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3 Sentença de Pronúncia Júri Popular 4

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Poder Judiciário do Estado de Mato Grosso do Sul 
Comarca de Campo Grande
1 a. Vara do Tribunal do Júri 
1
Rua da Paz, 14 – Jardim dos Estados – 1º andar – Bloco I - CEP 79.002-919, 
Fone (67) 3317-3481 - E-mail: cgr-1tjuri@tjms.jus.br 
LC/P
Autos: 0036594-49.2013.8.12.0001
Classe: Ação Penal de Competência do Júri
Parte Autora: Ministério Público Estadual
Parte Passiva:Thiago Augusto Garcia Watanabe 
RELATÓRIO
O MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL ajuizou ação 
penal em face de THIAGO AUGUSTO GARCIA WATANABE, 
brasileiro, estudante, portador do RG n. 1542897 SSP/MS 
e inscrito no CPF sob o n. 019.292.431-11, nascido em 
21-4-1987, natural de Campo Grande/MS, filho de 
Tochimitsu Watanabe e de Odete Garcia de Oliveira.
Consta na peça acusatória que, na data de 1º 
de agosto de 2013, por volta das 22h30, na Rua Serra 
Negra, n. 287, Bairro Vila Eliane, nesta Capital, o 
denunciado desferiu disparos de arma de fogo contra a 
vítima Márcio Ferreira dos Santos, causando-lhe 
ferimentos que não foram a causa eficiente de sua morte 
por circunstâncias alheias à vontade do denunciado.
Segundo restou apurado, na época dos fatos, o 
denunciado mantinha relacionamento amoroso com a 
testemunha Cecília Renata Gomes, a qual era ex-
convivente da vítima Márcio Ferreira dos Santos.
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Devido ao término do relacionamento, somado 
ao fato de a testemunha começar a namorar Thiago, ora 
denunciado, a vítima Márcio começou a ameaçar de morte 
Cecília.
Na data dos fatos, Cecília e Thiago estavam 
em uma lanchonete, onde também estava presente a 
vítima, a qual passou a proferiu várias ameaças ao 
casal, razão pela qual Cecília e Thiago foram até a 
casa daquela.
Na sequência, a vítima Márcio foi até a casa 
de Cecília, onde ocorreu uma discussão, momento em que 
o denunciado efetuou disparos de arma de fogo contra o 
ofendido.
Assim, teria o acusado cometido o crime 
capitulado no art. 121 caput, c/c art. 14, inciso II, 
ambos do Código Penal.
Os autos foram instruídos com o IP n. 
171/2013- 7ª DP/CG (f. 5-111), no qual consta os laudos 
periciais de exame de corpo de delito da vítima (f. 
71-2), de exame químico (f. 74-8 e 115-9) e de exame 
físico-descritivo e de pesquisa de sangue humano (f. 
80-4 e 120-4).
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Foram juntados antecedentes criminais do 
acusado à f. 125 e 130.
Foi recebida a denúncia (f. 113), o acusado 
foi citado pessoalmente (f. 136-7) e apresentou defesa 
escrita (f. 141-3). 
Durante a instrução processual foram tomados 
os depoimentos da vítima, cinco testemunhas de 
acusação, uma testemunha comum (f. 188), bem como foi 
realizado o interrogatório do acusado (f. 200).
Em sede de alegações finais, o Ministério 
Público Estadual pugnou pela pronúncia do acusado, nos 
termos da denúncia (f. 208-215).
A Defesa pleiteou a absolvição sumária do 
acusado e, subsidiariamente, a desclassificação para o 
delito de lesão corporal (219-221).
É o relatório dos autos. Decido.
FUNDAMENTAÇÃO
Inicialmente, sobreleva dizer que, nesta fase 
procedimental, o juiz deve, tão somente, proclamar 
admissível (ou não) a acusação, sem invadir o mérito da 
causa, razão por que o art. 413 do Código de Processo 
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Penal dispõe:
O juiz, fundamentadamente, pronunciará o acusado, 
se convencido da materialidade do fato e da 
existência de indícios suficientes de autoria ou 
de participação. 
Como se denota, o dispositivo em epígrafe 
determina a pronúncia do acusado se (1) houver prova da 
materialidade e (2) indícios suficientes de autoria.
Quanto ao segundo requisito, importa 
consignar que os indícios devem ter a potencialidade de 
permitir a sustentação da acusação em plenário do Júri. 
Neste sentido, o juiz togado deve exercer o 
primeiro filtro acerca da imputação atribuída ao 
acusado, sendo que esse raciocínio em nada usurpa a 
competência constitucional do Tribunal do Júri para o 
julgamento dos crimes dolosos contra a vida. 
É que o Tribunal do Júri deve julgar casos 
deste jaez quando, por óbvio, tenham condições mínimas 
de serem submetidos ao julgamento popular.
Nesse sentido, adverte GUILHERME DE SOUZA 
NUCCI:
É preciso cessar, de uma vez por todas, ao menos 
em nome do Estado Democrático de Direito, a 
atuação jurisdicional frágil e insensível, que 
prefere pronunciar o acusado, sem provas firmes e 
livres de risco. Alguns magistrados, valendo-se 
do criativo brocardo in dubio pro societate (na 
dúvida, decide-se em favor da sociedade), remetem 
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à apreciação do Tribunal do Júri as mais 
infundadas causas (...)
Não é essa a sistemática brasileira adotada pela 
legislação brasileira. Demanda-se segurança e a 
essa exigência deve estar atrelado o magistrado 
que atua na fase de pronúncia. [...]
Feito esse introito acerca da interpretação 
do art. 413 do Código de Processo Penal, a partir do 
necessário filtro constitucional, passo ao exame do 
caso sub examine.
1 DA MATERIALIDADE E DA AUTORIA
In casu, verifico que a materialidade e a 
autoria do teórico delito de tentativa de homicídio 
estão comprovadas por meio dos laudos de exame de corpo 
de delito da vítima de f. 71-2 — lesão leve —, de exame 
químico (f. 74-8 e 115-9) e de exame físico-descritivo 
e de pesquisa de sangue humano (f. 80-4 e 120-4), bem 
como dos depoimentos na fase instrutória da vítima 
Márcio Ferreira dos Santos e das testemunhas Graciela 
Amarilla, Anna Maria Ferreira dos Santos, Domingos 
Ferreira dos Santos, Gizele Guedes Viana.
Apesar da alegação do acusado de que não 
efetuou disparo de arma de fogo contra a vítima, o 
exame químico realizado em um boné do ofendido detectou 
a presença de chumbo em um orifício, consistente com o 
disparo de uma arma de fogo, enquanto as testemunhas 
acima mencionadas confirmam a ocorrência de disparos no 
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local.
Quanto às teses defensivas de legítima defesa 
e de desclassificação do delito, reputo que a versão 
apresentada pelo acusado não se afigura inconteste nos 
autos.
Conforme ensina Guilherme de Souza Nucci:
O juízo de pronúncia é, no fundo, um juízo de 
fundada suspeita e não um juízo de certeza. 
Admissível a acusação, ela, com todos os 
eventuais questionamentos, deve ser submetida ao 
juiz natural da causa, em nosso sistema, o 
Tribunal do Júri.
Por meio dessas considerações, bem de ver-se 
que há indícios suficientes (CPP, art. 413) para que o 
acusado seja levado a julgamento, devendo as teses 
defensivas serem apreciadas na referida oportunidade.
DISPOSITIVO
Posto isso, em face das imputações contidas 
na denúncia oferecida pelo MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL, 
na forma do art. 413, caput e seu parágrafo primeiro, 
do Código de Processo Penal, PRONUNCIO o acusado THIAGO 
AUGUSTO GARCIA WATANABE, qualificado nos autos, a fim 
de que seja submetido a julgamento pelo egrégio 
Tribunal do Júri desta Comarca, sob a acusação de 
prática do crime capitulado no art. 121, "caput" 
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(homicídio), c/c art. 14, inciso II (tentativa), ambos 
do Código Penal, em relação à vítima Márcio Ferreira 
dos Santos.
Em atenção ao §3º do art. 413 do Código de 
Processo Penal, mantenho o acusado em liberdade 
porquanto tem comparecido aos atos procedimentais.
Intimem-se na forma do art. 420 do Código de 
Processo Penal.
Tão logo haja preclusão desta decisão 
interlocutória, o cartório deverá abrir vista 
sequencial ao MPE e intimar a Defesa do acusado para os 
fins do art. 422 do Código de Processo Penal.
Campo Grande(MS), 20 de novembro de 2015
(assina por certificação digital)
Carlos Alberto Garcete de Almeida
Juiz de Direito
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