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MICROBIOLOGIA MÉDICA – MATÉRIA DE PROVA 1ª AULA Microbiota anfibiôntica humana Microbiota -> microrganismo que colonizam a pele e mucosas do indivíduo. Composição da microbiota : Bactérias Fungos Protozoários Não são essenciais para a vida Um organismo humano pode viver sem a colonização de bactérias. Ou seja, sua funcionalidade não depende das bactérias. Estas podem ser benéficas para o organismo, como no intestino, onde participa da produção de vitamina B. Entretanto, se o indivíduo não tiver essa flora, o mesmo pode adquirir a vitamina através da alimentação. Diferente dos camundongos, que necessitam de certo tipo de bactérias para a sua sobrevivência. Para o ser humano é necessária a microbiota pois há microrganismos patogênicos que competem com a flora e, na maioria das vezes, perde. Mas, se não houvesse nenhum tipo de microrganismo, o ser humano poderia viver bem. A microbiota pode ter efeitos maléficos ou benéficos. A microbiota divide-se em: Residentes: qualitativamente constantes. Normalmente não causam doença no hospedeiro. Se retirada, a mesma se repõe. Elas estão presentes na pele, glândulas, etc. Caso haja remoção, por exemplo, da microbiota da mão, a residentes da glândula sudorípara irão novamente colonizar a mão. Transitórias: não patogênicas ou qualitativamente patogênicas. Não são consideradas parte da microbiota. Existem por horas, dias ou semanas. Estas são excluídas por competição com a microbiota residente. O ideal é que haja um equilíbrio entre a microbiota e o hospedeiro. Caso haja desequilíbrio, são causadas infecções oportunistas. Origem da microbiota Feto: o útero materno é um local estéril, ou seja, não há microbiota residindo neste local. Portanto, feto não entra em contato com esses microrganismos. Nascimento: à partir do parto há a colonização da microbiota no feto. Se for através de parto normal, essa microbiota passará a colonizar à partir do canal vaginal da mulher, e por aí vai. Se for por parto cesariana, a microbiota passa a colonizar à partir do contato do neném com objetos não esterilizados, da amamentação, etc. Fatores que interferem no padrão de colonização do recém-nascido: Tipo de parto: como descrito acima, o tipo de parto influencia no tipo de colonização, seja através da vagina, seja através do contato com objetos. Tipo de alimentação: o tipo de alimentação influencia na colonização. Há diferenças significativas no leite materno, por exemplo, do leite de vaca. Tempo de permanência no hospital: o tempo de permanência no hospital, sem dúvidas, é um fator que influencia e muito na colonização. O hospital é um lugar onde há diversificados tipos de microrganismos. Quanto maior o tempo de permanência do bebê no hospital, maior será sua exposição à microrganismos não encontrados em casa, por exemplo. A MICROBIOTA INICIAL É TRANSITÓRIA. A MICROBIOTA TEM GRANDE INFLUÊNCIA DO AMBIENTE. APÓS O NASCIMENTO, A MICROBIOTA DO BEBÊ SERÁ A PRIMEIRA ENCONTRADA NO LOCAL, PORÉM, COM O PASSAR DO TEMPO, ESTA VAI SAINDO E AS RESIDENTES PASSAM A COLONIZAR. RESIDENTES, ESTAS, QUE COLONIZARÃO POR UM GRANDE TEMPO OU ATÉ MESMO PELA VIDA TODA. Distribuição da microbiota Alguns locais não têm microbiota, tais como: sangue, líquor, tecidos, órgãos internos, entre outros. Apenas na pele e mucosas há a presença da microbiota. - Pele A microbiota varia nas diferentes regiões. Nas áreas úmidas, há maior prevalência. Áreas como virilha, articulações (parte externa, na pele), etc. Exposição constante ao meio ambiente -> microrganismos transitórios colonizam, então. Porém, a pele tem fatores que retiram esses microrganismos. Fatores como: pH baixo, secreção de ácidos graxos, lisozima, etc. Microrganismos mais frequentes: - Cocos gram +: estafilococos; estreptococos (alfa) e não hemolíticos; - Micobactérias não patogênicas, bacilos difteroides, meisserias não patogênicas, etc. Nariz e nasofaringe: há predominância de estafilococos. Boca: presença de cocos +, porém o gênero predominante é estreptococos. A microbiota da boca varia com a idade. Orofaringe: há predominância de gram +, e há maior quantidade de estreptococos (alfa) hemolíticos. Traqueia: há pouca quantidade de bactérias. Estas que residem são semelhantes à orofaringe: estreptococos. Quando chega à nível de brônquios, bronquíolos e alvéolos já não há mais microrganismos. Esôfago, estômago e intestino delgado: a microbiota, principalmente do estômago, é influenciada pelo pH super ácido. Normalmente, a mucosa do estômago não tem microbiota, devido ao baixo pH. Os microrganismos que vão para o intestino delgado, vão “protegidos” pela comida, para não serem atingidos pelo pH ácido. Na mucosa alcalina do intestino delgado, já vão começando as colonizações, pois o lugar é mais propício para isso. O principal gênero deste local é o bacilo gram -. Intestino grosso: pH ainda mais alcalino. Há grande quantidade de microrganismos. É o lugar do corpo onde mais existem microrganismos, com grande variedade de tipos, principalmente os anaeróbios. Trato geniturinário: rim e bexiga são estéreis. Havendo microrganismo, há infecção. Já na uretra, começa a colonização, na sua porção anterior, próximo à pele. Conforme vai subindo (em direção à bexiga) vai diminuindo a quantidade, até cessar. A vagina sofre modificações ao longe da vida. Após o nascimento, recebe estrogênio da mãe, logo o ambiente é ácido, residindo, então, os lactobacilos. Na infância, não há produção de estrogênio, então o ambiente é menos ácido. Quando chega à puberdade, começa a haver produção de estrogênio, que torna o ambiente novamente ácido. Com a menopausa, há a parada na produção de estrogênio, que induz as células vaginais a produzirem glicogênio (o que torna o ambiente ácido). Os microrganismos da vagina são decorrentes do baixo pH. Colonização Aderência: Para ocorrer a colonização, é necessário a aderência da bactéria com as células do organismo. É feita em função: - Adesinas: glicoproteínas e proteínas Gram - : flagelos, fimbrias, proteínas de superfície de membrana externa. Gram + : proteínas M – ácido lipoteicoico. -Receptores: glicoproteínas da matriz extracelular (ex: fibronectina, etc). Mecanismos do hospedeiro que dificultam a aderência IgA secretora Lisozimas Análogos de receptores celulares na solução das mucosas; ex: fibronectina no soro. Fluxo unidirecional dos canais do organismo; ex: movimentos peristálticos do intestino; movimento da mucosa mucociliada. Capacidade e multiplicação dos tecidos pH dos tecidos potencial de óxidoredução presença de nutrientes adequados bile – ação bactericida ácidos graxos presentes na pele -> ação bactericida mucosas Estratégias usadas para se estudar a importância da microbiota Animal livre de germes (germe free)-> são criados animais longe de microrganismos e comparados com animais convencionais. O sistema imune desses animais germefree não é bem desenvolvido, mas tendem a viver mais e não desenvolvem cáries. Animal monoassociado-> são criados animais com apenas um tipo de microrganismo em sua microbiota. Animal gnotobiótico (?)-> flora determinada e qualificada. Fatores endógenos que influenciam a microbiota Doenças agudas (super inflamação) Imunodeficiência Desnutrição Gravidez - Alteração hormonal; - Maiorcolonização por Cândida albicans; Estresse Alcoolismo crônico e Diabetes mellitus - Favorecem a presença de bactérias Gram – na orofaringe Fatores exógenos que influenciam a microbiota Dieta - Rica em carboidratos-> S. mutans no dente Uso de agentes antimicrobianos - Um dos principais mecanismos de retirada de microrganismos - Desenvolvimento de infecções oportunistas; ex: clindamicina, diarreia, etc. - Alteração na aderência Uso de imunosupressores-> ex: drogas, antinflamatórios, etc. Traumas cirúrgicos e acidentais Uso de técnicas médicas invasivas Profissão-> ex: enfermagem, devido à exposição constante à esses microrganismos Funções da microbiota normal Ações benéficas - Papel na nutrição humana - Papel na resistência a infecções: => Efeitos diretos: - Produção de bacteriocinas -> substancia bactericida que algumas bactérias produzem para matarem outras bactérias; - Produtos finais do metabolismo bacteriano. Ex: H. anaeróbios-> ácidos orgânicos; - Competição por receptores na superfície das células (tropismo). Impedimento espacial; - Depleção de nutrientes essenciais: a competição aumenta quando têm nutrientes e receptores; - Inibição de translocação-> a presença de movimentos peristálticos: a presença da microbiota aumenta esses movimentos; => Efeitos indiretos: - Estimulação do sistema imune-> assegura seu desenvolvimento normal; - Estimulação dos mecanismos e limpeza da mucosa ciliada; Ações maléficas => Infecções por microrganismos endógenos; * Principal causa de infecções hospitalares: tratamentos invasivos! => Sinergismo bacteriano: a produção que uma bactéria faz facilita o desenvolvimento de outra bactéria; => Hipersensibilidade a endotoxinas; Produzidas pela microbiota -> pequena toxemia Por que as bactérias da flora normalmente não causam doenças? Sistema imune; Provavelmente porque poucas estão equipadas com um conjunto de genes para a virulência; DOENÇA: quando o equilíbrio normal é perdido; RELAÇÃO BACTÉRIA X HOSPEDEIRO SIMBIOSE COMENSALISMO MUTUALISMO PARASITISMO CONCEITOS: Colonização: é a presença de microrganismos em determinado sítio do corpo, sem que haja penetração dos tecidos. Não ocasiona doença. Infecção: quando um microrganismo entra num ambiente onde não é comum. É a invasão de um hospedeiro por microrganismos. Envolve colonização, crescimento, invasão ou a persistência dos microrganismos patogênicos e a resposta do hospedeiro. Doença: é a infecção que deflagra sinais e sintomas no hospedeiro. Causada pelo dano produzido. Um organismo se beneficia e o outro não é afetado. Os dois organismos se beneficiam. Um organismo se beneficia com prejuízo ao outro. Patogenicidade: é a capacidade de uma dada espécie causar doença. É qualitativa, ou seja, um microrganismo é patogênico ou não é. Virulência: é a soma de mecanismos estruturais ou bioquímicos que conferem patogenicidade aos microrganismos. É quantitativo, ou seja, é medido em grau. Por exemplo, mais ou menos virulento. Fatores ou determinantes de virulência: produto ou estratégia que contribui para a virulência ou patogenicidade. Classificação: aqueles que promovem colonização bacteriana e invasão no hospedeiro; aqueles que causam danos ao hospedeiro; Patogênese: mecanismo envolvido na etiologia da doença infecciosa. Mecanismos de patogenicidade *Danos às células do hospedeiro -> dano direto; toxinas; etc. Portas de saída: geralmente as mesmas utilizadas como porta de entrada. Portas de entrada - Pele: Produção de enzimas. Acesso através de folículos pilosos e glândulas sudoríparas. Cortes, picadas de inseto, etc. - Mucosas: Trato respiratório. Trato gastrintestinal. Trato geniturinário. Conjuntiva. Número de microrganismos Portas de entrada: - M. mucosas - Trato respiratório - Pele - etc. Aderência * Penetração ou evasão das defesas do hospedeiro: - Cápsulas - Componentes da parede celular - Enzimas - etc. Após o acesso, a colonização das superfícies mucosas é favorecida pela produção de proteases de IgA secretada. - Via parenteral (cai direto na corrente sanguínea): Picada de insetos. Injeção. Cirurgias. Cortes e feridas. Adesão - A adesão é altamente especifica e, em muitos casos, é essencial para a instalação da doença. - Interação entre adesinas da superfície da bactéria e receptores específicos da célula do hospedeiro. - Bactérias patogênicas normalmente possuem a habilidade de diferenciação entre hospedeiros alvos e entre tecidos alvos dentro do hospedeiro infectado. Ou seja, pode ter diferentes formas de agir entre os hospedeiros, entre os tecidos alvos, etc. A) Adesinas: - Fibrilares (Pili ou fímbrias). - Não fibrilares. B) Cápsulas: também apresentam papel importante para escapar da fagocitose. C) Biofilme. Evasão das defesas do hospedeiro - Biofilmes. - Cápsulas (“esconde” os antígenos não permitindo sua apresentação, daí, não ocorre a fagocitose) e outros componentes da superfície celular. - Sistema secretório do tipo III. - Coagulases. Mecanismos de invasão tecidual e disseminação Comumente, a própria célula hospedeira internaliza a bactéria, o que muitas vezes é resultado da interação da molécula da superfície microbiana com receptores na célula hospedeira, ou através da injeção de moléculas ativadoras de tal resposta pelo sistema secretório do tipo III. Translocação bacteriana Enfraquecimento de junções celulares. Indução de fagocitose – fagócitos e sistema secretório do tipo III. Mecanismos de dano às células do hospedeiro Obtenção de nutrientes para crescimento celular: - Ferro-> fator para crescimento bacteriano. - Proteína do hospedeiro-> transferrina, ferritina, etc. - Sideróforos: compostos de baixa massa molecular, quelantes de ferro. Principais classes: catecois e hidroxamatos. Mecanismos de ação: sideróforos excretados no meio -> formação do complexo sideróforo-ferro -> ligação do complexo à receptores bacterianos. Fatores tóxicos: matam a célula hospedeira para a aquisição do ferro. Produção de toxinas: Exotoxinas (produz e libera) e Endotoxinas (componente celular). 2ª AULA Esterilizantes, desinfetantes e antissépticos hospitalares Condição sanitária de uma população-> capacidade de controlar os microrganismos. Processos: - Gerais: práticas sanitárias. - Específicos: agentes antimicrobianos, vacinas. Programa para controle de infecção hospitalar - Reduzir a agressão diagnóstica e terapêutica. - Obter ambiente pobre em microrganismos. Hospital: local insalubre - Hospedeiros suscetíveis - Microrganismos mais resistentes Necessidade de reduzir a contaminação bacteriana difere em função de: - Tipo de instituição: ex.: hospital para queimados,o cuidado deve ser alto.- Tipo de artigo médico-cirúrgico: ex.: bisturi, o cuidado deve ser alto. - Área do hospital: ex.: sala de cirurgia, o cuidado deve ser alto. CLASSIFICAÇÃO DE ARTIGOS HOSPITALARES (tudo o que é usado dentro do hospital) Artigos críticos: penetram tecidos subepiteliais. Instrumentos que entram em contato com a região que não tem microbiota. Tem de ser ESTERILIZADO. Ex.: bisturi. Por conta disso, a atenção especial é necessária Artigos semicríticos: entram em contato com a mucosa íntegra. Deve ser ESTERILIZADO ou DESINFETADO COM ALTO NÍVEL. Ex.: cateteres vesicais. Artigos não críticos: entram em contato com a pele íntegra ou não entram em contato. Devem ser isentos de agentes infecciosos transmissíveis. Requerem LIMPEZA e DESINFECÇÃO. Ex.: mesa do raio-x, caneta. CLASSIFICAÇÃO DAS ÁREAS HOSPITALARES Áreas críticas: devido à redução da resistência do paciente (sala de operação, UTI, etc), devido ao risco de transmissão de infecção (banco de sangue, cozinha, etc), requer LIMPEZA DIÁRIA e DESINFECÇÃO A CADA PROCEDIMENTO. Áreas semicríticas: todas as áreas ocupadas por pacientes (doenças não infecciosas). Ex.: enfermaria. Requer LIMPEZA e DESINFECÇÃO DIÁRIA. Áreas não críticas: área onde não há paciente. Ex.: entrada do hospital, etc. Requer apenas LIMPEZA DIÁRIA COM ÁGUA E SABÃO. DEFINIÇÃO DE TERMOS ESTERILIZAÇÃO: elimina todos os tipos de microrganismos, até esporos. DESINFECÇÃO: destrói microrganismos presentes em objetos inanimados, mas não elimina os esporos. ANTISSEPSIA: retira flora transitória, menos os esporos. É feita em objeto animado, ou seja, mão do profissional, pele do paciente, etc. ASSEPSIA: técnicas para impedir que o material esterilizado, ou que sofreu antissepsia, se contamine novamente. Ex.: técnicas para procedimentos cirúrgicos, manuseio dos artigos hospitalares, etc. CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO É a área responsável pela limpeza e processamento de artigos e instrumentos médico-hospitalares. É na CME que se realiza o controle, o preparo, a esterilização e a distribuição dos materiais hospitalares. Fluxo de processamento do material esterilizado - Área suja: Recepção de artigos -> limpeza -> lavagem -> separação 1) Limpeza: são removidos materiais estranhos (matéria orgânica e sujidades) de superfícies de objetos. Ex.: tuba ultrassônica, lavadora de objetos, etc. 2) Enxague: processo efetuado com água corrente potável. 3) Secagem: processo efetuado com papel toalha, secadora de ar quente ou ar comprimido. - Área limpa: Área de preparo; recepção de roupa limpa, separação e dobradura; área de esterilização; área de armazenamento; distribuição; AGENTES FÍSICOS Mecânicos Filtração - Definição: é a separação mecânica de partículas presentes em um fluido pela passagem através de um material poroso. Não removem vírus! - Uso: líquidos e gases (soros, enzimas, vitaminas, etc). - Exemplos: Velas e vidros porosos Filtro de amianto Pressão negativa; não calibrados. Filtros de membrana de celulose -> pressão positiva; calibrados; Fluxos laminares: - Filtros HEPA; - Verticais; horizontais; Calor Calor úmido Ação: coagulação das proteínas. - Autoclavação Calor úmido na forma de vapor sob pressão. Temperaturas elevadas. Em geral: 121°/15 min. Tempo: depende do material, etc. Cuidado: colocação e carga na câmara. Característica: rápida, eficiente. CONTROLE: indicadores químicos: substância termocrômica. Indicadores biológicos: esporos de bacilos. CONTRA INDICADO: material que não mistura com água. Material que se danifica com a temperatura. Calor seco Ação: oxidação dos agentes químicos. Uso: gordura, pós, vidrarias, instrumentos metálicos. Característica: processo lento, temperatura alta, menor poder de penetração. Quando feito em forno Pasteur: 160°C/2hr ou mais. Quando a estufa atinge a temperatura, começa a esterilização. Guardado em caixa metálica. Não corrosivo para metais. Inadequado para tecidos, plásticos, etc. CONTROLE: B. subtilis / B. Sthearothermophilus Quando feita por incineração: queima total (ex.: lixo hospitalar). Radiações Raios UV – não ionizantes Ação: formação de dímeros de timina no DNA, ligando duas bases adjacentes -> replicação inibida; mutação; pequeno poder de penetração. SÓ ATUA EM SUPERFÍCIE! Ex.: fluxos laminares, material descartável. Raios X – ionizantes Ação: retiram elétrons; criam hidrogênio livre, etc. -> lesões intracelulares. Mas, são caros e de difícil aplicação! Raios b (gama) – ionizantes Ex.: peças cromadas, materiais espessos artigos, termossensíveis. Mas, também é caro! AGENTES QUÍMICOS Gases Área confinada, temperatura ambiente. Ex.: objetos de plástico termossensíveis, etc. Ação: altera a estrutura de proteína, enzimas, ácidos nucleicos, etc. É feito com: Oxido de etileno (C2H4O) Tem grande poder de penetração É usado junto com dióxido de carbono ou diclorodifluoro hidrocarbono, por ser muito inflamável. ELE QUEIMA MUCOSA, NECROSA, O TECIDO! É NECESSÁRIO FAZER VENTILAÇÃO NUMA CÂMARA DE VÁCUO A 50°, POR TEMPO VARIÁVEL. Formaldeído (CH3O; metanol) -> baixo poder de penetração Ação: alquilação de radicais amino, carboxil, etc. Pode ser desinfetante ou esterilizante, o tempo é quem vai definir. Pastilhas de formaldeído são apenas desinfetantes! Glutaraldeído (di-aldeído saturado) Ação: alquilação de radicais sulfidril, etc. Soluções aquosas a 2%: - Ativas: fornecidas em pH ácido e se tornam ativas ao serem alcalinizadas pela adição de 0,3% de bicarbonato de sódio. Ativa até 2 semanas após o preparo. - Potencializadas: ácidas; menor atividade esporocida a temperatura ambiente. Ativa: durante 28 dias. - tempo: > desinfecção: 30 min. > esterilização: 18 horas. - Resíduos irritantes: lavagem. Ex.: partes ópticas de endoscópios, etc. Ácido paracético Substituto do glutaraldeído Ação: agente oxidante Desinfecção: 5 min. a uma concentração de 100 ppm. Esterilização: 30 min. a uma concentração de 500 ppm. Peróxido de hidrogênio (PeH) Age por meio de radicais livres que lesam a membrana, DNA, etc. Injeção de vapor do PeH na câmara de tratamento e emissão de microondas, gerando campo plasmático com produção de radicais livres que desnaturam proteínas microbianas, levando à morte celular. É usado em materiais termossensíveis. E não deve ser usado em artigos de cobre, zinco, etc. DESINFETANTES E ANTISSÉPTICOS HOSPITALARES Características: Ação antimicrobiana, em temperatura ambiente ou corporal; Solubilidade, estabilidade; Inocuidade para homens e animais; Homogeneidade; Não combinar com material orgânico; Poder de penetração; Não ter poder corrosivo ou tintor; Poder desodorizante; Capacidade detergente; Disponibilidade; Custo baixo; Classificação dos desinfetantes: Alto nível: elimina todos os microrganismos, exceto alguns esporosbacterianos. Ex.: glutaraldeído a 2 e 3,2%. Nível intermediário: elimina bactérias vegetativas, a maioria dos fungos e vírus, inclusive o bacilo da tuberculose, porém, não elimina nenhum esporo. Ex.: formaldeído. Nível baixo: elimina a maioria das bactérias vegetativas, alguns fungos e vírus, mas não eliminam o bacilo da tuberculose. Ex.: detergentes. Fenóis sintéticos Destina-se a limpeza, desinfecção e desodorização de superfícies fixas em áreas críticas e semicríticas. Associação: mais sabão ou detergentes aniônicos + EDTA + antioxidantes. Usado na concentração de 5 % a 30 minutos. Ação: desnaturação de proteínas e intensa capacidade de penetração nas células. Podem causar danos teciduais e por isso devem ser manuseados de luvas. Ex: gempol. Água sanitária (hipoclorito de sódio) Ação: compostos clorados: hidrólise. Indicado para desinfecção de superfície de áreas contaminadas por HIV e HBV. Mas corrói metais. ANTISSÉPTICOS - Degermação: remoção de detritos e impurezas. É a lavagem das mãos. É necessário fazer antes da antissepsia. Sabões e detergentes Ação: reduz tensão superficial. Tipos: Não iônicos: sem atividade Aniônicos: sabão Catiônicos: são mais germicidas Ação: inibição enzimática, desnaturação de proteínas, etc. AGENTES: álcool, iodo, clorexidina, triclosan. *NÃO SE USA ACETONA, ETER, ETC! Álcool Etílico e isopropílico; 70% (quando está muito concentrada, desidrata muito rapidamente, não dando tempo de matar a bactéria). Ação: desnaturação de proteínas, dissolve lipídeo, desidratante. Não apresentam ação contra esporos e vírus não-envelopados. Iodóforos Iodo: solução de 1 – 2% - pele Ação: oxidantes Iodóforos: atuam como carreadores e agentes solubilizantes do iodo. Digluconato de Clorexidina Mais ativo contra microrganismo Gram +, baixo poder de toxicidade, incompatível com sabões e detergentes aniônicos. Ação: oxidação, ruptura de membrana com precipitação do conteúdo celular. Formulações: - Solução aquosa detergente não aniônica de clorexidina a 4 % + álcool isopropílico a 4 % ou 7 % de álcool etílico-> inadequado para uso hospitalar. - Solução de digluconato de clorexidina a 0,5 % em álcool 70 %-> reduz em uma aplicação 85 % a 96 %. Ação residual de 6 horas. Usados na forma de lenços umedecidos, friccionando por 60 segundos sobre a superfície. Triclosan Antisséptico de ação lenta. É insolúvel em água; solúvel em etanol, etc. Não é toxico – presente em sabões medicinais, detergentes, desodorantes, etc. Ação: desorganização da membrana celular e inibição inespecífica (?) de enzimas. 3ª AULA Infecções bacterianas do SNC Apenas o Meningococo tem o poder de causar epidemia de meningite. O SNC é altamente vascularizado, e essa vascularização é a porta de entrada de microrganismos. Não são todas as bactérias que conseguem, mas o meningococo tem mais facilidade. LIQUOR É produzido no plexo coroide; Nos adultos, é produzida uma taxa de 20 mL/h, é renovado em média a cada 6 hr; A produção do líquor é controlada pelas barreiras hematoencefálica e hematoliquórica, que também protegem contra agentes externos; Diferentes funções; Protege mecanicamente o tecido cerebral; Atua como um lubrificante, evitando o atrito com o crânio; Realiza coleta de resíduos, faz circular nutrientes e varia sua produção de acordo com a pressão intracraniana; MENINGITE AGUDA Inflamação das meninges; Principais sintomas: cefaleia, irritação, náuseas, vômitos, febre, rigidez na nuca, letargia; Etiologia: - Haemophillus influenzae - Neisseria meningiditis - Streptococcus pneumoniae - Streptococcus agalactiae - Outros bacilos Gram + e cocos Gram – Meningite bacteriana – fatores de virulência Cápsula – os protege contra a fagocitose; Protease de IgA; Pili – estrutura proteica, e fazem intermediação com a célula do hospedeiro; Endotoxina – só tem em Gram – Proteína de me Neisserias Importância do estudo do gênero; Classificação: Neisseria gonorrhoeae – gonococo Neisseria meningiditis – meningococo (diplococos Gram - ) QUADROS CLÍNICOS MAIS COMUNS EM DOENÇA MENINGOCÓCICA Neisseria meningiditis -> Pode causar: 1) Meningite 2) Meningococcemia -> é mais perigosa do que a meningite. É uma proliferação acelerada das bactérias, no sangue. A membrana externa das Gram – é um grande fator de virulência. As proteínas desta membrana contribuem na aderência da bactéria na célula e na invasão. Todo o processo inflamatório da meningite é causado, principalmente, pelo lipídeo A do lipopolissacarídeo (LPS), que é o que chamamos de endotoxina. Nas Neisserias, não é LPS, e sim LOS (lipooligassacarídeo), pelo fato de não possuir a ultima parte do LPS. O meningococo possui a capsula, constituída por polissacarídeos. Estes são responsáveis pela divisão dos meningococos em sorogrupos. A cápsula vai dividir os meningococos por grupos sorológicos, representados por letras: A, B, C, W, X, Y, Z e E. Os anticorpos para cada grupo protegem as células. Há vacinas para os grupos, menos para o B, e é o principal incidente no Brasil e no mundo. Não há vacina devido à sua composição, que tem acido acetilneuramínico, substância presente nos tecidos, ou seja, não há anticorpos para esse grupo. A maior incidência de meningococos é em crianças de até 2 anos, porem a vacina não é tão eficaz nessa idade. Por conta disso, estão sendo estudados outros antígenos das bactérias, como NadA, Porina A e Porina B, FetA, Tbp 1,Tbp 2 e Lbp. A vacina disponível é polissacarídica, mas não é eficaz, então devem-se encontrar antígenos que sejam eficazes, e que sejam proteicos. Patogenia da Meningite *A resistência orgânica do paciente é que diz qual é a gravidade. A meningococcemia é mais fácil de ser observada em locais como a pele, hemorragia bilateral das suprarrenais, choque séptico, coagulação intracelular disseminada. Haemophilus (Hemophilus) Bastonetes Gram -, pleomórficos (tem várias formas na lâmina, com predominância dos bastonetes). São nutricionalmente exigentes e comensais de mucosas do trato respiratório. Colonização da nasofaringe Invasão local Corrente sanguínea Paciente imune Bactéria eliminada Paciente não imune ALTO RISCO! Bacteremia (pouca multiplicação) Meningite Meningococcemia (intensa multiplicação) Alto risco de morte; Coagulação intracelular disseminada; Hipotensão/choque; Talvez meningite, se o caso não se agravar antes; Gênero Hemophilus Fatores de crescimento presentes no sangue (fatores x e v)-> condicionam o crescimento do hemófilos. Fator x: corresponde a um grupo de compostos tetrapirrólicos fornecidos por pigmentos que contém ferro (hemina, hematina). Fator y: é o NAD (coenzima I) ou NADPH (coenzima II). Prefixo “para”: espécies que só precisam do fator v. Amostras: capsuladas ou não. As capsuladas podem causar meningite, as não capsuladas podem causar infecções locais, como otite média. Capsuladas: seis sorotipos capsulares(de a até f, sendo 90 a 95% causadas pelo sorotipo b). Não capsuladas: não tipáveis. Sorotipo: varia de acordo com a composição química da cápsula. Cápsula polissacarídica do sorotipo b (mais virulento): composta de polirribosil fosfato (PRP)-> protege da fagocitose. PATOGENESE 1) Colonização (vias aéreas superiores): células epiteliais não ciliadas; 2) Disseminação local ou sistêmica: - não capsulada: local-> ouvido médio, seios nasais, etc. - capsulada: sistêmica-> meningite, etc. As diferenças da pneumonia da capsulada e não capsulada é que a capsulada pode disseminar para o sangue e não capsulada fica só no pulmão (da não capsulada é menos grave). Epidemiologia Taxa de mortalidade: 3-6 % Prevalece em crianças menores de 6 anos Crianças maiores de 6 anos e adultos: Fatores predisponentes: sinusite, otite média, epiglotite, pneumonia, diabetes mellitus, alcoolismo, traumatismo craniano, imunodepressão, etc. Sorotipo capsular b (95 %) doença invasiva. Vacinação (só para o tipo B) PRP purificado, conjugado a proteína carreadora; Em crianças acima de 2 meses de idade; Streptococcus pneumoniae Um dos principais patógenos humanos (Gram +). Estreptocócicas invasivas ou não invasivas. Infecções pneumocócicas: Otite média; Pneumonia; Conjuntivite; Bacteremia; Meningite; População de risco - Idosos; - Crianças com menos de 2 anos; - Pacientes imunodeprimidos; - Portadores de anemia falciforme; Epidemiologia - Alta taxa de mortalidade; - 90 sorotipos: 18 são responsáveis por 82% dos casos de bacteriemia estreptocócica - meningite; - Fatores predisponentes (para meningite): Pneumonia, otite média, sinusite, etc. Imunodeprimidos, desnutrição, alcoolismo, tumor, etc. Patogênese da infecção pneumocócica - Fatores de virulência: principal é a cápsula. Estreptococcus agalactiae Cocos Gram + , estreptococos do tipo b; Cerca de 25% das grávidas possuem no canal vaginal, em alguns casos, infectando a criança no momento do parto; Fatores de virulência: Cápsulas; Enzimas; Colonizam o trato gastrintestinal, vagina; Diagnostico das bactérias que infectam o SNC É feita coleta de líquor, através espaço subaracnóide. Logo após a coleta é feita coloração de Gram. Colonização Transpasse da barreira mucosa Invade a corrente sanguínea Infecção local Meningite sepse Pneumonia com bacteremia Otite média, sinusite, pneumonia bacteremica INFECÇÕES BACTERIANAS DO TRATO RESPIRATÓRIO SUPERIOR E INFERIOR Sistema respiratório superior: nariz, faringe (porção da garganta), ouvido médio e as tubas auditivas, seios da face e ductos nasolacrimais. Proteção: pelos do nariz, membrana mucosa no nariz (muco e cílios),garganta- mucosa ciliada, tecidos linfoides: tonsilas e adenoides. Sistema respiratório inferior: laringe, traqueia, tubos brônquicos e dos alvéolos. Sacos de ar: (tecido pulmonar – O2 e CO2): troca gasosa com o sangue e pulmões. Para onde vão as partículas aprisionadas? - Laringe, traqueia e brônquios-> garganta. - Pulmão-> macrófagos. Colonização A presença permanente ou transitória de qualquer microrganismo aderido à pele ou às membranas mucosas do hospedeiro, dissociada de sinais ou sintomas de doenças infecciosas. Infecção A reação à presença de um agente pode ser detectada por uma resposta do hospedeiro verificada em teste laboratorial (presença de anticorpos, moléculas inflamatórias) acompanhada ou não de sinais ou sintomas de doença infecciosa. Faringite e amigdalite Faringite aguda (patógenos bacterianos): Streptococcus pyogenes, Corynebacterium, Haemophilus influenzae, Neisseriae gonorrhoeae. Cerca de 90 %-> Streptococcus pyogenes Complicações: otites, mastoidites e sepse Faringite: pode se acompanhar de escarlatina Outras infecções: piodermite - Otite média: inflamação que leva otalgia. Streptococcus pneumoniae (35 %), Haemophilus influenzae (30 %) - Otite externa: Staphylococcus aureus, canal externo tem microbiota similar a da pele. - Sinusite: patogênese similar a da otite média. Streptococcus pyogenes Transmissão: Nas vias áreas superiores (faringe) ou na pele. Faringe: transmitido por meio de gotículas e a primeira etapa da infecção consiste em sua adesão ao epitélio da mucosa. Há a atuação de várias adesinas. Infecções cutâneas: contato com pacientes, traumas, picadas de insetos, cirurgias, e outros meios. Patogênese: Infecção: se vencer os mecanismos de defesa do organismo e por fatores de virulência. Inativar o complemento e ter sua presença mascarada pela cápsula. Escarlatina Cepas lisogênicas que produzem toxinas eritrogênicas; 1 a 2 dias após a faringite. Rash cutâneo no tórax e depois nas extremidades. Erisipela e celulite Síndrome do choque toxico estreptocócico: Infecções do tecido mole extensivas e invasivas. Sorotipos responsáveis: M1 e M3. Produzem toxinas dos tipos SpeA e SpeC. Elevado índice de mortalidade (40 %). Outras doenças Causa abscesso periamigdaliano, que é uma complicação incomum da dor de garganta estreptocócica não tratada. Otite média, sinusite, etc. Escarlatina: toxina eritrogênica se dissemina através do corpo e se localiza na pele. Complicações não piogênicas Febre reumática e cardiopatia reumática (após faringite). Glomerulonefrite aguda (após faringite e piodermite). Febre reumática Lesões inflamatórias não supurativas (sem pus)-> coração, articulações, tecido subcutâneo e SNC. Indivíduos que sofrem um episodio de febre reumática são predispostos a outros episódios, em consequência das infecções estreptocócicas subsequentes das vias áreas superiores. 2 a 4 semanas após a dor de garganta. Anticorpos formados para os antígenos de parede celular dos estreptococos reagem com o sarcolema do coração humano e outros tecidos – formam-se granulomas (nódulos de Aschoff). Tratamento: Penicilina Portador: Aquele que faz terapia inadequada, ou persistência, ou nova cepa. Profilaxia da febre reumática: Antibioticoterapia prolongada para evitar recorrência. Diagnóstico Cocos Gram +, catalase -, apresentam β-hemólise em Agar sangue, são sensíveis à bacitracina, outras prova bioquímicas, sorogrupo A. Padrões de hemólise: β -> ruptura completa dos eritrócitos e perda da coloração vermelha. α-> ruptura parcial dos eritrócitos com halo esverdeado. γ-> ausência de hemólise. Faringite – diagnóstico Finalidade-> detectar a presença de S. pyogenes para tratamento com eliminação do microrganismo e prevenção de complicação piogênica e não piogênica. Método > Cultura de espécime colhido de orofaringe Espécime clínico > Secreção de orofaringe colhida com swab •Procedimentos microbiológicos: 1) Semeadura em ágar-sangue -> Semear por esgotamento. Incubar por 18-24h. 2) Observar as características das colônias e hemólise Colônias beta-hemolíticas -Coloração de Gram > Observar coloração,forma e agrupamentos (cocos Gram- positivos em cadeias) -Teste da catalase > Resultados negativos H2O2 + H2O2 Catalase 2H2O + O2
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