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Escoamento em Condutos Forçados 4-1 4 ESCOAMENTO EM CONDUTOS FORÇADOS 4.1 Introdução Considera-se forçado o conduto no qual o líquido escoa sob pressão diferente da atmosférica. A canalização funciona, sempre, totalmente cheia e o conduto é sempre fechado. Os condutos livres apresentam, em qualquer ponto da superfície livre, pressão igual à atmosférica e funcionam sempre por gravidade. As canalizações de distribuição de água nas cidades são exemplos de condutos forçados e os rios e canais constituem o melhor exemplo de condutos livres. Os coletores de esgoto funcionam também como condutos livres. Figura 4.1 4.2 Escoamento em condutos forçados O líquido ao escoar em um conduto é submetido a forças resistentes exercidas pelas paredes da tubulação e por uma região do próprio líquido. Nesta região denominada camada limite há um elevado gradiente de velocidade e o efeito da velocidade é significante. A conseqüência disso é o surgimento de forças cisalhantes que reduzem a capacidade de fluidez do líquido. O conceito de camada limite foi desenvolvido em 1904 por Ludwing Prandtl. Assim, o líquido ao escoar dissipa parte de sua energia, principalmente em foma de calor. Essa energia não é mais recuperada como energia cinética e ou potencial e, por isso, denomina-se perda de carga. Para efeito de estudo, a perda de carga, denotada por, h, é classificada em perda de carga continua ou distribuída ao longo do trecho em estudo e perda de carga localizada devido a presença de conexões, aparelhos, singularidades em pontos particulares do conduto conforme pode ser visto na figura 4.1. Escoamento em Condutos Forçados 4-2 O estabelecimento do regime de escoamento depende do valor de uma expressão sem dimensões, denominado número de Reynolds, dado por: DVRe (4.1) onde V = velocidade do fluido (m/s), D = diâmetro da canalização (m) e = viscosidade cinemática (m2/s). Re < 2.000 regime laminar – as partículas fluidas apresentam trajetórias bem definidas e não se cruzam (Fig.4.2a). Re > 4.000 regime turbulento – movimento desordenado das partículas (Fig.4.2b e c). Entre esses dois valores encontra-se a denominada zona crítica. 4.3 Perdas de Carga 4.3.1 Conceito e Natureza peso Energia (H)a argC (unidade – m, cm, pés, ...) Carga total numa seção (Bernoulli): g vpzH 2 2 (4.2) onde: H – carga total; z – carga potencial ou de posição; p - carga piezométrica ou de pressão; - Coeficiente de Coriolis (vale aproximadamente 1) e g v 2 2 - carga cinética ou termo cinético. Perda de carga – na canalização da figura abaixo, quando um líquido flui de (1) para (2), parte da energia se dissipa sob a forma de calor; a soma das três cargas em (2) não é igual a carga total em (1). A essa diferença, indicada por H, dá-se o nome de perda de carga, que é de grande importância nos problemas de engenharia. Escoamento em Condutos Forçados 4-3 Figura 4.3 4.3.2 Classificação das Perdas de Carga Na prática, as canalizações não são constituídas exclusivamente de tubos retilíneos e nem sempre compreendem tubos de mesmo diâmetro. Há, também, peças especiais que permitem a mudança de direção, aumento ou redução de diâmetros, que são responsáveis por novas perdas. Perdas distribuídas – ocorrem devido ao atrito entre as diversas camadas do escoamento e ainda ao atrito entre o fluido e as paredes do conduto (efeito da viscosidade e da rugosidade); A razão entre a perda de carga distribuída h e o comprimento do conduto L, representa o gradiente ou a inclnação da linha de carga e é denomidada perda de carga unitária j O abaixamento da linha piezométrica representa a perda de carga contínua como pode ser demonstrado aplicando a equação de Bernoulli entre as seções 1 e 2 da fig 4.3 Onde V1=V2 A análise dimensional pode ser utilizada para obter uma relação entre a perda de carga contínua, parâmetros geométricos do escoamento no conduto e propriedades relevantes do fluido, resultando na Fórmula universal de perda de carga. j h L z P V g Z P V g h1 1 1 2 2 2 2 2 1 22 2 h Z P z P1 2 2 2 1 1 ( ) h f L D V g 2 2 J fQ gD 8 2 2 5 Escoamento em Condutos Forçados 4-4 Sendo: J= perda de carga unitária em m/m V= velocidade média do escoamento em m/s D= diâmetro do conduto em m/s L= comprimento do conduto em m g= aceleração da gravidade = 9,8 m/s2 f= coeficiente de perda de carga O coeficiente de perda de carga f é um adimensional que depende basicamente do regime de escoamento. Perdas localizadas – ocorrem devido à descontinuidade do conduto, chamada singularidade, que gera turbulência adicional e maior dissipação de energia. Exemplo de singularidade: cotovelo, curva, tê, alargamento, redução, registro, etc. 4.3.3 Fórmulas básicas para determinação do coeficiente de atrito f Adimensionais: Limites práticos: Regime laminar: Regime turbulento: Turbulento liso: R f D g h D L 2 R VD M Q k 4 N g Q h L 1 128 3 3 1 5 ( . . . ) R f 400R 2000 N 1200 R 4000 R f 800 N 2100 R D k 0 9 31 , R f D k 14 N M 2 17