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EDEMA O edema é definido como um aumento clinicamente aparente do volume do líquido intersticial até que se torne evidente no exame clínico. Um ganho ponderal precede o edema, assim como, paciente que induz diurese pode apresentar uma perda ponderal rápida com síndrome endemigênica. Há um aumento do volume do líquido intersticial, com aumento de peso até que se torne evidente o edema. Nos adultos, normalmente, há um ganho de 3 litros de água (acumulada) e sal para que o diagnostico possa ser feito. Anasarca é o termo usado para se referir a um edema generalizado, envolvendo mais de um segmento e não sendo restrito apenas aos membros inferiores. A localização do edema é extremamente importante para diagnosticar sua etiologia. Assim como, derrames especiais que ocorrem dentro da cavidade peritoneal denominado ascite, derrame hidropleural (entre a pleura parietal e visceral), derrame hidropericárdio e hidroartroses. Esses mecanismos podem estar associados a uma síndrome endemigênica ou associados a patologias distintas. Na anamnese deve-se perguntar essencialmente tempo de duração do edema, localização e a evolução, além da HPP e antecedentes familiares. Quando o paciente apresentar edema deve-se avaliar os seguintes parâmetros: I. Localização e distribuição II. Intensidade III. Consistência IV. Elasticidade V. Temperatura da pele circunjacente VI. Sensibilidade da pele circunjacente VII. Outras alterações da pele Localização e distribuição Edemas podem acometer região da face, região pré sacra em pacientes acamados e membros inferiores, mais frequentemente. Para avaliar essa síndrome deve-se observar primeiramente se o edema é localizado ou generalizado. Um edema localizado é um edema limitado a um órgão particular ou ao um leito vascular, facilmente distinguível do edema generalizado. Normalmente é um edema de extremidade unilateral, ocorre devido a uma obstrução venosa ou linfática, o paciente pode apresentar trombose venosa profunda, obstrução tumoral ou linfaedema primário. Edemas de extremidade inferior podem ocorrer por meio da paralização dos membros ou pós-traumático. Edema causado por alergias onde o paciente pode ter um angioedema ou um edema de face por obstrução da veia cava superior. Numa minoria dos pacientes, pode haver um edema localizado bilateral de membros inferiores quando houver obstrução de veia cava inferior, compressão, ascite ou massa abdominal. Já o edema generalizado é quando envolve a maioria das regiões do corpo. Intensidade A intensidade pode ser pesquisada comprimindo o edema contra uma superfície óssea por 5 segundos (região tibial, sacra, osso da face) surge então um “buraco” no lugar que comprimiu chamado de cacifo ou fópia. Esse cacifo pode ser medido e com isso determinar as cruzes desse edema (+/++++). Quando consegue comprimir, se entrar 2 mm na pele e rapidamente retorna ao normal +/4+. Se houver compressão de 4mm e levar de 10 a 15 segundos para a pele voltar ao normal ++/4+. Se o edema retrair 6mm e demorar retornar ao normal 3+/4+ e se o edema retrair 8mm e demorar quase 5 minutos para voltar ao normal 4+/4+. Num paciente que não apresenta cacifo a medida da intensidade pode ser feita medindo oo peso diário para avaliar quanto de líquido o paciente está perdendo. O paciente com insuficiência cardíaca, normalmente vai para casa e pede-se que ele reduza a ingestão de líquido e compre uma balança para analisar se está havendo perda de peso ou não, caso ele ganhe 3kg numa semana significa que ele está ganhando líquido, com isso ajusta-se o antidiurético antes de uma internação. Também é muito comum medir diariamente o perímetro da região edemaciada, normalmente em pacientes com insuficiência cardíaca, para analisar a diminuição ou aumento do edema. Consistência A consistência do edema pode ser dada avaliando se é de fácil constrição (mole) por retenção líquida e que não é prolongado, um exemplo seriam pacientes que estão desenvolvendo uma síndrome cardíaca. Já o edema duro acompanha uma proliferação fibroblástica que acompanha surtos inflamatórios repetidos ou edemas de longa duração, um exemplo seria um paciente com elefantíase (se apertar o edema não contrai) ou com erisipela (várias no mesmo membro). Elefantíase é uma síndrome caracterizada por uma hiperplasia cutânea regional decorrente da obstrução da circulação linfática com represamento da linfa, mais comum em membros inferiores com proliferação fibroblástica intensa. As causas mais comuns são filariose e erisipela. Elasticidade Edema elástico são os inflamatórios e os inelásticos, que demora para voltar para a posição original, são os edemas não inflamatórios. Os elásticos têm como exemplo erisipela e alteração por traumatismo ortopédico, já os inelásticos as insuficiências cardíacas e hepática. Um edema inflamatório (celulite, erisipela) possui cacife com tendência em voltar rápido para a posição de origem. A extensão também deve ser levada em consideração. Temperatura Deve avaliar a temperatura da pele edemaciada se está quente ou fria. Nos pacientes com insuficiência cardíaca ou hepática a temperatura é normal ou um pouco fria, já nos pacientes com erisipela ou pseudolíticos, o edema é aquecido e o restante da pele encontra-se mais fria. Isso deve ser descrito para avaliar uma capacidade inflamatória daquele edema. Sensibilidade Avaliar se o edema é doloroso ou não. Se sim, deve-se lembrar das patologias inflamatórias. Outras alterações A coloração também deve ser observada, se há palidez, cianose, vermelhidão. A palidez pode ser uma alteração na perfusão arterial. Já a cianose geralmente aparece quando há estase venosa. Quanto a textura da pele, pode ser lisa e brilhante quando o edema é recente. E, apresenta-se espessa quando há edemas de longa duração. Quando a pele fica toda “enrugadinha” é sinal que o edema está sendo tratado. MECANISMO: O edema geralmente é formado por aumento de pressão hidrostática, aumento da permeabilidade capilar, obstrução a passagem do sistema oncótico, obstrução linfática ou retenção de água pelo rim. A insuficiência cardíaca leva a um aumento na pressão hidrostática e um paciente desnutrido ou um paciente com algum câncer leva a uma diminuição da pressão oncótica dentro do vaso e consequente edema, por exemplo. Insuficiência hepática Predomínio em membros inferiores e normalmente acompanhado por ascite, não é uma obrigatoriedade, mas chama atenção esses aspectos. O edema apresenta-se mole, inelástico e indolor. O mecanismo é hipoproteinemia com retenção líquida. Insuficiência cardíaca Edema generalizado com predomínio em membros inferiores (pode ter ascite, não é tão comum e chama menos atenção). É dito vespertino porque surge ao final do dia ou piora no fim do dia. É mole, inelástico e indolor, a pele circunjacente apresenta- se lisa e brilhante pois ocorre em poucos dias ou semanas. É bilateral e simétrico. O mecanismo é o aumento da pressão hidrostático decorrente da retenção de sódio e água. IC direita faz variação mega edema, ascite, hepatomegalia, aumento da pressão venosa jugular que causam edema de membros inferiores. Tanto a insuficiência cardíaca quanto a hepática podem levar a uma maior retenção de sódio e água pelo rim, podendo progredir para uma síndrome renal. Insuficiência renal O edema ocorre quando a ingestão de sódio excede a capacidade do rim de excretá-lo secundário a uma redução na taxa defiltração glomerular, então é reduzida a função do rim com dificuldade de excretar água e sódio. Na síndrome nefrótica o edema é intenso (muita perda de proteína) com um edema cavitário (grande ascite). Na síndrome nefrítica faz-se um edema menos pronunciado, mas ocorre aumento na permeabilidade capilar. Em todas as síndromes há retenção de sódio e água, porém, na síndrome nefrótica há hipoproteinemia e na síndrome nefrítica o edema se dá pela permeabilidade capilar. O edema renal é generalizado com predomínio facial, acúmulo importante de líquido nas regiões subpalpebrais (“olhos empapuzados”). Também costumam ser moles, inelásticos e indolores, pele com temperatura normal ou diminuída. O edema facial normalmente não é feito na IC e insuficiência hepática. Nessas três causas o edema é generalizado, sistêmico, anasarca, porém na etiologia renal há também edema na face. O edema generalizado com as pernas muito mais edemaciados e genitália edemaciada, presença ou não de ascite pode ser uma causa cardíaca. A insuficiência hepática terá edema de membros superiores ao mesmo tempo que abdome muito aumentado muito por ascite, diferente da IC. Um edema só da parte superior pode ser causado por compressão da veia cava superior por um tumor no pulmão por exemplo. Alergias Edemas alérgicos são localizados por aumento na permeabilidade capilar, restritos a algumas áreas com evolução rápida. A pele é lisa e brilhante com uma temperatura aumentada, edema mole, com características de edema inflamatório. Mixedema É um edema especial que ocorre em pacientes com hipotireoidismo não tratado em que há depósito de substâncias mucopolissacaridicas (glicoproteína no espaço intersticial) levando a uma certa retenção de água. Pouco depressivo e não muito intenso. Observa-se por exemplo um rosto mais largo, infiltrado, arredondado, lábios carnosos, epiderme mais clara, madarose e cabelos ressecados. Como faremos? Paciente chega na enfermaria com queixa de inchaço. Como chegar a uma conclusão? Como conduzir para diagnóstico? Tempo de duração, localização, evolução, doenças pré-existentente etilismo são as primeiras questões que devem vir em mente. O edema localizado também deve passar por todos esses processos da anamnese, tais como, localização, intensidade, consistência, sensibilidade, elasticidade, temperatura, alteração da pele circunjacente. Edema bilateral é generalizado com origem em uma insuficiência cardíaca. Um bom exame físico analisa todas as caraterísticas do edema. Por exemplo, uma senhora, obesa, hipertensa, diabética com varizes nos membros inferiores e que fala que veio com aumento do membro inferior direito. Uma perna está muito mais inchada que a outra, vermelha, temperatura alta, febre a noite, logo pensa-se num processo inflamatório infeccioso. Se é um edema assimétrico, localizado, com inflamação, já vai para o diagnóstico de trombose, celulite, varizes, erisipele, trombose venosa decorrente de cirurgias recentes, por exemplo. Se for um edema generalizado pode supor que a causa é renal, cardiogênica ou hepática. Na cardiogênica pode ter aumento da pressão venosa central, turgência jugular, refluxo hepatojugular. Já grande ascite com história de alcoolismo sugere uma síndrome hepática. Ou um problema renal já existente, edema de face ao acordar (olhos) já caracteriza um quadro renal. Tratamento: objetivo primário é identificar a causa do edema para fazer o tratamento ideal, porém, de uma forma geral restringe-se o sódio do paciente na dieta, recomenda a utilização de meias de compressão (ajudam no retorno venoso), em repouso elevar os membros inferiores para mobilizar o líquido do interstício e haver uma reabsorção. Paciente com sódio baixo pode orientá-lo a beber menos líquido, restringindo a ingestão de água a 1 L e meio por dia, e mesmo se ainda assim apresentar edema utiliza-se diuréticas podendo apresentar perda de peso de cera de 1 kg a 1kg e meio. Há também drogas associadas a formação de edema, anti-inflamatório, anti- hipertensivos, hidrolacinas, minoxidil, corticoides, antagonista de canal de cálcio (edema perimaleolar). ICTERÍCIA É a coloração amarelada dos tecidos decorrentes do depósito da bilirrubina. Acontece na presença de uma hiperbilirrubinemia sérica direta ou indireta e é um sinal de doença hepática ou distúrbio hemolítico. Aparece no exame físico geralmente nas escleras e abaixo da língua. A bilirrubina sérica deve ter pelo menos 3mg/dL para se tornar mais evidente no exame físico. A bilirrubina aumentada é observada no exame clínico pela pele amarelada podendo progredir até a cor verde, quando houver um maior acúmulo dessa substância. Além disso, o paciente pode apresentar colúria (coloração escurecida da urina por conta do acúmulo de bilirrubima, uma “urina coca cola”). Um diagnóstico diferencial são pacientes com dieta rica em muita cenoura, abóbora, laranja podendo levar a uma caratenordemia, o paciente fica com a pele amarelada, entretanto, não se observa tal amarelado no olho (esclera) e nem na língua. Como ocorre a hiperbilirrubinemia? Origem da bilirrubina não conjugada e conjugada: Cerca 80% da bilirrubina vem da degeneração das hemácias velhas e o restante do citocromo P450 e da mioglobina que libera hemoglobina. No citoplasma dos macrófagos a hemoglobina é quebrada em globina (reaproveitada) e um grupo heme. O grupo heme sofre ação de uma enzima, chamada de Heme oxidase, liberando ferro, monóxido de carbono e biliverdina. A biliverdina sofre ação da biliverdina redutase (enzina) que libera bilirrubina não conjugada ou indireta, uma forma não solúvel da bilirrubina, logo, precisa se ligar a albumina para circular no plasma até chegar ao fígado. A bilirrubina indireta (não conjugada) é captada pelo hepatócito que adiciona duas moléculas de ácido glicurônico a bilirrubina, tornando-a hidrossolúvel, essa forma é dita conjugada ou direta, que é secretada ativamente pelo hepatócito para o interior dos canalículos biliares. É a forma encontrada na bile. A bilirrubina indireta ou não conjugada vai para o fígado ligada a albumina, ao chegar no fígado ocorrerá então as três principais faces do hepatócito: I. Captação: a bilirrubina indireta ou não conjugada é removida da albumina na superfície sinusoidal do hepatócito, ou seja, penetra no hepatócito. Lembrando que ela ainda é insolúvel, então para isso acontecer precisa da ajuda das lingandinas. II. Conjugação: ocorre no retículo endoplasmático, a bilirrubina é catabolizada pela enzima UDP glicuronil transferase formando monoglicuronato e, posteriormente, diglicuronato que é a forma predominante. A quantidade insuficiente dessa enzima no recém- nascido causa icterícia fisiológica do 2º ao 5º dia após o nascimento. III. Secreção: processo de transporte ativo que ocorre ao nível da membrana do hepatócito que constitui a parede dos canalículos biliares, quando esse processo está diminuído, a bilirrubina que está sendo conjugada no citoplasma do hepatócito é excretada na bile. É a etapa limitante. Um exemplo poderia ser de um doente com hepatite ou qualquer outra alteração no fígado, há primeiramente redução de ATP e a etapa limitante do processo é a secreção, (não entendi essa parte, está com as palavras dela) então, a bilirrubina já captada e conjugada não consegue ser eliminada no canalículo biliar, logo, há acumulo de bilirrubina direta, que volta para circulação por não ser eliminada no canalículo biliar. O PROCESSO LIMITANTE É A SECREÇÃO! O destino finalda bilirrubina é no intestino, os glicoronatos são removidospor enzimas bacterianas (beta glicoronidases) resultando em urobilinogêniosque são incolores. Eles são oxidados a compostos corados, como urobilina ou estercobilina que dão a cor as fezes. Parte da urobilina reabsorvida no intestino faz o ciclo enterohepático, é excretada na urina e confere coloração amarela a urina. O normal da dosagem sérica da bilirrubina é de 1mg/dL, a direta corresponde a cerca de 30% desse valor. Quando avaliamos um paciente ictérico temos que analisar onde está o problema dessa icterícia, ou ela está na produção excessiva de bilirrubina ou em algum comprometimento das etapas ou por um problema na via bilial e não está havendo excreção, com consequente retorno para o sangue. Ao examinar o paciente no exame físico não é possível identificar se é bilirrubina direta ou indireta, é necessário exames complementares. Uma elevação isolada da bilirrubina sérica sem alteração na função hepática corresponde ao aumento da bilirrubina indireta (que não depende do fígado), causada principalmente pela hemólise. Ou seja, está havendo produção de hemácia ruim que está sendo degradada precocemente na circulação e levando um aumento da bilirrubina não conjugada. Na minoria dos pacientes pode haver algum comprometimento na captação ou conjugação da bilirrubina que já está no fígado, ainda na forma indireta. Então, paciente ictérico com hiperbilirrubinemia é mais provável que a causa seja um distúrbio hemolítico (80%) podendo ser hereditário, anemia falciforme, anemia hemolítica, esferocitose, hemólise imune, etc. Essa hipótese é feita analisando o aumento da bilirrubina indireta, presença normalmente deanemia e aumento dos reticulócitos (hemácias na forma jovem). Lembrando que para formação da bilirrubina indireta é necessário o grupo heme das hemácias. Se não houver nenhuma alteração hemodinâmica o problema estará dentro do hepatócito, na fase de captação (causada por alguns medicamentos) ou conjugação (deficiência em enzimas, como síndrome de Crigler e Gilbert, além da síndrome neonatal fisiológica). O Gilbert apresenta problemas numa enzima temporária, ou seja, a função da enzima ora funciona e ora não funciona, logo, o paciente apresenta icterícia temporariamente. Se, por um acaso, o paciente tiver acumulo de bilirrubina direta as causas menos frequentes podem ser a síndrome de Dubin Johnson, Síndrome do Rotor e distúrbio de armazenamento da bilirrubina direta. Porém, quando há uma deficiência na bilirrubina conjugada, avalia-se em quase 100% dos casos que há algum problema no fígado ou na via biliar. Essas alterações hepáticas e biliares estão associadas a anomalias, como uma lesão celular (aumento de TGO e TGP)com provável diagnóstico de hepatite, ou um grande aumento da enzima colestática (fosfatase, gama GP) com provável diagnóstico de obstrução biliar. Paciente ictérico, história de alcoolismo a mais de 30 anos, hemograma com anemia mas sem marcador de hemólise, bilirrubina aumentada, provavelmente é aumento da bilirrubina direta. A anamnese deve conter perguntas sobre viagens, vida sexual, drogas intravenosas, tatuagem, transfusão (hepatite sexualmente transmissíveis). Hepatite viral também está relacionada ao aumento da bilirrubina direta. Manifestações clínicas de paciente com síndrome ictérico: icterícia, colúria (urina escura cor de coca cola), acolia fecal (fezes pálidas), fadiga, anorexia, náuseas, dor no hipocôndrio esquerdo e prurido quando houver acúmulo de sais biliares na pele. O diagnóstico é feito pelo exame de sangue, marcador de hemólise, causas hepáticas são feitas exames de imagem, ultrassonografia, tomografia, dentre outros.
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