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RECICLAGEM DE PET: POTENCIAL PARA APROVEITAMENTO NA FABRICAÇÃO DE NOVOS PRODUTOS Juliana Rosa de Almeida Nunes1 José Dafico Alves2 Osmar Mendes Ferreira3 Universidade Católica de Goiás – Departamento de Engenharia – Engenharia Ambiental Av. Universitária, nº 1440 – Setor Universitário – Fone: (62) 3227-1351 CEP: 74.605-010 – Goiânia – GO. RESUMO A necessidade de procurar meios para a crescente e compulsiva geração do lixo incentiva alternativas para reduzir, reciclar e reutiliza-lo, como por exemplo a reciclagem e a coleta seletiva. Através da coleta seletiva, reduziu-se a quantidade de lixo conduzida aos lixões e aterros, realizando a reciclagem. A reciclagem é uma forma de aproveitamento dos resíduos que a sociedade descarta, produzindo artefatos de boa qualidade. O PET é um tipo de plástico que possui excelentes qualidades para efetuar seu reprocessamento, e este apresenta potencial para seu aproveitamento, resposta disto é a aceitação da sociedade e o crescente mercado de produtos gerados. PALAVRAS-CHAVE: reciclagem, PET, lixo, coleta seletiva, potencial, artefatos. PET RECYCLING PROCESS: POTENTIAL OFFERED TO THE BENEFITS ABSTRACT The need of searching ways to control the growing and compulsive waste generation brings alternatives to reduce, recycle and reuse the waste, such as the recycling process and the selective collection. Through the selective collection, the waste quantity conducted to the embankment and the garbage dump was reduced, favoring the recycling process. The recycling process is a way of reusing materials that the society rejects, producing nice quality goods. PET is a kind of plastic which has great qualities, helping its reprocessing. The potential offered to PET benefits is big, and we can take pattern by the society’s acceptance to the growing market of materials produced from PET’s recycling process. KEY-WORDS: recycling process, PET, waste, selective collection, potential products. Goiânia, 2005/2 1 Acadêmica do curso de Engenharia Ambiental da Universidade Católica de Goiás. (jurosa21@yahoo.com.br) 2 Professor do Departamento de Engenharia da Universidade Católica de Goiás – UCG. Engenheiro Civil. 3 Professor do Departamento de Engenharia da Universidade Católica de Goiás – UCG. Engenheiro Sanitarista. (mendes_osmar@yahoo.com.br) 2 1 INTRODUÇÃO A situação a ser estabelecida trata-se do atual sistema de aproveitamento dos materiais plásticos utilizados, principalmente, no comércio de bebidas, conhecido popularmente como PET (Politereftalato de Etileno), corresponde a um tipo de plástico com grande potencial de reprocessamento devido a suas características peculiares. A falta de uma sistemática de coleta seletiva para os resíduos sólidos domésticos na região metropolitana de Goiânia, é, o primeiro grande empecilho no aproveitamento de materiais com capacidade de serem reciclados e posteriormente reutilizados. O poder de aquisição das mercadorias pelo público e o crescente índice populacional, podem definir a grande demanda de resíduos sólidos gerados pelo município, devido a isto, torna-se imprescindível estabelecer soluções ambientalmente seguras para os problemas desta acelerada produção do lixo. A reciclagem surge como alternativa para o reaproveitamento dos resíduos, quando não é mais possível reduzir nem reutilizar, é uma alternativa viável o encaminhamento destes materiais às recicladoras para a criação de novos e variados produtos. Ao fazer a reciclagem dos plásticos contribui-se para o desenvolvimento de artefatos de boa qualidade e de baixos custos, tornando admissível o seu acesso à população de baixa renda, e também a contribuição para o ambiente é de extrema importância, pois não se polui o meio com este tipo de material de baixa degradabilidade e também não se ocupa o espaço em aterros. Com a realização deste trabalho, objetivou-se mostrar o potencial oferecido pelo PET para reuso, evidenciando um caso em especial de uma Empresa de Reciclagem, abordando assuntos como as dificuldades de sobrevivência no mercado. Analisar o potencial a ser explorado na reutilização do PET, sugerindo métodos para implementar a Coleta Seletiva para posterior reciclagem de PET no município de Goiânia, e propor soluções para superar as dificuldades encontradas pela empresa (Cristal PET Ltda) recicladora de “PET”, foram as metas propostas no desenvolvimento desta pesquisa. Para tanto, a realização do presente estudo justifica-se pela necessidade de avaliar o potencial oferecido pelo PET aproveitado, sendo transformado em novos produtos de qualidade a baixo custo. A evolução do processo industrial é de suma importância, pois através deste serão fabricados novos materiais que anteriormente seriam dispostos em lixões ou aterros, comprometendo o meio ambiente. 3 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Denomina-se lixo os restos das atividades humanas, considerados pelos geradores como inúteis, indesejáveis ou descartáveis. Conforme a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 2004) e a Norma Brasileira Registrada (NBR 10004), apresentam-se em estado sólido, semi-sólido ou semi-líquido, e esta também classifica-os como perigosos (Classe I), não-inertes (Classe II – A), e inertes (Classe II – B). Estes últimos, resíduos sólidos inertes, são caracterizados pela ausência de seus contribuintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor. Segundo o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT, 1998), a necessidade de tratamento do lixo surge devido a fatores como: escassez de áreas para a destinação final do lixo; disputa pelo uso das áreas remanescentes com as populações da periferia; valorização dos componentes do lixo como forma de promover a conservação de recursos e inertização de resíduos sépticos. O Compromisso Empresarial para Reciclagem (CEMPRE) é uma associação sem fins lucrativos que se dedica a promover a reciclagem do lixo dentro do conceito de gerenciamento integrado (1992). Para facilitar a comercialização de recicláveis, há um banco de dados com o nome de sucateiros de todo país, contendo os materiais comprados e vendidos por estas firmas, tais informações podem ser acessadas e as consultas solicitadas por região. A coleta seletiva do lixo é um sistema de recolhimento de materiais recicláveis, tais como papéis, plásticos, vidros, metais e orgânicos, previamente separados na fonte geradora, e posteriormente, estes materiais são vendidos às indústrias recicladoras ou aos sucateiros. No entanto, para que haja a coleta seletiva, deve haver um mercado para os recicláveis e os cidadãos devem estar cientes das vantagens e principalmente à vontade de cooperar (SIEH e KATSING, 1992). Existem muitos empecilhos para a implantação de um sistema de coleta seletiva e de processamento de lixo, dentre eles: o custo da coleta seletiva é alto, a dificuldade de conscientizar cidadãos, carência de empresas interessadas em comprar o material separado, grandes distâncias entre o município do mercado comprador, não poder garantir fornecimento contínuo de matéria-prima de boa qualidade aos compradores (PLÁSTICO, 1999). De acordo com a Federação e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP / CIESP, 2003), para implementar um processo de coleta seletiva e reciclagem há necessidade de conhecer, pelo menos de forma resumida, quais os materiais mais comuns que podem ser reciclados nos centros urbanos, pois estes dados facilitam o seu comércio. 4 Reciclagem é o resultado de uma série de atividades através da qual materiais que se tornariam lixo, ou estão no lixo, são desviados, sendo coletados, separados e processadospara serem usados como matéria-prima na manufatura de bens, feitos anteriormente apenas com matéria-prima virgem (ADLER e AMAZONAS, 1992). A Resolução nº 275 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA, 2001) estabelece o código de cores para os diferentes tipos de resíduos, a ser adotado na identificação de coletores e transportadores, bem como as campanhas informativas para a coleta seletiva. Os programas de coleta seletiva, criados e mantidos no âmbito de órgãos da administração pública federal, estadual ou municipal, direta e indireta, e entidades paraestatais, devem seguir o padrão de cores estabelecidos, tais como azul (papel / papelão), vermelho (plástico), verde: (vidro), amarelo (metal), preto (madeira), laranja (resíduos perigosos), branco (resíduos ambulatoriais e de serviços de saúde), roxo (resíduos radioativos), marrom (resíduos orgânicos) e cinza (resíduo geral não reciclável). A prefeitura pode optar por dois métodos de separação dos materiais para reciclagem, o primeiro consiste na separação do material na fonte, pelo gerador (população) com posterior coleta seletiva a envio das Usinas de Triagem e o segundo é a separação dos materiais após a coleta normal e transporte de lixo nos depósitos de separação do lixo (CEMPRE, 1998). De acordo com Castelnuovo (1992), a reciclagem dos materiais plásticos encontrados no lixo urbano traz vários benefícios ambientais, sociais e econômicos para a sociedade, dentre os quais destacam-se a redução do volume do lixo coletado que é removido para os aterros sanitários; economia de energia e petróleo; geração de empregos; menor preço para o consumidor dos artefatos produzidos com plástico reciclado e melhorias sensíveis no processo de decomposição da matéria orgânica nos aterros sanitários. O PET é fabricado a partir de resinas (polímeros) sintéticas, derivadas do petróleo, e sua composição química apresenta grande resistência a biodegradação. Os plásticos apresentam volume significativo e sua separação traz muitos benefícios, pelo fato de poderem ser reaproveitadas as embalagens (IPT, 2000). Embora representem somente cerca de 4 a 7% em massa, os plásticos ocupam de 15 a 20% do volume do lixo, o que contribui para o aumento dos custos de coleta, transporte e disposição final (HACKENBERGER, 1992). O lixo é depositado em lixões, gerando problemas relacionados ao material plástico proveniente das queimas indevidas e sem controle. Já a disposição feita em aterros dificulta a compactação do plástico, e prejudica a decomposição dos materiais biologicamente 5 degradáveis, pois criam camadas impermeáveis que afetam as trocas de líquidos e gases gerados no processo de biodegradação da matéria orgânica (HOUSE, 1992). Segundo Mano (1991), os plásticos são divididos em duas categorias importantes: termoplásticos e termofixos. Os termofixos são plásticos que uma vez moldados por um dos processos usuais de transformação não sofrem novos ciclos de processamento, pois acabam não fundindo, impedindo sua nova modelagem. Já os termoplásticos são mais utilizados, e estes são materiais que podem ser reprocessados várias vezes pelo mesmo processo de transformação. Dentre a grande variedade de resinas termoplásticas, apenas seis representam cerca de 90% do consumo, e estes podem ser denominados PEBD (polietileno de baixa densidade), PEAD (polietileno de alta densidade), PP (polipropileno), PS (poliestireno), PVC (policloreto de vinila) e PET (politereftalato de etileno) (NAFTA, 1994). Portanto, o PET é o melhor e mais resistente plástico para fabricação de garrafas e embalagens para refrigerantes, águas, sucos, óleos comestíveis, medicamentos, cosméticos, produtos de higiene e limpeza, destilados, isotônicos, cervejas, entre vários outros como embalagens termoformadas, chapas e cabos para escova de dente (ABIPET, 2005). A utilização de PET é crescente na sociedade brasileira, principalmente na indústria de refrigerantes, conforme o Quadro 1 abaixo: Quadro 1: Avanço da reciclagem de PET no Brasil. ANO DEMANDA DE EMBALAGENS (t) RECICLAGEM PÓS – CONSUMO (t) ÍNDICE 1994 80.000 13.000 18,80% 1995 120.000 18.000 25,40% 1996 150.000 22.000 21,00% 1997 185.700 30.000 16,20% 1998 223.600 40.000 17,90% 1999 144.800 50.000 20,42% 2000 255.100 67.000 26,27% 2001 270.000 89.000 32,90% Fonte: ABIPET; PLÁSTICO (2005). Segundo Mader (1992) o reaproveitamento de materiais plásticos pelo seu processamento pode ser feito por dois processos distintos: com e sem a separação de resinas. A separação dos plásticos por tipo de resina consiste na recuperação e na conseqüente 6 reciclagem de plásticos separados por tipo de resina (Ver Anexo 1), já a não-separação de resinas significa o reaproveitamento de misturas de plásticos (Ver Anexo 2). 3.1 O reuso de PET na fabricação de produtos De acordo com a Trama Ecológica (2005), os transformadores utilizam PET reciclado para diversos tipos de produtos, e é possível fabricar desde fibra de poliéster para o fabrico de roupas até novas embalagens para produtos não alimentícios. A Figura 1 ilustra a distribuição dos mercados para o PET reciclado no Brasil: 41% 16% 15% 10% 9% 5% 3%1% Fibra Poliester Não Tecidos Cordas Resina Insaturada Embalagens Cerdas Fitas de Arquear Outros Figura 1: Distribuição dos mercados para PET reciclado. Fonte: ABIPET; TRAMA ECOLÓGICA (2005). No Brasil o pós-consumo é caracterizado pela produção de fibras para a fabricação de cordas multifilamentadas, fios de costura, cerdas de vassouras e escovas, produção de tintas. A fabricação nobre é crescente, pois a utilização desta fibra na confecção de tecidos e malhas em poliéster favorece a indústria têxtil, a qual está testando a fabricação de “jeans” com PET reciclado (CANAL CIÊNCIA, 2005). A partir de resíduos de embalagens diversas são fabricados produtos como telha e cumeeira, produzidas a partir de material 100% reciclado pós-consumo. Sua composição corresponde a 75% plástico (polietileno de baixa densidade), 23% alumínio e 1-2% fibras vegetais (papel acartonado e outras) e outros resíduos em geral (IDHEA, 2005). Recomenda-se sempre que possível utilizar produtos reciclados, e estes existem no mercado na forma de tubos de plástico PET que substituem o PVC, carpetes, mangueiras, 7 condutos de eletricidade, fibras para incorporação ao concreto, placas para divisórias, fibras para cordas, mantas de impermeabilização, entre outros tipos de artefatos plásticos (RECICLOTECA, 2005). O PET é suficientemente resistente para diversas aplicações, e pesquisas em design desenvolveram móveis a partir de garrafas descartáveis, como sofás, poltronas e pufes, e estes geraram renda para cooperativas de catadores de lixo. Um uso alternativo para o PET é a madeira plástica, que é proveniente de plásticos pós-consumo que não contém PVC, substituindo a madeira para decks, estrados, áreas de maresia, mourões de cerca, colunas para quiosques e estruturas leves, móveis para áreas interna e externa, pés de mesa, dentre outras utilidades (IDHEA, 2005). 3 METODOLOGIA A realização deste trabalho teve como base pesquisas bibliográficas e posteriormente as observações adquiridas em visitas de campo, obtendo visualização real da situação. No dia 11 de Agosto de 2005 realizou-se a primeira visita na Empresa Cristal PET Ltda, onde houve uma concepção geral das condições e perspectivas da empresa, a escolha desta foi pelo fato de possuírem apenas duas empresas, no município de Goiânia, que realizam este tipo de trabalho. A empresa visitada foi a Cristal PET Ltda, cuja razão social refere-se ao nome de Joaquim Francisco da Silva I. O Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) desta é 005.654.441 / 0001 – 54, situadana GO 060, Km 11, no município de Trindade – GO. Os proprietários são Cláudio José Ralber e Joaquim Francisco da Silva. Elaborou-se um questionário para a Empresa Cristal PET Ltda, abordando aspectos como: dados importantes da recicladora, mercado, previsão futura, gastos – custos fixos, dificuldades encontradas nos parâmetros econômicos e produtivos, fornecedores de garrafas PET, procedimento de coleta, processo e capacidade produtivos, quantidade do produto processado por mês, destinação final do produto, valores do material antes e após o processamento, potencial oferecido pelo PET reaproveitado, desperdício e perdas, destinação final dos resíduos industriais. Durante a segunda visita a empresa, no dia 21 de Setembro de 2005, o proprietário respondeu às perguntas do questionário elaborado, conforme o Anexo 3. 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES 8 Há aproximadamente três anos a empresa Cristal PET Ltda encontra-se no mercado, hoje funcionando com sete funcionários, sendo que anteriormente empregava doze operários, e tal redução deve-se ao fato da empresa estar processando em menor quantidade, devido à pouca procura do mercado. Os custos fixos da recicladora envolvem funcionários, energia, água, aluguel, combustível, telefone, impostos e encargos. Gastos adicionais destinaram-se à recuperação de maquinário avariado, e instalação da rede trifásica / transformador. As atividades realizadas na empresa correspondem à triagem manual, prensagem, moagem e lavagem. O material provém de depósitos de recolhimento do interior de Trindade e de catadores avulsos, e a busca do material é realizada quando o armazenamento é superior a 400 Kg. Existem vários depósitos que prensam e armazenam as garrafas de PET, sendo poucas as usinas de triagem na região metropolitana de Goiânia. Devido a constantes desequilíbrios na economia desta região, o mercado de compra de reciclados teve prejuízos, reduzindo a fabricação mensal de 22 a 25 toneladas anteriormente, para o processamento atual de 15 a 16 ton/mês, sendo que a capacidade da empresa é o dobro de sua produção atual. O valor pago pelo PET prensado é R$ 0,50 o Kg, correspondendo, em média, a 20 garrafas de PET. Após o processo de usinagem, são ensacados em grandes embalagens denominadas Big-Bag, e vendidos para a Duraplástico, e para outras recicladoras fora do Estado de Goiás, a R$ 1,20 o Kg do produto. O processo de reciclagem é ineficiente, pois ocorre perda de aproximadamente 20% da produção durante as etapas de transformação do pós-consumo. Tampas, rótulos e lacres (anéis) têm aproveitamento comercial, porém não é feito seu processamento na empresa. As perdas também são atribuídas já na compra do material enfardado, pois os depósitos e / ou Centros de Triagem misturam outros tipos de produtos, como metais, madeiras, e outros tipos de plástico, visando agregar peso aos fardos e aumentar o preço de venda, sendo o restante do material encaminhado aos aterros. Um dos problemas do mercado atual estar em baixa é a restrição do PET na cor verde, devido ao fato de tal material não aceitar pigmentação, e a coloração do produto final permite apenas cores escuras, como vermelho, laranja, amarelo e verde. Um dos papéis da recicladora é contribuir para a diminuição de materiais nos lixões e aterros, reduzindo os gastos de transportes pela prefeitura, e aumentando a vida útil dos mesmos. Apesar de tantos benefícios os impostos são elevados e existe uma taxa já quitada anteriormente pelo mesmo produto. Desta forma, afirma-se que para o mesmo 9 produto, o imposto é pago duas vezes, sendo que o segundo pagamento é atribuído por algo que é rejeitado pela população, considerado lixo. De acordo com a Empresa Cristal PET Ltda, os produtos oferecidos por esse material reaproveitado são: canos que substituem o PVC, torneiras, fios para fabricação de tecidos, vassouras para exportação, cartelas de ovos, produtos para fabricação de tintas, sacolas de plástico, brinquedos prensados, embalagens de medicamentos à vácuo, ferramentas, cerdas, vassouras, escovas, entre outros. O potencial oferecido pelo PET reciclado tende a crescer, e são vários os produtos fabricados que se expandem no mercado. Para haver melhor aproveitamento de garrafas é necessário estarem isentas de contaminação com outros tipos de material, melhorando a qualidade do produto final. 5 CONCLUSÃO Planejando as ações de forma racional e integrada pode-se realizar a disposição final do lixo de modo adequado, assegurando a saúde, o bem-estar e a boa qualidade de vida para a geração presente e futura, obtendo melhora significativa na economia, e principalmente a conservação do meio ambiente. A reciclagem é uma atividade econômica que não pode ser analisada como a única alternativa para o lixo gerado pela população, mas esta deve ser vista como um elemento essencial dentro de um conjunto de soluções, visto que nem todos os materiais são tidos como recicláveis, pelo fato de não serem técnica ou financeiramente viáveis. Esta atividade torna-se necessária para diminuir a quantidade de lixo depositada em lixões e aterros; preservar os recursos naturais; economizar energia e matéria-prima; reduzir a poluição dos solos, do ar e das águas; e contribuir para a geração de empregos através de recicladoras e catadores. A educação ambiental é essencial para o sucesso de qualquer programa relacionado com a coleta seletiva do lixo, pois ensina a população sua verdadeira responsabilidade perante o processo de separação deste resíduo, incentivando o uso desta técnica e o consumo de materiais reciclados. A existência de programas de coleta seletiva desenvolvidos pelas prefeituras, empresas, condomínios, bairros, universidades e escolas é imprescindível para despertar na sociedade o interesse para implementar a coleta conforme as necessidades de cada local. As comunidades podem contribuir separando o material reciclado, e acondicionando-o em locais específicos ou em suas residências. Acumulado, o material é encaminhado para as cooperativas e sucateiros, e em caso de grande demanda de material, este poderá ser recolhido por caminhões ou carrinhos de sucateiros, em dias específicos. 10 A Empresa Cristal PET Ltda tenta reduzir o excesso de materiais plásticos, favorecendo o meio ambiente através da reciclagem. No entanto, a falta de conhecimento e de mobilização sociais por tal causa gera grandes quantidades de materiais passíveis de serem desperdiçados, quando estes poderiam ser reciclados, e evitariam, assim, a poluição dos recursos naturais. Medidas preventivas são necessárias para evitar o consumo demasiado de plásticos, os quais agravam o problema de sua destinação final. Todavia, atividades rotineiras, como a devolução e o posterior reuso de garrafas de refrigerantes retornáveis podem minimizar situações de poluição por resíduos sólidos excessiva, principalmente nos grandes centros urbanos. Resíduos de origem plástica possuem características que os destacam dos demais rejeitos sólidos, como o fato de se decomporem lentamente, serem altamente poluentes, e em casos de seu não-reaproveitamento, os danos ao meio ambiente serão incalculáveis. Estes, entretanto, são vantajosos por serem resistentes, úteis e práticos, fatores que tornam necessário sua utilização para o acondicionamento de diversos tipos de produtos, como garrafas de refrigerantes de PET. 6 RECOMENDAÇÕES O sucesso e a sustentabilidade na implantação de um sistema de coleta seletiva e reciclagem dos resíduos domésticos são atribuídos às características peculiares de cada cidade, buscando avaliar um modelo que melhor atenda suas necessidades, e evidenciando fatores ambientais, sociais, econômicos e direcionados à legislação vigente. Para a implementação destesprocessos na região metropolitana de Goiânia, é importante conhecer a situação atual, através de estudos dos diversos tipos de resíduos sólidos gerados pela população, locais e dias em que estes são gerados mais intensamente, quantidade, destinação final e custos para os serviços de coleta e reciclagem; planejamento com a finalidade de verificar requisitos legais, normativos e parcerias, pesquisar o mercado, avaliar quantidade e freqüência da fonte geradora. Outras sugestões caracterizam o processo de implementação, objetivando definir metodologias, metas e prazos do projeto, avaliando os custos desta; o monitoramento consiste na elaboração de documentos para controlar a coleta e os relatórios de acompanhamento; e finalmente os resultados, que visam definir estratégias para a conscientização da população, divulgar os resultados obtidos por comparação. 11 Para os municípios que não dispõem da coleta seletiva, a população local deve ser conscientizada para haver a separação do material reciclável, entregando-o a pontos de coleta ou aguardando a data fixada, caso ocorra coleta domiciliar, e a instalação de Postos de Entrega Voluntária (PEV) em locais onde haja o maior fluxo de pessoas. Determinados aspectos são importantes para a reciclagem, tais como: implementar a coleta seletiva e a reciclagem, considerando a atuação constante da política local e da mobilização da sociedade; separar o material para posterior reciclagem, onde os símbolos padronizados adotados pelos fabricantes facilitam a identificação das embalagens; e o preço de venda e a qualidade do produto final podem reduzir, devido à presença de impurezas (gorduras, restos orgânicos, alças metálicas, grampos, etiquetas), danificando o maquinário. A realização desta pesquisa possibilitou descrever determinadas dificuldades coerentes à Empresa Cristal PET Ltda perante o mercado, como o baixo valor de mercado para as garrafas PET de cor verde, devido à melhor comercialização do plástico branco, e este também não pode ter sua pigmentação alterada. Sugere-se, portanto, a modificação do material em seu processo de fabricação, apelando para o valor ambiental (reciclagem), a preferência por produzir produtos de cor transparente, e providenciar campanhas de conscientização a favor da aceitação deste produto. O Projeto de Incentivo instituindo o ICMS Ecológico do Estado de Goiás aos municípios que investirem no Meio Ambiente, é um moderno instrumento de compensação ambiental que foi aprovado pelo Governador Marconi Perillo no dia 08 de novembro de 2005, caracterizando um possível benefício perante as indústrias de reciclagem; por fim, o incentivo financeiro por diminuir os gastos das prefeituras em coleta e aumentar a vida útil dos aterros. AGRADECIMENTOS A autora agradece aos orientadores José Dafico Alves e Osmar Mendes Ferreira, à Cristal PET Ltda, e também aos amigos, pela colaboração, apoio e prestígio a este trabalho. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADLER, R. R., AMAZONAS, M. O lixo pode ser um tesouro: texto técnico científico. 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