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MALIGNOS CARCINOMA ESPINOCELULAR Localizado, quase sempre, no lábio inferior. Inicia- se como queilite actínica crônica (Figura 89.8), ocor- rendo posteriormente infiltração; a lesão desenvolvida é pápulo-nodular, nódulo-ulcerosa ou vegetante. As vezes, tem aspecto verrucoso. Quando a diagnose é precoce, a exérese cirúrgica possibilita boa prognose. No lábio inferior, há uma drenagem linfática abun- dante e ocorrem metástases nos linfonodos subman- dibulares. O carcinoma do lábio superior é raro mas, quando ocorre, é mais grave, com metástases mais precoces nos linfonodos pré-auriculares. F1G. 89.8. Queilite actínica. Erosão e queratose. À histopatologia, verificou-se carcinoma espinocelular superficialmente invasivo. F1G. 89.9. Afta major. Grandes úlceras na mucosa labial. AFECÇÕES DOS L ÁB IOS E DA MUCOSA ORAL DOENÇAS E AFECÇÕES DA CAVIDADE ORAL DERMATOSES COM LOCALI ZAÇÃO ORAL AFTA Doença recorrente caracterizada por surtos de ul- cerações de tamanho e número variáveis, poupando, em geral, as áreas queratinizadas de mucosa. As le- sões surgem espontaneamente, podendo ser desenca- deadas por estresse emocional ou pequenos traumas (patergia) . Pode haver um período prodrômico, com disestesia e posterior eritema, que dura, em média, 3 a 4 dias. A lesão fundamental é ulceração rasa ou pro- funda, de halo eritematoso e centro necrótico amare- lo acinzentado, variando de um a vários milímetros de diâmetro, bastante dolorosa, resolvendo com ou sem cicatriz, de acordo com a profundidade. Podem atingir toda a mucosa oral, sendo mais freqüentes na borda da língua e sulcos gengivo-labiais. Classifi.ca- se clinicamente em afta minor com lesões pequenas, superficiais e em pequeno número, afta major - doen- ça de Sutton - periadenite necrótica recorrente com lesões nódulo-ulcerativas profundas de difícil cicatri- zação espontânea) (Figura 89.9) e afta herpetiforme com lesões pequenas, agrupadas, subentrantes (Figura 89.10). Casos intensos podem ser acompanhados de ulcerações genitais e de manifestações gerais como febre, artralgia, eritema nodoso e púsrulas cutâneas (aftose complexa) . A doença de Behçet é quadro sis- témico recorrente e grave que associa, em diferentes F1G. 89. 1 o. Afta herpetiforme. Múltiplas ulcerações agrupadas no assoalho bucal. 1343 1344 DERMATOLOGIA graus, aftas orais e genitais, uveíte, vasculite cutânea e do sistema nervoso central. A afta pode acometer o indivíduo por muitos anos, não devendo ser confun- dida com lesão aftóide esporádica, em geral pós-trau- mática, comum em indivíduos jovens. É doença de causa não esclarecida, admitindo- se atualmente fatores imunológicos locais e sistêmi- cos pela freqüente associação com AIDS, doença de C rohn, doença de Behçet e pioderma gangrenoso. Fatores locais são importantes, pois a afta é rara em fumantes, pela queratinização reacional da mucosa. A afta pode evoluir por muitos anos. O exame histopatológico mostra uma úlcera com inflamação aguda e crônica. As lesões da afta minor, involuem em média em dez dias e não deixam cicatriz, ao contrário da afta major, periadenite necrótica recorrente, que chega a perdurar por um mês e deixa cicatriz. A afta deve ser diferenciada da lesão aftóide, ulce- ração da mucosa, esporádica, em geral pós-traumática e única, comum em indivíduos jovens, que pode ser recorrente, porém sem a repetição constante dos sur- tos, que caracteriza a afta verdadeira. TRATAM E N TO Depende da intensidade dos sintomas. Os cáus- ticos que, destruindo as terminações nervosas locais, diminuem a dor, são, atualmente, contra-indicados, visto que provocam aumento da úlcera, demora maior na cicatrização e maior possibilidade de infecção se- cundária. Q uando já instalada, bochechos com tetra- ciclina podem abreviar a duração e são geralmente associados a anti-histamínicos locais pelo efeito anes- tésico discreto que podem ter. O ideal é a prevenção da infecção que prolonga o surto, através de boche- chos com solução à base de clorhexedina a 2%. Os demais colutórios devem ser usados com cuidado, por serem mais sensibilizantes e menos efetivos como anti-sépticos. Na fase prodrômica, pode ser usado o corticóide em base adesiva (Omcilon orabase®), porém, já, na úlcera aberta, tal veículo, por ser muito áspero, pode ser muito doloroso para aplicação, sendo prefe- ridos os bochechos com corticóides (xaropes diluídos em água ou puros). Tratamento sistémico: Q uando o tamanho das le- sões e a freqüência dos surtos justificar, instituir o tratamen to sistêmico. A primeira opção é a solução de corticóide por via oral, em bochechos, 3-4 vezes por dia conjuntamente com solução de micostatina. Outra terapia é a dapsona (100 mg/dia), por períodos prolongados, de três a seis meses, com diminuição da dose após dois a três meses. A talidomida ( 100 mg/ dia), quando possível, é a terapia mais eficaz para as formas resistentes de afta. Outras opções são a colchi- cina (0,5-2 mg/dia) e a pentoxifilina (400 mg, três vezes por dia). LÍQUEN PLANO Avalia-se que de todos os casos da doença, 1/3 seja somente cutâneo, 1/3 seja cutâneo-mucoso e 1/3 so- mente mucoso. O líquen plano cutâneo ocorre em geral por surtos autolimitados e nisso diverge do lí- quen plano mucoso, que é crônico. Na mucosa oral as lesões podem assumir diversas apresentações, sendo em geral bilaterais e simétricas. Na forma pápulo-que- ratótica observam-se pápulas opalinas esbranquiçadas isoladas ou confluentes com aspecto reticulado arbo- riforme; é forma assintomática. Na forma eritêmato- atrófica ocorre, em associação com as pápulas, áreas de atrofia m ucosa e despapilação lingual; pode haver ardor bucal principalmente ao contato com alimentos. O líquen plano erosivo é forma bastante sintomática onde ocorrem erosões brilhantes bem demarcadas, cir- cundadas por lesões brancas típicas (Figura 89.11). É freqüente a associação com lesões cutân eas. O líquen plano atrófico-erosivo da gengiva é parte da síndrome de gengivite descamatíva. A diagnose diferencial é feita com outras lesões brancas (leucoplasia, sífilis, candi- dose) ou erosivas (lúpus eritematoso, farmacodermias, doenças bolhosas). PRURIGO ACTÍNICO Fotodermatose rara em nosso meio, é mais comum em países andinos e M éxico. Caracteriza-se por le- sões cutâneas intensamente pruriginosas localizadas nas áreas expostas à luz. Q ueilite exuberante é quase sempre observada (Figura 89.12). O tratamento com a talidomida é eficaz. PÊNFIGO VULGAR Na maioria dos doentes o quadro inicia-se na ca- vidade oral com bolhas flácidas que logo se rompem deixando erosões que se disseminam pela mucosa, cau- sando grande desconforto. O sinal de Nikolsky é cons- tante. Comprometimento gengival é freqüente, com lesões que persistem mesmo após o controle do restante do quadro. Eventualmente, a doença permanece locali- zada somente na mucosa retardando a diagnose. F1G. 89. 1 1. Líquen plano erosivo. Erosões na mucosa jugal. PENFIGÓIDE DAS MEMBRANAS MUCOSAS Também conhecido como penfigóide cicatricial, representa um grupo de afecções predominantemen- te mucosas (às vezes mucocutâneas) onde há auco- imunidade contra diversos antígenos da membrana basal. Acredita-se que o grau de comprometimento e a extensão possam ser relacionados com o antígeno envolvido em cada caso. Inicialmente observam-se AFECÇÕES DOS L Á BIOS E DA M UCOSA ORAL F1G. 89. 1 2. Prurigo actínico. Queilite extensa. Notar lesão no dorso do nariz. bolhas mucosas tensas que se rompem em erosões, localizadas preferencialmente nas gengivas, mucosa jugal e palato; o quadro tende a ser mais localiza- do que no pênfigo. Outras mucosas podem estar comprometidas como a esofágica, genital e ocular. A doença pode evoluir com sinéquias cicatriciais