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Formiga MG Junho 2020 UNIFOR – CENTRO UNIVERSITÁRIO DE FORMIGA TAYRA RAMYNNY NUNES 5° período de Direito DIREITO CIVIL IV Formiga MG Junho 2020 TAYRA RAMYNNY NUNES DIREITO CIVIL IV Artigo Científico apresentado à UNIFOR-MG, como exigência para obtenção do título de nota semestral na disciplina de Direito Civil IV. Orientador: Prof. Fábio Antunes Gonçalves. Formiga MG Junho 2020 O DESENVOLVIMENTO DA INDÚSTRIA DO DANO MORAL NO ÂMBITO JURÍDICO BRASILEIRO E SUAS PECULIARIDADES Tayra Ramynny Nunes RESUMO O presente artigo foi realizado por meio de uma pesquisa cientifica, a qual busca estabelecer de maneira fácil às peculiaridades acerca da indústria do dano moral. O referido artigo se destaca no seu conteúdo específico, logo ao começo é versado sobre historia de origem e desenvolvimento do dano moral e em seguida é averiguado no ordenamento jurídico brasileiro qual o meio para amenizar o dano causado de forma mais apropriada; pelo modo como foi afetado e pela dimensão diante a conduta do agente, visto que, ao alterar seu sentimento, entrar-se-á na esfera do dano moral, seguindo sobre o ponto de vista da relação de causalidade. Palavras-chave: Peculiaridades. Origem. Ordenamento Jurídico. Amenizar. Causalidade. ABSTRACT This article was carried out through scientific research, which seeks to establish in an easy way the peculiarities about the moral damage industry. This article stands out in its specific content, right at the beginning it’s written about the history of origin and development of the moral damage and then it’s analyzed in the Brazilian legal system which means to mitigate the damage caused in a more appropriate way; by the way it was affected and by the dimension before the agent's conduct, since, when changing his feeling, one will enter the sphere of moral damage, following from the point of view of the causal relationship. Words-key: Peculiarities. Source. Legal Order. Soften. Causality. SÚMÁRIO: 1. Introdução. 2. Do dano moral 2.1 Conceito 2.2 A evolução histórica do dano moral. 2.3 Classificações do dano moral. 2.3.1 Dano moral direto 2.3.2 Dano moral indireto 3. Relação de causalidade 3.1 Ressarcimento 3.2 Arbitramento 4. Casos abusivos acerca dos danos morais 5. Enunciados do CJF e Sumulas do STJ 6.Conclusão 7.Referências. Formiga MG Junho 2020 1. INTRODUÇÃO O presente artigo tem foco central na indústria do dano moral. É apresentado inicialmente o dano moral com suas peculiaridades propriamente ditas, o conceito, a incidência e suas características. Por conseguinte é visto o pleito e cabimento diante o judiciário com intuito de adquirir a obtenção da sentença condenatória. O dano moral é visto como aquele que ofende o direito da personalidade, ou seja, ofende o íntimo do indivíduo como sua honra, sua moral, dentre outros aspectos. O instituto, embora seja ate hoje controverso, não é algo atual de tal modernidade, pois desde o Código de Hamurabi já se tratava do assunto de certa forma. Ao saber de todos, nota se que no âmbito da responsabilidade civil, a reparação por dano moral é um dos assuntos mais controvertidos a se falar. Em suma, esse tema vem de longo tempo, gerando, portanto diversos posicionamentos tanto na ordem doutrinária, tanto no tratado ordenamento jurisprudencial. Nas duas ocasiões os argumentos são vistos dos mais variáveis no que tange sobre o dano moral. Em um capitulo da doutrina que não admitia a reparação por este tipo de dano. Todavia, com a criação da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, o debate a respeito da admissão da reparação do dano moral foi respectivamente cessado, pelo fato que a Carta Magna, reconhece expressamente sua existência no seu art.5°, V e X. Na atualização do Código civil de 1916 para o atual Código Civil de 2002, é visto expressado também a provável admissão de reparação por dano moral, certificando, de vez, o instituto no ordenamento jurídico e desapontando os que defendiam que não era admissível tal reparação. Embora o debate diante a reparação por dano moral seja obsoleta, tal instituto causa variados debates dentro da doutrina e dentro da jurisprudência no âmbito da busca pela justa reparação, posto que, quando o fato advém de uma reparação por dano material, torna se fácil calcular de modo objetivo o valor do dano, ao contrario do dano moral que se torna mais complexo no que tange tal situação. Segundo os dizeres mensurados acima, como o dano moral atinge os direitos da personalidade, o calculo da reparação se torna complexo. Deste modo o calculo será Formiga MG Junho 2020 conduzido de maneira cautelosa e criteriosa. Destaca dizer que o magistrado tem a escolha ao arbitrar o dano, pois em via de regras, não há critérios pré-definidos. Deste modo, para que haja uma justa e coerente reparação, é essencial estudar o instituto profundamente, observando desde a sua história e evolução, os institutos e todos os elementos, os métodos e as técnicas utilizados, a natureza jurídica e os critérios para o arbitramento, posto que o magistrado seja extremamente cauteloso e técnico na aplicação do instituto. Seguindo este raciocínio, é de tal importância analisar o modo de como a jurisprudência age nesse tempo, se há cautela ou não, se esta aplicando tais técnicas adequadas ou não. Coloca se em evidencia a busca por mecanismos auxiliadores numa conveniente quantificação. Mesmo que a quantificação de reparação seja dada pelo árbitro do magistrado no caso concreto, é indispensável utilizar a base teórica servindo como modelo de critério, para a eficaz ajuda, no intuito de obter a quantificação do dano corretamente. Alem do mais, tendo adotado a reparação de dano moral no ordenamento jurídico brasileiro, a quantidade de processos aumentaram de forma excepcional, vale lembrar que muitos aproveitam desse instituto para tentar tirar proveito de tal situação, lesando a notoriedade da justiça. Ademais, o judiciário está sobrecarregado, e por inúmeras vezes encontra se a utilizar critérios objetivos para arbitrar tal processo indenizatório sobre algo, que claramente não é objetivo. Enfim, fica clara a utilização de caminhos para que a procura pelo dano moral não se configure em uma indústria, e que não sejam utilizados critérios totalmente objetivos, pois determinadas coisas não necessitam ser quantificadas por critérios objetivos. Formiga MG Junho 2020 2. DO DANO MORAL Antes da criação da Constituição Federal de 1988, tanto a jurisprudência quanto a doutrina discordavam sobre admitir ou não a reparação pelo dano moral. A reparação por dano moral foi aceito no ordenamento jurídico brasileiro através da Carta Magna, a qual admitiu o instituto expresso no seu art. 5°, V e X da própria. Conforme afirmado acima, apesar do instituto ter sido aprovado somente em 1988, à origem de tal não é nem um pouco recente, pois foram considerados elementos similares à reparação por dano moral em varias legislações e escritas como, por exemplo, na Bíblia, nas Leis de Manu e no Código de Hamurabi, dentre outros. Um dos primeiros registros de reparação por dano moral surgiu na Mesopotâmia, com o código de Hamurabi. Pablo Stolze e Rodolfo Pampolha citam Clayton Reis afirmando que: [...] “noção de reparação de dano encontra-se claramente definida no Código de Hamurabi. As ofensas pessoais eram reparadas na mesma classe social, à custa de ofensas idênticas. Todavia o Código incluía ainda a reparação do dano à custa de pagamento de um valor pecuniário.” (STOLZE, Pablo; PAMPOLHA FILHO, Rodolfo, op. cit. p. 107.). O código de Hamurabi tratava como prioridade, a reparação de um danopor meio de uma ofensa na mesma medida (por igual), semelhante à Lei de Talião. Já o Código de Manu, ao contrario do Código de Hamurabi tinha prioridade, uma sanção perante o pagar de um valor pecuniário. Isso caracterizou se como uma evolução ao Código de Hamurabi. Na ideia das escrituras bíblicas, o adultério, por exemplo, caracterizava uma lesão moral. A espécie de condenação diante o adultério seria a restrição ao casamento dos que o cometiam. No seguinte fragmento retirado da Bíblia, são encontrados elementos que representam o dano moral. Se um homem tomar uma mulher por esposa e, tendo coabitado com ela, vier a desprezá-la, e lhe imputar falsamente coisas escandalosas e contra ela divulgar má fama, dizendo: ‘Tomei esta mulher e, quando me cheguei a ela, não achei nela os sinais da virgindade’, então o pai e a mãe da jovem tomarão os sinais da virgindade da moça, e os levarão aos anciãos da cidade, à porta; e o pai da jovem dirá aos anciãos: ‘Eu dei minha filha para esposa a este homem, e agora ele a despreza, e eis que lhe atribui coisas escandalosas, Formiga MG Junho 2020 dizendo: — Não achei na tua filha os sinais da virgindade; porém eis aqui os sinais da virgindade de minha filha’. E eles estenderão a roupa diante dos anciãos da cidade. Então os anciãos daquela cidade, tomando o homem, o castigarão, e, multando-o em cem ciclos de prata, os darão ao pai da moça, porquanto divulgou má fama sobre uma virgem de Israel. Ela ficará sendo sua mulher, e ele por todos os seus dias não poderá repudiá-la. (Bíblia, Deuteronômio 22:13-22) Aqui nesse fragmento, fica clara a noção do dano moral no contexto bíblico. Ocorre que, quando um homem denegrir a imagem da sua esposa, diante da comprovação de mentira, ele era obrigado a reparar a família da esposa, visto que era obrigado a permanecer casado com ela. Diante disso, tinha duas vias de sanções para o causador dessa espécie de dano moral á sua esposa. Destaca-se que seria o caso, quando o homem se envolvia com uma mulher virgem: “Se um homem encontrar uma moça virgem não desposada e, pegando nela, deitar se com ela, e forem apanhados, o homem que dela abusou dará ao pai da jovem cinquenta ciclos de prata, e, porquanto a humilhou, ela ficará sendo sua mulher; não a poderá repudiar por todos os seus dias”. (Bíblia, Deuteronômio 22:13-30 AA). 2.1 CONCEITO São numerosas as definições acerca do dano moral. Alguns doutrinadores como Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona compreendem o dano moral como “uma lesão de direitos o qual conteúdo não é pecuniário, nem comercialmente redutível a dinheiro” (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2003, p. 55). Na linha do mesmo pensamento MELO diz que “o dano moral seria toda agressão injusta aos bens imateriais, ou seja, tanto a pessoa física quanto a pessoa jurídica, insuscetível de quantificação pecuniária.”. (MELO, Nehemias Domingos de. 2004, p. 9). Ao analisar a ideia desses dois autores, fica fácil entender que o dano moral está vinculado a noção de dor, sofrimento, constrangimento e tristeza. Porem é necessário destacar que no tempo atual não se aceita mais restringir o dano moral por esses elementos, pois engloba em todos os bens personalíssimos. Formiga MG Junho 2020 Cabe esclarecer que a que a dificuldade não é definir um conceito para o dano moral e nem sobre sua probabilidade de reparação, mas sim como aplica-lo de forma coerente e justa, precavendo a veracidade de fatos para que não haja casos abusivos. 2.2 A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DANO MORAL No âmbito da jurisprudência e da doutrina, ao longo da historia, pode se notar inúmeros argumentos sobre o dano moral. É de suma importância também mencionar que existia uma parte na doutrina que não admitia a reparação por dano moral, e a outra parte a admitia a reparação por dano moral, porem era abrangida dentro do ciclo do dano patrimonial, visando que alguns a admitia somente de modo independente do dano material, ou seja, não poderia ter cumulação. Com a criação da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, não houve mais discussão acerca da admissão de reparação por dano moral, pois a Carta Magna admitiu o instituto expresso no seu art. 5°, V e X. A partir desse momento, foi admitida a reparação por dano moral, tano de modo independente como cumulativo ao dano material. O antigo Código Civil de 1916, não era reconhecido expressamente tal instituto, porem com sua atualização do Código Civil de 2002, foi expressamente reconhecido tal viabilidade da reparação por dano moral, provendo tal instituto de vez no ordenamento jurídico brasileiro, causando certa frustração naquelas que não admitia a reparação por dano moral. 2.3 CLASSIFICAÇÕES DO DANO MORAL Em uma analise pelo ordenamento jurídico brasileiro, nota-se distintos tipos de dano moral, que podem ser definidos em duas espécies: a) dano moral direto e b) dano moral indireto; são oriundos no requisito de “causalidade entre dano e o fato”, sendo necessária a composição do dano passível de indenização. 2.3.1 Dano moral direto Esse dano ocorre em decorrência da existência de agressões diretas aos direitos do individuo, ou seja, é causada uma lesão em um dano imaterial. Nas palavras de Maria Helena Diniz, o “dano moral direto seria aquele que consiste numa lesão a um interesse que visa à satisfação de um bem jurídico extrapatrimonial que está introduzido Formiga MG Junho 2020 nos direitos da personalidade ou nos atributos do individuo, abrangendo também lesão á dignidade da pessoa humana” (CF/88, art. 1º, III).” (DINIZ, 2008, p. 93). Pablo Stolze profere com igualdade em mesmo pensamento que “(...) uma lesão especifica de um direito extrapatrimonial, como os direitos da personalidade.”. (GAGLIANO,Pablo Stolze.op.cit. p.67). Para um melhor entendimento, o exemplo seria quando o individuo é injuriado em publico ou possui seu nome apontado em algum cadastro de mau pagador, isso se trata de dano moral direto, pois viola a honra e a imagem do individuo. 2.3.2 Dano moral indireto Esta espécie de dano ocorre quando há lesão a um bem ou interesse de natureza jurídica, ou seja, ele é decorrente de um bem de valor e seu afeto para com ele, ou ate mesmo que não possua aspecto econômico, mas ainda assim causa consequências sentimentais danosas na vitima. No Código civil de 2002, está expresso a respeito do dano moral indireto, que dispõe: “Art. 952. Parágrafo único. Para se restituir o equivalente, quando não exista a própria coisa, estimar-se-á ela pelo seu preço ordinário e pelo de afeição, contanto que este não se avantaje àquele”. É importante mencionar que o dano moral indireto se difere do dano moral reflexo, pois no dano moral indireto ocorre uma violação em um direito extrapatrimonial de um individuo, em função de algum dano material. Já no dano moral reflexo, é quando um individuo sofre algum dano moral, em função de outro dano de que foi vítima a outra pessoa que esteja ligado a ele, onde não se importa a natureza do dano, seja ele material ou moral. 3. RELAÇÃO DE CAUSALIDADE Caracteriza se a relação de causalidade como o vinculo existente entre a conduta lesiva do agente e o dano sofrido pela vitima. Não ocasionando o dano ocorrido pela conduta do agente, não existe a relação de casualidade. A propósito Venosa define o nexo de causalidade como: "O conceito de nexo causal, nexo etimológico ou relação de causalidade deriva das leis naturais. É o liame que une a conduta do agente ao dano. É por Formiga MG Junho 2020 meio do exame da relação causal que concluímos quem foi o causador do dano. Trata-se de elemento indispensável. A responsabilidade objetiva dispensa a culpa, mas nunca dispensará o nexo causal. Se a vítima, que experimentou um dano, não identificar o nexo causal que leva o ato danoso ao responsável, não há como ser ressarcida". (VENOSA, Silvio de Salvo. DireitoCivil.p.39 ) O valor de calculo se acometera por sua medida na relação causal. A relação de causalidade terá a função de fixar ate onde se estende a obrigação e qual será a reparação exata. A relação de causalidade se vincula com a ação ou omissão do individuo e com o dano, que no caso será o resultado. Transfigurando para linhas claras, é o mesmo que dizer, para o agente ser imputado, será necessário que haja ação ou omissão. Demogue explica sobre isso: “Não pode mesmo haver uma relação necessária entre o fato incriminado e o dano. É preciso que esteja certo que, sem este fato o dano não teria ocorrido. Logo, não basta que uma pessoa tenha transgredido certas regras que sem esta contravenção o dano não teria ocorrido” (DEMOGUE, René in Carvalho Neto, Inácio de. Responsabilidade Civil no Direito de Família.p.60.) 3.1 RESSARCIMENTO Cabe relembrar que a fixação de indenização por dano moral, será concedida sobre a reparação pela dor, tristeza e pela exposição da imagem da vitima causando um grande constrangimento. Contudo, vale mencionar que se torna complexo fixar um valor para uma dor sofrida. Por isso são seguidos alguns critérios para o estabelecimento da quantificação. Coelho reflete sobre em um trecho: “De início, convém assentar que não há critério de mensuração objetivo. A quantitativamente. Desse modo, embora fosse desejável eliminar as diferenças entre os valores das condenações em casos semelhantes, estas têm sido significativas. Do exame da jurisprudência, de qualquer modo, pode-se concluir um padrão geral, a alguns fatores de redução, aqueles e estes sempre subjetivos, isto é, atentos às peculiaridades dos sujeitos envolvidos. Dor não se mede por variáveis controladas.”. (COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil. 2 ed. São Paulo. Saraiva, 2009. v. 2. p. 428). Formiga MG Junho 2020 Assim, vale lembrar que cada um possui uma maneira distinta de sofrimento. De modo que tal perda ou a violação de um direito é diferente para cada individuo. Podendo alguns se sentir mais frágeis e desolados do que outros. O quantum debeatur é usado na reparação por um dano moral, vindo a ser fixado pelo juiz, por equidade. O mesmo é feito através de critérios de proporcionalidade e razoabilidade, e são consideradas tais circunstancias do caso concreto. Em sua obra, GABURRI expõe alguns critérios para o magistrado poder utilizar, com intuito de que haja uma fixação de indenização de reparação por danos morais, justa e equivalente. Assim como GABURRI e demais doutrinadores, a jurista Maria Helena de Diniz apontam os seguintes critérios: a) Não deve haver indenização simbólica e deve se evitar enriquecimento sem justa causa, injusto ou ilícito da vitima. Não cabe indenização de valor maior que o dano e não deverá subordinar-se à situação de penúria do lesado; A indenização a uma vitima rica não poderá ser inferior ao prejuízo sofrido, com alegação de que sua fortuna permitiria suportar o excedente do menoscabo; b) Não é admitido aceitar tarifação, pois é necessária a desumanização e a despersonalização, acabando por si evitar tal porcentagem sobre o dano patrimonial; c) É importante distinguir o montante indenizatório segundo a natureza, gravidade e a extensão da lesão causada; d) Deve ser verificado o campo de repercussão publico causado pelo fato lesivo e as circunstâncias fáticas; e) observar com atenção a todos os detalhes do caso e ao caráter antissocial conduta lesiva. (DINIZ, Maria Helena. op. cit. p. 101 e 102.). 3.2 ARBITRAMENTO No que se fala no arbitramento, REALE, ensina que quando se trata de ressarcimento se trata então de um domínio o qual não se pode deixar de conferir a ampla discricionariedade ao magistrado, que tem função de examinar os fatos em sua concretude. (REALE, Miguel in GAGLIANO, Pablo SATOLZE. Novo Curso de Direito Civil. p.352). Ao serem aplicados os critérios no arbitramento, os resultados deles serão de natureza jurídica do dano moral, ou seja, seu propósito deverá satisfazer mediante a indenização. Em virtudes GAGLIANO leciona que, o arbitramento seria um procedimento natural da liquidação por dano moral (GAGLIANO, Pablo Satolze. Novo Curso de Direito Formiga MG Junho 2020 Civil. p.353). Com vista no art. 475-C do Código de Processo Civil brasileiro, que dispõe: Art. 475-C. Far-se-á a liquidação por arbitramento quando: (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005). I - determinado pela sentença ou convencionado pelas partes; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005). II - o exigir a natureza do objeto da liquidação. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005). 4. CASOS ABUSIVOS ACERCA DOS DANOS MORAIS Ao tocante ressarcimento por dano moral, nota se que os autores dirigentes da ação desses pedidos por inúmeras vezes utilizaram o instituto de forma incorreta e maliciosa no intuito de tira vantagens no aumento dos valores das indenizações pelo dano patrimonial, até mesmo se houvesse caso de o fornecedor não dar causa alguma de dano inexistente. Vale ressaltar que em algumas situações não poderá haver dano moral. No caso do consumidor fazer o pagamento de forma espontânea de algo que lhe foi cobrado, após isso, caso ele entenda que haja algo indevido e tenha desejo de levar o caso o juízo, não poderá haver dano moral. Um caso que ocorre com frequência podendo se notar o abuso do instituto, é visto em processos que se discute a probabilidade de empresas operadoras de serviços de telefonia fixa, cobrarem a parte de determinado preço dos serviços com foco na rubrica “assinatura básica”. Muitos consumidores ingressarão com ações, para banir o pagamento desses valores, tendo acrescentado aos seus pleitamentos pedidos de indenizações de dano morais. O Judiciário estadual e federal, através da grande maioria de seus Juízes, reconhecem legitimidade dessas cobranças pelo valor da assinatura básica, colocando o encerramento de toda pretensão decorrente dela. 5. ENUNCIADOS DO CJF E SUMULAS DO STJ Fica evidente notar, alguns julgados que embasaram um sentido de banalização do instituto, de tal tema transcorrido no artigo. Consequentemente, as jurisprudências Formiga MG Junho 2020 apresentadas demonstram as demandas que vem a banalizar o instituto na questão e que devem ser afastadas: APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. CONSUMIDOR. VÍCIO DO PRODUTO. APARELHO DE CELULAR DEFEITUOSO. DANO MORAL INEXISTENTE. MERO DISSABOR. É cediço que o mero transtorno ou aborrecimento não se revela suficiente à configuração do dano moral, devendo o direito reservar-se à tutela de fatos graves, que atinjam bens jurídicos relevantes, sob pena de se levar à banalização do instituto com a reparação de minutos contratempos do cotidiano. Em que pese o incômodo sofrido pelo autor, tal fato não desbordou dos limites comuns no enfrentamento de problemas da vida do cotidiano. Inviável o deferimento do pedido de indenização fundamentado em defeito no aparelho celular, não caracterizando assim o dano in re ipsa. Sentença de improcedência mantida no ponto. HIPÓTESE DA NEGATIVA DE SEGUIMENTO DA APELAÇÃO. (Apelação Cível Nº 70044684454, Décima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Paulo Roberto Lessa Franz, Julgado em 30/08/2011). APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANOS MORAIS. AGÊNCIA BANCÁRIA. PORTA GIRATÓRIA. DETECTOR DE METAL. ACESSO DE CLIENTE IMPEDIDO POR TRÊS VEZES. CONDUTA ILÍCITA INDEMONSTRADA. DANOS MORAIS NÃO CONFIGURADOS. PRETENSÃO INDENIZATÓRIA AFASTADA. As instituições financeiras têm obrigação legal no uso das portas giratórias, que impeçam o ingresso de quem porte qualquer objeto metálico e, sendo isso prática rotineira, não há porque se imputar a prática de conduta abusiva quando do impedimento da entrada no estabelecimento bancário de pessoa que barrada pelo detector de metal por diversas vezes. APELAÇÃO DESPROVIDA. (Apelação Cível Nº 70033201120,Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Marilene Bonzanini Bernardi, Julgado em 28/04/2010). PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE RESCISÃO CONTRATUAL C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS PARA APRENDIZADO DA LÍNGUA INGLESA. CERCEAMENTO DE DEFESA INOCORRENTE. FALTA DE COMPARECIMENTO DA REPRESENTANTE DO AUTOR À AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO. JUNTADA INTEMPESTIVA DA JUSTIFICAÇÃO. PROVAS REQUERIDAS DISPENSADAS. FACULDADE DO JUIZ DE DIREITO. PRELIMINAR INACOLHIDA. MÉRITO. PRETENSA ABUSIVIDADE NÃO Formiga MG Junho 2020 CARACTERIZADA. LISURA DO CONTRATO - DANO MORAL INEXISTENTE. SIMPLES DISSABOR A NÃO JUSTIFICAR A INDENIZAÇÃO PRETENDIDA. RECURSO DESPROVIDO. (Apelação Cível n. 2011.062260-4, da Capital, 6ª Vara Cível, Tribunal de Justiça de SC, Relator: Des. Luiz Carlos Freyesleben, julgado em 26/09/2011). CONSUMIDOR. FATO DO PRODUTO. CONSTATAÇÃO DE OBJETO ESTRANHO (PEDAÇO DE MADEIRA) NO PÓ DE GELATINA. INOCORRÊNCIA DE INGESTÃO DO ALIMENTO. DANO MORAL NÃO CONFIGURADO NO CASO CONCRETO. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA MANTIDA. Constatação pela consumidora de pedaço de madeira junto ao pó de gelatina adquirido. - Incontroverso o contato da consumidora com a fornecedora para comunicação do fato, dispondo-se esta, prontamente, à substituição do alimento. - Inocorrência da ingestão do aludido alimento, não podendo se configurar a repugnância no caso em liça. Hipótese, portanto, em que não configurados, danos morais passíveis de indenização, porquanto não houve a efetiva violação ao postulado da segurança alimentar do consumidor. - Sentença de improcedência que resta mantida conforme autoriza o art. 46 da Lei nº 9.099/95. NEGADO PROVIMENTO AO RECURSO. Recurso Cível Nº 71002012003, Primeira Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Heleno Tregnago Saraiva, Julgado em 05/11/2009. DANOS MATERIAIS. Indevida cobrança de encargos por suposto excesso de limite de crédito de cheque especial. Procedência mantida. DANOS MORAIS. Não caracterização. Danos que não ultrapassaram a esfera patrimonial do consumidor. Ausência de real penetração de conduta ilícita e indevida na esfera da personalidade humana. Banalização do dano moral que deve ser evitada. Sentença reformada. Recurso parcialmente provido. (9086517742008826 SP 9086517-74.2008.8.26.0000, Relator: Rômolo Russo, Data de Julgamento: 19/01/2012, 11ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 20/01/2012) EMENTA: INDENIZATÓRIA. INSTITUIÇÃO DE ENSINO. CENTRO UNIVERSITÁRIO. IMPOSSIBILIDADE DE REMATRÍCULA “ON-LINE” DO ALUNO NO DIA DESEJADO. PENDÊNCIA FINANCEIRA SINGELA, DECORRENTE DE PAGAMENTO DE MENSALIDADE EM ATRASO. MATRÍCULA EFETIVADA APÓS O ACERTO. DANOS MORAIS NÃO CONFIGURADOS NO CASO CONCRETO, SOB PENA DE BANALIZAÇÃO DO INSTITUTO. AUSENTE QUALQUER PROVA DE MÁCULA A ATRIBUTO DE PERSONALIDADE. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO. RECURSO CÍVEL Nº 71002917813, TERCEIRA TURMA RECURSAL CÍVEL, TRIBUNAL DE http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11307601/artigo-46-da-lei-n-9099-de-26-de-setembro-de-1995 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/103497/lei-dos-juizados-especiais-lei-9099-95 Formiga MG Junho 2020 JUSTIÇA DO RS, RELATOR: CARLOS EDUARDO RICHINITTI, JULGADO EM 14/07/2011. DANO MORAL - RESPONSABILIDADE CIVIL - COMPRA E VENDA - Entrega de faqueiro acondicionado em caixa de papelão em vez de estojo de madeira, em desacordo com o que fora adquirido - Posterior entrega desse produto como presente de casamento - Inocorrência de dano moral - Caracterização como aborrecimento do diaadia que não dá ensejo à referida indenização, pois se insere nos transtornos que normalmente ocorrem na vida de qualquer pessoa, insuficientes para acarretar ofensa a bens personalíssimos - Indenizatória improcedente - Recurso improvido”. (Primeiro Tribunal de Alçada Civil de São Paulo, PROCESSO: 1114302-1, RECURSO: Apelação, ORIGEM: São José dos Campos, JULGADOR: 5ª Câmara, JULGAMENTO: 02/10/2002, RELATOR: Álvaro Torres Júnior, DECISÃO: Negaram Provimento, VU) CONSTITUCIONAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO: CABIMENTO. INDENIZAÇÃO: DANO MORAL. I. - O dano moral indenizável é o que atinge a esfera legítima de afeição da vítima, que agride seus valores, que humilha, que causa dor. A perda de uma frasqueira contendo objetos pessoais, geralmente objetos de maquiagem da mulher, não obstante desagradável, não produz dano moral indenizável. II. - Agravo não provido” (STF, RE 387014 AgR / SP - SÃO PAULO, AG. REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO, Relator (a): Min. CARLOS VELLOSO, Julgamento: 08/06/2004 Órgão Julgador: Segunda Turma, Publicação: DJ DATA-25-06- 2004 PP-00057 EMENT VOL-02157-05 PP-00968). No tocante do AgRg no Ag: 1240404/SP, sob relatoria do Min. Luis Felipe Salomão, acerca do valor da indenização ser reduzido, ressalta se que não existe motivos claros para a justificar um valor exorbitante aplicado antes, sobre a extensão do dano sofrido pela vitima, averigua a seguir: AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO RESCISÓRIA. INCLUSÃO INDEVIDA EM CADASTRO DE INADIMPLENTES. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS EM 100 VEZES O VALOR DO APONTAMENTO INDEVIDO, QUE ALCANÇA A CIFRA DE MAIS DE MEIO MILHÃO DE REAIS. VALOR DESPROPORCIONAL COM A EXTENSÃO DO DANO. ACÓRDÃO RESCINDIDO. FIXAÇÃO DE VALOR INDENIZATÓRIO CONSONANTE COM A JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE SUPERIOR. MANUTENÇÃO DA DECISÃO AGRAVADA. 1. A ação rescisória é o instrumento processual hábil à desconstituição da coisa julgada Formiga MG Junho 2020 quando a decisão rescindenda violar literal disposição de lei. 2. Na espécie, houve a condenação em danos morais por indevida inscrição da ora agravante em cadastros de devedores inadimplentes em valor que alcança R$ 575.400,06, sem que tenha sido apontada qualquer excepcionalidade que justifique uma quantia tão elevada e desproporcional. 3. Assim, rescindido o julgado, a fixação da indenização por danos morais em R$ 25.500,00, à luz dos contornos fáticos da lide, guarda consonância com a jurisprudência desta Corte Superior em hipóteses semelhantes. 4. Agravo regimental não provido. Para a aplicação da fixação de danos morais, vale obedecer aos critérios da solidariedade e exemplaridade, afirma em um acórdão de relatoria o Min. Luiz Fux, visando que o STJ adere também expresso, o princípio da exemplaridade. Esses dois princípios implicam totalmente na valoração da proporcionalidade de quantum e na capacitação econômica do sucumbente. O Min. Humberto Martins, pronuncia brilhantemente acerca de como é a aplicabilidade do princípio da exemplaridade no REsp 776732/RJ: ADMINISTRATIVO - RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO - DECISÃO CONDENATÓRIA TRANSITADA EM JULGADO - LIQUIDAÇÃO - EXTENSÃO DOS DANOS - PRETENSÃO DE REVISÃO DAS PROVAS - IMPOSSIBILIDADE - SÚMULA 07/STJ - CRITÉRIO DA RAZOABILIDADE DA INDENIZAÇÃO. 1. Hipótese em que o cidadão (vítima) em 7.7.1984 foi arbitrariamente detido por oficiais da Marinha do Brasil em razão de simples colisão de seu veículo com outro conduzido por aspirante daquela Arma. Após colidir, a vítima sofreu agressão física e verbal e foi ilegalmente preso por seis dias em cela da Marinha. Ficou incomunicável e sem cuidados médicos, comprovadamente diante do acórdão transitado em julgado no processo de cognição plena. O fato resultou em danos físicos e morais, e causou-lhe a deterioração da saúde. Devido o desenvolvimento de isquemia e diabetes, teve, inclusive os dedos dos pés amputados. 2. Ato ilícito, nexo direto e imediato, bem como danos comprovados e ratificados na instância ordinária. Liquidação de sentença que reconheceu pormenorizada e fundamentadamente a extensão dos abalos psíquicos sofridos pela vítima. Valor arbitrado de forma fundamentada, incluindo-se juros de 0,5% ao mês a partir da sentença de liquidação, no montante de R$ 72.600,00 (setentae dois mil e seiscentos reais), mais honorários advocatícios no montante de R$ 3.630,00 (três mil, seiscentos e trinta reais). 3 Em casos excepcionais, a jurisprudência do STJ tem entendido, diante da abstração das teses, ser possível a revisão do montante arbitrado a título de danos morais, quanto teratológica a fundamentação da Formiga MG Junho 2020 decisão condenatória ou absolutamente desarrazoado o valor, desde que não implique revisão do acervo fático-probatório. 4. No caso dos autos, ao revés, a peculiaridade é justamente a dor, a tristeza e o sofrimento vividos pela vítima, não havendo razão para tachar a condenação de desarrazoada, também não se pode ir além para revolver, como pretende a União, o substrato fático dos autos, por óbvio óbice da Súmula 07/STJ. 5. Razoável o quantum indenizatório devido a título de danos morais, que assegura a justa reparação do prejuízo sem proporcionar enriquecimento sem causa do autor, além de levar em conta a capacidade econômica do réu, devendo ser arbitrado pelo juiz de maneira que a composição do dano seja proporcional à ofensa, calcada nos critérios da exemplaridade e da solidariedade. Recurso especial improvido. Sob a relatoria da Min. Nancy Andrighi, vejamos sobre o princípio da proporcionalidade, retirado do REsp 1042208/RJ: DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS. FALSA IMPUTAÇÃO DE FURTO. CONSTRANGIMENTO E HUMILHAÇÃO A QUE É SUBMETIDO O CONSUMIDOR, EM VIA PÚBLICA, PARA RETORNAR AO ESTABELECIMENTO COMERCIAL E SER REVISTADO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO E PREQUESTIONAMENTO AUSENTES. VEDAÇÃO DO REVOLVIMENTO DO SUBSTRATO FÁTICO E PROBATÓRIO EM RECURSO ESPECIAL. VALOR DOS DANOS MORAIS. PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE. - Não padece de omissão o acórdão recorrido se o Tribunal de origem decide fundamentadamente todas as questões pertinentes à resolução da controvérsia, embora sem adentrar expressamente na análise de dispositivos de lei invocados pelo recorrente, notadamente porque o julgador não está adstrito a decidir com base em teses jurídicas predeterminadas pela parte, bastando que fundamente suas conclusões como entender de Direito. - Se o Tribunal de origem atesta a presença dos pressupostos para a configuração da responsabilidade civil: (i) o fato, consubstanciado no comportamento do preposto da recorrente; (ii) o dano, caracterizado pela humilhação e situação vexatória a que foi submetido o recorrido, ao ser instado, em via pública a retornar ao estabelecimento comercial para ser revistado por falsa imputação de furto; (iii) o nexo de causalidade entre a conduta da recorrente e o constrangimento experimentado pelo consumidor, não há como revolver, na via especial, o substrato fático e probatório colhido no processo e delineado no acórdão recorrido. - O valor dos danos morais, indiscutivelmente sofridos pelo consumidor, fixado em R$ Formiga MG Junho 2020 7.000,00, não destoa da jurisprudência do STJ, em julgamentos de situações similares, que manteve a condenação em patamares inclusive superiores ao estabelecido no acórdão impugnado. Houve, portanto, razoabilidade e proporcionalidade no arbitramento da condenação, consideradas as peculiaridades do processo. - A não demonstração da similitude fática entre os julgados confrontados, afasta a apreciação do recurso especial pela alínea “c” do permissivo constitucional. Recurso especial não conhecido. Averigua se, enfim as Súmulas do STJ e os enunciados do CJF (Conselho da Justiça Federal), lecionadas acerca do instituto dos danos morais: S Ú M U L A n. 227A pessoa jurídica pode sofrer dano moral. Referência: CF, art. 5o, X. CC/1916, arts. 159 e 1.553. S Ú M U L A n. 281 A indenização por dano moral não está sujeita à tarifação prevista na Lei de Imprensa. Referência: CC/1916, art. 159. Lei n. 5.250, de 09/02/1967, art. 49. S Ú M U L A n. 326 Na ação de indenização por dano moral, a condenação em montante inferior ao postulado na inicial não implica sucumbência recíproca. Referência: REsp 265.350-RJ (2a S 22/02/2001 – DJ 27/08/2001). EDcl nos EDcl nos EDcl no AgRg no AgRg nos EDcl nos. S Ú M U L A n. 362 A correção monetária do valor da indenização do dano moral incide desde a data do arbitramento. Referência: REsp 436.070-CE (2a S 26/09/2007 – DJ 11/10/2007). S Ú M U L A n. 370 Caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-datado. Referência: Lei n. 7.357, de 02/09/1985, art. 32. S Ú M U L A n. 385 Da anotação irregular em cadastro de proteção ao crédito, não cabe indenização por dano moral, quando preexistente legítima inscrição, ressalvado o direito ao cancelamento. Referência: CDC, art. 43, § 2o. CPC/1973, art. 543-C. Res. n. 8-STJ, de 07/08/2008, art. 2o, § 1o. S Ú M U L A n. 387 É lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral. Referência: CC/1916, art. 1.538. Dec. n. 2.681, de 07/12/1912, art. 21. S Ú M U L A n. 388 A simples devolução indevida de cheque caracteriza dano moral. Referência: CC/1916, art. 159. S Ú M U L A n. 624 É possível cumular a indenização do dano moral com a reparação econômica da Lei n. 10.559/2002 (Lei da Anistia Política). https://www.cjf.jus.br/cjf https://www.cjf.jus.br/cjf https://www.cjf.jus.br/cjf Formiga MG Junho 2020 Referência: CF/1988, art. 5o, V e X. ADCT, art. 8º Lei n. 10.559, de 13/11/2002, Arts. 1o, 4o, 5o e 16. Súmula n. 37-STJ. (JURISPRUDENCIA, Súmulas Comissão de. Assessoria das Comissões Permanentes de Ministros. Ed. Plenário – 1o andar STJ Ramais 8895/8917/8327. 02 de dezembro de 2019) Enunciados do Conselho da Justiça Federal, referentes ao instituto dos danos morais: Art. 943: O direito de exigir reparação a que se refere o art. 943 do Código Civil abrange inclusive os danos morais, ainda que a ação não tenha sido iniciada pela vítima. Art. 944: Embora o reconhecimento dos danos morais se dê, em numerosos casos, independentemente de prova (in re ipsa), para a sua adequada quantificação, deve o juiz investigar, sempre que entender necessário, as circunstâncias do caso concreto, inclusive por intermédio da produção de depoimento pessoal e da prova testemunhal em audiência. Art. 186: O dano moral, assim compreendido todo dano extrapatrimonial, não se caracteriza quando há mero aborrecimento inerente a prejuízo material. Art. 186: O descumprimento de contrato pode gerar dano moral quando envolver valor fundamental protegido pela Constituição Federal de 1988. Art. 927: O dano moral indenizável não pressupõe necessariamente a verificação de sentimentos humanos desagradáveis como dor ou sofrimento. Art. 944: O grau de culpa do ofensor, ou a sua eventual conduta intencional, deve ser levado em conta pelo juiz para a quantificação do dano moral. https://www.cjf.jus.br/cjf https://www.cjf.jus.br/cjf https://www.cjf.jus.br/cjf Formiga MG Junho 2020 6. CONCLUSÃO O artigo cientifica buscou analisar a história do surgimento da indústria do dano moral, desde os conceitos de dano até seu desenvolvimento, à evolução do dano moral no ordenamento jurídico brasileiro, sobretudo, colocado como expoente a enorme dificuldade para a quantificação do dano moral, tendo em mente os variáveis elementos apontados pela doutrina. Alem disso, coloca se em evidencia alguns elementos que contribuem para que diminua a dificuldade na reparação, pois não é possível eliminar, e sim apenas diminuir pelo fato de subjetividade e complexidade do dano moral. Como visto ao longo do artigo, não transita mais a discussão acerca da probabilidade da admissão ou negação pela reparação por dano moral, pois foi superada com a construção da Constituição Federal de 1988, que constava no seu art. 5°, incisos V e X, sobre tal instituto. Assim como foi verificado no artigo, a quantificação da indenização por dano moral devera ser feita peloarbitramento. De acordo, com esse critério, não são utilizados valores prefixados para atingir o valor da indenização, como ocorre em caso de tarifação. Em decorrência disso, o magistrado possui livre-arbítrio e tem suma importância para tal quantificação do dano moral. Foi analisada também a possível indenização não pecuniária. Esta porem não é muito usual, porem, pode vir a ser muito importante quando se refere ao limite existente entre o enriquecimento ilícito e a ineficácia do valor arbitrado, pois no caso do magistrado entender que a vitima tenha recebido o suficiente valor pra suprir o dano sofrido, e o valor acima deste será enriquecimento ilícito, contudo perceba que ao mesmo tempo em que o valor arbitrado não foi suficiente para fazer com que o ofensor se desestimula a cometer novamente o mesmo dano, poderá deixar essa técnica, desestimulando o autor, sem que cause enriquecimento ilícito à vítima. Em tese, o Superior Tribunal de Justiça utiliza da nova técnica que mostra ser bastante eficaz no que fale da redução da dificuldade na quantificação e redução também no âmbito da disparidade de valor arbitrado por distingues magistrados. O Superior Tribunal de Justiça aplica o denominado método bifásico, que a principio busca analisar um valor, tendo como base um grupo de casos semelhantes, assim posteriormente analisam-se as circunstancias específicas de cada caso concreto. Formiga MG Junho 2020 Por fim, cabe mencionar que apenas existem formas para a redução da dificuldade na quantificação do dano, não existindo uma solução para o fim definitivo desta, ressaltando ser algo subjetivo e complexo. Contudo, há de como se deixar a tarefa menos árdua com emprego de critério, métodos, técnicas e mecanismos. Consequentemente isso reduzira a disparidade de valores aplicados, incluindo também indivíduos que tentam de alguma maneira aproveitarem do instituto para tentar ganhar dinheiro, e em decorrência dessas ocorrências, ocasionar um conforto ao Judiciário, para este conduzir com maior celebridade, promovendo do melhor modo possível, a justiça. Formiga MG Junho 2020 7. REFERENCIAS BÍBLIA, Deuteronômio 22:13-22. Disponível em: <https://www.bibliaon.com/deuteronomio/ > BÍBLIA, Deuteronômio 22:13-30 AA. Disponível em: <https://www.bibliaon.com/deuteronomio/ > BRASIL. Código Civil (Lei N.º 10406, de 10 de janeiro de 2002). Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm> BRASIL. Código de Processo Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm> BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm> BRASIL. Conselho da Justiça Federal. Enunciado art. 186. Disponível em: <https://www.cjf.jus.br/cjf/corregedoria-da-justica-federal/centro-de-estudos- judiciarios-1/publicacoes-1/jornadas-cej/EnunciadosAprovados-Jornadas-1345.pdf > Acesso: Março 2012 BRASIL. Conselho da Justiça Federal. Enunciado art. 927. Disponível em: <https://www.cjf.jus.br/cjf/corregedoria-da-justica-federal/centro-de-estudos- judiciarios-1/publicacoes-1/jornadas-cej/EnunciadosAprovados-Jornadas-1345.pdf > Acesso: Março 2012 BRASIL. Conselho da Justiça Federal. Enunciado art. 943. Disponível em: <https://www.cjf.jus.br/cjf/corregedoria-da-justica-federal/centro-de-estudos- judiciarios-1/publicacoes-1/jornadas-cej/EnunciadosAprovados-Jornadas-1345.pdf > Acesso: Março 2012 BRASIL. Conselho da Justiça Federal. Enunciado art. 944. Disponível em: <https://www.cjf.jus.br/cjf/corregedoria-da-justica-federal/centro-de-estudos- judiciarios-1/publicacoes-1/jornadas-cej/EnunciadosAprovados-Jornadas-1345.pdf > Acesso: Março 2012 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Súmula nº 227. Disponível em: < https://ww2.stj.jus.br/publicacaoinstitucional/index.php/Sml/article/view/64/4037 > https://www.cjf.jus.br/cjf/corregedoria-da-justica-federal/centro-de-estudos-judiciarios-1/publicacoes-1/jornadas-cej/EnunciadosAprovados-Jornadas-1345.pdf https://www.cjf.jus.br/cjf/corregedoria-da-justica-federal/centro-de-estudos-judiciarios-1/publicacoes-1/jornadas-cej/EnunciadosAprovados-Jornadas-1345.pdf https://www.cjf.jus.br/cjf/corregedoria-da-justica-federal/centro-de-estudos-judiciarios-1/publicacoes-1/jornadas-cej/EnunciadosAprovados-Jornadas-1345.pdf https://www.cjf.jus.br/cjf/corregedoria-da-justica-federal/centro-de-estudos-judiciarios-1/publicacoes-1/jornadas-cej/EnunciadosAprovados-Jornadas-1345.pdf https://www.cjf.jus.br/cjf/corregedoria-da-justica-federal/centro-de-estudos-judiciarios-1/publicacoes-1/jornadas-cej/EnunciadosAprovados-Jornadas-1345.pdf https://www.cjf.jus.br/cjf/corregedoria-da-justica-federal/centro-de-estudos-judiciarios-1/publicacoes-1/jornadas-cej/EnunciadosAprovados-Jornadas-1345.pdf https://www.cjf.jus.br/cjf/corregedoria-da-justica-federal/centro-de-estudos-judiciarios-1/publicacoes-1/jornadas-cej/EnunciadosAprovados-Jornadas-1345.pdf https://www.cjf.jus.br/cjf/corregedoria-da-justica-federal/centro-de-estudos-judiciarios-1/publicacoes-1/jornadas-cej/EnunciadosAprovados-Jornadas-1345.pdf Formiga MG Junho 2020 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Súmula nº 281. Disponível em: < https://ww2.stj.jus.br/publicacaoinstitucional/index.php/Sml/article/view/64/4037 > BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Súmula nº 326. Disponível em: < https://ww2.stj.jus.br/publicacaoinstitucional/index.php/Sml/article/view/64/4037 > BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Súmula nº 362. Disponível em: < https://ww2.stj.jus.br/publicacaoinstitucional/index.php/Sml/article/view/64/4037 > BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Súmula nº 370. Disponível em: < https://ww2.stj.jus.br/publicacaoinstitucional/index.php/Sml/article/view/64/4037 > BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Súmula nº 385. Disponível em: < https://ww2.stj.jus.br/publicacaoinstitucional/index.php/Sml/article/view/64/4037 > BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Súmula nº 387. Disponível em: < https://ww2.stj.jus.br/publicacaoinstitucional/index.php/Sml/article/view/64/4037 > BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Súmula nº 388. Disponível em: < https://ww2.stj.jus.br/publicacaoinstitucional/index.php/Sml/article/view/64/4037 > BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Súmula nº 642. Disponível em: < https://ww2.stj.jus.br/publicacaoinstitucional/index.php/Sml/article/view/64/4037 > COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil. 2 ed. São Paulo. Saraiva, 2009. v. 2. p. 428 DEMOGUE, René in Carvalho Neto, Inácio de. Responsabilidade Civil no Direito de Família. São Paulo. Saraiva, 2006. p.60 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro, 7º volume: responsabilidade civil. 21. ed. rev. e atual. de acordo com a Reforma do CPC. São Paulo: Saraiva 2007. ISBN 978-85-020-5993-9. Pág. 88. DINIZ, op. cit. p. 101 e 102. DINIZ, 2008, p. 93 Formiga MG Junho 2020 GABURRI, Fernando. Dano material. In: HIRONAKA, Giselda M.F. Novaes (Orient.) e ARAÚJO, Vaneska Donato de (Coord.). Direito civil: responsabilidade civil. São Paulo: RT, 2008. v.5. p. 95. GAGLIANO, Pablo Satolze.Novo Curso de Direito Civil. 4° Ed. V.3- São Paulo: Ed. Saraiva. 2006. p.353 GAGLIANO,Pablo Stolze.op.cit. p.67 MELO, Nehemias Domingos de. Dano moral nas relações de consumo: doutrina e jurisprudência. São Paulo: Saraiva. 2004, p. 9 REALE, Miguel in Gagliano, Pablo Satolze. Novo curso de Direito Civil. P.352 STOLZE, Pablo; PAMPOLHA GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2003, p. 55 FILHO, Rodolfo, op. cit. p. 107 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil. 3ª ed. São Paulo: Atlas, 2013.p.39.
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