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Direito Civil 1 Resumo Defeitos do Negócio Jurídico

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Resumo - Direito Civil I – Defeitos do Negócio Jurídico 
Monitoria FADIC 2017.2 – Fernanda Holanda 
duvidasmonitoriacivil@gmail.com 
 
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 Vícios que prejudicam a validade do negócio. Operam 
ANULABILIDADE, ou seja, tornam o negócio anulável, nos vícios 
descritos abaixo. O prazo é decadencial e de 4 anos para propositura 
da ação (art.178, CC). 
 
 
 
 
 Vícios de consentimento: provocam uma manifestação de 
vontade não correspondente com o íntimo e verdadeiro querer 
do agente. Criam uma divergência, um conflito entre a vontade 
manifestada e a real intenção de quem a exteriorizou. Compreendem 
o erro, dolo, coação, lesão e estado de perigo. 
 
 Vícios sociais: consubstanciam-se em atos contrários à boa-fé ou à 
lei. A manifestação de vontade é exteriorizada com a intenção de 
prejudicar terceiros. Compreendem a fraude contra credores e a 
simulação. No caso do vício de simulação, este opera nulidade 
absoluta. (art. 167, CC). 
 
 
01. ERRO – art. 138, CC: é a falsa percepção da realidade. 
 
Obs: não é qualquer tipo de erro que pode embasar uma anulação. 
Para que um erro justifique o provimento de uma ação anulatória, 
ele deve reunir duas características fundamentais: o erro deve ser 
SUBSTANCIAL (art. 139, CC) e COGNOSCÍVEL (art. 138, CC). 
 
● Erro substancial: erro grave capaz de afetar a vontade do declarante. 
 
O erro substancial pode ser: 
 
*Quanto à natureza do negócio: ocorre divergência quanto à espécie de 
negócio. Pretende o agente praticar um ato e pratica outro. (ex: quer alugar e 
escreve vender; a pessoa que empresta uma coisa e a outra entende que 
houve doação); 
 
*Quanto ao objeto principal: é o erro que incide sobre a identidade do 
objeto. A manifestação da vontade recai sobre objeto diverso daquele que o 
agente tinha em mente. (ex: o indivíduo que se propõe a alugar a sua casa da 
cidade e o outro contratante entende tratar-se de sua casa de campo); 
 
DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO – arts. 104 ao 184, CC 
ERRO 
 
DOLO 
 
COAÇÃO 
 
ESTADO DE PERIGO 
 
LESÃO 
 
FRAUDE CONTRA CREDORES 
 
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*Quanto à qualidade essencial: ocorre quando o motivo determinante do 
negócio é a suposição de que o objeto possui determinada qualidade que, 
posteriormente, verifica-se inexistir. (ex: pessoa que adquire um quadro por 
alto preço, na persuasão de se tratar de original, quando não passa de cópia); 
 
*Quanto à pessoa: concerne aos negócios jurídicos intuitu personae. Pode 
referir-se tanto à identidade quanto às qualidades da pessoa. Exige-se, no 
entanto, para ser invalidante, que tenha influído na declaração de vontade “de 
modo relevante” (CC, art. 139, II, segunda parte). (ex: doação ou deixa 
testamentária a pessoa que o doador supõe, equivocadamente, ser seu filho 
natural ou, ainda, a que lhe salvou a vida); 
 
*De direito: É o falso conhecimento, ignorância ou interpretação errônea da 
norma jurídica aplicável à situação concreta. Só será possível alegar erro de 
direito desde que não tenha havido descumprimento da lei. Ex: nos 
juizados especiais, nas causas de até 20 salários-mínimos é facultado à parte 
ingressar sem advogado. Desse modo, ao saber dessa norma, José (cuja causa 
é de 20 salários-mínimos e já tinha contratado advogado), decide desfazer o 
contrato com o mesmo, alegando erro de direito. 
 
 
● Erro cognoscível: é aquele erro que poderia ser percebido por pessoa de 
diligência normal (por parte da outra parte pactuante). 
 
QUESTÕES PONTUAIS QUE O ERRO APRESENTA: 
 
 Art. 140, CC → O falso motivo: erro quanto ao motivo. Este, por 
sua vez, deve estar expresso no contrato. Ex: cursinho que promete 
aprovação. No contrato consta uma cláusula dizendo que, caso o 
aluno não passe no concurso, o cursinho devolve o dinheiro. O aluno 
que não passar poder pleitear a devolução do dinheiro e se o cursinho 
não devolver, estará configurado o falso motivo. Pois o cursinho criou 
uma motivação e garantiu: “quem não passar recebe o dinheiro de 
volta”. A partir do momento que o cursinho se recusa a devolver o 
dinheiro, fala-se que houve falso motivo. 
 
 Art. 141, CC → Transmissão errônea por meios interpostos: 
quando a vontade é transmitida (de forma indireta) equivocadamente 
através de meios interpostos. É anulável nos mesmos casos que o é a 
declaração direta. Ex: anúncio de jornal. 
 
 Art. 142, CC → Erro irrelevante: se o erro não levar a nenhum 
prejuízo para a parte, sua ocorrência será juridicamente irrelevante. 
Assim, se o erro de indicação da pessoa ou da coisa, por seu contexto 
e pelas circunstâncias, não impedir sua perfeita identificação, prejuízo 
algum terá resultado desse erro. Ex: num contrato de compra e 
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venda de um terreno em que as partes o descrevem como sendo o 
imóvel de n. 47, situado na esquina da rua A com a rua B. Se o 
verdadeiro número desse imóvel for 74, terá havido erro na 
identificação da coisa. Esse erro, contudo, será juridicamente 
irrelevante, pois, do contexto e das circunstâncias do negócio, a 
identificação da coisa permanece perfeitamente possível. 
 
 Art. 143, CC → Erro de cálculo: autoriza apenas retificação da 
declaração de vontade. Não há, nesse caso, propriamente um vício 
na manifestação da vontade, mas uma distorção em sua transmissão, 
que pode ser corrigida. 
 
 Art. 144, CC → Convalescimento do erro: é sanar o vício. O 
negócio que era anulável passa a ser válido. 
 
 
02. Dolo – art. 145, CC: é o artifício que se emprega para induzir a vítima 
ao engano. 
 
 
 
 
 
 
 
 Tipos de dolo: 
 
a) Dolo principal: é aquele que se apresenta como razão 
determinante do negócio. Assim, o negócio só aconteceu em 
decorrência do dolo. Opera anulabilidade. Ex: pessoa que 
vende relógio falsificado, afirmando ser verdadeiro, o que faz 
a outra parte comprar. A outra parte só comprou o relógio por 
acreditar que este se tratava de original. 
 
b) Dolo acidental – art. 146, CC: não se apresenta como razão 
determinante, apenas torna mais oneroso o negócio, uma vez 
que este, de todo jeito, já seria realizado. O dolo acidental não 
vicia o negócio e só obriga à satisfação das perdas e danos. 
Em outras palavras, o dolo acidental é quando uma pessoa 
realiza um negócio por interesse próprio, e não em 
razão de induzimento feito por outrem (a avença seria 
A vítima é induzida 
a se enganar. 
ERRO 
 
DOLO 
 
A vítima se engana 
espontaneamente. 
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realizada, portanto, independentemente da manobra 
astuciosa), mas o comportamento malicioso da outra parte ou 
do terceiro acaba influindo nas condições estipuladas, em 
detrimento da primeira. Ex: balança de restaurante alterada. É 
um comportamento doloso, que induz a pessoa a pagar mais 
caro, mas o dolo da empresa não foi a razão determinante que 
levou a pessoa a comer. 
 
c) Dolo recíproco – art. 150, CC: é o dolo de ambas as partes. 
Nesse caso, nenhum dos contratantes poderá anular o negócio 
ou reclamar indenização. 
 
d) Dolo de terceiro – art. 148, CC: se dá por induzimento de 
terceiro. Se a parte beneficiada sabia dodolo de terceiro, o 
negócio será anulável. Havendo boa-fé da parte beneficiada, o 
terceiro responderá perante a vítima por perdas e danos, no 
entanto, sem macular o negócio jurídico, que continua sendo 
válido. Ex: se o adquirente é convencido, maldosamente, por 
um terceiro de que o relógio que está adquirindo é de ouro, 
sem que tal afirmação tenha sido feita pelo vendedor, e este 
ouve as palavras de induzimento utilizadas pelo terceiro e não 
alerta o comprador, o negócio torna-se anulável. Entretanto, 
se a parte a quem aproveite (o vendedor) não soube do dolo 
de terceiro, não se anula o negócio. Mas o lesado poderá 
reclamar perdas e danos do autor do dolo, pois este praticou 
um ato ilícito. 
 
e) Dolo por omissão – art. 147, CC: nos negócios jurídicos 
bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes a respeito 
de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui 
omissão dolosa, provando-se que sem ela o negócio não se 
teria celebrado. 
 
Segundo Stolze Gagliano e Pamplona Filho, “é o caso do 
silêncio intencional de uma das partes, levando a outra a 
celebrar negócio jurídico diverso do que pretendia realizar”. 
 
Desse modo, o legislador equiparou a omissão 
dolosa à ação dolosa, exigindo que aquela seja de tal 
importância que, sem ela, o ato não se teria realizado. 
Provando-se, pois, tal circunstância, pode ser pleiteada a 
anulação do negócio jurídico. 
Ex: um vendedor, que não deve se omitir diante de um 
erro do comprador sobre as qualidades de determinado 
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Premente necessidade de salvamento 
Dano reconhecido pela outra parte 
Obrigação excessivamente onerosa 
produto que, obviamente, conhece melhor. Pode-se dizer que 
é a boa-fé que deve guiar os contratantes e ser a base que o 
julgador deve pautar-se. 
 
03. Coação – art. 151, CC: é a grave ameaça capaz de forçar a vontade 
da vítima. 
 
*Pressupostos: 
 
→ Que a ameaça seja grave: a gravidade da ameaça é apurada à 
luz das circunstâncias pessoais da vítima. Obs: TEMOR 
REVERENCIAL – prática de um ato sob receio de desagradar 
alguém. Não se considera coação. 
 
→ Que a ameaça seja injusta: é a ameaça contrária ao direito 
(de morte, estupro, lesão corporal). Obs: AMEAÇA DE EXERCÍCIO 
NORMAL DE UM DIREITO – Não se considera coação. Ex: 
ameaça de despejo caso o inquilino não pague o aluguel. 
 
→ Que a ameaça seja iminente: ameaça prestes a se consumar. 
 
→ Que a ameaça recaia sobre a pessoa ou os bens da vítima 
ou sobre a pessoa ou os bens de um familiar da vítima: se a 
pessoa não for da família, o juiz decidirá com base nas 
circunstâncias. (art. 151, parágrafo único, CC). 
 
04. Estado de perigo – art. 156, CC: é quando alguém se aproveita do 
perigo que passa a vítima, para extrair proveitos indevidos. 
 
Ex: Raul foi picado por uma cobra e levado às pressas para hospital 
particular. Ao chegar ao local, informaram-lhe que, para que recebesse 
tratamento, teria que realizar depósito no valor de R$ 50.000,00 em 
favor do hospital. Premido pela necessidade de salvar-se, Raul assim 
obrigação excessivamente onerosa e realiza o depósito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESTADO DE 
PERIGO 
 
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Pessoa que não tem patrimônio suficiente para 
pagar suas dívidas. 
Credores que têm seus créditos 
garantidos por penhor ou 
hipoteca. Não podem alegar 
fraude contra credores, pois as 
garantias acompanham os bens 
(erga omnes). 
Credores sem garantia. 
Vulneráveis à fraude 
contra credores. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
05. Lesão – art. 157, CC: é o desequilíbrio contratual provocado por uma 
premente necessidade ou por inexperiência. 
 
Ex: pessoa que vai dirigindo na BR, passa por um buraco e estoura dois 
pneus. Só há um borracheiro por perto e ele cobra 2 mil reais para trocar os 
pneus. 
 
Ex2: você vai visitar uma cidade e pega um taxi. O taxista, percebendo sua 
inexperiência, arrodeia a cidade toda, fazendo um percurso muito mais 
longo daquele que costuma ser feito. 
 
Obs: o código civil permite que a lesão seja convalescida (sanada). 
Art. 157, §2º, CC. 
 
 
06. Fraude contra credores – art. 158, CC: ocorre fraude contra 
credores quando o devedor insolvente ou na iminência de se tornar 
insolvente, pratica atos capazes de reduzir o seu patrimônio em prejuízo 
aos seus credores. 
 
 
 
 Classes de credores: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INSOLVENTE 
 
O coator é quem 
coloca a vítima em 
perigo. 
 
ESTADO DE PERIGO 
 
COAÇÃO 
 
A vítima já se encontra 
em perigo. A outra parte 
se aproveita da situação. 
CREDORES 
 
Com garantia 
REAL 
 
QUIROGRAFÁRIOS 
 
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Repassa seus bens 
Recebe os bens do 
devedor 
FRAUDE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Como ocorre a fraude? 
 
O bom devedor é aquele que paga suas dívidas. Desse modo, 
quando o devedor, ao invés de pagar ao credor, repassa seus bens 
para um terceiro adquirente, teremos configurado a fraude contra 
credores. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 A fraude pode se dar de 2 maneiras: 
 
01. Atos de transmissão gratuita – art. 158, CC: por si só, já 
é fraude. Dispensam a prova do conluio (acerto) entre 
devedor e adquirente. Ex: vizinho lhe “doa” o seu carro. 
 
02. Atos de transmissão onerosa: exigem a prova do conluio 
entre devedor e adquirente. Ex: vizinho lhe vende o carro 
dele. 
OBS: existe uma hipótese específica em que o credor com 
garantia real também pode sofrer a fraude: 
 
Quando a garantia se torna insuficiente para resgatar o crédito, o 
saldo residual que falta pagar passa a ostentar natureza 
quirografária. Por isso, o credor com garantia real se torna credor 
quirografário, vulnerável à fraude contra credores. 
 
Ex: Uma pessoa pega um empréstimo de 100 mil com um banco e, em 
garantia hipoteca sua casa, que vale 150 mil. Acontece que, com a 
crise, a casa sofre uma depreciação e passa a valer 80 mil. Desse 
modo, o banco, terá um déficit de 20 mil. É nesse valor residual que 
incide a natureza quirografária. Portanto, agora o banco se tornará 
credor quirografário. (art. 158, §1º, CC). 
 
CREDOR 
 
DEVEDOR 
 
ADQUIRENTE 
 
 
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 Hipóteses de presunção do conluio – art. 159, CC: 
 
→ Quando a insolvência for notória; 
→ Quando houver motivo relevante para que a insolvência 
seja conhecida do adquirente (ex: proximidade grande entre 
devedor e adquirente, como pai e filho, sócios, etc). 
 
 Ação Pauliana: ação que visa anular a fraude contra credores. 
 
07. Simulação – art. 167, CC: é a prática de um negócio aparente 
que busca encobrir um negócio oculto. 
 
 Negócio aparente →SIMULADO. O sujeito altera os fatos. Procura-
se aparentar o que não existe. Ex: prancha de surf (que contémentorpecentes dentro) 
 Negócio oculto → DISSIMULADO. Oculta-se o que é verdadeiro. 
Ex: entorpecentes dentro da prancha. 
 
Art. 167, CC: negócio simulado é sempre nulo. Mas subsistirá o que 
se dissimulou, se válido for na substância e na forma. 
 
Desse modo, o Código Civil, no art. 167, determina que o negócio 
dissimulado subsiste, se lícito. Ex: uma venda simulada para 
mascarar uma doação. O que nasce é a doação, desde que seja lícita 
uma doação entre as partes.

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