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@anab_rs | Ana Beatriz Rodrigues MARC 03 1 OBJETIVOS − Estudar as principais causa de edema em crianças (alergias, cardiopatias, hepatopatias, nefropatias, desnutrição proteica); − Rever a fisiopatologia do edema; − Estudar o exame físico do paciente edemaciado; − Elucidar os principais glomerulopatias (diferenciar síndrome nefrítica e nefrótica, diagnósticos, tratamento). Edema EXAME FÍSICO É o excesso de líquido acumulado no espaço intersticial ou no interior das células. Pode ocorrer em qualquer região do organismo, mas, do ponto de vista do exame físico geral, interessa-nos apenas o edema cutâneo, ou seja, a infiltração de líquido no espaço intersticial dos tecidos que constituem a pele e a tela celular subcutânea e que pode ser identificado pela inspeção e palpação. − Quando maciço e generalizado, o excesso de fluidos é chamado anasarca (presença de ascite, edema periorbitário e edema de membros inferiores. − Quando leve a moderado, apresenta-se mais comumente como edema de membros inferiores, identificado através do sinal de Godet (ou sinal do cacifo). Uma variedade de condições clínicas está associada ao desenvolvimento de edema, incluindo insuficiência cardíaca, cirrose, síndrome nefrítica e nefrótica, doenças venosas e linfáticas. A investigação semiológica do edema tem início na anamnese, quando se deve obter três informações: 1. Tempo de duração, 2. Localização 3. Evolução. No exame físico completa-se a análise, investigando-se os seguintes parâmetros: − Localização e distribuição − Intensidade − Consistência − Elasticidade − Temperatura da pele circunjacente − Sensibilidade da pele circunjacente − Outras alterações da pele adjacente. LOCALIZAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO A primeira grande distinção a ser feita é se o edema é localizado ou generalizado. O EDEMA LOCALIZADO restringe-se a um segmento do corpo, seja a um dos membros inferiores, seja a um dos membros superiores, seja a qualquer área corporal. Figura: Edema generalizado ou anasarca (síndrome nefrótica). Figura: Edema facial muito acentuado nas regiões periorbitárias. Excluída essa possibilidade, considera-se o edema como GENERALIZADO mesmo que aparentemente se restrinja a uma parte do organismo. É nos membros inferiores que mais frequentemente se constata a existência de edema; todavia, duas outras regiões devem ser sistematicamente investigadas: face (especialmente regiões subpalpebrais) e região pré-sacra; @anab_rs | Ana Beatriz Rodrigues MARC 03 2 esta é obrigatória nos pacientes acamados, recém-natos e lactentes. Figura: Digitopressão realizada com a polpa do polegar ou do indicador. Realiza-se uma pressão digital sobre a pele por cinco segundos. Se o edema estiver presente haverá a formação de uma pequena depressão na região pressionada que não se desfaz imediatamente após a descompressão. Figura: Edema localizado em uma das regiões orbitárias (caso agudo de doença de Chagas com sinal de Romaña). Figura: Edema dos membros inferiores. Em uma das pernas podem ser vistas as depressões provocadas por digitopressão. INTENSIDADE Para determinar a intensidade do edema, emprega-se a técnica: com a polpa digital do polegar ou do indicador, faz-se uma compressão, firme e sustentada, de encontro a uma estrutura rígida subjacente à área em exame, pode ser a tíbia, o sacro ou os ossos da face. − Havendo edema, ao ser retirado o dedo vê-se uma depressão, no local comprimido, chamada fóvea. − Caracteriza-se a intensidade do edema referindo- se à profundidade da fóvea graduada em cruzes (+, + +, + + + e + + + +). INTENSIDADE DO EDEMA DIGITOPRESSÃO NO LOCAL DO EDEMA PARA AVALIAÇÃO DA INTENSIDADE + Depressão leve (2 mm) Contorno normal Associado com volume de líquido intestinal > 30% ++ Depressão mais profunda (4 mm) Contorno quase normal Prolonga mais que edema +1 +++ Depressão profunda (6 mm) Permanece por vários segundos após a pressão Edema cutâneo observado na inspeção geral ++++ Depressão muito profunda (8 mm) Permanece por tempo prolongado após a digitopressão Inchaço evidente Duas outras maneiras podem ser usadas para avaliar a magnitude da retenção hídrica: − Pesando-se o paciente diariamente 1 vez/dia, pela manhã ou à noite. Variações muito acentuadas do peso traduzem retenção ou eliminação de água. Regra básica: todo paciente que apresenta edema deve ser pesado diariamente − Medindo-se o perímetro da região edemaciada, como se pode fazer no caso de edema de membros inferiores. Comparar um lado com o outro em dias sucessivos pode ter valor clínico. CONSISTÊNCIA A mesma manobra adotada para avaliar a intensidade serve para investigar a consistência do edema, a qual pode ser definida como o grau de resistência encontrado ao se comprimir a região edemaciada. Classifica-se em dois tipos: − Edema mole: é facilmente depressível. Observado em diferentes condições, significa apenas que a retenção hídrica é de duração não muito longa, e o tecido celular subcutâneo está infiltrado de água @anab_rs | Ana Beatriz Rodrigues MARC 03 3 − Edema duro: nesse tipo de edema, encontra-se maior resistência para obter a formação da fóvea. Traduz a existência de proliferação fibroblástica que ocorre nos edemas de longa duração ou que se acompanharam de repetidos surtos inflamatórios. ELASTICIDADE Ao se avaliar a intensidade e a consistência, verifica-se, também, a elasticidade. Esta é indicada não só pela sensação percebida pelo dedo que comprime, mas principalmente observando-se a volta da pele à posição primitiva quando se termina a compressão. Dois tipos são encontrados: − Edema elástico: a pele retorna imediatamente à sua situação normal, ou seja, a fóvea perdura pouquíssimo tempo. O edema elástico é típico do edema inflamatório − Edema inelástico: é aquele em que a pele comprimida demora a voltar à posição primitiva, ou seja, a depressão persiste por certo tempo. TEMPERATURA DA PELE CIRCUNJACENTE Usa-se o dorso dos dedos ou as costas das mãos, comparando-se com a pele da vizinhança e da região homóloga. Há três possibilidades: − Pele de temperatura normal: frequentemente a temperatura na região edemaciada não se altera, o que é desprovido de qualquer significado clínico − Pele quente: significa edema inflamatório − Pele fria: traduz comprometimento da irrigação sanguínea daquela área. EDEMA INFLAMATÓRIO O edema inflamatório é doloroso, mole, elástico e a pele circunjacente é quente e, frequentemente, vermelha. SENSIBILIDADE DA PELE CIRCUNJACENTE Para apreciação da sensibilidade, aproveita-se a manobra inicialmente descrita: digitopressão da área que está sendo investigada. − Doloroso é o edema cuja pressão desperta dor, e indolor quando tal não ocorre. o Edema doloroso indica processo inflamatório. OUTRAS ALTERAÇÕES DA PELE ADJACENTE A primeira a ser investigada consiste na mudança de coloração. Pode-se notar palidez, cianose ou vermelhidão. A palidez atinge maior intensidade nos edemas que se acompanham de transtorno da irrigação sanguínea. A cianose é indicativa de perturbação venosa localizada, mas pode ser parte de uma cianose central ou mista. Vermelhidão indica processo inflamatório. Deve-se observar, ainda, a textura e a espessura da pele: pele lisa e brilhante acompanha o edema recente e intenso; pele espessa é vista nos pacientes com edema de longa duração; pele enrugada aparece quando o edema está sendo eliminado. FISIOPATOLOGIA E CAUSAS DE EDEMA O raciocínio parte do conhecimento das estruturas que tomam parte nas trocas de água e eletrólitos. Forças que atuam ao nível dos capilares, regulando a passagem de água e de eletrólitos de um compartimento para outro, são as seguintes: − Pressão hidrostática − Pressão oncótica das proteínas − Permeabilidade daparede capilar − Osmolaridade intra e extravascular − Fluxo linfático. Essas forças agem por si mesmas ou em obediência a mecanismos humorais, tais como a aldosterona ou substâncias tipo histamina. Paralelamente a elas, participam da formação de edema generalizado os mecanismos reguladores da reabsorção de sódio e água ao nível dos rins, os quais, por sua vez, também estão sujeitos à ação de hormônios, principalmente a aldosterona e o hormônio antidiurético. Figura: Fatores que participam da fisiopatologia do edema. Dependendo da causa, predomina um ou outro desses fatores, mas, quase sempre, eles se associam. Outra etapa do raciocínio que leva à compreensão do edema é quando se procura relacionar a causa com o mecanismo de sua formação. As principais CAUSAS DE EDEMA são: − Síndrome nefrítica; − Síndrome nefrótica; @anab_rs | Ana Beatriz Rodrigues MARC 03 4 − Pielonefrite; − Insuficiência cardíaca; − Cirrose hepática; − Hepatite crônica; − Desnutrição proteica; − Fenômenos angioneuróticos (edema alérgico); − Gravidez; − Toxemia gravídica; − Obesidade; − Hipotireoidismo; − Medicamentos (corticosteroides, anti- inflamatórios, antagonistas do cálcio). Qualquer que seja a causa do edema, há sempre participação de dois ou mais mecanismos com predomínio de um ou outro. No entanto, a retenção de sódio e água constitui fator importante em todo edema generalizado. Engloba-se sob a designação de edema renal o que se observa na síndrome nefrítica, na síndrome nefrótica e na pielonefrite. Embora se diferencie nos seus mecanismos fisiopatológicos, o edema renal, seja qual for a causa, apresenta características semiológicas comuns. É um edema generalizado, predominantemente facial, acumulando-se de modo particular nas regiões subpalpebrais. Tal fato torna-se mais evidente no período matutino, e os pacientes costumam dizer que “amanhecem com os olhos empapuçados”. Na síndrome nefrótica, o edema é intenso (+ + + a + + + +) e se acompanha frequentemente de derrames cavitários. Já na síndrome nefrítica e na pielonefrite, é discreto ou moderado (+ a + +). O edema é manifestação comum em pacientes portadores de doença renal, especialmente nos portadores de glomerulopatias como síndrome nefrítica (glomerulonefrite difusa aguda), síndrome nefrótica, lesão renal aguda e doença renal crônica. − A síndrome nefrítica caracteriza-se por hematúria, proteinúria moderada, hipertensão e edema moderado (membros inferiores e periorbital). − A síndrome nefrótica é caracterizada por proteinúria maciça (maior que 3,5 g na urina de 24 horas), hipoalbuminemia, hipercolesterolemia e edema generalizado (anasarca). − Na doença renal crônica, a presença e a intensidade do edema são muito variáveis, podendo estar ausente ou manifestar-se apenas como edema periorbitário pela manhã. O paciente relata que acorda com os “olhos empapuçados”. A fisiopatologia do edema na doença renal é dividida em dois mecanismos: underfilling (ou underfill) e overflow (ou overfill). A síndrome nefrótica apresenta ambos os mecanismos, overflow (predominante em adultos) e underfilling (predominante em crianças). Na síndrome nefrítica e na doença renal crônica predomina o mecanismo overflow. Figura: Mecanismo de formação do edema na síndrome nefrótica. RAA: renina-angiotensina-aldosterona. Além disso, o edema renal é mole, inelástico, indolor, e a pele adjacente mantém temperatura normal ou discretamente reduzida. − Na formação do edema da síndrome nefrítica, além da retenção de sódio e água por desequilíbrio glomerulotubular, o outro fator que se destaca é o aumento da permeabilidade capilar. − De outra parte, os grandes edemas da síndrome nefrótica encontram no hiperaldosteronismo secundário e na hipoproteinemia sua principal explicação fisiopatológica. O edema constitui um dos sinais cardeais da insuficiência cardíaca congestiva e se caracteriza por ser generalizado, predominando nos membros inferiores. Diz-se que é vespertino por ser mais observado no período da tarde após o paciente manter-se de pé por várias horas. Tanto é assim que, nos pacientes acamados, a retenção hídrica se acumula na região pré-sacra. O edema cardíaco varia de intensidade (+ a + + + +), é mole, inelástico, indolor, e a pele adjacente pode apresentar-se lisa e brilhante. Decorre, sobretudo, do aumento da pressão hidrostática associado à retenção de sódio e água. É provável que haja, também, aumento da permeabilidade capilar em consequência da ação do fator natriurético atrial. Em uma primeira fase esse distúrbio hidrossalino se deve à estase renal e à diminuição do débito cardíaco. Posteriormente passa a ter importância um aumento secundário da produção de aldosterona. O aumento da pressão hidrostática, por sua vez, reflete o aumento da pressão venosa, que é o denominador comum de todos os sinais de insuficiência ventricular direita. @anab_rs | Ana Beatriz Rodrigues MARC 03 5 Na cirrose hepática, o edema é generalizado, mas quase sempre discreto (+ a + +). Predomina nos membros inferiores, e é habitual a ocorrência de ascite concomitante. É mole, inelástico e indolor. Além da hipoproteinemia consequente ao transtorno no metabolismo proteico, admite-se que participe de modo relevante da sua formação o hiperaldosteronismo secundário, responsável pela retenção de sódio e água, e a hipoalbuminemia. O edema da desnutrição proteica, também chamado edema carencial ou discrásico, é generalizado, predominando nos membros inferiores. É mole, inelástico, indolor e não costuma ser de grande intensidade (+ a + +). Considera-se fator primordial na sua produção a diminuição da pressão osmótica das proteínas plasmáticas, uma decorrência da ingestão reduzida dessas substâncias. Por isso, é designado também edema da fome crônica. O edema alérgico acompanha os fenômenos angioneuróticos, e o fator principal na sua formação é o aumento da permeabilidade capilar. Da reação antígeno- anticorpo surgem diferentes substâncias, entre as quais a histamina e as cininas que, agindo ao nível do capilar, alteram sua permeabilidade. Tal alteração permite a passagem de água para o interstício entre as células. Esse tipo de edema pode ser generalizado, mas costuma restringir-se a determinadas áreas, principalmente a face. Instala-se de modo súbito e rápido, e a pele, por esse motivo, torna-se lisa e brilhante, podendo também apresentar-se com a temperatura aumentada e a coloração avermelhada. Trata-se de um edema mole e elástico. A causa principal do edema medicamentoso é a retenção de sódio. Predomina nos membros inferiores, mas, quando é mais intenso, pode ser facial. Na gravidez normal, não é raro aparecer um discreto edema, principalmente nos membros inferiores. Todavia, nas toxemias gravídicas o edema quase sempre é intenso, e sua explicação fisiopatológica reside nas alterações renais – nefropatia gravídica – combinadas com as modificações hormonais advindas da própria gravidez. Por fim, cumpre lembrar o edema pré-menstrual, que surge na semana que antecede a menstruação, e o edema que segue as alterações que acompanham o climatério. PRESSÃO DE FILTRAÇÃO CAPILAR AUMENTADA À medida que a pressão de filtração capilar aumenta, o mesmo acontece com a transferência de líquidos vasculares para os espaços intersticiais. Entre os fatores que elevam a pressão capilar estão: − Pressão arterial alta ou resistência reduzida ao fluxo sanguíneo pelos esfíncteres pré-capilares; − Elevação da pressão venosa ou aumento da resistência à drenagem no esfíncter pós-capilar; e − Distensão dos capilares em consequência da ampliação do volume vascular. O edema pode ser localizado ou generalizado O edema localizado que ocorre com a urticária (i. e., placas urticadas) ou outros distúrbios alérgicos ouinflamatórios resulta da liberação de histamina e outros mediadores inflamatórios que provocam dilatação dos esfíncteres pré- capilares e das arteríolas que irrigam as lesões edemaciadas. A tromboflebite obstrui o fluxo venoso e aumenta a pressão venosa, com acumulação de edema na parte pendente, geralmente um dos membros inferiores. O edema generalizado (conhecido como anasarca) em geral é resultante da ampliação do volume vascular. O edema das mãos e dos pés que ocorre em indivíduos saudáveis nos dias quentes de verão é um exemplo de edema causado por vasodilatação dos vasos sanguíneos superficiais, bem como pela retenção de sódio e água. O edema generalizado é comum com distúrbios como a insuficiência cardíaca congestiva, que causa retenção de líquidos e congestão venosa. Nos pacientes com insuficiência cardíaca direita, o sangue que se acumula em todo o sistema venoso provoca congestão dos órgãos internos e edema dos membros pendentes. Em razão dos efeitos da gravidade, o edema resultante da elevação da pressão capilar geralmente provoca acumulação de líquidos nas partes pendentes do corpo, condição conhecida como edema postural ou gravitacional. Por exemplo, o edema dos tornozelos e dos pés aumenta quando os pacientes ficam em pé por períodos longos. PRESSÃO COLOIDOSMÓTICA CAPILAR REDUZIDA As proteínas plasmáticas geram a força osmótica necessária para atrair o líquido dos espaços teciduais de volta ao interior dos capilares. Consistem em uma mistura de proteínas, inclusive albumina, globulinas e fibrinogênio. O edema causado por redução da pressão coloidosmótica capilar geralmente é ocasionado pela produção insuficiente ou pela perda anormal de proteínas plasmáticas, principalmente de albumina, sintetizadas no fígado. − O edema acumula-se na face e também nas pernas e pés. − São causas comuns de edema por hipoproteinemia desnutrição proteico-energética grave, hepatopatias que reduzem a síntese de albumina (p. ex., cirrose) e perda excessiva de albumina nas fezes, como acontece em enteropatias perdedoras de proteínas, ou na urina, em certas doenças renais, sobretudo quando existe síndrome nefrótica, em que ocorre aumento da permeabilidade glomerular a macromoléculas. @anab_rs | Ana Beatriz Rodrigues MARC 03 6 Em pacientes com insuficiência hepática grave, a síntese reduzida de albumina diminui a pressão coloidosmótica. Nos pacientes em inanição e desnutrição, o edema acumula-se porque não há aminoácidos para sintetizar proteínas plasmáticas. As proteínas plasmáticas são perdidas mais comumente pelos rins. Na presença de doenças renais como a glomerulonefrite, os capilares glomerulares tornam-se permeáveis a essas proteínas, principalmente à albumina, que é a menor dentre todas. Quando isso ocorre, grandes quantidades de albumina são filtradas, removidas do sangue e perdidas na urina. − A proteinúria é definida como uma excreção urinária de proteínas superior a 150 mg/24horas, sendo que acima de 300 mg/24 horas, geralmente configura como uma alteração patológica. A perda excessiva de proteínas plasmáticas também ocorre quando há lesão ou destruição de áreas extensivas da pele. O edema é um problema comum nos estágios iniciais das queimaduras, em consequência da lesão dos capilares e da perda desse tipo de proteínas. PERMEABILIDADE CAPILAR AUMENTADA Quando os poros dos capilares dilatam ou há perda de integridade das paredes dos capilares, a permeabilidade desses vasos sanguíneos aumenta. Com isso, proteínas e outras partículas osmoticamente ativas do plasma extravasam para os espaços intersticiais, intensificando a pressão coloidosmótica dos tecidos e, desse modo, contribuindo para a acumulação de líquido no interstício. Entre os distúrbios que aumentam a permeabilidade capilar, estão as queimaduras, congestão capilar, inflamação e reações imunes. FLUXO LINFÁTICO OBSTRUÍDO Proteínas e outras partículas grandes osmoticamente ativas do plasma, que não podem ser reabsorvidas através dos poros da membrana capilar, dependem do sistema linfático para que possam voltar ao sistema circulatório. O edema causado por redução do fluxo linfático em consequência de um bloqueio ou de uma malformação do sistema linfático, forma-se pela acumulação de muitas proteínas em determinadas regiões, condição conhecida como linfedema. A invasão neoplásica maligna das estruturas linfáticas e a ressecção dos linfonodos durante uma cirurgia de ressecção de cânceres são causas comuns de linfedema. Outras incluem infecção e traumatismo envolvendo os canais linfáticos e os linfonodos. EDEMA LOCALIZADO As principais causas de edema localizado são: − Varizes − Flebites e trombose venosa − Processos inflamatórios − Afecções dos linfáticos − Postura. O edema observado nos portadores de varizes – edema varicoso – localiza-se nos membros inferiores, preponderando em uma ou outra perna: − Acentua-se com a longa permanência na posição de pé ou sentada; − Não é muito intenso (+ a + +); − A princípio é de consistência mole, porém, nos casos muito antigos, torna-se cada vez mais duro; − É inelástico, e, com o passar do tempo, a pele vai alterando sua coloração, até adquirir tonalidade castanha ou mesmo mais escura. − Pode tornar-se espessa e de textura mais grosseira. O edema da trombose venosa é mole, pode ser intenso, e a pele costuma estar pálida. Em certos casos, adquire tonalidade cianótica. Classicamente essas condições são chamadas flegmasia alba dolens e flegmasia alba cerulea. O mecanismo básico na formação do edema varicoso e da trombose venosa encontra-se no aumento da pressão hidrostática, seja por insuficiência das valvas das veias, seja por oclusão do próprio vaso. O edema da flebite em parte decorre do componente inflamatório que aumenta a permeabilidade capilar e também das alterações já assinaladas no caso de varizes e de tromboses venosas. Como os demais edemas inflamatórios, caracteriza-se por ser localizado, de intensidade leve a mediana (+ a + +), elástico, doloroso, com a pele adjacente se apresentando lisa, brilhante, vermelha e quente. O edema postural é o que ocorre nos membros inferiores das pessoas que permanecem por longo tempo na posição de pé ou que ficam com as pernas pendentes por várias horas, como acontece em viagens longas. Decorre de aumento da pressão hidrostática. É localizado, discreto (+ a + +), mole, indolor e desaparece rapidamente na posição deitada. LINFEDEMA Linfedema é a designação que se dá para o edema originado nas afecções dos vasos linfáticos. Depende da obstrução dos canais linfáticos (pós-erisipela, filariose) e caracteriza-se semiologicamente por ser localizado, duro, inelástico, indolor, e com francas alterações da textura e da espessura da pele, que se torna grossa e áspera. Nos casos avançados, configura o quadro chamado de elefantíase. @anab_rs | Ana Beatriz Rodrigues MARC 03 7 Figura: Linfedema de longa duração com hiperpigmentação e alteração da textura e espessura da pele, configurando o que se chama de elefantíase. EDEMA GENERALIZADO Considerado generalizado o edema que, mesmo aparentemente restrito a uma parte do corpo, tem como causa uma alteração cardíaca, renal, hepática ou nutricional. Inicialmente, “localiza-se” nos membros inferiores nos pacientes que estão deambulando, mas, à medida que se intensifica instala-se nos diferentes segmentos corporais. DESNUTRIÇÃO ENERGÉTICO-PROTEICA CLÍNICA As formas clínicas de desnutrição grave são classificadas em edematosa e não edematosa. Na FORMA EDEMATOSA, há o kwashiorkor e o kwashiorkor- marasmático (paciente consumido com a presença de pelo menos um sinal clínico do kwashiorkor); na FORMA NÃO EDEMATOSA, há o marasmo. O MARASMO (marasmus = consumido) pode ocorrer em qualquer idade, sendomais frequente em crianças menores de 12 meses, e sua clínica é constituída pela perda da massa muscular e gordura subcutânea. O paciente geralmente apresenta distensão abdominal (pela hipotonia muscular), irritabilidade, anorexia ou sinais de fome, apatia, perda da bola gordurosa de Bichat, que favorece o aspecto envelhecido (fácies senil), fontanela anterior deprimida, olhos fundos, perda da elasticidade cutânea, diarreia crônica e atraso global no desenvolvimento neuropsicomotor. O KWASHIORKOR geralmente ocorre no paciente de 1 a 3 anos de idade e possui maior taxa de letalidade que as outras formas clínicas de desnutrição. Sua clínica é caracterizada pela presença e acúmulo de líquido no espaço extracelular levando ao edema bilateral e ascendente, podendo ser caracterizado por cruzes: uma cruz quando apenas nos pés, duas cruzes nos pés e em alguma outra parte no corpo (geralmente membro superior, principalmente mãos) e três cruzes quando está também presente na face e apresenta sinal de cacifo positivo. Outras manifestações clínicas são a dermatose, com lesões hipo e hiperpigmentadas podendo ou não ter ulcerações na pele, e a despigmentação do cabelo, com mudança da textura, brilho e listas brancas horizontais (sinal da bandeira), irritabilidade, apatia e perda do apetite. A diarreia está geralmente presente, com maior prevalência que nos pacientes desnutridos não edematosos. A redução da produção de betalipoproteína leva a uma insuficiência no transporte de gordura, resultando em esteatose hepática e hepatomegalia. DIAGNÓSTICO Toda criança deve ter seu estado nutricional criteriosamente avaliado com uso de anamnese, medidas antropométricas e sinais clínicos específicos. Na anamnese, é importante dar ênfase aos antecedentes neonatais (prematuridade, crescimento intrauterino restrito), nutricionais (aleitamento materno; se sim, por quanto tempo; identificar na alimentação se há deficiência na qualidade ou quantidade), aspectos psicossociais, saneamento básico e moradia, presença ou não de doenças associadas. @anab_rs | Ana Beatriz Rodrigues MARC 03 8 Segundo a OMS, para o diagnóstico de desnutrição aguda grave no paciente entre 6 e 59 meses, utiliza-se a curva de crescimento peso/estatura (P/E), circunferência do braço (CB) – que é o melhor preditor de mortalidade das medidas antropométricas – e/ou a presença de edema nutricional. É considerado como desnutrição grave quando: P/E < escore Z – 3, CB < 11,5 cm e/ou edema. Se o P/E está entre o escore Z – 3 e – 2 e a CB entre 11,5 cm e 12,5 cm, considera-se desnutrição moderada. Síndrome Nefrítica INTRODUÇÃO A síndrome nefrítica (SNi) é uma condição clínica caracterizada pela associação de edema, hipertensão arterial (HA) e hematúria. A apresentação clínica principal na infância é a SNi aguda. Entretanto, outras formas de apresentação incluem desde formas subclínicas, como quadros de diferencial de hematúria recorrente, uma síndrome com curso clínico- laboratorial de perda rápida e progressiva da função renal (glomerulonefrite rapidamente progressiva – GNRP) e quadros de SNi crônica. A causa mais comum de síndrome nefrítica em crianças é a glomerulonefrite aguda pós-infecciosa (GNDA-PI), associada principalmente com a infecção estreptocócica ETIOLOGIA A SNi abrange um amplo espectro de condições com comprometimento histológico inflamatório e alterações variáveis do sedimento urinário, envolvendo glomerulopatias primárias e glomerulopatias secundárias. Essas glomerulopatias podem se apresentar de várias formas, incluindo além da SNi, a síndrome nefrótica (a qual se caracteriza por proteinúria de caráter nefrótico, hipoalbuminemia, edema e dislipidemia) ou com características de ambas, também denominada síndrome mista. SÍNDROME NEFRÍTICA E GLOMERULOPATIAS RELACIONADAS Síndrome nefrítica primária (glomerulonefrite primária) − Glomerulopatia do C3 − Nefropatia por IgA − Doença antimembrana basal glomerular − Glomerulonefrite crescêntica idiopática − Glomerulopatia membranosa Síndrome nefrítica secundária (glomerulonefrite secundária) − Glomerulonefrite pós-estreptocócica − Outras glomerulonefrites pós-infecciosas − Infecções virais, bacterianas, fúngicas e parasitárias − Púrpura de Henoch-Schönlein − Nefrite lúpica − Poliangeíte granulomatosa (Wegener) − Síndrome de Churg-Strauss − Crioglobulinemia − Doença reumática, artrite reumatoide, síndrome de Sjogren − Doenças neoplásicas etc. ASPECTOS CLÍNICOS E LABORATORIAIS DA SÍNDROME NEFRÍTICA A SNi aguda pode manifestar uma apresentação típica de início súbito de hematúria, edema, proteinúria de grau variável, HA e azotemia. Inicialmente, pode estar associada com febre, cefaleia e dor abdominal. Progressivamente se instala edema, ganho de peso e astenia. Outras manifestações extrarrenais podem estar presentes, dependendo da doença de base e/ou patologias sistêmicas eventualmente associadas. O edema e a HA são secundários e relacionados basicamente à expansão do volume extracelular, quando complicações graves podem se estabelecer, tais como edema agudo pulmonar, insuficiência cardíaca e crise hipertensiva, habitualmente estratificadas como urgência ou emergência hipertensiva (nesta há a presença de disfunção de órgãos-alvo). Entre as manifestações urinárias, além da hematúria, observa-se também oligúria. A taxa de filtração glomerular (TFG) pode estar reduzida na fase aguda, refletindo-se, na prática clínica, no aumento de creatinina sérica ou de outros biomarcadores da função glomerular. Dependendo da etiologia da SNi, a TFG pode ou não se normalizar, fato que ocorre na maioria dos casos de GNDA-PI. Nos casos de glomerulonefrite difusa aguda pós- estreptocócica (GNDA-PE), algumas vezes a apresentação é subclínica, sendo estabelecido o diagnóstico por meio da investigação, por exemplo, de familiares do caso índex. Em outras ocasiões, ocorre perda rápida e progressiva da função renal, condição conhecida como glomerulonefrite rapidamente progressiva. AVALIAÇÃO E DIAGNÓSTICO DA SÍNDROME NEFRÍTICA A história clínica, a história familiar, a presença de sinais e sintomas extrarrenais e o exame físico são importantes, podendo fornecer evidências, por exemplo, de uma doença sistêmica e do grau e comprometimento das potenciais @anab_rs | Ana Beatriz Rodrigues MARC 03 9 complicações. A glomerulonefrite pode ser isolada ao rim (síndrome nefrítica primária) ou pode ser um componente de um distúrbio sistêmico (síndrome nefrítica secundária). A investigação laboratorial é necessária em todos os casos, podendo ser extensa, dependendo do grau de suspeição etiológica da glomerulopatia, das manifestações clínicas e/ou da causa secundária associada. Esses exames são necessários e importantes para o diagnóstico precoce e a instituição da terapia, o que pode influenciar no prognóstico em determinados casos. Resultados de exames laboratoriais dirigidos, principalmente da área imunológica e/ou a análise histológica tecidual em casos selecionados, geralmente identificam a etiologia associada. Investigação e exames subsidiários eventualmente preconizados em crianças com síndrome nefrítica aguda, glomerulonefrite pós-infecciosa ou glomerulonefrite rapidamente progressiva* Urina I com pesquisa de dismorfismo eritrocitário e microscopia urinária • Hemoglobinúria; proteinúria • Avaliação do sedimento urinário (hematúria; cilindrúria) U P/C (relação proteína/creatinina em amostras isolada de urina) Hemograma; PCR, VHS Creatinina; ureia; cistatina C Eletrólitos séricos e gasometria venosa Radiografia de tórax Ecocardiograma Tomografia de tórax e ressonância magnética ou angiorressonância cerebral (casos especiais) Complemento total e frações (CH50, C3 e C4) Aslo, antiDNAse B, antiestreptoquinase,anti-hialuronidase Fator antinúcleo; anticorpos antinucleares, antiDNA Anca-c, Anca-p Anticorpo antimembrana basal (antiMBG) Anticorpo anti-PLA2R Imunoeletroforese sérica (incluindo IgA sérica) Crioglobulinas Eletroforese urinária Sorologias • Hepatite B, hepatite C, EBV, HIV etc. Biopsia renal com microscopia ótica e imunofluorescência (em alguns casos, microscopia eletrônica) * Investigação ampla, entretanto dirigida, conforme apresentação clínica e suspeição diagnóstica. Aslo: antiestreptolisina O; Anca: anticorpo contra citoplasma de neutrófilos; EBV: vírus Epstein-Barr. O exame de urina I pode sinalizar a presença de hematúria, cilindros hemáticos, hialinos, granulosos, leucocitários e proteinúria. A microscopia urinária pode revelar a presença de hemácias crenadas, sugestivo de origem glomerular, juntamente com o achado de cilindros hemáticos. A avaliação da razão da proteína/creatinina em amostra isolada de urina (U P/C) avalia o grau de proteinúria, lembrando que, em situações de hematúria macroscópica, a proteinúria pode se elevar devido ao componente globina. Em alguns casos, proteinúria nefrótica ou síndrome nefrótica podem estar presentes. Deve-se estabelecer a função renal por meio da análise da creatinina sérica e da estimativa do clearance de creatinina (existem outros biomarcadores mais específicos, como a cistatina) e o grau de azotemia (elevação de metabólitos nitrogenados estabelecido na prática, principalmente pela elevação da ureia sérica). Nos casos de oligúria e LRA é importante analisar o perfil eletrolítico (distúrbios do Na, K, cloro, cálcio iônico, fosfato, magnésio) e a presença de distúrbios ácido-bases (análise gasométrica). Na avaliação diagnóstica de determinadas enfermidades e nos casos de hipervolemia ou de comprometimento cardíaco de várias glomerulopatias ou vasculites, podem-se realizar exames funcionais e/ou de imagem, como o ecocardiograma, a radiografia e/ou a tomografia de tórax (neste caso, evitar a utilização de contraste radiológico). A análise do complemento sérico e frações fornece informações importantes para a classificação e acompanhamento da SNi aguda. @anab_rs | Ana Beatriz Rodrigues MARC 03 10 Glomerulonefrite e Infecções GLOMERULONEFRITE DIFUSA AGUDA PÓS-ESTREPTOCÓCICA INTRODUÇÃO As glomerulonefrites pós-infecciosas (GNPI) caracterizam-se por um processo de inflamação e proliferação celular glomerular, englobando um grande grupo de glomerulonefrites mediadas imunologicamente e associadas com diversos agentes infecciosos, incluindo bactérias, vírus, fungos, protozoários e helmintos. TRATAMENTO DA GNDA-PE A base do tratamento consiste na terapia de suporte. O tratamento deve ser dirigido conforme a apresentação clínica e a presença ou não de complicações. Os pacientes que desenvolvem HA moderada a grave, LRA ou hipercalemia geralmente requerem hospitalização para monitorar o equilíbrio de fluidos e eletrólitos, controle da hipertensão e, eventualmente, terapia dialítica. O repouso deve ser limitado pelo próprio paciente e recomendado enquanto persistirem edema e HA ou em caso de complicações. A restrição dietética é importante para redução do edema, controle da HA e atenuação das complicações. A restrição hídrica inicial preconizada é de 20 mL/kg/dia ou 300-400 mL/m2/dia. Recomenda-se dieta assódica (< 2 g de NaCl/m2/dia) e a restrição hídrica enquanto também ocorrer oligúria, edema e hipertensão arterial. Em geral, após 3-7 dias do início da sintomatologia, ocorre aumento da diurese nos casos não complicados, quando a restrição hídrica deve ser individualizada para sua liberação. Na sequência, após 2- 5 dias, a pressão arterial tende a se normalizar, quando se indica a dieta hipossódica. Persistindo boa evolução após 2-3 dias, pode-se então liberar a dieta normossódica. A hipertensão arterial é basicamente resultado da retenção de sódio e da expansão do volume extracelular (“volume dependente”). Portanto, o tratamento é direcionado à restrição de sódio e terapia diurética, além de medicamentos anti-hipertensivos, se necessário. A combinação de um diurético de alça (furosemida) associado ou não a um tiazídico (hidroclorotiazida) e/ou um bloqueador dos canais de cálcio (amlodipino) costuma ser eficaz. Em todos os casos de hipercalemia grave, LRA com uremia e sinais de sobrecarga hídrica, emergência hipertensiva grave, especialmente se houver oligoanúria ou oligúria não responsiva aos diuréticos, deve-se considerar a necessidade de terapia dialítica, desde a diálise peritoneal, hemodiálise clássica ou a hemodiafiltração venovenosa contínua. @anab_rs | Ana Beatriz Rodrigues MARC 03 11 Síndrome Nefrótica INTRODUÇÃO Síndrome nefrótica (SN) é um conjunto de manifestações clínicas que resulta do aumento de permeabilidade da barreira de ultrafiltração glomerular (BUFG) renal às proteínas. É caracterizada por: proteinúria, hipoalbuminemia, edema e hiperlipidemia. Essencialmente o diagnóstico é feito pela presença de proteinúria maciça (proteinúria de 24 horas ≥ 50 mg/kg/dia ou ≥ 40 mg/m2/h ou relação urinária de proteína/creatinina (U P/C) em amostra isolada > 2 mg/mg) e hipoalbuminemia (≤ 2,5 g/dL). SN pode ser manifestação clínica de doenças sistêmicas ou infecciosas ou do uso de drogas, sendo nesse caso considerada SN secundária. ETIOLOGIA E ALGUMAS CONDIÇÕES ASSOCIADAS À SÍNDROME NEFRÓTICA Causas primárias Lesão histológica mínima (LHM); glomeruloesclerose segmentar e focal (GESF); glomerulonefrite proliferativa mesangial; glomerulonefrite membranoproliferativa (tipos I, II e III); glomerulopatia membranosa; glomerulonefrite crescêntica; esclerose mesangial difusa Causas hereditárias Mutações genéticas – NPHS1, NPHS2, WT1, entre outros (> 60 genes conhecidos) Pós-infecciosa e agentes parasitários Lues, malária, tuberculose, varicela, hepatite B e C, HIV, endocardite infecciosa, Epstein-Barr vírus, citomegalovírus, toxoplasmose, Streptococcus beta-hemolítico do grupo A, esquistossomose, nefrite do shunt etc. Colagenoses e vasculites Lúpus eritematoso sistêmico, púrpura de Henoch-Schöenlein, artrite reumatoide, poliarterite nodosa, poliarterite granulomatosa (Wegener) Neoplasias Linfoma de Hodgkin, linfoma não Hodgkin, leucemias, tumor de Wilms, carcinoma de cólon, carcinoma broncogênico Drogas Anti-inflamatórios não hormonais, ampicilina, ouro, lítio, mercúrio, heroína, pamidronato, trimetadiona, mesalamine, interferon, penicilamina Processos alérgicos Pólen, fungos, leite de vaca, picada de abelhas, pelos de gato etc. Outras condições Nefropatia por IgA (Berger), síndrome de Alport, cicatriz pielonefrítica, diabetes mellitus, miastenia gravis, anemia falciforme, doença inflamatória intestinal crônica, febre familiar do Mediterrâneo, feocromocitoma De modo geral, as SNI são classificadas de acordo com a resposta do paciente ao tratamento com corticoesteroide (CE). Aproximadamente 80-90% das crianças com SNI são classificadas como portadoras de síndrome nefrótica corticossensível (SNCS) e apresentam remissão da síndrome em um período de 4 semanas de tratamento. Entretanto, no curso natural da SNCS, aproximadamente 80% dos casos apresentam recidivas da doença, o que classifica esses pacientes em portadores de SNCS recidivante-infrequentes, recidivante-frequentes e córtico- dependentes. Pacientes que não apresentam resposta ao tratamento com CE são denominados corticorresistentes (SNCR). A maioria das crianças com SN não tem indicação de biópsia renal (BR), já que 93% das crianças que apresentam boa resposta ao CE apresentam lesão histológica mínima (LHM) como diagnóstico histológico e um bom prognóstico. No entanto, caso seja realizada a BR, a SNI também podeser classificada, de acordo com o padrão histológico, em 2 grupos principais: SNI com lesão histológica mínima (LHM) e SNI com glomeruloesclerose segmentar e focal (GESF). LHM é a forma mais comum de SNI em crianças, e nesse caso a análise do tecido renal por microscopia óptica é normal e apenas na microscopia eletrônica aparecem fusões de podócitos. Já na GESF se identifica parte dos glomérulos com esclerose segmentar. LHM e GESF podem aparecer no mesmo paciente quando mais de uma biópsia for realizada em tempos diferentes de evolução da doença. ETIOFISIOPATOGENIA A grande maioria dos casos de SN apresenta mecanismos etiofisiopatogênicos relacionados com fatores genéticos, disfunção podocitária (podocidopatia), disfunção imunológica ou a presença de fatores circulantes. A filtração glomerular proporciona, seletivamente, a eliminação de água e escórias e a retenção de proteínas, células sanguíneas e outros elementos da circulação. A excreção de grandes quantidades de proteína através da BUFG seria decorrente de agravos diversos sobre seus componentes, determinando aumento da permeabilidade às proteínas plasmáticas. Concorre para esse fato a perda de cargas elétricas negativas da membrana basal glomerular (MBG), mutações e alterações de proteínas do @anab_rs | Ana Beatriz Rodrigues MARC 03 12 podócito ou outras estruturas da BUFG, disfunção podocitária (podocidopatia), desorganização ou disfunção dos componentes da fenda diafragmática, presença de autoanticorpos, fatores circulantes e diversas anormalidades imunológicas. Vários autores defendem a existência de um fator circulante provavelmente secretado pelos linfócitos T dos pacientes com LHM, o qual desencadearia proteinúria maciça e fusão dos processos podais. Na LHM, o papel do CD80 estabelece-se como possível biomarcador de diagnóstico e atividade da doença. Alguns autores consideram que a LHM seja um distúrbio de “dois golpes”. “O primeiro golpe” reside na indução podocitária de CD80, por exemplo, por meio de fatores circulantes como citoquinas (IL-13), alérgenos, produtos microbianos, os quais induziriam a expressão podocitária de CD80. Esse fato, associado à disfunção dos mecanismos contrarregulatórios que normalmente inibiriam a expressão do CD80, como as células T regulatórias (Treg) e seus produtos (IL-10, CTLA4, TGF- beta), determinaria uma limitação na autoregulação do podócito (“segundo golpe”), perpetuando a proteinúria e a injúria glomerular observada na LHM. Outros estudos sugerem que os níveis séricos do receptor ativador de plasminogênio tipo urokinase na sua forma solúvel (suPAR) estão significativamente elevados em pacientes com GESF, quando comparados com pacientes portadores de outras glomerulopatias. Acredita-se que o suPAR promova ativação das betaintegrinas induzindo processos intracelulares que culminam em modificações no citoesqueleto e consequente proteinúria. Dados experimentais e de observação clínica sugerem a existência de outros fatores circulantes (p. ex., hemopexina; citocina cardiotropina-like 1 (CLC-1); esfingomielina fosfodiesterase ácida 3b (SMPDL3b) e angiopoietina 4). As evidências sugerem que os pacientes com SNI, particularmente por LHM, apresentam uma disfunção imunológica com a presença de fatores circulantes durante a recidiva da doença com alteração da permeabilidade da BUFG. Classicamente, observa-se a participação de citoquinas na patogênese da LHM e do provável papel das células T helper (TH tipo 2) com associação de atopia e alergia, aumento de IgE, indução de c-maf etc. Evidências sugerem que tanto os linfócitos como os podócitos estão envolvidos na patogênese da LHM e que esta provavelmente resulte da interação entre fatores humorais e uma disfunção podocitária. Alguns relatos realçam o papel dos linfócitos T ativados na fisiopatogênese da LHM com estímulo direto sobre os podócitos por meio de gatilhos, tais como infecções virais ou bacterianas, alérgenos, citoquinas, os quais promovem aumento da expressão de CD80 (coestimulador de células T) e desorganização do citoesqueleto do podócito e proteinúria. Os podócitos expressam em sua membrana os receptores de angiotensina, II e tal expressão está aumentada nos quadros de proteinúria. A angiotensina II parece interferir na reorganização do citoesqueleto podocitário e sua inibição, por meio do uso de drogas que atuam no sistema renina-angiotensina-aldosterona (captopril, enalapril, losartan), constitui uma estratégica terapêutica atual no manejo da SN. Várias outras drogas com propriedades imunomodulatoras e imunorregulatórias, independentemente de outros mecanismos primários de atuação, parecem também agir diretamente no podócito, estabilizando seu citoesqueleto, a fenda diafragmática, reduzindo a proteinúria. Esse fato pode abrir perspectivas de melhor compreensão dos diversos mecanismos fisiopatogênicos envolvidos e novos horizontes terapêuticos. QUADRO CLÍNICO A principal manifestação clínica da SN, embora sua presença não seja essencial para o diagnóstico, é o edema, que em LHM geralmente é intenso, mole, frio, depressível, sujeito à ação da gravidade, em geral insidioso, podendo evoluir para anasarca. Existem duas grandes teorias implicadas no mecanismo de formação do edema na SN. A primeira, conhecida como teoria do “hipofluxo”, considera que a proteinúria maciça e subsequente hipoalbuminemia promovam uma diminuição da pressão oncótica plasmática. Esse fato, por sua vez, acarreta a passagem de fluido do espaço intravascular para o interstício (edema), desencadeando hipovolemia, hipoperfusão renal, ativação do sistema renina- angiotensina-aldosterona (SRAA) e retenção renal secundária de sódio. A segunda teoria, do “hiperfluxo”, propõe como fator inicial na formação do edema a retenção primária intrarrenal de sódio e água. A resistência ao peptídeo natriurético atrial (ANP) associada à ativação dos canais epiteliais de sódio (ENaC) por proteases (como a plasmina) nos ductos coletores promove retenção hídrica e salina, que contribui para a formação do edema. Espuma na urina é relatada em crianças maiores com parte do quadro clínico. A criança não tratada ou que não responde bem à terapia apresenta-se adinâmica, evoluindo com ascite, derrame pleural, edema dos genitais e hepatomegalia. Taquipneia pode estar presente devido à compressão torácica pela ascite ou derrame pleural. A dor abdominal também se manifesta nas grandes descompensações e em situações de hipovolemia ou associadas à peritonite primária ou celulites de parede abdominal, algumas vezes podendo confundir-se com apendicite aguda. É possível observar sinais de descalcificação óssea relacionada às alterações do metabolismo de vitamina D, cálcio e fósforo, @anab_rs | Ana Beatriz Rodrigues MARC 03 13 particularmente naqueles casos de longa duração e/ou resistência à terapia imunossupressora e/ou uso de CE prolongado. Os pacientes nefróticos apresentam risco elevado de deficiência de vitamina D. A atopia é frequente, com prevalência de processos alérgicos das vias aéreas ou de pele. Essas crianças são propensas à aquisição de processos infecciosos por vários motivos: baixa produção e perda urinária de IgG com redução de imunoglobulinas séricas (IgG), desnutrição, edema, hipoalbuminemia, perda urinária e redução dos fatores B e D da via alternada do sistema complemento, hipogamaglobulinemia, anticorpogênese inadequada, imunidade celular mediada inadequada, disfunção dos linfócitos T, redução da resposta aos estímulos mitogênicos, imunidade humoral anormal, redução da transferrina; hipozincemia, uso das medicações imunossupressoras, déficit de opsonização (predisposição às bactérias encapsuladas), entre outros fatores. EXAMES LABORATORIAIS Sedimento urinário: além de proteinúria,em 25% dos pacientes com LHM há hematúria, geralmente microscópica. Observa-se cilindrúria relacionada às perdas proteicas e lipidúria. Proteinúria: acima de 50 mg/kg/dia ou 40 mg/m²/h ou > 2 mg/mg em amostra isolada de urina (U P/C) ou > 3+ na fita reagente. O teste com ácido sulfossalicílico a 10% e as fitas reagentes (dipstick) são métodos alternativos e úteis principalmente no acompanhamento ambulatorial. Eletroforese de proteínas plasmáticas: são observados hipoalbuminemia (≤ 2,5 g/dL) e aumento da fração alfa-2. IgG, especialmente IgG1 e IgG2, apresenta-se muito baixa na LHM, bem como a IgA. IgM encontra-se elevada. IgE pode estar aumentada, e observa-se hipogamablobulinemia na SNI. A presença de hipergamaglobulinemia pode ser indicativa de patologia secundária subjacente. Lípides: os níveis séricos do colesterol total, triglicérides e lipoproteínas acham-se elevados. Complemento: apresenta-se normal na LHM e na GESF; a constatação de hipocomplementenemia é indicação formal para BR, podendo estar presente, por exemplo, no lúpus eritematoso, na glomerulonefrite membranoproliferativa, na glomerulonefrite crescêntica e na nefrite do shunt. Ureia e creatinina: podem estar elevadas na instalação do edema ou em situações de hipovolemia. O aumento permanente pode aparecer na GESF, na nefrotoxicidade ou devido à evolução e progressão da doença. INDICAÇÕES DE BIÓPSIA RENAL Atualmente, as crianças entre 1-10 anos com sintomatologia exuberante e complemento sérico normal devem ser consideradas e tratadas como portadoras de LHM. A BR fica indicada para casos em que o quadro clínico e laboratorial seja diferente do quadro clássico esperado de SNI ou quando não haja resposta ao tratamento com CE. INDICAÇÕES DE BIÓPSIA RENAL NA SÍNDROME NEFRÓTICA IDIOPÁTICA − Crianças com idade < 1 ano ou > 10 anos (alguns autores recomendam > 16 anos). − Hematúria macroscópica ou hematúria microscópica persistente. − Hipertensão severa. − Disfunção renal. − Hipocomplementenemia. − Sintomas extrarrenais (p. ex., exantema, púrpura). − Síndrome nefrótica corticorresistente. − Avaliação de potencial nefrotoxicidade dos inibidores de calcineurina. TRATAMENTO INESPECÍFICO No tratamento da SN é importante o bom relacionamento entre médico, família e paciente e a conscientização da natureza, da progressão e do comportamento da doença. Durante as fases de edema ou quando houver hipertensão, recomenda-se dieta hipossódica ou assódica. Importante avaliar a presença de evidências de hipovolemia como taquicardia, pulsos fracos, extremidades frias, hipotensão e outros fatores adicionais como hemoconcentração, elevação desproporcional da ureia e baixa fração de excreção de sódio (< 0,2-0,5%). Nessa situação, pode-se realizar infusão de solução salina 10-20 mL/kg por 20-30 minutos e repetir se necessário, principalmente em situações de perdas hidrossalinas comprovadas, por exemplo, em situações de gastroenterite e desidratação. A infusão de albumina 20% (0,5-1 g/kg) é útil para aqueles pacientes que não respondem à expansão inicial. Na ausência de hipovolemia e na presença de edema grave, sintomático ou refratário, os diuréticos estão indicados. Esses cenários são observados quando há mais de 15% de aumento de peso, associado com anasarca, edema escrotal ou de vulva, derrame pleural significativo ou sinais clínicos de sobrecarga hídrica (p. ex., insuficiência cardíaca). Quando necessário, nos quadros de anasarca e sem evidências de hipovolemia, pode-se introduzir diuréticos tiazídicos como a hidroclorotiazida (2-5 mg/kg/dia em 2 tomadas). Evita-se a depleção de potássio usando reposição com cloreto de potássio (2-4 mEq/kg/dia) ou espironolactona (1-5 mg/kg/dia). Nos casos com anasarca e hipervolemia pode ser associado furosemida (1-5 mg/kg/dia). Nos edemas volumosos e persistentes, utiliza- se infusão de albumina a 20% (0,5-1 g/kg/dia) associada à furosemida (lentamente pelo risco de ototoxicidade), que, proporcionando aumento transitório da pressão oncótica @anab_rs | Ana Beatriz Rodrigues MARC 03 14 plasmática e da taxa de filtração glomerular, melhora a resposta natriurética. Albumina e furosemida podem também ser utilizadas em infusão contínua (0,1-0,2 mg/kg/h ou 1-5 mg/kg/dia). Pode-se associar amiloride à hidroclorotiazida ou clortalidona. Na ausência de hipervolemia, a ingestão hídrica é livre. O repouso não deve ser imposto e não há evidência de que traga benefícios para o paciente. As atividades escolares e esportivas podem ser retomadas após os períodos de descompensação. Por causa das disfunções imunológicas citadas, da desnutrição, do edema e do uso de medicações imunossupressoras, o nefrótico apresenta grande suscetibilidade às infecções: celulites, peritonites, infecções de vias aéreas superiores, sinusites e pneumonias, que podem evoluir para sepse. O tratamento antimicrobiano deve ser precoce e o risco de nefrotoxicidade deve ser considerado, conforme as medicações utilizadas. TRATAMENTO ESPECÍFICO: SÍNDROME NEFRÓTICA CORTICOSSENSÍVEL E CORTICORRESISTENTE Na recomendação do KDIGO, para induzir a remissão da doença, utiliza-se prednisona diária (60 mg/m2 ou 2 mg/kg/dia; máximo de 60 mg/dia dose única) durante 4-6 semanas. Caso tenha ocorrido remissão, introduz-se 40 mg/m2 ou 1,5 mg/kg em dias alternados em dose única pela manhã (máximo de 40 mg/dia) por mais 4-6 semanas, com diminuição lenta e progressiva da dose, nos meses 2- 5. Em caso de recidiva da doença no período dos 6 meses iniciais de tratamento, recomenda-se voltar a usar o esquema diário de CE até obter 3 dias consecutivos de nova remissão e, a seguir, reintroduzir o CE em dias alternados. Se houver resistência ao tratamento inicial, pode-se utilizar pulsoterapia adicional com metilprednisolona 30 mg/kg/dose (máximo de 1 g) em dias alternados, 3-6 doses, principalmente se houver dúvida na aderência da família ao tratamento proposto. Caso ocorra remissão completa, prossegue-se com a redução lenta e progressiva da corticoterapia. A nova diretriz da IPNA (International Pediatric Nephrology Association) para seguimento de SNCR em crianças segue a tendência atual e propõe estratégia para reduzir o tempo de uso de CE. As infecções funcionam como gatilho para a descompensação da SN e devem ser tratadas precocemente. Dessa forma, durante os processos infecciosos recomenda-se o uso de CE diário, na mesma dose em que vinha sendo usado em dias alternados, por 5- 7 dias em crianças com recidivas frequentes ou córtico- dependentes para reduzir o risco de recidivas. Imunossupressores tais como ciclofosfamida, ciclosporina, tacrolimo, micofenolato mofetil e levamisole (imunomodulador) são alternativas terapêuticas utilizadas nos pacientes com SN recidivante-frequentes ou córtico- dependentes. Os inibidores da calcineurina (ciclosporina e tacrolimo) são considerados terapia de primeira linha no manuseio da SNCR e como alternativa para os recidivante-frequentes e córtico-dependentes. Outra opção medicamentosa para casos de SN de difícil tratamento é o Rituximabe (RTX), anticorpo monoclonal antiCD20 que depleta células B. O KDIGO sugere a utilização de RTX no tratamento de pacientes córtico- dependentes e recidivante-frequentes que não apresentaram reposta a outras drogas. No entanto, recidiva da doença após períodos de 6-12 meses do uso dessa droga são comuns. Sua eficácia em pacientes portadores de SNCR refratária aos imunossupressores não é confirmada e, portanto, não está indicada classicamente nesses casos. O uso de drogas de efeito antiproteinúrico como os inibidores da enzima de conversão da angiotensina (Ieca) e/ou os bloqueadores do receptor da angiotensina (BRA) está indicado no controle da proteinúria, se não houver hiperpotassemia ou insuficiência renalaguda. Os Ieca (p. ex., captopril e enalapril) e/ou os BRA (p. ex., losartan) têm sido usados com relativo sucesso, reduzindo inespecificamente a proteinúria, além de possuírem ação imunomoduladora com potencial redução de fibrose túbulo-intersticial. Em pacientes que não respondem aos inibidores da ciclosporina e ao rituximabe, pode ser considerada, em casos especiais, a utilização de ofatumumabe ou métodos de plasmaferese ou imunoadsorção ou aférese lipídica. @anab_rs | Ana Beatriz Rodrigues MARC 03 15 DROGAS HABITUALMENTE USADAS NO MANEJO DA SÍNDROME NEFRÓTICA DE DIFÍCIL TRATAMENTO Droga Posologia Duração Observações e efeitos adversos Ciclosporina (CsA) 4-5 mg/kg/dia VO ajuste da dose conforme concentração sérica 12-36 meses Comuns: nefrotoxicidade aguda e crônica; hirsutismo e hiperplasia gengival (CsA > Tac); hipertensão; hipercolesterolemia (CsA > Tac) Tacrolimus (Tac) 0,1-0,2mg/kg/dia VO ajuste da dose conforme concentração sérica 12-36 meses Hiperglicemia; aumento de transaminases; neurotoxicidade com cefaleia e convulsões (Tac > CsA) Micofenolato Mofetil 600-1.200 mg/m² 12-36 meses Leucopenia; dor abdominal; diarreia; dispepsia; náusea; pancreatite Levamisole 2,5 mg/kg VO em dias alternados > 12 meses Bem tolerado. Neutropenia; sintomas abdominais; hepatotoxicidade. Disponibilidade limitada. Ciclofosfamida (CYC) 2-2,5 mg/kg/dia (máx 100 mg/dose e 168 mg/kg de dose cumulativa) VO 8-12 semanas Leucopenia; alopecia; náuseas e vômitos; toxicidade gonadal; cistite hemorrágica. Rituximabe 375 mg/m² por infusão EV 1-4 doses com intervalos semanais (não definido) Risco de reações alérgicas/anafiláticas graves, infecções oportunistas e teratogenicidade. Risco de toxicidade pulmonar e leucoencefalopatia multifocal. Vigiar leucograma e linfócitos B (CD19) Captopril 0,1-1 mg/kg/dia em duas tomadas Tempo indeterminado Teratogenicidade, hiperpotassemia, redução de fluxo sanguíneo renal. Monitorar função renal e K. Enalapril 0,08-0,5 mg/kg/dia em uma ou duas tomadas Tempo indeterminado Teratogenicidade, hiperpotassemia, redução de fluxo sanguíneo renal Monitorar função renal e K Losartan 0,4-0,8 mg/kg/dia em tomada única Tempo indeterminado Teratogenicidade, hiperpotassemia, redução de fluxo sanguíneo renal Monitorar função renal e K @anab_rs | Ana Beatriz Rodrigues MARC 03 16 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA Norris, Tommie L. Porth - Fisiopatologia. Disponível em: Minha Biblioteca, (10th edição). Grupo GEN, 2021. Pediatria, Sociedade Brasileira D. Tratado de pediatria (volume 2) . Disponível em: Minha Biblioteca, (5ª edição). Editora Manole, 2021. Porto, Celmo C. Semiologia Médica, 8ª edição. Disponível em: Minha Biblioteca, Grupo GEN, 2019.
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