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Cruzada da cooperação integral


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1/1 
BR 2800019 
E 1 5/B/M / V 
BRITTO’ J. S 
CRUZADA DA COOPERACAO INTEGRAL: PRODUCAO. C 
ONSUMO E CREDITO NAS CIDADES, NOS CAMPOS, C 
REDITO GRATUITO AGRARIO [COOPERATIVA DE PRO 
DUTORES] 
RIO DE JANEIRO, GB (BRASIL) BENEDICTO DE SOUZA 
1928 196 P. (PT) 17 REF. 
MICROECONOMIA, COOPERATIVA DE PRODUTORES, LEGIS 
LACAO ECONOMICA 
 
 
 
 
 203 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
JOSÉ SATURNINO BRITTO 
 
 
 
 
 
 
CRUZADA DA COOPERAÇÃO 
INTEGRAL 
 
 
Producção, Consumo e credito 
 Nas cidades, nos campos 
 Credito gratuito agrario 
 
 
(Adaptação de estatutos, formulario, normas geraes e parti- 
cularizadas. Compilação e commentarios. Modelos de 
contabilidade e estatística). 
 
 
 
A politica é o que ha de peor para 
fundar associações de Previdencia." 
--Luiz Luzzatti. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BENEDICTO DE SOUZA 
Rua da Misericórdia, 51 
RIO DE JANEIRO 
 ___ 
 1928 
 
 M 
 E15 
 BRIC 
 BR 2800019 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A cooperativa de consumo e a de producção 
 
 As cooperativas se destinam liberalmente a to- 
das as classes, desde que sem prejuizo da doutrina sã, 
da moral de que emanam no ajustar-se á pratica 
de permuta commercial entre pessoas que pretendem 
economisar no que compram e produzem, eliminando 
o lucro dos intermediarios, isto em favor de suas 
obras, ou da bonificação proporcional ás compras. 
Convem, antes da divulgação do material pratico que 
já temos prompto, relançar o historico das coopera- 
tivas de producção, visa caber ás de consumo as 
sumir progressivamente forma cyclica de que cons- 
tam tambem as de producção verdade é que a tal 
respeito temos que observar mas adiante o que se 
passa nas Wholesales. Porventura cooperativa de 
producção proletaria, de que tratamos logo de chofre, 
na forma que se apurou com a reação de classe, ex- 
prime bem o conceito que firma sufficientemente a 
universalização do voto singular nas cooperativas de 
todas as especies. Eis a razão que dos decidio 
a compilar a argumentação baseada nos factos chrono- 
logicos, independentemente dos dispositivos legaes, 
baseados em outro regimen, manobra com que tenta- 
ram em vão ferir o principio basico do voto singular 
nesses asylos economicos que se transformam pro- 
gressivamente em paraisos sociaes onde a paz e a 
fartura reinam. 
 Proletarios honestos, profissionaes de qualquer 
especie, pequenos proprietarios que couseguiram a 
custa do seu labor honrado e criterioso pôr de parte 
o fruto do proprio esforço e que ainda assim se vêm 
ás voltas com a multiforme uzura, podem, ao lado 
das cooperativas de consumo de classe, formar as 
suas, dentro da mesma harmonia moral e organica. 
 Mas, não tardemos, uma vez explicada essa 
di-gressão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Que é uma cooperativa de producçao? Analy- 
semos com Joseph Cernesson, autor da <<Association 
ouvrière de production>>, folheto repleto dos melho- 
res ensinamentos, cujos trechos, que mais nos inte- 
ressam neste momento passamos a reproduzir: 
 Caracteres fundamentaes d’Uma sociedade indus- 
trial: << logo que constituida, um trabalhador profis- 
sional não tem nenhum direito, nenhum meio regu- 
lar de fazer parte da mesma, e introduz-se fatalmen- 
te no decurso da existencia da sociedade, gente ex- 
tranha á natureza dos negocios. O pessoal que a 
compõe se divide em 2 grupos. Um, o dos accio- 
nistas, recebo a totalidade dos lucros. O outro, o 
dos agentes salariados, não tem nenhum direito de 
immiscuir-se nos negocios sociaes, e não é senão 
uma especie de instrumento adaptado ao serviço do 
primeiro grupo 
 
 Mas todos esses caracteres da Sociedade indus- 
trial podem convir da mesma forma a' uma Associa- 
ção de operários. Eis alguns serralheiros que se co- 
nheceram num syndicato ou numa officina. Reu- 
nem alguns contos de reis, e associam-se para explo- 
rar uma pequena loja. Os negocios prosperam de 
tal forma que elles não podem dar conta da mão so- 
sinhos. Tomam por auxiliares desenhistas, admittem 
a serviço antigos companheiros. Alguns daquelles 
associados já não trabalham mais manualmente; 
um é director, o outro agente commercial; este, fei- 
tor de officina; este outro deixou mesmo a profissão. 
Não ha com que se illudir; sob uma physionomia dif- 
ferente, e num quadro menos imponente, apezar dos 
operarios accionistas e os operarios salariados se tra- 
tarem familiarmente de <<camaradas>>, achomo-nos na 
situação acima definida. Este grupo de operarios 
proprietarios d'uma officina não é uma Associação 
operaria do producção: é uma Sociedade industrial 
que se pode chamar de <<capitalista>>, mui interessan- 
te pela qualidade dos fundadores, visto mostrar-nos 
uma elite, destacada da classe, socialmente destinada 
a exercer funcções superiores, porem, não interessa a 
nossa these>>. 
 
<<Que é uma, Associação operaria de producção? 
<<Como os acima referidos, operarios mes 
ma corporação decidem de se grupar para 0 traba- 
lhe liver, porem sem intenção de melhorar para si 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
 
somente as condições de vida do trabalho. Esten- 
deram antecipadamente a toda a sua corporação o ideal 
entrevisto por elles tão somente a propriedade col- 
lectiva, repartição equitativa dos luscros e riscos en- 
tre todos os trobalhadores. E' um punhado de ho- 
mens, porem consideram-se como os pioneiros d'uma 
via nova que confinará um dia com a emancipação 
integral da corporação. Sabem que antes de os se- 
guir, muitos dos seus camaradas acceitarão essa via semi-
aberta, que o maior numero desejará a que seja de 
finitivamente aberta, e que a multidão virá lentamen- 
te á procura delles, por unidades receiosas. Entre- 
tanto, elles se acham sempre promptos a admittir os 
adventicios nas suas fileiras, e sob o mesmo titulo 
que elles proprios. 
 <<Por principio, todos os associados são obrigados 
a trabalhar; o que não quer dizer que todos estejam 
certos de encontrar trabalho, a Associação, mui fra-ca na sua origem, podendo achar se na impossibili- 
dade de occupar todos os seus membros. Quando 
ella engrandece, o phenomeno inverso pode dar-se: 
é necessario admittir a serviço outros operarios; elles 
participam, numa certa medida, dos lucros. São 
neopytos cujos superiores pôem em prova a sua voca- 
ção; quando a sua educação profissional e cooperativa é 
terminada, começa a sua emancipação, elles se tor- 
nam societarios. Para elles, por virtude da variabi- 
lidade do capital, as acções são sempre disponiveis, 
os descontos periodicos sobre os seus salarios ou os 
seus lucros completam o pequeno deposito inicial, 
que é o signal tangivel da sua adhesão. Não ha 
portanto, na Associação operaria de producção, dois 
grupos diversos, em que um, estreitamente fechado, 
salaria o outro attribuindo-se a totalidade dos lucros; 
grupos indefinidamente distinctos com o seu respec- 
tivo papel de commando e de obediencia, de patrões 
a empregados. Nessa associação legitima ha sem 
duvida duas categorias de trabalhadores; mas ambas 
são destinadas a se confundir na harmonia fraternal 
do societario. 
 <<A egualdade dos direitos entre os membros, a 
posse collectiva da propriedade social, são o caracte- 
ristico moral dominante qua fixa a physionomia im- 
pessoal da Associação operaria. O principio de autori- 
dade não se incarna nem num homem, nem numa adminis-
tração exterior: reside na universidade dos membros. O 
director é ahi um delegado temporario, sempre re 
 
 
8 
 
vogavel, sem isso, os destinos da Associação correm o, risco 
de serem orientados ao sabor de caprichos ou de interesses 
individuaes. Em alienando sua soberania, a Associação 
reconheceria sua impotencia. 
 <<Mas, tanto ou quanto a Sociedade industrial, 
ou a casa patronal, a Associação operaria não dispen- 
sa a disciplina. A disciplina operaria é mesmo 
d’uma ordem infinitamente mais elevada; pois ella é 
salvaguardora, não mais de interesses individuaes 
transitorios, e sim dos interesses permenentes da 
corporação inteira. Ella é tambem mais nobre que 
a disciplina imposta; os em que a dignidade é mais 
arisca podem sujeitar-se a tal disciplina sem pertur- 
bação, visto que a sua subordinação decorre da sua 
adhesão moral. 
 <<Eis a Associação operaria de producção ideal. 
 A realização deste ideal exige uma tal sabedoria, um 
tal dominio de sua pessoa, e ao mesmo tempo um tal 
denodo aventureiro, que parece incrivel, chimerico, 
ou pelo menos, mui prematura. Em todo caso, pare- 
ce já o successo relativo se acha intimamente liga- 
do ao valor educativo da corporaçâo>> 
O autor, em seguida, passa aos dados estatisticos: 
em 1.° de janeiro de 1910 existiam 510 dessas Asso- 
ciações obreiras com cerca de 20.000 socios e que em 
190° haviam feito negocios cujo montante era de 
64 milhões de francos, mais ou menos, obtendo dos 
governos consideraveis empreitadas. 
 E o sonho de Fourier se realizou plenamen- 
te, apezar da deturpação que, tambem em França 
ameaçou tão viavel previsão de tempos melhores para 
os que tiram do suor do seu rosto todo o progresso 
humano. 
 São do mesmo mestre as seguintes considerações: 
<< O patrão não vê nos seus operarios senão o instru- 
mento mais ou menos aperfeiçoado da sua fortuna; e 
o algarismo de seus salarios é calculado em propor- 
ção do seu rendimento lucrativo. Mas, para os tra-
balhadores associados, cada um delles é um homem, 
sob pretexto de decadencia profissional, elles não têm 
o direito de o arremessar dentro do <<inferno social>>, 
de lhe impor o casebre immundo e miseravel, d'onde 
elle se evadirá para a tendinha manhosa, e onde os 
seus filhos se amontoarão, precocemente debeis. En-
tretendo este estado de coisas, o patrão é logico; po- 
rém cooperadores operarios trahem cynicamente a 
sua classe (ha-os)!... 
 
 
 
 
9 
 
 Por isso as Associações communistas que com-
batem a formula <<capital, trabalho e talento>> ideada 
por Fourier, se tornaram inimigas das cooperativas 
de producção, n' uma aspiração empyrica de fraterni- 
dade mais pura, cuja pratica o mesmo autor só em- 
contra até hoje nos conventos, ao que já nos referi- 
mos em o <<Dominio universal da cooperação>> embo- 
ra antes da leitura recente que fizemos do magistral 
folheto de Joseqh Cernesson, que o mero acaso nos 
offereceu no meio d’uns livros que se perdiam num 
porão de familia onde deixei guardados por muitos an- 
nos preciosas obras que se foram de que perdi a memo- 
ria, algumas até sem ter tido a opportunidade de estudar 
mais demoradamente, dada a nossa vida nomade de 
alguns annos. 
 Convem insistir nessa lição dos factos. Diz ain- 
da o autor, em defeza das Associações operarias que 
se não confundem com as <<patronaes>>, que os com-
munistas repellem, aliás com razão, sendo porem in- 
justos com as que adoptam a formula exata e viabilis- 
sima de Fourier: <<No começo, uma pequena Asso- 
ciação não pode exigir dos seus membros senão uma 
pequena quota, 25 francos, 50 ou 100 no maximo, um 
decimo do qual é logo depositado. Alguns funda- 
dores, mais fortunados ou mais audaciosos, servin- 
do-se dos seus direitos estatutarios, tomam diversas 
acções; o director possue ás vezes uma notavel par- 
te do capítal, e apezar de, como todos os seus cama- 
radas, elle não ter senão um só voto nas Assembléas 
Geraes (só tres associações infringiram esta regra: 
o <<Travail>> e << L' Avenir du Bâtiment, em Pariz; a 
<< E' bénisterie de Clichy) 
 
 
 , << A porta se não fechou aos menbros da corpo- 
ração, porem ella não se abre senão para personalida- 
des escolhidas, já experimentadas desde muito tempo, 
na qualidade de <<auxiliares>>. Sem duvida, os fun-
dadores não conheceram essas obrigações rigorosas; 
porem justam ente por terem atravessado, no meio 
de angustias por muito tempo renascentes, os obstaculos 
que lhes barravam o caminho, agora que têm 
sucesso, não querem, na noite da : sua vida, recome- 
çar a partida aventurosa que, na mocidade delles, 
ganharam brilhantemente. Se este sentimento se 
conserva isento de qualquer idéa egoista, se elles 
não têm verdadeiramente outro pensamento a não ser 
o de conservar na sua corporação a integridade de sua 
 
 
 
10 
 
 
conquista, não se cogitaria de censurar o rigor das 
novas obrigações introduzidas>>. 
 O titulo III da lei franceza de 24 de Julho de 
1867, sobre as sociedades, refere-se ás <<disposições 
particulares ás Sociedades de capital variavel>>. A 
influencia patronal dos que haviam deturpado os fins 
da sociedade de pessoas com os proprios da de capi- 
taes, conseguio glosar no parlamento francezas 
caracteristicas das cooperativas. Mas, não deixou 
de adoptar um novo regimen de sociedade que não 
tem o capital fixo, visto acceitar illimitadamente os 
socios, rompendo embora com a egualdade de condi- 
ções e o voto singular. Quer dizer que a sociódade 
assim alterada deixou de ser uma cooperativa. 
 E como vimos acima, as Associações operarias 
de producção reagiram contra esse equivoco, manten- 
do o systema classico, para o qual não havia lei e as 
cooperativas bem formadas viveram perfeitamente 
sem ella, como tudo que ha de bom debaixo de todos 
os ceos... 
 Ahi temos, alem de outros exemplos edificantis-
simos o da <<Cooperative La Pipe>> fundada, em 29 de 
outubro de 1906: <<Art. 8 — As acções não dão divi- 
dendos, nenhum interesse, a parte do capital social 
que representam sendo considerada como o instrumen- 
to de trabalho da Sociedade para a constituição da 
qual cada associado deve contribuir com uma parte 
egual>>. Dos estatutos desta sociedade de producção 
consta tambem o dispositivo que obriga ao vóto <<per 
capita>>. 
 Numa noticia que precede os Estatutos da <<Fede-
ration Nationale des Cooperatives de Consommation>>, lê-se: 
A F. N. C. C. representa em França a coopera- 
ção dita <<rochdaliana>>, assim denominada pelos <<Equi-
tables Pionniers de Rochdale de 1844. 
 <<Por consequencia seu fim é de substituir o re-
gimen de competição, de concurrencia, de luta e de 
guerra, que não faz outra coisa a não ser explorar 
os consumidores e procurar lucros, por um re- 
gimen de mutualidade, de ajuda-mutua e associação 
que terá por objecto a satisfação das necessidades 
materiaes, intellectuaes e moraes de todos os consu-
midores>>. Dos estatutos consta o seguinte 
art. 4º - Serão acceitas todas as Sociedades consti- 
tuidas de conformidade com a Declaração commum de 
Unidade cooperativa: por conseguinte não poderão 
admittidas: as Sociedades que impõem a seus 
 
 
 
 
 
 
11 
 
membros a adhesão á uma organização politica ou 
confessional, as Sociedades capitalistas ou patronaes, 
isto é, as que dão dividendo ao capital acção acima 
d' um interesse limitado, ou que limitam o numero 
dos accionistas, ou que dão a seus membros um nu- 
mero votos proporcional ao numero de acções, ou que não 
conferem a soberania á Assembléa dos socios>>. 
 Que querem mais, os que julgam que ao lado da 
deturpação mesquinha e legal, não existe a doutrina 
victoriosa? 
 No seio dessas cooperativas operarias quer de 
producção ou consumo ate a justiça é autônoma, pois 
se dirimem as questões por meio do Conselho de Pro-
bidade, expurgando-se assim da chicana o cenaculo 
da familia humana constituida de gente que exerce 
de facto um mister util. 
 A’s paginas 135, sob o titulo <<Cooperação bas-
tarda>> em <<A Cooperação é um Estado>> já haviamos 
chamado também as attenções para as sociedades 
<<civil service>> que differem das verdadeiras coopera-
tivas, não sendo por isso acceitos os seus delegados 
nos congressos de cooperativas que se reunem na In-
glaterra e donde seriam repellidos os cogumelos da 
uzura que brotaram aqui nos intersticios das omissões 
legaes... 
O nome de cooperativa introduzido em França 
em 63, pôr Casémir Perrier, como o dissemos ás pa- 
ginas 15 do <<Dialogo com o Povo>>, não impede, como 
diz M. Gaumont, citado dor Ch. Gide na sua monu- 
mental <<La Coopération à l’Etranger . Angleterre e 
Russie>>, que em 1836 dois tecelões lionezes houves- 
sem criado a <<Au Commerce Vérique>>, baseado 
nos principios sãos cooperacionistas, do que de infere 
que á França e á Inglaterra cabe de facto a syste- 
matização do agente da ajuda-mutua universal, ca- 
bendo ás mesmas nações a reacção contra os deturpa- 
dores do mesmo systema. 
 Gide, o maior vulto entre os apostolos authenti- 
cos e modernos da cooperação, no livro que acaba- 
mos de citar, ás paginas 21 em diante, mostra os 
sofrimentos dos proletarios, de 1767 a 1785, com o in- 
vento da machina a vapor, de Watt os aperfeiçoa- 
mentos sucessivos de Flargeave, Arkwight e Car- 
twright, com que se substituto a tesselagem a mão. 
De forma que tal acontecimento desaggregou o regimen 
corporativo que abrigou durante seculos o operario, 
tornando-se o operario um simples salariado ao e envez. 
 
 
 
 
12 
 
d’um homem livre como o era dentro da sua secular 
cooperação. 
 
Assim foi que surgiram as cooperativas de Bri-
ghton, da concepção do Dr. King, em 1828, com que criou 
o regimen do capital collectivo e das bonofica- 
ções que tarde os Pioneiros de Rochdale desen- 
volveram. 
Eis o seu programma colossal, da qualificação 
de Gide: 
 <<A sociedade tem por fim realizar beneficio 
pecuniario e melhorar a condição domestica e social de 
seus membros, reunido um capital dividido em 
acções de uma libra e sufficiente á pratica do seguin- 
te plano: 
 <<Abrir um armazem para a venda de generos 
alimenticios, roupas, etc. 
 <<Comprar ou construir casas para os socios que 
desejarem ajudar-se mutuamente para melhorar as 
condições de suas vidas domestica e social; 
 <<Emprehender o fabrico dos artigos que a socie-
dade julgar conveniente produzir para dar trabalho 
a seus membros que estiverem desempregados ou que 
venham a soffrer continua reducção nos salarios ; 
 <<Comprar ou alugar terras que serão cultivadas 
por seus membros que não tiverem trabalho ou por 
aquelles cujos salarios sejam insufficientes. . 
 <<Logo que fôr possivel, a sociedade procederá 
á organização em seu seio e com recursos proprios, 
ou em outros termos, ella se constituirá em colonia 
autonoma (self-supporting), onde todos os interesses 
serão solidarisados (united) e ella auxiliará ás outras 
sociedades que queiram fundar colonias semelhantes.
 <<Com o de de propagar a temperança, a socie- 
dade abrirá em um dos seus locaes um estabeleci- 
mento de temperança>>. . 
 Afigure-se gente dessa tempera, a admittir o voto 
plural !... . 
 Seria o mesmo que supportar trahidores num 
exercito que se prese... 
 Se haviamos antes demonstrado a reacção entre 
os operarios que fundaram cooperativas de producção 
contra os deturpadores egoistas, ahi temos nós o 
que se passou com 0 consumo. Quanto ao credito, 
os nomes de Raiffeisen, Delisztch e Luzzatti, são 
moraes tão elevadas que seria inutil aos 
acrobatas da chicana tentar pular por cima dellas 
e não é atoa que muitos ficaram de pescoço quebrado... 
 
 
 
13 
 
 A autonomia das federações da Escocia e da 
Inglaterra, com, respectivamente ao centro, a Who- 
lesale de Glasgow e a Wholesale de Manchester 
(Wholesale, quer dizer venda por atacado), conforme 
observa Gide, representava uma só Federação moral, 
a <<Cooperativa União>>, para a Inglaterra, Escocia 
e tambem a Irlanda. 
 Em 1872 a Wholesale de Manchester, que con- 
tava entre o numero dos seus fundadores quatro dos 28 
Pioneiros de Rochdale, fundou um banco para forne- 
cer os capitaes a todas as sociedadescooperativas. 
Diz Gide; <<O banco é, com effeito, 0 instrumento 
mais poderoso, visto dar o credito>>. 
 <<Em 1872, ella abrio suas primeiras fabricas, em 
numero de duas. 
 <<Em 1874, começa a installar armazens geraes 
em diveisas partes da Europa: em Roen, Calais, 
Hamburgo, onde criou uma agencia de para 
as suas provisões. 
 <<Em 1876, lança o primeiro vapor de 650 tone-
ladas, o <<Pioneiro>> que servio de transporte entre os 
seus armazens geraes. A frota augmentou e afinal 
ficou reduzida a dois vapores, por haver dado pre- 
juizo. 
 <<Em 1896, adquire pelo preço de 30.000 libras 
um dominio de 300 hectares, Roden. Ahi installa 
plantações, jardins, um asylo para os empregados. 
 <<As adhesões foram augmentando d’ahi em dian-
te consideravelmente, attrahindo a Wholesale de Man-
chester todas as forças cooperativas>>. 
 As vendas, sempre conforme Ch. Gide: 
 <<Em 1864, 1.300.000 francos oiro. 
 Em 1884, 112 milhões de francos oiro. 
 Em 1891, 220 milhões de francos. 
 Em 1920 1.300 milhões de . francos. 
 Em 1924, 1. 800 milhões de francos. 
 Essas cooperativas de atacado, inglezas, seguem 
o mesmo systema de Rochdale: não distribuem divi- 
dendos e sim bonificações na proporção das vendas a 
cada uma das cooperativas adherentes, proporção 
equivalente a 1 e 1,50 por cento. 
 E' a moralidade verdadeira do esforço superior ao 
capital. Cada sociedade subscreve 250 acções por 100 
membros. 
 As fabricas da Wholesale de Manchester são em 
numero de 111, empregados 80.000 operarios e pro- 
 
 
 
 
 
 
14 
 
duzindo 550 milhões de francos, segundo o mesmo 
autor. 
 Ouanto á producção agricola da Wholesale e esten-
deo-se até fóra da Inglaterra consideravelmente, entre-
tanto, reproduzamos as seguintes palavras do Mestre: 
<<Il faut donc croire qu'il y a dans l' évolution econo- 
mique comme deux voies divergentes: celle de la 
production industrielle qui évoluerait vers la grande 
production collective, et celle de la production agrico- 
le qui sembleraît tendre à la production individuelle, á 
la propriété paysanne>>. 
 Dil-o, após das considerações dos phenomenos 
observados nos diversos paizes, inclusive a Russia 
sovietica. Mas, o autor não deixa de tomar em con-
sideração o desenvolvimento geral das : cooperativas 
agricolas que parece corrigir essa tendencia, pelo 
menos até certo ponto. 
 Gide aconselha que as cooperativas de consumo, 
embora fundando as de producção para o seu com- 
mercio, deveriam tambem proteger a fundação de pe-
quenas cooperativas de producção que deixam de exis- 
tir por falta de capitaes e clientéla, firmando-se assím 
um contrato mutuo entre umas e outras no sentido 
de abranger o emporio cooperativo na tendencia ao 
infinito, porem coordenadamente na razão das neces-
sidades e viabilidade. 
 Estatistica de 1° de janeiro de 1925: França 4.000 
cooperativas de consumo; na Russia, 30.000; na 
Dinamarca, 1.500; na Inglaterra 1.314. O numero 
dessas cooperativas, comparado com o augmento pro-
gressivo de membros, prova a tendencia á concen- 
tração. Assim, que so na Inglaterra se contam 
cerca de 18 milhões de pessoas que fazem parte das 
cooperativas. 
Gide ennumera os senões: 
 1.° faz sentir que a associação dos socialistas 
christãos, eleva a personalidade do operario; eman-
cipando-o do salario, collocando-o em situação de 
sentir-se dono de si-mesmo e de colher os frutos do 
seu trabalho. Nesta condição somente o trabalho se 
tornará o que deve sêr, alegre e fecundo. 
 Nas Whofesales ha o salario como em qualquer 
fabrica, mina ou estrada de ferro, sendo que alguns 
dos salariados antigamente socios de cooperativas de 
producção foram absorvidos como as suas proprias coo-
perativas pela Wholesale. Esse regimen do salario, mes- 
mo em tal centro não deixa de ser condemnado porque 
 
 
 
 
15 
 
o salariado sentimento de não trabalhar para si, 
envenenando-se o operario com esse sentimento, pas- 
sando se assim do regimen federativo ao collectivista; 
aliás não imposto pela força, como faz vêr Gide, sendo 
o resultado d'uma evolução livre, ao que assegura 
uma grande superioridade, mas não deixará de apre- 
sentar menos todos os perigos que desde muito se 
têm assignalado, taes como, á bureaucracia, a con-
centração, a asphixia das iniciativas individuaes. 
 2°. como tal organização desagradará aos libe- 
raes, era de esperar que convisse ás Trade Unions 
(C. G. T. ingleza)? 
 
 Não. Embora tendo a cooperação por fim, ellas 
appelam para um espirito mais vasto, ameaçando de 
se opporem ás Wholesales, caso, tal se não désse: 
 <<E' com pezar que o fariamos e esperamos ainda 
sinceramente que o espirito da verdadeira cooperação 
poderá prevalecer diante de toda e qualquer eventua-
lidades>>. 
 
 3°. Os operarios e empregados dizem: 
 <<Reconhecemos que as sociedades cooperativas 
de consumo, e particularmente as grandes federações 
de Manchester ou de Glasgow, são bons patrões. Dão 
salarios eguaes, ás vezes superiores aos dos patrões 
ou sociedades capitalistas. Foram as primeiras a 
applicar as novas medidas da semana ingleza, da jor- 
nada curta. 
 Mas não deixam de ser patrões e que, como taes, 
têm interesses differentes dos nossos mesmo op- 
postos. Então, não vale a pena de ter feito um gran- 
de movimento cooperativo, cuja ambição é de re- 
formar o mundo economico e de criar uma economia 
nova, para conseguir apenas algumas pequenas me- 
lhoras que poderiamos achar da mesma forma em 
casa d'umbom numero de patrões capitalistas. 
 Por conseguinte devemos, para defender nossos 
interesses, recorrer aos mesmos meios que os usados 
pelos nossos camaradas nas casas capitalistas, isto é, 
o syndicato, e se fõr necessario a greve>>. 
 <<Eis porque os empregados criaram, ha um certo 
numero de annos, uma <<trade union>>, um syndicato 
enorme que conta hoje mais 100 mil membros. 
Estes membros são recrutados em todos os ateliers e 
magazins das sociedades cooperativas, do que resulta 
que esta associação syndical compreende os operarios 
16 
 
 
de todos os officios dos 2.000 magazins de dos 100 
estabelecimentos industriaes que fazem parte do mo-
vimento cooperativo inglez. Sob o ponto de vista 
syndical, é um monstro a tal associação dos empre- 
gados das cooperativas inglesas, pois o, caracter de 
toda associação syndical é de ser composta de homens, 
operarios ou empregados, da mesma profissão. Eis a 
propria definição legal do syndicato; enquanto que 
o syindicato dos empregados das cooperativas com- 
preende homens de todas as categorias. 
Qual então o laço que os liga? 
 E' unicamente, não direi a guerra, e sim a oppo-
sição aos administradores das sociedades cooperati- 
vas de consumo. E é mesmo uma das sociedades 
syndicaes das mais aggressivas, a tal ponto que o 
conselho central das <<Trades Unions>> (que é a C. 
G. T. ingleza) teve que intervir mais d’uma vez para 
sustentar a Wholesale contra o syndicato dos seus 
empregados>>. 
 Gide, paginas 110 em diante refere-se aos remedios 
propostos: sendo a participação nos lucros, direitode participar dos dividendos na proporção das acções 
que possuem os operarios, e tambem o direito de 
particpar do governo da einpreza, coino todos Os 
accionistas d’uma sociedade qualquer, assistindo ás 
assemblés geraes, tornando parte nas eleições e mesmo 
na direcção se forem eleitos para o Conselho (socie- 
dade de particpação operaria, franceza, forma de ca- 
racter facultativo, a titulo de experiencia). 
 A Wholesale escoceza acceitou um representante 
por 150 acções, porém a de Manchester recusou. 
Eis a razão apreseutada pela ultirna: ,. . 
 Primeiramente, no que concerne á participação 
nos lucros, ficaria em contradição com o proprio prin- 
cipio do movimento cooperativo de consumo. Com 
effeito, que visa este movimento? Que se ensinou 
desde Rochdale? E' que a cooperativa de consumo 
tem por fim a suppressão do lucro, isto é, fazer des-
apparecer o que Owen qualificava o cancro social. E 
vós, individualistas, que pedis? De associar nossos 
operarios aos lucros e por isso mesmo de o consagrar? 
Não se divide um <<lucro excedente>> restitui-se este 
lucro. 
 Quando tomamos por norma restituil-o aos de 
quem elle foi tirado, isto é, aos compradores, vós 
quereis que o restituamos aos empregados e opera- 
rios? 
 
 
 
17 
 
 Quando o societario vem fazer uma compra nos 
magazins e que, tanto como aos, negocitantes, nós lhe 
fazemos pagar 10 frascos o que vale 9, lhe dizemos 
sempre: socegai ! os 10 p. 100 que houvestes pago de 
mais, nós tomamos o compromisso de os restituir. 
Eis que agora, voltando-nos para o nosso empregado 
vendedor, deveriamos lhe dar a metade do que o con-
sumidor pagou a maior ! Mas a que titulo? Essa 
subtração seria feita contra o camarada, o consumidor, é 
um conflicto que se vae estabelecer entre elles. 
 Além disso, o lucro realisado pelas Wholesales 
é quasi nullo e sobre milhões de operações: porque o 
operario que trabalha numa das cem usinas ou num 
dos tres mil magazins, devia ter um direito sobre o 
conjunto desses negocios? 
 Tambem recusou acceitar os operarios e empre-
gados como socios: 
 Os operarios e empregados, quando os façamos 
societarios, que acontecerá? Virão nas assembléas e 
farão a lei. Ora toda empreza governada pelos que se 
acham ao seu serviço não pode cahir na anarchia. 
 A prova foi. dada pelos proprios Soviets que, no 
começo da revolução haviam introduzido esse systema 
as usinas foram entregues ás mãos dos seus proprios 
operarios reunidos em commissão. Mas foi preciso 
renunciar no fim de alguns mezes; a producção de 
todas as fabricas tendo chegado a zero. 
 E não basta quanto a este, perigo, dizer que os 
operarios e empregados d'uma cooperativa não serão 
nunca mais que uma pequena minoria, comparado ao 
numero total dos societarios. Isto não é exacto, visto 
poder acontecer que elles se encontrem em proporção 
consideravel nas assembléas. Com efteito, a maior 
parte dos societarios não se apresentam ás assembléas 
emquanto que pelo contrario os empregados são muito 
mais assiduos, sobretudo quando se trata de ques- 
tões que tocam seus interesses. 
 Vio-se, justamente, na Wholesale de Glasgow 
onde este systema é applicado, empregados — empre- 
gados que tinham sido admoestados por um director 
por haverem mal feito seu serviço — vir á noite da 
Assembléa Geral e aproveitar se da vinda em massa 
dos seus camaradas, quando os societarios consumidores 
se não tinham incommodado com a reunião, para obter 
uma maioria de sorpresa e revogar incontinemte seu di- 
rector. Sem duvida podem tomar-se certas precauções; 
e a Wholesale de Glasgow, para evitar esse perigo, 
 
 
 
 
18 
 
acabamos de dizer, limitou o numero dos seus empre- 
gados associados; porem o perigo continua da mesma 
forma. 
De modo que a tradição owenista se oppõe á libe- 
ral ou individualista. 
Realmente, o fim das cooperativas não é accumu- 
lar lucros para os socios, e sim dar-lhes todo o arri- 
mo permittido pelo capital collectivo que deve abso-
lutamente substituir o privado onde, este não tiver 
mais lugar, pois este capital, representa uma fonte de 
pobreza e de tortura dos que trabalham de facto, e 
quando elle amenisa a sua acção destruidora de vidas 
preciosissimas, o ,faz como o páu podre aos naufragos 
que os rios caudalosos levam na corrente- esta corren- 
te é a Evolução. 
 Só a disciplina salvará as organizações cujo me-
canismo perfeito pode comparar-se ao Coração huma- 
no que, se cessar de bater, torna-se cadaver o orga- 
nismo... 
 Gide, voltando da Russia dos Soviots, deo nos, 
no livro citado, eloquentes ensinamentos: 
 << Assim na França, por exemplo, as tres formas 
da cooperação, consumo, producção e credito, não so-
mente são absolutamente distinctas pelas suas orga-
nisações, como tambem pode dizer-se mesmo que são 
antagonistas. 
 A cooperação de credito formada de associa- 
ções de proprietarios que não têm nenhuma velleidade 
socialista e não cogitam de modo algum na abolição 
do salario ou do lucro. 
 Quanto ás cooperativas de producção, represen-
tem uma especie de aristocracia operaria que tem um 
certo despreso pelas cooperativas de consumo onde 
ellas não vêm outra coisa a não ser lojas de negocian- 
tes; e as cooperativas de consumo retribuem esse mês- 
mo, sentimento, não vendo nas de producção senão 
operarios <<parvenus au patronal>>. 
 Na Russia, não ha nada disso. Essas tres formas 
não fazem senão uma, particularmente as cooperati- 
vas de producção e as de consumo. E ora uma ora 
outra que começa e que, por uma especie de integra- 
ção progressiva, reveste todas as formas. 
 Ora se é o salarlo a razão da alta nos preços, o 
que virá a supprimil-o, seja bem vindo, caso outros 
agentes peores não intervenham, num eterno circulo 
vicioso do dominio d uma classe sobre as outras... 
que seja essa classe composta de capitalistas ou ope- 
 
 
 
 
 
 
19 
 
rarios donos de fabricas, da lavoura, do credito ou 
doconsumo. 
 Repetir os mesmos erros sob o regimem do capi- 
tal collectivo seria apenas um castigo aos que abusa- 
fax, não um remedio para o acervo social. 
 A catechese cooperacionista não esmorece, mesmo 
sob os escarneos de dois campos adversos. Nella está 
á definitiva regeneração do trabalho e do commercio. 
 Assim, convem desde já desmascarar a chicana 
dos que hontem produziram capciosos estatutos e hoje 
pugnam insidiosamente pelo aburguesamento juridico 
da cooperação. 
Decerto isto lhes ha de render alguma coisa. 
Lenine, segundo Gide, quando derrocou os ulti- 
nos vestigios da escravidão russa, foi ajusto com 
as cooperativas perseguindo-as; depois disso retro- 
cedeo officializando-as, obrigando a que todos se 
inscrevessem nellas e já sob um regimen de extorsão 
official, a afinal convenceo-se de que a cooperação 
livre era a verdadeira, dentro dos, seus basicos prin- 
cipios inviolaveis, e lá está ella na mais ampla flora- 
ção primaveril por todas as Russias. 
 0 mesmo deo-se com Marx, que terminou apro-
vando essa instituição que certa especie de indivi- 
duos inciste não mais em vedal-a, porem em detur- 
par, por valer-se ainda della como instrumento de 
exploração da humanidade.E não fizeram o mesmo 
da religião, do amor, da patria, da familia, de tudo? 
 Tambem se morre de muitos males que se cau- 
sam a omtrem... Nisto é que essa proxeneta cir- 
cumspecta devia pensar antes de ir para os infernos. 
 Assim, em 1910 foram registradas 51.000 coope-
rativas de consumo na Russia, com cerca de l00 mi- 
lhões de socios, na epoca obrigatoria. 
 Em 1920 as cooperativas confederadas eram o 
unico meio de entreter as relações commerciaes da 
Russia com as federações estrangeiras. Não havia mais 
com quem tratar. 
 Com a volta da cooperação facultativa, o numero 
de cooperativas baixou a 16.000, e numero de mem- 
bros a 4 milhões. Mas, diz o Mestre: <<se fosse so- 
mente isso, não se deveria vêr nisso um recuo, pois 
mais valem 4 milhões de cooperadores vivos que 18 
milhões de cooperadores mortos. 
 Verdade é que os cooperadores do voto plural 
ainda são de peor especie... 
 
 
 
 
 
 
20 
 
De patamar em patamar, de eleição em eleição 
chega-se ao apice da pyramide, ao orgão central que 
é o Centrosoyus, e que se compõe d'uns vinte admi-
nistradores com um escriptorio permanente. Isto 
para a Russia. 
Gide accrescenta que na Inglaterra: nas funcções 
commerciaes propriamente ditas, isto é, a compra e 
distribuição das mercadorias, estão a cargo da Who- 
lesale, emquanto que de todo o trabalho de propaganda, 
educação, ensino, é da competencia da União Coope- 
rativa. Na Russia, pelo contrario, se duas funcções 
estão reunidas nas mãos do Centroyus que assume 
assim d'uma, só vez a direcção commercial e econo- 
mica, e a direção moral>. 
De 1924-1925, o Centrosoyus fez 384 milhões de 
negocios, isto é, 1.000 milhões de francos-oiro, em- 
quanto quje a Wholesale inglesa, na mesma epoca, che- 
gou a 1.900 milhões. 
 Esse centro servio de intermediario nas relações 
commerciaes, dando inicio, como diz o Mestre, ao 
sonho dos cooperadores, qual o da Aliança Cooperativa 
Internacional. 
Gide, na sua obra obre a cooperação, na Russia 
e na Inglaterra fez a analyse completa do assumpto, 
discorrendo com sua arte sincera, tão em evidencia 
no genio francez, e que espadana os factos sob a luz 
nova que banha as coisas...aliás as muis velhas 
deste mundo. 
Ahi fica o que aliás emana da compilação dos 
mestres que nos ensinam o que aprenceram com os 
factos e reproduzimos por um dever de consciencia, no 
brumoso ambiente... 
Quer dizer alem delles? Eil-os 
 
 
BIBLIOGRAPHIA 
 
Ch. Gide - La Cooperation á L 'Etranger Angle-
terre et Russie. 
Joseph Cenesson - Les Associations Ouvrières de 
Production. 
Alfredo Ficarelli - Guida pratica per la contabilitá-
delle piccole Cooperative di consumo. 
Arrigo Valentini - Del Mecanismo delle banche 
populare. 
Lega Nazionalle delle Cooperative. 
Via Pace,10, MIlão, Italia - Vade Mecum pei diri- 
 
 
 
 
21 
 
genti di Aziende Cooperative di Produzione e Lavoro 
e loro Conzorzi ammissibile a publici appalti. 
 M. Radaelk - Nuovo manuale tecnico per- 
il personale delle cooparative di consumo. I 
G. Garibotti - Pane 
 P. Narciso Noguer - Las Cajas rurales en Espana y 
en el extranjero. 
 Totimianz - La Cooperazione in Russia. 
 Luiz Durand - manuel pratique des caisses rurales. 
 F. Manfredi - Guida pratica per l’edilizia popo- 
lare. 
 Niccoli - Cooperative rurale. 
 Ercoli Bassi - Le Latterie Sociale in Italia. 
Virgilli - La Cooperazione nella legge e nella dou-
trina. 
 G. Zardo - La pratica delle Società Cooperative. 
 Pietro Sibert - Le Cooperative di Consumo, 
Coppola d’Anna 
 Ed. G. Barbera 
 Firenze, Italia - Codice della Cooperazione e for-
mulario (1921). 
 Os pedidos de livros italianos, feitos mediante 
vale postal, devem ser dirigidos ao <<Ente Nazionale 
della Cooperazione>>, 31, via Manzoni, Milano - 
Italia. 
 Os francezes, á << Libraire de la Federation Na-
tionale des Cooperatives de Consommation>> 85, Rue 
Chariot, Paris, Convem lembrar que as edições se 
esgotam rapidamente e que vivemos num deserto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Secção de Credito Agricola da Directoria de 
Inspecção e Fomen- 
tos Agricolas do Ministerio da Agricultura 
 
 Nesta Secção os interessados encontrarão; alem 
dos modelos de contabilidade de consumo, panifica- 
ção, caixa rural, regulamentos das operações de cre- 
dito a dema traducções privativas do Serviço, com- 
pilados pelo autor deste folheto, os seguintes estatu- 
tos de coopreativas: consumo, panificação, secção 
predial da de consumo, producção e trabalho, traba- 
lho, compra a venda, caixa rural, banco popular, como 
se deve constituir uma cooperativa>>, todos da mesma 
lavra. 
 Outrosim, na mesma Secção, não faltam outros 
trabalhos não menos uteis ao publico e que são de 
illustre autoria do Dr. Fabio Luz Filho, e do Dr. 
Adolpho Gredilha, idoneo propagandista da coopera- 
ção, indispensavel assistencia technica a intellectual, 
tanto de um como de outro. 
 O publico só tem a lucrar nessa consulta gratuita 
em que poderá colher notas preciosas, constantes de 
documentos privativos do Serviço e no sentido da 
propaganda da cooperação authentica, isto é, fiel á 
doutrina verdadeira. 
 
 <<A Cesar o que é de Cesar>> ! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Das disposições relativas ás Socie- 
 dades, Cooperativas em Geral 
__ __ 
 
O que os estatutos não podem deixar de 
conter. 
 
 (Compilação coordenada e adaptada, no intuito 
de integrar a doutrina na pratica e na legislação, de 
disposições de leis e regulamentos, segundo G. Zar- 
do principalmente e outros mestres. Nesta compi- 
lação trata-se de obedecer a um criterio de organiza- 
ção homogenea, ainda falha em toda a parte por 
falta da consagração juridica, precisa do facto o mais 
evidente que se exemplificou aliás na Cooperativa 
Wholesale, que é uma sociedade de pessoas, não de 
capitaes, obra completa, cyclica, dos 28 tecelões de 
Rochdale, os unicos pioneiros da Cooperação systema-
tizada por si, que só espera que os legisladores sai- 
bam definil-a no estylo legal, sem confundil-a com a 
sociedade anonyma ou em commandita). 
 
Admissão dos socios 
 
 O pedido para ser socio deve ser dirigido ao Com-
selho de administração, quer redigido pelo requerente 
quer por meio de formula preenchida pelo mesmo, 
sendo apresentados os pedidos, numerados por ordem 
na primeira reunião do Conselho afim de serem devi- 
damente . examinados, devendo constar do livro de 
actas do Conselho as deliberações á respeito, evitando- 
se de averbar as razões, que impeçam a acceitação 
do pedido, havendo ainda recurso, da parte dos re- 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
- 24 - 
 
cusados, para o conselho fiscal, a Comissão do Pro- 
bidade e em ultima instancia para a Assembléa Geral. 
Outrosim, deverá constar dos pedidos a declaração 
de que o requerente acceitará todas as condições de-
terminadas pelos estatutos e regulamentos da socie- 
dade. Na formula, além de precisarem-se as condi- 
ções convem salientar que a cooperativa não tem o 
fim de especular,fazer negocios rendosos, e sim o 
de elevação moral dos principios economicos de que 
deriva a vantagem para os cooperadores e o publico. 
No caso de haver um numero sufficiente de socios, 
os novos socios darão lugar á irradiação da sociedade 
de accôrdo com o criterio de conselho de administra- 
ção e deliberação da Assembléa, tratando-se d’uma 
rigorosa selecção nos primeiros tempos afim de evi- 
tar o abuso dos grupos mal orientados, e a manha 
dos que apesar dos melhores dispositivos, ainda as- 
sim tentam açambarcar o poder nas mãos de meia 
duzia de falsos cooperadores, lesando a soberania 
da assembléa. 
 No proprio pedido, á margem, o secretario fará 
declaração da deliberação tomada. No caso affirma- 
tivo faz-se a inscripção no livro do registo dos socios, 
seguida da assignatura do socio admittido e de mais 
dois socios que não pertençam á administração da so-
ciedade. Desde esse momento é que se torna valida 
a admissão. Os analphabetos assignam de cruz, de- 
legando poderes a outro socio para assignar por elle, 
reconhecida devidamente a respectiva firma. Tal 
delegação, na Italia, é isenta de sello, pois a coope- 
rativa, lá, é sobretudo para os mais necessitados. 
 
Numero e qualidade dos socios 
 
O numero de socios é illimitado, não podendo 
porém a sociedade cooperativa ter menos de 7 socios. 
Pelo caracter de universidade a admissão nunca po- 
derá ser embargada, pois, mesmo nos casos especi- 
aes, por agglomeração que impeça a marcha equili- 
brada da sociedade, com a irradiação da mesma evi- 
ta-se, por meio de novas secções, a inadmissão 
injusta, anti-ethica; em contradição com os fins da 
caridade ou beneficencia mutua, que é infinita. Isso 
impedirá os abusos sectarios ou de facções, deixando. 
 
 
 
 
 
 
 
 
- 25 - 
 
se a cooperativa inteiramente á vontade no seu cam- 
po de acção fecunda, de concordia social. 
 Entretanto, no que respeita á natureza profissio- 
nal da cooperativa, dever-se-á observar a respectiva 
indole profissional do socio; mais ainda, se taes coo-
perativas meramente de profissionaes, se desdobrarem 
em outras com caracter generico, já ahi, nessa parte 
do seu desdobramento poderão ser admittidos univer-
salmente os novos socios, sem nenhum prejuizo, nem 
categoria especial, dentro porém dos limites do novo 
ramo que se formar no tronco primitivo, profissional. 
Ser socio é uma qualidade que só se coaduna 
com a egualdade de direttos e deveres de que todos 
deverão gozar na sociedade, respectivamente em cada 
secção da mesma, pois o socio d’uma secção não 
poderá pertencer a nenhuma outra, no caso de des-
dobramento forçado por motivos economicos e so- 
ciaes, como poderá dar-se nas de producção. 
 
Administradores 
 
 Os administradores, eleitos pela Assembléa Ge- 
ral, reunida logo após da Assembléa dos promotores, 
nunca deixam de ser ou tornar-se socios effectivos 
da sociedade cooperativa. A assembléa dos promo- 
tores, sob a presidencia d’um delles, que a 
convoca, logo quo eleitos os membros dos dots con- 
selhos e da Commissão dos probos e outras necessa- 
rias ao mecanjsmo cia cooperativa, empossa as mes- 
mos nos seus respectivos cargos, e puss a set presi- 
dida pelo membro do Conselho de Administração que 
for escolhido para presidente ou Director da socie- 
dade o qual indica para primeiro e segundo secretario 
dois outros menbros do Conseiho do Administracão 
que for então eleito, nomea o contador e de mais auxilia- 
res, passando os documentos e a correspondencia dos 
promotores aos administradores, logo promptificando- 
se os mesmos a cumprir as obrigações legaes, quanto 
a rsgistro, publicação e o mais, relativamente ás so- 
ciedades cooperativas. 
 Cada vez que forem nomeados novos administra- 
dores, quer por expiração do mandato ou por outro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
- 26 - 
 
qualquer motivo, dever-se-á notificar cumulativamente 
ou não tal facto ás repartições a cujo cargo se achem 
os respectivos registros e a respectiva fiscalização das 
sociedades cooperativas, e dentro do prazo legal a 
partir do acto constitutivo. No caso de, dentro 
desse prazo, de accôrdo com os estatutos, da socie- 
dade forem subrogados Os cargos em questão, far-se-á 
notificação dos subrograntes, que sempre deverão oc- 
cupar o lugar dos subrogados só durante o tempo que 
faltar para completar o mandato, a partir da data da 
subrogação. 0 tempo relativo ao mandato dos admi-
nistradores não deve exceder de 4 annos, podendo 
ser reelegiveis, se o permittirem os estatutos, sendo 
que, no primeiro periodo, a metade dos administra- 
dores será reelegivel, depois de dois annos devendo ser 
subrogada por sorte ou ordem de tempo, exercendo 
os subrogantes sómente o tempo do mandato que 
faltar aos subrogados. 
 Durante a gestão social, no caso de ausencia por 
qualquer motivo plausivel, de um ou mais membros 
do Conselho de Administração serão os mesmos su-
brorogados por outros tantos merubros do Conselho 
fiscal ate á convocação da assembléa geral, delibe- 
rando com a presença dos 2/3 e maioria absoluta de 
votos, devendo o numero dos administradores ser 
impar. 
 
 
Mandato e responsabilidade dos administradores 
 
 Os administradores recebem mandate da Assem- 
bléa de socios soberana, respondendo pelo nome e 
representação da sociedade em juizo ou fora delle, 
perante Os socios ou terceiros. Não contráem res-
ponsabilidade pelos negocios sociaes por causa da 
administração delles, porém estão sujeitos á respon-
sabilidade que deriva do mandato social e das obri- 
gações que a lei lhes impõe; commumente quem re-
presenta a Sociedade é o Presidente. 
 Os administradores devem facultar aos socios a 
inspecção dos livros dos socios e do livro da Assem- 
bléa Geral, e levem dar attestados da conta corrente 
dos socios, no caso de serem solicitados. 
 Todos os auxiliares da sociedade cooperativa são 
 
 
 
 
 
 
 
- 27 – 
 
 
nomeados pelos administradores, desde que não haja 
disposições contrarias, constantes dos estatutos, ou 
deliberação contraria da Assembléa Geral. 
 Os administradores são solidariamente responsa-
veis perante os socios e terceiros; 
 1º pela verdade quanto a pagamentos feitos pelos 
socios; 
 2° pela existencia real dos juros pagos relativos 
as partes; 
 3° pela existencia dos livros exigidos pela lei e o 
methodo cooperativo e a organização e lançamentos 
em dia e regulares dos mesmos; 
 4° pelo cumprimento exacto das deliberações da 
assembléa geral; 
 5º em geral, pela exacta observancia das dispo- 
sições legaes aos mesmos impostas, a bem assim 
constautes do acto constitutivo a dos estatutos, e que 
se não refiram exclusivamente a determinado mister 
pessoal. 
 A responsabilidade não attingirá os administra-
dores que, discordando dos actos e omissões praticadas 
por diversos, fizerem logo annotar a sua discor- 
dancia no livrodas deliberações do Conselho, disso 
dando noticia ao Conselho fiscal, que, no caso de des-
approvar, aggrava a responsabilidade, e no caso de 
approvar reparte a referida responsabilidade com os 
membros do Conselho de Administração que nella 
incorrem. 
 O administrador que tomar parte directa ou in-
directa em determinada operação, deverá communi- 
cal-o aos outros administradores, abstendo-se de qual- 
quer deliberação concernente a tal operacao. 
 Membro do Conselho de Administração ou fiscal 
fallido, perde o mandato a será logo subrogrado, por 
motivo de interdicção ou inhabilidade' ou se fôr con-
demnado a pena criminal ou correccional, por crime 
de corrupção, de falsidade, de furto ou velhacaria. 
 A ação contra os administradores, derivada da 
responsabilidade dos mesmos compete á Assembléa 
Geral que a exerce por meio do Conselho fiscal. Cada 
socio tem o direito de denunciar ao Conselho fiscal 
qualquer facto passivel de censura a o Conselho fiscal 
deverá referir-se a tal denuncia na primeira Assem- 
bléa geral, ou convoca-la immediatamente se o julgar 
 
 
 
 
 
 
- 28 - 
 
necessario, caso a denuncia seja feita por um numero 
de socios que juntos representem um decimo do nu- 
mero total, apresentando a denuncia acompanhada 
das suas observações e propostas. A assembléa terá 
que tomar uma deliberação a respeito. 
 
 
 Os Administradores não deverão votar: 
 
 
 1° na approvação do balanço; 
 
2.° nas deliberações concernentes ás suas 
responsabilidades. 
 
 o Tribunal nos casos de graves suapeições a res- 
peito de irregularidades dos membros dos conselhos 
de administração e fiscal, se for solicitado, logo que 
reconheça urgencia em providenciar antes da reunião 
da Assembléa Geral, pode ordenar devidamente a 
inspecção dos livros da sociedade e nomear para tal 
fim um ou mais commissarios a cargo dos requeren- 
tes, determinando a caução a ser depositada para as 
despesas. 
 Os administradores poderão ser dispensados de 
prestar caução caso conste dos estatutos tal exone- 
ração, do contrario a caução é obrigatoria, porém 
não maior que o valor da quota maxima de partes per-
mittidas a cada socio. 
 Salvo nas cooperativas prediaes onde esse limite 
poderá ser excedido. 
 
 O não cumprimento ou graves irregularidades 
por abuso do mandato, submettem os administra- 
dores a penalidades pecuniarias até 5:000$, salvo as 
penas maiores do Codigo Penal: 
 
 
 1° Os administradores, directores, mem-
bros do conselho fiscal e liquidadores da so- 
ciedade que, nos relatorios ou communica- 
ções de qualquer especie á Assembléa Geral, 
nos balanços e nas situações das partes, 
tenham scientemente enunciado factos 
falsos sobre as condições da sociedade ou 
tenham acintemente occulto em parte ou no 
todo factos relativos ás referidas condições; 
 
 
 
 
- 29 - 
 
 
 
 2° Os administradores e directores que, 
com verdadeiro conhecimento do resultado 
de balanços fraudulentamente organizados, 
tenham distribuido aos socios juros não ti-
rados dos lucros reaes. 
 
Commissão de probidade 
 
 Aos membros dessa Commissão só composta de 
socios, compete dirimir as duvidas entre os socios e 
a administração, evitando controversias longas e cus- 
tosas, prejudiciaes á sociedade e aos socios. 
 
Assembléa Geral 
 
 As Assembléas dos socios representam a sobe- 
rania universal da sociedade, a desde que legalmente 
convocadas e constituidas, de conformidade com a lei 
e os estatutos sociacs, representarn todos os socios, 
mesmo os auzentes, a as suas deliberações são vali- 
das acerca de qualquer assumpto da sua alçada ou 
constante dos estatutos. 
 As assembléas são ordinarias ou extraordinarias. 
 A assembléa ordinaria se reune uma vez por anno, 
cerca de 3 mezes antes de encerrar-se o exercicio so- 
cial; além da materia contida na ordem do dia, de- 
verá: 
 
 1° discutir, approvar ou modificar o ba-
lanço, ouvido o relatorio do Conselho fiscal; 
 2° subrogar os administradores que dei-
xam as suas funcções; 
 3° nomear o conselho fiscal; 
 4° determinar a retribuição dos membros 
do Conselho de Administração ou do com- 
selho fiscal, se não fôr prevista pelos esta- 
tutos ou o regulamento interno. 
 
 As reuniões extraordinarias são convocadas em 
qualquer occasião que occorra. 
 A convocação da assembléa é feita pelo conse- 
lho de administração ou pelo conselho fiscal, no caso 
de recusação da parte daquelle, mediante aviso pes- 
soal, affixação publica ou inserções nos jornaes, 
 
 
 
 
 
- 30 - 
 
nunca menos de 15 dias antes da reunião, devendo 
constar do aviso da convocação o lugar, dia, hora 
da reunião, e bem assim a materia da ordem do dia 
a ser discutida. Outrosim, o aviso deverá designar o 
dia e a hora da eventual reunião da segunda convo- 
cação, caso a primeira não tiver numero legal, não 
sendo assim necessario outro aviso além do pri- 
meiro. 
 Convem declarar que a assembléa será legalmente 
constituida uma hora depois da que for fixada pelo 
aviso. 
 A assembléa valida poderá deliberar sobre todos os 
assumptos constantes da ordern do dia, isto é, 
com o veto favoravel da metade dos votantes mais 
um. No caso do nomeaçäo do liquidadores são ne- 
cessarios 3/4 dos socios e o veto favoravel d’um nu- 
mero de socios que tome parte, egual á metade do 
numero total dos socios da sociedade, presentes ou 
auzentes. Faltando tal maioria, a nomeação dos li-
quidadores é da competencia da autoridade judiciaria. 
 As assembléas deverão reunir-se na circum-
scripção da séde social, do contrario serão nullas, 
como será nulla qualquer declaração da assembléa 
tomada sobre materia que não constar da ordem do 
dia. 
 Cada socio tem um só voto qualquer que seja o 
numero de partes as acções não devem ser admitti- 
das, afim de se estabelecer taxativamente a differença 
entre a sociedade cooperativa a a anonyma) que pos- 
sua e sé poderá representar urn outro socio na mesma 
assembléa (a contextura organica, sob o ponto de 
vista da garantia offerecida pelo codigo do commer- 
cio qua define tão sómente o modo de administrar, 
fiscalizar uma sociedade commercial qualquer, não 
affecta os fins desinteressados da cooperativa e que 
representam um sentimento elevado, unico, inteira- 
mente fóra do commum, porém realizavel, commer- 
cial, industrial, economicamente falando, desde que 
integrada a propria doutrina de desinteresse na pra- 
tica, isto é, de favores infinitos, cyclicos, que surgem 
perennemente do accumulo de energias solidarias, 
tendentes a generalizar-se regeneradoramente por 
todas as actividades uuiversaes). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
- 31 - 
 
 Os administradores têm direito de votar, visto 
serem socios, salvo: 
 
 
1° na approvação dos balanços: 
 
2° nas deliberações a respeito das suas 
responsabilidades. 
 
 
 As assembléas extraordinarias serão convocadas 
toda vez que forem necessarias ou no prazo d’um 
mez, desde que o deseje um quinto donumero total 
dos socios e declarem-se as questões a serem trata- 
das na Assembléa. 
 A responsabilidade dos administradores regula 
se na razão do tempo da sua respectiva gestão, e não 
pode ser pronunciada collectivamente e sem ligar im-
portancia ao tempo, senão quando os factos attri- 
buidos a diversos administradores successivos, sejam 
connexos entre si de modo a constituir um unico facto 
complexo, e se não possa separar a responsabilidade 
de uns da dos outros. 
 
 
 
Conselho Fiscal 
 
 
 O Conselho fiscal é eleito pela assembléa geral, 
não podendo os seus membros deixar de ser socios, 
ou servir-se de influencia extranha á natureza da so-
ciedade cooperativa no seu caracter economico, ba- 
silar, regido pelo aperfeiçoamento moral. Os mem- 
bros do conselho fiscal não poderão ser parentes nem 
ter nenhum gráo de consanguinidade nem de affini- 
dade com os membros do conselho de administração. 
Em caso de morte, renuncia, fallencia ou decadencia, 
serão subrogados pelos supplentes pot ordem de 
tempo o se estes, não basterem, as membros que fica- 
rem chamam outros socios para substituirem os 
que faltarem, até á primeira assembléa geral. 
 Fiscaliza e controla perennemente a obra dos 
administradores no interesse do todos os socios. 
 
 
 
 
 
 
 
 
- 32 - 
 
As suas funcções: 
 
1° estabelecer, de accordo com os admi-
nistradores a forma dos balanços e das si-
tuações das partes; 
2° examinar pelo menos cada trimestre 
as operações sociaes e a combinar o bom 
methodo de escripturação; 
3° promover o confronto da caixa cada 
trimestre; 
4° confrontar uma vez por mez, pelo me-
nos, os livros sociaes verificando a exis- 
tencia dos titulos e valores de qualquer es- 
pecie depositados em penhor, caução ou em 
custodia na sociedade; 
5° verificar o cumprimento das disposi-
ções do acto constitutivo e dos Estatutos, 
de conformidade com as condições estabele-
cidas pela Assembléa Geral; 
6° examinar o balanço e isso relatar 
nos termos da lei; 
7° fiscalizar as operações de liquidação; 
8° convocar a Assembléa ordinaria e 
extraordinariamente no caso de recusação da 
parte dos administradores; 
9° tomar parte em todas as Assembléa 
geraes; 
10° e em geral providenciar de modo 
que as disposições da lei, do acto constitu- 
tivo e dos estatutos sejam cumpridas pelos 
administradores. 
 
 
 Relativamente ao relatorio sobre o balanço, o 
conselho fiscal tem obrigação de apresental-o, mesmo 
quando seja desfavoravel ao proprio balanço. No 
caso do recusacao a administraçfto social tern direito 
o dever de promover contra o conseiho fiscal una 
acção judicial de resarcimento integral dos prejuizos 
causados á sociedade pela falta de apresentação do 
relatorio do mesmo conselho. 
 Os membros do conselho fiscal podem assistir 
as reuniões dos administradores e fazer inserir na 
ordem do dia dessas reuniões e na das Assembléas. 
 
 
 
 
 
 
 
- 33 - 
 
ordinarias e extraordinarias, as propostas que julga- 
rem opportunas. São tão responsaveis como os admi-
nistradores nos casos de omissões nos balanços appro-
vados; isto especialmente quando se evidencia a ne- 
gligencia do conselho fiscal no caso de não chamar á 
ordem o conselho de administração para o cumpri- 
mento da lei. 
 As, deliberações da assembléa são obrigatorias 
para todos os socios dentro dos limites do acto consti- 
tutivo, dos estatutos ou da lei, mesmo para os que 
não tomarem parte ou se oppuzerem, salvo nos casos 
em que seja deliberado o seguinte: 
 
a) a fuzão com outras sociedades; 
b) a reintegração ou o augmento do ca- 
pital social; 
c) a mudança do objecto da sociedade; 
d) a prorogação da duração da sociedade, 
se não fôr consentida pelo acto constitutivo. 
 
 Os socios dissidentes têm direito de se retirar da 
sociedade e de obter o reembolso das suas quotas ou 
partes e dos juros correspondentes, de conformidade 
com o ultimo balanço approvado, isto porem sem pre- 
juizo da responsabilidade subsidiaria derivada dos 
dispositivos legaes. 
 O recesso deverá ser declarado pelos que toma- 
rem parte na assembléa nas 24 horas a partir 
do encerramento da mesma e pelos outros dentro de 
um mez após da publicação da deliberação na imprensa; 
sob pena de caducar. 
 A declaração de recesso deve ser feita pelos meios 
legaes. 
 A’s declarações manifestamente contrarias ao acto 
constitutivo, aos estatutos e á lei, poderá fazer oppo- 
sição qualquer socio e, ouvidos pela autoridade judi- 
ciaria competente o conselho de administração e o 
conselho fiscal, taes deliberações poderão ser legal- 
mente suspensas, mediante notificação ao conselho de 
administração. 
 o socio, nesse sentido, apresentará o seu recurso 
devidamente legalizado, dirigido ao juiz competente, 
com as indicações que provem a illegalidade das de-
liberações impugnadas individualmente pelo socio 
 
 
 
 
 
 
 
- 34 - 
 
que requeira a suspensão das mesmas; afim de seguir 
devidamente as tramites legaes. 
 
 
Capital social 
 
 A quota maxima de partes, consentida a cada socio 
é de 5:000$000 (nas cooperativas prediaes 20:000$000) 
sobre o valor nominal das partes. 
 A parte (que substitue a acção) não dá dividendo, 
o seu valor é invariavel do nominal, não tem circu- 
lação na bolsa, é intransferivel, salvo criterio do com- 
selho de administração, permittindo a transferencia. 
O juro maximo que deve produzir a parte é de 7 % e 
o seu valor não pode exceder de 100$000. O juro 
relativo ás partes deve ser antecipado aos destinados 
a outros fundos na distribuição dos lucros annuaes. 
 A obrigação de subscrever partos não poderá ex-
ceder d'um numero de partes equivalentes a 100$000 
cada uma, caso as partes tenham menor valor que 
essa quantia. Os certilicados quo servem ás partes 
devem conter: a nome da sociedade seguido da indi- 
cação da sua forma cooperativa ; a data do acto con-
stitutivo e da sua publicaçAo, corn a indkação do 
lugar onde fat executada, e a duração da sociedadé, 
trazendo a assignatura do Director e d’um outro 
membro do conselho de administrtação. 
 (Na Italia a emissão é isenta de sello para as 
cooperativas edificadoras de casas populares durante 
10 annos a contar da sua fundação e até que o capital 
não exceda de 200.000 liras ; para as cooperativas 
agricolas, 30.000 liras. Para as autras cooperativas, 
no 1° quinquennio das suas fundações, desde que te- 
nham capital inferior a 30.000 liras). Na Belgica o 
titulo nominativo, que é a caderneta que sé dá ao 
socio, substitue outro qualquer, registrando-se nelle a 
conta capital. O Dr. Adolpho Gredilha tem chamado 
as attenções para essa mui louvavel norma. 
 As partes só poderão ser transferidas depois de 
integradas, somente a socios da sociedade a a criterio 
do conselho de administração, devendo constar tal 
cessão do livro do registro dos socios, e do titulo no-
minativo. 
O herdeiro, prestadas todas as provas, só poderá 
 
 
 
 
 
 
 
 
- 35 - 
 
possuir as partesse fôr ou tornar-se socio, sendo 
alienadas as partes que excederem o limite maximo 
consentido para cada socio. No caso de não se tornar 
socio, por qualquer motivo, as partes serão alienadas 
na sua totalidade, não podendo ser vendidas em lei- 
lão publico, por nenhum motivo. 
 No caso de pertencer a parte nominativa a diver- 
sos socios a sociedade não reconhece a inscripção nem 
a transferencia, sem que seja designado um unico ti- 
tular. 
 (Na Italia as partes das sociedades legalmente 
constituidas não são sujeitas a nenhuma taxa até que 
o capital não exceda de 50:000 liras. Se o capital fôr 
superior paga 1% do valor nominal de cada parte). 
 As sociedadas cooperativas legalmente consti- 
tuidas têm obrigação de apresentar nos primeiros 10 
dias de janeiro e julho de cada anno ao registro com-
petente, a denuncia dos traspasses das suas partes, 
produzidos por negociações durante o semestre prece- 
dente, especificando o valor nominal e o numero de 
ordem dos titulos singulares, negociados, ou cedidos, 
o nome e cognome do ultimo possuidor ou concessio- 
nario e a data da emissão de cada um dos titulos, 
sendo que a emissão só é feita á proporção que fo- 
rem entrando novos socios, nunca por outro motivo 
qualquer, outrossim, sendo expressamente prohibidas 
as chamadas de capitaes. 
 Tal denuncia deverá tambem compreender as 
partes cuja venda seja promovida pela sociedade, 
pelo exercicio do direito de compensação contra o so- 
cio que não tenha cumprido com as suas obrigações 
perante a sociadade, porem a alienação só poderá ser 
feita pelos socios em leilão privado visto as partes 
não terem curso em bolsa, mantendo-se sempre o va- 
lor nominal das partes, o qual é inalteravel, salvo 
em caso de <<defict>> social. 
 Por motivo de divida a não socios as partes do 
socio serão alienadas. 
 (Na Italia são isentas dessa taxa as partes tras- 
passadas por herança, as quaes são sujeitas á taxa 
de sucessão. Antes de reconhecel-as como perten- 
centes aos herdeiros os administradores das coopera- 
tivas têm por isso a obrigação de denunciar ao Re- 
gistro competente as partes dos socios fallecidos, das 
 
 
 
 
 
 
 
 
- 36 - 
 
quaes é detentora a sociedade. A denuncia deve ser 
feita dentro do praso de 4 mezes a partir da morte do 
socio). 
 O augmento do capital social, além de dar-se 
com a entrada de novos socios e lucros auferidos, 
sendo ainda necessario de outra forma, só o poderá 
ser por meio de emprestimos feitos aos socios ou 
não socios, nunca por emissão especial de partes. 
 
Reducção do capital social 
 
 <<A reducção do capital social deverá ser delibe-
rada com a presença dos 3/4 dos socios, e o voto fa- 
voravel d’um numero de socios que tomar parte 
na votação e que represente pelo menos a metade 
do numero total, salvo se houver outra disposição 
nos estatutos ou no acto constitutivo. Tal deliberação 
é obrigatoria para todos os socios, não sendo ad- 
mittido o recesso para os dissidentes ou não com- 
parecidos á assembléa. 
 <<A reducção do capital social não pode ter ex-
ecução antes de 3 mezes decorridos da data em que a 
declaração ou a deliberação da sociedade for publicada 
na imprensa local, com o aviso expresso de que toda 
opposição só poderá ser feita dentro do mesmo prazo.
 <<De conformidade com o exposto, a opposição 
poderá ser feita nesse sentido, não pelos socios e 
sim por terceiros (credores) os quaes, por effeito da 
reducção do capital vejam as suas garantias dimi- 
nuidas. 
 
 
Fundo de reserva indivísivel 
 
 <<Tem por fim assegurar o bom andarnento das 
sociedades e collocal-as num gráo capaz do fazer 
frente a exigencias irnprevistas ou necessidades finan-
ceiras com os meios proprios a sem recorrer ao cre- 
dito. 
 o fundo de reserva deve ser pouco a pouco con-
stituido, por meio de percentagem não menor d’um 
vigesimo dos lucros, tirada dos lucros liquidos an- 
nuaes, e isto até que o fundo assim accumulado não 
tenha chegado a um quinto do capital social, com- 
vindo que a referida percentagem, como a relativa ás 
partes, antecipe a dos outros fundos. 
 
 
 
 
 
- 37 - 
 
 Quando o fundo de reserva tenha alcançado o 
quinto do capital, é facultativo proceder-se a, uma 
ulterior fixação de percentagem de lucros, destinada 
ao dito fundo. 
 Quando diminuir por qualquer causa, se torna 
necessario reintegral-o promptamente da mesma forma 
por que foi constituido. 
O fundo de reserva (como para o resto do capital) 
deve ser inscripto, só para effeito da contabilidade, 
no passivo, mas effectivamente representa uma ver- 
dadeira actividade financeira social, como garantia, 
embora seja indivisivel na dissolução da sociedade. 
O capital nominal se inscreve no passivo, visto 
que a entidade social so acha em debito desse capi- 
tal, com os socios possuidores de partes. 
 
Balanço 
 
 O Conselho de Administração deverá, dentro de 
3 mezes a partir do encerramento do exercicio social, 
apreseutar á Assembléa o balanço, para a discussão 
a approvação. Por isso logo que encerrado cada exer- 
cicio deverá organizar o dito balanço, e apresental-o, 
comas documentos justificativos, pelo menos um 
mez antes do dia fixado para a assembléa geral, ao 
conselho fiscal, afim de poder ser feita pelo mesmo 
a verificação legal, com o respectivo parecer, mais a 
compilação relativa ao relatorlo que, juntamente ao 
balanço, deverá ser depositado na séde social, fican- 
do assim á disposição dos socios durante 15 dias que 
precederem a assembléa geral. 
 O balanço deverá revelar fielmente a consistencia 
do activo e do passivo sociaes ; deverá ser organizado 
em forma simpics e synthetica, porém clara, e assig- 
nado pelo Conselho de Administração e approvado pelo 
Conselho fiscal, o qual deverá fazer a declara- 
ção de <<conforme a verdade>>. 
 O capital deve ser indicado segundo a somma ef-
fectivamente entrada e o balanço deve indicar com 
evidencia e verdade os lucros realmente conseguidos e 
os prejuizos soffridos, a somma dos pagamentos ef-
fectuados a dos que estiverem em atrazo, e a situa- 
ção das partes. 
O facto d’um administrador organizar balanços 
 
 
 
 
 
 
 
— 38 — 
 
falsos pode dar lugar não sómente á responsabilidade 
civil, mas tambem á rcsponsabilidade penal, caso oc- 
corra a fallencia causada por distribuição de juros fi- 
cticios, relativos ás partes. 
 O balanço é divido em duas partes, uma relativa 
ao activo, a outra ao passivo. 
 Na parte do activo, baseada nos inventarios, e 
com as indicações do respectivo valor, devem seguir-se 
os immoveis, os moveis, os titulos de credito, cre- 
ditos, dinheiro e numerario de caixa, mercadorias nos 
armazens, etc. 
 No passivo figuram todas as despesas, os de- 
bitos, etc. As mercadorias e os titulos de credito obe- 
decem a estimativa pelo valor justo de