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Direito Administrativo Prof. Celso Matéria: Permissão e Concessão - Lei 8.987/95 18/05/2011 Art. 175 – “Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos. Parágrafo único - A lei disporá sobre: I - o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o caráter especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as condições de caducidade, fiscalização e rescisão da concessão ou permissão; II - os direitos dos usuários; III - política tarifária; IV - a obrigação de manter serviço adequado.” A lei 8.987/95 veio para regulamentar o Art. 175, p.ú, da CF – criando normas gerais sobre concessões e permissões. Esta lei tem aplicabilidade para as 4 esferas de governo – Federal, Estadual, Distrital e Municipal. Obs.: A lei não proibe a possibilidade de cada Estado editar a sua própria norma específica, porém jamais poderá contemplar as regras da lei de âmbito nacional (8.987/95). Nesta lei iremos verificar: 1. Serviço Público Adequado (Art. 6º, da lei): Serão destacadas duas características do serviço público adequado, por conta da repercursão envolvida sobre eles: continuidade e tarifas módicas. a) Continuidade: Como regra geral, a execução de um serviço público não pode ser paralizado (interrompida). Se houver esta paralização à execução do serviço – estaremos diante de uma ilegalidade, razão pela qual quem se sentir prejudicado poderá socorrer os seus direitos no Judiciário. Exceções: Situações em que a paralização do serviço se revela legítima (Art. 6º, p.3º, da lei): - Poderá ser paralizado, diante de uma situação emergencial (imprevisível). Obs.: Não existe a necessidade da realização de aviso prévios aos usuários. - Realização de reparos aos serviços de manutenção (situação previsível). Obs.: Deverá ser realizado o aviso prévio aos usuários, por óbvio não precisará ser personalizado, porém este aviso será feito com tempo suficiente para que os usuários se programem diante de uma paralização. - A lei admite a paralização para o usuário inadimplente, tendo por finalidade preservar os interesses da sociedade/coletividade. Obs.: Deverá ser realizado o aviso prévio, caso contrário será considerada indevida a interrupção do serviço. Ex.: Corte de luz. Divergência entre doutrina e jurisprudência: Decorre da Lei 8.078/90 (CDC), pois esta lei não dispõe sobre a possibilidade do corte do serviço público, ao contrário do Art. 22 que dispõe – independente de quem esteja à frente da execução do serviço, principalmente se for de caráter essencial não poderá ser paralizado. Art. 22. “Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos. Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigações referidas neste artigo, serão as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados, na forma prevista neste código.” Obs.: O Código de Defesa do Consumidor, recebe esta denominação porque? Resp.: Por exigência da CF, em seu Art. 5º, XXXII (cláusula petrea). Art. 5º XXXII – “O Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor.” b) Tarifas Módicas: Tarifa representa a principal fonte de arrecadação do concessinário e do permissionário, ou seja é através da cobrança que eles procuram rever os investimentos já realizados e também de garantir a sua margem de lucro. O serviço será adequado quando: for cobrado por tarifa módica. Se não for módica (acessível) – a tarifa cobrada será considerada ilegal, razão pela qual poderá ser levada à reconhecimento do Judiciário. Entende-se por tarifa módica, o sinônimo de tarifa acessível ao usuário comum do serviço. Art. 7º IV – “Salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim.” 2. Direitos dos Usuários de Serviços Públicos (Art. 7º, da lei): A lei dispõe de forma explícita, sem prejuízo do disposto no CDC, os direitos dos usuários, são eles: - Tem direito subjetivo a prestação de um serviço adequado. - Tem direito subjetivo à obtenção de informações, em relação aos serviços que estão sendo prestados. Obs.: Portanto, tem direito ao acesso da planilha de custas para saber o motivo que levou o aumento de uma tarifa, p.ex: qual o motivo da elevação do preço da passagem de ônibus. O usuário irá utilizar de um Mandado de Seguraça, para obter tais informações. Tal possibilidade do direito de informações, também encontra previsão no Art. 5º, XXXIII, da CF além da previsão do Art. 7º, da lei. Art. 5º XXXIII – “todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.” 3. Política Tarifária (Art. 8º/11, da lei): Quem autoriza a mudança no valor da tarifa durante a execução do serviço é o Poder Público, pois ele é o titular do serviço, independente de repassar a execução aos particulares. Obs.: O aumento da tarifa poderá ser realizado, porém jamais poderá ser autorizado a natureza módica (deve ser acessível), caso contrário estaremos diante de uma ilegalidade. 4. Responsabilidade por danos, contraídos juntos à terceiros, durante uma concessão ou permissão (Art. 25): Danos Causados: ao Poder Público (titular do serviço), usuários e terceiros – quem responde é o concessionário. A má fiscalização do Poder Público, não serve de justificativa para afastar a responsabilidade do concessionário. Como responde? Se o dano for resultante da prestação de um serviço público – a responsabilidade será objetiva, independente de quem estava à frente de sua execução. Foi prestigiada a natureza do serviço público como – objetiva. Responsabilidade objetiva, significa que não é subjetiva, ou seja, não é baseada em culpa ou dolo. O prejudicado não precisará provar culpa ou dolo, mas terá que comprovar o nexo de causalidade/nexo causal, para fazer jus à indenização. Conceito de Nexo Causal: É a relação de causa e efeito entre o fato ocorrido e as consequências dele resultantes. 5. Subconcessão (Art. 26, da lei): O concessionário poderá levar à efeito uma subconcessão (transferir parte do objeto da concessão para terceiros). Exigências para ocorrer a subconcessão: - Deve existir previsão para ocorrência da subconcessão no contrato de concessão; - Autorização do Poder Público (titular da execução); -Tem que abrir licitação; - O 3º para quem a parte do serviço será repassado – sub-roga-se em direitos e obrigações, perante o Poder Público. O Art. 27, da lei dispõe que durante a vigência da concessão se houver alteração do quadro diretivo da concessionária (troca de empregador) ou transferência de serviços para terceiros, sem autorização do Poder Público – isto será motivo de encerramento prematuro da concessão. 6. Causas Extintivas: Na parte final desta lei, encontraremos as causas de extinção das concessões – apartir do Art. 35. São causas extintivas: - Termo; - Encampação; - Caducidade; - Rescisão. As 4 (termo, encampação, caducidade e rescisão) surgem como causas de extinção das concessões, o que varia uma da outra é o fato gerados.1º Termo: Causa de extinção das concessões, por força do término do prazo inicialmente previsto. É a única que representa uma causa de extinção natural, as demais causas são prematuras. 2º Encampação: Causa de extinção das concessões, durante a sua vigência (prematura), por razões de interesse público (que se sobrepõe ao do particular). Se não deu causa a extinção prematura – terá direito de indenização, Art. 37, da lei.
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