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Parte 16 Sinopses regionais

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ALOPECIAS 
ALOPECIA ANDROGENÉTICA FEMININA 
É relativamente freqüente. Difere da masculina 
por ser difusa e não determinar alopecia total fronto-
parietal. 
ALOPECIA ANDROGENÉTICA 
MASCULINA 
Apresenta-se em vários graus de intensidade, con-
soante fatores genéticos e androgênicos. 
ALOPECIA AREATA 
Caracteriza-se por placa de alopecia, única ou 
múltipla. A área é lisa e brilhante. Quando existem 
várias placas, estas podem confluir formando extensas 
áreas de alopecia. Pode haver perda total de cabelos 
(alopecia total) e também comprometimento de todos 
os pelos do corpo (alopecia universal). 
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AFECÇÕES DO 
COURO CABELUDO 
ALOPECIAS CICATR ICIAIS 
Sugerem noxas químicas, físicas, mecânicas e infec-
ciosas. Entre as afecções, a pseudopelada de Brocq, lí-
quen plano e lúpus eritematoso discóide. Este apresen-
ta-se com placa eritêmato-escamosa atrófica cicatricial. 
ALOPECIAS CONGÊNITAS OU 
HEREDITÁRIAS 
Apresentam-se como manifestação exclusiva ou as-
sociadas com outras alterações. 
EFLÚVIO ANÁGENO 
É a perda súbita, em algumas semanas, de grande 
quantidade de cabelos anágenos ou anágeno-distrófi-
cos, que podem apresentar-se fraturados. É encontra-
do após doenças graves, infecciosas ou não-infecciosas, 
e procedimentos cirúrgicos demorados. Atualmente, é 
freqüente após quimioterapia antineoplásica ou trata-
mentos radioterápicos. 
1332 
DERMATOLOGIA 
EFLÚVIO TELÓGENO 
A perda de cabelos em fase telógena é freqüente. 
Numerosas noxas, como emagrecimento, distúrbios 
emocionais, drogas, doenças infecciosas ou não-infec-
ciosas, p rocedimentos cirúrgicos, podem aumentar a 
proporção de cabelos telógenos. Freqüente é o eflúvio 
telógeno pós-parto (alopecia post-parmm). 
No secundarismo da sífilis, podem surgir faixas ir-
regulares de alopecia (alopecia em clareira) localizadas 
principalmente nas regiões parietais e temporais. Em 
geral, existem outros sinais de lues secundária, como 
placas mucosas e polimicroadenopatia. 
ALOPEC!A M UC! NOSA 
Caracteriza-se por placa infiltrada com alopecia. 
Pode ser manifestação única ou de linfoma. 
ALOPECIA TONSURANTE 
Além da área alopécica, encontra-se tonsura dos ca-
belos e descamação. O grau de inflamação é variável, 
de acordo com o fungo responsável. Com a cura, há 
restitutio ad integrum, exceto na tinha favosa, quando 
ocorre alopecia definitiva. É comum em crianças, mas 
observada em adultos. Em todo o caso clínico suspei-
to, deve ser feito o exame rnicológico. 
ALOPECIA POR TRICOTILOMANIA 
Áreas de alopecia devidas ao arrancamento de ca-
belos. É encontrada em crianças e em adultos, parti-
cularmente mulheres, com distúrbios obsessivo-com-
pulsivos. Os cabelos arrancados ou em torno das áreas 
de alopecia são anágenos. 
AFECÇÕES ECZEMATOSAS 
ECZEMA DE CONTATO 
Ocorre por sensibilização a substâncias aplicadas 
no couro cabeludo, como tinturas, .fixadores e outras. 
O quadro é eczematoso, variável, mais evidente na 
borda. 
NEURODERM!TE OU LÍQUEN SIMPLES 
Apresenta-se como placa, em geral única, liqueni-
ficada, atingindo a região occipital e a nuca. 
AFECÇÕES ERITÊMATO-
ESCAMOSAS 
DERMATITE SEBORRÉ!CA 
Caracteriza-se por quadro eritêmato-escamoso, di-
fuso ou em áreas com margens imprecisas. Pode haver 
prurido. Em geral, há lesões de dermatite seborréica 
em outras localizações. 
PSORÍASE 
Em geral, apresenta-se em placas entemato-esca-
mosas, bem definidas, porém, pode ser difusa. Um 
aspecto sugestivo é o comprometimento da orla do 
couro cabeludo. A presença de lesões em omras loca-
lizações confirma a diagnose. 
SEBORÍASE 
É uma forma de passagem ou associação de der-
matite seborréica e psoríase. Há placas eritêmaro-es-
camosas no couro cabeludo e eritêmato-descamativas 
em áreas intertriginosas ou seborréicas. 
Eventualmente, pode ser impossível a distinção 
entre lesão incipiente de dermatite seborréica e pso-
ríase no couro cabeludo. 
CISTO TR IQUILEMAL OU PILAR 
Erroneamente denominado cisto sebáceo, origina-
se da membrana externa da raiz do pêlo, no istmo 
folicular, onde há a queratinização chamada triquile-
mal, sem formação de querato-hialina. Não há parti-
cipação da glândula sebácea, sendo o cisto constituído 
por células queratinizadas, triquilemais. 
Geralmente múltiplo, raramente único, apresen-
ta-se com formações globosas, firmes ou flutuantes. 
Habitualmente assintomáticos, tornam-se dolorosos e 
aumentam de volume quando infectados. Cerca de 
90% dos cistos triquilemais ocorrem no couro ca-
beludo, encontrando-se, muitas vezes, predisposição 
familiar. 
ESCLERODERMIA EM FAJXA 
Em geral, é uma lesão bem delimitada, atrófi.ca, li-
near, atingindo a região frontal e parietal. É chamada 
sclerodermie en coup de sabre. 
MELANOSE SOLAR - QUERATOSE 
SOLAR 
Em indivíduos calvos, a exposição à radiação solar 
causa lesões na área de alopecia. São castanho-parda-
centas (melanose solar) ou queratósicas com escamas 
aderentes (queratose solar). Coexistem com lesões si-
milares na face, orelhas e dorso das mãos. 
PEDICULOSE 
Há queixa de prurido e encontram-se escoriações. 
Ao exame, são observadas as lêndeas, esbranquiçadas, 
firmemente aderidas aos cabelos. Excepcionalmente, 
com procura minuciosa,. podem-se encontrar os pio-
AFECÇÕES DO COURO CABELUDO 
lhos adultos. É importante pensar nesta parasitose, 
particularmente em crianças. 
PRURIDO DO COURO CABELUDO 
É encontrado particularmente em idosos, ca-
racterizado pelo prurido que induz à coçadura. 
Ao exame, observam-se escoriações, xerodermia 
e, eventualmente, descamação discreta e pápulas 
foliculares. Como nas outras formas de prurido 
localizado (prurido anogenital, prurido da orelha 
externa), há um componente psicossomático im-
portante. Este quadro também é observado em 
mulheres que fizeram cirurgia plástica com excisão 
no couro cabeludo. 
1333 
- , AFECÇOES DAS PALPEBRAS 
- , E REGIAO ORBITARIA 
A pele das pálpebras é muito fina, possibilitando 
infecções, dermatites por irritantes primários ou sen-
sibilizantes, que podem ser a manifestação primeira 
ou exclusiva nas pálpebras. Outra característica é a 
conjuntiva que reveste a face interna das pálpebras e 
o globo ocular, causando relacionamento entre afec-
ções destas estruturas. As afecções que atingem as mu-
cosas comprometem, em geral, as mucosas ocular e 
palpebral. Síndromes congênitas ou hereditárias com 
alterações da pele, pêlos e unhas comumente apresen-
tam alterações oculares. O subcutâneo lasso e a parede 
orbitária possibilitam o acúmulo de líquido com o 
aparecimento de edema nas pálpebras por noxas tópi-
cas ou doenças sistêmicas com o desenvolvimento de 
infecções como a erisipela. As afecções mais comuns 
das pálpebras e região orbitária são referidas sintetica-
mente a seguir, com descrições detalhadas nos respec-
tivos capítulos. 
ALOPECIA AREATA 
A perda de sobrancelhas e cílios é observada na 
alopecia areata total ou universal. Pode ser encontrada 
em formas localizadas nas sobrancelhas ou nos cílios, 
sendo, excepcionalmente, manifestação isolada. 
BLEFARITE 
É uma inflamação nas pálpebras em que o pro-
cesso inflamatório localiza-se nos folículos pilosos e 
glândulas sebáceas - blefarite cíliar. 
BLEFARITE SEBORRÉI CA 
A blefarite seborréica ou eczematosa crônica é uma 
manifestação isolada da dermatite seborréica ou pode 
estar associada a outros sinais da dermatite seborréi-
ca. É caracterizada pela inflamação ciliar e escamas 
graxentas. 
CISTO DE RETENÇÃO 
Surge na borda, geralmente único, por retenção 
sudoral. O tratamento é a incisão para drenagem. 
DERMATITE ATÓPICA 
O comprometimento da pálpebra e região orbirária 
é comum. Importante sinal da dermatite atópica é a do-
bra infta-orbital de Dennie-Morgan. O sinal de Hertoghe 
1336 
DERMATOLOGIA
é a rarefação da extremidade lateral das sobrancelhas. 
Pode ocorrer uma queratoconjuntivite, com as con-
juntivas apresentando-se avermelhadas e edemaciadas, 
com fotofobia. A catarata é rara, em torno de 5% dos 
atópicos, especialmente em adolescentes. 
DERMATITE DE CONTATO 
As pálpebras são sede freqüente de dermatite de 
contato por medicamentos usados em tópicos oftal-
mológicos, como antibióticos, midriáticos e outros. 
Outras causas são os cosméticos palpebrais, faciais e 
esmaltes, devendo-se acrescentar que qualquer agente 
transportado pelas mãos pode causar uma dermatite 
de contato nas pálpebras, que foram definidas como 
antenas para contatantes. 
DERMATOMIOSITE 
O edema palpebral e periorbitário é muito suges-
tivo da dermatomiosite, acompanhado do eritema fa-
cial ( eritema heliotrópico). 
HANSENÍASE 
Na forma multibacilar lepromatosa, podem ocor-
rer infiltração e nódulos na região orbitária, poden-
do haver comprometimento ocular. É característica a 
madarose superciliar (queda das sobrancelhas, que co-
meça no terço externo). Na forma paucibacilar mber-
culóide, pode ocorrer localização na região orbitária, 
com perda de cílios e sobrancelhas. 
HERPES SIMPLES 
A infecção ocular pelo vírus do herpes simples é 
freqüente e importante, podendo conduzir à perda da 
visão. Pode ser encontrada no recém-nascido pela con-
taminação por herpes genital materno. É também en-
contrada como a primo-infecção herpética (conjuntivi-
te-queratite) ou como herpes recidivante. O tratamento 
tópico deve ser feico por oftalmologista e a droga eletiva 
por via sistêmica é o aciclovir ou derivados. 
HERPES ZOSTER 
O comprometimento do ramo oftálmico do 
quinto par (trigêmeo) pelo vírus do herpes zosrer 
pode atingir as pálpebras, conjuntivas córnea e úvea. 
O tratamento tópico deve ser orientado por oftal-
mologista e o tratamento sistêmico é com aciclovir 
ou derivados. 
HORDÉOLO 
O hordéolo, terçol ou meibomite é uma infecção 
estafilocócica, localizada, purulenta, de uma ou mais 
glândulas sebáceas (meibomianas ou zeisianas). Pode 
ser externo, quando está na margem palpebral da pele, 
ou interno, quando o processo inflamatório está na 
porção conjuntiva!. O tratamento é a pequena incisão 
para drenagem, antibióticos tópicos e sisrêmicos. 
MELANOSE PERIORBITAL 
A hiperpigmentação da região periorbital, conhecida 
como olheiras, é relativamente comum, particularmente 
em mulheres morenas. É caráter constitucional. 
MILIUM 
São pápulas minúsculas e esbranquiçadas de 1-3 
mm de tamanho. São ciscos epidérmicos que podem 
ser facilmente retirados com uma pequena incisão e 
espremedura. 
NECRÓLISE EPIDÉRMICA 
TÓXICA 
O comprometimento ocular pode ocorrer nas formas 
graves com uma conjuntivice purulenta com eventual 
formação de cicatrizes na conj.untiva e lesões da córnea. 
PENFIGÓIDE CICATRICIAL 
O penfigóide cicatricial, penfigóide das mucosas, 
cem uma evolução crônica, comprometendo as muco-
sas, sendo freqüente a localização na mucosa ocular, 
ocasionando simbléfaro podendo levar à cegueira. 
PÊNFIGO VULGAR 
As lesões bolhosas surgem nas mucosas e na pele, 
sendo eventualmente encontradas nas pálpebras. 
P I EBALDISMO 
A despigmentação pode atingir as pálpebras, deter-
minando poliose dos cílios e sobrancelhas. 
PSOR ÍASE 
Lesões nas pálpebras são encontradas raramente na 
psoríase. Pode ser localização única. Eventualmente, 
ocorre comprometimento das conjunrivas e vascula-
rização córnea. 
ROSÁCEA 
Em torno de 50% dos casos de rosácea, há com-
prometimento ocular. Este pode ser apenas blefarite 
ou uma irritação conjuntiva!. Eventualmente, há en-
volvimento córneo com distúrbio da visão. 
SARCOI DOSE 
Em cerca de 25% dos casos de sarcoidose, há com-
prometimento ocular, desde pápulas miliares amare-
ladas na conjuntiva palpebral até lesões da córnea, 
uveíte e coriorretm1te. 
SÍNDROME DE 
STEVENS-JOHNSON 
É característica da síndrome o início pelas muco-
sas, com comprometimento da mucosa ocular, bucal e 
geni tal, posteriormente surgindo as lesões cutâneas. 
AFECÇÕES DAS P Á L PEB RAS E R EG I Ã O 0 RB ITÁR IA 
S ÍNDROME DE V OGT-K OYANAG I 
Quadro raro caracterizado pelas manchas vitili-
góides, poliose ciliar, alopecia, hipoacusia, uveítes e, 
eventualm ente, descoramento da retina. 
S I R INGOMA PER I ORBITAL 
O siringoma ou hidradenoma é quadro comum 
nas pálpebras inferiores, caracterizado por pápulas 
de 1-5 mm de tamanho, cor da pele ou ligeiramen-
te mais claras. O tratamento é a eletrocirurgia. H á 
uma forma disseminada de siringoma (hidradenoma 
eruptivo), que ocorre mais em mulheres, em que são 
encontradas lesões no pescoço, tórax e abdome. 
VIT I L I GO 
Lesões acrômicas são freqüentes na região orbitá-
ria, porém não há comprometimento ocular. 
X ANTELASMA 
São xantomas planos, lesões amareladas, ligeira-
mente elevadas, localizadas nas partes internas das 
pálpebras. O tratamento eletivo é com ácido tricloro-
acético (50-70%), devendo ser sempre feita a determi-
nação de colesterol, triglicérides e lípides. 
1337 
89 
AFECÇÕES DOS LÁBIOS 
E DA MUCOSA ORAL 
O exame dos lábios, cavidade e mucosa oral é 
parte do exame dermatológico. Há alterações pró-
prias das mucosas, manifestações orais de deunatoses 
e manifestações mucosas de doenças sistémicas. As ca-
racterísticas histológicas e anatômicas da mucosa oral 
dão às lesões aspectos muitas vezes diversos dos de 
quando acometem a pele, devendo o dermatologista 
estar familiarizado com sua apresentação. 
AFECÇÕES DOS LÁBIOS 
Os lábios compreendem a pele dos lábios, o ver-
melhão e a mucosa labial. O vermelhão apresenta ca-
racterísticas morfológicas próprias como a ausência de 
anexos cutâneos e intensa vascularização, sendo área 
propensa a apresentar diversas alterações patológicas. 
GRÂNULOS DE FORDYCE 
São pequenas pápulas-manchas amareladas no 
vermelhão dos lábios, freqüentemente alinhadas pró-
xima a pele, em geral no lábio superior. São glân-
dulas sebáceas eccópicas, desembocando diretamente 
na superfície do epitélio, comuns após a puberdade. 
São assinromáticos (Figura 89.1), e não necessitam 
tratamento. 
ORIFÍCIOS LABIAIS 
São malformações congenuas caracterizadas por 
pequenas depressões nas comissuras labiais ou no lá-
bio inferior. Podem infectar-se. 
HERPES SIMPLES 
Apresenta-se como vesículas que se agrupam como 
aspecto de buquê e rompem-se deixando superfície 
exulcerada. Com caráter recidivante localiza-se em 
geral nos lábios. 
SÍFILIS 
Quanto ao cancro duro, a localização nos lábios 
segue-se em freqüência à genital. É lesão ulcerosa, 
indolor, de bordas endurecidas. Invariavelmente, é 
acompanhada de adenice satélite bem evidente. No 
secundarismo, como manifestação precoce, podem 
aparecer pápulas achatadas, tendendo a vegetação, si-
tuadas simetricamente nas comissuras labiais; são os 
chamados condilomas planos. A poliadenopatia cer-
vical é característica. 
F 1G. 89. t. Grânulos de Fordyce. Múltiplas lesões assintomáticas 
no lábio superior. 
1340 
DERMATOLOGIA 
VERRUGA VULGAR 
Quando localizada no lábio, assume, em geral a 
forma filiforme. É freqüente por auto-inoculação em 
crianças com verrugas nos dedos da mão. O tratamen-
to é a eletrocoagulação. 
QUEILITES 
Termo genérico, significando inflamação do lábio, 
que engloba numerosas afecções. 
QUEILITE ACTÍNICA 
A forma aguda ocorre após eventuais expos1çoes 
prolongadas ao sol, caracterizando-se por eritema, 
edema, vesículas, crostas e descamação. Involui em 
poucos dias, cessada a exposição. A forma crônica é 
observada principalmente em indivíduos de pele clara, 
que passaram grandes períodos expostos ao sol, por 
exemplo, esporcisras, pescadores, agricultores, etc. No 
início, é monossintomática apresentando descamação 
discreta.
Ocorre em nosso meio, predominantemente 
após os 50 anos, afetando, em mais de 95% das vezes, 
só o lábio inferior. A chamada queilite plasmocitária 
é, provável variante clínica em que ocorre infiltrado 
plasmocitário. 
Evoluindo o quadro, podem ser observadas, crostas 
e exulceração e leucoqueratose, sinais que não agra-
vam a prognose. Ao contrário, a infiltração, a atrofia 
e a perda de nitidez da linha de transição, entre o 
vermelhão do lábio e a pele, indicam maior risco de 
presença de carcinoma, devendo essas lesões ser sem-
pre biopsiadas (Figura 89.2) . Em aproximadamente 
F1G. 
0
89.2. Queilite actínica. Atrofia e áreas de queratose 
no lábio inferior. 
20% dos casos, evolui para carcinoma espinocelular. É 
comparável à queratose actinica da pele, que também 
pode evoluir para carcinoma espinocelular, só que no 
lábio isso ocorre com maior freqüência e o tumor tem 
maior chance de metastatização do que na pele. 
Nos casos iniciais sem atipia, o tratamento é feito 
com fotoprotetores labiais e, eventualmente, pomada 
de corcicóide. 
Quando, histologicamente, há atipia leve ou mode-
rada, pode ser feito tratamento com eletrocoagulação, 
nitrogênio líquido ou laser de C02. Quando houver 
atipia acentuada, principalmente em indivíduos de 
menos de 55 anos, deve ser feito o tratamento cirúr-
gico mais radical, que é a vermelhectomia. N ão se 
indica excisão em cunha, já que o carcinoma pode ser 
multifocal, o que gera a necessidade do tratamento de 
todo o lábio. 
QUEILITE ANGULAR 
A queilite angular, comissurite labial ou perleche, 
apresenta-se como interrrigo nos cantos dos lábios 
(Figura 89.3). É decorrente do acúmulo de saliva, 
principalmente em indivíduos idosos que usam próte-
ses antigas ou mal adaptadas, pela "queda" dos cantos 
da boca. Esta é devida à reabsorção óssea dos rebordos 
alveolares, o que leva à diminuição da distância en-
tre o maxilar superior e a mandíbula, (diminuição da 
dimensão vertical). A saliva depositada pode irritar a 
pele e, freqüentemente, sofrer contaminação por Can-
dida albicans. Existe tendência a relacionar a queilite 
angular à carência de vitaminas, principalmente do 
complexo B, diabetes e deficiência de ferro. São con-
dições excepcionais que somente devem ser cogitadas 
quando existem dados clínicos indicativos. 
F 1G. 89.3. Queilite angular. Eritema e maceração nas comissuras. 
A queilite angular é observada nos doentes HIV+ 
e na terapia por retinóides principalmente pela iso-
tretinoína. 
O tratamento da perleche é feito com pomadas ou 
cremes de antibióticos e imidazólicos, além da causa 
dentária ou óssea quando presente. 
QUEJLITE DE CONTATO 
Ocorrem: a forma aguda, com edema, eritema e 
vesículas, e a forma crônica, na qual existem desca-
mação e fissuras. Os agentes mais comuns são batons, 
medicações tópicas aplicadas nos lábios, dentifrícios, 
alguns alimentos, frutas cítricas e objetos ou instru-
mentos levados à boca. Ocorre também a dermatite 
de contato por irritaçã~ primária pela própria saliva, 
em doentes mentais, crianças que usam chupeta ou 
adultos com o hábito de molhar freqüentemente os 
lábios com a língua. 
QUEIL!TE ESFOLIATlVA- QUEILOFAGJA 
Caracteriza-se por descamação e formação de fis-
suras, hemorragias e escamo-crostas e pode persistir 
por meses ou anos. Difere da queilite de contato pela 
evolução e da queilite actínica, porque atinge lábios 
superior e inferior. É decorrente de distúrbios emo-
cionais (queilofagia) ou, eventualmente, à atopia. O 
tratamento é feito com corticóide tópico na forma de 
pomada, que protege melhor o lábio da saliva. Pelo 
ardor, o doente tende a piorar o quadro, molhando o 
lábio com a língua com freqüência. Imprescindível o 
tratamento da dermatocompulsão. 
A dermatite perioral dos neuropatas é quadro de ir-
ritação por saliva que se estende além do limite labial, 
ocorrendo em doentes mentais. 
Q UEIUTE GLANDULAR 
É afecção causada por hipertrofia e inRamação se-
cundária de glândulas salivares heterotópicas dos lá-
bios. Surge na infância e adolescência, podendo ser 
malformação congênita ou haver transmissão genética. 
Na forma não-inflamatória, há aumento do lábio, no-
tando-se orifícios puntiformes, onde, pela expressão, 
elimina-se saliva. Na forma com inRamação (queilite 
de Volkmann), a- tumefação do lábio é maior, a su-
perfície é recoberta por crostas e há surtos de agrava-
mento caracterizados por dor e edema inflamatório. 
O tratamento é cirúrgico. Nos surtos inflamatórios, 
antibiótico (Figura 89.4). 
AFECÇÕES DOS LÁB IOS E DA M UCOSA ORAL 
QUEILITE GRANULOMATOSA 
Caracteriza-se pela tumefação dos lábios. O qua-
dro se inicia com surtos recidivantes de edema labial 
tornando-se posteriormente crônico com macroquei-
lia. Pode haver comprometimento da face, mucosa 
oral e gengivas. A histopatologia mostra inicialmente 
edema e, em lesões bem estabelecidas, inflamação gra-
n ulomatosa. Pode ser isolada ou associada a outros 
achados clínicos ou doenças sistêmicas. A síndrome de 
Melkersson-Rosenthal é a associação de queilite granu-
lomatosa com língua fissurada/geográfica e paralisia 
facial. Pode também estar associada a sarcoidose e 
doença de Crohn, constituindo uma constelação de-
nominada granulomatose orofacial. O curso é crônico; 
o tratamento consiste na infiluação intralesional de 
corticóides associados ou não a drogas como antiin-
flamatórios, sulfona e clofazimina. 
QUElLITE MEDICAMENTOSA 
Várias drogas podem acometer o lábio ocorrendo 
quadros diversos como a erupção fixa medicamento-
sa (Figura 89.S), eritema polimorfo. Eletivamente, 
os retinóides orais, como isotretinóina e acitretina, 
causam ressecamento e descamação labial, que são 
os primeiros efeitos colaterais destes medicamentos. 
Eventualmente intensa, melhora com a diminuição da 
dose do retinóide. O quadro desaparece com a inter-
rupção do retinóide. O tratamento é com contínua 
lubrificação da mucosa labial e aplicação da pomada 
de dexpantenol. 
F 1G. 89.4. Queilite glandular. Macroqueilia e eliminação 
de saliva espessa. 
1341 
1342 
DE R MATOL OG IA 
F1G. 89.s. Erupção fixa medicamentosa. Mácula hípercrômíca no 
lábio. Uso de sulfa. 
F1G. 89.6. Mucocele. Tumoração translúcida na mucosa labial. 
F1G. 89.7. Granuloma piogênico. Pápula vínhosa brilhante no 
lábio inferior. 
QUEILITES EM DERMATOSES 
N umerosas dermatoses acometem o lábio, como 
parte de um quadro disseminado ou, eventualmente, 
como manifestação isolada. Possibilitam muitas vezes 
a diagnose. Exemplos são o lúpus eritematoso, pên-
figo vulgar, líquen plano, psoríase, prurigo actínico, 
eritema polimorfo. 
TUMORES BENIGNOS 
MUCOCELE OU CISTO MUCOSO 
É tumoração cística e translúcida, localizada na su-
perfície interna do lábio inferior. Resulta da obstrução 
de canais de glândulas mucosas. O tratamento simples 
e efetivo é a excisão seguida da espremedura, que eli-
mina substância viscosa mucóide (Figura 89.6). Em 
seguida, eletrocoagulação da cavidade. A cicatrização 
ocorre em uma ou duas semanas. 
ECTASIA VENOS A 
Também denominada lago venoso, é uma lesão de 
cor violácea, assintomática, devido a uma vênula dilata-
da. Não há proliferação vascular. Ocorre, em geral, no 
lábio inferior de idosos, sendo desencadeada por trau-
mas crônicos ou fotoexposição. O tratamento mais sim-
ples e efetivo é a eletrocoagulação. Pode ser usado laser 
ou nitrogênio líquido. Não há indicação para exérese. 
GRANULOMA PIOGÊNICO 
Tumoração angiomatosa vegetante e friável que, 
em geral, surge após traumas em qualquer área do 
tegumento. O lábio e a mucosa oral são localizações 
comuns (Figura 89.7). 
LENTIGOS, NEVUS MELANOCÍTICOS 
Podem localizar-se nos lábios e mucosa oral. A 
chamada mácula melanótica labial é lesão lentiginosa 
circunscrita bastante comum no lábio inferior. 
TUMORES
MALIGNOS 
CARCINOMA ESPINOCELULAR 
Localizado, quase sempre, no lábio inferior. Inicia-
se como queilite actínica crônica (Figura 89.8), ocor-
rendo posteriormente infiltração; a lesão desenvolvida 
é pápulo-nodular, nódulo-ulcerosa ou vegetante. As 
vezes, tem aspecto verrucoso. Quando a diagnose é 
precoce, a exérese cirúrgica possibilita boa prognose. 
No lábio inferior, há uma drenagem linfática abun-
dante e ocorrem metástases nos linfonodos subman-
dibulares. O carcinoma do lábio superior é raro mas, 
quando ocorre, é mais grave, com metástases mais 
precoces nos linfonodos pré-auriculares. 
F1G. 89.8. Queilite actínica. Erosão e queratose. À histopatologia, 
verificou-se carcinoma espinocelular superficialmente invasivo. 
F1G. 89.9. Afta major. Grandes úlceras na mucosa labial. 
AFECÇÕES DOS L ÁB IOS E DA MUCOSA ORAL 
DOENÇAS E AFECÇÕES DA 
CAVIDADE ORAL 
DERMATOSES COM 
LOCALI ZAÇÃO ORAL 
AFTA 
Doença recorrente caracterizada por surtos de ul-
cerações de tamanho e número variáveis, poupando, 
em geral, as áreas queratinizadas de mucosa. As le-
sões surgem espontaneamente, podendo ser desenca-
deadas por estresse emocional ou pequenos traumas 
(patergia) . Pode haver um período prodrômico, com 
disestesia e posterior eritema, que dura, em média, 3 
a 4 dias. A lesão fundamental é ulceração rasa ou pro-
funda, de halo eritematoso e centro necrótico amare-
lo acinzentado, variando de um a vários milímetros 
de diâmetro, bastante dolorosa, resolvendo com ou 
sem cicatriz, de acordo com a profundidade. Podem 
atingir toda a mucosa oral, sendo mais freqüentes na 
borda da língua e sulcos gengivo-labiais. Classifi.ca-
se clinicamente em afta minor com lesões pequenas, 
superficiais e em pequeno número, afta major - doen-
ça de Sutton - periadenite necrótica recorrente com 
lesões nódulo-ulcerativas profundas de difícil cicatri-
zação espontânea) (Figura 89.9) e afta herpetiforme 
com lesões pequenas, agrupadas, subentrantes (Figura 
89.10). Casos intensos podem ser acompanhados de 
ulcerações genitais e de manifestações gerais como 
febre, artralgia, eritema nodoso e púsrulas cutâneas 
(aftose complexa) . A doença de Behçet é quadro sis-
témico recorrente e grave que associa, em diferentes 
F1G. 89. 1 o. Afta herpetiforme. Múltiplas ulcerações agrupadas no 
assoalho bucal. 
1343 
1344 
DERMATOLOGIA 
graus, aftas orais e genitais, uveíte, vasculite cutânea 
e do sistema nervoso central. A afta pode acometer o 
indivíduo por muitos anos, não devendo ser confun-
dida com lesão aftóide esporádica, em geral pós-trau-
mática, comum em indivíduos jovens. 
É doença de causa não esclarecida, admitindo-
se atualmente fatores imunológicos locais e sistêmi-
cos pela freqüente associação com AIDS, doença 
de C rohn, doença de Behçet e pioderma gangrenoso. 
Fatores locais são importantes, pois a afta é rara em 
fumantes, pela queratinização reacional da mucosa. A 
afta pode evoluir por muitos anos. 
O exame histopatológico mostra uma úlcera com 
inflamação aguda e crônica. 
As lesões da afta minor, involuem em média em 
dez dias e não deixam cicatriz, ao contrário da afta 
major, periadenite necrótica recorrente, que chega a 
perdurar por um mês e deixa cicatriz. 
A afta deve ser diferenciada da lesão aftóide, ulce-
ração da mucosa, esporádica, em geral pós-traumática 
e única, comum em indivíduos jovens, que pode ser 
recorrente, porém sem a repetição constante dos sur-
tos, que caracteriza a afta verdadeira. 
TRATAM E N TO 
Depende da intensidade dos sintomas. Os cáus-
ticos que, destruindo as terminações nervosas locais, 
diminuem a dor, são, atualmente, contra-indicados, 
visto que provocam aumento da úlcera, demora maior 
na cicatrização e maior possibilidade de infecção se-
cundária. Q uando já instalada, bochechos com tetra-
ciclina podem abreviar a duração e são geralmente 
associados a anti-histamínicos locais pelo efeito anes-
tésico discreto que podem ter. O ideal é a prevenção 
da infecção que prolonga o surto, através de boche-
chos com solução à base de clorhexedina a 2%. Os 
demais colutórios devem ser usados com cuidado, 
por serem mais sensibilizantes e menos efetivos como 
anti-sépticos. Na fase prodrômica, pode ser usado o 
corticóide em base adesiva (Omcilon orabase®), porém, 
já, na úlcera aberta, tal veículo, por ser muito áspero, 
pode ser muito doloroso para aplicação, sendo prefe-
ridos os bochechos com corticóides (xaropes diluídos 
em água ou puros). 
Tratamento sistémico: Q uando o tamanho das le-
sões e a freqüência dos surtos justificar, instituir o 
tratamen to sistêmico. A primeira opção é a solução 
de corticóide por via oral, em bochechos, 3-4 vezes 
por dia conjuntamente com solução de micostatina. 
Outra terapia é a dapsona (100 mg/dia), por períodos 
prolongados, de três a seis meses, com diminuição da 
dose após dois a três meses. A talidomida ( 100 mg/ 
dia), quando possível, é a terapia mais eficaz para as 
formas resistentes de afta. Outras opções são a colchi-
cina (0,5-2 mg/dia) e a pentoxifilina (400 mg, três 
vezes por dia). 
LÍQUEN PLANO 
Avalia-se que de todos os casos da doença, 1/3 seja 
somente cutâneo, 1/3 seja cutâneo-mucoso e 1/3 so-
mente mucoso. O líquen plano cutâneo ocorre em 
geral por surtos autolimitados e nisso diverge do lí-
quen plano mucoso, que é crônico. Na mucosa oral 
as lesões podem assumir diversas apresentações, sendo 
em geral bilaterais e simétricas. Na forma pápulo-que-
ratótica observam-se pápulas opalinas esbranquiçadas 
isoladas ou confluentes com aspecto reticulado arbo-
riforme; é forma assintomática. Na forma eritêmato-
atrófica ocorre, em associação com as pápulas, áreas 
de atrofia m ucosa e despapilação lingual; pode haver 
ardor bucal principalmente ao contato com alimentos. 
O líquen plano erosivo é forma bastante sintomática 
onde ocorrem erosões brilhantes bem demarcadas, cir-
cundadas por lesões brancas típicas (Figura 89.11). É 
freqüente a associação com lesões cutân eas. O líquen 
plano atrófico-erosivo da gengiva é parte da síndrome 
de gengivite descamatíva. A diagnose diferencial é feita 
com outras lesões brancas (leucoplasia, sífilis, candi-
dose) ou erosivas (lúpus eritematoso, farmacodermias, 
doenças bolhosas). 
PRURIGO ACTÍNICO 
Fotodermatose rara em nosso meio, é mais comum 
em países andinos e M éxico. Caracteriza-se por le-
sões cutâneas intensamente pruriginosas localizadas 
nas áreas expostas à luz. Q ueilite exuberante é quase 
sempre observada (Figura 89.12). O tratamento com 
a talidomida é eficaz. 
PÊNFIGO VULGAR 
Na maioria dos doentes o quadro inicia-se na ca-
vidade oral com bolhas flácidas que logo se rompem 
deixando erosões que se disseminam pela mucosa, cau-
sando grande desconforto. O sinal de Nikolsky é cons-
tante. Comprometimento gengival é freqüente, com 
lesões que persistem mesmo após o controle do restante 
do quadro. Eventualmente, a doença permanece locali-
zada somente na mucosa retardando a diagnose. 
F1G. 89. 1 1. Líquen plano erosivo. Erosões na mucosa jugal. 
PENFIGÓIDE DAS MEMBRANAS MUCOSAS 
Também conhecido como penfigóide cicatricial, 
representa um grupo de afecções predominantemen-
te mucosas (às vezes mucocutâneas) onde há auco-
imunidade contra diversos antígenos da membrana 
basal. Acredita-se que o grau de comprometimento e 
a extensão possam ser relacionados com o antígeno 
envolvido em cada caso. Inicialmente observam-se 
AFECÇÕES DOS L Á BIOS E DA M UCOSA ORAL 
F1G. 89. 1 2. Prurigo actínico. Queilite extensa. 
Notar lesão no dorso do nariz. 
bolhas mucosas tensas que se rompem em erosões, 
localizadas preferencialmente nas gengivas, mucosa 
jugal e palato; o quadro tende a ser mais localiza-
do que no pênfigo. Outras mucosas podem estar 
comprometidas como a esofágica, genital e ocular. A 
doença pode evoluir com sinéquias cicatriciais
mca-
pacicantes. 
1345 
1346 
DERMA T O L OGIA 
PÊN FIGO, PENFIGÓIDE, 
LÍQUEN PLANO 
Podem se localizar exclusivamente nas gengivas, 
apresentando-se com eritema, erosão e descamação; 
é a chamada gengivite descamativa crônica (Figura 
89.13). Tais lesões têm aspecto semelhante e o escla-
recimento da diagnose necessita da histopatologia e 
imunofluorescência. 
OUTRAS DOENÇAS BOLHOSAS 
O comprometimento oral na dermacite herpetifor-
me, na dermatose bolhosa por IgA linear, na epider-
mólise bolhosa adquirida não ocorre na ausência de 
lesões cutâneas; sendo a diagnose em geral estabeleci-
da através do quadro cutâneo. 
ERITEMA F IXO POR DROGA 
Pode surgir acompanhado ou não de lesões cutâ-
neas. A localização mais comum é labial, mas pode 
ocorrer em qualquer localização, como mucosa ju-
gal e gengivas. Nesta 1Htima, deve ser distinguido da 
pigmentação racial ou consticucional. Tem coloração 
vermelho-arroxeada ou acastanhada, podendo haver 
formação de bolhas. 
ERITEMA POLIMORFO 
SÍNDROME D E STEVENS-JOHNSON 
NECRÓLISE E P IDÉRMICA T ÓXICA 
O comprometimento mucoso em geral acompa-
nha o quadro cutâneo. Pode haver eritema polimorfo 
mucoso exclusivo. As lesões orais apresentam-se con-
gestas, erosivas e com crostas hemorrágicas. 
REAÇÕES A QUIMIOTERÁPICOS 
As medicações antineoplásicas atuam no ciclo de 
divisão celular, assim sendo tecidos com grande ativi-
dade mitótica terão sua função alterada. Na mucosa 
oral podem ocorrer ulcerações extensas e intensamen-
te dolorosas. O utro mecanismo é a mielossupressão 
droga-induzida, favorecendo infecções orais como 
herpes simples e infecções piogênicas, além de he-
morragias. 
INFECÇÕES NA CAVIDADE ORAL 
CANDJDOSE ORAL 
É comum principalmente em lactentes, denomi-
nada sapinho, até o segundo mês de vida, por ima-
turidade imunológica. Ocorre também em idosos, 
usuários de prótese dentária e aidéticos. Outros fa-
tores predisponentes incluem corticoterapia e anti-
bioticoterapia de amplo espectro. O quadro clínico 
mais comum é a estomatite cremosa oral, onde se 
observam concreçóes esbranquiçadas destacáveis com 
a espátula (Figura 89.14). Outras manifestações in-
cluem a candidose ericematosa atrófica e a candido-
se hiperplásica. A condução dos casos de candidose 
oral exige a identificação e o afastamento do fator 
predisponente. 
HERPES S IMPLES 
A primo-infecção herpética manifesta-se por um 
quadro agudo e exuberante, em geral na infância. 
Aparecem ulcerações aftóides dolorosas múltiplas na 
mucosa queratinizada e gengivas, acompanhadas de 
febre, adenomegalia cervical, irritabilidade e mal-estar. 
O quadro dura de 1 O a 15 dias e tem involução es-
pontânea. As recidivas são precipitadas por diminuição 
temporária da imunidade e ocorrem, geralmente, na 
região labial, observando-se prurido ou dor local segui-
do do aparecimento de vesículas agrupadas sobre base 
eritêmato-edematosa; as lesões dessecam e cicatrizam 
após 7 a 1 O dias. Recidivas intra-orais são raras, ocor-
rendo, em geral, na mucosa aderida (Figura 89.15). 
F1G. 89. 1 3. Gengivite descamativa. Erosão e descamação gengival. 
Aspecto encontrado em várias doenças. 
FIG. 89. 14. Candidose oral. Placas esbranquiçadas 
desta caveis. 
INFECÇÃO FUSO-ESPIRILAR 
É infecção secundária por organismos fuso-espiri-
lares, saprófitas, da cavidade bucal. Ocorre como com-
plicação de doenças como eritema polimorfo, pênfigo 
vulgar, infecções viróticas, leucemias, agranulocitose 
ou outros quadros hematológicos. Caracteriza-se por 
placas eritêmato-acinzentadas, com forte odor. O tra-
tamento é feito com anti-sépticos ou antibióticos tó-
picos e penicilina ou cefalosporina, por via sistêmica. 
INFECÇÃO POR HIV 
Manifestações orais são bastante comuns podendo 
ocorrer em fases de dano imunológico ainda modera-
do, sendo, porém, mais comuns nas formas avança-
das. Compreendem: 
1. Candidose oral: Em fases avançadas da AIDS, pode 
progredir para o esôfago e vias respiratórias. 
2. Condíloma acuminado: Localização eventual, de 
difícil tratamento (Figura 89.16). 
3. Doença perídontal: Caracterizada por gengivites e 
periodontites. 
AFECÇÕES DOS LÁBIOS E DA MUCOSA ORAL 
F 1G. 89. 1 s. Herpes simples intra-oral. Quadro raro. 
Notar as vesículas na mucosa aderida (palato duro). 
4. Herpes simples: A infecção é crônica, extensa, com 
lesões ulcerosas, sem tendência a cicatrização es-
pontânea (Figura 89.17). 
5. Leucoplasia pílosa: Induzida pelo vírus de Eps-
tein-Baar, caracteriza-se por lesões brancas, dis-
postas verticalmente na lateral da língua (Figura 
89.18). É quadro assintomático, porém caracte-
rístico de imunossupressão grave. 
6. Sarcoma de Kaposí: Foi uma das manifestações ini-
cialmente descritas da AIDS. Ocorre em doentes 
gravemente comprometidos, único ou associado 
com outras lesões. São manchas eritêmato-vio-
láceas, que podem evoluir para lesões tumorais 
(Figura 89.19). 
LEISHMANIOSE TEGUMENTAR 
As lesões orais da forma cudneo-mucosa acometem 
principalmente o palato duro; são lesões úlcera-vege-
tantes grosseiramente granulosas e sulcadas; tais sulcos 
se entrecruzam na região mediana, formando a cha-
mada cruz de Escomel. Outras áreas acometidas são o 
lábio, pilar anterior e posterior, laringe, faringe e cordas 
vocais, com rouquidão característica. São lesões destru-
tivas que deixam seqüelas ulcerosas e cicatriciais. 
1347 
1348 
DERMATOLOG IA 
F1G. 89. 1 s. Verrugas virais. Condilomatose oral em doente 
imunocomprometido (AIDS). 
F1G. 89. 17. Herpes do imunocomprometido (AIDS). 
Grande úlcera no dorso lingual. 
F1G. 89.18 . Leucoplasia pilosa. Estriações brancas longitudinais 
na borda lingual. 
F 1G. 89. 19. Sarcoma de Kaposi. Tumoração vinhasa no palato. 
Observar lesões semelhantes na pele. 
PARACOCCI D!OIDOM !COSE 
As lesões orais são comuns e muito características, 
manifestando-se como ulcerações mucosas que apre-
senram fundo com delicado ponteado hemorrágico, é 
a chamada estomatite morifonne. Tais lesões podem 
ocorrer na gengiva (podendo ocasionar perda dentá-
ria), mucosa oral, língua e orofaringe. Macroqueilia 
é comum. Com o tratamento, pode ocorrer fibrose 
cicatricial com microstomia (Figura 89.20). 
SÍFILIS 
O protossifiloma oral é mais raro que o genital; 
pode ser labial, lingual ·ou orofaríngeo, manifesta-se 
por erosão de base infiltrada, não dolorosa, acompa-
nhada sempre de adenomegalia (Figura 89.21). As le-
sões orais são bastante freqüentes na sífilis secundária; 
o quadro é variado: lesões pápulo-erosivas acinzenta-
das (placas mucosas), despapilações linguais circuns-
critas (Figura 89.22), .fissuras linguais, lesões pápulo-
hipertróficas vegetantes (condiloma plano); são todas 
lesões altamente contagiantes. Lesões discretas podem 
passar despercebidas e serem importante fonte de con-
tágio. As lesões de sífilis terciária são úlceras e gomas 
destrutivas. 
F1G. 89.21. Cancro duro. Erosão única de base infiltrada na 
língua. Adenomegalia é sempre presente. 
AFECÇÕES DOS LÁB I OS E DA M UCOSA ORAL 
F 1G. 89.20. Paracoccidioidomicose. 
Microstomia cicatricial pós-tratamento. 
F 1G. 89.22. Sífilis secundária. Múltiplas áreas de despapilação 
lingual. Aspecto "res~ingado". 
1349 
1350 
DERMATOLOGIA 
DOENÇAS HEMATOLÓGICAS, 
IMUNOLÓGICAS, 
ENDOCRINOLÓGICAS E 
IDIOPÁTICAS 
DOENÇAS HEMATOLÓGJCAS 
Alterações na cavidade bucal ocorrem em doen-
ças hematológicas, podendo constituir manifestação 
inicial da anemia perniciosa, leucemias, policitemia, 
neutropenia cíclica e agranulocitose. 
Na anemia ferro priva, há queixa de secura na boca 
e, posteriormente, glossodínia. Uma forma mais grave 
de deficiência de ferro é a disfagia sideropênica ou 
síndrome de Plummer-Vinson, que se acompanha de 
alterações ungueais (coiloníquia), além da dificuldade 
de
deglutição, da língua seca, despapilada e brilhante, 
e palidez da mucosa. O quadro é mais freqüente em 
mulheres após os quarenta anos. 
COLAGENOSES 
As doenças do colágeno podem, também, apresen-
tar manifestações orais. Na esclerodermia sistêmica, 
além da palidez da mucosa, observa-se a microsto-
mia. Na dermatomiosite, as alterações são discretas, 
com eritema difuso e possibilidade de telangiectasia 
no palato. As alterações orais são mais evidentes no 
lúpus eritematoso. Pode ocorrer, na mucosa jugal, le-
são discóide, atrófi.ca, de borda por estriada e radiada 
(Figura 89.23). Esse tipo de lesão é mais comum na 
forma cutânea discóide da doença, mas pode ocorrer 
na sistêmica. Nessa última, o mais observado são as 
lesões palatinas. Quando localizada no lábio, a lesão 
discóide, em geral, ultrapassa o limite cutâneo do ver-
melhão. Nas formas mais graves, ou em fases de piora 
da doença, aparecem lesões purpúricas que evoluem 
com pequenas ulcerações que vão coalescendo, for-
mando lesões maiores. 
DOENÇAS ENDOCRINOLÓGICAS 
PELAGRA 
Toda a mucosa digestiva pode ser afetada. Em 
situações de hipocortisolismo crônico como na sín-
drome de Addisson, pode ocorrer pigmentação oral as-
sociada a pigmentação cutânea. 
DOENÇAS IDIOPÁTICAS 
Amíloídose sistémica: O comprometimento oral é 
característico, havendo macroglossia e equimoses (Fi-
gura 89.24). 
Granulomatose de Wegener: As lesões mucosas po-
dem ser necrotizantes e destrutivas, localizando-se em 
geral no palato. Lesões vegetantes e hemorrágicas que 
se iniciam nas papilas gengivais são rara, mas podem 
ocorrer inclusive com manifestação inicial (Figura 
89.25). 
Doença de Crohn: As lesões orais podem ocorrer 
como no rubo digestivo, podendo ser manifestação 
inicial. Mais comumente, são ulcerações aftóides. Le-
sões úlcero-vegetantes lineares ao longo do sulco vesti-
bular são características (Figura 89.26). Essas últimas 
mostram infiltrado granulomatoso à histopatologia. 
Híalinose cutâneo-mucosa e histiocitoses: Podem 
apresentar lesões orais. 
MANCHAS PIGMENTARES NA 
MUCOSA ORAL 
M ELANOSE CONSTITUCIONAL 
Freqüente em indivíduos negros e mulatos, ca-
racteriza-se por manchas acastanhada, pelo aumento 
da melanina nos lábios, gengivas e mucosa jugal. 
F1G. 89.23. Lúpus eritematoso. Lesões discóides no palato. 
MANCHAS EM DOENÇAS GENÉTICAS 
Na síndrome de Peutz-Jeghers, ocorre lentiginose 
labial, oral e acral associada à polipose intestinal; como 
complicações, podem ocorrer anemia, incussuscepção 
e até malignidade. D iagnose diferencial importante 
F 1G. 8 9.24. Amiloidose sistémica. Macroglossia e equimoses. 
Notar as impressões dentais na borda da língua. 
F1G. 89.26. Doença de Crohn. Lesão úlcera-vegetante no sulco 
vestibular. À histopatologia, observam-se granulomas. 
AFECÇÕES DOS L ÁBIOS E DA M UCOSA ORAL 
é com a síndrome de Laugier-Hunziker, que associa 
pigmentação labial, pigmentação ungueal e das polpas 
digitais; esta condição não tem nenhuma implicação 
sisrêmica (Figura 89.27). 
F ia . a9.2 5 . Granulomatose de Wegener. Lesão vegetante e 
hemorrágica na gengiva. Caso onde havia manifestação oral exclusiva. 
F1G. 8 9.27. Síndrome de Laugier-Hunziker. 
Pigmentação lentiginosa mucosa e acral. 
1351 
1352 
DERMATOLOGIA 
MANCHAS PIGMENTARES POR DROGAS 
Algumas medicações, quando utilizadas por longo 
tempo, podem causar pigmentação na pele e muco-
sas; como antimaláricos, amiodarona, minociclina, 
clopromazina e zidovudina. 
MANCHAS PIGMENTARES TRAUMÁTICAS 
Pigmentos podem ser inoculados acidental ou 
propositalmenre na mucosa; exemplo comum é a ta-
tuagem por amálgama, que ocorre próxima a restau-
rações dentárias. 
ALTERAÇÕES ORAIS NAS 
GENODERMATOSES 
Muitas genodermatoses apresentam alterações mu-
cosas características, inclusive sendo algumas significa-
tivas para a diagnose. 
DOENÇA DE OARIER 
Na mucosa oral há lesões papulosas, principalmen-
te no palato (Figura 89.28). 
F JG. 89.28. Doença de Darier. 
Pápulas queratósicas confluentes no palato. 
PAQUIONÍQUIA E 
DtSQUERATOSE CONGÊNITA 
São comuns as leucoqueratoses orais. Na disquera-
tose congênita há lesões leucoqueratóticas cancerizáveis 
na mucosa oral. 
EPIDERMÓLISES BOLHOSAS 
HEREDITÁRIAS 
O comprometimento oral é variq.do, desde bolhas 
e erosões superficiais até sinéquias orais e esofagianas. 
Comprometimento dentário de ~iversos graus é fre-
qüente. · 
N EVUS BRANCO ESPONJOSO 
Condição familiar de comprometimento oral ex-
clusivo. Ocorre espessamento de cor branco-acin-
zentada de toda a mucosa com aspecto enrugado e 
esponJOSO. 
SÍNDROME DOS MÚLTIPLOS 
HAMARTOMAS 
(SÍNDROME DE COWDEN) 
Autossômica dominante, ocorre por mutação em 
genes que controlam o crescimento tumoral. Na pele, 
aparecem diversos tipos de rumores epiteliais benignos, 
provavelmente induzidos por papilomavírus, além de 
hamartomas conjuntivo-vasculares. Na cavidade oral, 
há papilomatose lingual, gengival e mucosa (Figura 
89.29). Internamente, há pàlipose intestinal e grande 
incidência de neoplasias da tireóide e mamas. 
F1G. 89.29. Síndrome de Cowden. 
Papilomatose da língua e da gengiva. 
LESÕES ORAIS BRANCAS 
São importantes pela freqüência e diagnose com o 
carcinoma. São divididas em queratóticas, não desta-
cáveis ao atrito pelo examinador, e não-queratóticas, 
destacáveis ao atrito. 
LESÕES BRANCAS QUERATÓTICAS 
Leucoplasia, líquen plano, carcinoma verrucoso, 
queilite actínica, queratose do fumante, lúpus erite-
matoso, nevus branco esponjoso, genodermatoses. 
LESÕES BRANCAS NÃO QUERATÓTICAS 
Candidose, morsicatio buccarum (esfoliação mu-
cosa por mordedura crônica), linea alba (espessamen-
to mucoso linear correspondente à oclusão dental). 
TUMORES BENIGNOS DA 
MUCOSA ORAL 
GRÂNU L OS DE FORDYCE 
Pequenas pápula-manchas na mucosa jugal, simi-
lares as encontradas nos lábios. São glândulas sebáceas 
ectópicas e na há necessidade de tratamento. 
LENT!GO E NEVUS MELANOCÍTICOS 
Lentigos são freqüentemente encontrados na mu-
cosa bucal. Nevos celulares são raros. 
FIBROMAS 
São encontrados vários tipos de fibromas, como 
o reativo, traumático. O termo epulis designa tumor 
fibroso, localizado na gengiva, produzido geralmente 
por irritação ou trauma. O tratamento é a exérese 
cirúrgica. 
FIG. 89.30. 
Linfangioma circunscrito. 
Múltiplas pápulas 
translúcidas em localização 
característica. 
AFECÇÕES DOS LÁBIOS E DA MUCOSA ORAL 
HEMANGJOMA E L!NFANG!OMA 
Podem ser encontrados dois tipos. O hemangioma 
tuberoso, que está presente no nascimento ou surge 
logo após, aumenta em regra até os dois anos e pode 
involuir ou não. Pode localizar-se na mucosa bucal, 
língua ou lábios e o tratamento é com criocirurgia. O 
hemangioma plano, localizado na área do trigémeo, 
pode atingir o lábio superior e palato. É a manifesta-
ção cutânea da síndrome de Sturge-Weber. O linfan-
gioma é mais comum na língua. Existe tumefação, 
sendo possível a visualização das vesículas na superfí-
cie, que, puncionadas, eliminam linfa (Figura 89.30). 
O tratamento é a criocirurgia. 
LEUCOPLASIAS 
São placas queratóticas não destacáveis e não diagnos-
ticáveis como outra entidade (queilite actínica, líquen 
plano, etc.) e que não desaparecem ao se abandonar 
o hábito de fumar. Às vezes são extensas e de difícil 
tratamento e, pela possibilidade de manifestação pre-
coce do carcinoma oral, devem ser biopsiadas e acom-
panhadas em sua evolução. 
1353 
1354 
DERMATOLOGIA 
TUMORES MALIGNOS DA 
MUCOSA ORAL 
CARCINOMA ESPINOCELULAR 
É o mmor mais comum. Apresenta-se, inicialmen-
te, corno área localizada de infiltração de queratose ou 
eritroplasia (área circunscrita vermelho brilhante). Na 
evolução, surge tumoração e ulceração. O carcinoma 
incra-oral tem gênese e evolução diversas
do carci-
noma da pele e vermelhão do lábio (actinicamence 
induzidos), tendo evolução mais agressiva, sendo as 
metástases mais freqüentes. 
CARCINOMA VERRUCOSO OU 
PAPILOMATOSE FLORIDA 
Variedade rórpida e bem diferenciada de carcino-
ma espinocelular. É caracterizado por lesões queratósi-
cas de progressão lenta, podendo atingir extensas áreas 
na mucosa (Figura 89.31). Ocorre destruição local, 
mas as metástases são raras. A diagnose histopatológi-
ca pode ser difícil. Por tratar-se de lesão muito bem 
F1G. 89.31. Carcinoma verrucoso. Grande placa queratósica 
e infiltrada na mucosa jugal. Papilomatose florida. 
diferenciada, vanas biopsias podem ser necessanas. 
O tratamento envolve o prévio uso de retinóide ou 
metotrexato visando a diminuição da massa tumoral 
e, posteriormente, a criocirurgia, eletrocoagulação ou 
exérese cirúrgica, sendo importante o seguimento para 
a detecção de recidivas. 
MELANOMA 
É raro mas tem prognose grave. 
GLOSSITES E 
AFECÇÕES DA LÍNGUA 
G LOSSITE INFLAMATÓR IA 
Processo inflamatório da língua, que pode ser a 
manifestação de numerosas doenças corno anemias, 
desnutrição, pelagra, reações medicamentosas, infec-
ções e irritações químicas ou físicas. A língua apresen-
ta-se vermelha e lisa, com perda parcial ou total das 
papilas filiforrnes. O tratamento é sintomático, deven-
do ser orientado para o esclarecimento da etiologia 
GLOSSITE L OSÂNGICA MEDIANA 
De causa não definida, está freqüentemente asso-
ciada à candidose hipertrófica. Existe a hipótese de 
defeito de embriogênese. Caracteriza-se por presença 
de placa papulosa, discretamente indurada, de forma-
to alongado ou losângico, na região central do dorso 
da língua (Figura 89.32). É assintomática e não re-
quer tratamento. 
LÍNGUA CAVIAR 
São ectasias venosas no ventre lingual de idosos, 
assintomáticas e não necessitam tratamento. 
LÍNGUA F!SSURADA 
Chamada também de língua plicara ou escrotal, 
constitui malformação congênita, em que a língua 
apresenta sulcos profundos e irregulares, que podem 
ter disposição variada, com eixo central e disposição 
corno nervuras de uma folha, ou padrão mais difuso, 
regular e orientados transversalmente ao comprimen-
to da língua. Nos sulcos, podem acumular-se detritos 
alimentares, ocasionando halirose, se não for feita es-
covação adequada da língua, com escova macia. Junto 
com paralisia facial, edema de lábio e, ocasionalmen-
te, edema de face, pode ser parte da síndrome de 
Melkersson-Rosenthal. 
LÍNGUA GEOGRÁFICA 
É afecção benigna, familiar, que se manifesta geral-
mente na infância, mas pode ter aparecimento tardio. 
Ao exame histopatológico, apresenta semelhança com 
psoríase. Caracteriza-se clinicamente pela evolução 
cíclica, que faz com que, em 3 a 4 dias, desapareça 
numa área da língua e apareça em outra. Por isso, 
é também chamada glossite migratória. A localiza-
ção mais comum é o dorso da língua, mas, nos casos 
mais graves, pode atingir a face ventral e até mesmo 
a mucosa labial e jugal. Por essa razão, foi proposto 
chamá-la também de estomatite migratória. São áreas 
irregulares de despapilação, geralmente limitadas por 
borda esbranquiçada festonada. Essa borda pode não 
estar presente, dificultando a diferenciação do líquen 
plano e da sífilis secundária. Pode ser feita a biopsia 
ou "mapear" a área, comparando com o observado 3 
a 4 dias depois. Quando mudar de lugar, ou aparecer 
alguma área com a borda branca, fecha-se a diagnose 
clinicamente. Em mais ou menos 60% das vezes, é 
F1G. 89.32. Glossite rombóidea mediana. Lesão elevada 
e poligonal na porção mediana dorsal da língua. 
AFECÇÕES DOS LÁBIOS E DA MUCOSA ORAL 
concomitante à língua fissurada (Figura 89.33). Nas 
fases mais intensas, que geralmente são desencadeadas 
por estresse emocional, a sintomatologia é importan-
te, com dor e queimação, dificultando a alimentação, 
principalmente com alimentos ácidos ou salgados. Há 
indicação, nesses períodos, do uso local de corticóide 
em base oclusiva se a área atingida não for muito ex-
tensa, ou de bochechos com corticóide. Geralmente, 
o tratamento não é necessário porque evolui em al-
guns dias numa mesma região da língua. 
LÍNGUA NEGRA PILOSA OU ViLOSA 
Caracteriza-se por um alongamento das papilas fi-
liformes da porção posterior e dorsal da língua, com 
ou sem pigmentação, que geralmente é acastanhada, 
mas pode ser azulada ou esverdeada, dependendo da 
bactéria que ali se assenta e do pigmento que ela pro-
duz (Figura 89.34) . Não se conhece a razão pela qual 
essas papilas crescem, mas admite-se que seja por uma 
deficiência no desgaste mecânico das papilas, quando 
não há ingestão suficiente de alimentos mais duros 
(em desdentados, é mais comum), ou por deficiência 
de produção da enzima que promove normalmente 
esse desgaste, o que pode ocorrer após o uso de anti-
bióticos. Quadro semelhante, chamado pseudo língua 
nigra, onde há pigmentação, geralmente castanho es-
cura ou amarelada, mas não há hipertrofia das papilas. 
Deve-se à má higiene bucal ou ao fumo excessivo. 
Tanto na língua negra pilosa quanto na pseudo língua 
nigra, pode ser indicado o uso de solução de uréia a 
20% ou ácido retinóico a 0,01-0,025%, como quera-
tolíticos, ames da escovação. 
F1G. 89.33. Língua geográfica associada a língua fissurada. 
1355 
1356 
DERMATOLOG IA 
F1G. 89.34. Língua negra pilosa. Placa constituída por papilas 
alongadas e enegrecidas. 
HALi TOSE 
A halitose, ozostomia, mau hálito, surge quando 
diminui o fluxo de saliva na boca. As bactérias da 
boca são, na maioria, anaeróbias e, durante o dia, a 
saliva, rica em oxigênio, impede a proliferação. De 
noite, o fluxo de saliva diminui e as bactérias proli-
feram à custa de restos de proteínas e liberam gases 
fétidos, como o hidrogênio sulfídrico e metilmercap-
tan. Assim, de manhã, ocorre o mau hálito. Agravam 
a halitase, o álcool, por secar a boca, e condimentos 
como a cebola, alho e caril (curry). Dietas alimenta-
res podem provocar halitase. Em dieta de emagreci-
mento, há queima de gordura e liberação de acetona, 
causando mau háli to. Como corolário, é aconselhável 
a ingestão de bastante líquidos. Falar demasiado, na-
riz entupido e respiração pela boca, que produzem 
secura da boca, geram mau hálito. O fluxo de saliva 
diminui com a idade e daí a maior freqüência da ha-
litase nos idosos. Os lactantes, que produzem muita 
saliva e cuja cavidade bucal contém poucas bactérias, 
geralmente, têm o hálit0 fresco. Outra causa de hali-
tose é a língua saburrosa. As bactérias produtaras de 
nitrogênio ali ficam alojadas. Infecções nasais tam-
bém provocam halitose pela produção de gases nitro-
genados, além do fato de que a respiração pela boca 
provoca a diminuição da saliva e a proliferação de 
bactérias. As hérnias de hiat0 também podem pro-
vocar mau hálito característico pois secreções ácidas 
podem subir pelo esôfago e odores digestivos escapam 
pela boca. Todos os medicamemos que diminuem a 
salivação, com a conseqüente proliferação bacteriana, 
podem provocar halitase, como anti-histamínicos, 
descongestionantes nasais, antidepressivos, tranqüili-
zantes, diuréticos e anti-hipercensivos. Em mulheres, 
pode ocorrer halirose antes da mensuuação, prova-
velmente devida à alteração hormonal que possibilita 
aumento de bactérias na boca. Alimentos ricos em 
colina podem provocar halitase. Há uma deficiência 
metabólica, síndrome da trimetilanúria, na qual o há-
lito tem cheiro de peixe. A colina no intestino trans-
forma-se em trimetilamina que é metabolizada por 
uma enzima. Na falta dessa enzima, a trimetilamina 
permanece e ocasiona o cheiro de peixe característico 
(saliva, suor e urina). Q uando houver suspeita, fazer 
uma prova, administrar colina e dosar na saliva e uri-
na. H á distúrbios psíquicos em que o doente imagina 
que tem mau hálito.
O tratamento da halitase é consoante à causa. A 
primeira medida é a higiene rigorosa, sendo impera-
tiva a limpeza rigorosa dos dentes, inclusive usando, 
além da pasta e escova, o fio ou fita dental. Quando 
ela advém da secura bucal, comer e/ ou beber origi-
na saliva, com diminuição das bactérias e melhora da 
halitose. Por este motivo, o ~afé da manhã elimina a 
halitose noturna. Para diminuir a secura bucal, água 
com limão, sucos ou gomas de mascar. Encaminhar 
o doente para consulta odontológica visando o tra-
tamento e limpeza dos dentes. É necessário limpar a 
língua saburrosa escovando-a com uma escova dura. 
Excluir ou tratar as outras causas. Em casos de neu-
roses ou psicoses, quando o doente insiste em ter ha-
litose, encaminhar para consulta psiquiátrica.. 
SÍNDROME DA BOCA DOLOROSA -
ESTOMATODINIA- GLOSSODINIA 
É a sensação de queimação dolorosa na boca, de 
grau variável, que acomete principalmente mulheres 
idosas. Quando localizada somente na língua, cons-
titui a glossodinia. Excepcionalmente, é observada 
em estados carenc1a1s, anemia ou diabetes. Alguns 
alimentos, próteses mal ajustadas, má higiene e in-
fecções podem atuar como fatores agravantes. Na sín-
drome de Plummer-Vinson pode haver estomatodinia 
acompanhada de eritema e atrofia. 
Esse quadro encontra paralelo com outros quadros 
dermatológicas crônicos, como o prurido sine matéria, 
prurido vulvar e vulvodinia, prurido anal, prurido es-
crotal, prurido do couro cabeludo. Na atual psicoder-
matologia, esses sintomas são classificados como dis-
túrbios cutâneo-sensoriais (sintomas cutâneo-mucosos 
não explicados por nenhuma doença orgânica). A psi-
coparologia envolvida nesses casos é variada, podendo 
haver componente ansioso, depressivo ou psicótico, 
isolados ou em associação. O sucesso terapêutico de-
penderá da correra identificação do mecanismo psí-
quico em cada caso e o manejo, comportamental ou 
medicamentoso, correspondente, como ansiolíticos, 
antidepressivos ou amipsicóticos isolados ou associa-
dos. A situação terapêutica ideal seria aquela conduzi-
da por psiquiatra, porém muitos desses enfermos não 
aceitam, de início, a origem psíquica de seu sintoma, 
recusando ajuda especializada. O dermatologista com 
experiência no uso de psicofármacos pode prescrever 
sedativos ou antidepressivos, encaminhando consoan-
te a evolução para tratamento psiquiátrico. 
AFECÇÕES DOS LÁBIOS E DA MUCOSA ORAL 
O tratamento tópico é complementar. São indica-
dos anti-sépticos leves, devendo ser evitados irritantes 
como fumo e condimemos. Pode ser experimentada 
administração de proteínas e vitaminas e reposição 
hormonal com estrógenos em mulheres. Há relatos 
com benefícios do uso de capsaicina e terapia com 
laser em alguns pacientes. 
XEROSTOMIA 
É a secura da boca. O corre particularmente em 
pessoas idosas, por atrofia das glândulas salivares me-
nores, podendo ser acompanhada de atrofia da muco-
sa, ou não. Quando a mucosa tem aparência normal, 
deve-se suspeitar de doença psicossomática, ou efei-
to colateral de medicamentos tais como atropínicos, 
anti-histamínicos, antidepressivos, antidiabéticos e 
anti-hipertensivos. 
Como tratamento complementar nos casos bran-
dos, usar balas ou gomas de mascar sem açúcar, assim 
como substâncias ácidas para estímulo das glândulas 
salivares. O uso de uréia em água destilada (10-20%) 
em bochechos, três vezes ao dia, pode ser útil. A xe-
rostomia pode ser um componente da síndrome de 
Sjogren, embora nem sempre presente no início do 
quadro. 
1357 
AFECÇÕES DAS MÃOS E 
ANTEBRAÇOS 
CANDIDOSE INTERTRIGINOSA 
Localiza-se mais comumente no espaço interdigi-
tal, entre os dedos anular e médio. A lesão é úmida, 
com maceração e fissuração .. 
CARCINOMA ESPI NOCELU LAR 
Pode se desenvolver sobre queratose solar ou área 
de cicatriz. A lesão é tumor ou ulceração que aumenta 
rapidamente de tamanho. 
C!STO Mucoso DIGITAL 
Lesão normalmente única, ocorre geralmente na 
falange distal do dedo, próximo à unha. A lesão é 
AFECÇÕES DAS 
- , MAOS E PES 
pápulo-nodular, arredondada, semitranslúcida, que, 
puncionada, deixa sair substância gelatinosa. O trata-
mento é a infiltração com corticóide e criocirurgia. 
DERMATOF!TOSES 
Pouco freqüentes nas mãos, comparadamente 
com os pés. Apresentam-se como lesões eritêma-
to-escamosas, delimitadas, pruriginosas, localizadas 
principalmente no dorso das mãos. São freqüentes 
as lesões vesiculosas e bolhosas de dermatofítide, 
processo de hipersensibilidade. Pode. existir ou não 
omcom1cose. 
DJSIDROSE 
É erupção vesiculosa de elementos pequenos. No 
dorso das mãos e dos dedos, as vesículas costumam 
apresentar halo eritematoso, o que não ocorre na pal-
ma e superfície palmar dos dedos. 
1360 
DERMA T OLOGIA 
ECZEMA ATÓPICO 
Pode ocorrer no dorso das mãos e dedos, como 
manifestação única de atopia. As lesões são prurigi-
nosas, geralmente liquenificadas. Outras localizações 
mais características e elementos da história da molés-
tia conduzirão à diagnose. 
ECZEMA DE CONTATO 
Ocorre freqüentemente por irritante primário ou 
por sensibilizante. Na fase aguda, as lesões são eri-
têmato-vesiculosas e pruriginosas. Na fase crônica, 
existem secura, descamação, fissuração e eritema. Os 
agentes irritantes mais comumente relacionados ao 
processo são sabões, detergentes e solventes. É co-
" d d d ,, ' mum o eczema as onas- e-casa , representante n-
pico deste grupo, que se inicia, em regra, onde ficam 
os anéis, pelo maior acúmulo e menor remoção dos 
irritantes desses locais. 
Quando os sensibilizantes são substâncias líquidas 
ou semi-sólidas, as lesões iniciais são quase sempre no 
dorso das mãos e dedos e face anterior do antebraço. 
As substâncias sólidas determinam lesões nas palmas 
das mãos e superfície palmar dos dedos de maior con-
tato. Incluem-se numerosos agentes como cremes para 
mãos, instrumentos de trabalho e de recreação. 
ERITEMA POLIMORFO 
As lesões são eritêmato-papulosas, circulares, às 
vezes bolhosas, de aparecimento súbito, coexistindo 
com outras localizações, inclusive nas mucosas. 
ESCABIOSE 
Os espaços interdigitais são uma das localizações 
preferenciais da escabiose. As lesões são vésico-papu-
losas, escoriadas por causa do prurido. Poder-se-á en-
contrar o túnel característico. A impetiginização das 
lesões é freqüente. 
ESCLERODERMIA 
As manifestações precoces da esclerodermia difusa 
iniciam-se freqüentemente nas mãos, com o apare-
cimento do fenômeno de Raynaud. Posteriormente, 
aparece o endurecimento da pele que pode levar à 
anquilose das articulações. Ulcerações podem ocorrer 
tardiamente. 
ESPOROTR !COSE 
A lesão inicial, cancro esporotricósico, pode ocor-
rer no dorso das mãos ou dos dedos. É lesão ulcerosa 
franca, notando-se quase sempre a típica linfangite 
nodular ascendente. 
FOTODERMATOSES 
D ecorrentes da aplicação local ou ingestão de 
substâncias fotossensibilizantes. H á eritema difuso do 
dorso das mãos, com ou sem vesiculação e formação 
de bolhas, segundo a intensidade do processo. Outras 
áreas expostas, como face e decote, podem apresentar 
lesões semelhantes. Atualmente, são freqüentes as .fi-
tofotodermatoses causadas pelo limão. 
GRANULOMA ANULAR 
A lesão inicjal é pápula eritematosa, única ou múl-
tipla. A pápula cresce excentricamente, mantendo-se 
a periferia elevada em relação ao centro da lesão, que 
é deprimido. O quadro é assintomático. 
GRANULOMA PIOGÊNICO 
Surge, geralmente, após traumatismo. A lesão é 
globosa, de crescimento rápido e de cor vermelha. 
Ricamente vascularizado, sangra facilmente. 
LÍQUEN PLANO 
Erupção pruriginosa, representada por pápulas pe-
quenas, achatadas, vermelho-violáceas, localizadas no 
dorso das mãos e face anterior dos antebraços. É co-
mum existir também em outras localizações.
M ELANOMA 
Pode ocorrer em qualquer regiao das mãos. H á 
uma forma de localização subungueal caracterizada 
por mancha escura e que necessita diagnose precoce. 
MELANOSE 
Encontradas nos dorsos das mãos e antebraços. As 
lesões são manchas acastanhadas (melanose solar) que 
depois se tornam queratósicas e papulosas (queratose 
solar) . Surgem no adulto, precoce ou tardiamente, de 
acordo com o tipo de pele e o tempo e intensidade 
de exposição ao sol. 
PE LAGRA 
Lesões no dorso das mãos e antebraços que pioram 
com o sol. Há eritema-rubor que se torna mais escu-
ro, surgindo bolhas, sufosões hemorrágicas, hiperpig-
menração e atrofia da pele. 
PORFIRIA CUTÂNEA TARDIA 
Vésico-bolhas no dorso das mãos que surgem em 
geral após exposição solar. Evolui com atrofia e for-
mação miliar. 
PSOR ÍASE 
As lesões palmares são eritêmato-escamosas, com 
predominância nítida das escamas. Estas são espes-
sas, brancas, aderentes, de tamanho e formato muito 
variáveis. Pode ser a única localização na pele. H á, 
freqüentemente, alterações ungueais, representadas 
pelas depressões cupuliformes da lâmina ungueal e 
por hiperqueratose subungueal. A coexistência de le-
sões típicas de psoríase em outras localizações facilita 
bastante a diagnose. H á outra forma freqüente que é 
psoríase pustulosa, que pode ter localização exclusiva 
nas palmas das mãos e planta dos pés, apresem ando-
se como placas. É a pustulose recidivante. A chamada 
acrodermatite contínua (Hallopeau) é, provavelmen-
te, uma variante com lesões localizadas nas falanges 
distais dos dedos das mãos e pés. 
QUERATOACANTOMA 
A lesão é nodular, com cratera central, cheia de 
material queratinizado. Clinicamente, é muito seme-
lhante ao carcinoma espinocelular, até mesmo a dife-
renciação histológica poder ser difícil. A lesão deve ser 
ressecada in totum e examinada no conjunto, para a 
diagnose histológica precisa. 
QUERAT OOERM IAS PALMO-PLANTARES 
Existe hiperqueratose e fissuração das palmas e 
plantas. Os padrões morfológicos e genéticos dos di-
ferentes tipos são muito variáveis. 
QUERATOSE SOLAR 
Máculo-pápulas com escamas secas e aderentes, 
superfície áspera, cor amarela a castanha escura, em 
A FECÇÕES DAS M ÃOS E PÉS 
geral de 0,5-1 cm , podendo confluir formando placas. 
Localizam-se no dorso das mãos e antebraços. 
SÍFILIS 
No secundarismo, acompanhando outros elementos, 
podem ocorrer máculas e pápulas escamosas, assintomá-
ticas nas palmas e plantas. Pela evolução, fica área central 
eritematosa e colar periférico escamoso característico. 
T UMOR GLÔMICO 
Localiza-se com mais freqüência na região subun-
gueal. A característica clínica primordial é a dor. 
V ERRUGA 
Ocorre nas mãos, tanto a verruga vulgar como a 
plana. Pode ser única ou múltipla. Forma particular 
que ocorre é a verruga periungueal. 
AFECÇÕES DOS PÉS 
DERMATOMICOSE 
Apresenta-se sob diferentes aspectos clínicos: 
• Forma difusa aguda: H á vesículas, bolhas ou pús-
tulas. A supuração pode depender do próprio 
fungo, ou de infecção bacteriana secundária. É 
pruriginosa e pode apresentar linfangite. 
• Forma difusa crônica: Manifesta-se por fissuração 
e maceração nos espaços interdigitais. Coexiste 
comumente com a forma aguda. Pode ser causa-
da por fungos dermatófitos ou leveduras. 
ECZEMA ATÓPICO 
É freqüente, principalmente nas crianças, com-
prometendo o dorso dos pés e dos dedos. O prurido 
é imenso e constante. Afeta outras regiões e podem 
ocorrer manifestações diversas de atopia. 
ECZEMA DE CONTATO 
No dorso dos pés, ocorre a dermatite de contato 
por sensibilização. As lesões são do tipo eczematoso, 
agudo ou crônico. Os agentes sensibilizantes mais fre-
qüentes são calçados e medicamentos, principalmente 
antifúngicos. 
1361 
1362 
D E RMATO L OG I A 
ER ITROM E L A L G IA 
Manifesta-se como sensação de queimação nas so-
las dos pés, associada com mudanças de temperatura 
ambiente. 
GOTA 
Tumefação eritematosa, muito dolorosa, intermi-
tente, sobre o primeiro metatarsiano. 
GRANULOMA ANULAR 
Semelhante ao que foi referido a propósito das 
mãos. 
LARVA M IGRANS 
Muito pruriginosa. A lesão característica é o traje-
to deixado pela larva. Freqüentemente existe infecção 
secundária. 
MELAN OMA MALIGNO 
Os pés são localização comum. D esenvolve-se, 
freqüentemente, sobre nevo pigmentar preexistente. 
Este, ao sofrer a transformação maligna, torna-se mais 
escuro, com halo pigmentar. Posteriormente, ocorrem 
ulceração e hemorragia. Neste estádio há, freqüente-
mente, metástases. 
NEURODERMITE C I RCUNSCRITA 
Apresenta-se como placa liquenificada no dorso do 
pé, sendo muito pruriginosa. 
NEVO PIGMENTAR 
Lesão hiperpigmentar, plana, localizada em qual-
quer ponto do pé. Merece particular atenção na loca-
• 
lização plantar, pela possibilidade de se tornar malig-
no. D eve ser excisado ou mantido sob vigilância. 
PELAGRA 
No dorso dos pés, assim como nas mãos, surgem 
lesões eritêmato-edemacosas, bolhas que evoluem com 
crostas, hiperpigmentação e atrofia da pele. Piora com 
exposição solar. 
PSORÍASE 
Quando em localização plantar, assemelha-se e 
pode coexistir com psoríase palmar. Pode ser a única 
localização. 
QUERATODERM IA PALMO-P LANT AR 
Associa-se ao quadro palmar com aspectos di-
versos. 
TUNGÍASE 
Pápula amarelada (batata) com ponto escuro cen-
tral. As lesões ocorrem nas plantas, especialmente em 
redor das unhas dos artelhos e interartelhos. Even-
tualmente, há infecção secundária, como piodermite 
ou celulite. 
VERRUGA PLANTAR 
Apresenta-se, em geral, como área central anfractuosa 
envolta por anel hiperquerat6sico. D evido à pressão 
do corpo, que impossibilita a exoproliferação epite-
lial, ocorre a penetração na derme. Esta é profunda 
e dolorosa, dificultando a deambulação. Este tipo de 
verruga plantar é denominado mimercia, vulgarmente 
olho de peixe. Há outro tipo de verruga plantar com a 
proliferação em superfície, formando placa hiperque-
ratósica. É a chamada verruga em mosaico. 
1 
AFECÇÕES DAS REGIÕES ANAL, 
GENITAL, PERINEAL E INGUINAL 
SEXO FEMININO 
CANDIDOSE 
São manchas brancas, cremosas, sobre base etitema-
tosa, que surgem na vagina. Existe corrimento, sensação 
de queimação e prurido. Os principais fatores predispo-
nentes são gravidez, diabete e antibioticoterapia. O exa-
me microscópico e/ou cultura esclarecem a diagnose. 
DERMATI TE SEBORRÉ: I CA 
Localização freqüente com placas eritêmato-des-
camativas. A existência de outras lesões possibilita a 
diagnose. Quando única localização, pode representar 
forma de passagem ou associação com psoríase, daí a 
designação seboríase. 
DONOVANOSE 
Doença de evolução crônica e progressiva, com lo-
calização genital, perineal e inguinal. É comum acome-
timento dos pequenos e grandes lábios, com extensão 
para a região inguinal e perineal, por auto-inoculação, 
contigüidade ou por via linfática. As lesões podem ser 
ulcerosas, úlcero-vegetantes e elefantiásicas. 
ECZEMA O U DER M ATI T E DE C ONTATO 
Apresenta-se como dermatite aguda ou crônica 
de variável intensidade. Os agentes causais mais co-
muns são medicações tópicas, produtos de higiene 
pessoal, anticoncepcionais de uso local e peças de 
vestuário. 
FT!RÍASE OU PED ICULOSE PUBIANA 
A principal manifestação é o prurido intenso. 
Os parasitas e seus ovos podem ser encontrados ao 
exame. 
HERPES SIMPLES 
A lesão inicial é representada por grupo de pe-
quenas vesículas sobre base eritematosa. As vesículas 
rompem-se facilmente, deixando área erosada e erite-
matosa. A recidiva é o comum. 
H 1 DROSADEN ITE 
Infecção crônica, supµrativa, profunda das glân-
dulas sudoríparas apócrinas da região. A s lesões são 
pápulas, nódulos e fístulas que drenam material pu-
rulento. É mais comum
em mulheres. 
LEUCOPLASIA 
A leucoplasia verdadeira é lesão pré-maligna. Apre-
senta-se como placas brancas, espessadas, em qualquer 
ponto da vagina. É conveniente confirmar a diagnose 
pela histopatologia. 
LÍQUEN ESCLEROSO E ATRÓFJCO 
Consiste também em placas esbranquiçadas, na 
qual se distinguem pápulas poligonais achatadas. De-
nomina-se também craurose vulvar. 
1364 
D ERMATOLOG IA 
PRURIDO ANOGENITAL 
Bastante freqüente. Pode ser somente anal, genital 
ou em ambas as regiões. Após noxa desencadeante, surge 
o prurido mantido por condições psicossomáticas e que, 
gradativamente, provoca a liquenificação da área com-
prometida, tornando extremamente difícil a terapia. 
PSORÍASE 
Com esta localização é, em geral, eritêmaro-edem a-
tosa e com descamação discreta. G eralmente, h á ou-
tras localizações que possibilitam a diagnose. Quando 
única, a distinção com dermatite seborréica é difícil 
e até impossível. 
SEBORÍASE 
É uma associação de dermatite seborréica e psoríase 
ou uma forma de passagem entre as duas afecç6es, ca-
racterizada por lesão eritêmato-edêmato-descamativa. 
Sf FILIS 
A lesão inicial da sífilis, cancro duro ou proto-
sifiloma é, em geral, na genitália e, freqüentemente, 
passa despercebida, já que é uma lesão geralmente in-
dolor. Quando presente, é uma ulceração infiltrada, 
acompanhada de adenopatia regional. 
Na sífilis secundária, é freqüente no início o en-
contro de placas erosivas na face interna da vulva. 
Há, também, o aparecimento de pá.pulas vegetantes 
na região genital (condilomas planos) que devem ser 
distinguidos dos condilomas acuminados. 
A sífilis terciária, pode localizar-se na genitália, 
apresentando-se como ulceração. 
TINHA INGUINAL 
Rara na mulher comparativamente ao homem. As 
lesões são eritêmato-escamosas, podendo apresentar uma 
orilha discretamente papulosa. Atinge a região inguinal 
mas pode estender-se pelo períneo e regiões glúteas. 
VERRUGAS GENITAIS OU ANAIS 
CONDI LOMAS ACUMINA DOS 
A localização do HPV nestas regiões é muito co-
mum. Caracterizam-se por pá.pulas vegetantes, em 
geral múltiplas. Freqüentemente são hipervegerantes, 
filiformes com aspecto comparável a couve-flor. H á 
formas extremamente vegetantes, formando rumora-
ções ( condiloma acuminado gigante). 
SEXO 
MASCULINO 
ANGJOQUERATOMAS 
Localização freqüente na pele do escroto de he-
mangiomas q ue ocorrem na pele (hemangioma rubi). 
Têm cor vermelho-escura com discreta queratose. 
BALAN ITE-BALANO POSTITE 
Inflamação aguda ou crônica da glande (balanite), 
ou da glande e prepúcio (balanopostite) por diversas 
noxas, como substâncias irritantes ou sensibilizantes, 
bactérias e leveduras. É freqüente em diabéticos, baLa-
nopostite diabética, por irritação da urina, com candi-
dose secundária. Há uma forma idiopática, a balanite 
erosiva circinada, que apresenta lesões eritematosas, 
bem delimitadas, que evolui por surtos. Há formas 
ulcerosas e gangrenosas encontradas principalmente 
em imunodeprimidos. 
CANDIDOSE 
A infecção por Candida sp. é freqüente. Pode lo-
calizar-se exclusivamente na glande ou atingir outras 
áreas, corno a região inguinocrural. Caracteriza-se 
pelo eritem a agudo, secretarite. A diagnose é confir-
mada pelo exam e micológico. 
CARCINOMA 
ESPI NOCELU LAR 
Lesão nódulo-ulcerativa localizada, ocorrendo par-
ticularmen te na glande. 
DERMATITE SEBORRÉICA 
As lesões são eritêmato-escamosas, podendo atin-
gir a região pubiana, dorso do pênis, escroto, virilha 
e região inguinocrural. Deve ser distinguida da pso-
dase, podendo haver uma forma de passagem entre 
a dermatite seborréica e a psoríase: a seboríase. 
AFECÇÕES DAS R EG IÕ ES A NAL, GENIT AL, P ERINEAL E I NG UINAL 
ECZEMA OU DERMATITE DE 
CONTATO 
Ocorre por irritante primano ou sensibilizante. 
Por irritante primário, localiza-se quase sempre na 
glande e prepúcio e, em geral, é decorrente de exces-
so de cuidado higiênico. Por sensibilizante, surge na 
glande, corpo do pênis e escroto. As causas comuns 
são medicamentos tópicos, produtos anticoncepcio-
nais, condons e, mais raramente, peças do vestuário. 
A pele do escroto é extremamente sensível à ação de 
irritantes primários ou sensibilizantes. 
ERITEMA POLIMORFO 
As lesões, eritema, vesículas e bolhas na gcnitália 
são freqüentes, conjuntamente com outras locali-
zações. Na síndrome de Stevens-Johnson, associa-se 
com as lesões na mucosa ocular e bucal. 
ERITROPLASIA 
Eritroplasia é carcinoma espinocelular intra-epite-
lial na mucosa, que pode tornar-se invasivo e corres-
ponde à doença de Bowen da pele. A lesão, geralmente 
única, ocorre na glande ou prepúcio e, eventualmente, 
na mucosa genital feminina e mucosa bucal. Consiste 
de placa bem delimitada, vermelho-brilhante, avelu-
dada, finamente granulosa, com pouca ou nenhuma 
infiltração e que, gradualmente, se alarga. 
ESCABIOSE 
A localização no pênis é uma das características da 
escabiose. A lesão típica é uma minipápula linear com 
microvesícula na extremidade. Devido ao prurido in-
tenso e coçadw·a, há escoriações e crostas. 
ERUPÇÃO FIXA POR DROGA 
Manifestação no pênis caracterizada por mancha 
eritêmato-arroxeada, que surge após cada ingestão da 
droga responsável. 
FTIRÍASE OU PEDICULOSE 
PUBIANA 
Prurido intenso devido à localização no púbis. São 
encontrados os piolhos aderentes à pele e as lêndeas 
fixadas nos pêlos. 
HERPES SIMPLES 
Muito freqüente, caracteriza-se por minivesículas 
agrupadas em buquê. Precedendo o aparecimento das 
vesículas, há sensação de ardor e prurido. Devido, ge-
ralmente, ao H SV-2, após a primo-infecção, com fre-
qüência, há a recidiva (herpes simples recidivante) . 
LÍQUEN ESCLERO-ATRÓFICO 
Denominado, também, de balanitís xerotica obli-
terans, caracteriza-se por área de atrofia na glande. 
Ocorre em adultos e, quando extensa, pode provocar 
estenose no meato uretra!. 
LÍQUEN PLANO 
Caracteriza-se por pápulas achatadas, entemaro-
violáceas. Pode ser localização única da afecção. 
LÚPIAS (CISTOS ESCROTAIS) 
São cistos epidérmicos na pele do escroto. Apre-
sentam-se como lesões globosas, com 1-2 cm de diâ-
metro, ligeiramente amareladas, com conteúdo cons-
tituído por corneócitos. São assintomáticos, exceto 
quando infectados. Freqüente no homem, na mulher 
são raramente encontradas na pele da vulva. 
PÁPULAS PERLADAS PEN IANAS 
Denominadas também Hirsuties Papillaris Penis ou 
Papilfae Coronna Glandis, são minipápulas, hemis-
féricas, cônicas ou aplanadas, às vezes fil iformes, de 
1-5 mm de altura. Localizam-se no sulco balano-pre-
pucial ou na coroa da glande. São assintomáticas, raras 
na criança e freqüentes no adulto. Histologicamente, 
são angiofibromas queratósicos. Não necessitam tra-
tamento. Quando exuberantes, deve ser diferenciadas 
de lesões por HPV 
PRURIDO ANAL E GENITAL 
Quadro freqüente, no qual, após causa desenca-
deante, a coçadura contínua, por condições psicos-
somáticas, leva a gradual liquenificação. Ocorre, em 
geral, na região perianal ou escrotal. 
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DERMATOLOG IA 
PSORÍASE 
As lesões nestas regiões são eritematosas com dis-
creta descamação e são semelhantes à. dermatite sebor-
réica. A presença de lesões em outras áreas possibilita 
a diagnose, porém, há casos de comprometimento 
exclusivo dessas regiões. 
SEBORÍASE 
Form a de passagem entre dermatite seborréica e 
psoríase ou associação de ambas as afecções. 
SÍFILIS 
O cancro duro ou protossifiloma é quase sempre 
encontrado no homem, em geral na glande ou sulco 
balano-prepucial. Ocorrem também as lesões do se-
cundarismo, pápulas que se tornam vegetantes (con-
dilomas planos). A sífilis tardia cutânea pode estar 
localizada nestas áreas. 
TINHA INGUINAL 
Quadro comum, comp rometendo a região ingui-
nal e do trigano-femoral,

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