculiaridades física e moral da mulher e a cultura brasileira. COMPETÊNCIA – VIOLÊNCIA DOMÉSTICA – LEI Nº 11.340/06 – JUIZADOS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER. O artigo 33 da Lei nº 11.340/06, no que revela a conveniência de criação dos juizados de violência doméstica e familiar contra a mulher, não implica usurpação da competência normativa dos estados quanto à própria organização judiciária. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER – REGÊNCIA – LEI Nº 9.099/95 – AFASTAMENTO. O artigo 41 da Lei nº 11.340/06, a afastar, nos crimes de violência doméstica contra a mulher, a Lei nº 9.099/95, 5 mostra-se em consonância com o disposto no § 8º do artigo 226 da Carta da Republica, a prever a obrigatoriedade de o Estado adotar mecanismos que coíbam a violência no âmbito das relações familiares. (STF - ADC: 19 DF , Relator: Min. MARCO AURÉLIO, Data de Julgamento: 09/02/2012, Tribunal Pleno, Data de Publicação: ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-080 DIVULG 28-04-2014 PUBLIC 29-04-2014) 6 III. LOUSAS
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