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DIREITO PROCESSUAL CIVIL II Graduação em Direito - 6º período 1º semestre / 2018 Prof. Francisco Dourado franciscodourado@gmail.com • Conteúdo programático (resumo): o Recursos Cíveis o Liquidação de sentença; Cumprimento de Sentença; Execução de Título Extrajudicial I. NOÇÕES ELEMENTARES DE TÉCNICA PROCESSUAL EPISTEMOLOGIA QUADRIPARTITE TÉCNICA TEORIA CIÊNCIA CRÍTICA • Técnica: Conjunto de procedimentos numa relação meio-fim, visando resultados úteis. Proceder ordenado. • Ciência: É a racionalização da técnica. Atividade produtora de esclarecimentos do conhecimento ou conjunto de conhecimentos esclarecidos e fundamentados. Atividade esclarecedora. Saber ordenado. • Teoria: Conhecimento formalizado suscetível à crítica. Preocupação com o esgotamento pela via da testabilidade, provisoriedade, falseabilidade, refutabilidade da validade proposicional dos argumentos das teorias concorrentes. • Crítica: Atividade intelectiva testificadora. É o apontamento de aporias (vazios enunciativos) no discurso do conhecimento. São pilares estruturais que devem ser refletidos juridicamente em escala progressiva com influências recíprocas (cargas e retrocargas), que se torna possível teorizar, praticar, pensar, repensar, testificar, falsear, sistematizar, semantizar, ressemantizar, ordenar e esclarecer o direito, na dinâmica da complexidade das interações humanas. TÉCNICA – CIÊNCIA – TEORIA – CRÍTICA II. FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS DOS RECURSOS • Noções gerais: Recurso: Ideia de retomada de um caminho já percorrido (do latim re currere). • Impugnação das decisões judiciais: 1. Possibilidade de erro na decisão; 2. Reação natural da própria personalidade humana diante de uma decisão que lhe é desfavorável. Inconformismo. • RECURSO: Criado e assegurado por norma fundamental no direito brasileiro (art. 5º, LV, da CB/88). • MEIOS RECURSAIS: Encontram-se estampados na lei infraconstitucional, por diversas denominações, conforme se pode notar no art. 994 do CPC. O meio recursal pressupõe a instrumentação adequada para concretizar o instituto do recurso in abstrato. O direito à recorribilidade é exercido pela via instrumental das petições que se definem como meio eficiente da explicitação dos recursos. • Conceito: O recurso é a forma legal de impugnação dos provimentos (decisões) jurisdicionais e administrativos elencados pela lei como suscetíveis de revisibilidade em outra instância diversa daquela em que foram exarados. • Visão neoinstitucionalista: O recurso não tem mais aquele “sentido químico de remédio” lecionado por CARNELLUTTI, onde a legalidade do ato recursal se aferia por critérios personalíssimos de conveniência e justiça. Também não é ação autônoma nem prolongamento do direito de ação. • Visão neoinstitucionalista: O direito de ação tem raízes genéticas na plataforma constitucional (CB/88), sendo que o recurso é instituto de garantia revisional exercitável na estrutura procedimental, como forma de alongar ou ampliar o processo pela impugnação das decisões nele proferidas. • Recurso como espaço procedimental democrático: Participação dialógica das partes e pela regência do contraditório, isonomia e ampla defesa. • Recurso como possibilidade de exercício da crítica em face dos pronunciamentos decisórios do Estado: RECURSO = garantia constitucionalizada + CRÍTICA = apontamento de falhas no discurso formalizado • Dialogicidade recursal: Preceito que estabelece a necessidade de o recurso ser discursivo, de maneira que a parte que sofrer algum gravame deverá, no ato de sua interposição, esclarecer os fundamentos fáticos e jurídicos de sua irresignação e apresentar o pedido de nova decisão. • Irrecorribilidade das interlocutórias: “Juizados Especiais e Justiça do Trabalho” Tendências de desprocessualização e desprocedimentalização. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO PROCESSO • Contraditório • Isonomia • Ampla defesa • Reserva legal (princípio da legalidade) • Fundamentação das decisões • Direito ao advogado DEVIDO PROCESSO LEGAL PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DOS RECURSOS: a) Devido processo legal: estrutura normativa que envolve uma série de direitos e garantias fundamentais previstos na Constituição que devem ser resguardadas aos destinatários dos atos jurisdicionais (o povo). b) Duplo grau de jurisdição: Consiste em oferecer ao povo a oportunidade de conhecimento e decisão de suas causas por, pelo menos, dois órgãos judicantes, hierárquicos, sucessivos e autônomos. Tendo em vista a isonomia institucionalizada pelo art. 5º, caput, e LV, da CB/88, manifesta-se inconstitucional a limitação taxativa do art. 1.015 quanto ao Agravo de Instrumento. PRINCÍPIOS ORIENTADORES DOS RECURSOS a) Voluntariedade: A vontade do recorrente, inequivocamente manifestada, se torna elemento essencial para a admissibilidade e existência do recurso. Os recursos somente existem e podem provocar a atividade do Judiciário para a revisão de determinado pronunciamento por expressa manifestação das partes. b) Dialeticidade: Todo recurso deve ser discursivo, argumentativo, dialético. A mera insurgência contra a decisão não é suficiente, ou seja, não basta apenas manifestar vontade de recorrer. São as chamadas “razões recursais”. Deverá o recorrente demonstrar o porquê de estar recorrendo, alinhando as razões de fato e de direito pelas quais entende que a decisão está errada, bem como o pedido de nova decisão. c) Singularidade: Princípio também chamado de “unicidade” ou “unirrecorribilidade”. As decisões judiciais somente são impugnadas por meio de um único recurso. Para cada decisão não é permitida a interposição, ao mesmo tempo, de mais de um recurso. Por exemplo: Sentença Apelação Decisão interlocutória Agravo Exceção ao princípio da singularidade: Interposição simultânea de Recurso Especial e Recurso Extraordinário contra ao mesmo acórdão, conforme previsto no art. 1.029 do CPC. TENDO O ACÓRDÃO DECIDIDO QUESTÃO FEDERAL E QUESTÃO CONSTITUCIONAL, CONTRA CADA CAPÍTULO DELE DEVE O RECORRENTE INTERPOR O RECURSO ESPECÍFICO PARA TAL FIM. d) Taxatividade: Os recursos encontram-se enumerados no art. 994 do CPC, da seguinte forma: Apelação; Agravo de Instrumento; Agravo Interno; Embargos de Declaração; Recurso Ordinário; Recurso Especial; Recurso Extraordinário, Agravo em Recurso Especial ou Extraordinário e Embargos de Divergência. Rol taxativo (numerus clausus) e) Dispositivo: O início do procedimento pela via da petição inicial reside na manifestação de vontade do autor. “Art. 141 O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo-lhe vedado conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige iniciativa da parte.” O mesmo se pode pensar quanto aos recursos, sendo que o recorrente é quem irá fixará, com o seu recurso, o âmbito de conhecimento da matéria. f) A proibição da reformatio in pejus: A reforma para pior decorre da incidência natural do princípio dispositivo, fazendo com que exista a impossibilidade de o recurso prejudicar a situação do próprio recorrente. Logo, dá-se provimento ao recurso e a situação do recorrente é melhorada; ou nega-se provimento ao recurso e o recorrente encontrar-se-á em situaçãoidêntica àquela que se encontrava quando da prolação da decisão desfavorável. Possível piora da situação do recorrente (art. 1.013, § 3º) g) Inquisitório: Antagônico ao princípio dispositivo, mas acolhido por parte da doutrina como princípio recursal. Permite que o conhecimento de questões que não foram impugnadas pelas partes em seu recurso. Aplicável quanto às questões de ordem pública, bem como outras que comprometem a adequada prestação da tutela jurisdicional. Atenção para os arts. 337, §5º e 485, §3º, CPC. h) Fungibilidade: Consagra a possibilidade da parte interpor um recurso que não seja o adequado para aquela decisão de que se recorre. Apesar da ausência de disposição expressa no CPC/15, sua incidência é acolhida pela doutrina. Tem como pressupostos: 1. Evitar o formalismo excessivo; 2. Especial circunstância de um erro do sistema processual (dificuldade de identificação do recurso adequado para se impugnar determinada decisão) III. RECURSOS NO PROCESSO CIVIL • Pronunciamentos judiciais sujeitos a recurso SENTENÇA DECISÃO INTERLOCUTÓRIA ACÓRDÃO DECISÃO MONOCRÁTICA • Juízo de admissibilidade Reside na verificação da existência ou inexistência dos requisitos necessários para que o órgão competente possa legitimamente exercer sua atividade cognitiva, no tocante ao mérito do recurso. Deve o recorrente, portanto, cumprir todas as condições impostas pela lei processual. OBS.: O juízo de admissibilidade, tanto na apelação como no agravo de instrumento, cabe ao tribunal ad quem (art. 1.010, § 3º e art. 1.016 c/c art. 932, III). Exceção: REXT e RESP (art. 1.030) • Juízo de mérito Seu conteúdo consiste na matéria devolvida ao órgão competente com a interposição do recurso e que pode levar à anulação ou reforma da decisão impugnada. Visa a análise da decisão recorrida no que tange a error in procedendo (erro no procedimento) ou error in judicando (erro no julgamento do mérito da causa). • Requisitos de admissibilidade INTRÍNSECOS a) Cabimento (atos judiciais recorríveis) b) Legitimação (partes, MP, advogado e terceiro prejudicado) c) Interesse (necessidade + utilidade) d) Inexistência de fato impeditivo ou extintivo do poder de recorrer (renúncia ou aceitação da decisão – art. 1.000) EXTRÍNSECOS a) Recorribilidade da decisão (decisão recorrível) b) Adequação (há um recurso para cada decisão) c) Singularidade (unirrecorribilidade) d) Preparo (despesas processuais. OBS.: art. 1.007) e) Tempestividade (interposição no prazo legal) f) Regularidade formal (interposição na forma preconizada em lei) g) Motivação do recurso (razões recursais) • Efeitos dos recursos a) DEVOLUTIVO: Refere-se à transferência, ao órgão competente para o duplo exame, da matéria que constitui o objeto da impugnação recursal. b) SUSPENSIVO: Atinente ao impedimento da eficácia (produção de efeitos) da decisão recorrida. c) OBSTATIVO: Refere-se à obstacularização do trânsito em julgado. Tantum devolutum quanto appellatum Trata-se de máxima de origem romana, através da qual se compreende que somente se devolve ao conhecimento do Judiciário a matéria contra a qual se insurgiu o recorrente. E mais! A impugnação formulada pelo recorrente limita o âmbito da cognição do órgão ad quem. Tendo o recurso tratado apenas de parte da decisão impugnada, a outra, não atacada, restará alcançada pela preclusão ou mesmo pela coisa julgada – dependendo de sua natureza, se processual ou de mérito. • Outros efeitos: a) SUBSTITUTIVO: O julgamento proferido pelo tribunal substituirá a decisão impugnada no que tiver sido objeto de recurso. (art. 1.008) b) TRANSLATIVO: Decorre do “princípio inquisitório” (conhecimento de matérias ex officio pelo tribunal). c) EXPANSIVO: Supõe o “julgamento do processo” pelo Tribunal, e não apenas o reexame do “julgamento da causa” realizado na instância de origem. Vide art. 1.013, §§ 1º e 2º. III. RECURSOS EM ESPÉCIE APELAÇÃO • Base legal: art. 994, I, e 1.009 a 1.014, CPC. • Cabimento: Contra a sentença • Interposição: Mediante petição dirigida ao juízo a quo (aquele que prolatou a decisão). • Requisitos: Segundo o art. 1.010 do CPC, deverá a apelação conter: I - os nomes e a qualificação das partes; II - a exposição do fato e do direito; III - as razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade; IV - o pedido de nova decisão. • Efeito devolutivo: Art. 1.013, CPC. • Efeito suspensivo: Art. 1.012, CPC. o Exceções (art. 1.012, §1º) – produção imediata dos efeitos para a sentença que: I - homologa divisão ou demarcação de terras; II - condena a pagar alimentos; III - extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes os embargos do executado; IV - julga procedente o pedido de instituição de arbitragem; V - confirma, concede ou revoga tutela provisória; VI - decreta a interdição. (cont. Exceções ao efeito suspensivo...) o Autoriza o cumprimento provisório da sentença; o Possibilidade de atribuição de efeito suspensivo pelo tribunal ou relator: deve o recorrente demonstrar a probabilidade de provimento do recurso ou se, sendo relevante a fundamentação, houver risco de dano grave ou de difícil reparação (art. 1.012, §3º e 4º). • Contrarrazões: 15 (quinze) dias para o apelado. • Julgamento da causa madura: Art. 1.013, §3º, CPC. “Não basta, portanto, que a questão de mérito a decidir seja apenas de direito; é necessário que o processo esteja maduro para a solução do mérito da causa. Mesmo que não haja prova a ser produzida, não poderá o Tribunal enfrentá-lo no julgamento da apelação formulada contra a sentença terminativa, se uma das partes ainda não teve oportunidade processual adequada para debater a questão de mérito. Estar o processo em condições de imediato julgamento significa, em outras palavras, não apenas envolver o mérito da causa questão só de direito que se deve levar em conta, mas também a necessidade de cumprir o contraditório.” (Humberto Theodoro Jr.) • Juízo de retratação na apelação: Possibilidade na apelação interposta contra sentença que: 1. Resolve o processo sem julgamento do mérito (art. 485, §7º); 2. Indefere a petição inicial (art. 331); ou 3. Julga liminarmente improcedente o pedido (art. 332). RETRATAÇÃO DO JUIZ EM 5 (CINCO) DIAS, DEPOIS DE INTERPOSTO O RECURSO • Recurso adesivo: - Pressuposto: sucumbência recíproca e admissibilidade do recurso interposto pela parte contrária. - Art. 997, §1º: Sendo vencidos autor e réu, ao recurso interposto por qualquer deles poderá aderir o outro. - Subordinação ao recurso principal: §2º - Admissibilidade na apelação, no recurso extraordinário e no recurso especial. - Art. 1.010, §2º, CPC: intimação do apelante para apresentação de contrarrazões. AGRAVO DE INSTRUMENTO • Base legal: art. 994, II, e 1.015 a 1.020, CPC. • Cabimento: Contra algumas decisões interlocutórias (art. 1.015), ou seja, contra os pronunciamentos judiciais de natureza decisória que não se enquadrem no conceito de sentença (art. 203, § 2º). • Interposição: Mediante petição dirigida ao juízo ad quem (instância hierarquicamente superior). • Requisitos: Segundo o art. 1.016 do CPC, deverá a apelação conter: I - os nomes das partes; II - a exposição do fato e do direito; III - as razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade e o próprio pedido; IV - o nome e o endereço completo dos advogadosconstantes do processo. • Documentos: a) OBRIGATÓRIOS = art. 1.017, inciso I. (cópia da petição inicial, da contestação, da petição que ensejou a decisão agravada, da própria decisão agravada, da certidão da respectiva intimação ou outro documento oficial que comprove a tempestividade e das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado) a) FACULTATIVOS = art. 1.017, inciso III. OBS.: art. 1.017, §3º (vício sanável ou complementação de documentos) art. 1.017, §5º (dispensa quando autos eletrônicos) • Juntada na 1ª instância: Se eletrônico, facultativo. Se autos físicos, obrigatório e no prazo de 3 (três) dias, sob pena de inadmissibilidade (art. 1.018). • Contraminuta: 15 (quinze) dias para o agravado, facultando-lhe a juntada da documentação necessária ao julgamento do recurso (art. 1.019, inciso II). • Efeito suspensivo ou antecipação da tutela recursal pelo relator: Somente em hipóteses excepcionais. Nota-se que os recursos não têm efeito suspensivo e os autos não saem do juízo da causa, não havendo prejuízo para o desenvolvimento normal do processo. Só, excepcionalmente, diante de situação de risco grave e de difícil reparação, permite-se ao relator atribuir-lhe eficácia suspensiva (art. 1.019, I). • Juízo de retratação no agravo de instrumento: Art. 1.018. O agravante poderá requerer a juntada, aos autos do processo, de cópia da petição do agravo de instrumento, do comprovante de sua interposição e da relação dos documentos que instruíram o recurso. § 1o Se o juiz comunicar que reformou inteiramente a decisão, o relator considerará prejudicado o agravo de instrumento. • Sobre o extinto “agravo retido” e situação atual no CPC/15: Afora o rol de decisões passíveis de agravo de instrumento (art. 1.015), as demais “questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não comportar agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões”. (art. 1.009, §1º). 15 dias para o recorrente, caso suscitado nas contrarrazões (§2º) AGRAVO INTERNO • Base legal: art. 994, III, e 1.021, CPC. • Cabimento: Contra qualquer “decisão proferida pelo relator” (art. 1.021, caput). • Interposição: Mediante petição dirigida ao relator, por meio da qual o recorrente impugnará especificadamente os fundamentos da decisão agravada. • Prazo: 15 dias (art. 1.021 c/c art. 1.070) • Preservação do princípio da colegialidade: Garantia de revisão das decisões pelo órgão colegiado, de modo que as decisões singulares do relator, embora autorizadas, não suprimem a competência principal do tribunal. • Prazo para resposta do recorrido: 15 dias • Juízo de retratação do relator: Possível (art. 1.021, §2º) • Remessa a julgamento pelo órgão colegiado: Caso não haja retratação. • Multa de 1% a 5% do valor atualizado da causa: Quando o agravo interno for declarado manifestamente inadmissível ou improcedente em votação unânime, em decisão fundamentada, pelo órgão colegiado (art. 1.021, §4º). • Fungibilidade: entre os embargos de declaração e o agravo interno (art. 1.024, § 3º). Nesta hipótese: intimação do recorrente para que, no prazo de 5 (cinco) dias, complemente as razões recursais, a fim de que adequá-las ao art. 1.021, § 1º, ou seja, para que impugne especificadamente os argumentos da decisão recorrida. • Exemplos de decisões monocráticas que desafiam o agravo interno: a) decisão do relator que nega seguimento a recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha impugnado especificamente os fundamentos da decisão recorrida (art. 932, III); b) decisão do relator que nega provimento a recurso contrário a súmula do STF, do STJ ou do próprio tribunal (art. 932, IV, “a”); c) decisão do relator que dá provimento ao recurso se a decisão recorrida for contrária a súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal (art. 932, V, “a”). d) qualquer decisão, no âmbito do Supremo Tribunal Federal e Superior Tribunal de Justiça, proferida por Presidente do Tribunal, de Seção, de Turma, ou de Relator, que cause gravame à parte (Lei nº 8.038, de 28.05.1990, art. 39). EMBARGOS DE DECLARAÇÃO • Base legal: art. 994, IV, e 1.022 a 1.026, CPC. • Cabimento: Contra qualquer decisão judicial • Interposição: Mediante petição dirigida diretamente ao juízo decisor, com indicação do erro, obscuridade, contradição ou omissão, e não se sujeitam a preparo. • Natureza jurídica: A rigor, não se trata de um recurso, pois não visa modificar o julgado e não será apreciado por órgão judicante hierarquicamente superior. Sem embargo, continua sendo mencionado no NCPC como recurso cabível contra qualquer decisão judicial, conforme dispõe o art. 1.022, do CPC. Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para: I. esclarecer obscuridade ou eliminar contradição; II. suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento; III. corrigir erro material. Art. 1.022. (...) Parágrafo único. Considera-se omissa a decisão que: I - deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em incidente de assunção de competência aplicável ao caso sob julgamento; II - incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489, § 1o. OBS.: A omissão não recai apenas nas hipóteses acima. Logo, o texto legal foi mal escrito. O correto seria: “Considera-se TAMBÉM omissão a decisão que...” • Obscura é a decisão que não permite compreender claramente a fundamentação desenvolvida pelo julgado; • Contraditória é a decisão que contém pontos conflitantes em seus próprios fundamentos ou na parte dispositiva; • Omissa é a decisão que não contém decisão a respeito do ponto sobre o qual necessariamente deveria pronunciar-se. • Erro material é o equívoco imediatamente perceptível na decisão por erro de grafia, de dados do processo, de menção a folhas etc. • Preparo: Não há (art. 1.023, caput) • Prazo: 5 dias (art. 1.003, §5º, e 1.023, caput) • Efeito interruptivo: Após o julgamento dos declaratórios, portanto, recomeça-se a contagem por inteiro do prazo para interposição do outro recurso cabível na espécie contra a decisão embargada (art. 1.026, caput). • Efeito suspensivo: Não há, salvo se (1) demonstrada a probabilidade de provimento do recurso ou, (2) sendo relevante a fundamentação, se houver risco de dano grave ou de difícil reparação (art. 1.026, §1º). • Efeito modificativo (infringente): Caso seu eventual acolhimento implique a modificação da decisão embargada, o embargado será intimado para se manifestar no prazo de 5 dias (art. 1.023, §2º). • Recurso interposto antes dos embargos de declaração Art. 1.024 (...) § 4o Caso o acolhimento dos embargos de declaração implique modificação da decisão embargada, o embargado que já tiver interposto outro recurso contra a decisão originária tem o direito de complementar ou alterar suas razões, nos exatos limites da modificação, no prazo de 15 (quinze) dias, contado da intimação da decisão dos embargos de declaração. § 5o Se os embargos de declaração forem rejeitados ou não alterarem a conclusão do julgamento anterior, o recurso interposto pela outra parte antes da publicação do julgamento dos embargos de declaração será processado e julgado independentementede ratificação • Prequestionamento: Afigura-se como requisito imprescindível para o conhecimento do Recurso Especial e Extraordinário. Busca-se abordar e discutir matéria de ordem federal ou constitucional. A matéria deve ser “ventilada” antes da decisão, não se admitindo inovação pela parte recorrente. Art. 1.025. Consideram-se incluídos no acórdão os elementos que o embargante suscitou, para fins de pré- questionamento, ainda que os embargos de declaração sejam inadmitidos ou rejeitados, caso o tribunal superior considere existentes erro, omissão, contradição ou obscuridade. • Embargos protelatórios (art. 1.026, §2º a 4º): o Pagamento de multa não excedente a 2% sobre o valor atualizado da causa (§2º); o A reiteração dos embargos implicará em aumento de até 10%, sendo que a interposição de qualquer recurso posterior ficará condicionada ao depósito prévio dessa multa, à exceção da Fazenda Pública e beneficiário da justiça gratuita, que recolherão ao final (§3º); o Inadmissão de novos embargos se os dois anteriores houverem sido considerados protelatórios (§4º). • Efeito interruptivo dos Embargos de Declaração nos Juizados Especiais: Art. 1.065. O art. 50 da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, passa a vigorar com a seguinte redação: (Vigência) “Art. 50. Os embargos de declaração interrompem o prazo para a interposição de recurso.” (NR) RECURSO ORDINÁRIO • Base legal: art. 994, V, e 1.027 e 1.028, CPC. • Cabimento: “Nos recursos ordinários, ao contrário do que se passa nos extraordinários e especiais, a devolução ao Tribunal ad quem é a mais ampla possível. Abrange tanto a matéria fática como a de direito, ensejando, por isso, uma completa revisão, em todos os níveis, do que se decidiu no Tribunal inferior. E a admissibilidade do recurso não se limita a situações específicas como as dos arts. 102, III, e 105, III, da Constituição. Alcança todo e qualquer caso de sucumbência. Basta estar vencida a parte para poder interpor o recurso ordinário, como acontece em qualquer situação comum de dualidade de graus de jurisdição.” (HTJ) RECURSO ORDINÁRIO PARA O STF • Cabimento: Julgamento colegiado dos mandados de segurança, os habeas data e os mandados de injunção decididos em única instância pelos tribunais superiores (STJ, TST, STM e TSE), quando denegatória a decisão (art. 1.027, I, CPC e art. 102, II, CF/88). OBS.: Denegatória é tanto aquela decisão que não admite a ação de segurança como a que a julga improcedente. • Requisitos de admissibilidade: São os comuns a qualquer recurso e não aqueles especiais exigidos para o recurso extraordinário. • Interposição: Perante o Tribunal Superior de origem. Após, intimação do recorrido, pelo presidente ou vice-presidente do tribunal, para contrarrazões em 15 dias (art. 1.028, §2º). Após, remessa dos autos ao respectivo Tribunal superior, independentemente do juízo de admissibilidade (art. 1.028, §3º). • “Poderes” do relator: Depois de distribuído o recurso, o relator poderá não conhecê-lo, negar ou dar-lhe provimento (art. 932, III, IV e V), em decisão monocrática, contra a qual caberá, agravo interno para o colegiado (art. 1.021). • Julgamento do mérito: Como o RO se assemelha à Apelação, o Código autoriza que o STF decida desde logo o mérito do recurso, nos termos do art. 1.013, §3º (art. 1.027, §2º). • Efeito suspensivo: Possível, nos termos do art. 1.027,§2º c/c 1.029, §5º. RECURSO ORDINÁRIO PARA O STJ • Cabimento: Julgamento colegiado dos mandados de segurança decididos em única instância pelos tribunais regionais federais ou pelos tribunais de justiça dos Estados e do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão, e os processos em que forem partes, de um lado, Estado estrangeiro ou organismo internacional e, de outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País. (art. 1.027, II, “a” e “b”, CPC e art. 105, II, CF/88). • Requisitos de admissibilidade: Na hipótese do art. 1.027, II, “a”, a doutrina costuma falar em “Recurso Ordinário em Mandado de Segurança”, visto que o recurso é manejável contra acórdão e não contra sentença (definição legal no art. 1.009). • Já com relação ao art. 1.027, II, “b”, são comuns os requisitos da apelação ou do agravo de instrumento (art. 1.027, §1º c/c 1.015), eis que interponível contra decisão interlocutória ou sentença de primeiro grau. Aqui, o RO é a própria apelação (art. 1.028, caput, CPC) e interposto diretamente da primeira instância para o STJ, em lugar do TRF (art. 249, RISTJ). No mais, observar-se-á o Regimento Interno do STJ. • Interposição: Perante o Tribunal de origem, quando mandado de segurança. Após, intimação do recorrido, pelo presidente ou vice-presidente do tribunal, para contrarrazões em 15 dias (art. 1.028, §2º). Com isto, cuida-se da remessa dos autos ao respectivo Tribunal superior, independentemente do juízo de admissibilidade (art. 1.028, §3º). • Recurso adesivo: Considerando o conteúdo expresso do art. 997, II, do CPC, será cabível somente na hipótese do art. 1.027, II, “b” (processos em que forem partes, de um lado, Estado estrangeiro ou organismo internacional e, de outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País), visto que aqui recai o regramento específico da Apelação (art. 1.028, caput). • Efeito suspensivo: Possível, nos termos do art. 1.027,§2º c/c 1.029, §5º. • Julgamento: Ao relator cabe o juízo sobre o cabimento do RO, bem como julgá-lo quanto ao mérito (art. 932, III, IV e V), em decisão monocrática, contra a qual desafiará agravo interno para o colegiado (art. 1.021, caput). Não ocorrendo nenhuma das hipóteses acima, o relator pedirá dia para o julgamento colegiado. Assim como no caso de RO para o STF, o Código autoriza que o STJ decida desde logo o mérito do recurso, nos termos do art. 1.013, §3º (art. 1.027, §2º). RECURSO EXTRAORDINÁRIO • Base legal: art. 102, III, CF/88 e 1.029 a 1.041, CPC. • Finalidade: manter a autoridade e a integridade da Constituição. • Cabimento: causas julgadas por outros órgãos judiciais, em única ou última instância, nas hipóteses do art. 102, III, “a” a “d”, CF/88. Hipóteses: a) contrariar dispositivo da Constituição; b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face da Constituição. d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal. • Pressupostos: a) O julgamento da causa, em última ou única instância; b) A existência de questão federal constitucional; c) A demonstração da repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso; d) A observância do prazo legal (15 dias); e) A existência do prequestionamento. • Sobre a repercussão geral: Art. 102. (...) § 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus membros. OBS.: Regra de controle exclusiva para o RExt. o Conceito legal: será considerada a existência ou não de questões relevantes do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico que ultrapassem os interesses subjetivos do processo (art. 1.035, §1º, CPC). o Outras hipóteses de previsão expressa: Haverárepercussão geral sempre que o recurso impugnar acórdão que: (I) contrarie súmula ou jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal, ou (III) tenha reconhecido a inconstitucionalidade de tratado ou de lei federal, nos termos do art. 97 da Constituição Federal (art. 1.035, I e III, CPC). o Objetivo central: necessidade de controlar e reduzir o sempre crescente e intolerável volume de recursos para o STF. o Momento da alegação: em preliminar do recurso. o Participação de terceiros na análise da repercussão geral: É possível a sua admissão pelo relator, observando-se o regimento interno do STF (art. 1.035, §4º). o Ausência de repercussão geral: Não conhecimento do recurso. o Coexistência de numerosos processos sobre a mesma questão: Não é necessário para o conhecimento da matéria. o Apreciação exclusiva pelo STF: art. 1.035, §2º. A competência é do Pleno, por decisão de pelo menos oito de seus onze Ministros (art. 102, § 3º, da CF). o Exigência de fundamentação da decisão: art. 93, IX, CF/88. o Decisão: irrecorrível (art. 1.035, caput, CPC). o Acolhimento da repercussão geral: Sendo reconhecida a repercussão geral, o relator no Supremo Tribunal Federal determinará a suspensão do processamento de todos os processos pendentes, individuais ou coletivos, que versem sobre a questão e tramitem no território nacional (art. 1.035, §5º). o Rejeição da repercussão geral: Negada a repercussão geral, o presidente ou o vice- presidente do tribunal de origem negará seguimento aos recursos extraordinários sobrestados na origem que versem sobre matéria idêntica (art. 1.035, §8º). o Prazo para julgamento: O recurso que tiver a repercussão geral reconhecida deverá ser julgado no prazo de 1 (um) ano e terá preferência sobre os demais feitos, ressalvados os que envolvam réu preso e os pedidos de habeas corpus (art. 1.035, §9º). o Súmula da decisão: A súmula da decisão sobre a repercussão geral constará de ata, que será publicada no diário oficial e valerá como acórdão (art. 1.035, §11º). RECURSO ESPECIAL • Base legal: art. 105, III, CF/88 e 1.029 a 1.041, CPC. • Finalidade: manter a autoridade e a unidade da lei federal. • Cabimento: causas julgadas por outros órgãos judiciais, em única ou última instância, nas hipóteses do art. 105, III, “a” a “c”, CF/88. • Hipóteses: a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência; b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal; c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal. • Pressuposto: Existência de questão federal controvertida que demanda solução pelo STJ. OBS.: 1. Não se suscitam nem se resolvem questões de fato (matéria própria da análise da prova) nem questões de direito local. 2. Se a controvérsia gira, não em torno da ocorrência do fato, mas da atribuição dos efeitos jurídicos que lhe correspondem, a questão é de direito, e, portanto, pode ser debatida no Rest. • Juízo de cassação e juízo de reexame: Ao julgar o mérito do recurso, o STJ não se restringe ao juízo de cassação, pois pode ir até o rejulgamento da causa (juízo de reexame). • Controle de constitucionalidade: Decorre do natural controle de constitucionalidade difuso confiado, pela Constituição, a todo juiz ou tribunal. Deste modo, o STJ, no cumprimento do art. 1.034 do CPC, ao aplicar o direito infraconstitucional ao julgamento do processo, naturalmente ocorrerá uma operação mental de controle da constitucionalidade, implicitamente ou não. PROCEDIMENTO (RExt e REsp) Via de regra, o procedimento para ambos é o mesmo. Distinções quanto a: a) Exigência de repercussão geral (no RExt). b) Peculiaridades das causas repetitivas (no REsp). • Requisitos da petição recursal: a) a exposição do fato e do direito; b) a demonstração do cabimento do recurso interposto; c) demonstração da repercussão geral; d) as razões do pedido de reforma ou de invalidação da decisão recorrida. • Ainda sobre a petição recursal: Art. 1.029 (...) §1º Quando o recurso fundar-se em dissídio jurisprudencial, o recorrente fará a prova da divergência com a certidão, cópia ou citação do repositório de jurisprudência, oficial ou credenciado, inclusive em mídia eletrônica, em que houver sido publicado o acórdão divergente, ou ainda com a reprodução de julgado disponível na rede mundial de computadores, com indicação da respectiva fonte, devendo-se, em qualquer caso, mencionar as circunstâncias que identifiquem ou assemelhem os casos confrontados. • Interposição: Mediante petição dirigida ao presidente ou vice-presidente do tribunal recorrido. • Instrumentalidade das formas: Poderá o STF ou STJ desconsiderar vício formal de recurso tempestivo ou determinar sua correção, desde que não o repute grave (art. 1.029, §3º). • Contrarrazões: 15 dias. • Recurso adesivo: Possível (art. 997, II). • Efeito devolutivo: É a regra (art. 995). • Efeito suspensivo: Possível (art. 1.029, §5º). • Concomitância de recurso extraordinário e recurso especial: a) Peças distintas (art. 1.029, caput). b) Prazo comum a interposição de ambos os recursos. c) Remessa dos autos ao STJ para julgamento. d) Critério da prejudicialidade (art. 1.031, §§ 1º, 2º e 3º). • Fungibilidade entre o REsp e o RExt: Art. 1.032. Se o relator, no Superior Tribunal de Justiça, entender que o recurso especial versa sobre questão constitucional, deverá conceder prazo de 15 (quinze) dias para que o recorrente demonstre a existência de repercussão geral e se manifeste sobre a questão constitucional. Parágrafo único. Cumprida a diligência de que trata o caput, o relator remeterá o recurso ao Supremo Tribunal Federal, que, em juízo de admissibilidade, poderá devolvê-lo ao Superior Tribunal de Justiça. • Fungibilidade entre o RExt e o REsp: Art. 1.033. Se o Supremo Tribunal Federal considerar como reflexa a ofensa à Constituição afirmada no recurso extraordinário, por pressupor a revisão da interpretação de lei federal ou de tratado, remetê-lo-á ao Superior Tribunal de Justiça para julgamento como recurso especial. • Juízo de admissibilidade: Há aqui o duplo juízo de admissibilidade, a começar pelo tribunal de origem e, se positivo, irá remeter o feito ao STF ou STJ, desde que: a) o recurso ainda não tenha sido submetido ao regime de repercussão geral ou de julgamento de recursos repetitivos; b) o recurso tenha sido selecionado como representativo da controvérsia; ou c) o tribunal recorrido tenha refutado o juízo de retratação. (vide art. 1.030, V, “a” a “c”). • Juízo negativo de admissibilidade: O art. 1.030 trata das hipóteses em que o presidente ou vice- presidente do tribunal recorrido deverá negar seguimento ao RExt ou REsp. Neste caso, ocorrerá a não admissibilidade quando: a) o RExt versar sobre questão constitucional a que o STF já recusou o reconhecimento de repercussão geral (art. 1.030, I, “a”, primeira parte); b) o RExt tenha sido interposto contra acórdão “que esteja em conformidade com entendimento do Supremo Tribunal Federal exarado no regime de repercussão geral” (art. 1.030, I, “a”, segunda parte); c) o RExt ou REsp for interposto contra acórdão que esteja em conformidade com entendimento do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, respectivamente, exarado no regime de julgamento de recursos repetitivos (art. 1.030, I, “b”). RECURSOS ESPECIAL E EXTRAORDINÁRIO REPETITIVOS • Consideraçõesiniciais: 1) Jurisprudencialização do direito (art. 926 a 928); 2) Combater o grande volume de recursos que se acumulam nos tribunais; 3) Busca por “segurança jurídica” e “isonomia”. • Tendência do CPC/15: a uniformização da interpretação e aplicação da lei. a) arts. 1.036 a 1.041: técnica de julgamento dos recursos extraordinário e especial repetitivos. b) arts. 976 a 987: incidente de demandas repetitivas. c) art. 947: incidente de assunção de competência. Segundo Humberto Theodoro, os dois primeiros nascem da pluralidade de processos sobre questão igual, caracterizando-se imediatamente pelo objetivo de evitar decisão contraditória; já o último se justifica pela repercussão social que o julgamento haverá de ter sobre a relevante questão de direito em discussão no processo. • Pressuposto: Causas repetitivas ou seriadas suscitadas via RExt ou REsp, vale dizer, quando se verificar (i) multiplicidade de recursos, (ii) com fundamento em idêntica questão de direito, os quais deixam de seguir o procedimento comum dos arts. 1.029 a 1.035, para observar o dos arts. 1.036 a 1.041 do CPC/15. • Afetação para julgamento: é a escolha de recursos paradigmas, cuja solução vinculará todos os demais atinentes à mesma questão (art. 1.036, caput). • Escolha dos recursos representativos: Seleção de 2 (dois) ou mais recursos representativos da controvérsia pelo presidente ou vice-presidente do TJ ou TRF, os quais serão encaminhados ao STF ou STJ para fins de afetação. Com isso, será determinada a suspensão do trâmite de todos os processos pendentes, individuais ou coletivos, que tramitem no Estado ou na região, conforme o caso (art. 1.036, §1º). • Exclusão do processo dos efeitos da decisão de sobrestamento: Requerimento a ser feito pelo interessado (recorrido), diretamente ao presidente ou vice-presidente, quando o recurso for intempestivo (art. 1.036, §2º). o Vista ao recorrente no prazo de 5 dias. o Decisão: (1) acolhimento, com a inadmissão do RExt ou REsp intempestivo; (ii) indeferimento, com o sobrestamento do recurso. • Seleção por tribunal superior: Também é possível, independentemente da iniciativa do presidente ou do vice-presidente do tribunal de origem (art. 1.036, §5º). • Critério de seleção do recurso como representativo de controvérsia constitucional ou infraconstitucional: Somente podem ser selecionados recursos admissíveis que contenham abrangente argumentação e discussão a respeito da questão a ser decidida (arts. 1.030, IV e 1.036, §6º). • Decisão de afetação: Constatada a hipótese de RExt ou REsp repetitivos, caberá ao relator do tribunal superior proferir decisão de afetação, na qual: I. identificará com precisão a questão a ser submetida a julgamento; II. determinará a suspensão do processamento de todos os processos pendentes, individuais ou coletivos, que versem sobre a questão; III. poderá requisitar aos presidentes ou aos vice- presidentes dos tribunais de justiça ou dos tribunais regionais federais a remessa de um recurso representativo da controvérsia. (vide art. 1.037) • Não ocorrência da afetação: Revogação da decisão de suspensão referida no art. 1.036, §1º (art. 1.037, §1º). • Prazo para julgamento dos recursos afetados: 1 (um) ano, salvo se se tratar de réu preso (art. 1.037, §4º). • Intimação das partes: As partes são comunicadas da suspensão de seu processo a ser proferida pelo respectivo juiz ou relator, quando informados da decisão a que se refere o inciso II do art. 1.037. • Distinção (distinguishing) : Revela a ausência de identidade entre a questão afetada e a discutida no recurso especial ou extraordinário suspenso. Desta forma, caberá à parte demonstrar as particularidades de seu caso e em que medida ele se distingue (quanto às questões fáticas e jurídicas) da matéria objeto do recurso afetado. “Art. 1.037 (...) § 9o Demonstrando distinção entre a questão a ser decidida no processo e aquela a ser julgada no recurso especial ou extraordinário afetado, a parte poderá requerer o prosseguimento do seu processo”. o Requerimento da distinção: A petição será dirigida I - ao juiz, se o processo sobrestado estiver em primeiro grau; II - ao relator, se o processo sobrestado estiver no tribunal de origem; III - ao relator do acórdão recorrido, se for sobrestado recurso especial ou recurso extraordinário no tribunal de origem; IV - ao relator, no tribunal superior, de recurso especial ou de recurso extraordinário cujo processamento houver sido sobrestado. o Vista à parte contrária: 5 dias. o Reconhecida a distinção: art. 1.037, §12 (regular prosseguimento do processo). o Recurso cabível contra a decisão que resolver o requerimento da distinção: a) agravo de instrumento, se o processo estiver em primeiro grau (art. 1.037, §13, I). b) agravo interno, se a decisão for de relator (art. 1.037, §13, II). • “Poderes” do relator: a) solicitar ou admitir manifestação de pessoas, órgãos ou entidades com interesse na controvérsia, considerando a relevância da matéria; b) fixar data para, em audiência pública, ouvir depoimentos de pessoas com experiência e conhecimento na matéria, com a finalidade de instruir o procedimento; c) requisitar informações aos tribunais inferiores a respeito da controvérsia e, cumprida a diligência, intimará o Ministério Público para manifestar-se. (vide art. 1.038) • Abrangência do acórdão: Mais amplo possível, abarcando todos os fundamentos da tese jurídica discutida (art. 1.038, § 3º). • Efeitos do acórdão nas causas repetitivas: a) Recursos sobrestados no STJ ou STF (art. 1.039, caput). b) Recursos sobrestados no tribunal de origem (art. 1.040, I e II). c) Processos sobrestados em primeira instância ou no tribunal de origem (art. 1.040, III). AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL OU EXTRAORDINÁRIO • Base legal: art. 994, VIII, e 1.042, CPC. • Cabimento: Contra decisão do presidente ou do vice- presidente do tribunal recorrido que inadmitir RExt ou REsp, salvo quando fundada na aplicação de entendimento firmado em regime de repercussão geral ou em julgamento de recursos repetitivos, pois aqui será o caso de agravo interno (art. 1.030, § 2º). • Interposição: Mediante petição dirigida ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal de origem, não dependendo do pagamento de custas e despesas postais (1.042, §2º). • Regime de repercussão geral e de recursos repetitivos: aplica-se à peça recursal, inclusive quanto à possibilidade de sobrestamento e do juízo de retratação (1.042, §2º). • Resposta para contraminuta: 15 dias. • Juízo de retratação: Possível. Não havendo retratação, remessa dos autos ao tribunal superior competente (1.042, §4º). • Julgamento conjunto do agravo com o RExt ou REsp: Possível, sendo assegurada a sustentação oral (1.042, §5º). • Interposição conjunta de RExt e REsp: o agravante deverá interpor um agravo para cada recurso não admitido, com remessa ao STJ. Critério da prejudicialidade (1.042, §§6º a 8º). EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA • Base legal: art. 994, IX, e 1.043 a 1.044, CPC. • Cabimento: Sempre que houver divergência de entendimento entre turmas ou outros órgão fracionários do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça. OBS.: A divergência pode se instalar sobre a aplicação tanto do direito material como do direito processual (art. 1.043, §5º). • Hipóteses de cabimento: a) Acórdão que, em RExt ou em REsp, divergir do julgamento de qualquer outro órgão do mesmo tribunal, sendo os acórdãos, embargadoe paradigma, de mérito (art. 1.043, I). b) Acórdão que, em RExt ou em REsp, divergir do julgamento de qualquer outro órgão do mesmo tribunal, sendo um acórdão de mérito e outro que não tenha conhecido do recurso, embora tenha apreciado a controvérsia (art. 1.043, III). • Objetivo: Uniformizar a jurisprudência e, por via reflexa, reduzir a interposição de recursos. • Prazo de interposição e de contrarrazões: 15 dias. • Interposição: Perante o relator do acórdão embargado, observando-se o regimento interno do respectivo tribunal. Deve o recorrente provar a divergência, na forma do art. 1.043, §4º. IV. PROCEDIMENTOS DOS RECURSOS NOS DOIS GRAUS DE JURISDIÇÃO V. PROCEDIMENTOS DOS RECURSOS PARA O SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA E SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL • Procedimento: Em cada recurso estudado, foram apresentadas as nuances procedimentais de cada um deles, valendo lembrar que o Regimento Interno do respectivo Tribunal também regulamentam a sua tramitação. OBS.: Atenção para o art. 229, que trata do prazo em dobro para litisconsortes com procuradores distintos, salvo processo em autos eletrônicos. VI. A ORDEM DOS PROCESSOS NOS TRIBUNAIS E O JULGAMENTO DE INCIDENTES ORDEM DOS PROCESSOS NOS TRIBUNAIS • Protocolo: Registro no dia de sua entrada, cabendo à secretaria ordená-los, com imediata distribuição (art. 929). • Distribuição: Observância da alternatividade, do sorteio eletrônico e da publicidade (art. 930, caput). • Prevenção: O primeiro recurso interposto torna prevento o relator para eventual recurso subsequente no mesmo processo ou em caso conexo (art. 930, parágrafo único). • Conclusão ao relator: Prazo de 30 dias para elaboração do voto e retorno à secretaria (art. 930). • Atribuições do relator (art. 932): I - dirigir e ordenar o processo no tribunal, inclusive em relação à produção de prova, bem como, quando for o caso, homologar autocomposição das partes; II - apreciar o pedido de tutela provisória nos recursos e nos processos de competência originária do tribunal; III - não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha impugnado especificamente os fundamentos da decisão recorrida; IV - negar provimento a recurso que for contrário a: a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal; b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; V - depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar provimento ao recurso se a decisão recorrida for contrária a: a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal; b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; VI - decidir o incidente de desconsideração da personalidade jurídica, quando este for instaurado originariamente perante o tribunal; VII - determinar a intimação do Ministério Público, quando for o caso; VIII - exercer outras atribuições estabelecidas no regimento interno do tribunal. OBS.: Possibilidade de correção de vício ou complementação de documentação exigível (art. 930, parágrafo único). • Ocorrência de fato superveniente à decisão recorrida ou a existência de questão apreciável de ofício: Manifestação das partes pelo prazo de 5 dias (art. 933). • Designação do julgamento: art. 934 e 935. • Ordem de julgamento: 1º) aqueles nos quais houver sustentação oral; 2º) os requerimentos de preferência apresentados até o início da sessão de julgamento; 3º) aqueles cujo julgamento tenha iniciado em sessão anterior; 4º) os demais casos. • Sustentação oral: Depois da exposição da causa pelo relator, o presidente dará a palavra, sucessivamente, ao recorrente, ao recorrido e, nos casos de sua intervenção, ao membro do Ministério Público, pelo prazo improrrogável de 15 (quinze) minutos para cada (art. 937). • Sustentação oral por videoconferência: Possível, nos termos do art. 937, §4º. • Julgamento de questão preliminar: decidida antes do mérito, deste não se conhecendo caso seja incompatível com a decisão (art. 938). Se rejeitada ou se a apreciação do mérito for com ela compatível, seguirão a discussão e o julgamento da matéria principal (art. 939). • Vício sanável: o relator determinará a realização ou a renovação do ato processual, no próprio tribunal ou em primeiro grau de jurisdição, intimadas as partes (art. 938, §1º) • Necessidade de produção probatória: o relator converterá o julgamento em diligência, que se realizará no tribunal ou em primeiro grau de jurisdição, decidindo-se o recurso após a conclusão da instrução (art. 938, §3º). • Pedido de vista: art. 940. • Julgamento: Depois de proferidos os votos, o presidente do tribunal anunciará o resultado do julgamento, designando para redigir o acórdão o relator ou, se vencido este, o autor do primeiro voto vencedor (art. 941). • Técnica de julgamento de acórdão não unânime: o Instituto semelhante ao extinto recurso de “embargos infringentes” (CPC/1973). o Art. 942, CPC/2015. o Cabimento: julgamento não unânime de apelação, ação rescisória e agravo de instrumento. o Pressuposto: possibilidade de inversão do resultado inicial, assegurado às partes e a eventuais terceiros o direito de sustentar oralmente suas razões perante os novos julgadores (art. 942, caput). o Prosseguimento do julgamento na próxima sessão, embora seja possível tal prosseguimento na mesma sessão, colhendo-se os votos de outros julgadores que porventura componham o órgão colegiado (art. 942, §1º). o Possibilidade de revisão dos votos daqueles julgadores que já tiverem votado (art. 942, §2º). o Não aplicabilidade desta técnica de julgamento: a) do incidente de assunção de competência e ao de resolução de demandas repetitivas; b) da remessa necessária; c) não unânime proferido, nos tribunais, pelo plenário ou pela corte especial. (art. 942, §4º) • Ementa: todo acórdão conterá ementa que sintetize a matéria decidida (art. 943, § 1º). • Redação da ementa: Com a valorização do sistema dos precedentes pelo CPC, o rigor técnico na elaboração da ementa é de grande significado, pois será a partir dela que se chegará a identificar os acórdãos existentes em torno da questão que interessa ao caso concreto deduzido em juízo. EMENTA: APELAÇÃO - DANOS MORAIS E MATERIAIS - ACIDENTE DE TRÂNSITO - SUBSTITUIÇÃO DO RITO SUMÁRIO PELO ORDINÁRIO - AUSÊNCIA DE PREJUÍZO - INÉPCIA DA INICIAL - CERCEAMENTO DE DEFESA - PRELIMINARES AFASTADAS - VALOR DA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - DEDUÇÃO DO DPVAT. Inexistindo prejuízo para a parte adversa, admissível é a conversão do rito sumário pelo ordinário, notadamente por ser o segundo mais amplo, propiciando maior dilação probatória. Atendidas as regras dos artigos 282 e 283 do CPC/1973, não há que se falar em inépcia da inicial. O magistrado é o destinatário da prova, devendo guardar adstrição ao seu livre convencimento, competindo-lhe determinar as provas úteis à instrução do feito, até mesmo ex officio, afastando as diligências que entender inúteis ou meramente protelatórias, sem que, com isso, incorra em cerceamento de defesa. Uma vez verificada que a indenização por danos morais fixada no caso concreto se ateve às circunstânciasfáticas necessárias, não é cabível a sua redução. O valor pago a título de DPVAT deve ser decotado do quantum indenizatório devido quando restar comprovado que a vítima recebeu o seguro obrigatório. (TJMG - Apelação Cível 1.0701.07.205639- 6/001, Relator(a): Des.(a) José Arthur Filho , 9ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 04/07/2017, publicação da súmula em 20/07/2017.) • Publicação do acórdão: lavrado o acórdão, a ementa será publicada no diário oficial no prazo de 10 dias (ar. 943). • Ordem de julgamento dos recursos: o agravo de instrumento será julgado antes da apelação interposta no mesmo processo. Caso ambos os recursos estejam na pauta para julgamento na mesma sessão, o agravo de instrumento será julgamento primeiramente (art. 946). INCIDENTE DE ASSUNÇÃO DE COMPETÊNCIA • Cabimento: cabível quando o julgamento de recurso, de remessa necessária ou de processo de competência originária envolver relevante questão de direito, com grande repercussão social, sem repetição em múltiplos processos (art. 947). • Iniciativa: O relator, de ofício ou a requerimento da parte, do Ministério Público ou da Defensoria Pública, poderá suscitar o incidente, propondo que o processo seja julgado pelo órgão colegiado indicado pelo regimento interno do Tribunal (art. 947, caput e § 1º). • Objetivo: provocar órgão colegiado maior a assumir o julgamento, em determinadas circunstâncias, de causa que normalmente seria de competência de órgão fracionário menor do mesmo tribunal. Uniformizar a jurisprudência! • Julgamento pelo órgão colegiado maior do Tribunal: Se justifica exatamente em razão da relevância e a repercussão social da questão de direito envolvida, bem como a potencialidade de gerar (ou a já existente) divergência entre as câmaras ou turmas do tribunal que justificam e até mesmo impõem a sua análise por um colegiado maior. • Julgamento por todos os Tribunais: Possibilidade. • Pressupostos: a) o processo, para justificar o incidente, deverá encontrar-se em estágio de julgamento em curso, de sorte que, se o resultado já foi proclamado, não haverá mais possibilidade de instaurar-se o incidente; b) a divergência não pode ser entre posições de juízes e tribunais diversos, haverá de ser apenas entre órgãos do próprio tribunal; c) o incidente ocorre sobre questão que não se repete ainda em múltiplos processos. • Fases do procedimento: 1ª) o relator delibera, de ofício ou a requerimento, sobre o cabimento e a conveniência da submissão da causa ao julgamento do órgão regimentalmente encarregado da uniformização da jurisprudência do tribunal (art. 947, § 1º). 2ª) remessa dos autos ao órgão maior, a quem caberá a decisão sobre a ocorrência ou não do interesse público na assunção de competência proposta (art. 947, § 2º). OBS.: Não havendo reconhecimento do interesse público na assunção de competência, o processo retornará ao órgão fracionário primitivo. Reconhecido interesse público, o colegiado ad quem julgará o recurso, a remessa necessária ou o processo de competência originária, de onde surgiu o incidente (art. 947, § 2º). • Efeitos da decisão: O acórdão proferido em assunção de competência vinculará todos os juízes e órgãos fracionários, exceto se houver revisão de tese (art. 947, §3º). INCIDENTE DE ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE • Controle de constitucionalidade: Tem por objetivo principal examinar e garantir a concretização das condições procedimentais da gênese democrática do Direito. O Tribunais Constitucionais devem preocupar-se com a regularidade do processo legislativo e operar a revisão constitucional, se for o caso. • Controle concentrado: Visa promover o controle de constitucionalidade de leis e atos normativos de modo concentrado (sistema reservado). Segundo Gilmar Mendes, no Brasil pode ser caracterizado pela “originalidade e diversidade de instrumentos processuais destinados à fiscalização da constitucionalidade dos atos do poder público e à proteção dos direitos fundamentais”. • Rol de legitimados para propor ADin e ADC (art. 103, CB/88): I - o Presidente da República; II - a Mesa do Senado Federal; III - a Mesa da Câmara dos Deputados; IV - a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal; V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal; VI - o Procurador-Geral da República; VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; VIII - partido político com representação no Congresso Nacional; IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional. • Controle difuso: É assim nomeado por autorizar a qualquer órgão do Judiciário, monocrático ou colegiado, em qualquer grau de jurisdição, efetivamente exercer a chamada Jurisdição Constitucional Ordinária. O controle difuso aproxima a Jurisdição Constitucional e a sociedade. Tem o condão de incrementar o exercício da cidadania, robustecendo a noção de democracia. • Incidente de arguição de inconstitucionalidade: Cabível quando, em controle difuso, for arguida a inconstitucionalidade de lei ou de ato normativo do poder público (art. 948, CPC). • O que diz a Constituição de 88? “Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público.” • Iniciativa da arguição: Partes, assistentes e Ministério Público (como parte ou custos legis). Possível também que o incidente seja suscitado ex officio pelo relator ou outros juízes do tribunal que julgarão a causa principal. • Momento da arguição: Por se tratar de questão de direito e não passível de preclusão, a inconstitucionalidade pode ser arguida a qualquer momento do processo. • Procedimento: 1) o relator, após ouvir o Ministério Público e as partes, submeterá a questão à turma ou à câmara à qual competir o conhecimento do processo (art. 948). 2) Se a arguição for rejeitada, prosseguirá o julgamento (art. 949, I) – Decisão irrecorrível. 3) Se a arguição for acolhida, a questão será submetida ao plenário do tribunal ou ao seu órgão especial, se houver (art. 949, II). 4) Se o STF ou o plenário / órgão especial do Tribunal já tiverem se pronunciado sobre a matéria, os órgãos fracionários não farão a remessa do incidente (art. 949, § único). 5) Designação da sessão de julgamento (art. 950, caput). 6) Possibilidade de manifestação da pessoa jurídica de direito público responsável pela edição do ato questionado (art. 950, §1º). 7) Manifestação dos legitimados para ADin e ADC (art. 103, CB/88) e amicus curiae (art. 950, §§ 2º e 3º). • Afinidade procedimental entre a assunção de competência e a arguição de inconstitucionalidade: o julgamento da matéria de ambos é direcionado ao órgão superior, a fim de conferir força vinculativa. No entanto, enquanto na arguição de inconstitucionalidade o órgão colegiado analisará somente a tese que fundamenta a controvérsia, sem imiscuir-se nas especificidades do caso concreto, na assunção de competência o objeto do julgamento será a própria lide levada a conhecimento ao Poder Judiciário. INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS • Cabimento: O IRDR será cabível quando houver, simultaneamente, (I) efetiva repetição de processos que contenham controvérsia sobre a mesma questão unicamente de direito e (II) risco de ofensa à isonomia e à segurança jurídica (art. 976). • Julgamento por todos os Tribunais: Possível. • Duplo objetivo: racionalizar o tratamento judicial das causas repetitivas (arts.976; 980 a 984) e formar precedente de observância obrigatória (art. 985). • Força vinculante: Embora o acórdão que resolve o IRDR não faça coisa julgada material (o que se opera em cada caso), há aqui força vinculativa erga omnes, fazendo com que haja a sua aplicação uniforme a todos os casos similares. • Distinção das ações coletivas: As ações coletivas são propostas por um único substituto processual em busca de um provimento de mérito único que tutele os direitos subjetivos individuais homogêneos de todos os interessados substituídos. Já no IRDR, não há reunião das ações já propostas ou por propor, cuja resolução será individual, mas tomando como base a tese de direito de aplicação comum em todas as causas em que haja debate da mesma questão de direito. • Conteúdo do julgamento do IRDR: O Tribunal não decide a lide (o caso concreto), eis que, ao solucionar demandas repetitivas, irá apreciar, na verdade, questões jurídicas repetitivas (matéria de direito), embora deva a tese de direito ser contextualizada no plano fático-jurídico, o que só se alcançará se do acórdão vinculante constar a identificação da causa de pedir presente nas diversas demandas repetitivas. OBS.: 1) O acórdão proferido no incidente em exame deve gerar um padrão decisório para todos os casos similares terá de avaliar a questão-tipo, de forma obrigatoriamente contextualizada. Só assim se permitirá a exata compreensão jurídica da tese fixada no IRDR. 2) Não há súmula, mas um acórdão que contempla teses jurídicas firmadas no julgamento padrão (art. 979, §2º). • Observância obrigatória pelos juízes e tribunais: Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão: I - as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade; II - os enunciados de súmula vinculante; III - os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos; IV - os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria constitucional e do Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional; V - a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados. • Vedação de decisão surpresa e dever de fundamentação no IRDR: arts. 10 e 489, §1º. • Alteração de tese jurídica adotada em IRDR: o Audiências públicas (art. 927, §2º); o Modulação do efeitos – interesse social e segurança jurídica (art. 927, §3º); o Dever de fundamentação na decisão modificativa (art. 927, §4º). • Organização e indexação das decisões vinculantes: Os precedentes devem ser organizados por questão jurídica decidida e divulgados preferencialmente pela Internet (art. 927, §5º). E, além de fixar teses a respeito de questões repetitivas, deverão os tribunais identificar o seu objeto corretamente, ou seja, devem ser conjuntamente evidenciados o contexto fático em que a decisão foi prolatada e a interpretação dada ao ordenamento. • Desistência ou o abandono do processo: não impede o exame de mérito do incidente (art. 976, §1º). • Intervenção do MP: Se não for o requerente, o Ministério Público intervirá obrigatoriamente no incidente e deverá assumir sua titularidade em caso de desistência ou de abandono (art. 976, §2º). • Não cabimento do IRDR: quando um dos tribunais superiores já tiver afetado recurso para definição de tese sobre questão jurídica repetitiva (art. 976, §4º). • Competência, iniciativa e documentos: Art. 977. O pedido de instauração do incidente será dirigido ao presidente de tribunal: I - pelo juiz ou relator, por ofício; II - pelas partes, por petição; III - pelo Ministério Público ou pela Defensoria Pública, por petição. Parágrafo único. O ofício ou a petição será instruído com os documentos necessários à demonstração do preenchimento dos pressupostos para a instauração do incidente. • Divulgação e publicidade: A mais ampla possível, por meio de registro eletrônico no CNJ (art. 979, §§ 1º a 3º): o Banco de dados dos tribunais com atualização constante e imediata junto ao CNJ; o O registro eletrônico das teses jurídicas constantes do cadastro conterá, no mínimo, os fundamentos determinantes da decisão e os dispositivos normativos a ela relacionados. o Regra aplicável ao julgamento de recursos repetitivos e da repercussão geral em recurso extraordinário. • Julgamento: O incidente será processado e julgado pelo órgão indicado pelo regimento interno do tribunal, em cuja competência está a uniformização da jurisprudência (art. 978). • Prazo para julgamento: 1 (um) ano e terá preferência sobre os demais feitos, ressalvados os que envolvam réu preso e os pedidos de habeas corpus (art. 980). • Superado o prazo previsto pela lei: cessa a suspensão dos processos prevista no art. 982, I. • Juízo de admissibilidade: feito pelo órgão colegiado competente (art. 981). Exame do atendimento dos pressupostos do art. 976. • Atribuições do relator: Admitido o incidente, o relator: a) suspenderá os processos pendentes, individuais ou coletivos, que tramitam no Estado ou na região; b) poderá requisitar informações a órgãos em cujo juízo tramita processo no qual se discute o objeto do incidente, que as prestarão no prazo de 15 dias; c) intimará o Ministério Público. (art. 982). • Suspensão dos processos pendentes: o Deverá ser comunicada a todos os órgãos jurisdicionais (art. 982, §1º). o Caso haja pedido de tutela de urgência durante a suspensão, deverá ser dirigido ao juízo onde tramita o processo suspenso (art. 982, §2º). o Suspensão dos processos individuais e coletivos no território nacional pelo STF ou STJ (art. 982, §§ 3º e 4º). o No caso da hipótese anterior, cessa a suspensão se não for interposto recurso especial ou recurso extraordinário contra a decisão proferida no incidente (art. 982, §5º). • Contraditório: Art. 983. O relator ouvirá as partes e os demais interessados, inclusive pessoas, órgãos e entidades com interesse na controvérsia, que, no prazo comum de 15 (quinze) dias, poderão requerer a juntada de documentos, bem como as diligências necessárias para a elucidação da questão de direito controvertida, e, em seguida, manifestar-se-á o Ministério Público, no mesmo prazo. • Audiência pública: Possibilidade de depoimentos de pessoas com experiência e conhecimento na matéria (art. 983, 1º). • Pedido de dia: Concluídas as diligências, o relator solicitará dia para o julgamento do incidente (art. 983, 2º). • Ordem do julgamento: (1º) o relator faz a exposição do objeto do incidente; (2º) sustentação oral, no prazo de 30 minutos para autor e réu (ambos do processo originário), MP e demais interessados (art. 984). • Conteúdo do acórdão: deverá abranger a análise de todos os fundamentos suscitados concernentes à tese jurídica discutida, sejam favoráveis ou contrários (art. 984, §2º). • Âmbito da força vinculante da decisão: a) a todos os processos individuais ou coletivos que versem sobre idêntica questão de direito e que tramitem na área de jurisdição do respectivo tribunal, inclusive àqueles que tramitem nos juizados especiais do respectivo Estado ou região; b) aos casos futuros que versem idêntica questão de direito e que venham a tramitar no território de competência do tribunal (art. 985). • RExt ou REsp contra julgamento de mérito do IRDR: Possível, inclusive com efeito suspensivo, presumindo-se a repercussão geral da questão constitucional discutida. Ademais, a tese adotada pelo STF ou STJ será aplicada no território nacional a todos os processos que versem sobre idêntica questãode direito (art. 987, §§1º e 2º). • Inobservância da tese adotada no incidente: caberá reclamação (art. 985, 1º). • Revisão da tese jurídica: Será feita pelo mesmo tribunal, de ofício ou mediante requerimento do MP ou Defensoria Pública (art. 986). • Diferença entre o IRDR e o incidente de assunção de competência: Ambos visam à formação de precedente vinculante. No entanto, o incidente de assunção de competência tem papel preventivo, já que se aplica antes de configurado o dissídio jurisprudencial. Baseia-se na relevância da questão de direito e na grande repercussão social que sua solução possa acarretar. Já o incidente de resolução de demandas repetitivas supõe a existência de múltiplos processos que repetem a mesma questão de direito, em curso em primeiro e segundo grau, o que justificaria a uniformização da tese de direito (necessária porque já se estabeleceram entendimentos conflitantes). Exceção.: art. 947, § 4º (quando a divergência atual se achar instalada entre processos já julgados entre câmaras ou turmas do próprio tribunal). RECLAMAÇÃO • Base legal: Arts. 102, I, “l”, e 105, I, “f ”, da CF/88 e art. 988 a 993, CPC/15. • Natureza jurídica: Não é considerado “recurso”, mas pode produzir efeitos análogos. A doutrina a qualifica como “ação”. É, pois, o instituto processual cabível para denunciar ao tribunal atos ou decisões ofensivos à sua competência ou à autoridade de suas decisões. • Cabimento e legitimação: Segundo o art. 988 do CPC, Caberá reclamação da parte interessada ou do Ministério Público para: I. preservar a competência do tribunal; II. garantir a autoridade das decisões do tribunal; III. garantir a observância de enunciado de súmula vinculante e de decisão do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade; IV. garantir a observância de acórdão proferido em julgamento de incidente de resolução de demandas repetitivas ou de incidente de assunção de competência. • Competência: A reclamação pode ser proposta perante qualquer tribunal, e seu julgamento compete ao órgão jurisdicional cuja competência se busca preservar ou cuja autoridade se pretenda garantir (art. 988, §1º). • Petição: Dirigida ao presidente do tribunal e instruída com prova documental (art. 988, §2º). • Inadmissibilidade da reclamação: Segundo o art. 988, §5º, a reclamação não será admitida quando: a) proposta após o trânsito em julgado da decisão reclamada; b) proposta para garantir a observância de acórdão de recurso extraordinário com repercussão geral reconhecida ou de acórdão proferido em julgamento de recursos extraordinário ou especial repetitivos, quando não esgotadas as instâncias ordinárias. • Atribuições do relator: Segundo o art. 989, o relator: a) requisitará informações da autoridade a quem for imputada a prática do ato impugnado, que as prestará no prazo de 10 (dez) dias; b) se necessário, ordenará a suspensão do processo ou do ato impugnado para evitar dano irreparável; c) determinará a citação do beneficiário da decisão impugnada, que terá prazo de 15 (quinze) dias para apresentar a sua contestação. • Impugnação por terceiro: Possível (art. 990). • Intervenção do MP: Como custos legis, pelo prazo de 5 dias (art. 991). • Julgamento: Se procedente a reclamação, o tribunal cassará a decisão exorbitante de seu julgado ou determinará a realização das medidas adequadas à solução da controvérsia (art. 992). • Acórdão: O julgamento gera efeitos imediatos, antes mesmo da publicação do acórdão (art. 993). VII. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA E PROCESSO DE EXECUÇÃO • Noções gerais: Finalidade jurissatisfativa, não continuativa É procedimento de direito já acertado, não de direito pretendido (conhecimento). Para título judicial e extrajudicial. • Conceito: A execução consiste no procedimento (estrutura normativa previamente definida em lei) iniciado pelo interessado com a finalidade de satisfazer uma obrigação previamente acertada, sem razão de uma decisão transitada em julgado, seja em razão de uma obrigação constante de uma cártula. • Cumprimento de sentença (arts. 513 a 538) 1. abolição da ação autônoma de execução de sentença; 2. sincretismo processual; 3. caráter incidental do procedimento executivo, pós sentença. • Execução de título extrajudicial (arts. 771 a 925) É POSSÍVEL COGITAR UMA EXECUÇÃO PROCESSUALIZADA? • Princípios atinentes à execução: a) Princípio da menor onerosidade (a execução deve ser realizada do modo menos gravoso ao devedor); b) Princípio da dignidade da pessoa humana (direito fundamental); c) Princípio da patrimonialidade (a execução deve recair sobre os bens do executado); d) Princípio da disponibilidade (os atos executivos estão à disposição do exequente, que pode dispor ou desistir da execução como um todo ou apenas de alguns atos executivos); e) Princípio da nulla executio sine titulo (toda execução deve ser sustentada por um título executivo – judicial ou extrajudicial); f) Princípio da responsabilidade pela execução (responsabilidade do exequente pela atividade executiva). • Execução e devido processo: O devido processo representa uma disciplina principiológica constitucional estruturadora do procedimento, sendo que é pelo devido processo que se alcança o melhor resultado para a solução dos conflitos intersubjetivos, diante de argumentos que consubstanciarão a construção da decisão judicial pelas partes e juiz. • Impossibilidade de dispensa do devido processo na execução: O devido processo deve estar presente em todo e qualquer procedimento, eis que a Constituição é clara ao afirmar que ninguém será privado de seus bens sem o devido processo (art. 5º, LIV), do que por óbvio não exclui o procedimento executivo. • Execução e garantias constitucionais: A Constituição não faz distinções procedimentais no que se refere ao asseguramento da observância dos princípios institutivos do processo (contraditório, isonomia e ampla defesa), restando claro que possuem incidência imprescindível no processo de execução. • Execução e contraditório: O executado deve ser informado acerca de todos os atos a serem praticados no procedimento executivo, garantindo-lhe o espaço temporal adequado para reação, que pode até influenciar na decisão a ser prolatada, apesar de vários autores afirmarem que a execução se desenvolve unilateralmente. Contraditório como base para a construção procedimental-jurisdicional da execução. Contraditório como condição de validade e eficácia do procedimento executivo. Contraditório como meio de exigência de democratização do espaço procedimental. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA • Base legal: Arts. 513 a 538 • Regra geral: Basicamente, o cumprimento de sentença seguirá regras gerais no CPC/2015, observando-se, no entanto, certas peculiaridades conforme a natureza da obrigação. • Início do cumprimento de sentença: A requerimento do exequente (art. 513, §1º). • Intimação do executado: Na pessoa do seu procurador (Diário Oficial, carta, meio eletrônico ou editalício), conf. art. 513, §2º. • Presunção de intimação: Na hipótese em que o devedor mude de endereço sem prévia comunicação ao juízo (art. 513, §3º). • Intimação pessoal do executado: Na hipótese de o requerimento do cumprimento de sentença ocorrer após um ano do trânsito em julgado da sentença (art. 513, §4º). • Fiador, coobrigado ou corresponsável: Não poderão figurar no polo passivo
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