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APOSTILA DPC IV CLEIDILENE

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Fundação Presidente Antônio Carlos de Teófilo Otoni
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Fundação Presidente Antônio Carlos
Faculdade Presidente Antônio Carlos de Teófilo Otoni
MATERIAL DE APOIO – 7º PERÍODO
DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV
PROFESSORA: CLEDILENE FREIRE SOUZA
TEÓFILO OTONI
2018
ORIENTAÇÕES GERAIS PARA AS AULAS DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV
 Metodologia das aulas
As aulas serão ora teóricas, ora práticas, sendo que o aluno deverá ter em mãos o CPC em todas as aulas.
2. Avaliações
A nota do Semestre será distribuída da seguinte maneira:
14/03 - 10,00 – Prova Multidisciplinar
05/04 - 10,00 – Portal Unissys
26/04 - 20,00 – Prova Bimestral 
MATÉRIA DA PROVA BIMESTRAL 
Jurisdição Contenciosa:
Consignação em pagamento
Ação de exigência de contas
Ações possessórias
Divisão e demarcação de terras
Embargos de terceiros
Oposição
Habilitação
Ações de Família
Ação Monitória
Restauração de autos
(Abril) – 20,00 - Trabalho 
(Junho) - 40,00 – Prova Final 
3. Contato 
E-mail: trabalho-unipac@outlook.com
Material elaborado pela Prof.ª Cleidilene Freire Souza
4. Bibliografia 
NERY JUNIOR, Nelson; NERY, Rosa Maria de Andrade. Código de processo civil comentado e legislação extravagante. 9. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006.
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de direito processual Civil. Vol. II. 41. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2007.
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de direito processual Civil. Vol. III. 38. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2007.
Daniel	 Assumpção	 (Vol.	 Únic);
Luiz	 Guilherme	 Marinoni e	Sério	Cruz	Arenhart, 	Vol.	III.
A autora autoriza a utilização estritamente em sala de aula, como material de apoio.
Proibida qualquer forma de divulgação, inclusive via e-mail ou digitalização, sob pena de responsabilização criminal.
TEORIA GERAL DOS PROCEDIMENTOS ESPECIAIS – 
ARTS. 539 A 770 DO CPC (231 ARTIGOS)
1 – Processo e procedimento
Conceito: De acordo com a teoria dominante no Brasil, o processo é o instrumento pelo qual o Estado exerce a jurisdição; o autor, o direito de ação; e o réu, o direito de defesa. 
No sistema brasileiro, na esteira de quase todos os países do mundo, só existem 3 formas de tutela processual, que tradicionalmente eram divididas em “processos”: 
§ Processo de conhecimento de essência eminentemente declarativa; 
§ Processo de execução de índole/finalidade eminentemente satisfativa; 
§ Processo cautelar que serve para garantir a efetividade/eficácia do processo de conhecimento ou execução. 
Conceito de procedimento: por sua vez, é a forma como os atos processuais se combinam no tempo e no espaço. 
No processo de conhecimento, os procedimentos podem ser: 
§ Comum: Art. 318 e seguintes, NCPC, Título I; 
§ Especiais: Art. 539 e seguintes, NCPC, Título III. 
A tutela executiva também pode ser assim dividida nos seguintes procedimentos: 
§ Comuns: Por quantia; se fazer e não fazer; de entrega. 
§ Especiais: Execução contra a Fazenda Pública; alimentos; execução fiscal etc. 
1.1. Aplicação das regras do procedimento comum
Aplicam-se subsidiariamente aos procedimentos especiais as regras do procedimento comum ordinário. 
Art. 318, parágrafo único do CPC. 
Princípio da adequação procedimental 
Esse princípio compõe a teoria geral do processo, informando que o legislador é obrigado a, fugindo da ordinariedade, criar procedimentos próprios e específicos para tutelar adequadamente a diversidade das pretensões, adequando os ritos (o instrumental) às particularidades da causa. 
Os procedimentos especiais, ao menos em tese, são construídos à luz do princípio da adequação. 
§ Em vista da importância do bem tutelado o legislador criou, p. ex., o procedimento de alimentos e o procedimento especial para a defesa da posse;
§ Para tutelar o interesse público foi criado, v.g., o procedimento da desapropriação; 
§ Em razão do valor da causa, foi criado o procedimento dos juizados especiais; 
§ Em razão da absoluta incompatibilidade lógica com o procedimento ordinário, foi criado o procedimento especial do inventário, bem como a ação de demarcação e divisão de terras. 
A jurisprudência (assim como a doutrina – GALENO LACERDA) tem definido que o processo deve ser adequado de acordo com três critérios de adequação: 
i. Adequação Objetiva: O processo tem que ser adequado ao DIREITO MATERIAL (seu objeto), às necessidades do direito material que será por ele tutelado, pois diferentes tipos de direitos materiais exigem tratamento diferenciado. Ex.: Ações possessórias. 
ii. Adequação Subjetiva : o processo tem que ser adequado aos SUJEITOS que vão participar dele. Não se pode conferir tratamentos iguais a idosos e não idosos, incapazes e capazes, particulares e poder público. Ex.: intervenção obrigatória do MP; diferenciação de regras de competência; prazos especiais. Ex.: interdição 
iii. Adequação Teleológica : O processo tem que ser adequado às suas FINALIDADES, aos seus propósitos. Obs.1: Quem dever realizar a adequação do processo? i. Primeiramente, cabe ao LEGISLADOR proceder à adequação legislativa do processo, criando normas processuais que observem as regras de adequação. 
Procedimentos especiais fungíveis e infungíveis do processo de conhecimento.
Pergunta-se: é possível renunciar o procedimento especial, para que a ação seja processada de acordo com o procedimento ordinário? 
Regra geral, SIM.
 
De acordo com o regime doutrinário vigente, entende-se que a grande maioria dos procedimentos do CPC é fungível. Consequentemente, não há mais espaço, no neoprocessualismo, para antiga afirmação de que o procedimento foi criado a bem do interesse público e que, por isso, a parte não poderia escolher o procedimento. Excepcionalmente, não será possível renunciar ao procedimento especial, caso em que será obrigatório. 
Isso ocorre quando o procedimento especial é infungível, mais especificamente nas hipóteses em que há incompatibilidade lógica com o procedimento ordinário. Exemplo: inventário.
1.4 – Jurisdição contenciosa e jurisdição voluntária
Jurisdição contenciosa – Tem um conflito a resolver (comporta contraditório)
Jurisdição voluntária – Teoricamente não há conflito (ex.: ação de interdição)
1.5 - Correção do procedimento de oficio – Como as normas relativas ao procedimento são de ordem pública, pode o juiz determinar a correção de um procedimento adotado equivocadamente pelo autor de oficio, ou seja, sem a necessidade do requerimento de parte alguma.
1.6 – Mapa dos procedimentos especiais no atual e novo CPC:
Jurisdição Contenciosa:
Consignação em pagamento
Ação de exigência de contas
Ações possessórias
Divisão e demarcação de terras
Dissolução parcial de sociedade (novo)
Inventário e partilha
Embargos de terceiros
Oposição (novo)
Habilitação
Ações de Família (novo)
Ação Monitória
Homologação de Penhor Legal (novo)
Regulação de Avaria Grossa (novo)
Restauração de autos
Jurisdição Voluntária:
Notificação e Interpelação (novo)
Alienação Judicial
Divórcio e Separação Judicial
Testamentos e Codicilos
Herança Jacente
Bens de Ausentes
Coisas Vagas
Interdição
Tutela e Curatela
Organização e fiscalização de fundações
Ratificação dos procedimentos marítimos (novo)
Saem: Especialização de Hipoteca Legal
AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO
Regramento legal: (arts. 539 a 549 do NCPC e 334 a 345 do CC)
Objetivo da Ação de Consignação em Pagamento tem por escopo livrar o devedor da dívida porque houve uma recusa do credor em receber. 
Introdução
A lei não só obriga o devedor ao pagamento, como também assegura a ele e a qualquer interessado o direito de pagar, caso o credor se recusar arecebê-lo (mora accipiendi). 
A esta forma especial ou indireta de pagamento, a lei (art. 304, CC) denominou de consignação, consistente no depósito judicial ou em estabelecimento bancário da quantia ou coisa devida (portanto, o objeto será apenas obrigações de dar).
1.2 Cabimento 
O art. 539 do NCPC admite a consignação em pagamento “nos casos previstos em lei”, que são os previstos no art. 335, CC, ou seja, na lei civil estão elencadas as situações que podem impedir o devedor de solver a obrigação pelos meios normais.
1.3 Modalidades: extrajudicial ou judicial.
A consignação extrajudicial ocorre quando a prestação for quantia em dinheiro e, no lugar do pagamento, existir estabelecimento bancário, oficial ou particular.
Trata-se, na verdade, de instrumento de direito material, pois visa evitar a demanda judicial. 
Consiste em depósito bancário, com AR ao credor, o qual, em 10 dias, poderá comparecer à agência bancária e levantar o depósito; ou permanecer inerte, quando então presumir-se-á a sua aceitação, liberando o devedor; ou manifestar por escrito ao estabelecimento bancário a recusa ao recebimento, quando então terá o devedor o prazo de 1 mês para ajuizar a ação consignatória (instruindo a inicial com a cópia do depósito e da recusa). Não ajuizada a ação no prazo, considera-se sem efeito o depósito, podendo o devedor levantá-lo, e, se quiser, oportunamente ajuizar a referida ação.
Já consignação judicial tem lugar quando a prestação for coisa, ou quando não for possível a via extrajudicial.
1.4 Procedimento:
- petição inicial:
=> competência (territorial/relativa): segundo o art. 540 do NCPC, a petição inicial deverá ser dirigida ao juízo do lugar do pagamento (domicílio do autor/devedor – se a dívida for quesível, ou se o domicílio do credor for desconhecido; domicílio do réu/credor – se a dívida for portável); da situação da coisa (art. 341 do CC); ou do foro eleito. Consignação de aluguéis será ajuizada no lugar do foro contratual ou, na sua falta, no da situação do imóvel (art. 58, II, Lei n. 8.245/91). 
=> pedido: de depósito da quantia ou coisa devida e da citação do réu para levantar o depósito ou oferecer contestação (art. 542, NCPC). Se tratar de prestações periódicas, o devedor pode se utilizar de um só processo para promover o depósito das diversas prestações em que se divide a obrigação (art. 541, NCPC). 
=> valor da causa: será o valor da prestação devida, acrescido dos juros e demais encargos, ou o valor correspondente à coisa. Se tratarem de prestações periódicas, o valor da causa corresponderá à soma das prestações até o máximo de uma anuidade (súm. 449, STF).
- despacho da inicial: ao analisar a inicial, o juiz defere o depósito, que deve ser efetuado no prazo de 5 dias (art. 893, I), sob pena de extinção do processo sem resolução do mérito (art. 542, parágrafo único do NCPC), pois o depósito consiste em pressuposto processual específico do procedimento consignatório. 
- após o depósito: o juiz determina a citação do réu, que pode:
levantar o depósito: acarreta a extinção do processo com resolução do mérito; OU
oferecer resposta no prazo de 15 dias: caso não aceite o depósito. A resposta poderá ser nas modalidades da contestação, reconvenção ou exceção. Se for contestação, nos termos do art. 544 do NCPC o réu poderá alegar, além das preliminares:
- inocorrência de recusa;
- recusa justa;
- não realização do deposito no prazo ou no lugar do pagamento;
- não integralidade do depósito (deverá indicar o montante devido). Lembrando que, neste ultimo caso, a consignação ganhará feição de ação dúplice, ou seja, rejeitado o pedido do autor, o juiz o condenará a satisfazer o montante devido (art. 545).
 permanecer inerte: quando então será decretada a sua revelia e haverá o julgamento antecipado da lide.
- oferecida contestação, o ação segue o procedimento ordinário, com instrução, se necessário, culminando na sentença, que, se julgar o pedido procedente, declarará extinta a obrigação e condenará o réu ao pagamento de custas e honorários advocatícios (art. 546, NCPC). O juiz fará o mesmo se o credor receber e der quitação (parágrafo único do art. 546).
1.5 Consignação de coisa indeterminada ou incerta (art. 543): se a coisa for indeterminada ou incerta, e a escolha couber ao réu (credor), este será, antes, citado para exercer o direito de escolha, no prazo de 5 dias (salvo outro prazo na lei ou no contrato), e comparecer para receber a prestação. Caso o credor não faça a escolha no prazo legal, a faculdade é devolvida ao devedor, que deve proceder ao depósito da coisa.
1.6 Ação consignatória como ação dúplice (art. 545, NCPC):
Como visto, a ação consignatória pode se revelar como uma ação dúplice na medida em que o réu, independentemente de reconvenção, poderá alegar na contestação a insuficiência do depósito, ocasião em que o autor poderá complementá-lo em 10 dias, salvo se o inadimplemento der causa à rescisão contratual.
Assim, o réu pode levantar desde logo a quantia ou coisa depositada, o que acarreta liberação parcial do autor, prosseguindo o processo quanto à parcela controvertida (§1º).	
Se a sentença concluir que o depósito foi insuficiente, ela determina, sempre que possível, o montante devido, podendo o réu executar o autor nos mesmos autos (a sentença valerá como título executivo e poderá desde já ser cumprida) - §2º.
Caso o contrário, não sendo possível, na sentença, fixar o montante devido, deverá antes ser apurado em liquidação de sentença (§2º).
1.7 Consignação quando há dúvida a quem se deve pagar:
Nos termos do art. 547 do NCPC, se houver dúvida sobre quem deva legitimamente receber o pagamento, o autor requererá o depósito e a citação dos possíveis titulares do crédito para provarem o seu direito.
Neste caso, diz o art. 548:
I - se, citados, ninguém comparece: opera-se a revelia deles, o juiz libera o devedor julgando antecipadamente a lide, e o depósito converte-se em coisas vagas, ou seja, é arrecadado como bem de ausente, perdurando indefinidamente, até que um interessado provoque o seu levantamento; 
II - se comparece apenas um deles: o juiz decidirá de plano, julgando extinta a obrigação, e o credor, demonstrando o seu direito à prestação, levantará o depósito a seu favor. 
III - se comparece mais de um pretendente: do mesmo modo o juiz declara efetuado o depósito e extinta a obrigação, continuando, porém, o processo a correr unicamente entre os presuntivos credores, pelo procedimento comum, para se apurar quem é o verdadeiro titular do crédito. 
1.8 Consignação incidental:
- ocorre quando outros pedidos são cumulados ao pedido consignatório (ex.: revisional);
- é cabível, desde que se observe o procedimento comum (requisitos do art. 327);
- atenção ao art. 328, §3º, NCPC, antigo art. 285-B, CPC/73.
AÇÃO DE EXIGIR CONTAS
1 - ASPECTOS GERAIS
1.1 - Regramento legal: Artigo 550 a 553 do CPC
Possuía previsão no CPC/73 estava disciplinado no art. 914/919.
Obs. No CPC73 o nome de tal ação era de Prestação de Contas, e tinha este nome pelo fato que era possível tanto prestar contas como exigir contas.
Com a mudança feita pelo NCPC, agora há esse procedimento especial somente para exigir contas, sendo que a prestação de contas será feita pelo rito comum. (ORDINÁRIO)
O pressuposto aqui é que haja a administração de bens, valores, gestão ou interesses de alguém por outra pessoa. Nessa situação, aquele que administra o que não é seu tem o dever de prestar contas.
Esta ação poderá ter duas fases:
! A) Verificação do direito à exigência das contas, e em caso positivo;
! B) Apurar o saldo devedor, e efetuar a sua respectiva cobrança.
1.2 Natureza
A ação de prestação de contas é uma ação dúplice. 
Entende-se por ação dúplice, no sentido material, aquela em que ambas as partes podem ser condenadas e o autor, inclusive, sem pedidodo réu, isto é, sem reconvenção.
Cuida-se, portanto, de uma ação que também tem natureza condenatória, condenando o devedor ao pagamento do saldo. 
A petição inicial conta com dois pedidos:
a) Pedido de condenação à prestação de OBRIGAÇÃO DE FAZER è Prestar contas;
b) Pedido de condenação à prestação de obrigação de PAGAR o Saldo residual (o
pedido aqui é genérico, pois ainda não se sabe o valor);
Obs.: por ser dúplice a ação, pode ser que o próprio autor seja condenado ao pagamento do saldo residual. 
1.3 Legitimidade ativa
Art. 550 do CPC.
Obs.1: em alguns casos, como o do tutor e do curador, a lei exige a prestação de contas em juízo, situação em que o interesse de agir é presumido.
Obs.2: para o STJ, os sócios que não administram a sociedade possuem legitimidade para propor a ação contra o sócio gerente (AgRg no Ag 731.687/RS, 2011). 
Legitimidade passiva
O dever de prestar contas surge toda vez que alguém responde pela administração de bens ou direitos alheios. Esse dever pode ter duas origens:
Legal: É o dever que surge da lei. 
Exemplos:
A) Sucessor provisório de ausente que não seja descendente, ascendente ou cônjuge. (art. 33 caput do CC)
B) Mandatário (art. 668 do CC)
C) Síndico de condomínio (art. 1348 do CC)
ii. Contratual: É possível que o dever de prestar contas surja de um pacto, de uma convenção. 
D) contrato de depósito (art. 627, CC). – Sumula 179, STJ 
1.5 Competência
REGRA. Nos termos do art. 53, IV, “b”, do NCPC, o foro competente é o do lugar do ato ou fato para a ação em que for réu o administrador ou gestor de negócios alheios. 
A competência territorial é relativa, podendo ser prorrogada ou objeto de foro de eleição.
EXCEÇÃO. Nos termos do art. 553 do NCPC, a competência será absoluta/funcional do juízo que tiver nomeado o administrador, nos casos das contas do inventariante, do tutor, do curador, do depositário e de qualquer outro administrador nomeado judicialmente. 
Essas contas serão prestadas em apenso aos autos do processo onde foi nomeado:
Obs.: para o STJ, a ação de exigir contas movida pelo cliente contra advogado é da
competência da Justiça Estadual (STJ CC 75.617/SP, DJ 2007).
OBS: artigo 114 da CF/88
Procedimento
O procedimento segue a seguinte sequência:
Petição inicial: requisitos dos artigos 319/321 do CPC . 550, §1 do CPC.
O pedido será que o juiz acate a exigência de prestação de contas pelo réu e num segundo momento de determinar o pagamento.
O autor apresenta a petição inicial (artigo 550 do CPC) e o réu é citado para responder no prazo de 15 dias;
Abrem-se então duas fases:
PRIMEIRA FASE 
Serve para discutir o dever de prestar contas. 
O réu pode prestar as contas e não contestar (art. 551) 
Após a citação o réu pode:
A) Reconhecer que deve prestar contas e apresenta-las
Cuida-se de reconhecimento jurídico do pedido. 
Prestadas as contas, passa-se diretamente à 2ª fase, sem a necessidade de que a 1ª fase seja extinta por decisão condenatória da obrigação de prestar contas. 
O autor é intimado para se manifestar em 15 dias.
B) Contestar e apresentar as contas 
Essa contestação não diz respeito ao dever de prestar contas, mas ao seu conteúdo. A discussão fica em torno da abrangência das contas (ex.: o administrado exige contas de período superior ao que o administrador estava na efetiva administração do bem). 
Passa-se à segunda fase.
C) Contestar, indicando inexistência de obrigação por não ter relação com a parte autora ou por já ter prestado as contas, o juiz determinará a produção de provas e proferirá a sentença.
D) Não prestar as contas e não contestar. De acordo com o art. 550, parág. 4º do NCPC nesse caso poderá já ser julgado antecipadamente o pedido.
AO FINAL DESSA FASE O JUIZ PROFERE UMA SENTENÇA
Enunciado 177 do Fórum Permanente de Processualistas Civis: A decisão interlocutória que julga procedente o pedido para condenar o réu a prestar contas, por ser de mérito, é recorrível por agravo de instrumento. 
SEGUNDA FASE: Tem por objetivo apurar as contas prestadas, somente ocorrendo se, na primeira fase, o pedido for julgado procedente.
• Se o réu apresentar as contas em 15 dias (art. 550, § 2º) = Abre-se prazo de 15 dias para o autor impugná-las e, posteriormente, o juiz decide (sentença 2). 
Pode haver produção de prova pericial aqui;
• Decisão que obriga apresentar contas = O autor terá 15 dias para apresentar as contas. Em tal caso, o réu não poderá impugnar as contas apresentadas pelo autor.
CUIDADO: Ainda que o réu não possa impugnar as contas apresentadas pelo autor, o juiz não está adstrito às contas apresentadas por este, podendo determinar perícia contábil de ofício, em razão do previsto (STJ, AgR no Ag 718.903/RS).
Ao final, o juiz profere sentença (2), verificando se as contas estão boas ou más. 
Poderá o juiz declarar: saldo devedor; saldo credor; ou quitação da dívida. 
Essa sentença constituirá titulo executivo para executar o devedor (autor ou réu).
Dessa sentença, cabe apelação (2), havendo sucumbência (2). 
Vale ressaltar que a sucumbência depende da conduta das partes, devendo ser analisada a sua resistência.
AÇÕES POSSESSÓRIAS OU INTERDITOS POSSESSÓRIOS
1. Distinções iniciais
I. Institutos
Inicialmente, convém diferenciar 3 institutos, que estão diretamente ligados ao estudo dos direitos reais: propriedade, posse e detenção.
a) Propriedade: O conceito de propriedade tem previsão no art. 1.228 do CC: cuida-se de um direito (titulo). Da propriedade extraem-se as faculdades de usar, gozar, dispor e reivindicar a coisa.
Obs: direito absoluto no sentido de poder usar, gozar e dispor da coisa da maneira que lhe aprouver, com algumas exceções; exclusivo, pois não pode pertencer a mais de uma pessoa ao mesmo tempo; direito elástico pois pode se contrair ou dilatar (arrendamento de fazenda); fundamental.
b) Posse: O art. 1.116 do CC cuida da posse. Diferentemente da propriedade, que e um direito, a doutrina especializada vê (com varias criticas) a posse como um fato: é o exercício, de fato, pleno ou não, de alguns dos poderes inerentes à propriedade.
Enquanto a posse é poder de fato sobre uma coisa, a propriedade é poder de direito.
Na tentativa de explicar a posse, existem duas principais teorias:
i. Subjetiva (Savigny): Divide a posse em dois elementos: corpus (poder de fato sobre a coisa) e animus (vontade de se comportar como se dono fosse).
ii. Objetiva (Ihering): Coloca como único elemento revelador da posse o corpus. Para Ihering, o que determina a posse e a visibilidade do domínio, advinda da destinação econômica da coisa.
Gracas a esta teoria, o locatário e possuidor.
c) Detenção: O conceito de detenção esta no art. 1.198 do CC: cuida-se daquele que exerce a posse em nome alheio. Ex.: caseiro, empregada domestica, depositário.
Com a teoria subjetiva, Savigny tentava provar que detentor não e possuidor, por faltar-lhe o animus. Rebatendo essa ideia, dizia Ihering, com a teoria objetiva, que o que define o que e posse e o que e detencao e a lei (elemento externo a situacao de fato).
II. Defesas
a) Defesas da propriedade: O exercício do direito de defesa, na propriedade, e feito por aquilo que chamamos de ius possiendi, que significa direito de possuir, cujo fundamento é o domínio. Toda vez que uma ação tiver fundamento (causa de pedir) no domínio, esta ação será petitória.
Atente: o que diferencia uma ação petitória não e o pedido (este pode ser qualquer um, inclusive a posse). A definição da ação petitória leva em consideração a causa de pedir, que é sempre a propriedade. Vejamos uma lista:
i. Ação ex empto : Tem por objeto o pedido da parte faltante da coisa, na venda ad mensuram. Essa parte faltante foi comprada (propriedade), mas nao passada;
ii.Ação confessória: Objetiva o reconhecimento de uma servidão, sendo proposta pelo proprietário do prédio dominante;
iii. Ação demarcatória: E utilizada pelo proprietário, que objetiva aviventar marcas, confrontações;
iv. Ação demolitória: Tem por objetivo destruir algo que viola o direito de vizinhança ou posturas municipais;
v. Ação de imissão de posse: E a ação do proprietário que nunca teve a posse, a fim de obtê-la. 
vi. Ação reivindicatória: E a ação do proprietário (que tinha a posse e perdeu), para o reconhecimento da propriedade e restituição da coisa;
vii. Ação publiciana: E a ação de usucapião de quem já não tem mais a posse e pretende recupera-la. Tem fundamento a propriedade adquirida por usucapião, mas não declarada em sentença;
viii. Usucapião: A causa de pedir da usucapião e o preenchimento dos requisitos legais que consolidam a propriedade.
b) Defesas da posse: A defesa da posse pode ser feita de duas maneiras distintas:
i. Autotutela: Tem previsão no art. 1.210, §1o do CC, consistente no desforço
incontinenti/imediato. 
Dois são os seus requisitos: a) ato imediato; b) força moderada.
Muita atencao: essa faculdade pode ser utilizada, inclusive, contra o proprietário.
ii. Ações possessórias ou interditos possessórios: São as ações que tutelam o ius possessionis, que significa o direito de preservar a situação fática, com a retomada dos poderes de fato sobre a coisa. Nestas ações, tanto o pedido quanto a causa de pedir são a posse. No Brasil, só existem três ações possessórias: 
a) reintegração de posse; b) manutenção de posse e; c) interdito proibitório.
Ações petitórias Ações possessórias
Fundadas no ius possiendi Fundada no ius possessionis
Causa de pedir = propriedade Causa de pedir e pedido = posse.
c) Defesas da detenção: De acordo com a doutrina dominante (isso e controvertido), o detentor só pode se utilizar da autotutela do art. 1.210, §1º do CC.
2 Ações possessórias de rito especial (arts. 554 e seguintes)
As ações possessórias buscam tutelar o possuidor contra fato que ofenda sua posse.
2.1 Quadro geral
Esbulho = REINTEGRAÇÃO 
Toda vez que houver esbulho (privação), a medida a ser eleita será a reintegração
de posse.
Turbação = MANUTENÇÃO 
Toda vez que houver turbação (incomodo), a medida a ser eleita será a manutenção de posse.
Para alguns, a turbação e um esbulho parcial. Ha um prejuízo ao exercício da posse (criam-se dificuldades concretas para o exercicio pleno da posse).
Ameaça = INTERDITO 
Finalmente, toda vez que houver ameaça (fato ainda nao consumado), a medida
sera o interdito proibitório, que integra o rol das ações preventivas (ou inibitórias).
MAtei um TUbarão e REtirei a ESpinha INTEira com A Mão
2.2 Fungibilidade entre as ações possessórias (art. 554 do CPC)
Nas ações possessórias, como a mudança da situação fática e repentina, o CPC permite que o juiz conceda uma medida no lugar da outra, havendo fungibilidade. Por conta disso, perde relevo a discussão sobre se a turbação e um esbulho parcial.
A fungibilidade tem 3 fundamentos:
§ Independentemente da ação formulada, sua função é sempre a mesma, qual seja, a proteção possessória.
§ Ha fácil modificação fática, que pode transformar a ameaça em turbação, turbação em esbulho etc.
§ Dificuldade na definição dos conceitos.
Muita atenção: de acordo com a doutrina dominante, só existe fungibilidade entre possessórias. Se o individuo ajuíza, erradamente, uma ação petitória, quando seria cabível a possessória, não ha fungibilidade.
2.3. As ações possessórias são exemplos de ação dúplice?
Muitos doutrinadores disseminam a lição de que as ações possessórias são dúplices, a luz do antigo art. 922 do CPC-73, hoje art. 556. Esse entendimento deve ser defendido em provas objetivas.
Em realidade, o art. 556 cria um pedido contraposto (que o réu pode fazer na própria contestação) visando a sua proteção possessória e, ainda, eventual indenização por perdas e danos. Mas ATENCAO: e necessário que o réu formule esse pedido para que tenha proteção jurisdicional.
ARAKEN DE ASSIS, OVÍDIO BATISTA E DANIEL ASSUMPÇÃO, contudo, entendem que a ação possessoria nao e duplice, ja que nela a obtencao do bem da vida pelo reu independe de pedido nesse sentido. Isso pode ser defendido em provas subjetivas.
Em razão dessa celeuma, alguns autores, como ALEXANDRE CÂMARA e FREDIE DIDIER criaram a seguinte distinção:
§ Ação dúplice material – e a ação dúplice genuína, em que o réu não precisa fazer pedido para obter o bem da vida em razão da improcedência da ação formulada pelo autor. Ex.: ações declaratórias, ação de prestação de contas.
§ Ação dúplice processual – e a ação que admite o pedido contraposto, na própria contestação. Ex.: ação possessória.
2.4 Objeto das ações possessórias de um modo geral
Podem ser objeto de acao possessoria os bens materiais (que existem no plano dos
fatos, e nao apenas no plano juridico). Cabe possessória de bem imóvel, móvel e semoventes.
Preste atenção: os bens imateriais não são tuteláveis por acoes possessorias.
Exatamente por isso, o STJ editou a Súmula 228, com a seguinte redacao: “é inadmissível interdito proibitório para a proteção do direito autoral”.
Registre-se que a servidão e um objeto material. Por conta disso, dispoe a Súmula 415/STF (extremamente importante): “servidao de transito nao titulada, mas tornada permanente, sobretudo pela natureza das obras realizadas, considera-se aparente, conferindo direito a protecao possessoria”.
2.5 Competência
As ações possessórias podem fundar-se em bem móvel ou imóvel.
Nas demais possessórias fundadas em bem móvel, segue-se o regime geral do art. 46 do CPC: domicílio do réu, competência relativa.
As ações possessórias fundadas em bem imóvel, por suas vezes, são ajuizadas, de acordo com o art. 47 do CPC, no foro de situação do imóvel. 
Muita atenção: essa regra e absoluta, de modo que, se outro juiz que não seja o local do imovel julgar, essa sentenca e nula.
2.6 Legitimidade
a) Legitimidade ativa: Podem propor a ação possessória:
§ Possuidor direto: O possuidor direto pode ser proprietário ou não;
§ Possuidor indireto: Geralmente e o proprietário não possuidor. Os possuidores direto e indireto podem formar litisconsórcio facultativo.
Atente: o possuidor indireto poderá ajuizar ação possessória contra qualquer pessoa, menos o possuidor direto. Se fosse permitido faze-lo, a posse viraria algo
inútil/desprezível. Nesse sentido, cf. art. 557 do CPC, que trata da exceção de domínio:
§ Compossuidor: O co-possuidor podera ajuizar acao possessoria contra terceiros (art. 1.314 do CC) ou para assegurar a posse “pro-diviso”.
Veja: ha certos estados de indivisibilidade que sao so juridicos; a posse pro-diviso consiste na divisao de fato, dentro de um estado de indivisao de direito. Ex.: filhos que dividem, informalmente, a fazenda do pai falecido entre si (conservando o imovel a mesma matricula).
§ Possuidor de má-fé: O possuir de ma-fe pode ajuizar acao possessoria contra terceiros invasores, nunca contra o possuidor que foi turbado ou esbulhado.
Atencao: o mero detentor da coisa nao tem legitimidade para ajuizar a acao.
b) Legitimidade passiva: Sera reu na acao possessoria o sujeito responsavel pelo ato de violacao ou ameaca a posse.
§ Invasor/esbulhador/turbador/autor da ameaça ou seu sucessor è Trata-se do reu mais comum.
§ Possuidor indireto è O possuidor indireto pode ser reu, nas acoes ajuizadas pelo possuidor direto.
§ Co-possuidor è Tambem pode ser reu o co-possuidor, na situacao da posse “pro-diviso”.
Obs.1: merece atencao a hipotese do art. 554, §1o, que trata da situacao em que ha
uma coletividade re. Muitas vezes, e impossivel identificar essa coletividade, ficando a ação ajuizada contra “reusincertos”.
Obs.2: quando houver conjuge no polo passivo, deve-se aplicar o art. 73, §2o do CPC: “§ 2o Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do réu somente é indispensável nas hipóteses de composse ou de ato por ambos praticado.”. Assim, em regra, nos casos de acao possessoria contra pessoa casada, nao ha litisconsorcio necessario entre os conjuges. Ha apenas duas hipotese em que havera litisconsorcio necessario: composse e atos de violação/ameaça praticados por ambos.
Obs.3: Pergunta-se: o Poder Público pode ser réu em ração possessória? SIM.
E possivel que o invasor/esbulhador/turbador/autor da ameaca, vg., seja o Poder
Publico. Neste caso, 3 sao as medidas cabiveis contra o Poder Publico:
• Ação possessória;
• Mandado de segurança: Exige-se, neste caso, prova pre-constituida da molestia;
• Ação de desapropriação indireta ou ação de indenização por apossamento administrativo : Neste caso, o particular, em vez da reintegracao de posse, requer o pagamento de dinheiro pelo Poder Publico. Isso por ter o Poder Publico realizado uma desapropriacao indireta, privando o particular do seu bem, mas sem pagar qualquer indenizacao.
2.7. Exceção de domínio
Pelo art. 557, nao e possivel a cumulacao de pretensoes petitoria e possessoria ao mesmo tempo. Nao se pode ter, ao mesmo tempo, causa de pedir propriedade e causa de pedir posse.
2.8 Posse nova e posse velha
Na acao de reintegracao ou de manutencao de posse, deve-se identificar se a acao se funda em posse velha ou nova.
Entende-se por força nova aquela em que o vicio (esbulho ou turbacao) aconteceu há menos de ano e dia. Se passar deste prazo, havera forca velha. Veja as consequencias:
§ Se a acao for de força nova, sera processada pelo procedimento especial.
§ Se a acao for de força velha, sera processada pelo rito comum ou pelo rito
sumariissimo dos Juizados Especiais Cíveis (desde que o valor do bem seja inferior a 40 salarios minimos), sem perder o caráter possessório.
A vantagem e que, no procedimento especial, o autor tem direito a uma liminar antecipatória de tutela com base na evidência, independentemente da existencia de perigo.
Em ambos os casos, independentemente de haver forca nova ou velha, ha ações possessorias.
Qual o termo inicial desse prazo de 1 ano e 1 dia? Ha varias regrinhas:
i. Nas hipóteses de clandestinidade (esbulho/turbacao clandestinos): De acordo com o art. 1.224 do CC, o termo inicial e a data da ciência, salvo negligência;
ii. Nas hipóteses de esbulho/turbação permanentes: Conta-se do ato inicial (ex.: individuo invade e permanece);
iii. Esbulho e turbação repetidos è Quando o esbulho for repetido, conta-se da data do ultimo ato (ex.: individuo que invade determinada propriedade semanalmente);
2.9 Cumulação de pedidos na petição inicial
O art. 555 traz hipoteses de cumulacao que nao prejudicam o rito especial.
Assim, e possivel cumular o pedido de protecao possessoria com os pedidos de:
§ Perdas e danos;
§ Indenização dos frutos;
§ Medida executiva para evitar nova turbação/esbulho ou para cumprir a tutela provisoria ou final.
2.10 Medida liminar antecipatória à Tutela de evidência
Essa liminar, com essa forma/molde, so e aplicavel as acoes possessorias de força nova, ou seja, aquelas intentadas dentro de prazo de ano e dia.
A liminar em acao possessoria e uma tutela de evidência e nao uma tutela de urgencia, pois o perigo do tempo (futura ineficacia do provimento jurisdicional) nao e requisito para sua concessao. Para a tutela de urgencia e necessario demonstrar pericullum in mora e fomus boni iuris, ja para a concessao da liminar em acao possessoria e necessario demonstrar:
§ A posse;
§ O ato de ameaça, turbação ou esbulho;
§ Que o ato ocorreu a menos de 1 ano e 1 dia;
§ A continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção, ou a perda da posse, na ação de reintegração.
Os requisitos da tutela de evidência devem ser demonstrados por meio da PROVA DOCUMENTAL. Diante da ausencia dessa prova ou caso o juiz nao esteja convencido da presenca dos requisitos da liminar, ha necessidade de marcar audiência de justificação prévia.
Ela tem uma unica finalidade, verificar se estao presentes os requisitos da liminar, servindo exclusivamente para a producao de prova oral do autor.
O CPC estabelece, ainda, em seu art. 559, ser lícito ao magistrado determinar que o autor preste caução. 
2.11 Defesa do réu
a) Prazo: O prazo para que o reu apresente defesa e de 15 dias, por aplicacao do prazo geral, estabelecido no processo comum ordinario. A partir daqui, o procedimento passa a ser igual ao comum.
E preciso ter cuidado com o termo inicial do prazo, na hipotese do art. 564 do CPC: quando ordenada a justificacao previa, a intimacao para contestacao ocorre na própria audiencia, junto com a decisao que deferir ou nao a medida liminar.
b) Pedido contraposto: E possivel, nas hipoteses do art. 556, ja visto.
Pergunta-se: cabe reconvenção em ação possessória?
SIM, desde que para outros pedidos que nao sejam os do art. 556 (ou seja, cabe reconvenção nos casos em que nao cabe pedido contraposto). Ex.: indenizacao por benfeitorias (so pode ser pedido pela via da reconvencao).
c) Usucapião como matéria de defesa: A questao que se poe e saber se o reu pode invocar a usucapiao como materia de defesa. Na esteira do art. 557, ja tratado, na pendencia do processo possessorio e defeso tratar de reconhecimento de dominio (e, como ja visto, a usucapiao e uma acao petitoria).
Mas veja: o fundamento da aquisicao da propriedade via usucapiao e a posse.
Justamente por isso, a jurisprudencia afasta a incidencia do art. 557 do CPC para, nos termos da Sumula 237 do STF, entender que “o usucapião pode ser argüido em defesa”.
Neste caso, a excecao da usucapiao serve para reconhecer a posse, mas não para fins de reconhecimento da propriedade na sentença. Em outras palavras, como regra geral, a usucapiao alegada em defesa nao permite o registro da propriedade. Essa e a regra.
Mas atente a exceção, prevista no art. 7o da Lei 6.969/81 e no art. 13 da Lei 10.257/01 (Estatuto da Cidade): quando a usucapiao alegada em defesa for ESPECIAL rural ou urbana (individual ou coletiva), a sentenca que a reconheceu vale como titulo para registro no cartorio de registro de imoveis.
Art. 13. A usucapiao especial de imovel urbano podera ser invocada como materia de defesa, valendo a sentenca que a reconhecer como titulo para registro no cartorio de registro de imoveis.
2.12 Regra especial nos litígios coletivos imobiliários
O art. 565 do NCPC traca elementos especializados para os litigios coletivos imobiliarios, com audiência de mediação obrigatória, no caso de: 
a) posse velha ou sempre que, 
b) concedida a liminar, ela não for executada no prazo de um ano.
Procedimento NA AÇÃO DE MANUTENÇÃO DE POSSE 
- Petição Inicial: art. 319 do CPC; descrição da coisa cuja posse se reclama (não cabe possessória sobre coisa incerta); prova da posse (ou que a exercia); descrever a turbação ou esbulho devidamente datados; a continuação da posse (manutenção), ou a perda desta (reintegração).
- Justificação: as possessórias preveem a possibilidade de pedido liminar; para tanto, deve-se demonstrar documentalmente o alegado (plantas, fotografias etc.); caso não seja possível por via documental viabiliza-se audiência de justificação prévia para demonstrar testemunhalmente alegado.
Lembrete: o parágrafo único do art. 562 do CPC impede liminar possessória contra o pessoa jurídica de direito público, com ou sem justificação, sem que haja prévia manifestação de seus representantes judiciais.
- Resposta do réu: o autor deve realizar a citação do réu no prazo de 05 dias após concedida a liminar (art. 562 do CPC), sendo que terá o réu 15 dias para contestar. Caso haja audiência de justificação o prazo será contado deste ato.
O art. 564 menciona“contestar”, entretanto, exceções também são cabíveis, mas não a reconvenção, em razão do “caráter dúplice” acima comentado.
>>> Em sequência prossegue-se pelo procedimento comum.
- Sentença: (vide parte geral). Complemento> Reintegração de posse possuirá o caráter executivo mais destacado por determinar providências sub-rogatórias coercitivas (para entrega da posse). 
A sentença de manutenção possuirá o caráter mandamental mais destacado por determinar que se impeça nova turbação (obrigação de não fazer com métodos coercitivos impeditivos). Ambas fazem coisa julgada material quanto à posse apenas, propriedade nunca (cognição exauriente).
INTERDITO PROIBITÓRIO
Providência de proteção judicial: Será cabível apenas multa (art. 567 do CPC).
Procedimento:
- Petição Inicial: art. 319 do CPC + prova da posse e demonstração do justo receio de moléstia, solicitando a proteção judicial liminar com aplicação de multa.
- Liminar: cumprindo-se os requisitos da P. I. O juiz deferirá a liminar determinando a abstenção de práticas de ameaça/moléstia, já com a multa aplicada para caso seja a determinação violada (art. 537 do CPC).
- Justificação: aplicam-se as disposições da reintegração e manutenção, conforme acima tratado
- Resposta do réu: aplicam-se as disposições da reintegração e manutenção. Conforme já especificado acima
>>> Em sequência prossegue-se pelo procedimento comum.
O interdito proibitório poderá ser convertido em reintegração ou manutenção caso no curso do procedimento a lesão venha a ocorrer.
- Sentença: confirmará a liminar concedida ou a determinará na sentença para o fim de evitar a lesão, sob pena de multa, possuindo portanto caráter mandamental e executivo.
AÇÕES DE FAMÍLIA
Do Direito de Família – 1511 do CC 
1 – A entidade familiar 
A Constituição da República garante a “família” a proteção especial do Estado (art. 226, caput), assegurando-lhe a assistência na pessoa de cada um dos que a integram (§8º). 
Reconhece como “entidade familiar” 
(i) a união estável e 
(ii) os núcleos monoparentais (§§ 3º e 4º). 
O fato do artigo constitucional fazer referência à família, em alguns dispositivos, e à entidade familiar, em outros, ensejou interpretações no sentido de que poderiam se referir a institutos distintos. Além disso, começaram a surgir ações atinentes às relações homoafetivas, temas que foram levados à apreciação do STF. 
Em maio de 2011, o Tribunal Pleno julgou procedente a ADPF 132/RJ, para reconhecer que a CF/88 “não empresta ao substantivo família‟ nenhum significado ortodoxo ou da própria técnica jurídica”. 
Contextualizou o termo em “seu coloquial ou proverbial significado de núcleo doméstico, pouco importando se formal ou informalmente constituída, ou se integrada por casais heteroafetivos ou por pares homoafetivos.”
E rechaçou qualquer diferenciação, decidindo pela “inexistência de hierarquia ou diferença de qualidade jurídica entre as duas formas de constituição de um novo e autonomizado núcleo doméstico. Tendo em vista esses preceitos, e também outros princípios consagrados pela Constituição, igualdade, pluralidade e liberdade, reconheceu ainda a Suprema Corte que não há distinção, do ponto de vista ontológico, entre a união estável heteroafetiva e as uniões homoafetivas.
Com efeito, a união homoafetiva passa ser configurada como família, com todas as consequências jurídicas decorrentes dessa caracterização. Para tanto, determinou o STF a aplicabilidade do art. 1.723 do Código Civil não apenas a união estável estabelecida entre homem e mulher, como também àquela constituída entre indivíduos do mesmo sexo.
2 – Regramento legal: 693 a 699 CPC
O rol dos processos contenciosos que tramitam sob a égide do rito fixado nos artigos 693 a 699 do NCPC abrange: 
I – as ações de divórcio; 
II – de separação; 
III – de reconhecimento e extinção de união estável; 
IV – de guarda, visitação e 
V – de filiação. 
Observe-se que o objeto de todas essas ações pode ser submetido a soluções consensuais, quando processados sob a égide do rito especial da jurisdição voluntária, conforme se verá mais adiante. 
Com relação as ações de família, o NCPC o foi expresso ao determinar que o alimentado deve se valer da sistemática prevista na Lei nº 5.478/68 (Lei de Alimentos). 
Difere, portanto do CPC/1973, que estabelecia um rito específico para os alimentos provisionais, no capítulo referente ao processo cautelar. 
Também não integra o procedimento inserido no NCPC as ações que versam sobre interesse da criança ou do adolescente, as quais encontram sujeitas ao que define o ECA. 
Nas duas situações poderá ser observado, no que couber, o procedimento especial estabelecido nos artigos 694 e seguintes do NCPC (art. 693, parágrafo único). 
3 – A mediação e a conciliação. 
O rito especial das ações de família, estabelecido pelo NCPC, está alicerçado em dois institutos de solução de conflitos, a mediação e a conciliação, como forma de possibilitar aos familiares litigantes expor, verbalmente, perante a autoridade a sua versão do litígio. Com isso, entendeu o legislador que “a satisfação efetiva das partes pode dar-se de modo mais intenso se a solução é por elas criada e não imposta pelo juiz. 
4 – A resolução 125 do CNJ.
Antes mesmo de o NCPC incorporar, nos procedimentos por ele fixados, os institutos da mediação e conciliação, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) implementou, junto aos tribunais estaduais, formas desolução de controvérsias, com o objetivo de evitar a judicialização desses conflitos e disseminar a cultura do diálogo e da pacificação social. 
Para tanto, editou o CNJ a Resolução nº 125/10, que instituiu a Política Judiciária Nacional de tratamento adequado dos conflitos de interesses no âmbito do Poder Judiciário. Ao introduzir a sistemática de mediação no procedimento das ações de família, o NCPC e a Lei nº 13.140/2015, alinham-se a política instituída pelo CNJ, ao prever o empenho, no âmbito do Poder Judiciário, pela conciliação prévia ao ajuizamento da ação. 
Causas dessa natureza estão entre aquelas que devem ser recebidas pelo setor pré-processual (art. 8º). 
5 – Legitimação 
Em reiterados julgados, o STF e o STJ dão conta da viabilidade jurídica da união estável formada por companheiros do mesmo sexo, com fundamento nos princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana, igualdade e repúdio a qualquer espécie de discriminação. Sob essa perspectiva, foi significativamente ampliado o rol dos legitimados para ajuizar ações de família, incluindo as de alimentos. Incluem-se, assim, os sujeitos dessas ações, aqueles já tradicionalmente conhecidos, a mulher gestante e os companheiros do mesmo sexo. 
6 Procedimento 
I – Conciliação ou mediação extrajudicial requerida pelas partes. 
O NCPC não exige requisitos especiais para ajuizar uma ação de família. Porém, pode ocorrer a situação em que duas partes tenham interesse de encontrar uma solução conciliatória ou de autocomposição. Nesse caso, elas podem recorrer à mediação extrajudicial ou, ainda, requerer atendimento multidisciplinar, podendo o juiz determinar a suspensão do processo até o término dessa atividade. Não há fixação de prazo para que o processo permaneça suspenso (art. 694, parágrafo içoco).
Não há definição do que seria essa equipe multidisciplinar. Porém, considerando as situações abrangidas pelas ações de família, supõe-se necessária a presença de profissionais da área de saúde, como exemplos: os psicólogo e o assistente social. 
O procedimento de mediação extrajudicial será encerrado com a lavratura do seu termo final, quando for celebrado acordo ou quando não se justificarem novos esforços para obtenção de consenso, seja por declaração dos mediadores nesse sentido ou por manifestação de qualquer das partes. 
II – Procedimento semo pedido de conciliação ou mediação extrajudicial pelas partes. 
Não requerida a mediação extrajudicial, ou não obtida a solução do conflito, inicia-se ou retoma-se a tramitação processual. 
O juiz ordenará a citação do réu não para contestar a ação, mas para comparecer a audiência de mediação e conciliação (NCPC, art. 695, caput. Diferentemente do que prevê o art. 334, §4º, I, do NCPC, que consagra o princípio da autonomia da vontade, nas ações de família essa audiência é obrigatória. 
Os litigantes não podem deixar de comparecer, pois tal conduta pode ser considerada como ato atentatório à dignidade da justiça. (Art. 77, §1º, do NCPC). A citação será feita na pessoa do réu (art. 695, §3º, do NCPC) e deverá ocorrer com antecedência mínima de quinze dias da data designada para a audiência (art. 695, §2º, do NCPC). Durante a realização da audiência de mediação e conciliação, é indispensável a presença de advogado ou defensor público para acompanhar as partes (art. 695, §4º do NCPC).
A audiência de mediação e conciliação poderá dividir-se em tantas sessões quantas sejam necessárias para viabilizar a solução consensual. Evidente, destarte, a intenção do NCPC em, sempre que possível, solucionar os litígios de família de forma pacífica, atendendo melhor ao interesse das partes.
III – Competência. 
O acordo, se efetivado, será homologado pelo juiz da vara de família ou, onde houver, por juiz designado especificamente para atuar nos centros de conciliação. (art. 9º da Resolução nº 125 do CNJ) 
IV – Procedimento no caso de frustração de conciliação 
Se a tentativa de conciliação for frustrada, o processo seguirá tramitando segundo as normas do procedimento comum, com a intimação do réu, em audiência, para apresentar contestação em quinze dias (NCPC, art. 697). “A contestação, como se sabe, é peça de defesa, vale dizer, quase sempre um ato de beligerância, que pode ter como efeito fomentar ainda mais o dissenso familiar. 
Por isso, somente nessa ocasião é que será encaminhada cópia da petição inicial. Após a defesa do réu, ocorrerá a instrução e o julgamento da ação pelo juiz. 
V – Tutela especial às crianças. 
Um detalhe a ser observado decorre da ação que envolva fato relacionado a abuso, que pode ser sexual ou de outra natureza, ou a alienação parental. 
Diante dessa conjuntura, é provável que a criança se sinta fragilizada. Assim, torna-se necessária a intervenção de profissional com aptidão para neutralizar os efeitos desse estresse. Por isso, determina o NCPC que, na ocasião em que o incapaz prestar depoimento, o juiz deverá estar acompanhado por especialista (art. 699). 
7 Efeitos do termo final da mediação e conciliação. 
O termo final de celebração do acordo na mediação constituirá título executivo extrajudicial e se ele for homologado pelo juiz de direito, será título executivo judicial. Se o conflito for solucionado pela mediação antes da citação do réu, não serão devidas custas judiciais finais.
AÇÃO MONITÓRIA
1 – Legitimidade Ativa.
Pode manejar a ação monitória todo aquele que se apresentar como credor de obrigação de soma de dinheiro, de coisa fungível ou infungível, de coisa certa móvel ou imóvel e de obrigação de fazer e não fazer; tanto o credor originário como o cessionário ou sub-rogado.
2 – Legitimidade Passiva.
Sujeito passivo da ação monitória haverá de ser aquele que, na relação obrigacional de que é titular o promovente da ação, figure como obrigado ou devedor por soma de dinheiro, por coisa fungível ou infungível, por coisa certa móvel ou imóvel ou por obrigação de fazer ou não fazer. O mesmo se diz de seu sucessor universal ou singular. O NCPC inovou ao fazer constar que possui legitimidade passiva apenas o “devedor capaz” (art. 700, caput, in fine).
O falido ou insolvente civil não pode ser demandado pela via do procedimento monitório porque não dispõe de capacidade processual e também porque não pode haver execução contra tais devedores fora do concurso universal.
Em relação às pessoas jurídicas de direito privado, não há restrição alguma quanto ao emprego da ação monitória, sendo possível utilizá-la também contra os sócios, sempre que configurada sua responsabilidade solidária ou subsidiária, segundo o direito material.
Havendo vários coobrigados, solidariamente responsáveis pela dívida, a ação monitória torna-se manejável contra todos, em litisconsórcio passivo, ou contra cada um deles isoladamente, visto que o litisconsórcio, na espécie, não é necessário.
Súmula 339 - É cabível ação monitória contra a Fazenda Pública. (Súmula 339, CORTE ESPECIAL, julgado em 16/05/2007, DJ 30/05/2007 p. 293).
3 - Prova
Exige o art. 700 que a petição da ação monitória seja instruída com a “prova escrita” do direito do autor. 
E mais: possibilita o NCPC, no §1º desse artigo, a produção de prova oral documentada, coletada antecipadamente, nos termos do art. 381 do NCPC.
I – Prova escrita: elementos doutrinários.
Ex.: declaração em termo de audiência;
 locatário que não tenha assinado o contrato mas tenha o termo de entrega das chaves;
Contrato de prestação de serviços, com início de prova sobre sua execução, é documento hábil à propositura de ação monitória;
Os provenientes de terceiros (guias de internação em hospitais para fins de cobrança de honorários médicos, extratos contábeis regulares, requisições de exames laboratoriais ou serviços protéticos, etc);
 Simples declaração unilateral do credor desacompanhada de outros elementos de convicção não constitui, à evidência, prova escrita para o fim sobredito.
A prova escrita, em Direito Processual Civil, tanto é a pré-constituída (instrumento elaborado no ato da realização do negócio jurídico para registro da declaração de vontade) como a casual (escrito surgido sem a intenção direta de documentar o negócio jurídico, mas que é suficiente para demonstrar sua existência).
Além disso, conhece-se, também, o “começo da prova por escrito”, que contribui para a demonstração do fato jurídico, mas não é completa, reclamando, por isso, outros elementos de convicção para gerar certeza acerca do objeto do processo. Observa Carreira Alvim que tanto a prova pré-constituída como a casual servem para instruir a ação monitória. O mesmo, todavia, não se passa com o começo da prova escrita, já que, antes do deferimento do mandado de pagamento, não haverá oportunidade para que o autor a complete com testemunhas os outros elementos.
II – Conjunto documental.
Não é imprescindível, portanto, que o documento esteja assinado, podendo mesmo ser acolhido o que provém de terceiro ou daqueles registros, como os do comerciante ou dos assentos domésticos que não costumam ser assinados, mas aos quais se reconhecem natural força probante (NCPC, art. 410, III). 
A circunstância de o documento do credor ser, em tese, um título executivo extrajudicial nem sempre representará empecilho ao manejo da ação monitória. É que tal título pode estar vinculado a negócios subjacentes que criem restrições ou dúvida a sua imediata exeqüibilidade. Pode, por exemplo, haver dúvida ou divergência quanto a seu enquadramento na categoria de título executivo, ou pode já ter incorrido em prescrição a ação executiva. Sempre, pois, que houver insegurança da parte em relação à plena exequibilidade de seu título, não se lhe pode impedir o acesso ao procedimento monitório, mesmo porque de tal opção nenhum prejuízo advirá para a defesa do devedor.
III – Títulos injuntivos.
A jurisprudência tem aceitado como título injuntivo, entre outros, o documento particular de reconhecimento de dívida não assinado por duas testemunhas, o título de crédito prescrito, a duplicata mercantil sem comprovante de entrega da mercadoria, a compra e venda mercantil da qual não se expediu a duplicata, o contrato de abertura de crédito em conta corrente, o saldo do contrato arrendamento mercantil, contribuições condominiais,extratos bancários, honorários advocatícios, contrato de prestação de serviços, romaneio agrícola, contrato de seguro, contrato de cartão de crédito, cheque prescrito, contrato de serviços hospitalares, compra e venda representada por notas fiscais, e contrato de serviços educacionais. 
IV – A prova oral documentada, produzida antecipadamente.
O NCPC admite como escrita a prova oral documentada, produzida antecipadamente, por meio de ação probatória autônoma (art. 700, §1º). Com isso restaram bastante ampliadas as hipóteses de cabimento da ação.
V – Dúvida quanto a idoneidade da prova documental.
Se por um lado o NCPC ampliou o conceito de prova escrita hábil a justificar o ajuizamento da ação monitória, por outro conferiu ao juiz a possibilidade de intimar o autor a emenda a petição inicial para adaptá-lo ao procedimento comum, toda vez que não considerar a prova documental apresentada idônea (art. 700, §5º, CPC).
A ser intimado, o autor poderá: (i) apresentar outras provas que convençam o juiz da presença dos requisitos da ação monitória, ou (ii) emendar a inicial, para adaptá0la ao procedimento comum.
VI – Ônus da prova
Quanto ao ônus da prova, a ação monitória não apresenta novidade alguma. Prevalecem as regras gerais do art. 373 do NCPC, ou seja, ao autor compete provar o fato constitutivo de seu direito e ao réu incumbe a prova do fato impeditivo, modificativo ou extintivo daquele direito.
A prova a cargo do autor tem de evidenciar, por si só, a liquidez, certeza e exigibilidade da obrigação, porque o mandado de pagamento a ser expedido liminarmente tem de individuar a prestação reclamada pelo autor e não haverá oportunidade, durante o procedimento ulterior, para o credor completar a comprovação do crédito e seu respectivo objeto.
Não se quer com isto condicionar o ajuizamento da monitória a um rigor probatório em torno da certeza e liquidez da obrigação em grau máximo, tal como se passa com o título executivo (art. 783). Cabe ao autor, na ótica do STJ, exibir apenas algum documento capaz de, ordinariamente, demonstrar a origem do crédito cobrado, mesmo que não tenha sido emitido pelo devedor e não contenha sua assinatura.
13.4 Procedimento
I – Petição Inicial
A petição inicial tem de atender a todos os requisitos do art. 319 do NCPC, e, especialmente, deve conter a descrição do fato constitutivo do direito do autor, já que este não dispõe de título executivo capaz de dispensá-lo da demonstração da causa debendi.
É, outrossim, documento essencial, que haverá de ser produzido com a petição inicial, “a prova escrita” de crédito ajuizado (art. 700, caput), equiparando-se a ela a prova oral previamente obtida, em procedimento de produção antecipada de prova (art. 700, §1º).
Incumbe, ainda, ao autor explicitar, conforme o caso (art. 700, §2º):
Se esses requisitos não forem cumpridos, a inicial será indeferida (§4º), admitida, contudo a diligência saneadora prevista, na forma e no prazo, no art. 321.
A individualização desses valores (seja o quantum devido, seja o preço da coisa reclamada, seja ainda a estimativa em dinheiro da obrigação inadimplida) é fundamental para conhecer o valor da causa. Isso porque ele deve corresponder à cifra monetária pretendida pelo autor (art. 700, §3º). Caso a monitória se fundamente em obrigação de não fazer, o valor da causa deverá corresponder a uma estimativa apontada pelo autor, com base na relação jurídica subjacente ao negócio jurídico.
II – Citação
O réu, após o deferimento da inicial, será citado, não para se defender, mas para pagar a soma de dinheiro, entregar a coisa ou cumprir a obrigação. Por isso, fala a lei em “mandado de pagamento”, “mandado de entrega de coisa” ou “mandado para execução de obrigação de fazer ou não fazer” (NCPC, art. 701).
III – Condutas do réu
Citado, o devedor pode:
A – Cumprir o que foi determinado no mandado e efetuar o pagamento dos honorários advocatícios fixados em cinco por cento do valor da causa, no prazo de quinze dias (art. 701, caput). Nesse caso, ficará isento do pagamento de custas (§1º);
B – Permanecer inerte (art. 701, §2º)
C – Oferecer embargos (art. 702).
IV – Resgate do débito pelo réu
Se o réu resolver resgatar o débito, tal como lhe ordenou o mandado injuntivo, fá-lo-á livre de custas processuais e com redução do percentual da verba advocatícia; e o processo se extinguirá, por exaustão da prestação jurisdicional buscada pelo credor. O juiz declarará extinto, ordenando o respectivo arquivamento. A isenção e a redução desses encargos processuais são estímulos ao abreviamento da solução da lide.
Além desse facilitador, o réu que reconhece a dívida pode utilizar-se do parcelamento do débito previsto no art. 916 do NCPC, em razão dos princípios da máxima efetividade e menor onerosidade (art. 701, §5º). 
V – Revelia
Não ocorrido o cumprimento do mandado e na ausência de oposição de embargos no prazo da citação, ocorrerá a revelia, transformando-se automaticamente o mandado de pagamento em título executivo judicial (art. 701, §2º). Não há sentença para operar dita transformação, que, segundo a lei, “constituir-se-á de pleno direito”.
Convertido o mandado inicial em título executivo, terão início os atos expropriatórios segundo o rito de cumprimento de sentença, aplicando-se, no que couber, os dispositivos referentes a essa fase, contidos nos artigos 513 a 538 do NCPC (art. 701, §2º).
O cumprimento imediato do título executivo, no caso da revelia, não se aplica à Fazenda Pública, como ré. Caso ela não apresente os embargos, fica o procedimento sujeito ao duplo grau de jurisdição, com aplicação no disposto no art. 496 do NCPC.
VI – A oposição dos embargos
Ao réu é dado, ainda, opor embargos à ação monitória, oportunidade em que poderá alegar qualquer matéria de defesa admitida no procedimento comum (art. 702, §1º). O novo Código prevê todo o procedimento dos embargos.
5 – Embargos à ação monitória.
A defesa do demandado na ação monitória é feita por meio dos embargos. 
Como o credor não dispõe ainda de título executivo, o réu não precisa de segurar o juízo, para embargar a ação monitória (art. 702, caput).
Sendo ré a Fazenda Pública, o prazo para apresentação dos embargos será em dobro, a teor do que contém o art. 183 do NCPC.
6 – Processamento dos embargos
I – Matéria arguível
Os embargos à ação monitória podem versar sobre toda e qualquer defesa cabível no procedimento comum, seja ela de mérito ou processual (§1º). Como se vê, a apresentação de defesa pelo devedor abre espaço para uma cognição ampla e exauriente, convertendo o procedimento especial em comum. Esta razão pela qual se admite a apresentação de reconvenção pelo devedor, em face do autor embargado, formulando pedido de condenação relativo à mesma causa de pedir (§6º).
II – Prazo e segurança do juízo
Os embargos podem ser opostos pelo réu no prazo de quinze dias (art. 701) conferido pelo juiz para cumprimento da obrigação. Em regra, são opostos nos próprios autos da ação monitória, independentemente de prévia segurança ao juízo (art. 702, caput). Poderá, contudo, o juiz, a seu critério, determinar a autuação em apartado, caso os embargos sejam apenas parciais (discutindo apenas excesso de cobrança), constituindo-se de pleno direito título executivo judicial em relação à parcela incontroversa (art. 702, §7º).
IV – Prazo de defesa do credor embargado
O autor será intimado para responder aos embargos no prazo de quinze dias (§5º). 
V – Efeitos
Os embargos à ação monitória têm efeito suspensivo, paralisando automaticamente a eficácia da decisão que determina o cumprimento da obrigação (art. 702, §4º). Essa suspensão, contudo, perdura até o julgamento em primeiro grau.
VI – Recurso contra a sentença que julga os embargos
O recurso cabível contra a sentença que acolhe ou rejeita os embargos será a apelação (art. 702, §9º), cujo recebimento dar-se-á apenasno efeito devolutivo. 
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