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1/1 BR 2800019 E 1 5/B/M / V BRITTO’ J. S CRUZADA DA COOPERACAO INTEGRAL: PRODUCAO. C ONSUMO E CREDITO NAS CIDADES, NOS CAMPOS, C REDITO GRATUITO AGRARIO [COOPERATIVA DE PRO DUTORES] RIO DE JANEIRO, GB (BRASIL) BENEDICTO DE SOUZA 1928 196 P. (PT) 17 REF. MICROECONOMIA, COOPERATIVA DE PRODUTORES, LEGIS LACAO ECONOMICA 203 JOSÉ SATURNINO BRITTO CRUZADA DA COOPERAÇÃO INTEGRAL Producção, Consumo e credito Nas cidades, nos campos Credito gratuito agrario (Adaptação de estatutos, formulario, normas geraes e parti- cularizadas. Compilação e commentarios. Modelos de contabilidade e estatística). A politica é o que ha de peor para fundar associações de Previdencia." --Luiz Luzzatti. BENEDICTO DE SOUZA Rua da Misericórdia, 51 RIO DE JANEIRO ___ 1928 M E15 BRIC BR 2800019 A cooperativa de consumo e a de producção As cooperativas se destinam liberalmente a to- das as classes, desde que sem prejuizo da doutrina sã, da moral de que emanam no ajustar-se á pratica de permuta commercial entre pessoas que pretendem economisar no que compram e produzem, eliminando o lucro dos intermediarios, isto em favor de suas obras, ou da bonificação proporcional ás compras. Convem, antes da divulgação do material pratico que já temos prompto, relançar o historico das coopera- tivas de producção, visa caber ás de consumo as sumir progressivamente forma cyclica de que cons- tam tambem as de producção verdade é que a tal respeito temos que observar mas adiante o que se passa nas Wholesales. Porventura cooperativa de producção proletaria, de que tratamos logo de chofre, na forma que se apurou com a reação de classe, ex- prime bem o conceito que firma sufficientemente a universalização do voto singular nas cooperativas de todas as especies. Eis a razão que dos decidio a compilar a argumentação baseada nos factos chrono- logicos, independentemente dos dispositivos legaes, baseados em outro regimen, manobra com que tenta- ram em vão ferir o principio basico do voto singular nesses asylos economicos que se transformam pro- gressivamente em paraisos sociaes onde a paz e a fartura reinam. Proletarios honestos, profissionaes de qualquer especie, pequenos proprietarios que couseguiram a custa do seu labor honrado e criterioso pôr de parte o fruto do proprio esforço e que ainda assim se vêm ás voltas com a multiforme uzura, podem, ao lado das cooperativas de consumo de classe, formar as suas, dentro da mesma harmonia moral e organica. Mas, não tardemos, uma vez explicada essa di-gressão. Que é uma cooperativa de producçao? Analy- semos com Joseph Cernesson, autor da <<Association ouvrière de production>>, folheto repleto dos melho- res ensinamentos, cujos trechos, que mais nos inte- ressam neste momento passamos a reproduzir: Caracteres fundamentaes d’Uma sociedade indus- trial: << logo que constituida, um trabalhador profis- sional não tem nenhum direito, nenhum meio regu- lar de fazer parte da mesma, e introduz-se fatalmen- te no decurso da existencia da sociedade, gente ex- tranha á natureza dos negocios. O pessoal que a compõe se divide em 2 grupos. Um, o dos accio- nistas, recebo a totalidade dos lucros. O outro, o dos agentes salariados, não tem nenhum direito de immiscuir-se nos negocios sociaes, e não é senão uma especie de instrumento adaptado ao serviço do primeiro grupo Mas todos esses caracteres da Sociedade indus- trial podem convir da mesma forma a' uma Associa- ção de operários. Eis alguns serralheiros que se co- nheceram num syndicato ou numa officina. Reu- nem alguns contos de reis, e associam-se para explo- rar uma pequena loja. Os negocios prosperam de tal forma que elles não podem dar conta da mão so- sinhos. Tomam por auxiliares desenhistas, admittem a serviço antigos companheiros. Alguns daquelles associados já não trabalham mais manualmente; um é director, o outro agente commercial; este, fei- tor de officina; este outro deixou mesmo a profissão. Não ha com que se illudir; sob uma physionomia dif- ferente, e num quadro menos imponente, apezar dos operarios accionistas e os operarios salariados se tra- tarem familiarmente de <<camaradas>>, achomo-nos na situação acima definida. Este grupo de operarios proprietarios d'uma officina não é uma Associação operaria do producção: é uma Sociedade industrial que se pode chamar de <<capitalista>>, mui interessan- te pela qualidade dos fundadores, visto mostrar-nos uma elite, destacada da classe, socialmente destinada a exercer funcções superiores, porem, não interessa a nossa these>>. <<Que é uma, Associação operaria de producção? <<Como os acima referidos, operarios mes ma corporação decidem de se grupar para 0 traba- lhe liver, porem sem intenção de melhorar para si 7 somente as condições de vida do trabalho. Esten- deram antecipadamente a toda a sua corporação o ideal entrevisto por elles tão somente a propriedade col- lectiva, repartição equitativa dos luscros e riscos en- tre todos os trobalhadores. E' um punhado de ho- mens, porem consideram-se como os pioneiros d'uma via nova que confinará um dia com a emancipação integral da corporação. Sabem que antes de os se- guir, muitos dos seus camaradas acceitarão essa via semi- aberta, que o maior numero desejará a que seja de finitivamente aberta, e que a multidão virá lentamen- te á procura delles, por unidades receiosas. Entre- tanto, elles se acham sempre promptos a admittir os adventicios nas suas fileiras, e sob o mesmo titulo que elles proprios. <<Por principio, todos os associados são obrigados a trabalhar; o que não quer dizer que todos estejam certos de encontrar trabalho, a Associação, mui fra-ca na sua origem, podendo achar se na impossibili- dade de occupar todos os seus membros. Quando ella engrandece, o phenomeno inverso pode dar-se: é necessario admittir a serviço outros operarios; elles participam, numa certa medida, dos lucros. São neopytos cujos superiores pôem em prova a sua voca- ção; quando a sua educação profissional e cooperativa é terminada, começa a sua emancipação, elles se tor- nam societarios. Para elles, por virtude da variabi- lidade do capital, as acções são sempre disponiveis, os descontos periodicos sobre os seus salarios ou os seus lucros completam o pequeno deposito inicial, que é o signal tangivel da sua adhesão. Não ha portanto, na Associação operaria de producção, dois grupos diversos, em que um, estreitamente fechado, salaria o outro attribuindo-se a totalidade dos lucros; grupos indefinidamente distinctos com o seu respec- tivo papel de commando e de obediencia, de patrões a empregados. Nessa associação legitima ha sem duvida duas categorias de trabalhadores; mas ambas são destinadas a se confundir na harmonia fraternal do societario. <<A egualdade dos direitos entre os membros, a posse collectiva da propriedade social, são o caracte- ristico moral dominante qua fixa a physionomia im- pessoal da Associação operaria. O principio de autori- dade não se incarna nem num homem, nem numa adminis- tração exterior: reside na universidade dos membros. O director é ahi um delegado temporario, sempre re 8 vogavel, sem isso, os destinos da Associação correm o, risco de serem orientados ao sabor de caprichos ou de interesses individuaes. Em alienando sua soberania, a Associação reconheceria sua impotencia. <<Mas, tanto ou quanto a Sociedade industrial, ou a casa patronal, a Associação operaria não dispen- sa a disciplina. A disciplina operaria é mesmo d’uma ordem infinitamente mais elevada; pois ella é salvaguardora, não mais de interesses individuaes transitorios, e sim dos interesses permenentes da corporação inteira. Ella é tambem mais nobre que a disciplina imposta; os em que a dignidade é mais arisca podem sujeitar-se a tal disciplina sem pertur- bação, visto que a sua subordinação decorre da sua adhesão moral. <<Eis a Associação operaria de producção ideal. A realização deste ideal exige uma tal sabedoria, um tal dominio de sua pessoa, e ao mesmo tempo um tal denodo aventureiro, que parece incrivel, chimerico, ou pelo menos, mui prematura. Em todo caso, pare- ce já o successo relativo se acha intimamente liga- do ao valor educativo da corporaçâo>> O autor, em seguida, passa aos dados estatisticos: em 1.° de janeiro de 1910 existiam 510 dessas Asso- ciações obreiras com cerca de 20.000 socios e que em 190° haviam feito negocios cujo montante era de 64 milhões de francos, mais ou menos, obtendo dos governos consideraveis empreitadas. E o sonho de Fourier se realizou plenamen- te, apezar da deturpação que, tambem em França ameaçou tão viavel previsão de tempos melhores para os que tiram do suor do seu rosto todo o progresso humano. São do mesmo mestre as seguintes considerações: << O patrão não vê nos seus operarios senão o instru- mento mais ou menos aperfeiçoado da sua fortuna; e o algarismo de seus salarios é calculado em propor- ção do seu rendimento lucrativo. Mas, para os tra- balhadores associados, cada um delles é um homem, sob pretexto de decadencia profissional, elles não têm o direito de o arremessar dentro do <<inferno social>>, de lhe impor o casebre immundo e miseravel, d'onde elle se evadirá para a tendinha manhosa, e onde os seus filhos se amontoarão, precocemente debeis. En- tretendo este estado de coisas, o patrão é logico; po- rém cooperadores operarios trahem cynicamente a sua classe (ha-os)!... 9 Por isso as Associações communistas que com- batem a formula <<capital, trabalho e talento>> ideada por Fourier, se tornaram inimigas das cooperativas de producção, n' uma aspiração empyrica de fraterni- dade mais pura, cuja pratica o mesmo autor só em- contra até hoje nos conventos, ao que já nos referi- mos em o <<Dominio universal da cooperação>> embo- ra antes da leitura recente que fizemos do magistral folheto de Joseqh Cernesson, que o mero acaso nos offereceu no meio d’uns livros que se perdiam num porão de familia onde deixei guardados por muitos an- nos preciosas obras que se foram de que perdi a memo- ria, algumas até sem ter tido a opportunidade de estudar mais demoradamente, dada a nossa vida nomade de alguns annos. Convem insistir nessa lição dos factos. Diz ain- da o autor, em defeza das Associações operarias que se não confundem com as <<patronaes>>, que os com- munistas repellem, aliás com razão, sendo porem in- justos com as que adoptam a formula exata e viabilis- sima de Fourier: <<No começo, uma pequena Asso- ciação não pode exigir dos seus membros senão uma pequena quota, 25 francos, 50 ou 100 no maximo, um decimo do qual é logo depositado. Alguns funda- dores, mais fortunados ou mais audaciosos, servin- do-se dos seus direitos estatutarios, tomam diversas acções; o director possue ás vezes uma notavel par- te do capítal, e apezar de, como todos os seus cama- radas, elle não ter senão um só voto nas Assembléas Geraes (só tres associações infringiram esta regra: o <<Travail>> e << L' Avenir du Bâtiment, em Pariz; a << E' bénisterie de Clichy) , << A porta se não fechou aos menbros da corpo- ração, porem ella não se abre senão para personalida- des escolhidas, já experimentadas desde muito tempo, na qualidade de <<auxiliares>>. Sem duvida, os fun- dadores não conheceram essas obrigações rigorosas; porem justam ente por terem atravessado, no meio de angustias por muito tempo renascentes, os obstaculos que lhes barravam o caminho, agora que têm sucesso, não querem, na noite da : sua vida, recome- çar a partida aventurosa que, na mocidade delles, ganharam brilhantemente. Se este sentimento se conserva isento de qualquer idéa egoista, se elles não têm verdadeiramente outro pensamento a não ser o de conservar na sua corporação a integridade de sua 10 conquista, não se cogitaria de censurar o rigor das novas obrigações introduzidas>>. O titulo III da lei franceza de 24 de Julho de 1867, sobre as sociedades, refere-se ás <<disposições particulares ás Sociedades de capital variavel>>. A influencia patronal dos que haviam deturpado os fins da sociedade de pessoas com os proprios da de capi- taes, conseguio glosar no parlamento francezas caracteristicas das cooperativas. Mas, não deixou de adoptar um novo regimen de sociedade que não tem o capital fixo, visto acceitar illimitadamente os socios, rompendo embora com a egualdade de condi- ções e o voto singular. Quer dizer que a sociódade assim alterada deixou de ser uma cooperativa. E como vimos acima, as Associações operarias de producção reagiram contra esse equivoco, manten- do o systema classico, para o qual não havia lei e as cooperativas bem formadas viveram perfeitamente sem ella, como tudo que ha de bom debaixo de todos os ceos... Ahi temos, alem de outros exemplos edificantis- simos o da <<Cooperative La Pipe>> fundada, em 29 de outubro de 1906: <<Art. 8 — As acções não dão divi- dendos, nenhum interesse, a parte do capital social que representam sendo considerada como o instrumen- to de trabalho da Sociedade para a constituição da qual cada associado deve contribuir com uma parte egual>>. Dos estatutos desta sociedade de producção consta tambem o dispositivo que obriga ao vóto <<per capita>>. Numa noticia que precede os Estatutos da <<Fede- ration Nationale des Cooperatives de Consommation>>, lê-se: A F. N. C. C. representa em França a coopera- ção dita <<rochdaliana>>, assim denominada pelos <<Equi- tables Pionniers de Rochdale de 1844. <<Por consequencia seu fim é de substituir o re- gimen de competição, de concurrencia, de luta e de guerra, que não faz outra coisa a não ser explorar os consumidores e procurar lucros, por um re- gimen de mutualidade, de ajuda-mutua e associação que terá por objecto a satisfação das necessidades materiaes, intellectuaes e moraes de todos os consu- midores>>. Dos estatutos consta o seguinte art. 4º - Serão acceitas todas as Sociedades consti- tuidas de conformidade com a Declaração commum de Unidade cooperativa: por conseguinte não poderão admittidas: as Sociedades que impõem a seus 11 membros a adhesão á uma organização politica ou confessional, as Sociedades capitalistas ou patronaes, isto é, as que dão dividendo ao capital acção acima d' um interesse limitado, ou que limitam o numero dos accionistas, ou que dão a seus membros um nu- mero votos proporcional ao numero de acções, ou que não conferem a soberania á Assembléa dos socios>>. Que querem mais, os que julgam que ao lado da deturpação mesquinha e legal, não existe a doutrina victoriosa? No seio dessas cooperativas operarias quer de producção ou consumo ate a justiça é autônoma, pois se dirimem as questões por meio do Conselho de Pro- bidade, expurgando-se assim da chicana o cenaculo da familia humana constituida de gente que exerce de facto um mister util. A’s paginas 135, sob o titulo <<Cooperação bas- tarda>> em <<A Cooperação é um Estado>> já haviamos chamado também as attenções para as sociedades <<civil service>> que differem das verdadeiras coopera- tivas, não sendo por isso acceitos os seus delegados nos congressos de cooperativas que se reunem na In- glaterra e donde seriam repellidos os cogumelos da uzura que brotaram aqui nos intersticios das omissões legaes... O nome de cooperativa introduzido em França em 63, pôr Casémir Perrier, como o dissemos ás pa- ginas 15 do <<Dialogo com o Povo>>, não impede, como diz M. Gaumont, citado dor Ch. Gide na sua monu- mental <<La Coopération à l’Etranger . Angleterre e Russie>>, que em 1836 dois tecelões lionezes houves- sem criado a <<Au Commerce Vérique>>, baseado nos principios sãos cooperacionistas, do que de infere que á França e á Inglaterra cabe de facto a syste- matização do agente da ajuda-mutua universal, ca- bendo ás mesmas nações a reacção contra os deturpa- dores do mesmo systema. Gide, o maior vulto entre os apostolos authenti- cos e modernos da cooperação, no livro que acaba- mos de citar, ás paginas 21 em diante, mostra os sofrimentos dos proletarios, de 1767 a 1785, com o in- vento da machina a vapor, de Watt os aperfeiçoa- mentos sucessivos de Flargeave, Arkwight e Car- twright, com que se substituto a tesselagem a mão. De forma que tal acontecimento desaggregou o regimen corporativo que abrigou durante seculos o operario, tornando-se o operario um simples salariado ao e envez. 12 d’um homem livre como o era dentro da sua secular cooperação. Assim foi que surgiram as cooperativas de Bri- ghton, da concepção do Dr. King, em 1828, com que criou o regimen do capital collectivo e das bonofica- ções que tarde os Pioneiros de Rochdale desen- volveram. Eis o seu programma colossal, da qualificação de Gide: <<A sociedade tem por fim realizar beneficio pecuniario e melhorar a condição domestica e social de seus membros, reunido um capital dividido em acções de uma libra e sufficiente á pratica do seguin- te plano: <<Abrir um armazem para a venda de generos alimenticios, roupas, etc. <<Comprar ou construir casas para os socios que desejarem ajudar-se mutuamente para melhorar as condições de suas vidas domestica e social; <<Emprehender o fabrico dos artigos que a socie- dade julgar conveniente produzir para dar trabalho a seus membros que estiverem desempregados ou que venham a soffrer continua reducção nos salarios ; <<Comprar ou alugar terras que serão cultivadas por seus membros que não tiverem trabalho ou por aquelles cujos salarios sejam insufficientes. . <<Logo que fôr possivel, a sociedade procederá á organização em seu seio e com recursos proprios, ou em outros termos, ella se constituirá em colonia autonoma (self-supporting), onde todos os interesses serão solidarisados (united) e ella auxiliará ás outras sociedades que queiram fundar colonias semelhantes. <<Com o de de propagar a temperança, a socie- dade abrirá em um dos seus locaes um estabeleci- mento de temperança>>. . Afigure-se gente dessa tempera, a admittir o voto plural !... . Seria o mesmo que supportar trahidores num exercito que se prese... Se haviamos antes demonstrado a reacção entre os operarios que fundaram cooperativas de producção contra os deturpadores egoistas, ahi temos nós o que se passou com 0 consumo. Quanto ao credito, os nomes de Raiffeisen, Delisztch e Luzzatti, são moraes tão elevadas que seria inutil aos acrobatas da chicana tentar pular por cima dellas e não é atoa que muitos ficaram de pescoço quebrado... 13 A autonomia das federações da Escocia e da Inglaterra, com, respectivamente ao centro, a Who- lesale de Glasgow e a Wholesale de Manchester (Wholesale, quer dizer venda por atacado), conforme observa Gide, representava uma só Federação moral, a <<Cooperativa União>>, para a Inglaterra, Escocia e tambem a Irlanda. Em 1872 a Wholesale de Manchester, que con- tava entre o numero dos seus fundadores quatro dos 28 Pioneiros de Rochdale, fundou um banco para forne- cer os capitaes a todas as sociedadescooperativas. Diz Gide; <<O banco é, com effeito, 0 instrumento mais poderoso, visto dar o credito>>. <<Em 1872, ella abrio suas primeiras fabricas, em numero de duas. <<Em 1874, começa a installar armazens geraes em diveisas partes da Europa: em Roen, Calais, Hamburgo, onde criou uma agencia de para as suas provisões. <<Em 1876, lança o primeiro vapor de 650 tone- ladas, o <<Pioneiro>> que servio de transporte entre os seus armazens geraes. A frota augmentou e afinal ficou reduzida a dois vapores, por haver dado pre- juizo. <<Em 1896, adquire pelo preço de 30.000 libras um dominio de 300 hectares, Roden. Ahi installa plantações, jardins, um asylo para os empregados. <<As adhesões foram augmentando d’ahi em dian- te consideravelmente, attrahindo a Wholesale de Man- chester todas as forças cooperativas>>. As vendas, sempre conforme Ch. Gide: <<Em 1864, 1.300.000 francos oiro. Em 1884, 112 milhões de francos oiro. Em 1891, 220 milhões de francos. Em 1920 1.300 milhões de . francos. Em 1924, 1. 800 milhões de francos. Essas cooperativas de atacado, inglezas, seguem o mesmo systema de Rochdale: não distribuem divi- dendos e sim bonificações na proporção das vendas a cada uma das cooperativas adherentes, proporção equivalente a 1 e 1,50 por cento. E' a moralidade verdadeira do esforço superior ao capital. Cada sociedade subscreve 250 acções por 100 membros. As fabricas da Wholesale de Manchester são em numero de 111, empregados 80.000 operarios e pro- 14 duzindo 550 milhões de francos, segundo o mesmo autor. Ouanto á producção agricola da Wholesale e esten- deo-se até fóra da Inglaterra consideravelmente, entre- tanto, reproduzamos as seguintes palavras do Mestre: <<Il faut donc croire qu'il y a dans l' évolution econo- mique comme deux voies divergentes: celle de la production industrielle qui évoluerait vers la grande production collective, et celle de la production agrico- le qui sembleraît tendre à la production individuelle, á la propriété paysanne>>. Dil-o, após das considerações dos phenomenos observados nos diversos paizes, inclusive a Russia sovietica. Mas, o autor não deixa de tomar em con- sideração o desenvolvimento geral das : cooperativas agricolas que parece corrigir essa tendencia, pelo menos até certo ponto. Gide aconselha que as cooperativas de consumo, embora fundando as de producção para o seu com- mercio, deveriam tambem proteger a fundação de pe- quenas cooperativas de producção que deixam de exis- tir por falta de capitaes e clientéla, firmando-se assím um contrato mutuo entre umas e outras no sentido de abranger o emporio cooperativo na tendencia ao infinito, porem coordenadamente na razão das neces- sidades e viabilidade. Estatistica de 1° de janeiro de 1925: França 4.000 cooperativas de consumo; na Russia, 30.000; na Dinamarca, 1.500; na Inglaterra 1.314. O numero dessas cooperativas, comparado com o augmento pro- gressivo de membros, prova a tendencia á concen- tração. Assim, que so na Inglaterra se contam cerca de 18 milhões de pessoas que fazem parte das cooperativas. Gide ennumera os senões: 1.° faz sentir que a associação dos socialistas christãos, eleva a personalidade do operario; eman- cipando-o do salario, collocando-o em situação de sentir-se dono de si-mesmo e de colher os frutos do seu trabalho. Nesta condição somente o trabalho se tornará o que deve sêr, alegre e fecundo. Nas Whofesales ha o salario como em qualquer fabrica, mina ou estrada de ferro, sendo que alguns dos salariados antigamente socios de cooperativas de producção foram absorvidos como as suas proprias coo- perativas pela Wholesale. Esse regimen do salario, mes- mo em tal centro não deixa de ser condemnado porque 15 o salariado sentimento de não trabalhar para si, envenenando-se o operario com esse sentimento, pas- sando se assim do regimen federativo ao collectivista; aliás não imposto pela força, como faz vêr Gide, sendo o resultado d'uma evolução livre, ao que assegura uma grande superioridade, mas não deixará de apre- sentar menos todos os perigos que desde muito se têm assignalado, taes como, á bureaucracia, a con- centração, a asphixia das iniciativas individuaes. 2°. como tal organização desagradará aos libe- raes, era de esperar que convisse ás Trade Unions (C. G. T. ingleza)? Não. Embora tendo a cooperação por fim, ellas appelam para um espirito mais vasto, ameaçando de se opporem ás Wholesales, caso, tal se não désse: <<E' com pezar que o fariamos e esperamos ainda sinceramente que o espirito da verdadeira cooperação poderá prevalecer diante de toda e qualquer eventua- lidades>>. 3°. Os operarios e empregados dizem: <<Reconhecemos que as sociedades cooperativas de consumo, e particularmente as grandes federações de Manchester ou de Glasgow, são bons patrões. Dão salarios eguaes, ás vezes superiores aos dos patrões ou sociedades capitalistas. Foram as primeiras a applicar as novas medidas da semana ingleza, da jor- nada curta. Mas não deixam de ser patrões e que, como taes, têm interesses differentes dos nossos mesmo op- postos. Então, não vale a pena de ter feito um gran- de movimento cooperativo, cuja ambição é de re- formar o mundo economico e de criar uma economia nova, para conseguir apenas algumas pequenas me- lhoras que poderiamos achar da mesma forma em casa d'umbom numero de patrões capitalistas. Por conseguinte devemos, para defender nossos interesses, recorrer aos mesmos meios que os usados pelos nossos camaradas nas casas capitalistas, isto é, o syndicato, e se fõr necessario a greve>>. <<Eis porque os empregados criaram, ha um certo numero de annos, uma <<trade union>>, um syndicato enorme que conta hoje mais 100 mil membros. Estes membros são recrutados em todos os ateliers e magazins das sociedades cooperativas, do que resulta que esta associação syndical compreende os operarios 16 de todos os officios dos 2.000 magazins de dos 100 estabelecimentos industriaes que fazem parte do mo- vimento cooperativo inglez. Sob o ponto de vista syndical, é um monstro a tal associação dos empre- gados das cooperativas inglesas, pois o, caracter de toda associação syndical é de ser composta de homens, operarios ou empregados, da mesma profissão. Eis a propria definição legal do syndicato; enquanto que o syindicato dos empregados das cooperativas com- preende homens de todas as categorias. Qual então o laço que os liga? E' unicamente, não direi a guerra, e sim a oppo- sição aos administradores das sociedades cooperati- vas de consumo. E é mesmo uma das sociedades syndicaes das mais aggressivas, a tal ponto que o conselho central das <<Trades Unions>> (que é a C. G. T. ingleza) teve que intervir mais d’uma vez para sustentar a Wholesale contra o syndicato dos seus empregados>>. Gide, paginas 110 em diante refere-se aos remedios propostos: sendo a participação nos lucros, direitode participar dos dividendos na proporção das acções que possuem os operarios, e tambem o direito de particpar do governo da einpreza, coino todos Os accionistas d’uma sociedade qualquer, assistindo ás assemblés geraes, tornando parte nas eleições e mesmo na direcção se forem eleitos para o Conselho (socie- dade de particpação operaria, franceza, forma de ca- racter facultativo, a titulo de experiencia). A Wholesale escoceza acceitou um representante por 150 acções, porém a de Manchester recusou. Eis a razão apreseutada pela ultirna: ,. . Primeiramente, no que concerne á participação nos lucros, ficaria em contradição com o proprio prin- cipio do movimento cooperativo de consumo. Com effeito, que visa este movimento? Que se ensinou desde Rochdale? E' que a cooperativa de consumo tem por fim a suppressão do lucro, isto é, fazer des- apparecer o que Owen qualificava o cancro social. E vós, individualistas, que pedis? De associar nossos operarios aos lucros e por isso mesmo de o consagrar? Não se divide um <<lucro excedente>> restitui-se este lucro. Quando tomamos por norma restituil-o aos de quem elle foi tirado, isto é, aos compradores, vós quereis que o restituamos aos empregados e opera- rios? 17 Quando o societario vem fazer uma compra nos magazins e que, tanto como aos, negocitantes, nós lhe fazemos pagar 10 frascos o que vale 9, lhe dizemos sempre: socegai ! os 10 p. 100 que houvestes pago de mais, nós tomamos o compromisso de os restituir. Eis que agora, voltando-nos para o nosso empregado vendedor, deveriamos lhe dar a metade do que o con- sumidor pagou a maior ! Mas a que titulo? Essa subtração seria feita contra o camarada, o consumidor, é um conflicto que se vae estabelecer entre elles. Além disso, o lucro realisado pelas Wholesales é quasi nullo e sobre milhões de operações: porque o operario que trabalha numa das cem usinas ou num dos tres mil magazins, devia ter um direito sobre o conjunto desses negocios? Tambem recusou acceitar os operarios e empre- gados como socios: Os operarios e empregados, quando os façamos societarios, que acontecerá? Virão nas assembléas e farão a lei. Ora toda empreza governada pelos que se acham ao seu serviço não pode cahir na anarchia. A prova foi. dada pelos proprios Soviets que, no começo da revolução haviam introduzido esse systema as usinas foram entregues ás mãos dos seus proprios operarios reunidos em commissão. Mas foi preciso renunciar no fim de alguns mezes; a producção de todas as fabricas tendo chegado a zero. E não basta quanto a este, perigo, dizer que os operarios e empregados d'uma cooperativa não serão nunca mais que uma pequena minoria, comparado ao numero total dos societarios. Isto não é exacto, visto poder acontecer que elles se encontrem em proporção consideravel nas assembléas. Com efteito, a maior parte dos societarios não se apresentam ás assembléas emquanto que pelo contrario os empregados são muito mais assiduos, sobretudo quando se trata de ques- tões que tocam seus interesses. Vio-se, justamente, na Wholesale de Glasgow onde este systema é applicado, empregados — empre- gados que tinham sido admoestados por um director por haverem mal feito seu serviço — vir á noite da Assembléa Geral e aproveitar se da vinda em massa dos seus camaradas, quando os societarios consumidores se não tinham incommodado com a reunião, para obter uma maioria de sorpresa e revogar incontinemte seu di- rector. Sem duvida podem tomar-se certas precauções; e a Wholesale de Glasgow, para evitar esse perigo, 18 acabamos de dizer, limitou o numero dos seus empre- gados associados; porem o perigo continua da mesma forma. De modo que a tradição owenista se oppõe á libe- ral ou individualista. Realmente, o fim das cooperativas não é accumu- lar lucros para os socios, e sim dar-lhes todo o arri- mo permittido pelo capital collectivo que deve abso- lutamente substituir o privado onde, este não tiver mais lugar, pois este capital, representa uma fonte de pobreza e de tortura dos que trabalham de facto, e quando elle amenisa a sua acção destruidora de vidas preciosissimas, o ,faz como o páu podre aos naufragos que os rios caudalosos levam na corrente- esta corren- te é a Evolução. Só a disciplina salvará as organizações cujo me- canismo perfeito pode comparar-se ao Coração huma- no que, se cessar de bater, torna-se cadaver o orga- nismo... Gide, voltando da Russia dos Soviots, deo nos, no livro citado, eloquentes ensinamentos: << Assim na França, por exemplo, as tres formas da cooperação, consumo, producção e credito, não so- mente são absolutamente distinctas pelas suas orga- nisações, como tambem pode dizer-se mesmo que são antagonistas. A cooperação de credito formada de associa- ções de proprietarios que não têm nenhuma velleidade socialista e não cogitam de modo algum na abolição do salario ou do lucro. Quanto ás cooperativas de producção, represen- tem uma especie de aristocracia operaria que tem um certo despreso pelas cooperativas de consumo onde ellas não vêm outra coisa a não ser lojas de negocian- tes; e as cooperativas de consumo retribuem esse mês- mo, sentimento, não vendo nas de producção senão operarios <<parvenus au patronal>>. Na Russia, não ha nada disso. Essas tres formas não fazem senão uma, particularmente as cooperati- vas de producção e as de consumo. E ora uma ora outra que começa e que, por uma especie de integra- ção progressiva, reveste todas as formas. Ora se é o salarlo a razão da alta nos preços, o que virá a supprimil-o, seja bem vindo, caso outros agentes peores não intervenham, num eterno circulo vicioso do dominio d uma classe sobre as outras... que seja essa classe composta de capitalistas ou ope- 19 rarios donos de fabricas, da lavoura, do credito ou doconsumo. Repetir os mesmos erros sob o regimem do capi- tal collectivo seria apenas um castigo aos que abusa- fax, não um remedio para o acervo social. A catechese cooperacionista não esmorece, mesmo sob os escarneos de dois campos adversos. Nella está á definitiva regeneração do trabalho e do commercio. Assim, convem desde já desmascarar a chicana dos que hontem produziram capciosos estatutos e hoje pugnam insidiosamente pelo aburguesamento juridico da cooperação. Decerto isto lhes ha de render alguma coisa. Lenine, segundo Gide, quando derrocou os ulti- nos vestigios da escravidão russa, foi ajusto com as cooperativas perseguindo-as; depois disso retro- cedeo officializando-as, obrigando a que todos se inscrevessem nellas e já sob um regimen de extorsão official, a afinal convenceo-se de que a cooperação livre era a verdadeira, dentro dos, seus basicos prin- cipios inviolaveis, e lá está ella na mais ampla flora- ção primaveril por todas as Russias. 0 mesmo deo-se com Marx, que terminou apro- vando essa instituição que certa especie de indivi- duos inciste não mais em vedal-a, porem em detur- par, por valer-se ainda della como instrumento de exploração da humanidade.E não fizeram o mesmo da religião, do amor, da patria, da familia, de tudo? Tambem se morre de muitos males que se cau- sam a omtrem... Nisto é que essa proxeneta cir- cumspecta devia pensar antes de ir para os infernos. Assim, em 1910 foram registradas 51.000 coope- rativas de consumo na Russia, com cerca de l00 mi- lhões de socios, na epoca obrigatoria. Em 1920 as cooperativas confederadas eram o unico meio de entreter as relações commerciaes da Russia com as federações estrangeiras. Não havia mais com quem tratar. Com a volta da cooperação facultativa, o numero de cooperativas baixou a 16.000, e numero de mem- bros a 4 milhões. Mas, diz o Mestre: <<se fosse so- mente isso, não se deveria vêr nisso um recuo, pois mais valem 4 milhões de cooperadores vivos que 18 milhões de cooperadores mortos. Verdade é que os cooperadores do voto plural ainda são de peor especie... 20 De patamar em patamar, de eleição em eleição chega-se ao apice da pyramide, ao orgão central que é o Centrosoyus, e que se compõe d'uns vinte admi- nistradores com um escriptorio permanente. Isto para a Russia. Gide accrescenta que na Inglaterra: nas funcções commerciaes propriamente ditas, isto é, a compra e distribuição das mercadorias, estão a cargo da Who- lesale, emquanto que de todo o trabalho de propaganda, educação, ensino, é da competencia da União Coope- rativa. Na Russia, pelo contrario, se duas funcções estão reunidas nas mãos do Centroyus que assume assim d'uma, só vez a direcção commercial e econo- mica, e a direção moral>. De 1924-1925, o Centrosoyus fez 384 milhões de negocios, isto é, 1.000 milhões de francos-oiro, em- quanto quje a Wholesale inglesa, na mesma epoca, che- gou a 1.900 milhões. Esse centro servio de intermediario nas relações commerciaes, dando inicio, como diz o Mestre, ao sonho dos cooperadores, qual o da Aliança Cooperativa Internacional. Gide, na sua obra obre a cooperação, na Russia e na Inglaterra fez a analyse completa do assumpto, discorrendo com sua arte sincera, tão em evidencia no genio francez, e que espadana os factos sob a luz nova que banha as coisas...aliás as muis velhas deste mundo. Ahi fica o que aliás emana da compilação dos mestres que nos ensinam o que aprenceram com os factos e reproduzimos por um dever de consciencia, no brumoso ambiente... Quer dizer alem delles? Eil-os BIBLIOGRAPHIA Ch. Gide - La Cooperation á L 'Etranger Angle- terre et Russie. Joseph Cenesson - Les Associations Ouvrières de Production. Alfredo Ficarelli - Guida pratica per la contabilitá- delle piccole Cooperative di consumo. Arrigo Valentini - Del Mecanismo delle banche populare. Lega Nazionalle delle Cooperative. Via Pace,10, MIlão, Italia - Vade Mecum pei diri- 21 genti di Aziende Cooperative di Produzione e Lavoro e loro Conzorzi ammissibile a publici appalti. M. Radaelk - Nuovo manuale tecnico per- il personale delle cooparative di consumo. I G. Garibotti - Pane P. Narciso Noguer - Las Cajas rurales en Espana y en el extranjero. Totimianz - La Cooperazione in Russia. Luiz Durand - manuel pratique des caisses rurales. F. Manfredi - Guida pratica per l’edilizia popo- lare. Niccoli - Cooperative rurale. Ercoli Bassi - Le Latterie Sociale in Italia. Virgilli - La Cooperazione nella legge e nella dou- trina. G. Zardo - La pratica delle Società Cooperative. Pietro Sibert - Le Cooperative di Consumo, Coppola d’Anna Ed. G. Barbera Firenze, Italia - Codice della Cooperazione e for- mulario (1921). Os pedidos de livros italianos, feitos mediante vale postal, devem ser dirigidos ao <<Ente Nazionale della Cooperazione>>, 31, via Manzoni, Milano - Italia. Os francezes, á << Libraire de la Federation Na- tionale des Cooperatives de Consommation>> 85, Rue Chariot, Paris, Convem lembrar que as edições se esgotam rapidamente e que vivemos num deserto. Secção de Credito Agricola da Directoria de Inspecção e Fomen- tos Agricolas do Ministerio da Agricultura Nesta Secção os interessados encontrarão; alem dos modelos de contabilidade de consumo, panifica- ção, caixa rural, regulamentos das operações de cre- dito a dema traducções privativas do Serviço, com- pilados pelo autor deste folheto, os seguintes estatu- tos de coopreativas: consumo, panificação, secção predial da de consumo, producção e trabalho, traba- lho, compra a venda, caixa rural, banco popular, como se deve constituir uma cooperativa>>, todos da mesma lavra. Outrosim, na mesma Secção, não faltam outros trabalhos não menos uteis ao publico e que são de illustre autoria do Dr. Fabio Luz Filho, e do Dr. Adolpho Gredilha, idoneo propagandista da coopera- ção, indispensavel assistencia technica a intellectual, tanto de um como de outro. O publico só tem a lucrar nessa consulta gratuita em que poderá colher notas preciosas, constantes de documentos privativos do Serviço e no sentido da propaganda da cooperação authentica, isto é, fiel á doutrina verdadeira. <<A Cesar o que é de Cesar>> ! Das disposições relativas ás Socie- dades, Cooperativas em Geral __ __ O que os estatutos não podem deixar de conter. (Compilação coordenada e adaptada, no intuito de integrar a doutrina na pratica e na legislação, de disposições de leis e regulamentos, segundo G. Zar- do principalmente e outros mestres. Nesta compi- lação trata-se de obedecer a um criterio de organiza- ção homogenea, ainda falha em toda a parte por falta da consagração juridica, precisa do facto o mais evidente que se exemplificou aliás na Cooperativa Wholesale, que é uma sociedade de pessoas, não de capitaes, obra completa, cyclica, dos 28 tecelões de Rochdale, os unicos pioneiros da Cooperação systema- tizada por si, que só espera que os legisladores sai- bam definil-a no estylo legal, sem confundil-a com a sociedade anonyma ou em commandita). Admissão dos socios O pedido para ser socio deve ser dirigido ao Com- selho de administração, quer redigido pelo requerente quer por meio de formula preenchida pelo mesmo, sendo apresentados os pedidos, numerados por ordem na primeira reunião do Conselho afim de serem devi- damente . examinados, devendo constar do livro de actas do Conselho as deliberações á respeito, evitando- se de averbar as razões, que impeçam a acceitação do pedido, havendo ainda recurso, da parte dos re- - 24 - cusados, para o conselho fiscal, a Comissão do Pro- bidade e em ultima instancia para a Assembléa Geral. Outrosim, deverá constar dos pedidos a declaração de que o requerente acceitará todas as condições de- terminadas pelos estatutos e regulamentos da socie- dade. Na formula, além de precisarem-se as condi- ções convem salientar que a cooperativa não tem o fim de especular,fazer negocios rendosos, e sim o de elevação moral dos principios economicos de que deriva a vantagem para os cooperadores e o publico. No caso de haver um numero sufficiente de socios, os novos socios darão lugar á irradiação da sociedade de accôrdo com o criterio de conselho de administra- ção e deliberação da Assembléa, tratando-se d’uma rigorosa selecção nos primeiros tempos afim de evi- tar o abuso dos grupos mal orientados, e a manha dos que apesar dos melhores dispositivos, ainda as- sim tentam açambarcar o poder nas mãos de meia duzia de falsos cooperadores, lesando a soberania da assembléa. No proprio pedido, á margem, o secretario fará declaração da deliberação tomada. No caso affirma- tivo faz-se a inscripção no livro do registo dos socios, seguida da assignatura do socio admittido e de mais dois socios que não pertençam á administração da so- ciedade. Desde esse momento é que se torna valida a admissão. Os analphabetos assignam de cruz, de- legando poderes a outro socio para assignar por elle, reconhecida devidamente a respectiva firma. Tal delegação, na Italia, é isenta de sello, pois a coope- rativa, lá, é sobretudo para os mais necessitados. Numero e qualidade dos socios O numero de socios é illimitado, não podendo porém a sociedade cooperativa ter menos de 7 socios. Pelo caracter de universidade a admissão nunca po- derá ser embargada, pois, mesmo nos casos especi- aes, por agglomeração que impeça a marcha equili- brada da sociedade, com a irradiação da mesma evi- ta-se, por meio de novas secções, a inadmissão injusta, anti-ethica; em contradição com os fins da caridade ou beneficencia mutua, que é infinita. Isso impedirá os abusos sectarios ou de facções, deixando. - 25 - se a cooperativa inteiramente á vontade no seu cam- po de acção fecunda, de concordia social. Entretanto, no que respeita á natureza profissio- nal da cooperativa, dever-se-á observar a respectiva indole profissional do socio; mais ainda, se taes coo- perativas meramente de profissionaes, se desdobrarem em outras com caracter generico, já ahi, nessa parte do seu desdobramento poderão ser admittidos univer- salmente os novos socios, sem nenhum prejuizo, nem categoria especial, dentro porém dos limites do novo ramo que se formar no tronco primitivo, profissional. Ser socio é uma qualidade que só se coaduna com a egualdade de direttos e deveres de que todos deverão gozar na sociedade, respectivamente em cada secção da mesma, pois o socio d’uma secção não poderá pertencer a nenhuma outra, no caso de des- dobramento forçado por motivos economicos e so- ciaes, como poderá dar-se nas de producção. Administradores Os administradores, eleitos pela Assembléa Ge- ral, reunida logo após da Assembléa dos promotores, nunca deixam de ser ou tornar-se socios effectivos da sociedade cooperativa. A assembléa dos promo- tores, sob a presidencia d’um delles, que a convoca, logo quo eleitos os membros dos dots con- selhos e da Commissão dos probos e outras necessa- rias ao mecanjsmo cia cooperativa, empossa as mes- mos nos seus respectivos cargos, e puss a set presi- dida pelo membro do Conselho de Administração que for escolhido para presidente ou Director da socie- dade o qual indica para primeiro e segundo secretario dois outros menbros do Conseiho do Administracão que for então eleito, nomea o contador e de mais auxilia- res, passando os documentos e a correspondencia dos promotores aos administradores, logo promptificando- se os mesmos a cumprir as obrigações legaes, quanto a rsgistro, publicação e o mais, relativamente ás so- ciedades cooperativas. Cada vez que forem nomeados novos administra- dores, quer por expiração do mandato ou por outro - 26 - qualquer motivo, dever-se-á notificar cumulativamente ou não tal facto ás repartições a cujo cargo se achem os respectivos registros e a respectiva fiscalização das sociedades cooperativas, e dentro do prazo legal a partir do acto constitutivo. No caso de, dentro desse prazo, de accôrdo com os estatutos, da socie- dade forem subrogados Os cargos em questão, far-se-á notificação dos subrograntes, que sempre deverão oc- cupar o lugar dos subrogados só durante o tempo que faltar para completar o mandato, a partir da data da subrogação. 0 tempo relativo ao mandato dos admi- nistradores não deve exceder de 4 annos, podendo ser reelegiveis, se o permittirem os estatutos, sendo que, no primeiro periodo, a metade dos administra- dores será reelegivel, depois de dois annos devendo ser subrogada por sorte ou ordem de tempo, exercendo os subrogantes sómente o tempo do mandato que faltar aos subrogados. Durante a gestão social, no caso de ausencia por qualquer motivo plausivel, de um ou mais membros do Conselho de Administração serão os mesmos su- brorogados por outros tantos merubros do Conselho fiscal ate á convocação da assembléa geral, delibe- rando com a presença dos 2/3 e maioria absoluta de votos, devendo o numero dos administradores ser impar. Mandato e responsabilidade dos administradores Os administradores recebem mandate da Assem- bléa de socios soberana, respondendo pelo nome e representação da sociedade em juizo ou fora delle, perante Os socios ou terceiros. Não contráem res- ponsabilidade pelos negocios sociaes por causa da administração delles, porém estão sujeitos á respon- sabilidade que deriva do mandato social e das obri- gações que a lei lhes impõe; commumente quem re- presenta a Sociedade é o Presidente. Os administradores devem facultar aos socios a inspecção dos livros dos socios e do livro da Assem- bléa Geral, e levem dar attestados da conta corrente dos socios, no caso de serem solicitados. Todos os auxiliares da sociedade cooperativa são - 27 – nomeados pelos administradores, desde que não haja disposições contrarias, constantes dos estatutos, ou deliberação contraria da Assembléa Geral. Os administradores são solidariamente responsa- veis perante os socios e terceiros; 1º pela verdade quanto a pagamentos feitos pelos socios; 2° pela existencia real dos juros pagos relativos as partes; 3° pela existencia dos livros exigidos pela lei e o methodo cooperativo e a organização e lançamentos em dia e regulares dos mesmos; 4° pelo cumprimento exacto das deliberações da assembléa geral; 5º em geral, pela exacta observancia das dispo- sições legaes aos mesmos impostas, a bem assim constautes do acto constitutivo a dos estatutos, e que se não refiram exclusivamente a determinado mister pessoal. A responsabilidade não attingirá os administra- dores que, discordando dos actos e omissões praticadas por diversos, fizerem logo annotar a sua discor- dancia no livrodas deliberações do Conselho, disso dando noticia ao Conselho fiscal, que, no caso de des- approvar, aggrava a responsabilidade, e no caso de approvar reparte a referida responsabilidade com os membros do Conselho de Administração que nella incorrem. O administrador que tomar parte directa ou in- directa em determinada operação, deverá communi- cal-o aos outros administradores, abstendo-se de qual- quer deliberação concernente a tal operacao. Membro do Conselho de Administração ou fiscal fallido, perde o mandato a será logo subrogrado, por motivo de interdicção ou inhabilidade' ou se fôr con- demnado a pena criminal ou correccional, por crime de corrupção, de falsidade, de furto ou velhacaria. A ação contra os administradores, derivada da responsabilidade dos mesmos compete á Assembléa Geral que a exerce por meio do Conselho fiscal. Cada socio tem o direito de denunciar ao Conselho fiscal qualquer facto passivel de censura a o Conselho fiscal deverá referir-se a tal denuncia na primeira Assem- bléa geral, ou convoca-la immediatamente se o julgar - 28 - necessario, caso a denuncia seja feita por um numero de socios que juntos representem um decimo do nu- mero total, apresentando a denuncia acompanhada das suas observações e propostas. A assembléa terá que tomar uma deliberação a respeito. Os Administradores não deverão votar: 1° na approvação do balanço; 2.° nas deliberações concernentes ás suas responsabilidades. o Tribunal nos casos de graves suapeições a res- peito de irregularidades dos membros dos conselhos de administração e fiscal, se for solicitado, logo que reconheça urgencia em providenciar antes da reunião da Assembléa Geral, pode ordenar devidamente a inspecção dos livros da sociedade e nomear para tal fim um ou mais commissarios a cargo dos requeren- tes, determinando a caução a ser depositada para as despesas. Os administradores poderão ser dispensados de prestar caução caso conste dos estatutos tal exone- ração, do contrario a caução é obrigatoria, porém não maior que o valor da quota maxima de partes per- mittidas a cada socio. Salvo nas cooperativas prediaes onde esse limite poderá ser excedido. O não cumprimento ou graves irregularidades por abuso do mandato, submettem os administra- dores a penalidades pecuniarias até 5:000$, salvo as penas maiores do Codigo Penal: 1° Os administradores, directores, mem- bros do conselho fiscal e liquidadores da so- ciedade que, nos relatorios ou communica- ções de qualquer especie á Assembléa Geral, nos balanços e nas situações das partes, tenham scientemente enunciado factos falsos sobre as condições da sociedade ou tenham acintemente occulto em parte ou no todo factos relativos ás referidas condições; - 29 - 2° Os administradores e directores que, com verdadeiro conhecimento do resultado de balanços fraudulentamente organizados, tenham distribuido aos socios juros não ti- rados dos lucros reaes. Commissão de probidade Aos membros dessa Commissão só composta de socios, compete dirimir as duvidas entre os socios e a administração, evitando controversias longas e cus- tosas, prejudiciaes á sociedade e aos socios. Assembléa Geral As Assembléas dos socios representam a sobe- rania universal da sociedade, a desde que legalmente convocadas e constituidas, de conformidade com a lei e os estatutos sociacs, representarn todos os socios, mesmo os auzentes, a as suas deliberações são vali- das acerca de qualquer assumpto da sua alçada ou constante dos estatutos. As assembléas são ordinarias ou extraordinarias. A assembléa ordinaria se reune uma vez por anno, cerca de 3 mezes antes de encerrar-se o exercicio so- cial; além da materia contida na ordem do dia, de- verá: 1° discutir, approvar ou modificar o ba- lanço, ouvido o relatorio do Conselho fiscal; 2° subrogar os administradores que dei- xam as suas funcções; 3° nomear o conselho fiscal; 4° determinar a retribuição dos membros do Conselho de Administração ou do com- selho fiscal, se não fôr prevista pelos esta- tutos ou o regulamento interno. As reuniões extraordinarias são convocadas em qualquer occasião que occorra. A convocação da assembléa é feita pelo conse- lho de administração ou pelo conselho fiscal, no caso de recusação da parte daquelle, mediante aviso pes- soal, affixação publica ou inserções nos jornaes, - 30 - nunca menos de 15 dias antes da reunião, devendo constar do aviso da convocação o lugar, dia, hora da reunião, e bem assim a materia da ordem do dia a ser discutida. Outrosim, o aviso deverá designar o dia e a hora da eventual reunião da segunda convo- cação, caso a primeira não tiver numero legal, não sendo assim necessario outro aviso além do pri- meiro. Convem declarar que a assembléa será legalmente constituida uma hora depois da que for fixada pelo aviso. A assembléa valida poderá deliberar sobre todos os assumptos constantes da ordern do dia, isto é, com o veto favoravel da metade dos votantes mais um. No caso do nomeaçäo do liquidadores são ne- cessarios 3/4 dos socios e o veto favoravel d’um nu- mero de socios que tome parte, egual á metade do numero total dos socios da sociedade, presentes ou auzentes. Faltando tal maioria, a nomeação dos li- quidadores é da competencia da autoridade judiciaria. As assembléas deverão reunir-se na circum- scripção da séde social, do contrario serão nullas, como será nulla qualquer declaração da assembléa tomada sobre materia que não constar da ordem do dia. Cada socio tem um só voto qualquer que seja o numero de partes as acções não devem ser admitti- das, afim de se estabelecer taxativamente a differença entre a sociedade cooperativa a a anonyma) que pos- sua e sé poderá representar urn outro socio na mesma assembléa (a contextura organica, sob o ponto de vista da garantia offerecida pelo codigo do commer- cio qua define tão sómente o modo de administrar, fiscalizar uma sociedade commercial qualquer, não affecta os fins desinteressados da cooperativa e que representam um sentimento elevado, unico, inteira- mente fóra do commum, porém realizavel, commer- cial, industrial, economicamente falando, desde que integrada a propria doutrina de desinteresse na pra- tica, isto é, de favores infinitos, cyclicos, que surgem perennemente do accumulo de energias solidarias, tendentes a generalizar-se regeneradoramente por todas as actividades uuiversaes). - 31 - Os administradores têm direito de votar, visto serem socios, salvo: 1° na approvação dos balanços: 2° nas deliberações a respeito das suas responsabilidades. As assembléas extraordinarias serão convocadas toda vez que forem necessarias ou no prazo d’um mez, desde que o deseje um quinto donumero total dos socios e declarem-se as questões a serem trata- das na Assembléa. A responsabilidade dos administradores regula se na razão do tempo da sua respectiva gestão, e não pode ser pronunciada collectivamente e sem ligar im- portancia ao tempo, senão quando os factos attri- buidos a diversos administradores successivos, sejam connexos entre si de modo a constituir um unico facto complexo, e se não possa separar a responsabilidade de uns da dos outros. Conselho Fiscal O Conselho fiscal é eleito pela assembléa geral, não podendo os seus membros deixar de ser socios, ou servir-se de influencia extranha á natureza da so- ciedade cooperativa no seu caracter economico, ba- silar, regido pelo aperfeiçoamento moral. Os mem- bros do conselho fiscal não poderão ser parentes nem ter nenhum gráo de consanguinidade nem de affini- dade com os membros do conselho de administração. Em caso de morte, renuncia, fallencia ou decadencia, serão subrogados pelos supplentes pot ordem de tempo o se estes, não basterem, as membros que fica- rem chamam outros socios para substituirem os que faltarem, até á primeira assembléa geral. Fiscaliza e controla perennemente a obra dos administradores no interesse do todos os socios. - 32 - As suas funcções: 1° estabelecer, de accordo com os admi- nistradores a forma dos balanços e das si- tuações das partes; 2° examinar pelo menos cada trimestre as operações sociaes e a combinar o bom methodo de escripturação; 3° promover o confronto da caixa cada trimestre; 4° confrontar uma vez por mez, pelo me- nos, os livros sociaes verificando a exis- tencia dos titulos e valores de qualquer es- pecie depositados em penhor, caução ou em custodia na sociedade; 5° verificar o cumprimento das disposi- ções do acto constitutivo e dos Estatutos, de conformidade com as condições estabele- cidas pela Assembléa Geral; 6° examinar o balanço e isso relatar nos termos da lei; 7° fiscalizar as operações de liquidação; 8° convocar a Assembléa ordinaria e extraordinariamente no caso de recusação da parte dos administradores; 9° tomar parte em todas as Assembléa geraes; 10° e em geral providenciar de modo que as disposições da lei, do acto constitu- tivo e dos estatutos sejam cumpridas pelos administradores. Relativamente ao relatorio sobre o balanço, o conselho fiscal tem obrigação de apresental-o, mesmo quando seja desfavoravel ao proprio balanço. No caso do recusacao a administraçfto social tern direito o dever de promover contra o conseiho fiscal una acção judicial de resarcimento integral dos prejuizos causados á sociedade pela falta de apresentação do relatorio do mesmo conselho. Os membros do conselho fiscal podem assistir as reuniões dos administradores e fazer inserir na ordem do dia dessas reuniões e na das Assembléas. - 33 - ordinarias e extraordinarias, as propostas que julga- rem opportunas. São tão responsaveis como os admi- nistradores nos casos de omissões nos balanços appro- vados; isto especialmente quando se evidencia a ne- gligencia do conselho fiscal no caso de não chamar á ordem o conselho de administração para o cumpri- mento da lei. As, deliberações da assembléa são obrigatorias para todos os socios dentro dos limites do acto consti- tutivo, dos estatutos ou da lei, mesmo para os que não tomarem parte ou se oppuzerem, salvo nos casos em que seja deliberado o seguinte: a) a fuzão com outras sociedades; b) a reintegração ou o augmento do ca- pital social; c) a mudança do objecto da sociedade; d) a prorogação da duração da sociedade, se não fôr consentida pelo acto constitutivo. Os socios dissidentes têm direito de se retirar da sociedade e de obter o reembolso das suas quotas ou partes e dos juros correspondentes, de conformidade com o ultimo balanço approvado, isto porem sem pre- juizo da responsabilidade subsidiaria derivada dos dispositivos legaes. O recesso deverá ser declarado pelos que toma- rem parte na assembléa nas 24 horas a partir do encerramento da mesma e pelos outros dentro de um mez após da publicação da deliberação na imprensa; sob pena de caducar. A declaração de recesso deve ser feita pelos meios legaes. A’s declarações manifestamente contrarias ao acto constitutivo, aos estatutos e á lei, poderá fazer oppo- sição qualquer socio e, ouvidos pela autoridade judi- ciaria competente o conselho de administração e o conselho fiscal, taes deliberações poderão ser legal- mente suspensas, mediante notificação ao conselho de administração. o socio, nesse sentido, apresentará o seu recurso devidamente legalizado, dirigido ao juiz competente, com as indicações que provem a illegalidade das de- liberações impugnadas individualmente pelo socio - 34 - que requeira a suspensão das mesmas; afim de seguir devidamente as tramites legaes. Capital social A quota maxima de partes, consentida a cada socio é de 5:000$000 (nas cooperativas prediaes 20:000$000) sobre o valor nominal das partes. A parte (que substitue a acção) não dá dividendo, o seu valor é invariavel do nominal, não tem circu- lação na bolsa, é intransferivel, salvo criterio do com- selho de administração, permittindo a transferencia. O juro maximo que deve produzir a parte é de 7 % e o seu valor não pode exceder de 100$000. O juro relativo ás partes deve ser antecipado aos destinados a outros fundos na distribuição dos lucros annuaes. A obrigação de subscrever partos não poderá ex- ceder d'um numero de partes equivalentes a 100$000 cada uma, caso as partes tenham menor valor que essa quantia. Os certilicados quo servem ás partes devem conter: a nome da sociedade seguido da indi- cação da sua forma cooperativa ; a data do acto con- stitutivo e da sua publicaçAo, corn a indkação do lugar onde fat executada, e a duração da sociedadé, trazendo a assignatura do Director e d’um outro membro do conselho de administrtação. (Na Italia a emissão é isenta de sello para as cooperativas edificadoras de casas populares durante 10 annos a contar da sua fundação e até que o capital não exceda de 200.000 liras ; para as cooperativas agricolas, 30.000 liras. Para as autras cooperativas, no 1° quinquennio das suas fundações, desde que te- nham capital inferior a 30.000 liras). Na Belgica o titulo nominativo, que é a caderneta que sé dá ao socio, substitue outro qualquer, registrando-se nelle a conta capital. O Dr. Adolpho Gredilha tem chamado as attenções para essa mui louvavel norma. As partes só poderão ser transferidas depois de integradas, somente a socios da sociedade a a criterio do conselho de administração, devendo constar tal cessão do livro do registro dos socios, e do titulo no- minativo. O herdeiro, prestadas todas as provas, só poderá - 35 - possuir as partesse fôr ou tornar-se socio, sendo alienadas as partes que excederem o limite maximo consentido para cada socio. No caso de não se tornar socio, por qualquer motivo, as partes serão alienadas na sua totalidade, não podendo ser vendidas em lei- lão publico, por nenhum motivo. No caso de pertencer a parte nominativa a diver- sos socios a sociedade não reconhece a inscripção nem a transferencia, sem que seja designado um unico ti- tular. (Na Italia as partes das sociedades legalmente constituidas não são sujeitas a nenhuma taxa até que o capital não exceda de 50:000 liras. Se o capital fôr superior paga 1% do valor nominal de cada parte). As sociedadas cooperativas legalmente consti- tuidas têm obrigação de apresentar nos primeiros 10 dias de janeiro e julho de cada anno ao registro com- petente, a denuncia dos traspasses das suas partes, produzidos por negociações durante o semestre prece- dente, especificando o valor nominal e o numero de ordem dos titulos singulares, negociados, ou cedidos, o nome e cognome do ultimo possuidor ou concessio- nario e a data da emissão de cada um dos titulos, sendo que a emissão só é feita á proporção que fo- rem entrando novos socios, nunca por outro motivo qualquer, outrossim, sendo expressamente prohibidas as chamadas de capitaes. Tal denuncia deverá tambem compreender as partes cuja venda seja promovida pela sociedade, pelo exercicio do direito de compensação contra o so- cio que não tenha cumprido com as suas obrigações perante a sociadade, porem a alienação só poderá ser feita pelos socios em leilão privado visto as partes não terem curso em bolsa, mantendo-se sempre o va- lor nominal das partes, o qual é inalteravel, salvo em caso de <<defict>> social. Por motivo de divida a não socios as partes do socio serão alienadas. (Na Italia são isentas dessa taxa as partes tras- passadas por herança, as quaes são sujeitas á taxa de sucessão. Antes de reconhecel-as como perten- centes aos herdeiros os administradores das coopera- tivas têm por isso a obrigação de denunciar ao Re- gistro competente as partes dos socios fallecidos, das - 36 - quaes é detentora a sociedade. A denuncia deve ser feita dentro do praso de 4 mezes a partir da morte do socio). O augmento do capital social, além de dar-se com a entrada de novos socios e lucros auferidos, sendo ainda necessario de outra forma, só o poderá ser por meio de emprestimos feitos aos socios ou não socios, nunca por emissão especial de partes. Reducção do capital social <<A reducção do capital social deverá ser delibe- rada com a presença dos 3/4 dos socios, e o voto fa- voravel d’um numero de socios que tomar parte na votação e que represente pelo menos a metade do numero total, salvo se houver outra disposição nos estatutos ou no acto constitutivo. Tal deliberação é obrigatoria para todos os socios, não sendo ad- mittido o recesso para os dissidentes ou não com- parecidos á assembléa. <<A reducção do capital social não pode ter ex- ecução antes de 3 mezes decorridos da data em que a declaração ou a deliberação da sociedade for publicada na imprensa local, com o aviso expresso de que toda opposição só poderá ser feita dentro do mesmo prazo. <<De conformidade com o exposto, a opposição poderá ser feita nesse sentido, não pelos socios e sim por terceiros (credores) os quaes, por effeito da reducção do capital vejam as suas garantias dimi- nuidas. Fundo de reserva indivísivel <<Tem por fim assegurar o bom andarnento das sociedades e collocal-as num gráo capaz do fazer frente a exigencias irnprevistas ou necessidades finan- ceiras com os meios proprios a sem recorrer ao cre- dito. o fundo de reserva deve ser pouco a pouco con- stituido, por meio de percentagem não menor d’um vigesimo dos lucros, tirada dos lucros liquidos an- nuaes, e isto até que o fundo assim accumulado não tenha chegado a um quinto do capital social, com- vindo que a referida percentagem, como a relativa ás partes, antecipe a dos outros fundos. - 37 - Quando o fundo de reserva tenha alcançado o quinto do capital, é facultativo proceder-se a, uma ulterior fixação de percentagem de lucros, destinada ao dito fundo. Quando diminuir por qualquer causa, se torna necessario reintegral-o promptamente da mesma forma por que foi constituido. O fundo de reserva (como para o resto do capital) deve ser inscripto, só para effeito da contabilidade, no passivo, mas effectivamente representa uma ver- dadeira actividade financeira social, como garantia, embora seja indivisivel na dissolução da sociedade. O capital nominal se inscreve no passivo, visto que a entidade social so acha em debito desse capi- tal, com os socios possuidores de partes. Balanço O Conselho de Administração deverá, dentro de 3 mezes a partir do encerramento do exercicio social, apreseutar á Assembléa o balanço, para a discussão a approvação. Por isso logo que encerrado cada exer- cicio deverá organizar o dito balanço, e apresental-o, comas documentos justificativos, pelo menos um mez antes do dia fixado para a assembléa geral, ao conselho fiscal, afim de poder ser feita pelo mesmo a verificação legal, com o respectivo parecer, mais a compilação relativa ao relatorlo que, juntamente ao balanço, deverá ser depositado na séde social, fican- do assim á disposição dos socios durante 15 dias que precederem a assembléa geral. O balanço deverá revelar fielmente a consistencia do activo e do passivo sociaes ; deverá ser organizado em forma simpics e synthetica, porém clara, e assig- nado pelo Conselho de Administração e approvado pelo Conselho fiscal, o qual deverá fazer a declara- ção de <<conforme a verdade>>. O capital deve ser indicado segundo a somma ef- fectivamente entrada e o balanço deve indicar com evidencia e verdade os lucros realmente conseguidos e os prejuizos soffridos, a somma dos pagamentos ef- fectuados a dos que estiverem em atrazo, e a situa- ção das partes. O facto d’um administrador organizar balanços — 38 — falsos pode dar lugar não sómente á responsabilidade civil, mas tambem á rcsponsabilidade penal, caso oc- corra a fallencia causada por distribuição de juros fi- cticios, relativos ás partes. O balanço é divido em duas partes, uma relativa ao activo, a outra ao passivo. Na parte do activo, baseada nos inventarios, e com as indicações do respectivo valor, devem seguir-se os immoveis, os moveis, os titulos de credito, cre- ditos, dinheiro e numerario de caixa, mercadorias nos armazens, etc. No passivo figuram todas as despesas, os de- bitos, etc. As mercadorias e os titulos de credito obe- decem a estimativa pelo valor justo de