Microbiota bucal

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MICROBIOTA DA CAVIDADE BUCAL 
Prof. Carlos Henrique G. Martins 
 
Odontologia - 2014 
MICROBIOTA NORMAL 
Em indivíduos humanos saudáveis, os tecidos internos 
como sangue, cérebro, músculo, etc., são normalmente 
livre de microrganismos. 
 
Entretanto, na superfície de tecidos, como pele e 
membrana mucosas, estão constantemente em contato 
com organismos do meio ambiente, podendo ser 
colonizados por várias espécies microbianas. 
 
Os diferentes microrganismos regularmente encontrados 
em sítios anatômicos são referidos como microbiota 
normal, alguns pesquisadores preferem o nome 
microbiota indígena. 
 
 
 
• A microbiota normal de humanos consiste de 
alguns fungos eucariotos e protistas, mas as 
bactérias são em maior número. 
MICROBIOTA NORMAL 
 MICROBIOTA BUCAL 
A presença de nutrientes, restos celulares e 
secreções, fizeram da boca um ambiente favorável 
para uma grande variedade de microrgansmos. 
 
Organismos diversos, incluindo bactérias, fungos, 
micoplasmas, protozoários e vírus. 
 
~ 400 espécies cultiváveis. 
 
Microbiota não cultivável (identificada por técnicas 
 moleculares). 
 
 
 
Os estreptococos são as bactérias 
supra-gengivais predominantes 
 
Quatro principais grupos: 
mutans 
salivarius 
anginosus 
mitis 
 
 MICROBIOTA BUCAL 
Superfície dente 
• grupo mitis 
• grupo mutans 
• grupo anginosus 
Mucosa vestibular 
• S. vestibularis 
Mucosa bucal 
• S. mitis 
• grupo mitis 
• grupo anginosus 
Tonsilas 
• S. sanguis 
• S. mitis 
• S. mutans 
• grupo mitis 
• grupo anginosus 
Saliva 
• S. salivarius 
• S. mitis 
• S. oralis 
• grupo mitis 
• grupo anginosus 
Língua 
• S. salivarius 
• S. mitis 
Faringe 
• S. mitis 
• S. oralis 
• grupo mitis 
• grupo anginosus 
Nasofaringe 
• S. pneumoniae 
JANELA DA COLONIZAÇÃO 
A 
B 
C 
0 6 12 18 24 30 36 
Idade (meses) 
S. mitis 
S. sanguinis 
S. mutans 
DESENVOLVIMENTO DA 
MICROBIOTA 
 
Divididos em 4 categorias 
 
• 1. No momento do nascimento 
• 2. Infância e primeira infância 
• 3. Adolescência 
• 4. Adulto 
• Nascimento: a boca do recém-nascido é geralmente estéril, 
embora os organismos que são apenas transientes podem 
ser adquirido a partir da mãe e também a partir de meio 
ambiente. 
• Várias espécies de estreptococos e de estafilococos podem 
ser isolados, bem como lactobacilos, Bacillus spp., Neisseria 
spp. e leveduras. 
• Streptococcus salivarius é o mais comum isolado da boca de 
bebês pequenos e, juntamente com estafilococos. 
• Ocasionalmente Candida albicans multiplicam-se 
rapidamente na boca (baixo pH), impedindo o crescimento de 
outros microrganismos comensais. Esse crescimento 
excessivo de leveduras produz o que é conhecido como 
candidíase bucal. 
DESENVOLVIMENTO DA 
MICROBIOTA 
• Infância e primeira infância: 
• As crianças entram em contato com uma gama cada vez 
maior de microrganismos e alguns deles se estabelecem 
como parte da microbiota comensal do indivíduo. 
• A erupção dos dentes decíduos fornece uma superfície 
diferente para a adesão microbiana. 
• - caracterizada pelo aparecimento de Streptococcus 
sanguinis e S. mutans. 
• Com o aumento no número de dentes e as mudanças na 
dieta, os grupos microbianos vão mudar. 
• As populações de actinomicetos, lactobacilos e Rothia são 
alterados regularmente. 
DESENVOLVIMENTO DA 
MICROBIOTA 
• Adolescência: 
• O maior aumento no número de organismos na boca 
ocorre quando os dentes permanentes estão em erupção. 
• Estes dentes têm fissuras profundas em suas superfícies e 
os espaços interproximais são muito maiores do que na 
dentição decídua. 
• O sulco gengival é mais profundo do que em dentes 
decíduos e permite um grande aumento dos anaeróbios. 
• - os bacteróides estabelecem em grande número, bem 
como Fusobacterium spp. e espiroquetas. 
• A lesão de cárie dentária vai criar um novo envolvimento 
de organismos especialmente à partir dos estreptococos. 
 
DESENVOLVIMENTO DA 
MICROBIOTA 
Adulto: 
• Variando a quantidade da placa dentária e o grau da doença 
periodontal crônica, haverá uma regulação da quantidade e tipos 
de microrganismos encontrados. 
• - a lesão cárie e a restauração insatisfatória irão fornecer 
ambiente para as bactérias. 
• Há aumento de bacteróides e espiroquetas na superfície da placa 
dental, juntamente com estreptococos, principalmente 
Streptococcus mutans, S. sanguinis e S. mitis. 
• Actinomycetos são também regularmente isolado. 
• - pacientes desdentados apresentam poucas espiroquetas ou 
bacteróides, mas há aumento de leveduras. 
• As leveduras são normalmente encontrados no dorso da língua. 
• A prótese fornece um ambiente que colabora com o aumento das 
leveduras. 
DESENVOLVIMENTO DA 
MICROBIOTA 
“Inimigo primário 
dos dentes” 
 Lennart Nilsson 
The Body Victorious 
 
 
Streptococcus 
mutans 
 
Espécies cultiváveis que predominam na 
placa sub-gengival: 
 Actinomyces 
 Prevotella 
 Porphyromonas 
 Fusobacterium 
 Veillonella 
 
 MICROBIOTA BUCAL 
Bactérias Gram-positivas 
 
Actinomyces: Bactéria filamentosa 
A. israelii -> Placa dental; associada com 
formação de cálculo dental 
A. naeslundii -> Placa dental; associado com 
cárie superficial de raiz (debate) e gengivites 
 
 
 MICROBIOTA BUCAL 
 MICROBIOTA NORMAL 
Bactérias Gram-positivas 
 
Streptococcus (“ estreptococos viridans”) 
 
grupo mutans (“ estreptococos mutans”): 
Superfície do dente; produz ácido rapidamente; 
pode crescer em condições ácidas 
S. mutans: Patógenos primário da cárie do esmalte 
em crianças e adultos jovens, em idosos cárie 
da superfície de raiz 
S. sobrinus 
Streptococcus 
 
grupo salivarius: Superfície da mucosa, especialmente 
 a língua; 
 colonizador inicial 
 
 MICROBIOTA NORMAL 
Streptococcus 
 
grupo mitis: Pode agir como patógeno oportunista; 
pode causar endocardite 
S. sanguinis: Encontrado na placa; produz IgA 
protease 
S. oralis: Encontrado na língua, bochecha, placa, 
saliva; produz IgA protease e glicanos; 
colonizador inicial 
S. mitis: Tecidos moles e duros; colonizador inicial 
(S. pneumoniae também faz parte deste grupo) 
 MICROBIOTA NORMAL 
 
Streptococcus 
 
grupo anginosus (Estreptococos do Grupo A): 
 Placa dental & superfície mucosa 
 Infecção alveolar e endodôntica 
 Abscessos em órgãos internos 
 especialmente cérebro e fígado 
 
 MICROBIOTA NORMAL 
Bactérias Gram-positivas 
 
Estreptococos Anaeróbios 
Espécies de Peptostreptococcus: Cárie de 
dentina, 
câmara pulpar, canal radicular, doença 
periodontal avançada 
 
Lactobacillus 
L. casei, L. fermentum, L. acidophilus: ~ 1% 
da microbiota; % aumentado em lesões de 
cárie avançada do esmalte e superfície de raiz 
 
 MICROBIOTA NORMAL 
Bactérias Gram-positivas 
 
Eubacterium 
Bacilo pleomórfico ou filamentoso, -> cárie 
e doença periodontal 
 
50% de anaeróbios na bolsa periodontal 
 
Propionibacterium 
Bacilo anaeróbio estrito (cárie de superfície 
de raiz e placa) 
 
 MICROBIOTA NORMAL 
Bactérias Gram-positivas 
 
Rothia 
Filamentos ramificados (saliva e placa) 
 
Bifidobacterium 
Bacilo anaeróbio estrito (placa) 
 MICROBIOTA NORMAL 
Bactérias Gram-negativas 
 
Haemophilus 
Anaeróbio facultativo (placa, saliva e superfície 
mucosa) 
-> epiglotite bacteriana aguda, pneumonia, 
sinusites, meningites 
 
 MICROBIOTA NORMAL 
Bactérias Gram-negativasAgreggatibacter 
A. actinomycetemcomitans (cocobacilo) 
Placa subgengival, -> periodontite juvenil, 
-> periodontite no adulto 
 
Eikenella 
E. corrodens (cocobacilo): placa 
-> abscesso dentoalveolar, periodontite crônica, 
endocardite infecciosa 
 MICROBIOTA NORMAL 
Bactéria Gram-negativa 
 
Capnocytophaga 
CO2-dependente, bacilo fusiforme, motilidade 
‘deslizante‘: 
placa, superfície mucosa, saliva 
-> doença periodontal destrutiva 
 
 MICROBIOTA NORMAL 
Bactéria Gram-negativa 
 
Fusobacterium 
Anaeróbio estrito: sulco gengival ou tonsilas 
Remove enxofre a partir da cisteína e 
metionina para produzir 
 sulfito de hidrogênio e 
metilmercaptana (halitose) 
-> gengivite ulcerativa aguda 
 “Complexo Fusoespiroqueta” 
-> abscesso dentoalveolar 
 MICROBIOTA NORMAL 
Porphyromonas 
P. gingivalis, P. endodontalis (bacilo pleomórfico) 
Anaeróbios estritos (vitamina K, hemina): Sulco 
gengival, placa subgengival 
-> periodontite crônica, abscesso dentoalveolar 
 
Prevotella 
P. intermedia, P. melaninogenica (bacilo pleomórfico) 
Anaeróbios estritos (vitamina K, hemina): placa dental, 
-> periodontite crônica, abscesso dentoalveolar 
 MICROBIOTA NORMAL 
Wolinella 
W. recta (bacilo encurvado, flagelado): anaeróbio estrito, 
bolsa gengival, -> doença peridontal destrutiva 
 
Treponema 
T. denticola, T. macrodentium (móvel, célula helicoidal): 
Anaeróbio estrito, dificuldade de cultivo, bolsa gengival, 
-> gengivite ulcerativa aguda, doença peridontal 
destrutiva 
 MICROBIOTA NORMAL 
Saúde 
Dente 
Streptococci 
Streptococcus mitis bv. I 
Streptococcus gordonii 
Veillonellae 
Streptococcus saguinis 
Streptococcus oralis 
Actinomyces 
 
Língua 
S. mitis bv. 2 
Streptococcus salivarius 
 
Doença 
Cárie dental 
S. sanguinis 
S. oralis 
Mutans streptococci 
Veillonellae 
S. mitis bv. I 
S. gordonii 
Actinomyces 
Lactobacilli 
 
Gengivite 
Actinomyces naeslundii 
S. sanguis 
Fusobacterium nucleatum 
Selenomas sputigena 
Haemophilus parainfluenzae 
Actinomysces israelii 
S. mitis 
Peptostreptococcus 
Prevotella intermedia 
Campylobacter sputorum 
Veillonellae 
 
Periodontite crônica 
Clone 1025 
TM7 
Fusobacterium animalis 
Atopobium parvulum 
Eubacterium sp. Strain PUS9.170 
Abiotrophia adiacens 
Dialister pneumosintes 
Filifactor alocis 
Selenomonas sp. Strain GAA14 
Streptococcus constellatus 
Campylobacter rectus 
Periodontite crônica (contin.) 
 Tannerella forsythia 
Porphyromonas endodontalis 
Wolinella recta 
Treponema sp. Strain I:G:T21 
F. nucleatum 
Atopobium rimae 
Megasphaera sp clone BB166 
Catonella morbi 
Eubacterium saphenum 
Gemella haemolysans 
Streptococcus anginosus 
Campylobacter gracilus 
H. parainfuenzae 
Prevotella tannerae 
Porphymonas gingivalis 
Peptostreptococcus micros 
 
Periodontite Agressiva 
Localizada 
Eikenella corrodens 
Capnocytophaga sputigena 
Actinobaccilus 
actinomycetemcomitans 
P. Intermedia 
Microbiota da boca humana na saúde e doença 
Os aspectos benéficos da microbiota residente da cavidade 
bucal para o hospedeiro incluem: 
 
1. Fornecimento de determinados nutrientes. 
 
2. Auxiliar na digestão dos alimentos e proteção contra 
patógenos endodônticos. 
 
3. Bactérias bucais como a microbiota intestinal produzem 
certas vitaminas e cofatores, que são necessários para os 
 seres humanos. Estes incluem a vitamina K, biotina 
e riboflavina. 
 
 
 BENEFÍCIO DA MICROBIOTA BUCAL 
 
4. Produção de enzimas digestivas tais como a amilase, 
lipase e protease. 
 
5. Na presença de microbiota residente é difícil para os 
organismos exógenos estabelecerem-se e produzir doença. 
Crescimento de organismos tais como Corynebacterium 
difteriae, Streptococcus pyogenes, Staphylococcus aureus 
tem sido demonstrado que são inibidos in vitro por 
Streptococcus mitior. 
 
6. Auxílio na maturação do sistema imune do hospedeiro. 
 ECOLOGIA BUCAL 
Microbiota bucal 
 
Sítios da cavidade bucal que permitem o crescimento 
 (habitat) 
 
Associação de ambientes 
 
 
 ECOLOGIA BUCAL E PLACA DENTAL 
Habitat bucal 
 
• Mucosa bucal e dorso da língua 
 
• Superfície do dente 
 
• Bolsa do epitélio e bolsa gengival 
 
• Próteses e aparelhos ortodônticos 
Fatores que afetam a colonização microbiana 
na mucosa bucal 
Aderência de um microrganismo é um pré-requisito 
para a colonização e subsequente infecção 
 
Crescimento bacteriano - Saliva : 
• Fornece elementos para a adesão bacteriana 
• Fonte de nutrientes 
• Co-agregação bacteriana 
• Fatores de defesa: 
• Não-específico (lisozima, lactoferrina, histatina) 
• Específico (IgA) 
• Manutenção do pH 
 
 
 ECOLOGIA BUCAL E PLACA DENTAL 
Fatores microbianos 
 
• Competição dos receptores de adesão 
 
• Producão de bacteriocinas 
 
• Produto metabólico final antagonístico 
 
• Co-agregação com as mesmas ou diferentes espécies 
 ECOLOGIA BUCAL E PLACA DENTAL 
Placa dental 
 
• Microrganismos em volto por uma matriz orgânica 
produzida pelo hospedeiro e outros microrganismos 
 (reserva de alimento e ligantes) 
• Exemplo de biofilme natural 
• Supra-gengival 
• Subgengival 
•Placa associada a componentes (prótese, 
 aparelho ortodôntico) 
 
 ECOLOGIA BUCAL E PLACA DENTAL 
 ECOLOGIA BUCAL E PLACA DENTAL 
Principais estágios da formação da placa 
 
Transporte 
 
Adesão inicial/co-adesão 
 
Fixação irreversível 
 
Colonização 
 ECOLOGIA BUCAL E PLACA DENTAL 
Placa em superfície lisa Placa madura com 
Calcificação na base 
Formação da placa 
 
Película (primariamente glicoproteínas salivares) 
 depositada na superfície do dente 
 
Organismos pioneiros aderem a película 
 
Crescimento e síntese de uma matriz extracelular 
 composta de polissacarídeos microbianos 
e glicoproteínas salivares 
 
 ECOLOGIA BUCAL E PLACA DENTAL 
Formação da placa (contin.) 
 
Novos organismos habitam a placa quando o 
microambiente é alterado 
 
Crescimento da complexidade microbiana, 
tamanho e espessura 
 ECOLOGIA BUCAL E PLACA DENTAL 
Grupos de organismos predominantes na 
 formação da placa