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01 banalizacao do instituto do dano moral FINAL

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41
UNIVERSIDADE PAULISTA
SAMUEL JR
A BANALIZAÇÃO DO INSTITUTO DO DANO MORAL
Sintomas de Equívocos
São Paulo
2017
SAMUEL JR
A BANALIZAÇÃO DO INSTITUTO DO DANO MORAL
Sintomas de Equívocos
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Paulista, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Direito.
Orientador: 
São Paulo
2017
nome do(s) autor(es) em ordem alfabética
A BANALIZAÇÃO DO INSTITUTO DO DANO MORAL
Sintomas de Equívocos
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Paulista, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Direito.
Aprovado em: __/__/____
BANCA EXAMINADORA
Prof(ª). Titulação Nome do Professor(a)
Prof(ª). Titulação Nome do Professor(a)
Prof(ª). Titulação Nome do Professor(a)
Dedico este trabalho...
(OPCIONAL) 
AGRADECIMENTOS 
Elemento opcional. Texto em que o autor faz agradecimentos dirigidos àqueles que contribuíram de maneira relevante à elaboração do trabalho.
RESUMO
A banalização do instituto se deve à um conjunto de fatores, dentre eles a omissão legislativa de nosso ordenamento jurídico, a discrepância no tocante as decisões judiciais, bem como a má-fé e a péssima educação social de nosso povo brasileiro, cuja cultura se baseia em se agarrar em toda e qualquer oportunidade, ainda que antiética e prejudicial a terceiro. O dano moral tem previsão legal deficitária, dando ensejo a vários equívocos. Cumpre ressaltar que, o fato desse ser o principal critério adotado para se delimitar um suposto dano moral, gera decisões controversas entres os tribunais, bem como também, eventualmente, equivocadas, pelo fato de cada magistrado ter o seu próprio senso de justiça e interpretação. Sugere-se que uma possível arma contra essa banalização vem aumentando gradativamente, seria uma maior base legal, cabendo ao legislativo editar normas regulamentadoras do instituto, bem como sanções mais pesadas em face das partes que usarem de má-fé na obtenção de reparação por danos morais. O presente estudo tem como objetivo abordar aspectos do instituto do dano moral, apresentando de forma coerente todas as suas características mais relevantes e, principalmente, o sintoma de sua banalização, objeto principal de nosso trabalho.
Palavras-chave: Banalização; Instituto do Dano Moral; Dano moral; Ordenamento Jurídico; Reparação.
ABSTRACT
The banalization of the institute is due to a set of factors, among them the legislative omission of our legal system, the discrepancy regarding judicial decisions, as well as the bad faith and the poor social education of our Brazilian people whose culture is based In clinging to every opportunity, though unethical and injurious to the third. The moral damage has a legal deficit, giving rise to several misconceptions. It should be emphasized that the fact that this is the main criterion used to delimit an alleged moral damage generates controversial decisions among the courts as well as, possibly, mistakenly, because each magistrate has his own sense of justice and interpretation. It is suggested that a possible weapon against this banalization is gradually increasing, would be a greater legal basis, it is up to the legislature to edit regulatory norms of the institute, as well as heavier sanctions against the parties who use in bad faith to obtain compensation for damages Moral The present study aims to address aspects of the moral damage institute, presenting in a coherent way all its most relevant characteristics and, mainly, the symptom of its banalization, the main object of our work.
Keywords: Banalization; Institute of Moral Damage; Moral damage; Legal ordering; Repair.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO	09
1.1 Problema de Pesquisa	10
1.2 Objetivos do Trabalho	10
1.3 Justificativa	11
1.4 Metodologia	11
2. DA RESPONSABILIDADE CIVIL	13
2.1 Etimologia	13
2.2 Origem e evolução	13
2.3 Conceito	15
2.4 Culpa	16
2.5 Ato ilícito como fonte da obrigação de indenizar	16
2.6 Responsabilidade civil e responsabilidade penal	17
2.7 Responsabilidade civil contratual e extracontratual	18
2.8 Responsabilidade civil subjetiva e objetiva	20
3 PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL	23
3.1 Ação	23
3.2 Dano	24
3.3 Nexo de causalidade entre o dano e a ação	26
4 DO DANO MORAL	28
4.1 Origem e evolução	28
4.2 Códigode Ur-Nammu	28
4.3 Código de Manu	29
4.4 Código de Hamurabi	29
4.5 Danos morais na Grécia Antiga	30
4.6 Danos morais no direito romano	30
4.7 Conceito	31
4.8 Dano moral direto e indireto	32
4.9 A reparação do dano moral	33
5. NATUREZA JURÍDICA DA REPARAÇÃO DO DANO MORAL	35
5.1 O “quantum” indenizatório dos danos morais	36
6. DA BANALIZAÇÃO DO DANO MORAL	39
6.1 A banalização do instituto	39
6.2 Exemplo 01	39
6.3 Assistência Jurídica Gratuita	40
6.4 Dano Moral “in re ipsa”	41
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS	44
8. REFERÊNCIAS	46
1.INTRODUÇÃO
O instituto do dano moral, modalidade presente no cotidiano das pessoas, tem sido frequentemente acionado no Poder Judiciário, no intuito de obter um provimento favorável acerca de determinada situação que julgam ser passível de indenização.
Esse instituto criado para amenizar o desconforto de quem realmente sofreu ou venha a sofrer um dano moral, está sendo explorado de forma inidônea. O que, inicialmente, veio servir como desafogo aos desamparados nos casos de mácula a honra, está, na realidade, servindo como brecha para que oportunistas (tanto advogados como as próprias “vítimas”) se valham do instituto para obter ganho indevido à custa de terceiros.
Todavia, essas vítimas, muitas vezes, se deparam com situações de mero desconforto. Situações que a convivência social nos impõe naturalmente. Não há como imaginarmos a convivência humana em sociedade de forma perfeita e perene. Muitas vezes nos deparamos com circunstâncias desagradáveis, porém, nem todas a ponto de gerar reparação. 
Numa tentativa de conceituação do que é direito, pode ser mencionado, dentre vários, o conceito de Radbruch (1914, apud DINIZ, Maria Helena, 2007, p. 19): “[...] o conjunto das normas gerais e positivas, que regulam a vida social”. Dentre essas normas, encontra-se o direito civil, um ramo do direito privado, destinado a regular as relações obrigacionais entre os particulares. 
Dessas obrigações, depara-se o instituto da responsabilidade civil, que confere, afora outros, direito de reparação do dano que venha a ser causado por terceiro, bem como outorga deveres, se por ventura vier a causar eventual dano à outrem. Todavia, esta obrigação de reparar não somente decorre de lesão ou prejuízo material. Pode ser havida também por dano não patrimonial. Dano àquele que não pode ser medido por dinheiro ou qualquer outro bem material existente.
Refere-se ao dano moral, que pode ocorrer em casos onde a pessoa sofra grande humilhação, ou seja, exposta a alguma situação por demasia vexatória, causando ferimentos em sua honra. Os elementos trazidos pelo nosso recente Código Civil (Lei nº. 10.406, de 10 de janeiro de 2002), em seu artigo 186, se mostram úteis para demonstrar quais são os requisitos necessários para que se possa comprovar realmente a responsabilidade civil. São eles a ação ou omissão, culpa, nexo causal e dano. Presentes estes, restam provadas a responsabilidade do agente, podendo então a vítima pleitear indenização. Indenização esta tanto material como moral. Verificar-se-á nesta obra que o ato de se indenizar um dano que não patrimonial, já era possível nas antigas civilizações. SCHUCH, 2012
Entretanto, é recente a facilidade com que supostas vítimas deste tipo de lesão buscam o poder judiciário para obter reparo do eventual dano.. Tudo mudou com a promulgação de nossa Constituição Federal de 1988, que em seu artigo 5°, incisos V e X, tratam expressamente da matéria em questão,bem como também nosso Código Civil de 2002, que, em seus artigos 186 e 927. A possibilidade de se indenizar lesões contra honra agora é trazida explicitamente em nossa Carta Magna e suas leis condicionadas.
A reparação do dano extrapatrimonial não tem a função de restaurar o status quo ante (a ser melhor abordado na obra), e sim o de amenizar a dor sofrida pela vítima, dando a ela uma compensação pelo dissabor. Sem prejuízo, também tem caráter punitivo para o autor do dano. Pensou o legislador que, o fato de fazer com que o responsável pela contenda ressarça o ofendido, teria, além da punição, a função de servir como exemplo para as outras pessoas, para que assim não cometam esses o mesmo erro no futuro. SCHUCH, 2012
O presente estudo tem como objetivo abordar aspectos do instituto do dano moral, apresentando de forma coerente todas as suas características mais relevantes e, principalmente, o sintoma de sua banalização, objeto principal de nosso trabalho. A exploração do presente tema tem fundamental importância pratica em nossa sociedade contemporânea, vez que todos os dias somos sujeitados a situações de nosso cotidiano que, eventualmente pode ou não ser passível de reparação moral. Além de abordar o assunto dos danos morais, mostrando o quão banalizado está em nossa sociedade, o porquê desse fenômeno, e o que pode ser feito para tentar acabar este evento. SCHUCH, 2012
Inicialmente, será explorado o tema da responsabilidade civil, onde dentro deste, encontra-se a obrigação de reparar o dano. Assim, depois de abordado o tópico da responsabilidade civil, a origem histórica do dano moral, mostrando onde se originou, chegando até o presente. Após, o estudo do próprio instituto e sua banalização. A natureza jurídica da reparação do dano moral e, finalmente, aspectos da banalização do dano moral.
Problema de Pesquisa
Quais aspectos caracterizam a banalização do instituto do dano moral.
Objetivos do Trabalho
Geral:
Abordar o instituto do dano moral, suas características mais relevantes e, principalmente, o sintoma de sua banalização. 
Específicos:
Articular, a luz das Leis, o instituto do dano moral, suas características mais relevantes e, principalmente, o sintoma de sua banalização. 
Identificar aspectos do instituto do dano moral, suas características mais relevantes e, principalmente, o sintoma de sua banalização.
1.3 Justificativa
O presente trabalho se justifica pela importância de se articular os aspectos do instituto do dano moral, os sintomas de sua banalização. A exploração da pratica em nossa sociedade contemporânea, vez que todos os dias somos sujeitados a situações de nosso cotidiano que, eventualmente pode ou não ser passível de reparação moral. Além de abordar o assunto dos danos morais, mostrando o quão banalizado está em nossa sociedade, o porquê desse fenômeno, e o que pode ser feito para tentar acabar este evento.
1.4 Metodologia
Este estudo têm procedimentos de pesquisa bibliográfica, que de acordo com Vergara (1998), “é o estudo sistematizado desenvolvido com base em material publicado em livros, revistas, jornais, redes eletrônicas, (...)”. 
Enquanto Gil (2010, p.29) conceitua pesquisa bibliográfica da seguinte forma: “A pesquisa bibliográfica é elaborada com base em material já publicado. Tradicionalmente, esta modalidade de pesquisa inclui material impresso, como livros, revistas, jornais, teses, dissertações e anais de eventos científicos. Todavia, em virtude da disseminação de novos formatos de informação, estas pesquisas passaram a incluir outros tipos de fontes, como discos, fitas magnéticas, CDs, bem como o material disponibilizado pela Internet.”
Sendo assim, com o propósito de atingir os objetivos da pesquisa, optou-se por adotar a revisão da literatura baseada na leitura e análise de livros, artigos científicos, normas e leis pertinentes ao tema, enfim uma pesquisa bibliográfica para compor o presente trabalho sem pretensão de esgotar o assunto, mas articular o tema com os conceitos e jurisprudência disponíveis.
Este trabalho esta organizado nos seguintes tópicos: item 1, Introdução; o item 2, Da responsabilidade civil; item 3, Pressupostos da responsabilidade civil; item 4, Do dano moral 5, Natureza jurídica da reparação do dano moral; item 6, Da banalização do dano moral e por fim as Considerações Finais.
2. DA RESPONSABILIDADE CIVIL
2.1 Etimologia
Buscando o real significado do termo entre vários doutrinadores, destaca-se aquele de Maria Helena Diniz e Álvaro Villaça de Azevedo, onde afirmam que o termo “responsabilidade” deriva da expressão latina “respondere”, de spondeo, que correspondia à antiga obrigação contratual do direito quiritário (como era conhecido o direito da fase inicial do direito romano) pelo qual o devedor se vinculava ao credor nos contratos verbais, por intermédio da pergunta e consequente resposta: “Spondesne mihi dare Centrum? Spondeo.”. Quem em uma tradução literal, quer dizer “Prometes me dar um cento? Prometo”. Portanto, é evidente a vinculação da ideia de responsabilidade ao fato de se responder a alguma coisa, em sua origem etimológica.
2.2 Origem e evolução
Historicamente, no início da civilização humana, o que dominava era a vingança coletiva, que se caracterizava pela reação conjunta do grupo em face do agressor pela ofensa a um de seus membros. Posteriormente, evoluiu-se para uma reação individual, agredido contra agressor. Induz-se, tendo como fonte doutrinária a Professora Maria Helena Diniz (DINIZ, 2007, p. 10-21) que a origem da responsabilidade civil está intimamente ligada a vingança privada que ocorria nas sociedades que, historicamente deram início ao que conhecemos por direito, qual seja, o império romano. Antes de se regular o instituto, ele era exercido pelas partes confrontantes sem limites, ao passo que, viu-se a necessidade de se organizar este instituto.
A manifestação pelo direito veio pela Lei de Talião (olho por olho, dente por dente; quem com ferro fere, com ferro será ferido), onde, ainda que de forma precária, e continuadamente exercido pelas mãos dos particulares, era exercido com algum limite, se é que assim pode ser dito. Há ainda que diga que, antes mesmo da Lei de Talião, já podia-se constatar o presente tema no Código de Hamurabi (1730-1700 a.C., editado pelo antigo rei babilônico da mesopotâmia, Hamurabi).
Por sua vez, o Estado passa então a intervir na sociedade dando maior equilíbrio nos conflitos existentes. Tudo isso a partir do advento da Lei das XII Tábuas, proveniente do Direito Romano (conhecido como Lex Duodecim Tabularum ou Duodecim Tabulae, formulada em 451-450 a.C.), bem como a sua base. A partir dessa lei, o Estado intervia, e julgava caso a caso, o direito de se haver ou não a retaliação por parte do particular lesado para com o ofensor. Posteriormente, se sucede o período da composição tarifada, onde o Estado começa a impor a vítima que realize a composição econômica do fato. 
Agora, vedou-se a justiça pelas próprias mãos. O próprio nome “Justiça Tarifada” se dá pelo fato de, agora, ser privativa do Estado a competência para se estipular o valor a ser pago do ofensor para o ofendido. Nessa fase, também foi estipulada diferença entre delitos cometidos contra o Estado e os contra particulares. No primeiro, o valor da indenização era recolhido aos cofres públicos, enquanto no outro, os valores eram entregues diretamente à vítima. 
Outro grande passo do direito civil, foi a aprovação de um plebiscito ocorrido nos fins do século III e começo do século II a.C., a Lex Aquilia. Seu grande feito se baseou em defender a substituição das multas fixas por penas proporcionais ao dano causado. Com isso, é importante salientar que a origem do elemento subjetivo da culpa está intrinsecamente ligado ao Lex Aquilia. O Código Civil de Napoleão, oportunamente, foi o primeiro a nos trazer a noção da culpa in abstrato. Nos trouxe também as primeiras ideias de diferenciação entre culpa delitual x culpa contratual, e deixou evidenciado que a responsabilidade civil sefunda na culpa. (SCHUCH, 2012)
Com o passar do tempo, e devido aos inúmeros casos concretos em decorrência do desenvolvimento social, nos foi apresentado uma nova teoria apta a complementar (e não substituir) a teoria da culpa. Surgiu então a famosa Teoria do Risco. Esta se baseia na suposição de que, no caso de o agente exercer ou realizar uma atividade perigosa, se este, por sua vez, causar dano a terceiro, ainda que não incorrer em dolo ou culpa, será o responsável direto pelo dano. Segundo esta teoria, o agente, ao realizar este tipo de atividade, pressupõe que existe ali um risco, e que pode ser concretizado um dano a qualquer momento. Trata-se da responsabilidade objetiva. (SCHUCH, 2012)
2.3 Conceito
Em breve síntese, pode-se conceituar a responsabilidade civil como a obrigação de alguém reparar um dano causado a outra pessoa, por ato decorrente de sua conduta, ou mesmo de conduta de terceiros ou coisas que estava sob seus cuidados. O Código Civil deixa essa responsabilidade evidente, tratando da mesma em seu artigo 186, que dispõe: “aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. 
Importante salientar que o presente texto legal fez questão de destacar que o dano pode ser exclusivamente moral, o que, para o presente trabalho, se mostra muito pertinente. Stoco define o instituto como: A noção de responsabilidade pode ser haurida da própria origem da palavra, que vem do latin “respondere”, responder à alguma coisa, ou seja, a necessidade que existe de responsabilizar alguém por seus atos danosos. Essa imposição estabelecida por meio social regrado, através dos integrantes da sociedade humana, de impor a todos o dever de responder por seus atos, traduz a própria noção de justiça existente no grupo social estratificado.Revela-se, pois, como algo inarredável da natureza humana. (STOCO, 2007, p. 118).
 Inexistente é em nosso ordenamento jurídico a possibilidade de alguém lesar patrimônio alheio e não ser responsabilizado por isso. O fato de causar prejuízo a alguém gera um natural dever de indenizar. Se o contrário fosse, viveríamos em um verdadeiro caos social. Por sua vez, alguns autores a conceituam como uma forma de dano não somente material, mas de uma forma geral, onde uma ação prejudicial deve gerar dever de reparação por parte de seu autor. Nesse sentido, temos o conceito de Prinson e Villé (1935 apud Maria Helena Diniz, 2007, p. 34): “[...] a obrigação imposta pelas normas às pessoas no sentido de responder pelas consequências prejudiciais de suas ações”. Porém, deve-se ficar atento ao fato de que, não somente o autor, necessariamente, é quem responderá pelo dano causado. Poderá responder também o responsável por terceiro ou coisa que eventualmente venha causar um dano. Desse posicionamento, podemos extrair o conceito de Savatier (1951, apud GONÇALVES, Carlos Roberto, 2003, p. 35-36): “[...] a obrigação de alguém reparar dano causado a outrem por fato seu, ou pelo fato das pessoas ou coisas que dele dependam.” 
2.4 Culpa
Existem duas visões acerca deste instituto. A culpa em sentido estrito (stricto sensu) e a culpa em sentido amplo (lato sensu). A culpa em sentido estrito quando estiver presente um de seus três requisitos: Imperícia, imprudência ou negligência. É o comportamento equivocado de uma pessoa, que, todavia, não tinha qualquer intenção (dolo) de causa e ato lesivo a outrem, porém, lhe faltou cautela. Essa cautela pode-se ficar comprovada quando, analisando a situação em concreto, havia a possibilidade de se exigir desta uma conduta diversa. Assim fica caracterizado erro inescusável e evitável. (SILVA, 2012)
Por sua vez, a culpa em sentido amplo (lato sensu) pode ser definida como a violação de um dever jurídico, imputável a outra pessoa, em virtude de fato intencional, ou de omissão de diligência ou cautela. Por esta visão, abrange tanto o dolo, que é a intensão de violação ao bem jurídico, quanto a culpa em sentido estrito (stricto sensu). Por fim, o nosso Código Civil define o conceito de culpa em seu artigo 186: “ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência”.
2.5 Ato ilícito como fonte da obrigação de indenizar
Vigora em nosso ordenamento jurídico o dever a regra geral de que o dever de ressarcir a prática de ilícitos decorre da culpa. O ato ilícito é o praticado em desacordo com a norma jurídica culposamente, é o que causa prejuízo alheio e lesa direito subjetivo individual. Disso decorre o dever de reparação. Importante frisar que o princípio que obriga o autor do dano a indenizar a vítima é de ordem pública. O responsável pelo ato ilícito terá seus bens como garantia de reparação por parte da vítima. Ficarão nessa situação até que a indenização seja integralmente efetivada. (AMARAL, acesso ago/17)
 Outrossim, se a lesão tiver mais de um autor, estes serão solidariamente responsáveis pelo ressarcimento da mesma, cabendo então à vítima decidir se buscará sua satisfação integral com somente um dos autores, ou com todos proporcionalmente.
2.6 Responsabilidade civil e responsabilidade penal
O instituto da responsabilidade, por termos um ordenamento jurídico tão vasto, obviamente, não somente se encontra na esfera civil, qual seja, a responsabilidade civil, pode se verificar numa esfera mais grave, que é a penal. Em síntese, temos que existem dos tipos de ilícitos, que em consequência, vão dar origem a responsabilidades distintas: O ilícito penal e o civil. Importante ressaltar que, embora a responsabilidade gerada por estes seja civil ou penal, estas podem ser encontradas em vários outros ramos, tal como o tributário, administrativo, previdenciário, entre outros. Em qualquer uma destas matérias, poderemos nos deparar eventualmente com os dois tipos de responsabilidade. (SILVA, 2012)
Por exemplo, em direito tributário, no caso de ingressada uma execução fiscal por parte do Estado em face de um inadimplente, temos aí a responsabilidade civil por parte do agente, que deve pagar o que deve ao Estado. E também, existirá responsabilidade penal nesse mesmo campo, nos casos de crimes contra a ordem tributária. Assim ocorre com todos os outros campos específicos. Ocorre que, na responsabilidade civil, o agente se vê obrigado a reparar o dano patrimonial ou moral causado, procurando reestabelecer o “status quo ante” da situação lesada, ou, impossível seja, arcar com uma indenização para amenizar os danos sofridos. 
A responsabilidade civil tem um cunho regenerativo, onde o agente deve, da melhor maneira possível, fazer com que a situação retorne ao estado que se encontrava antes de sua intervenção. Situação diferente se observa no caso da responsabilidade penal, posto que, esta espécie, tem um cunho punitivo e muito menos reparador. Devido a isso, muitas vezes nos deparamos com situações em que se comina a responsabilidade civil com a responsabilidade criminal do agente pelo mesmo fato, sem que fique caracterizado o “bis in iden” em tal circunstância. Portanto, clara se mostra a ideia de que têm características diferentes estas duas espécies. (SILVA, 2012)
O saudoso doutrinador Carlos Roberto Gonçalves nos da uma situação clara em que isso ocorre:
Quando ocorre uma colisão de veículos, por exemplo, o fato pode acarretar uma responsabilidade civil do culpado, que será obrigado a pagar as despesas com o conserto do outro veículo e todos os danos causados. Mas poderá acarretar, também, a sua responsabilidade penal, se causou ferimento em alguém e se configurou o crime do art. 129, §6°, ou do art. 121, §3°, do Código Penal. Isto significa que uma ação, ou uma omissão, pode acarretar responsabilidade civil do agente, ou apenas a responsabilidade penal, ou ambas as responsabilidades. (GONÇALVES, 2005, p.19).
Na responsabilidade penal, o agente incorre em pena imposta pelo Estado. Esta pode ser privativa de liberdade, restritiva de direitos ou pecuniária. Esta também tem a característica de ser intransferível e pessoal,ou seja, não se transmite a terceiros e nem macula os eventuais herdeiros, ao passo que, na civil, temos a responsabilidade patrimonial, diga-se, relação do devedor para com suas obrigações, sendo, ao contrário da primeira, perfeitamente transferível aos herdeiros até o limite do patrimônio do agente que causou o dano. Importante salientar que, tendo como esteio Sílvio de Salvo Venosa (VENOSA, 2010, p. 20-22), em que pese as duas responsabilidades serem independentes, a esfera penal, por ser mais grave e ser norma de direito público que visa o bem estar coletivo, vincula as decisões da esfera cível, caso versarem sobre o mesmo fato. 
Isso ocorre pelo fato de ser a esfera cível reguladora de interesses particulares, e em decorrência disso se subordina a esfera penal. Importante frisar que o contrário não ocorre (esfera cível vincular a penal), bem como a sentença absolutória na esfera penal não faz absolvição na civil, pois a não culpabilidade na esfera penal não exclui a eventual responsabilidade civil de reparar. Tudo isso deixa claro a importância de se ressaltar a diferença dos dois tipos de responsabilidade, ao passo que uma visa a segurança pública, punindo os infratores que oferecem perigo a coletividade, e outra visa regular a relação de particulares, onde uns e outros adquirem direitos e obrigações, cabendo à responsabilidade civil, objeto deste estudo, direcionar nossa sociedade. (SILVA, 2012)
2.7 Responsabilidade civil contratual e extracontratual
O artigo 186 junto com o artigo 927 do código civil deixa claro que, todo aquele que causar dano a outrem, agindo com dolo ou culpa, comete ato ilícito, e por ele, é obrigado a reparar que quer que venha a sofrer dano. 
A clássica responsabilidade extracontratual, onde a parte causadora do dano está obrigada a repara-lo em decorrência da lei. Observe-se que, não há nenhum vínculo entre a vítima e o causador do dano. A única coisa que faz obrigação entre eles é a própria legislação. Maria Helena Diniz dispõe: A responsabilidade extracontratual, delitual ou aquiliana decorre de violação legal, ou seja, de lesão a um direito subjetivo ou da prática de um ato ilícito, sem que haja nenhum vínculo contratual entre lesado e lesante. 
Resulta, portanto, da inobservância da norma jurídica ou de infração ao dever jurídico geral de abstenção atinente aos direitos reais ou de personalidade, ou melhor, de violação à obrigação negativa de não prejudicar ninguém. Nosso Código Civil regula essa responsabilidade nos artigos 186, 927, 188 e 928 a 954. (DINIZ, 2007, p. 505).
Como regra, este tipo de responsabilidade se funda na culpa, ou seja, o lesado deverá demonstrar que o lesante agiu com imprudência, imperícia ou negligência. Todavia, poderá se enquadrar também na hipótese onde há responsabilidade pelo risco, conforme demonstra o artigo 927, parágrafo único do Código Civil: “Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano, implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.”
A legislação é clara ao prever que a responsabilidade decorrente do acordo entre as partes é tão contundente como àquela vista anteriormente, visto que, também está prevista na lei. A diferença é que, essa responsabilidade será resolvida nos termos do contrato, ficando a cargo das partes firmarem acordo sobre a punição a ser imposta no caso de inadimplemento da obrigação, e, por ocasião do não cumprimento dessas cláusulas firmadas, buscar o cumprimento no judiciário (observando sempre se o acordo não se mostra abusivo, onerando mais uma parte do que outra). (AZEVEDO, 1999)
Em contrapartida, esses dispositivos, se referem exclusivamente aos danos materiais, deixando de fazer menção aos danos extrapatrimoniais/morais. Nada impede, entretanto, que o magistrado, nas suas funções de condenar o agente à reparação dos danos patrimoniais que eventualmente venha a ser responsável em face do prejudicado, condene o lesante por danos morais que venha a causar, por meio de dolo ou culpa, na situação que gerou a responsabilidade patrimonial. 
O quantum dessa cláusula é quantificado com base nas reparações materiais decorrentes do descumprimento do contrato, bem como os prejuízos extrapatrimoniais. Desta forma, a cláusula penal tem o condão de sanar, em tese, os eventuais danos morais que venham a ocorrer, tendo em vista que já conta com valores de reparação do mesmo em seu conteúdo. Temos que o dano moral na seara contratual é indireto, pois decorre de uma relação contratual patrimonial (acordo entre as partes por meio de contrato), onde, um eventual dano extrapatrimonial que venha a ser causado, está intimamente ligado ao conteúdo do contrato. Ex. O vendedor não cumprir o prazo da entrega da casa no contrato de compra e venda, o comprador, por já ter disposto de sua antiga casa, sabendo que seria esta entregue, fica sem onde morar, causando danos morais, sem prejuízo da reparação material. (SILVA, 2012)
2.8 Responsabilidade civil subjetiva e objetiva
Esta classificação se dá em relação ao fundamento da responsabilidade civil. São classificadas como responsabilidade civil objetiva e responsabilidade civil subjetiva. A responsabilidade civil subjetiva encontra seu respaldo na culpa e no dolo por ação ou omissão, lesiva a determinada pessoa. Assim, a prova da culpa do agente será necessária para que surja o dever de reparar. Segundo esta teoria, ninguém pode ser responsabilizado pelo dano ocorrido, se não restar caracterizada a culpa do mesmo. Não basta apenas que haja o comportamento humano causador do dano ou prejuízo. Sobre esta classificação, Sílvio Rodriguez escreve que: Se diz ser subjetiva a responsabilidade quando se inspira na ideia de culpa, e que, de acordo com o entendimento clássico, a concepção tradicional à responsabilidade do agente causador do dano só se configura se agiu culposamente ou dolosamente. 
De modo que a prova da culpa do agente causador do dano é indispensável para que surja o dever de indenizar. A responsabilidade no caso é subjetiva, pois depende do comportamento do sujeito. (RODRIGUEZ, 2002, p. 11).
Em contrapartida, a responsabilidade civil objetiva é fundada no risco, que explica essa responsabilidade no fato de haver o agente causado prejuízo à vítima e seus bens. Neste caso, não é relevante, ou seja, não se leva em conta o fato de o agente ter concorrido culposamente ou dolosamente com o dano causado, uma vez que, é necessária a simples existência de nexo causal entre o prejuízo sofrido pela vítima e a ação do agente para que se apresente o dever de indenizar. O Código civil deixa claro em seu artigo 927 a possibilidade de se auferir responsabilidade a alguém com a ausência de culpa, ao afirmar que “[...] independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem” existe a obrigação de reparar o dano. (AZEVEDO, 1999)
O principal fato gerador do dever de indenização é o próprio fato, e não a culpa. Essa é a conhecida como Teoria do Risco, onde o agente, por exercer uma atividade imbuída de risco por sua própria natureza, fica sujeito a reparar o dano do eventual lesado, sem que este seja obrigado a provar que realmente sofreu dano concretamente. Dispõe Silvio de Salvo Venosa o seguinte: A teoria do risco aparece na história do Direito, portanto, com base no exercício de uma atividade, dentro da ideia de que quem exerce determinada atividade e tira proveito direto ou indireto dela responde pelos danos que ela causar, independentemente de culpa sua ou de prepostos. O princípio da responsabilidade sem culpa ancora-se em um princípio de equidade: quem aufere os cômodos de uma situação deve também suportar os incômodos. O exercício de uma atividade que possa representar um risco obriga por si só a indenizar os danos causados por ela. (VENOSA, 2010, p. 15).
Este tipo de responsabilidade abstraia ideia de culpa para que se caracterize a responsabilidade, sendo, muitas vezes, desnecessária a apresentação de provas para que se apresente a obrigação de reparar, como dispõe Carlos Roberto Gonçalves (GONÇALVES, 2003, p. 18): “[...] quando a culpa é presumida, inverte-se o ônus da prova. O autor da ação só precisa provar a ação ou omissão e o dano resultante da conduta do réu, porque sua culpa já é presumida [...]”. Sílvio Rodrigues também comenta este instituto: Na responsabilidade objetiva a atitude dolosa ou culposa do agente causador do dano é de menor relevância, pois, desde que exista relação de causalidade entre o dano experimentado pela vítima e o ato do agente, surge o dever de indenizar, quer tenha agido este último culposamente ou não. (RODRIGUES, 2002, p. 10).
Segundo este instituto, todo aquele que exerce atividade que tenha potencial risco de dano a terceiro fica obrigado a repará-lo, caso esse dano se confirme. 
Deverá indenizar ainda que sua conduta seja isenta de culpa ou dolo, pois, pela própria natureza de sua atividade, surgiu o dever de indenização objetivo. Se funda na ideia de que, pelo fato de o agente se beneficiar economicamente de uma atividade que gera risco excessivo a coletividade, este deve se responsabilizar objetivamente pelos danos que venham a ser causados, uma vez que o agente explorador tem (ou pelo menos deveria ter) conhecimento dos riscos gerados por seu exercício. Nesse sentido, Sílvio Rodrigues também ensina que: 
A teoria do risco é a da responsabilidade objetiva. Segundo essa teoria, aquele que, através de sua atividade, cria risco de danos a terceiros deve ser obrigado a repara-lo, ainda que sua atividade e seu comportamento sejam isentos de culpa. Examina-se a situação, e, se for verificada, objetivamente, a relação de causa e efeito entre o comportamento do agente e o dano experimentado pela vítima, esta tem direito de ser indenizada por aquele. (RODRIGUES, 2002, p. 09-10)
O fundamento dessa teoria se mostra muito interessante, ao passo que a imputação da responsabilidade objetiva em face do Estado se dá sob o argumento de que, uma vez que o Estado-coletividade deve zelar pelo bem dos administrados, quando este o prejudica, o eventual dano deve ser suportado por toda coletividade. Ora, se essa coletividade sempre repartiu seus benefícios, não há porque não suportar também o ônus dividido, apto a reparar lesão de um só.
3 PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL
Segundo Maria Helena Diniz, em sua obra sobre Reponsabilidade Civil, para que se caracterize a responsabilidade civil, alguns requisitos devem estar presentes na situação em concreto. Deve se ter a presença da ação comissiva ou omissiva, com ou sem culpa, dependendo se objetiva ou subjetiva a responsabilidade; existência de dano, que pode ser moral ou patrimonial, decorrente de ação ou omissão do agente ou de terceiro por que o imputado responde, ou por fato de coisa ou animal que esteja sob seus cuidados; e, por fim, o nexo causal entre o dano e a ação, que é o vínculo entre os dois primeiros requisitos, sem o qual é impossível a imputação da responsabilidade.
3.1 Ação
É o elemento essencial da responsabilidade. Vem a ser o ato humano, comissivo ou omissivo, ilícito ou lícito, voluntário e objetivamente imputável, do próprio agente ou terceiro, ou fato de coisa ou animal que esteja sob sua guarda. A ação é o fato gerador da responsabilidade, pois, sem ela, não existe nada no mundo. Sem ação não existe reação, ou, em outras palavras, não existem efeitos dela decorrentes. Poderá ser fundada em ato ilícito, cuja responsabilidade se baseará na culpa do agente, bem como pode se fundar em ato plenamente lícito, que terá como gerador de responsabilidade o risco. Pode ser gerada por meio de uma ação, se caracterizando por um comportamento ativo que o agente não deveria proceder, assim como pode se dar também por um comportamento passivo do agente, qual seja, a omissão de ato que deveria o agente proceder, e não o fez. (AZEVEDO, 1999)
Esta ação deverá ser voluntária, ou seja, com total controle, consciência e vontade do agente, vez que, a atitude passível de reparação de dano não pode ter sido tomada mediante coação absoluta, estado de inconsciência, sob efeito de hipnose, delírio febril, ataque epilético, sonambulismo, ou por provocação de fatos invencíveis como tempestades, incêndios desencadeados por raios ou fatores naturais, terremotos e etc. (AZEVEDO, 1999)
3.2 Dano
Obviamente, não há porque se falar em indenização e reparação de danos sem que fique comprovado o dano, pressuposto da responsabilidade civil que se caracteriza pelo prejuízo, moral ou material. A responsabilidade civil só pode ser configurada quando se tem um dano a reparar, vez que, a obrigação de ressarcir terceiro só pode decorrer de algum desfalque patrimonial (dano material) ou de alguma frustração ou ferimento de cunho extrapatrimonial (dano moral). Não se pode auferir obrigação de indenizar a alguém que, suponhamos, não deu ensejo a dano algum. Ainda que esta pessoa tenha descumprido algum contrato, se este fato não gerou dano, não existe o dever de indenizar por parte do agente. 
O descumpridor pode sim responder pelo descumprimento do acordo, porém, em face de outro instituto que não seja o da indenização. Nesse sentido, Giorgio Giorgi (1930 apud DINIZ, Maria Helena, 2007, p. 59) dispõe que: “[...] não pode haver responsabilidade civil sem a existência de um dano a um bem jurídico, sendo imprescindível a prova real e concreta dessa lesão.” 
Não dá para se conceber a existência de responsabilidade civil sem que haja dano a um bem jurídico, sendo imprescindível, todavia, a prova concreta e real desta lesão. Nas situações em que nos deparamos com o dano material, a sua reparação tem a função de equivalência do desfalque sofrido. Será quantificado o prejuízo sofrido pela vítima, para que assim o autor do ilícito repare a situação. Deverá regressa-la ao estado anterior do dano (“status quo ante”).
Ao inverso, no caso de dano moral, a reparação que vier ocorrer em virtude desde não tem a função de equivalência assim como ocorre no dano material, tem a função satisfatória, e, podemos dizer também, a de pena ao transgressor. Não se equiparam, pois a primeira se apresenta como uma reparação de algo, em tese, passível de restauração material (dinheiro, bens, etc.), ao passo que a segunda, quando ferida, nunca será restaurada. A indenização virá com o intuito de amenizar os danos ocorridos na esfera extrapatrimonial, qual seja, a dor, o sofrimento, a desonra, o em baraço, entre outros. O dano material abrange o dano emergente e o lucro cessante. (AZEVEDO, 1999)
O primeiro se caracteriza pela lesão atual, pelo desfalque imediato que sofreu a vítima, como por exemplo, na batida de um carro, o estrago feito na lataria, os danos casados ao veículo naquele momento. Já os lucros cessantes se projetam ao futuro, vez que, se baseiam em perdas que virão em decorrência do fato atual. É aquilo em que a vítima deixará de ganhar devido ao ocorrido. (AZEVEDO, 1999)
No exemplo da batida do carro, se este carro for de um taxista, este, além de ter direito de ver reparados os danos emergentes, também terá que ter incluído no cálculo dos valores indenizatórios os lucros cessantes. Com seu carro avariado não poderá exercer sua profissão, e deixará de obter lucro. Também há de se lembrar que, coexistindo danos morais e materiais decorrente de um mesmo fato, essas indenizações podem ser cumuladas, assim como prevê a Súmula 37 do STJ. Como nos ensina Ludovico Barassi: [...] o dano é prejuízo ressarcível experimentado pelo lesado, traduzindo-se, se patrimonial, pela diminuição patrimonial sofrida por alguém em razão de ação deflagrada pelo agente, mas pode atingir elementos de cunho pecuniário e moral. O dano pode referir-se à pessoa ou aos bens de terceiros (inclusive direitos), nos dois sentidos enunciados, patrimonial e moral – e em ambos – mas, especialmente nessa última hipótese, deve ser determinado consoantecritério objetivo [...] (BARASSI, 1964 apud DINIZ, Maria Helena, 2007, p. 62).
O dano pode ser definido como a lesão, diminuição ou destruição que, em decorrência a determinado evento, uma pessoa sofre os efeitos contra sua vontade, em qualquer bem ou interesse jurídico, patrimonial ou extrapatrimonial. 
Em breve síntese, alguns requisitos se mostram necessários para que exista dano passível de indenização: (AZEVEDO, 1999)
a) Diminuição ou destruição de um bem jurídico, patrimonial ou moral, pertencente a uma pessoa, pois não há dano sem que haja pessoa lesada, vez que o único que pode reclamar o prejuízo é quem o sofreu. Se alguém destruir algo que não pertence a ninguém (res nullius), não estará causando impacto suficientemente relevante a gerar uma indenização, vez que, não há vítima dessa ação. Pode-se falar em lesado direto e indireto, sendo o primeiro a pessoa que diretamente sofreu o dano, ao passo que o segundo será a pessoa que sofre os efeitos de dano causado diretamente a outrem. Exemplo é o caso de homicídio, que a família sofre os efeitos da morte do ente querido. Veja que no presente caso não há lesado direto, visto que a vítima está morta. 
b) Efetividade ou certeza do dano, uma vez que a lesão não pode ser havida por suposição ou por mero achismo. Deve ser real e efetiva a sua existência, se mostrando imprescindível a sua demonstração em face dos acontecimentos e os efeitos que dela decorreram. Efeitos estes sobre o patrimônio da pessoa que venha a ser lesada ou sobre ela própria. Exceção se dá nos casos de dano presumido a ser estudado em capítulo próprio. 
c) Causalidade, pois deverá ficar comprovado o nexo entre o dano ocorrido e a ação do autor. Pode ser direto e indireto, sendo o primeiro caso em que o dano afeta imediatamente a situação atual da vítima, e a segunda se verifica nos casos em que a lesão se demonstra posteriormente ao ocorrido, como nos casos de agente que mata o pai de família, e, em decorrência disso, gera problemas familiares em relação à esposa e os filhos deixados. 
d) Subsistência do dano, ou seja, que o dano ainda persista. Se o dano já foi reparado pelo autor em face da vítima, não há porque se falar em indenização, visto que a lesão já não mais persiste. Importante salientar que se o dano foi reparado pela própria vítima (por exemplo, consertou o próprio carro avariado pelo autor), o direito de reparação ainda persiste no que diz respeito ao quantum indenizatório.
e) Legitimidade, pois, obviamente, a vítima que pleitear a indenização deve ser aquela que efetivamente foi lesada, deve ser titular do direito atingido, direta ou indiretamente.
 f) Ausência de causas excludentes de responsabilidade, pois existem tipos de lesões que, legalmente, não geram dever ressarcitório. Se verificam nos casos fortuitos, força maior ou culpa exclusiva da vítima. (AZEVEDO, 1999)
3.3 Nexo de causalidade entre o dano e a ação
Não pode ser auferida responsabilidade civil nos casos em que não seja verificada relação de causalidade entre o dano e a ação que o provocou. Esse nexo se baseia no vínculo entre o prejuízo e a ação, de modo que, na situação concreta, o dano causado a vítima deve estar efetivamente relacionada com a atitude do autor. Tal nexo representa, então, a relação necessária entre o evento danoso e a ação que o produziu, de tal sorte que esta é considerada sua causa. Não há necessidade, entretanto, que o dano seja proveniente apenas imediatamente do fato que o produziu. É imprescindível somente que se verifique que esta lesão não ocorreria se o fato não acontecesse. O dano poderá ter efeito direto e indireto sobre a vítima, sendo que será direto o prejuízo causado em decorrência do dano efetivamente causado por si mesmo (por exemplo, se o indivíduo quebrou a janela, arcará com suas custas), sendo indireto, todavia, se em decorrência do dano diretamente causado, outros efeitos venham repercutir em desfavor da vítima. Efeitos estes que também serão de responsabilidade do autor (por exemplo, se por causa daquela janela quebrada do exemplo anterior, a casa da vítima tenha sido furtada em consequência da facilidade que a janela aberta proporcionou). (AZEVEDO, 1999)
Desta feita, a obrigação de indenizar, “ab initio”, não poderá sobrepujar os limites traçados pelo nexo de causalidade, mas o ressarcimento do dano causado pelo autor não precisa ser necessariamente restrito ao único ato que o autor diretamente causou. Basta ficar provado que todos os outros danos e efeitos negativos posteriores ao dano inicial sejam decorrentes deste, vez que, não ocorreriam, se a lesão percursora não houvesse ocorrido. Sendo assim, é evidente a percepção de que o nexo causal é uma “quaestio facti” (questão de fato), e não uma quaestio iuris (questão de direito), tendo em vista que deverá ser apreciado e decidido pelo juiz da lide. O ônus da prova desse nexo causal é de responsabilidade do autor da demanda, pois se trada de um pressuposto de responsabilidade civil.
4 DO DANO MORAL
4.1 Origem e evolução
O dano moral está presente no cotidiano. Com certa frequência situações ou pessoas invocam este instituto que, apesar de muito antigo, só vem adquirindo maior espaço. Ocorre que, muito antes de nossos ilustres doutrinadores e legisladores disporem sobre o assunto, trazendo-o a tona no cotidiano, a história mostra que este já era muito utilizado nos primórdios da sociedade. O Direito Romano nos trouxe o primeiro grande conceito de dano e sua reparação, servindo ele de base para a formação de nossas doutrinas e legislações no tocante a responsabilidade civil. Entretanto, muito antes destes conceitos que servem de base até hoje, se se verificavam métodos, ainda que grosseiros, de reparação do dano. Tanto material como moral. (SCHUCH, 2012)
4.2 Códigode Ur-Nammu
A mais antiga codificação de leis que se tem notícia é o famoso Código de UrNammu, descoberto graças a um assiriólogo (tipo de arqueólogo que estuda mais especificamente sobre a antiga mesopotâmia e tudo a ela relacionado) e professor da Universidade da Pensilvânia, Samuel Noah Kramer, formulado nos tempos mais remotos de nossa civilização. Neste já podia se identificar dispositivos diversos que adotavam o princípio da reparabilidade dos atuais chamados “danos morais”. É anterior até mesmo ao famigerado Código de Hamurabi, sendo, aproximadamente, uns 300 anos mais antigo. Para os povos primitivos, o preceito “olho por olho, dente por dente” era o mais adequado modo de reparação de dano, uma vez que, naquela época, esse era o mais eficaz meio de se amenizar a dor sofrida pela vítima. (SCHUCH, 2012)
Este instituto só é previsto no dano moral. O seguinte trecho presente no Código de Ur-Nammu nos mostra este aspecto: “Se um homem, a outro homem, com um instrumento, o pé se cortou – 10 siclos de prata deverá pagar”. Importante salientar que, a norma de talião, a Lei das XII Tábuas havia sido superada por antecipação pelo código de Ur-Nammu, vez que este último á trazia possibilidade de reparação de dano pelo sistema de compensação, por meio pecuniário. Poderá, todavia, surgir comentários no sentido de que não ficou claro que esta compensação seria com o intuito de reparar o dano moral. Poderíamos estar diante de uma simples reparação de danos materiais, onde a pecúnia serviria como forma de arcar com as custas da recuperação patrimonial que a vítima perderia para curar o dano. Note que, na realidade, não se importa a destinação da pena paga pelo autor do dano (se serviu para reparar dano moral ou material), e sim que foi aí que se constatou o primeiro uso do instituto da compensação, que se encontra prementemente no dano moral. (SCHUCH, 2012)
4.3 Código de Manu
O Código de Manava-Dharma-Sastra, ou, como mais popularmente conhecido, o Código de Manu, a codificação mais antiga da índia que interfere, até hoje, na sociedade indiana por ter se fundado essencialmente no hinduísmo. Neste aqui também verificamos a existência de penas pecuniárias aptas a reparar o dano físico como forma de compensação.Segue os princípios do código de Ur-Nammu, acrescentando ainda, penas de desterro, como a expatriação, deportação, degredo ou exílio sem prejuízo da pena pecuniária nos casos de descumprimento de compromisso contratual, pois estes, sob o olhar deste código, tinha aspecto sagrado. É somente no Código de Manu que nos é apresentado as primeiras formas de reparação de danos essencialmente morais, como: (SILVA, 2012)
a) § 224 do livro VIII estabelecia que o próprio rei ficaria autorizado a impor pesada multa àquele que desse, em casamento “uma donzela com defeitos” sem antes haver prevenido o interessado; 
b) Ao contrário, o § 225 do mesmo livro, dispunha que aquele que por maldade proclamasse não ser virgem uma jovem, estaria sujeito ao pagamento de cem “panas”; c) O § 237 do livro IX estabelecia que como reparação do dano moral oriundo da maculação, por quem quer que fosse, do leito de núpcias de seu pai espiritual, teria o ofensor impressa em sua face a marca infamante representando as partes naturais da mulher, entre outros muitos. (SILVA, 2012)
4.4 Código de Hamurabi
Já, por sua vez, o Código de Hamurabi, apesar de não trazer rol de regras gerais, princípios amplos, entre outros, trazia uma codificação mais direcionada a casos especiais e específicos da civilização babilônica. Nele, era evidente a preocupação de seu organizador em estipular uma reparação equivalente ao lesado. Tinha um princípio norteador muito importante, que até hoje se vê implícito na legislação atual. Consistia em “o forte não prejudicará o fraco”. Como já apresentado anteriormente, a maior e mais forte base desse código era a regra geral do “olho por olho, dente por dente”, onde uma ofensa era paga com outra ofensa, um ferimento era pago com o mesmo ferimento, sempre seguindo essa linha de pensamento. 
Também era previsto nesse código as penas pecuniárias já previstas em codificações anteriores. Era uma pena pura e simples com caráter compensatório em relação à vítima, que via seu agressor sofrendo um desfalque patrimonial. Foi desse preceito que surgiu a “teoria da compensação econômica”, constituída em uma satisfação nos casos de dano extrapatrimonial e que nasceu como exceção ao direito de vingança. (SILVA, 2012)
4.5 Danos morais na Grécia Antiga
Na Grécia antiga, eram utilizados os mesmos preceitos das leis anteriores. Se mostra clara a preocupação deste povo com dano moral, devido a histórias e lendas antigas. Na história de traição sobre a deusa da luxúria Afrodite, que traiu seu esposo Hefesto com o deus da guerra, o formoso Ares, uma conferência entre os deuses foi formada para julgar o presente caso. E, decidiram impor rigorosa pena aos dois traidores em favor do esposo traído. Repare que mesmo entre as lendas dos deuses mitológicos, se elencavam casos de danos morais. Isso revela o reconhecimento de tal instituto pelos gregos. (SILVA, 2012)
4.6 Danos morais no direito romano
É importante esclarecer, inicialmente, que para o estudo da responsabilidade civil, o direito romano é dividido em 3 (três) períodos distintos:
I – O primeiro iniciou-se com o advento da Lei das XII Tábuas, no ano de 452 a.C.;
II – O segundo, por sua vez, teve início após o ano de 286 a.C., com a vigência da Lex Aquilia, onde a aplicação de pena ao autor do dano começou a ser substituída pela ideia de reparação ai dano sofrido. Nessa época, a ideia de castigo ao infrator do dano foi mais adequadamente enquadrada como sendo reparação à vítima da lesão. Uma troca de conceitos ainda usada nos dias de hoje, e por fim; 
III – O terceiro período, com a vigência da Legislação Justiniana, que, em seu turno, subdividia-se em outros 3 (três) períodos: a) da vigência das institutas; b) da vigência do Codex Justinianus; e c) período do Digesto ou Pandectas.
Sob essa égide, Charles Maynz, citado na obra de Américo LuizMartins da Silva, esclarece que no jus romanum (legislação romana) eram conhecidas quatro espécies de delitos privados: furtum (furto – tomar as escondidas, clandestinamente e ilicitamente), rapina (ação de arrebatar – roubo, rapto, pilhagem, presa, despojo), damnum injuria datum (dano produzido pela injúria – ao qual se refere, de modo particular, a Lex Aquilia) e a Injuria. Deve se frisar que há diferenciação damnum injuria datum e a simples injuria. Fillipo Serafini leciona que, na injuria, se leva em conta somente o homem, físico e moralmente, ao passo que no damnum injuria datum, era visado, de maneira precípua o patrimônio do agente. (SILVA, 2012)
Dispõe que a injuria, em sua essência, possui a intenção de injuriar, enquanto que a damnum injuria datum possui característica e essência de diminuição patrimonial da vítima. Os autores já citados, assim como tantos outros, sustentam que o primeiro compreende a lesão de um agente em prejuízo à outro homem, gerando reparação moral. Essa conduta se encontraria fora do direito patrimonial. Já o segundo se dá nos caos em que a referida lesão atinge o patrimônio do agente, sem que esse tivesse culpa de qualquer coisa, obtendo para si o direito de reparação. (SILVA, 2012)
4.7 Conceito
Cumpre ressaltar “ab initio” que, para que se possa delimitar a definição de dano moral, inicialmente é necessário que se estipule uma diferenciação entre uma lesão ao direito personalíssimo por si só e uma lesão a esse direito que repercuta no patrimônio da eventual vítima. Vemos então que, um suposto atentado ao direito a honra e boa fama de alguém pode causar prejuízos na órbita patrimonial do indivíduo, ou apenas lhe causar dor moral. Dessa forma, devemos nos limitar a chamar de dano moral aquela lesão que atinja apenas a esfera extrapatrimonial da vítima, sem repercussão em seu patrimônio. Carlo Francesco Gabba (1911 apud SILVA, Américo L. Martins, 2012, p. 37) ensina que “[...] dano moral é o dano causado injustamente a outrem, que não atinja ou diminua seu patrimônio.”
Eduardo Zannoni ensina que o dano moral não é propriamente a dor, o sofrimento, a angústia, o desgosto, a humilhação ou a aflição espiritual. Esses estados de espírito tão somente são consequências de fatos ocorridos, que, por sua vez, nem sempre geraram dano moral. No caso de, por exemplo, se presenciar a morte de um terceiro por este ter caído da janela do prédio em que se está passando perto, apesar de a situação eventualmente ter gerado sofrimento e angústia para a sua pessoa, isso não lhe faz parte legítima a pleitear danos morais. Note que, na presente situação, efetivamente houve um sofrimento por parte do agente. Porém, por não ter ele nenhum vínculo com a eventual situação (ainda que indireto, no caso de ser a pessoa que caiu do prédio, por ventura, um parente jogado por um terceiro) não terá direito algum de reparação sobre este fato. Se fala em interesse reconhecidamente jurídico do fato, em que a vítima do dano moral, efetivamente sofreria forte repercussão em decorrência do sofrimento que causaria a morte de um parente próximo. (SILVA, 2012)
4.8 Dano moral direto e indireto
Quando nos deparamos com situações em que são violados efetivamente direitos personalíssimos do próprio agente, como a honra, a dignidade da pessoa humana, a integridade psíquica e corporal, o nome, a intimidade, a vida, a liberdade, a família, entre outros, estamos diante de caso típico de dano moral direto, onde o próprio agente tem sua esfera extrapatrimonial lesada, sendo passível de reparação de danos. (SILVA, 2012)
Fica clara a situação de dano moral direto nos casos em que o agente é, por exemplo, recebe um xingamento em público ou tem seu nome incluído no cadastro de maus pagadores indevidamente. São tipos de situações em que a honra e a imagem da pessoa são violados indevidamente por ação de terceiro. Por sua vez, o dano moral indireto se consuma com a ocorrência um dano material, que, de alguma forma tenha repercussão na esfera extrapatrimonial da vítima. Provoca lesão ao patrimônio imaterial devido a alguma diminuição do patrimônio. (SILVA, 2012)
Exemplo desse tipo de dano se da nos casos em que um bem valiosode família é furtado, causando tanto prejuízo à esfera patrimonial da vítima, quanta à moral, por se tratar de bem de valor sentimental. Também se evidencia quando um funcionário de determinada empresa é rebaixado indevidamente de seu cargo. Claramente, o seu maior prejuízo será material, tendo em vista que, devido a perda de sua função, receberá menos. Contudo, não há como negar o dano notoriamente moral que sofreu o funcionário rebaixado, levando em conta a vergonha e o desprestígio que sofreu com o ocorrido. (SILVA, 2012)
Importante também é se distinguir a diferença entre dano moral indireto do dano moral reflexo ou em ricochete. O primeiro, objeto do presente tópico, diz respeito a um dano moral decorrente de um dano material que venha sofrer a vítima. Esse dano moral se daria em virtude de o direito material lesado estar intimamente ligado com a moral do sujeito, ou por ventura, sua intimidade e afeição. Já o dano moral reflexo ou em ricochete, por sua vez já abordado em capítulo anterior, se dá no caso de dano moral que sofre a vítima em decorrência de um dano sofrido por um terceiro que seja intimamente ligado, como, por exemplo, a morte de um irmão em decorrência de homicídio. Isso poderia gerar para o autor do crime, levando-se em conta o caso concreto, dever de reparar dano moral ocorrido a vítima, sem prejuízo das outras sanções cabíveis, tanto na esfera cível quanto na penal. (SILVA, 2012)
O Artigo 952, parágrafo único do nosso Código Civil, traz em seu conteúdo disposição clara a respeito do dano moral indireto, qual seja: “Para se restituir o equivalente, quando não exista a própria coisa, estimar-se-á ela pelo seu valor ordinário e pelo de afeição, contanto que este não se avantaje àquele”. Percebe-se aqui que o legislador facilitou a vida dos profissionais do direito, deixando expresso em nosso ordenamento o instituto do dano moral indireto.
4.9 A reparação do dano moral
Em que pese às muitas divergências de o dano moral poder ou não ser ressarcido, pelo fato de não se poder avaliar o preço da dor, nem de, eventualmente, compensa-la com bens materiais, prevalece, atualmente na doutrina a reparabilidade do dano moral, e, buscando respaldo na excelente obra de Américo Luis Martins da Silva, Aduz-se que, realmente, o dano moral nunca poderá ser reparado na sua totalidade, todavia, poderá ser objeto de reparação de cunho compensatório.
A reparação do dano moral suscita muitas dúvidas na cabeça dos operadores do direito: Como ter certeza, ou pelo menos, afirmar com convicção, que a dor, a mágoa, o sentimento, a honra de uma pessoa foi ferida a ponto de esta ter direitos de indenização? Como se estipular o preço da reparação desse instituto tão polêmico?
Todas estas dúvidas se justificam pelo fato de o dano moral ser um instituto de cunho extremamente pessoal, pois, a pessoas têm conceitos diferentes de honra, fama e intimidade, derivados da formação social e cultural de cada indivíduo. Tudo isso, aliado a grande omissão legislativa de nosso ordenamento brasileiro a respeito desse tema. (SILVA, 2012)
5. NATUREZA JURÍDICA DA REPARAÇÃO DO DANO MORAL
Assim como já foi frisado anteriormente, os danos morais não tem o cunho de retomar o “statu quo ante” assim como nas reparações de caráter material. Não tem a função de devolver a quantia equivalente ao prejuízo sofrido, e sim, o de compensar, por meio de alguma prestação, a dor sofrida pela vítima, bem como coibir o autor do dano, causando-lhe um desfalque patrimonial equivalente ao dano causado. (SCHUCH, 2012)
Nota-se então que, o dano moral, não só efetivamente compensa (ou, pelo menos, tenta compensar) o dano sofrido pela vítima, mas também impõe obrigação ao autor da lesão em reparar, causando-o desconforto. Por este motivo, Maria Helena Diniz, citando, dentre outros, Arnoldo Medeiros da Fonseca, sustenta que a reparação do dano moral tem uma dupla função, qual já vimos, a função compensatória da dor sofrida (não confundir com a função ressarcitória) e a função de pena ao causador do dano. Salienta-se que a função penal do dano moral também é conhecida como função expiatória, e a função de compensação do dano causado à vítima pode ser nomeada função satisfatória. (SCHUCH, 2012)
 Uma terceira função, por sua vez, defendida minoritariamente, é a função socioeducativa do dano moral. Se dá tornando pública a imputação de reparação pelo autor, fazendo com que a sociedade não incorra no erro anteriormente cometido. Serve de exemplo a todos. Todavia, este terceiro entendimento não é acolhido pela maioria, sustentando que esta terceira função se encontraria implícita na função expiatória, bem como presente em qualquer função de cunho punitivo, não devendo, então, ser elencada como uma terceira função independente. Maria Helena Diniz sintetiza essas duas funções do dano moral em rápida lição: [...] a reparação pecuniária do dano moral é um misto de pena e satisfação compensatória. (SCHUCH, 2012)
Não se pode negar sua função penal, constituindo uma sanção imposta ao ofensor; e compensatória, sendo uma satisfação que atenue a ofensa causada, proporcionando uma vantagem ao ofendido, que poderá, com a soma de dinheiro recebida, procurar atender às satisfações materiais ou ideais que repute convenientes, diminuindo assim, em parte, a sua sofrimento. (Maria Helena Diniz, 1996 apud SILVA, Américo L. Martins, 2012, p. 62).
5.1 O “quantum” indenizatório dos danos morais
É uma das questões mais nebulosas e polêmicas no que diz respeito ao dano moral. Tormentosa é a questão envolvendo a fixação de seu “quantum” indenizatório pelo fato de o denominado dano extrapatrimonial não ser algo palpável. É muito árdua a missão de delimitar a medida exata em pecúnia capaz de compensar a ofensa feita por outrem. A sensibilidade ligada a essa suposta ofensa é interpretada individualmente por cada ser humano, visto que, a individualidade é uma dos mais marcantes traços que nós, pessoas, possuímos. Uma mesma situação pode ser interpretada por uns como grave ofensa a direitos personalíssimos, bem como interpretada por outros como mero dissabor decorrente de nosso dia a dia. Diferentes valorações são atribuídas por pessoas diferentes a situações diversas, conforme criação cultural e social de cada indivíduo. Tornando esta situação ainda mais complexa, está a imensa margem de discricionariedade que o magistrado tem de decidir acerca dessas questões envolvendo reparação de dano extrapatrimonial. Não há de se confundir discricionariedade com arbítrio, posto que o juiz de direito tem a função de agir baseando-se nos ditames dados por nossa legislação. Este não decide por mera liberalidade de seu senso de justiça, e sim seguindo os parâmetros legais. (SCHUCH, 2012)
A crítica que se faz, no entanto, é o fato de que, mesmo que o juiz haja com discricionariedade embasando-se na letra de nossas leis, este terá que ter uma singular capacidade de percepção da situação em concreto. Há de se perceber, devido ao fato da imensa omissão legal que assola o instituto, que injustiças referentes ao valor da indenização dos danos morais são corriqueiras. Isso tanto no que diz respeito ao lesado, posto que por vezes é arbitrado valor muito inferior ao que seria devido e justo como forma de compensação, quando ao lesante, visto que, em muitos casos de mero dissabor, o magistrado exige a título de reparação do eventual dano moral valores exorbitantes. Por sua vez, a doutrina, tendo em vista essa situação omissa presente em nosso ordenamento, buscou sintetizar a melhor forma de se buscar a quantificação do dano moral, trazendo métodos a serem seguidos pelos magistrados que se depararem com essa situação. (SCHUCH, 2012)
Inicialmente, deve o juiz buscar sentir e compreender a dimensão da dor e do sofrimento experimentado pela vítima da lesão. É muito importante, todavia, que esse envolvimento com a situação concreta sempre leve em conta a imparcialidade inerente a pessoa do magistrado, vez que a missão deste é sempre a busca da justiça. (SCHUCH, 2012)
Deverá tambémbuscar no processo elementos objetivos aptos a delimitar o dano alegado pela vítima, bem como os efeitos do mesmo na sua esfera íntima. Isso servirá para sustentar a indenização a ser imposta ao ofensor do dano. Após essas etapas, o juiz deve proceder a ponderação dos elementos subjetivos e objetivos sob a égide dos princípios da razoabilidade e proporcionalidade. Seguidos esses parâmetros, o magistrado se mostrará muito mais apto e perspicaz ao analisar o valor do dano moral. Assim como leciona Clayton Reis (2000 apud SCHUCH, 2012, p. 63 e 64): “[...] deve o magistrado valer-se de critérios de razoabilidade, ou seja, levar em consideração todos os elementos que concorreram para a causa do dano e seus consequentes efeitos.” 
Tendo como embasamento as obras de Luiz Felipe Siegert Schuch, Antônio Jeová da Silva Santos, bem como a de Américo Luís Martins da Silva, todas lecionando sobre o instituto do dano moral, pudemos extrair os elementos mais importantes aptos ao convencimento do juiz na quantificação do dano moral: 
a) Intensidade do sofrimento do ofendido;
b) Duração do dano ou das lesões;
c) Gravidade da lesão;
d) Natureza e repercussão da ofensa;
e) Posição social do ofendido;
f) Intensidade do dolo ou grau de culpa do responsável pelo dano;
g) A situação econômico-social do ofensor;
h) Eventual reincidência do causador do dano em ilícitos pretéritos de igual natureza;
i) Retratação do agente ofensor.
Apesar de por muito tempo oscilarem em decisões discrepantes, atualmente, os tribunais superiores já vêm se condicionando à certos requisitos para a fixação dos danos morais. Isso é uma forma, tanto de fazer justiça para com aqueles que são verdadeiramente lesados por terceiros, bem como também é a forma mais apta de se lutar contra a vitimização, fenômeno este muito comum nos dias de hoje. A vitimização nada mais é do que o ato de oportunismo encontrado na esfera jurídica, onde o agente busca indiscriminadamente situações em que ele possa pleitear danos morais, fingindo sentir sofrimento ou angústia. (SANTOS, 2001)
Situações em que, usando da máquina judiciária, busca indenizações como forma de enriquecimento ilícito, pois, a bem da verdade, esse “dano” extrapatrimonial que pleiteou jamais ocorreu, vez que esse tempo todo somente buscou se locupletar das brechas do nosso sistema legislativo, tentando tirar proveito de terceiro. Nesse sentido, Antônio Jeová da Silva Santos dispõe: [...] a vitimização é um fenômeno atual e corriqueiro, não sendo difícil encontrar alguém na expectativa de um ganho fácil, que torça diariamente para ser ofendido ou equivocadamente lançado em um cadastro de proteção ao crédito, abordado por um segurança de loja de departamentos ou supermercados, inclusive contribuindo com sua conduta para a ocorrência de algum pretenso dano moral. (SANTOS, 2001, p. 129).
Outro aspecto importante de se observar é que, pelo fato de a fixação do dano moral se dar de forma discricionária, após uma análise minuciosa do caso concreto, os tribunais superiores estão reconhecendo cada vez mais que os juízes de primeira instância são bem mais aptos a arbitrar um “quantum” nesses casos. O fato é que a analise do caso, bem como a percepção subjetiva do mesmo se dá pelo juízo “a quo”, fazendo com que os tribunais superiores não tenham tantos elementos, clareza e envolvimento com o caso para proferir uma decisão justa com o caso. Isso se pode notar devido às várias decisões que reiteram o arbitramento do valor da indenização estipulado pelo juiz de primeira instância. (SANTOS, 2001)
6. DA BANALIZAÇÃO DO DANO MORAL
6.1 A banalização do instituto
A proposição de indenizações no judiciário brasileiro por fatos que não passam de meros aborrecimentos comuns na vida civil, bem como arbitramentos milionários de indenizações desproporcionais ao agravo, estão sendo extremamente comuns no nosso judiciário. Tartuce (2005 apud SCHUCH, Luiz Felipe Siegert, 2012, p. 70) relata que: “[...] algumas pessoas, movidas talvez por uma intenção mesquinha ou por um apego exagerado a bens materiais, resolvem provocar e inflacionar o Poder Judiciário com ações indenizatórias absurdas.”
6.2 Exemplo 01
CONSTITUCIONAL – RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CABIMENTO. INDENIZAÇÃO. DANO MORAL.
 I – O dano moral indenizável é aquele que atinge a esfera legítima de afeição da vítima, que agride seus valores, que humilha, que causa dor. A perda de uma frasqueira contendo objetos pessoais, geralmente objetos de maquiagem de mulher, não obstante desagradável, não produz dano moral indenizável. 
II –Agravo não provido (Supremo Tribunal Federal, RE 387014, AgR/SP – São Paulo, AG. REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO, Relator Min. Carlos Velloso, Julgamento: 08/06/2004, Segunda Turma, Publicação: Dj 25/06/2004).
Nota-se por esse exemplo da referida decisão que, evidentemente, o dano moral está sendo usado como instrumento fomentador de pretensões absurdas e discondizentes, mostrando a busca desenfreada dos oportunistas a independência, ou, pelo menos, conforto financeiro. O que fica aparente é o apoio da sociedade em uma suposta dor que, na realidade, não é nada mais que uma moral abstrata, que se desvinculou do caso concreto, não refletindo o verdadeiro sentimento à que a pessoa está exposta. Pode se inferir até que se surge aqui uma nova espécie de responsabilidade subjetiva, pois, atualmente, todo aquele que simplesmente alega estar sento vítima de dor moral, tem grandes chances de ser indenizado. O fato de essa suposta dor não ser fácil de ser provada nos autos, vez que ela se localiza no íntimo de cada indivíduo, faz com que a presunção de sua ocorrência se mostre cada vez mais presente nos nossos julgamentos. Todavia, não podemos nos ater em somente culpar os cidadãos que se imbuem nesse papel de oportunistas. Tudo começa, por sua vez, na figura do advogado da suposta vítima, que, na maioria das vezes, já instrui seu cliente a pleitear o dano moral, vez que, já sabe estar o instituto demasiadamente banalizado e dando provimentos exagerados. 
 Em verdade, caberia aos advogados, desde o primeiro contato com seus clientes até a postulação em juízo, orientar corretamente seus clientes de modo a já filtrar a ocorrência de danos morais. Deveria orienta-lo, sobre a existência ou não do eventual dano moral, a plausibilidade da pretensão e probabilidade de sucesso, desestimulando-os ajuizar, caso assim seja, demandas destituídas de fundamento ou que superem os limites estabelecidos pelo direito. Em contrapartida, sabemos em que este é um argumento utópico, vez que se os advogados orientarem seus clientes a não ajuizarem ações pelo mero desfrute de um mundo jurídico mais justo, deixarão ter obter ganho em cima da demanda. Esse argumento se fortalece ao passo que, às vezes, mesmo o pleito sendo absurdo, o provimento jurisdicional vem em sentido favorável. 
 Compete então, para que tal feita seja possível, aos demais órgãos jurisdicionais ter uma postura mais adequada quando o assunto versar sobre reparação de danos extrapatrimoniais. 
6.3 Assistência Jurídica Gratuita
Trazida pela Constituição Federal de 1988 em seu Art. 5°, inciso LXXIV, contendo o seguinte: “O Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos.”
Ensina o professor Hélio Marcio Campo que: [...] denomina-se assistência jurídica gratuita o auxilia que o estado oferece – agora obrigatoriamente – aos que se encontram desprovidos de recursos financeiros, dispensando os mesmos do pagamento das custas e das despesas judiciais e extrajudiciais, bem como dos honorários advocatícios de seu patrono e/ou consultor jurídico, quer tenha este atuado em juízo ou não, isto é, judicial ou extrajudicialmente, ficando ainda suspensa a exigibilidade do ônus da sucumbência, quando tenha perdido a demanda o favorecido, até que cesse seu estado de necessidade e enquanto a prescrição não se operar. (CAMPO, 2002, p. 54-55).
6.4 Dano Moral “in re ipsa”
Na atualidade, temos que o dano moral não tem caráterabsoluto. Nosso tribunal entende de forma pacífica que, para que fique caracterizado o dano moral, deve ser provado, de forma concreta, que a pessoa lesada sofreu dano. Deve ficar comprovada a eventual ofensa a moral da vítima para que esta seja digna a receber reparação. (REIS, 2002)
Em contrapartida, aborda REIS, 2002, a casa superior delimitou os casos em que o dano moral é presumido, ou seja, não é necessário a comprovação de dano por parte da vítima. Basta que a situação esteja prevista nos casos elencados pelo STJ para que a vítima seja ressarcida. Esta não precisará comprovar ofensa ou prejuízo sofrido por tal ato. Estamos diante dos casos de dano moral “in re ipsa”, aquele que independe de o agente comprovar a lesão para que este seja ressarcido. Cabe a ele somente comprovar que o fato se consumou, mostrando o nexo causal que liga o fato à sua pessoa.
São os casos de deste tipo de dano moral:
 a) Cadastro de Inadimplentes – No STJ é consolidado que, a inclusão ou manutenção equivocada de pessoa nos órgão de proteção ao crédito (SPC, Cadin e Serasa), gera direito de reparação em favor da vítima, sem que esta precise demonstrar efetivo prejuízo. Se entende que o resultado não importa, pois o fato de o nome estar negativado indevidamente já denigre a imagem da vítima. (REIS, 2002)
b) Responsabilidade Bancária – Se verifica também nos casos de inclusão indevida nos órgãos de proteção ao crédito (dessa vez, por negligência dos bancos), bem como nos casos de inserção equivocada dos correntistas nesses mesmos cadastros nos casos em que talões de cheque em nome desses foram extraviados e utilizados por terceiro, causando a inadimplência. No entanto, a Súmula 385 do STJ dispõe que a pessoa não pode se sentir ofendida por inscrição indevida nos cadastro de proteção ao crédito, se, por ventura, já possuir inscrição de dívida anterior legítima. Nesses casos se entende que a vítima não pode se sentir ofendida, vez que já tem seu nome inscrito no órgão. (REIS, 2002)
c) Atraso de Voo – Aqui o dano presumido se da nos casos de voo atrasado, independente de o fato ter causado dano concreto na vítima. Aqui se entende que, em que pese o sofrimento do agente, este teve um serviço prestado indevidamente, ensejando reparação. Este tipo de dano “in re ipsa” prevê a responsabilidade da empresa aérea tanto pelo Código de Defesa do Consumidor, como pela Convenção de Varsóvia, que unificou as regras sobre o transporte aéreo internacional. (REIS, 2002)
d) Diploma sem Reconhecimento – O diploma emitido por entidade de ensino superior que não tenha reconhecimento, se não alertado o risco aos alunos, gera dano moral presumido, independente de dano concreto. O fato de a entidade não emitir o diploma reconhecido no tempo certo, também gera essa mesma presunção de dano. Entende o STJ que, a pessoa já formada, ao não poder exercer sua profissão corretamente devido a falta de diploma, tem afetado seu psicológico, ensejando reparação. (REIS, 2002)
e) Equívoco Administrativo – O equivoco administrativo que reflita consequência em cidadão ensejará dano moral presumido. São os casos em que são aplicadas multas indevidas pela administração pública, e que, por sua vez, geram ônus desnecessário aos particulares. O argumento é que o cidadão não pode responder por trapalhadas da desorganização decorrente da administração pública.
d) Credibilidade Desviada – A inclusão de nome de médico em guias de planos de saúde, sem que este saiba ou sequer tenha sido procurado para negociar o credenciamento junto essas empresas geram dano moral presumido a imagem do médico. O cliente, ao chegar na clínica e ter a notícia que aquele médico encontrava-se no guia de seu plano de saúde na realidade, não é credenciado, gera um desconforto sem precedentes. O paciente muitas vezes culpa o médico, quando na verdade a culpa é do convênio médico. Além do fato de o convênio utilizar-se, a título de propaganda, da imagem do referido médico. Nesses casos, o STJ entende serem também casos de dano moral “in re ipsa”. (REIS, 2002)
Em que pese ser ou não correta a postura de nosso Tribunal Superior em elencar casos em que o dano morais são devidos presumidamente, esse fato por si só já fomenta a indústria da banalização do dano moral. A alma desse instituto de baseia na ofensa a honra, bem como no sofrimento da vítima, o que, evidentemente não é o objeto desta espécie de dano moral. O fato de um dano moral ser presumido, sem que se demonstre o prejuízo ou a dor pela vítima, só faz aumentar a incidência de oportunistas. 
7.CONsiderações finais
Foi objeto deste trabalho articular, a luz das Leis, o instituto do dano moral. Recente no tocante ao reconhecimento por nosso ordenamento jurídico, se verifica que a banalização se encontra num estágio avançado. O Judiciário encontra-se abarrotada de tantas demandas infundadas, que litigam fatos absurdos passíveis de indignação. Ficou demonstrado que, em geral, esse desvirtuamento do instituto se dá devido à péssima educação social e cultural atinente a população brasileira. População essa mal acostumada a utilizar o Poder Judiciário indiscriminadamente ao invés de buscar a solução pacífica dos conflitos. 
Boa parte da culpa dessa situação pode ser dirigida aos próprios profissionais do direito, dentre estes os advogados, juízes e demais entes estatais. Tanto o fato dos advogados insaciáveis induzir seus clientes a ingressar em uma lide, quanto as precipitadas decisões proferidas pelos juízes no tocante ao dano moral são responsáveis pela má utilização dessa arma que deveria ser uma segurança dos cidadãos brasileiros, e não um temor. Hoje em dia, tem sido mais preocupante ser vítima de algum equívoco judiciário, por este interpretar mal o tema da responsabilidade civil, do que ser vítima de um eventual dano real, posto que esse encontrasse distorcido. 
A omissão proveniente do sistema legislativo brasileiro acerca dos danos morais prejudica, e muito, a correta e adequada aplicação do instituto. Sabemos o quão difícil se mostra quantificar este tipo de dano, vez que ele não é palpável e, em contrapartida, é muito pessoal. Ocorre que, atribuir uma carga tão alta de subjetividade nas mãos do magistrado para o solucionamento da lide não é a forma mais adequada de se resolver este tipo de ocorrência, pois, embora não se possa tabelar os danos extrapatrimoniais por estes carga de individualidade singular, a falta de diretrizes gera, muitas vezes, decisões discrepantes em casos semelhantes entre si. Caberia ao poder legislativo, para evitar este tipo de ocorrido, ao invés de se cogitar a possibilidade de tabelamento, editar mais diretrizes e parâmetros aptos a corroborar com a melhor aplicação dos danos morais no judiciário. 
Deveriam ser editadas normas que o norteariam e auxiliariam os juízes, em conjunto com a subjetividade, no solucionamento dos conflitos atinentes a responsabilidade dos danos extrapatrimoniais. Não podemos esquecer de que, apesar de parecer utópico, muito importante se faz a tomada de medidas socioeducativas no tocante a banalização dos danos morais. 
Apesar de parecer ineficaz tal medida, sem ela, nenhuma lei ou ditame legal servirá de nada, vez que os instrumentalistas do direito e os cidadãos, imbuídos de má intenção, sempre continuarão buscando maneiras de obter ganho ilícito às custas de terceiro por intermédio de provimento do Estado. A maneira que entendemos ser mais adequada para essa reeducação, seriam medidas punitivas mais rigorosas por parte dos juízes e tribunais que verificarem incorrer as partes em litigância de má fé. Uma maior punição coibirá, ao menos em parte, a incidência de proposições exageradas pleiteadoras de reparação moral, causando insegurança aos oportunistas, que, por sua vez, estarão correndo risco de sofrer sanção.
Para trabalhos futuros recomendamos um estudo sobre a má-fé acerca do instituto. Sem prejuízo, também as questões sobre o advogado da demanda injusta e as sanções administrativa cabíveis, a serem aplicadas pela Ordem dos Advogados

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