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Material de Apoio Processo Penal Levy Magno Aula 02

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DELEGADO FEDERAL E ESTADUAL – MÓDULO II 
Disciplina: Processo Penal 
Prof.: Levy Magno 
Aula: 02 
Monitor: Munir 
 
 
 
MATERIAL DE APOIO - MONITORIA 
 
 
Índice 
 
I. Anotações da aula 
II. Lousas 
 
 
I. ANOTAÇÕES DA AULA 
 
8.2) Formas de instauração (continuação) 
 
f) Mediante auto de prisão em flagrante: a notícia é levada até o DELPOL, e ele, 
somente ele, avaliando os requisitos objetivo e subjetivo, delibera sobre a lavratura ou 
não do auto. 
 
8.3) Características: 
 
a) A presidência do IP é privativa de DELPOL. Como regra, ele conduzirá as 
investigações, SALVO, QUANDO O AGENTE OSTENTAR PRERROGATIVA DE FORO (CF 
ou CE). AUTOMATICAMENTE PERDE A TITULARIDADE E QUALQUER DILIGÊNCIA TEM 
QUE PASSAR PELO “DEFIRO” DO DESEMBARGADOR OU MINISTRO. Esta regra de 
direito público atende ao PRINCÍPIO DA OFICIALIDADE. 
 
b) Princípio da oficiosidade: 
Regra geral, o IP será instaurado de ofício, SALVO se o crime exigir a representação 
ou a requisição do Ministro da Justiça. 
 
c) Indisponibilidade: 
O DELPOL tem o poder discricionário ou regrado de decidir se é hipótese ou não de IP. 
Uma vez decidido pela instauração, o DELPOL não tem mais disponibilidade do 
desfecho final. Na hipótese de crime de ação penal pública somente o juiz tem o poder 
para mandar arquivar. 
Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito. 
 
d) Inquisitivo (inquisitorial): 
Durante a investigação não há contraditório e nem ampla defesa, mas nada impede 
que o advogado ACOMPANHE. 
Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer 
qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade. 
A única diligência ou providência de deferimento obrigatório é o EXAME DE CORPO DE 
DELITO (artigo 184 do CPP). 
 
e) Unilateralidade: 
O DELPOL não é obrigado a investigar todas as linhas possíveis de um crime, nem 
todas as versões (“ele segue a linha da sua intuição”). 
 
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f) Dispensabilidade: 
Regra geral, se o titular da ação penal dispõe de qualquer outro instrumento de 
investigação, o IP é dispensável, mas se a investigação foi desenvolvida dentro de um 
IP, logicamente, nesse caso, ele será indispensável. 
Art. 12. O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de 
base a uma ou outra. 
 
g) Acesso do advogado ao inquérito: 
O advogado tem acesso pleno a todos os inquéritos policiais, seja os inquéritos com 
sigilo ou não. O sigilo não atinge o advogado. O acesso pleno diz respeito a todas as 
provas que já estão MATERIALIZADAS (encartadas). Advogado não tem direito de 
saber as diligências que estão em curso. 
 
SÚMULA VINCULANTE 14 
 
É DIREITO DO DEFENSOR, NO INTERESSE DO REPRESENTADO, TER ACESSO AMPLO 
AOS ELEMENTOS DE PROVA QUE, JÁ DOCUMENTADOS EM PROCEDIMENTO 
INVESTIGATÓRIO REALIZADO POR ÓRGÃO COM COMPETÊNCIA DE POLÍCIA 
JUDICIÁRIA, DIGAM RESPEITO AO EXERCÍCIO DO DIREITO DE DEFESA. 
 
h) Vícios: 
Como regra, os vícios eventualmente detectados no IP não contaminam a ação penal, 
mas excepcionalmente, havendo vício grosseiro que não legitime legalmente a 
instauração do IP, a ação penal poderá restar contaminada (vide acórdão OPERAÇÃO 
CASTELO DE AREIA). 
 
i) Valor probatório: 
O IP tem lastro probatório indiciário, servindo como instrumento para provocar o início 
de uma ação penal. Tem valor relativo. O juiz JAMAIS PODERÁ FORMAR SEU 
CONVENCIMENTO EXCLUSIVAMENTE COM OS ELEMENTOS PRODUZIDOS EM SEDE DE 
IP. Poderá, entretanto, utilizar parte de prova elaborada pelo DELPOL, e parte de 
prova obtida sob contraditório judicial. MESCLAR PODE. 
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em 
contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos 
elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, 
não repetíveis e antecipadas. 
 
j) Incomunicabilidade do artigo 21 
 
Art. 21. A incomunicabilidade do indiciado dependerá sempre de despacho nos autos 
e somente será permitida quando o interesse da sociedade ou a conveniência da 
investigação o exigir. 
Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não excederá de três dias, será decretada 
por despacho fundamentado do Juiz, a requerimento da autoridade policial, ou do 
órgão do Ministério Público, respeitado, em qualquer hipótese, o disposto no artigo 89, 
inciso III, do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil (Lei n. 4.215, de 27 de abril 
de 1963) (Redação dada pela Lei nº 5.010, de 30.5.1966) 
 
k) Indiciamento: 
Coletados elementos informativos dando conta do envolvimento do agente, o DELPOL 
pode determinar o ato de indiciamento, inserindo, através de uma planilha, todos os 
dados qualificativos do agente, e apontando expressamente o dispositivo penal no 
qual está em curso. Ato privativo do DELPOL. É ato administrativo e não depende de 
autorização de juiz. Jamais poderá determinar o indiciamento de quem tem 
prerrogativa de foro. Ato fundamentado. 
 
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Artigo 2º, § 6º O indiciamento, privativo do delegado de polícia, dar-se-á por ato 
fundamentado, mediante análise técnico-jurídica do fato, que deverá indicar a autoria, 
materialidade e suas circunstâncias. 
 
l) Identificação criminal (Lei 12.037/09) 
No momento do indiciamento, o DELPOL deverá avaliar se é hipótese de identificação 
criminal (fotográfica e datiloscópica). Apresentando qualquer documento civil válido, o 
DELPOL não pode identificar criminalmente, salvo se houver dúvida concreta sobre a 
autenticidade do documento. Nas demais hipóteses, caso o DELPOL queira a 
identificação deverá requerer por escrito ao juiz. 
 
m) Prazos 
 
 PRESO SOLTO 
Regra Geral 
Estadual 
10 Dias 30 Dias 
Federal 15 Dias, 
prorrogáveis 
por + 15 Dias 
(juiz) 
30 Dias 
Lei 1.521/51 10 Dias 10 Dias 
Lei 
11.343/06 
30 Dias, 
prorrogáveis 
por + 30 Dias 
(juiz) 
90 Dias 
 
n) Encerramento: 
Se dá com o relatório não opinativo, ressalvada a hipótese do artigo 52 da Lei 
11.343/06 (Antidrogas). O MP não precisa aguardar o relatório final, embora 
normalmente aguarde. 
 
ENCAMINHAMENTO (FASE 02) 
 
O DELPOL encaminhará o IP que ficará aguardando a manifestação do titular da ação 
penal. 
Tratando-se de crime de iniciativa privada, cabe ao ofendido contratar advogado e 
intentar a queixa-crime, sob pena de decadência. 
Tratando-se de crime de iniciativa pública, os autos serão encaminhados ao membro 
do MP que poderá: 
 
a) Oferecer denúncia: provoca a máquina judiciária – estudo na AÇÃO PENAL 
(artigo 41); 
 
b) Devolução do inquérito para realização de diligências IMPRESCINDÍVEIS AO 
OFERECIMENTO DA DENÚNCIA (artigo 16); 
 
c) REQUERER o arquivamento: Em condições normais, 1º grau, o MP jamais 
determina, pois o requerimento está sujeito ao controle do juiz. No entanto, quando o 
agente ostentar prerrogativa de foro, e o promotor natural for o PGJ ou o PGR, na 
hipótese de arquivamento, só resta ao Tribunal arquivar (não tem mecanismo de 
controle). 
Em 1º grau, caso o juiz discorde, ele poderá remeter o inconformismo ao PGJ ou a 2ª 
CCR (Câmara de Coordenação e Revisão) para a revisão do ato do membro do MP de 
1º grau. Concordando com o MP de 1º grau, está arquivado; Caso o órgão revisor não 
concorde, formulará denúncia ou designará outro membro de 1º grau para formulá-la. 
 
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d) Possibilidades diante da homologação judicial do arquivamento: 
 
d.1) Homologado, só pode ser desarquivado se surgirem provas essencialmente 
novas; 
 
d.2) Homologado, nada impede que o delegadoproceda a uma checagem de 
informações novas que venha a receber sobre o fato; 
 
d.3) Homologado com fundamento em excludente de ilicitude, plenamente possível o 
desarquivamento, se houver PROVA NOVA; 
 
d.4) Homologado com fundamento em atipicidade da conduta, JAMAIS haverá 
possibilidade de desarquivamento; 
 
d.5) Arquivamento implícito: 
O STJ e STF entendem que não existe. Quando o juiz homologa o arquivamento, só 
está homologado aquilo que ficou escrito. O que o MP deixou de consignar, não está 
amparado pela homologação. 
 
d.6) Arquivamento indireto: 
Cada membro do MP tem um conjunto de atribuições. Em posse dos autos do 
inquérito, o membro do MP pode chegar a conclusão de que ele não tem atribuição 
para atuar, e o juiz que com ele trabalha não tem competência para julgar. Em 
manifestação fundamentada, requer a remessa dos autos ao juízo que entender ter 
competência para atuar no caso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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II. LOUSAS

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