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CAP˝TULO 7 293 Caso 39Caso 39 RELATO DO CASO N.S., 14 anos, branca, com queixa principal de obesidade. Há seis meses iniciou regime por conta própria para emagre- cer. Nessa ocasião pesava cerca de 53kg. Familiares referem que não a achavam gorda e não interferiam na dieta que, no início, era restrita apenas a doces, refrigerantes e massas. Aos 48kg manteve regime com reforço pelos colegas do colégio e então diminuiu progressivamente a quantidade de comida com perda acentuada de peso. Nega vômitos, uso de anorexígenos, diuréticos, purgati- vos ou aumento da atividade física. Refere que manteve dieta para manutenção do peso e o faz até hoje por medo de engordar. Em novembro de 1998 evoluiu com tristeza, melancolia e “sensação de vazio”. Perdeu parcialmente a vontade de fazer coisas que gos- tava. Atualmente ingere água e líquidos (suco) em pouca quanti- dade. Recusa alimentação, se forçada não consegue deglutir. A paciente é natural do Rio de Janeiro, solteira, estudante. Refere desenvolvimento e crescimento normais. Nunca menstruou. Nega atividade sexual. Seu pai é hipertenso. Nega etilismo, taba- gismo, uso de drogas. Pai e mãe moram na mesma casa em regime de separação de corpos. Ao exame físico, altura: 158cm, peso: 33,8kg, IMC: 13,5kg/m2. Bastante emagrecida, com lentificação grande da fala e latência de resposta importante, palidez cutaneomucosa 3+/4+, hipohi- dratada 1+/4+, eupnéica, afebril. PA: 85 · 60mmHg, FC: 76bpm repouso e 96bpm após caminha- da. Tireóide impalpável. Ritmo cardíaco regular, bulhas normofonéticas, sem bulhas acessórias, com sopro sistólico 2+/4+, pancardíaco. Hiporreflexia generalizada, aquileu sem resposta. Restante do exame físico sem alterações. Levantou-se a hipótese diagnóstica de anorexia nervosa, sen- do encaminhada à psiquiatria. Os familiares foram orientados a estimular a ingesta alimentar. A paciente foi instruída quanto aos riscos de se manter sem alimentação adequada. Outros 294 CAP˝TULO 7 Na segunda consulta, não houve melhora do quadro, com uso de Remeron® (mirtazapina, antidepressivo). Peso: 32kg, PA: 80 · 50mmHg, FC: 60bpm. Foi contactado serviço de Endocrinologia do HUCFF para internação. Na internação havia perdido mais 2kg. Exames laboratoriais sem alterações relevantes. O serviço de psicologia médica iniciou acompanhamento, sendo mantida medicação e iniciada dieta en- teral por sonda nasogástrica, no início com boa aceitação. Após dois dias a paciente apresentou quadro psicótico com agitação psicomotora, apresentando gritos e espasmos musculares e desor- ganização do pensamento com discurso incoerente e frases repeti- das (“não quero, não quero”), tendo sido sedada com haloperi- dol. Evolui com catatonia. Foi administrado lorazepam, e a paciente melhorou do estado catatônico em três dias. Apresentou alucina- ções auditivas, que regrediu espontaneamente, mas não ficou cla- ro se era proveniente do quadro psicótico primário ou do efeito colateral das drogas utilizadas. Apresentou, durante internação edema periférico e presença de 3a bulha acessória à ausculta car- díaca, relacionados à síndrome de recuperação nutricional. Recebeu alta hospitalar após três semanas de internação, clini- camente bem, com ingesta oral espontânea e peso de 44kg (IMC: 18), em uso de Lorax® (½ cp 2· /d) e furosemida 40mg (½ cp 2· /d). No ambulatório, manteve acompanhamento com psiquiatria, nu- trição e nutrologia. Não obteve nenhuma recaída. Apresentou menar- ca apenas aos 16 anos, após uso de Premarim® por três meses. Meu diagnóstico CAP˝TULO 7 295 RESUMO DO CASO Esta adolescente apresenta quadro grave de anorexia nervosa, com complicações físicas importantes devido à desnutrição, como queda do estado geral, anemia, hipotensão, amenorréia e depressão. O tratamento ambulatorial foi ineficaz, necessitando de internação e acompanhamento psiquiátrico intenso. DISCUSSÃO DO CASO Anorexia Nervosa A anorexia nervosa é uma auto-imposição a perder peso associada com uma atitude psicopatológica ante o ato de comer e à noção de peso corpo- ral. Tipicamente ocorre em meninas logo após a puberdade ou na adolescên- cia, porém pode ocorrer pré-menarca ou mais tardiamente no adulto jovem. Raramente ocorre em homens. Caracteriza-se por perda de peso excessiva por restrição de alimentos associada ou não à indução de vômitos, uso de purgativos ou atividade física excessiva. Geralmente cursa com amenorréia e medo excessivo do não-controle da ingesta e do ganho de peso. A bulimia nervosa é caracterizada por freqüentes compulsões alimen- tares associadas ao uso de medidas compensatórias (indução de vômitos, laxativos, diuréticos, aumento da atividade física) com perda do controle sobre a alimentação e exagero conceitual persistente sobre a forma do corpo e o peso. As alterações observadas refletem uma resposta adaptativa que permite que o indivíduo sobreviva à restrição dietética. Ocorre uma limitação na capacidade física e mental. Dentre as alterações observadas devido à inani- ção temos: aumento no consumo de gordura, em detrimento ao uso de glicose e proteínas; alterações hidroeletrolíticas; diminuição da síntese pro- téica; disfunção hipotálamo-hipofisária com alteração no controle de secre- ção de gonadotrofinas levando à anovulação, amenorréia, infertilidade e redução da libido. Alterações no metabolismo das catecolaminas, insulina e hormônios tireoidianos responsáveis por reduções na freqüência cardíaca e respiratória, na pressão arterial, no consumo de oxigênio, produção de gás carbônico, débito cardíaco, motilidade intestinal e outras respostas autonô- micas, assim como intolerância ao frio, pele e cabelos ressecados, hiperca- rotenemia, hipercolesterolemia, hiporreflexia e constipação intestinal. Quanto à etiopatogenia, a visão prevalente é de que os distúrbios ali- mentares possuem múltiplas causas interativas, de ordem biológica, psico- lógica e social. Modelo sugerido: uma inexplicada predisposição fisiológica 296 CAP˝TULO 7 com possíveis determinantes genéticos levariam a um grau variável de vul- nerabilidade biológica em pessoas com risco de desenvolver distúrbios ali- mentares. Experiências pessoais precoces e específicas e a influência fa- miliar devem criar conflitos intrapsíquicos que determinam a predisposição psicológica. Influências sociais, conflitos psicológicos relacionado a mu- dança corporal na puberdade e a obsessão cultural por magreza tendem a reforçar a motivação psicológica. Geralmente o regime se inicia na puber- dade, logo após a menarca com eliminação da dieta de doces, lanches e comidas hipercalóricas. Seus esforços persistem mesmo após o emagreci- mento, tornando-se mais intensos. Há aumento da atividade física e a pa- ciente torna-se mais obsecada com seus hábitos dietéticos. Sinais físicos e mentais da inanição começam a ocorrer e quase sempre são ignorados. Ela se torna quieta e reservada, evita compromissos sociais e eventualmente fica agressiva e hostil com a família. O rendimento escolar cai e ela se torna distraída, preocupada, deprimida e apática. Alguns casos evoluem com comportamento bulímico, porém a bulimia pode ocorrer em pessoas de peso normal que nunca tiveram anorexia. Epidemiologia: 10% pré-menarca, > 50% dos casos antes 20 anos e 75% antes dos 25 anos; 8 a 12 vezes mais freqüente no sexo feminino. O quadro clínico se apresenta no início sem outros sinais além da depleção do tecido gorduroso, e os exames laboratoriais são normais. Mais tarde surgem: bradicardia, hipotensão, hipotermia, pele e cabelos ressecados, intolerância ao frio, dor abdominal e plenitude gástrica, cons- tipação, amenorréia, perda da libido e queda de cabelos. Nos pacientes com bulimia e peso normal, os episódios de compulsão alimentar ocor- rem regularmente, várias vezes por semana. Geralmente os episódios ten- dem a durar menos que 2 horas e os alimentos freqüentemente ingeridossão muito calóricos e de fácil ingestão como sorvetes, pão e doces. Após, há indução de vômitos e às vezes uso de laxativos e diuréticos. Sintomas depressivos e suicidas são comuns nos bulímicos, assim como outros distúrbios compulsivos. Os exames laboratoriais só apresentam alterações em estágios avan- çados de doença: distúrbios hidroeletrolíticos, anemia e leucopenia com linfocitose. Tratamento: Pacientes levemente afetados podem responder ao acon- selhamento sobre crescimento na adolescência, nutrição normal e conse- qüências da inanição e do comportamento bulímico. Devem ser encami- nhados a tratamento psiquiátrico e precisam ser acompanhados por um longo período. Casos mais severos que persistem após esforços terapêuti- cos requerem internação hospitalar. Os princípios gerais de tratamento en- CAP˝TULO 7 297 volvem educação sobre as conseqüências fisiológicas e psicológicas da inanição, estímulo à ingestão de uma dieta saudável e controle dos episódi- os bulímicos, assim como suporte emocional para o paciente e familiares. Na anorexia inicialmente se deve encorajar a parada de perda de peso e melhora do estado nutricional, enquanto o baixo peso é mantido por um tempo. Mais tarde se estimula o aumento progressivo de peso com uma dieta normal. Não há necessidade de suplementação dietética ou hiperali- mentação, pois as necessidades metabólicas estão reduzidas. Nos bulími- cos o objetivo inicial é o controle dos episódios de compulsão alimentar encorajando a regularidade nos hábitos alimentares e evitando períodos de jejum. A dieta inicialmente deve ser calculada visando à manutenção do peso e, mais tarde, com a melhor confiança do paciente no controle da doença, pode-se iniciar um programa gradual de perda de peso. Os fatores desencadeantes dos atos compulsivos devem ser identificados e evitados. O acompanhamento deve ser mantido mesmo após estabilização do qua- dro. Os familiares devem ser envolvidos no tratamento com aconselha- mento de suporte ou terapia familiar. Não há evidências de que neurolépti- cos ou antidepressivos melhoram as chances de recuperação, porém antidepressivos podem reduzir a freqüência das compulsões na bulimia. O prognóstico é variável. Estudos de quatro anos de seguimento mos- traram: 50% a 60% mantendo peso normal com metade menstruando re- gularmente; 11% a 20% persistindo com baixo peso, com mortalidade de 5%. Após seis anos de doença, 50% recuperaram-se. Com 12 anos, 75% recuperaram-se e o restante desenvolveu doença crônica, alguns na forma bulímica. A recuperação após 12 anos foi incomum. Depois dos 33 anos a mortalidade ficou em 18%; a maioria por suicídio, distúrbios hidroeletrolí- ticos, complicações infecciosas e cardiopulmonares. BIBLIOGRAFIA 1. Eating Disorders. Matthews JR (editor). Facts on File, Incorporated, 1991. 298 CAP˝TULO 7 Caso 40Caso 40 RELATO DO CASO D.V.O., 55 anos, branco, encaminhado para avaliação de exa- mes de função tireoidiana pelo serviço de Dermatologia do HUCFF. Refere astenia, artralgia nos joelhos, intolerância ao frio. Nega constipação e tremores. Relata vitiligo, tendo sido solicitadas do- sagens hormonais que vieram alteradas, razão do pedido de pare- cer ao serviço de Endocrinologia. O paciente é natural de Minas Gerais. Relata úlcera gástrica e vitiligo, em uso de Oxsoralen®. Pai falecido com tuberculose e mãe com edema pulmonar. Nega doença tireoidiana na família. Tabagista e ex-etilista. Ao exame físico, apresentava palidez cutaneomucosa; pres- são arterial de 90 · 60mmHg (sentada) e 80 · 60mmHg (em pé); bradicardia. Tireóide palpável com predomínio do lobo esquerdo, aumento de volume, consistência firme, sem nódulos, móvel e indolor a palpação. Restante do exame físico não apresentava alterações. EXAMES COMPLEMENTARES (TABELAS 7.1 E 7.2) Eletrocardiograma – bradicardia sinusal. Tabela 7.1 Exames Laboratoriais de Janeiro de 2000 Hematócrito 33,9% Hemoglobina 10,9g/dL VGM 78,83fl HGM 25,34pg Leucócitos 6.900/mm‡ Eosinófilos 8% Plaquetas 131.000/mm‡ TGP 15U/L TGO 27U/L d GT 30U/L Fosf. alcalina 51U/L T4 livre 0,51ng/dL (0,8 a 1,9) TSH 8,92µU/mL (0,4 a 4,0) CAP˝TULO 7 299 CONDUTA Iniciada prednisona 5mg/dia e, após cinco dias, levotiroxina 25µg/dia com aumento progressivo até 175µg/dia. EVOLUÇÃO Com o uso de levotiroxina houve desaparecimento dos sintomas e nor- malização dos exames. Tabela 7.2 Exames Laboratoriais de Março de 2000 Sódio 148mg/dL PotÆssio 4,9mg/dL UrØia 19mg/dL Creatinina 0,7mg/dL CÆlcio 8,8mg/dL Fósforo 3,4mg/dL Colesterol 220mg/dL HDL 33mg/dL Glicose 79mg/dL T4 livre 0,4ng/dL (0,8 a 1,9) TSH 14µU/mL (0,4 a 4,0) Ac anti-Tg < 20U/mL Ac anti-TPO 45,9U/mL (atØ 35) Cortisol 2,1µg/dL (5 a 25) PTH 65,2pg/mL (7,8 a 72,5) Meu diagnóstico 300 CAP˝TULO 7 RESUMO DO CASO Paciente de 55 anos, portador de vitiligo, apresentando quadro de aste- nia, artralgia e intolerância ao frio. Os exames laboratoriais iniciais revelaram hipotireoidismo. Devido à possibilidade de associação do quadro com insu- ficiência adrenal, houve investigação neste sentido que resultou positiva. RELATO DO 2O CASO Paciente feminina, 13 anos, apresentando alopecia e vitiligo desde os sete anos de idade. Aos 10 anos e 6 meses, iniciou quadro de hiper- tireoidismo associado a bócio volumoso sem exoftalmia e marcadores positivos de auto-imunidade, tendo evoluído com miocardite e crise ti- reotóxica (Figs. 7.1 a 7.3). Aos 11 anos e 11 meses, apresentou nova crise tireotóxica com descompensação hemodinâmica apesar de trata- mento regular. Teve o diagnóstico de insuficiência supra-renal pri- mária aos 12 anos e 10 meses, sendo iniciado Decadron®. Fez uso de antitireoidiano por três anos sem remissão clínica ou laboratorial (Tabe- la 7.3). Decidiu-se por tratamento definitivo com iodo radioativo pela presença de disfunção miocárdica grave. História familiar negativa para doença poliglandular auto-imune. Meu diagnóstico CAP˝TULO 7 301 Fig. 7.1 Paciente com vitiligo, alopecia totalis e bócio. Fig. 7.2 Detalhe das lesıes do vitiligo. Fig. 7.3 Lesıes do vitiligo nas mªos. Tabela 7.3 Evoluçªo dos Exames Laboratoriais e do Tratamento do Hipertireoidismo no 2o Caso Data TSH T4 livre Cortisol Tratamento Ago/99 0,006 > 6 PTU 300mg/d e PPL 60mg/d Nov/99 0,01 4,7 PTU 400mg/d e PPL 60mg/d Fev/00 0,04 2,3 Parou medicaçıes. Insuf. cardíaca digoxina e furosemida. Suspenso PPL Mai/00 3,66 0,59 PTU 150mg/d Jun/00 2,67 0,83 PTU 150mg/d e LT4 50mcg/d Ago/00 0,019 2,4 Suspenso LT4. PTU 150mg/d Dez/00 0,014 3,8 PTU 300mg/d Jan/01 0,007 3,8 PTU 500mg/d Fig. 7.4 Lesıes do vitiligo. 302 CAP˝TULO 7 Tabela 7.3 (Cont.) Evoluçªo dos Exames Laboratoriais e do Tratamento do Hipertireoidismo no 2o Caso Data TSH T4 livre Cortisol Tratamento Fev/01 0,021 3,4 PTU 800mg/d Mai/01 0,014 2,3 4,7 PTU 900mg/d. Decadronfi 0,75mg/d Set/01 0,032 5,7 PTU 1.000mg/d Jun/02 0,04 1,02 PTU 1.200mg/d. Dose TerapŒutica. Jul/02 0,012 0,55 Meu diagnóstico CAP˝TULO 7 303 Diagnóstico de Insuficiência Adrenal Primária Cortisol basal < 5µg/dL (evidência forte) com pico de resposta à cor- trosina menor que 20. Para se confirmar o diagnóstico de insuficiência adrenal primária teria que ser dosado o ACTH que estaria aumentado. Tabela 7.4 Componentes da Síndrome Poliglandular Auto-imune Tipo II (PGA II) Endocrinológicos Doença de Addison1,2 Diabete melito tipo 11,2 Hipotireoidismo primÆrio1,2 Doença de Graves1,2 Hipoparatireoidismo Hipogonadismo primÆrio2 Hipofisite Gastroenterológicos Doença celíaca2 Dermatológicos Alopecia Vitiligo Hematológicos Anemia perniciosa Pœrpura trombocitopŒnica Neurológicos Mistenia gravis2 Síndrome do homem rígido Doença de Parkinson Outros DeficiŒnciade IgA Serosite Síndrome de Goodpasture Bloqueio cardíaco idiopÆtico Dermatite herpetiforme 1 Mais comuns. 2 A presença de duas ou mais destas manifestaçıes num indivíduo Ø diagnóstico de PGA II. DISCUSSÃO Síndrome Poliglandular Auto-imune (PGA) A síndrome poliglandular auto-imune ou de Schmidt é caracterizada pela associação de um ou mais distúrbios auto-imunes endócrinos (Ta- bela 7.4). No caso da ocorrência de hipotireoidismo e insuficiência adrenal primária (doença de Addison), o risco de desencadear uma crise adrenal é grande se a reposição de corticóide não for iniciada antes do hormô- nio tireoidiano. 304 CAP˝TULO 7 A herança é poligênica. Existe ligação com HLA DR3 e DR4. A pre- ponderância é do sexo feminino. O pico de incidência é de 20 a 60 anos. Não há associação com candidíase mucocutânea. O hipoparatireoidismo é raro. O diabete melito tipo 1 é comum. O tratamento será o de cada doença componente da síndrome, to- mando sempre o cuidado de iniciar antes a reposição de corticóide. O mais indicado é a hidrocortisona, com menos efeitos colaterais, mas não é dis- ponível no Brasil, e por isto a prednisona é o glicocorticóide mais utilizado. A dexametasona pode levar mais facilmente ao hipercortisolismo em crian- ças, manifestando-se inicialmente com diminuição da velocidade de cresci- mento. Deve ser feita também reposição com mineralocorticóide, uma vez que a insuficiência adrenal é primária. BIBLIOGRAFIA 1. Vilar L et al. Endocrinologia Clínica. 1999. 2. Wilson JD, Foster DW, Jronenberg HM, Larsen PR. Williams Textbook of Endocrinology, WB Saunders, 9th edition, 1998. CAP˝TULO 7 305 Caso 41Caso 41 RELATO DO CASO J.M.L., masculino, 56 anos, branco, agricultor, natural e pro- cedente de Pacatuba-CE. Há cerca de nove anos vinha apresentando feridas em todo o corpo que se iniciavam como placas eritematosas se seguindo de bolhas de diferentes tamanhos, as quais se rompiam espontanea- mente liberando líquido claro, às vezes purulento. Informava que esses ferimentos eram intermitentes, migratórios, sofrendo perío- dos de remissão principalmente quando se alimentava adequada- mente ou ao fazer uso de glicocorticóide. Durante todo esse perío- do já havia sido internado por diversas vezes sem que o diagnóstico fosse estabelecido, inclusive com biópsias que nada revelaram. Numa das internações foi detectada glicemia elevada, controlada apenas com dieta. Nos últimos dois meses começou a apresentar plenitude pós-prandial e perda de peso importante (aproximada- mente dez quilos) que motivou sua internação. Negava diarréia, náuseas, vômitos, dor abdominal, hipertensão, tabagismo, etilis- mo, hemotransfusão, esquistossomose, tuberculose, doenças car- díacas, hepatite, cirurgias, doenças sexualmente transmissíveis, neoplasias ou uso de drogas. Pais e irmãos sadios. Sem história semelhante na família. Ao exame físico, apresentava níveis de pressão arterial de 120 · 80mmHg, pulso de 74 bpm. Queilite angular (Fig. 7.5). Lesões eritematocrostosas de dife- rentes tamanhos por todo o corpo, principalmente em região in- guinal (Figs. 7.6 a 7.8). Abdômen flácido, simétrico, indolor, sem visceromegalias palpáveis. Restante do exame sem alterações. Fig. 7.5 Queilite angular. Fig. 7.6 Lesıes eritematocrostosas em regiªo inguinal. 306 CAP˝TULO 7 EXAMES COMPLEMENTARES (TABELAS 7.5 E 7.6) • Aminoácidos: indetectável (não foi possível mensurar inclusive em apa- relhos ultra-sensíveis do Departamento de Farmacologia da Faculdade de Medicina – UFC. Professor Khrisnamurth). • Ultra-sonografia de abdômen: massa em corpo do pâncreas de apro- ximadamente 9 · 7cm. Fig. 7.7 Lesıes eritematocrostosas em regiªo inguinal. Fig. 7.8 Lesıes eritematocros- tosas em joelho esquerdo. Tabela 7.5 Exames Laboratoriais de Junho/95 HemÆcias 3.450.000 cØl. Hb 10,5g/dL Ht 34% VCM 89 Leucócitos 13.800 cØl./mm3 Proteínas totais 6,6g/dL Albumina 2,5g/dL Globulina 4,1g/dL F. alcalina 59 (13-43) Bilirrubina total 0,35mg/dL Bilirrubina direta 0,08mg/dL Bilirrubina indireta 0,27mg/dL CAP˝TULO 7 307 • Tomografia computadorizada de abdômen: massa em corpo de pâncreas (Figs. 7.9 e 7.10). • Glucagon sérico imediatamente após a ressecção do tumor: 66pg/mL (até 60pg/mL) – radioimunoensaio – Mayo Medical Laboratories. Fig. 7.9 Tomografia computadorizada de abdômen: formaçªo expansiva no corpo do pâncreas de cerca de 10 · 8cm, bocelada, irregular, com plano de clivagem com os vasos mesentØricos. Sem evidŒncia de lesªo hepÆtica. Fig. 7.10 Tomografia computadorizada de abdômen: formaçªo expansiva no cor- po do pâncreas de cerca de 10 · 8cm, bocelada, irregular, com plano de clivagem com os vasos mesentØricos. Tabela 7.6 Teste de Tolerância à Glicose Oral Basal 1 hora 2 horas 3 horas Glicose 136 234 177 156 Meu diagnóstico 308 CAP˝TULO 7 Fig. 7.11 Visªo cirœrgica do pâncreas. Fig. 7.12 Auto-implante de fragmentos do baço no grande omento (dez fragmen- tos pela tØcnica de envelopamento). Fig. 7.13 Peça cirœrgica de corpo de pâncreas e baço. Fig. 7.14 Peça cirœrgica do tumor. EVOLUÇÃO Paciente foi submetido à pancreatectomia corpocaudal mais esplenec- tomia total com auto-implante de fragmentos do baço no grande omento (dez fragmentos pela técnica de envelopamento) (Figs. 7.11 a 7.14). Evo- luiu bem com melhora do controle glicêmico, ganho de peso e desapareci- mento das lesões cutâneas. • Histopatológico: tumor de células alfa do pâncreas (Biopse – Fortaleza-CE). • Imuno-histoquímica: Glucagonoma (testados os antígenos Glucagon e Cromagranina) – Imunotec São Paulo-SP. RESUMO DO CASO Paciente de 56 anos com história de dermatose, hiperglicemia e perda de peso que durante investigação confirmou tratar-se da síndrome do glu- CAP˝TULO 7 309 cagonoma (eritema necrolítico migratório, diabete melito ou intolerância à glicose, queilite angular, anemia, perda de peso) tendo sido submetido à pancreatectomia corpocaudal e esplenectomia com ressecção completa do tumor. Evoluiu bem com regresssão dos sintomas, inclusive do eritema necrolítico migratório. DISCUSSÃO Glucagonoma O glucagonoma é o tumor de células alfa do pâncreas, raro, cuja inci- dência varia de 0,1% a 0,2 caso a cada dez milhões de pessoas por ano. É mais comum em mulheres (78% dos casos) e, apesar de poder ocorrer dos 20 aos 70 anos, verifica-se mais comumente em torno da quinta e sexta décadas de vida. Em 80% das vezes é maligno e no momento do diagnós- tico já apresenta metástases principalmente para fígado, podendo também metastatizar para vértebras, supra-renais e sistema nervoso central (rarís- simo). Em virtude do seu crescimento lento e de sintomas “suportáveis”, na maioria das vezes, apresenta grandes dimensões no momento do diag- nóstico. Em cerca de 98% dos casos é identificado durante a cirurgia, sendo ressecável somente em 35%. Geralmente são sólidos, únicos, intra- pancreáticos localizando-se principalmente em corpo e cauda em 77% dos casos. No entanto, podem ser císticos, múltiplos ou até extrapancreáticos; neste caso localizando-se no duodeno proximal. Quando se localizam na cabeça do pâncreas, podem levar a quadro de obstrução intestinal, o que é extremamente raro. Grande importância deve ser dada à alteração cutânea que os acom- panham, já que ela é a característica clínica mais freqüente, aparecendo em média oito anos antes do diagnóstico e estando presente em 90% dos gluca- gonomas (não são patognomônicas). Esta alteração é chamada eritema ne- crolítico migratório e manifesta-se como placas eritematosas que se se- guem de bolhas que se rompem para formarem crostas, geralmente em regiões intertriginosas, face, tronco, com períodos de remissão principal- mente após alimentação adequada. Também pode acontecer em pacientes com deficiência de zinco, desnutrição,cirrose hepática, uso de glucagon para estados de hipoglicemia e inclusive uso de heroína (um caso descrito). Em 1974, Mallisson e cols. correlacionaram os níveis elevados de gluca- gon em um paciente com glucagonoma com uma síndrome clínica carac- terizada por eritema necrolítico migratório, hiperglicemia, anemia, queilite angular, perda de peso. Desde então o glucagonoma acompanhado destes sinais passou a ser conhecido como tumor de Mallisson. 310 CAP˝TULO 7 Importante enfatizar que tanto o eritema necrolítico migratório como os outros sinais desaparecem quando o tumor é completamente ressecado. Quadro Clínico • Eritema necrolítico migratório (90%) • Deficiência de aminoácidos (100%) • Status diabético • Perda ponderal (90%) • Anemia de doença crônica (normocrômica e normocítica) • Queilite angular • Tromboflebite profunda • Vulvovaginite A associação destes sinais e sintomas com tumor pancreático e hiper- glucagonomia constitui a síndrome do glucagonoma, que deve ser diferen- ciada da síndrome do pseudoglucagonoma, em que não há tumor pancreá- tico de células alfa. Para o diagnóstico, devem ser feitas dosagens de glucagon basal, que geralmente está acima de 1.000pg/mL, dosagem de aminoácidos, e méto- dos de imagem (ultra-sonografia abdominal, tomografia computadorizada de abdômen ou angiografia seletiva). Guilauseau e Colaboradores Sugeriram os Seguintes Critérios para Diagnóstico Obrigatórios: 1. Presença de tumor de células alfa (biópsia ou imuno-histoquímica) 2. Hiperglucagonemia de jejum Pelo menos uma das situações: 1. Diabete ou intolerância à glicose 2. Eritema necrolítico migratório 3. Hipoaminoacidemia, hipoalbuminemia ou anemia. Devemos lembrar que há estados de hiperglucagonemia (glucagon de jejum até 500pg/mL) a citar: cetoacidose diabética, síndrome de Cushing, queimaduras, trauma, cirrose hepática, insuficiência renal, jejum prolongado. O tratamento consiste na ressecção completa da lesão e das metásta- ses possíveis. Em caso de mais de uma metástase hepática deverá ser realizada quimioembolização da artéria hepática com estreptozocina, dacar- bazina e 5-fluorouracil. Também pode ser usado o octreotide para controle CAP˝TULO 7 311 dos sintomas ou interferon alfa; contudo, este ainda não está consagrado na literatura necessitando de mais estudos. O prognóstico é incerto, uma vez que não existem critérios bem defi- nidos para diagnosticar malignidade. A sobrevida está em torno de 30%. O tratamento adjuvante com quimioterapia para pacientes com doença metas- tática tem sido desapontador. BIBLIOGRAFIA 1. Becker SW, Kahn D, Rothman S. Cutaneous manifestations of internal malignant tumors. Arch Dermatol. 45:1069-80, 1942. 2. Geehan DM, Kapcala LP, Saberinial M et al. Intravascular tumor: a previously unreported finding of glucagonoma. http://www.sma.org/smj/97july/ 18.htm 3. Higgins GA, Recant L, Fischman AB. The glucagonoma syndrome: surgically curable diabetes. AM J Surg. 137:142-8, 1979. 4. Huang W, Williams CM, McNeely MC. A persistent periorificial eruption. Necrolytic migratory erythema (NME) (glucagonoma). Arch Dermatol. Jul; 133(7):909-14, 1997. 5. Lightman SL, Bloom SR. Cure of insulin-dependent diabetes mellitus by removal of a glucagonoma. BMJ. 1:367-8, 1974. 6. Mallinson C, Bloom S, Warin A et al. A glucagonoma syndrome. Lancet. 2:1-5, 1974. 7. McGavran MH, Unger RH, Recant L et al. A glucagon-secreting alpha-cell carcinoma of the pancreas. N Engl J Med. 274:1408-13, 1966. 312 CAP˝TULO 7 Caso 42Caso 42 RELATO DO CASO E.P., 72 anos, branco, refere há aproximadamente quatro me- ses início de quadro de dor epigástrica, náuseas e vômitos associa- dos à intolerância alimentar e pirose, com hiporexia e emagreci- mento de 18kg no período. Uma endoscopia digestiva alta (EDA) realizada no início do quadro revelara duodenite erosiva intensa com estômago e esôfago normais. Foi iniciado o tratamento espe- cífico, sem melhora. Solicitado parecer do serviço de Clínica Mé- dica que dentre outros exames solicitou nova EDA, que demons- trou úlcera gástrica (classificação de Sakita: A2) com biópsia compatível com tumor neuroendócrino. Solicitada internação na enfermaria de endocrinologia para investigação. Possui diabete melito, diagnosticado há quatro meses, em uso de glibenclamida. Refere também hipertensão arterial sistêmica, insuficiência cardíaca congestiva e fibrilação atrial prévia (car- diovertida). No momento, em uso de amiodarona, furosemida, ena- lapril e mononitrato. História familiar sem alterações dignas de nota. Nega tabagismo ou etilismo. Ao exame físico, apresentava estado geral algo comprometi- do, bom estado nutricional, desidratado (+/4+). PA: 130 · 80mmHg e FC: 90 bpm. Ritmo cardíaco regular com bulha acessória (B4), com sopro sistólico ++/6+ no foco mitral com irradiação para axila. Ausên- cia de turgência jugular patológica. Abdômen flácido, indolor, fígado a aproximadamente 4cm do rebordo costal direito na linha hemiclavicular direita, com su- perfície irregular e a 5cm do apêndice xifóide, borda romba, he- patimetria 16cm. Baço impalpável, traube timpânico, peristalse fisiológica. EXAMES COMPLEMENTARES (TABELA 7.7) Tabela 7.7 Exames Laboratoriais de Agosto/99 Glicose 140mg/dL Hemograma Normal UrØia 45mg/dL Bil. total 1,7mg/dL Creatinina 1,2mg/dL Bil. direta 1,0mg/dL Sódio 137mEq/L Prot. totais 5,5g/dL PotÆssio 4,3mEq/L Albumina 3,3g/dL CAP˝TULO 7 313 • Urina de 24 horas: Clearance da creatinina – 43mL/min e proteinúria de 2,9g em 24h. • Endoscopia digestiva alta (EDA) (agosto/99): Presença de duas úlce- ras gástricas de 0,3 e 0,5cm. Bulbo duodenal com áreas elevadas es- parsas acometendo todas as paredes (metaplasia?). • Ecocardiograma transtorácico (agosto/99): Hipertrofia de ventrículo esquerdo leve. Insuficiência mitral leve. Alterações degenerativas da válvula aórtica. Função sistólica normal em repouso. EVOLUÇÃO Piora progressiva da hiporexia, passando a apresentar em 6/8/99 náu- seas e vômitos pós-prandiais e diarréia líquida sem sinais inflamatórios, e dor abdominal. Hemorragia digestiva alta em 9 de agosto. EDA com duodenite grave com sangramento ativo e obstrução duodenal por edema. No dia seguinte, apresentou instabilidade hemodinâmica, sendo iniciadas aminas. Apresen- tou associada fibrilação atrial aguda, que não reverteu com amiodarona intravenosa. Ficou caracterizado choque séptico com componente hipovo- lêmico, sendo iniciado antibiótico (cefepime). Intubação orotraqueal no dia 11 para toalete brônquica. Evoluiu para óbito em 12 de agosto às 8:30h. Tabela 7.7 (Cont.) Exames Laboratoriais de Agosto/99 MagnØsio 2,3mg/dL AST 44U/L CÆlcio 8,1mg/dL ALT 41U/L Colesterol 180mg/dL G-GT 263U/L Triglicerídeos 120mg/dL F. alcalina 265U/L aPTT 37,5/30 TAP 13s (100%) Meu diagnóstico 314 CAP˝TULO 7 RESUMO DO CASO Paciente idoso apresentando úlceras gástricas cuja biópsia foi compatí- vel com tumor neuroendócrino. Ao exame físico notamos acometimento hepático que se mostra irregular, sugerindo metástases para este órgão, muito comum neste tipo de tumor. O prognóstico é muito reservado, como ilustrado neste caso. DISCUSSÃO Tumores Carcinóides 1. Patologia e embriologia São derivados de células enterocromafins, como as células de Kul- tchitsky no intestino. Estas células fazem parte do sistema APUD (ami- ne precursor uptake and decarboxilation), de origem do ectoderma neu- ral. Sua localização irá depender da origem: brônquios, estômago, pâncreas (intestino embrionário anterior); duodeno até colón transver- so (médio); e colón descendente e reto (posterior) Possuem semelhanças histológicas com tumores de ilhotas e carcino- ma medular de tireóide. Ocasionalmente há coexistência com outros tumores endócrinos, e tu- mores morfologicamente semelhantes a carcinóides podem produzir gastrina, calcitonina,insulina, VIP, catecolaminas e ACTH. Há secre- ção de serotonina ou 5-hidroxitriptofanto. Pode haver mais de um tumor carcinóide primário no mesmo paciente. Meu diagnóstico CAP˝TULO 7 315 2. Incidência e curso São relativamente comuns: 1 em 150 autópsias e 1 em 300 apendicec- tomias. A idade média do diagnóstico é aos 50 anos. Não há predominância de sexo. O crescimento é lento, com prognóstico geralmente favorável. A inva- são geralmente é regional, para linfonodos, fígado e mais raramente ossos. Os tumores carcinóides que possuem alto potencial de metástase são aque- les localizados fora do reto e no apêndice. 3. Manifestações não-endócrinas • Brônquicos: tosse, dispnéia, hemoptise. • Retais: usualmente assintomáticos em doença não-avançada. • Intestino delgado: dor abdominal, obstrução intermitente e massa abdominal palpável. O diagnóstico precoce pode levar à cura. 4. Manifestações endócrinas – síndrome carcinóide Estas manifestações são comuns em pacientes com tumor no intes- tino delgado (40-50% dos casos). É pouco freqüente em brônquios, raro em apêndice e não ocorre em retais, mesmo avançados. Geralmen- te a síndrome completa se manifesta apenas em pacientes com metásta- ses hepáticas. • Flushing; • Diarréia; • Manifestações pulmonares (asma brônquica); • Manifestações cardíacas (fibrose endocárdica das valvas tricúspide e pulmonar); • Outras: fibrose retroperitoneal e artrite. Outras manifestações endócrinas além da síndrome carcinóide são de- correntes da produção de diversas substâncias pelo tumor, como é o caso da síndrome de Cushing causada pela secreção de ACTH. 5. Variantes da síndrome carcinóide • Tumores gástricos – Produzem 5-hidroxitriptofano e histamina; – Lesões eritematosas em placas com bordas bem definidos; – Flushing após a ingestão alimentar; – Ulceração péptica comum, provavelmente pela liberação de histamina; – Menos comum diarréia e manifestações cardíacas. 316 CAP˝TULO 7 • Brônquicos – Flushing prolongado; – Tremores, broncoespasmo, lacrimejamento, congestão nasal, edema periorbitário e diarréia explosiva. 6. Diagnóstico • Dosagem do 5-HIAA na urina. Cuidado com a interferência com alimentos e drogas. • Teste com epinefrina para diagnóstico diferencial com mastocitose. • Cromogranina A. • Endoscopia digestiva alta, tomografia computadorizada, PET-scan, cintilografia para receptores de somatostatina (octreoScan). 7. Tratamento 1. Redução da massa tumoral. 2. Controle dos sintomas. 3. Suplementação de niacina (pelagra pelo desvio do metabolismo do triptofano). BIBLIOGRAFIA 1. Tartaglia A, Bianchini S, Vezzadini P. Biochemical diagnosis of gastroenteropancreatic endocrine tumors. Minerva Med. Feb; 94(1):1-7, 2003. 2. McStay MK, Caplin ME. Carcinoid tumour. Minerva Med. Oct; 93(5):389-401, 2002. 3. Fernandes LC, Pucca L, Matos D. Diagnosis and treatment for carcinoid tumors in the digestive tract. Rev Assoc Med Bras. Jan-Mar; 48(1):87-92, 2002.
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