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Atuação do Psicólogo nas Comunidades Terapêuticas 2

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Atuação do Psicólogo
COMUNIDADES TERAPÊUTICAS
Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas - Crepop
Estratégia de consolidação da presença da profissão do Psicólogo nas políticas sociais brasileiras;
Promover a ampliação e a qualificação da atuação profissional de psicólogas(os) que atuam na esfera pública;
Oferecer referências para atuação profissional; 
Promover a interlocução com espaços de formulação, gestão e execução em políticas públicas;
Garantir o compromisso social da participação das (os) psicólogas (os) nas políticas públicas;
Contribuir para a expansão da Psicologia na sociedade e para a promoção dos Direitos Humanos, bem como a sistematização e disseminação do conhecimento;
Técnicas para a Atuação de psicólogas (os) em Políticas Públicas de Álcool e Outras Drogas
Surge da necessidade de promover discussões e ações acerca da questão, que inclui, dentre as problemáticas:
 - a violação dos Direitos Humanos;
 - a importância da perspectiva da redução de danos (RD) no atendimento aos usuários de álcool e outras drogas no Sistema Único de Saúde (SUS;)
Referências Técnicas para atuação nas Políticas Públicas sobre Álcool e Outras Drogas
É feita a realização de uma pesquisa sobre a atuação dos Psicólogos nos Sistemas de Saúde Pública: demandas, dificuldades e desafios;
Formação de uma Comissão em 2012, com um grupo de especialistas indicado pelos plenários dos Conselhos Regionais (CRPs) e Plenário do Conselho Federal;
Composta por cinco especialistas que buscaram qualificar a discussão sobre atuação dos psicólogos neste campo;
O documento aborda e referencia aspectos específicos da prática profissional de psicólogas (os) nas políticas públicas sobre Álcool e Outras Drogas;
Breve histórico do Consumo de Drogas no Brasil
A marca contemporânea: desqualificação moral e social das pessoas, correlacionada a alguns tipos de uso de algumas das drogas, lícitas ou ilícitas;
“consenso mundial proibicionista” (século XX): maioria das sociedades ocidentais modernas adotam a ilegalidade de algumas substâncias = importante fator da marginalização e desqualificação social dos sujeitos;
Associação comum a processos de criminalização -> gerador de preconceitos e de condenações valorativas.
No Brasil: proscrição e ilegalidade de algumas substâncias psicoativas e a condenação moral aos excessos e descontroles em relação às demais substâncias lícitas -> induzem e conduzem o cidadão a “abrir mão” do seu autogoverno e da sua autodeterminação;
Limitam a percepção das formas singulares de engendramento de uma sensibilidade social peculiar.
Vícios Elegantes ou Drogas de Salão: ópio, cocaína, heroína, absinto -> ameaça à juventude rica, verdadeiro patrimônio nacional -> criação de restrições – legislação do séc. XX.
Álcool e maconha – anteriormente e amplamente disseminada em grupos sociais subalternos – sobretudo afrodescentes -> base valorativa permanente = desqualificação social e moral.
Pós escravidão – falta de emprego – aumento do uso do álcool pela população negra -> construção de manicômios públicos;
Uso fumado da maconha passa a se configurar como um elemento socialmente ameaçador pela sua difusão presente entre os grupos de jovens afrodescendentes capoeiristas -> ações de combate aos mesmos pela força policial. 
Ditadura: drogado = doente mental.
Políticas Públicas sobre álcool e outras drogas
Práticas de cuidado e de acolhimento: defesa dos direitos humanos das pessoas que fazem uso de álcool;
Inicialmente: paradigma da abstinência através da internação em grandes hospitais psiquiátricos ou instituições com características asilares que marcaram a institucionalização do saber psiquiátrico no Brasil;
 Multiplicaram-se também iniciativas de cunho religioso e de apoio mútuo entre os próprios usuários que encaravam a questão do uso e abuso de drogas a partir do enfoque biomédico, ao considerá-la uma doença incurável;
A partir do desenvolvimento dos dispositivos da reforma psiquiátrica (1980), as políticas públicas começaram a tratar do tema do uso e abuso de álcool e outras drogas de modo mais integrado e levando em conta a complexidade do cuidado.
Comunidades Terapêuticas e o Psicólogo: convergências e divergências
A despeito das resoluções do Conselho Nacional de Saúde, da IV Conferência Nacional Intersetorial de Saúde Mental e das irregularidades apresentadas no relatório da 4ª Inspeção de Direitos Humanos do CFP, as Comunidades Terapêuticas foram incorporadas à rede de atenção psicossocial ao usuário de álcool e outras drogas no âmbito do SUS, pela Portaria 3088, de 23 de dezembro de 2011.
As comunidades terapêuticas respondem a uma função social de segregação, propondo a internação e a permanência dos usuários, muitas vezes em caráter involuntário, centrando suas ações na temática religiosa e desrespeitando a liberdade de crença e o direito de ir e vir das pessoas.
É necessário, portanto, superar o isolamento promovido pelas instituições de caráter total, como são as comunidades terapêuticas, por uma rede de serviços em meio aberto, constituída pelos dispostivos do SUS e do SUAS .
Para isso, é fundamental que as (os) profissionais inseridas (os) nesses dispositivos fiquem atentas (os) às possíveis práticas de violação dos Direitos Humanos, assegurando o cumprimento dos princípios éticos garantidos pelo Código de Ética Profissional da (o) Psicóloga (o).
Que forneçam subsídios teóricos que abarquem o sofrimento psíquico subjetivo das pessoas que utilizam os tratamentos terapêuticos dessas comunidades, servindo com uma ferramenta teórica e ética que venha a auxiliar esses indivíduos ao longo de seu percurso nessas instituições.
Para CFP, comunidades terapêuticas não podem ser consideradas estabelecimentos de saúde, pois não atendem aos critérios exigidos pela legislação vigente, sob risco de incorrerem em ilegalidade.
O plenário considerou, ainda, que a Portaria SAS/MS 1.482/2016, inclui as comunidades terapêuticas na tabela do CNES como estabelecimento de saúde que provê práticas corporais, artísticas, culturais, físicas, promoção nutricional e educação em saúde, mas ignora, de forma intencional, que as atividades são promovidas primordialmente em regime de internação fechada, o que as obrigaria a se submeter às exigências da Lei da Reforma Psiquiátrica (10.216/2001).
O CFP manifesta-se contrariamente ao texto da Resolução do Conad no que se refere, em especial, ao tempo de internação, à constituição da equipe de atendimento, às modalidades de atendimento de travestis e transexuais e de crianças e adolescentes e aos modelos de monitoramento e fiscalização propostos. Este órgão de classe lamenta que as contribuições da ciência e da prática profissional da Psicologia tenham sido desconsideradas, mas se disponibiliza para o diálogo e a reflexão sobre o tema.
Saber da CT x Saber teórico do Psicólogo
As práticas de cuidado na saúde mental ainda trazem um forte componente que se articula com o paradigma da abstinência. Ex.: Programa dos Doze Passos – Alcoólicos Anônimos (AA) e Narcóticos Anônimos (NA).
Nas Comunidades Terapêuticas, a lógica da abstinência e da medicalização é hegemônica e estão integradas às estratégias motivacionais e terapêuticas, que muitas vezes carecem de embasamento teórico no campo de conhecimento clínico, ético e político produzido pela Psicologia.
O profissional da Psicologia deve ir em busca de uma estratégia de Redução de Danos: propondo uma superação da visão reducionista sobre o uso de substâncias psicoativas -> incentivando o protagonismo e autonomia do usuário, resgatando sua condição de sujeito na perspectiva dos direitos humanos. 
Referências Bibliográficas
Conselho Federal de Psicologia: Referências Técnicas para a Atuação de Psicólogas/os em Políticas Públicas de Álcool e Outras Drogas - Brasília: CFP, 2013. 88p
Conselho Federal de Psicologia Drogas, Direitos Humanos e Laço Social. - Brasília: CFP, 2013. 160p

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