Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
AULA 05: ERITRÓCITOS: MORFOLOGIA ERITROCITÁRIA E DISTÚRBIOS ERITROCITÁRIOS: ANEMIA POR DEFICIÊNCIA DE FERRO Hematologia clínica HEMATOLOGIA CLÍNICA Aula 5: Eritrócitos: Morfologia eritrocitária e Distúrbios eritrocitários: Anemia por deficiência de ferro AULA 05: ERITRÓCITOS: MORFOLOGIA ERITROCITÁRIA E DISTÚRBIOS ERITROCITÁRIOS: ANEMIA POR DEFICIÊNCIA DE FERRO Hematologia clínica • Morfologia dos Eitrócitos: quanto ao tamanho, quanto a cor e quanto a forma; • Anemias: Classificação morfológica e fisiopatológica; • Anemias por deficiência de produção ou carêncial; deficiência de ferro; Objetivos desta aula AULA 05: ERITRÓCITOS: MORFOLOGIA ERITROCITÁRIA E DISTÚRBIOS ERITROCITÁRIOS: ANEMIA POR DEFICIÊNCIA DE FERRO Hematologia clínica • Discos bicôncavos (diâmetro de aproximadamente 7.5µm), quando visto lateralmente e nas preparações coradas, apresentam um contorno aproximadamente circular, sem muita variação quanto ao tamanho e à forma; • Em uma coloração normal (Leishman ou Giemsa) apresenta a parte periférica mais corada do que a parte central; • Os eritrócitos de adultos, crianças e gestantes apresentam variações morfológicas; • Normocíticas (tamanho normal) e Normocrômicas (quando têm concentrações normais de hemoglobina, apresentando uma coloração normal). Morfologia dos eritrócitos Fonte: Sociedade Americana de Hematologia. Disponível em: http://imagebank.hematology.org/ AULA 05: ERITRÓCITOS: MORFOLOGIA ERITROCITÁRIA E DISTÚRBIOS ERITROCITÁRIOS: ANEMIA POR DEFICIÊNCIA DE FERRO Hematologia clínica Morfologia dos eritrócitos Normocíticas e Normocrônica (comparação do tamanho com os Linfócitos) Linfócitos Fo n te : S o ci ed ad e A m er ic an a d e H em at o lo gi a. D is p o n ív el e m : h tt p :/ /i m ag eb an k. h em at o lo gy .o rg / AULA 05: ERITRÓCITOS: MORFOLOGIA ERITROCITÁRIA E DISTÚRBIOS ERITROCITÁRIOS: ANEMIA POR DEFICIÊNCIA DE FERRO Hematologia clínica 1) Quanto ao tamanho: • Anisocitose: É o aumento da variabilidade do tamanho dos eritrócitos quando comparado com o indivíduo normal. É uma anormalidade inespecífica, normalmente encontrada em distúrbios hematológicos. • Microcitose: É a diminuição do tamanho do eritrócito (Volume corpuscular médio – VCM, baixo), presente em diferentes patologias, principalmente nas anemias ferroprivas. • Macrocitose: Caracteriza-se por hemácias de grande Volume (Volume corpuscular médio – VCM alto), encontrado nas anemias carencial ou de produção (deficiência de B12). Variações morfológicas dos eritrócitos AULA 05: ERITRÓCITOS: MORFOLOGIA ERITROCITÁRIA E DISTÚRBIOS ERITROCITÁRIOS: ANEMIA POR DEFICIÊNCIA DE FERRO Hematologia clínica Variações morfológicas dos eritrócitos Microcitose Fonte: Sociedade Americana de Hematologia. Disponível em: http://imagebank.hematology.org/ A n is o ci to se Fonte: Bain, B.,J. Células Sanguíneas: Um guia Pratico. Editora Artmed. 4ª Edição (2009) M ac ro si to se Fonte: Sociedade Americana de Hematologia. Disponível em: http://imagebank.hematology.org/ AULA 05: ERITRÓCITOS: MORFOLOGIA ERITROCITÁRIA E DISTÚRBIOS ERITROCITÁRIOS: ANEMIA POR DEFICIÊNCIA DE FERRO Hematologia clínica Variações morfológicas dos eritrócitos Fonte: Sociedade Americana de Hematologia. Disponível em: http://imagebank.hematology.org/ Fonte: Bain, B.,J. Células Sanguíneas: Um guia Pratico. Editora Artmed. 4ª Edição (2009) Hipercromia Hipocromia AULA 05: ERITRÓCITOS: MORFOLOGIA ERITROCITÁRIA E DISTÚRBIOS ERITROCITÁRIOS: ANEMIA POR DEFICIÊNCIA DE FERRO Hematologia clínica 2) Quanto à forma: • Poiquilocitose ou Pecilocitose: Eritrócitos com variações na sua forma, apresentando um número eritrócitos anormais. • Esferocitose: Eritrócitos com a forma esférica. São eritrócitos que perdem a membrana sem a perda adicional de citossol, em consequência de alterações hereditárias em suas membranas e citoesqueleto. • Ovalocitos: Eritrócitos com a forma Oval. A sua presença normalmente está relacionada a anomalias hereditárias, que afetam o citoesqueleto. • Espiculadas: Possuem a borda regular e podem ser subdivididas em acantócitos, equinócitos, queratócitos e esquizócitos. Variações morfológicas dos eritrócitos AULA 05: ERITRÓCITOS: MORFOLOGIA ERITROCITÁRIA E DISTÚRBIOS ERITROCITÁRIOS: ANEMIA POR DEFICIÊNCIA DE FERRO Hematologia clínica Variações morfológicas dos eritrócitos Pecilocitose Esferócitos Ovalócitos Espiculadas Fonte: Sociedade Americana de Hematologia. Disponível em: http://imagebank.hemat ology.org/ Fonte: Sociedade Americana de Hematologia. Disponível em: http://imagebank.hemat ology.org/ Fonte:http://www.elrinc ondelamedicinainterna.c om/2009/09/la- importancia-del-frotis- de-sangre.html Fonte:http://bioneogenio s.blogspot.com.br/2013/ 10/eritrocitos-de- morfologia-anormal.html AULA 05: ERITRÓCITOS: MORFOLOGIA ERITROCITÁRIA E DISTÚRBIOS ERITROCITÁRIOS: ANEMIA POR DEFICIÊNCIA DE FERRO Hematologia clínica 3) Quanto à forma: • Eritrócitos em formas de lágrimas (dacriócitos): Eritrócitos com a forma de lágrimas ou peras acontecem quando existe fibrose na medula óssea ou diseritropoese severa e em algumas anemias hemolíticas. • Hemácias em alvo: Apresentam uma área de coloração mais densa central, um halo não corado e uma borda corada. Forma-se como consequência de um excesso de membrana, observado em diferentes patologias. • Hemácias em Foice (depranócitos): Apresenta forma de foice (banana), é um tipo de célula muito específico em anemias falciformes. Variações morfológicas dos eritrócitos AULA 05: ERITRÓCITOS: MORFOLOGIA ERITROCITÁRIA E DISTÚRBIOS ERITROCITÁRIOS: ANEMIA POR DEFICIÊNCIA DE FERRO Hematologia clínica Variações morfológicas dos eritrócitos Fonte: Sociedade Americana de Hematologia. Disponível em: http://imagebank.hematology.org/ Hemácias em alvo Dacriócitos Drepranócitos AULA 05: ERITRÓCITOS: MORFOLOGIA ERITROCITÁRIA E DISTÚRBIOS ERITROCITÁRIOS: ANEMIA POR DEFICIÊNCIA DE FERRO Hematologia clínica 4) Inclusão nos Eritrócitos: • Corpúsculos de Howell-Jolly: São inclusões eritrocitárias, arredondadas, de tamanho médio, compostas de DNA, com características tintoriais iguais ao núcleo. Podem representar fragmentação do núcleo ou expulsão nuclear incompleta. • Pontilhado basófilo: Descreve a presença nos eritrócitos de numerosas inclusões basófilas (RNA, agregados de ribossomos e mitocôndrias em degeneração) dispersas no citoplasma. • Corpúsculos de Pappenheimer: Inclusões basófilas contendo Ferro (agregados de ferretina, ou de mitocôndria ou fagossomas com ferritina agregada) que podem estar presentes em pequenos número nos eritrócitos, geralmente formando pequenos aglomerados perto da periferia da célula. • Microorganismos nos eritrócitos: Podem ser observados parasitas ou microorganismos dentro das hemácias. Variações morfológicas dos eritrócitos AULA 05: ERITRÓCITOS: MORFOLOGIA ERITROCITÁRIA E DISTÚRBIOS ERITROCITÁRIOS: ANEMIA POR DEFICIÊNCIA DE FERRO Hematologia clínica Variações morfológicas dos eritrócitos Fonte: Bain, B.,J. Células Sanguíneas: Um guia Pratico. Editora Artmed. 4ª Edição (2009) Fonte: Sociedade Americana de Hematologia. Disponível em: http://imagebank.hematology.org/ Pontilhado Basófilo Corpúsculos de Howell-Jolly Corpúsculos de Pappenheimer AULA 05: ERITRÓCITOS: MORFOLOGIA ERITROCITÁRIA E DISTÚRBIOSERITROCITÁRIOS: ANEMIA POR DEFICIÊNCIA DE FERRO Hematologia clínica Variações morfológicas dos eritrócitos Gametócito de Plasmodium falciparum Fonte:http://www.icb.usp.br/~livropar/img/capitulo2/31.html AULA 05: ERITRÓCITOS: MORFOLOGIA ERITROCITÁRIA E DISTÚRBIOS ERITROCITÁRIOS: ANEMIA POR DEFICIÊNCIA DE FERRO Hematologia clínica Sinais e Sintomas: Resulta da diminuição da oferta de oxigênio nos tecidos. Está relacionado com o grau e a rapidez da instalação da baixa de hemoglobina e esses sintomas variam com o tipo de anemia crônica ou aguda. Porém, em todas as anemias, observa-se: Anemias Palidez cutaneomucosa; Fadiga; Polipneia; Astenia; Cansaço fácil; Unhas quebradiças; Irritabilidade; Taquicardia aos esforços; Sonolências; Náuseas; Perda do Libido; Impotência. AULA 05: ERITRÓCITOS: MORFOLOGIA ERITROCITÁRIA E DISTÚRBIOS ERITROCITÁRIOS: ANEMIA POR DEFICIÊNCIA DE FERRO Hematologia clínica Classificação das Anemias: Anemias Anemias Fisiopatológica Morfológica O critério morfológico não oferece a ideia da causa da anemia, mas do aspecto morfológico dos eritrócitos presentes na circulação, uma abordagem útil para auxiliar no diagnóstico das anemias. São 3 causas principais: Deficiência de Produção de Hemácias; Excesso de destruição das Hemácias; Perda sanguínea. AULA 05: ERITRÓCITOS: MORFOLOGIA ERITROCITÁRIA E DISTÚRBIOS ERITROCITÁRIOS: ANEMIA POR DEFICIÊNCIA DE FERRO Hematologia clínica Anemias: classificação morfológica Anemia Macrocíticas e Normocrômicas: Sem Megaloblastos na Medula óssea Com Megaloblastos na Medula óssea Deficiência de B12; Deficiência de ácido fólico; Defeito de Síntese de DNA (por drogas ou congênito). Anemia hemorrágica e Hemolítica; Anemia Secundária a uso de antimetabólicos; Anemia das Hepatopatias. AULA 05: ERITRÓCITOS: MORFOLOGIA ERITROCITÁRIA E DISTÚRBIOS ERITROCITÁRIOS: ANEMIA POR DEFICIÊNCIA DE FERRO Hematologia clínica Anemias: classificação morfológica Anemia Normocíticas e Normocrômicas: Anemia Hemorrágica Aguda Anemias por deficiência de produção de Hemácias Aplasia de Medula; Insuficiência renal; Doenças Crônicas; Endocrinopatias; Infiltração Medular (Leucemias, Mieloma). Anemias Hemolíticas (discreta reticulositose) Anemia Microcíticas e Hipocrômicas: Anemia Sideroblásticas Talassemias Anemia Ferropriva AULA 05: ERITRÓCITOS: MORFOLOGIA ERITROCITÁRIA E DISTÚRBIOS ERITROCITÁRIOS: ANEMIA POR DEFICIÊNCIA DE FERRO Hematologia clínica Anemias por deficiência de Produção de Eritrócitos • Deficiência de Elementos essenciais – Ferro, Ácido Fólico, Vitamina B12, Proteínas, Outras vitaminas (ácido ascórbico, pirodoxina, riboflavina) e Sais Minerais (cobre e cobalto); • Deficiência de eritroblastos – Aplasia de medula, Eritroblastopenias puras, hereditárias (constitucionais) e anemias Refratárias; • Infiltração Medular – Leucemias agudas e crônicas; Mieloma Múltiplo, Carcinomas e Sarcomas e Mielofibrose; • Endocrinopatias – Insuficiência Adrenal, Hipertiroidismo; • Insuficiência renal Crônica – Cirrose Hepática, doença inflamatórias crônicas. Anemias: classificação fisiopatológica AULA 05: ERITRÓCITOS: MORFOLOGIA ERITROCITÁRIA E DISTÚRBIOS ERITROCITÁRIOS: ANEMIA POR DEFICIÊNCIA DE FERRO Hematologia clínica Anemias por perda de Sangue: • Hemorragias agudas; • Hemorragias crônicas (úlceras e tumores intestinais, parasitas intestinais, menstruação abundante). Anemias por excesso de destruição dos eritrócitos: • Corpusculares – Defeitos de membrana, Déficit enzimáticos (enzimopatias), Hemoglobinopatias, Anemia Sideroblásticas, Porfirias e Outras (Hemoglobinúria paroxística Noturna, saturnismo). • Extracorpusculares – Anticorpos (iso e auto anticorpos), Drogas, Hiperesplenismo (Sequestro esplênico), Traumas mecânicos (próteses valvulares e microangiopatia) e Infecções (malárias e Clostridium). Anemias: classificação fisiopatológica AULA 05: ERITRÓCITOS: MORFOLOGIA ERITROCITÁRIA E DISTÚRBIOS ERITROCITÁRIOS: ANEMIA POR DEFICIÊNCIA DE FERRO Hematologia clínica • Outra Classificação Utilizada relaciona a porcentagem de reticulócitos no sangue. Reticulócitos > 3% - Anemia com excesso de destruição e produção de eritrócitos (anemias hemolíticas); Reticulócitos < 2% - Anemias não hemolíticas que podem ser dividias em hipoproliferativas e anemias por defeitos de amadurecimento. Anemias: classificação morfofuncional Fonte: Verrastro, T.; Lorenzi, T.,F.; Neto, S.,V. Hematologia e Hemoterapia. Fundamentos de Morfologia, Fisiologia, Patologia e Clínica. Ed. Atheneu. 1º Edição (2006). AULA 05: ERITRÓCITOS: MORFOLOGIA ERITROCITÁRIA E DISTÚRBIOS ERITROCITÁRIOS: ANEMIA POR DEFICIÊNCIA DE FERRO Hematologia clínica • Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS): A anemia carencial é definida como “um estado em que a concentração de hemoglobina do sangue é anormalmente baixa em consequência da carência de um ou mais nutrientes essenciais, qualquer que seja a origem dessa carência”. • As principais anemias por deficiência nutricional são: Deficiência de Ferro; Deficiência de Vitamina B12; Deficiência de Ácido fólico. • Segundo o Ministério da Saúde (Portaria SAS/MS número 1.247 de 2014), a metade dos casos de anemia no mundo é determinada por deficiência de ferro (DF). É a deficiência nutricional mais prevalente e negligenciada no mundo, particularmente entre as mulheres e as crianças dos países em desenvolvimento. É também significativamente prevalente nos países industrializados. Anemias por deficiência de produção ou carêncial AULA 05: ERITRÓCITOS: MORFOLOGIA ERITROCITÁRIA E DISTÚRBIOS ERITROCITÁRIOS: ANEMIA POR DEFICIÊNCIA DE FERRO Hematologia clínica • Na Anemia Ferropriva há um balanço negativo de ferro (ingestão é menor do que a necessidade do organismo) por tempo suficiente longo para depletar os estoques corporais. Anemias por deficiência de produção ou carêncial: deficiência de ferro (anemia ferropriva) ÉRITON 2400 mg (homem 85 Kg) 1700 mg (Mulher 65 kg) Plasma 6 mg (homem de 85 Kg) 4 mg (Mulher de 65kg) 20 mg/ dia ( H) 14 mg/ dia (M) 20 mg/ dia ( H) 14 mg/ dia (M) Excreção Absorção 0,9 mg/ dia ( H) 1,3 mg/ dia (M) 0,9 mg/ dia ( H) 1,3 mg/ dia (M) Síntese de HB (Eritroblastos) Degradação de HB ( células Reticulo Endoplasmático) Armazenamento 1000 mg (H) 300 mg (M)) Enzimas, Mioglobina 160 mg (H) 120 mg (M) AULA 05: ERITRÓCITOS: MORFOLOGIA ERITROCITÁRIA E DISTÚRBIOS ERITROCITÁRIOS: ANEMIA POR DEFICIÊNCIA DE FERRO Hematologia clínica • A deficiência de ferro se instala por diferentes mecanismos: Aumento da necessidade (gravidez ou crescimento rápido na infância); Má absorção de ferro na alimentação (gastrectomia, transito intestinal rápido); Dieta deficiente de ferro; Excesso de perda (hemorragia, perdas menstruais, perdas cutâneas, perdas digestivas). • A quantidade de ferro disponível é insuficiente para a síntese normal de hemoglobina; • A Anemia Ferropriva se instala de modo lento e progressivo, desde que as perdas não sejam agudas e abundantes. Sinais e Sintomas • Além dos sintomas comuns a todas as anemias, pode ocorrer: Glossite atrófica; Disfagia intensa (Síndrome de Plummer – Vinson); Amenorreia na mulher e diminuição da libido nos dois sexos. Anemias por deficiência de produção ou carêncial: deficiência de ferro (anemia ferropriva) AULA 05: ERITRÓCITOS: MORFOLOGIA ERITROCITÁRIA E DISTÚRBIOS ERITROCITÁRIOS:ANEMIA POR DEFICIÊNCIA DE FERRO Hematologia clínica • Evolui de forma diferente de acordo com a idade e sexo. Anemias por deficiência de produção ou carêncial: deficiência de ferro (anemia ferropriva) Primeiro estágio Depeleção do Ferro (diminuição do ferro medulares e redução da Ferritina do plasma) Aumento da Absorção do ferro pela mucosa intestinal; Discreto elevação da transferrina plasmática. Estágios mais avançados Queda do Ferro plasmático; Diminuição da Saturação de Transferrina e da Ferritina. Eritropoese deficiente se instala Ausência de ferro nos depósitos (Medula óssea e magrófagos sem grãos de ferro); Grande aumento da transferrina livre; Diminuição da saturação de transferrina, ferritina e ferro livre no plasma; Ausência de sideroblastos na medula óssea; Aumento da protoporfirina nos erotrócitos; Instalação de Microcitose e hipocromia por diminuição da síntese de Hemoglobina. AULA 05: ERITRÓCITOS: MORFOLOGIA ERITROCITÁRIA E DISTÚRBIOS ERITROCITÁRIOS: ANEMIA POR DEFICIÊNCIA DE FERRO Hematologia clínica Diagnóstico Laboratorial • O diagnóstico laboratorial é realizado através normalmente pelo exames de Sangue e mais raramente pela análise do material coletado pela punção da medula óssea (mielograma). 1) Análise da série vermelha (hemograma): Dosagem de Hemoglobina, Hematócrito, Indicies Hematimétricos (Volume corpuscular Médico – VCM, Concentração de Hemoglobina Corpuscular média – HCM e o índice de anisocitose – RDW); Analise morfológica dos eritrócitos (quanto ao tamanho e a coloração); Contagem de reticulócitos. 2) Analise no soro (Análises Bioquímicas): A dosagem de Ferro sérico; Capacidade de ligação do ferro à transferrina (TIBC); Relação ferro sérico/TIBC; Dosagem de ferritina sérica. Anemias por deficiência de produção ou carêncial: deficiência de ferro (anemia ferropriva) AULA 05: ERITRÓCITOS: MORFOLOGIA ERITROCITÁRIA E DISTÚRBIOS ERITROCITÁRIOS: ANEMIA POR DEFICIÊNCIA DE FERRO Hematologia clínica Diagnóstico Laboratorial 3) Diagnóstico complementar (Análise da Medula óssea pelo mielograma): Morfologia das células eritroblásticas medulares; Pesquisa de ferro medular (Reação de Perl ou azul Prússia). Tratamento Eliminar possíveis causas responsáveis pela espoliação de ferro no paciente; Usos de sais de ferro (sais ferroso, sulfato, glutamato, succinato ou fumarato), de preferência por via oral. Anemias por deficiência de produção ou carêncial: deficiência de ferro (anemia ferropriva) AULA 05: ERITRÓCITOS: MORFOLOGIA ERITROCITÁRIA E DISTÚRBIOS ERITROCITÁRIOS: ANEMIA POR DEFICIÊNCIA DE FERRO Hematologia clínica Achados Laboratoriais Anemias por deficiência de produção ou carêncial: deficiência de ferro (anemia ferropriva) 27 elevação dos níveis de sTfR e TIBC. E, por último, as alterações relacionadas com o quadro de anemia. A aniso- citose é a alteração morfológica dos eritrócitos mais precoce- mente evidenciada e tipicamente é acompanhada de ovalo- citose. Nessa fase inicial, o HCM pode estar normal, a Hb > 11g/dL e o VCM ligeiramente reduzido (< 80 fl). Com a progressão da deficiência de ferro há um declínio conco- mitante da concentração de Hb, do número de hemácias, do HCM e VCM.29 Abstract Iron deficiency is the most common cause of anemia and, in general, the diagnosis is easily established by simple tests that are routinely available in general laboratories. The interpretation of results, however, must be carefully carried out keeping in mind the limitations and interference in each reaction. This review presents the tests that assist in the investigation of iron deficiency, with some technical aspects and comments on their interpretation. Rev. Bras. Hematol. Hemoter. 2010;32(Supl.2):22-28. Key words: Iron deficiency anemia; laboratory findings; hypochromic anemia. Referências Bibliográficas 1. Cook JD. Diagnosis and management of iron-deficiency anaemia. Best Pract Res Clin Haematol. 2005;18(2):319-32. 2. Lewis SM. Reference ranges and normal values. In: Lewis SM, Bain BJ, Bates I, editors. Practical Haematology. 10th ed. London: Churchill Livingstone; 2006:11-24. 3. Lima CSP, Reis ARC, Grotto HZW, Saad STO, Costa FF. Comparison of red cell distribution width and a red cell discriminant function incorporating volume dispersion for distinguishing iron deficiency from beta thalassemia trait in patients with microcytosis. São Paulo Med J. 1996;114(5):1265-9. 4. Bain BJ. Diagnosis from the blood smear. N Engl J Med. 2005; 353(5):498-507. 5. Elghetany MT, Davey F. Distúrbios eritrocitários. In: Henry JB, editor. Diagnósticos clínicos e tratamento por métodos labora- toriais. 20ª ed. São Paulo. Manole Ltda; 2008:632. 6. Beutler E, Hoffbrand AV, Cook JD. Iron deficiency and overload. Hematology Am Soc Hematol Educ Program. 2003: 40-61. 7. Grotto HZW. Interpretação clínica do hemograma. Lopes AC, Grotto HZW eds. São Paulo. Editora Atheneu; 2009. 8. Cook JD, Baynes RD, Skikne B. Iron deficiency and the measurement of iron status. Nutr Res Rev. 1992;5(1):189-202. 9. Worwood M. Iron-deficiency anaemia and iron overload. In: Lewis SM, Bain BJ, Bates I., editors. Practical Haematology. 10th ed. London: Churchill Livigstone; 2006:132-60. 10. Dale JC, Burritt MF, Zinsmeister AR. Diurnal variation of serum iron, iron-binding capacity, transferrin saturation, and ferritin levels. Am J Clin Pathol. 2002;117(5):802-8. 11. Hristova EM, Henry JB. Intermediários metabólicos, íons inor- gânicos e marcadores bioquímicos do metabolismo ósseo. In: Henry JB, editor. Diagnósticos clínicos e tratamento por métodos labora- toriais. 20ª ed. São Paulo. Manole Ltda; 2008:220. 12. Worwood M. Influence of disease on iron status. Proc Nutr Soc. 1997;56:409-19. 13. Worwood M. Serum transferrin receptor assays and their application. Ann Clin Biochem. 2002;39(Pt 3):221-30. 14. De Lima GAFM, Grotto HZW. Laboratory assessment of iron status and reticulocyte parameters in differential diagnosis of iron deficiency anemia and heterozygous ß-thalassemia. J Bras Patol Med Lab. 2002;38(4):273-80 15. Wians FH Jr., Urban JE, Keffer JH, Kroft SH. Discriminating between iron deficiency anemia and anemia of chronic disease using traditional indices of iron status vs transferrin receptor concentration. Am J Clin Pathol. 2001;115(1):112-8. 16. Remacha AF, Sarda MP, Parellada M, Ubeda J, Mantiga R. The role of serum transferrin receptor in the diagnosis of iron deficiency. Haematologica. 1998;83(11):963-6. 17. Punnonen K, Irjala K, Rajamaki A. Serum transferrin receptor and its ratio to serum ferritin in the diagnosis of iron deficiency. Blood. 1997;89(3):1052-7. 18. Thomas C, Thomas L. Biochemical markers and hematologic indices in the diagnosis of functional iron deficiency. Clin Chem. 2002;48(7):1066-76. 19. Brugnara C. Use of reticulocyte cellular indices in the diagnosis and treatment of hematological disorders. Int J Clin Lab Res. 1998; 28(1):1-11. 20. Bartels PC, Schoorl M, Schoorl M. Hemoglobinization and functional availability of iron for erythropoiesis in case of thalassemia and iron deficiency anemia. Clin Lab. 2006;52(3- 4):107-14. 21. Swirsky D, Bain BJ. Erythrocyte and leucocyte cytochemistry - leukemia classification. In: Lewis SM, Bain BJ, Bates I, editors. Practical Haematology. 9th ed. London: Churchill Livigstone; 2001:269-95. 22. Davey FR, Hutchison RE. Hematopoese. In: Henry JB, editor. Diagnósticos clínicos e tratamento por métodos laboratoriais. 20ª ed. São Paulo. Manole Ltda; 2008:220. 23. Cook JD. Clinical evaluation of irondeficiency. Semin Hematol 1982;19(1):6-18. 24. Baynes RD. Assessment of iron status. Clin Biochem. 1996; 29(3):209-15. Figura 2. Evolução das alterações laboratoriais no decorrer da evolução da deprivação de ferro. VCM; volume corpuscular médio; Hb: hemoglobina; Fe: ferro sérico; RDW: índice de anisocitose; ZPP: zincoprotoporfirina; sTfR: receptor solúvel da transferrina; TIBC: capacidade total de ligação do ferro à transferrina Grotto HZW Rev. Bras. Hematol. Hemoter. 2010;32(Supl. 2):22-28 26 estar localizados dentro ou fora dos macrófagos e estarão ausentes na deficiência de ferro.21 É considerado o teste mais preciso para o diagnóstico da deficiência de ferro, mas, devido ao seu caráter invasivo e por ser desconfortável ao paciente, na prática só é realizado em casos mais complexos e não diagnosticados pelos métodos usuais. O resultado é dado como negativo ou de 1+ a 5+, sendo 2+ considerado normal e 5+ correspondendo a estoque de ferro marcadamente elevado. Normalmente, um pequeno número de grânulos azuis pode ser visualizado nos macrófagos. Na deficiência de ferro, esses grânulos são raros ou ausentes. Do mesmo modo, a porcentagem de sideroblastos encontra-se diminuída na AF (< 20%).22 b) Ferritina sérica: embora grandes quantidades de ferritina estejam estocadas nos tecidos do fígado e baço, somente pequenas quantidades estão presentes no soro. Essa ferritina circulante é essencialmente livre de ferro. A impor- tância da determinação da ferritina sérica é que a sua quan- tificação representa uma medida precisa do ferro total do compartimento de estoque: 1 µg/L de ferritina sérica corres- ponde a 8 mg-10 mg de ferro em estoque em um indivíduo adulto.23 A concentração de ferritina circulante varia de 15 a 300 µg/L. Os valores de normalidade são superiores nos homens (15 a 300 µg/L) em relação às mulheres em idade fértil (15 a 200 µg/L). Após a menopausa, esses valores são similares para ambos os sexos.12 É um teste preciso e muito utilizado para avaliar os es- toques de ferro. Entretanto, por se tratar de uma proteína de fase aguda, a síntese de apoferritina está aumentada em con- dições inflamatórias, infecciosas e malignidade, principalmen- te devido ao estímulo das IL-1 e IL-6. As concentrações de ferritina sérica são particularmente influenciadas pela pre- sença de doença hepática, como hepatite e cirrose.24 Em pacientes com inflamação, infecção ou outras doenças crô- nicas valores inferiores a 15 µg/L são compatíveis com au- sência de ferro no estoque e acima de 100 µg/L indicam a presença de estoque. Nesse grupo de indivíduos, valores de ferritina entre 15 e 100 µg/L devem ser interpretados com cautela porque podem ocultar uma deficiência de ferro asso- ciada.9 Estudos demonstraram que valores acima de 30 µg/L em pacientes anêmicos e com uma condição inflamatória associada, como artrite reumatoide ou insuficiência renal crônica, não excluem a possibilidade de uma AF instalada. Alguns autores sugerem que somente valores de ferritina sérica superiores a 60 µg/L deveriam ser considerados indicativos de estoque normal em pacientes com inflamação associada.25 Na criança (< 15 anos), valores inferiores a 12µg/l são indicativos da deficiência de ferro.9 A deficiência de vitamina C pode reduzir as concentra- ções de ferritina e ferro séricos. Esta, provavelmente, é a única condição em que a ferritina está reduzida na ausência de deficiência de ferro.26 Havendo sobrecarga de ferro, altas concentrações de ferritina sérica podem ser observadas, como na hemocro- matose avançada, mas não nas fases iniciais, onde esses valores encontram-se normais. Doenças hematológicas malignas podem cursar com níveis elevados de ferritina e estão relacionadas com os estados de remissão e recaída da doença. Uma causa de elevados níveis de ferritina está associ- ada com uma síndrome hereditária caracterizada por hiper- ferritinemia e catarata. Descrita em 1995, 27,28 tem um padrão de herança autossômica dominante e resulta de uma mutação no cromossoma 19q, onde é codificado o gene para a subunidade L da ferritina. O excesso de ferritina acumula no cristalino, e a catarata torna-se sintomática, em geral a partir da segunda década de vida. O ferro sérico e o TIBC encontram- se em níveis normais. Os métodos para determinação da ferritina sérica atu- almente utilizados são imunoenzimáticos, utilizando anti- corpos antiferritina humana, através de técnicas de ELISA ou eletroquimioluminescência, disponibilizados em kits co- merciais. A automatização dessas técnicas tem assegurado resultados confiáveis e rápidos a um custo bastante razoável.8 De maneira geral, as alterações compatíveis com a defi- ciência de ferro podem ser resumidas no Quadro 3. No entanto, vale a pena lembrar que a instalação da deficiência de ferro é progressiva e as alterações laboratoriais têm uma dinâmica, como pode ser observado na Figura 2. Assim, na fase de depleção de estoque, a principal alteração observada é a diminuição gradativa dos níveis de ferritina sérica. Na fase de deficiência na eritropoese, os níveis de Hb estão ainda na faixa de normalidade, mas são detectados si- nais de falha na hemoglobinização das células, com queda do conteúdo de Hb dos reticulócitos (não mostrado na figura) e Rev. Bras. Hematol. Hemoter. 2010;32(Supl. 2):22-28 Grotto HZW Fo n te: G ro tto , H .,W .,Z. D iagn ó stico lab o rato rial d a d eficiên cia d e ferro . R ev. B ras. H em ato l. H em o ter. 2 0 1 0 ;32(Su p l. 2 ):2 2 -2 8 AVANCE PARA FINALIZAR A APRESENTAÇÃO. VAMOS AOS PRÓXIMOS PASSOS? Distúrbios eritrocitários.: Anemias por deficiência carencial; Deficiência de Vitamina B12; Deficiência de ácido Fólico.
Compartilhar