Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Direito Administrativo Prof. Celso Matéria: Dos Bens Públicos/ Responsabilidade do Estado/ Direito de Propriedade. 31/05/2011 Dos Bens Públicos: 1. Regime Jurídico dos Bens Públicos: Características: - Inalienabilidade; - Imprescritibilidade; - Impenhorabilidade. a) Inalienabilidade: Significa, que como regra geral os bens públicos não podem ser alienados, porque pertencem a coletividade. Excepcionalmente, permite-se alienação quando houver uma situação de interesse público, desde que, seja aberta uma licitação. Esta abertura da licitação só não ocorrerá – se for para dentro da própria Administração Pública. b) Imprescritibilidade: Significa, que os bens públicos não podem ser adquiridos por usucapião. Obs.: Não importa qual bem – comum, especial ou dominical. c) Impenhorabilidade: Significa, que os bens públicos não podem ser penhorados. Motivo – Não podem ser penhorados, porque a penhora de bens públicos poderia atingir o Art. 100, da CF – este dispositivo dispõe que a execução em face da Fazenda Pública ocorre por precatórios, que deverão ser liquidados na ordem cronológica da sua apresentação. Portanto, os bens públicos, não podem ser dados em garantia por força de terceiro. Art. 100. “Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim.” Instrumentos que permitem a transferência do uso para particulares, são a: - Autorização; - Permissão; - Concessão. A diferença básica entre estes instrumentos é o grau da precariedade de cada um deles. Autorização: Ato administrativo unilateral, discricionário e precaríssimo, através do qual transfere-se o uso de bens públicos para particulares. O fato de ser unilateral e discricionário – significa, que não precisa da autorização de ninguém para realizar à autorização. O fato de ser precaríssimo – significa, que poderá ser desfeita à autorização a qualquer momento, sem o pagamento de indenização. Ex. de autorização: Fechamento de uma rua para fins de semana – festas de rua. Permissão: Ato administrativo unilateral, discricionário e precário, através do qual transfere-se o uso de bens públicos para particulares. O fato de ser precário – significa, que à Administração pode desfazer o ato quando quiser. A permissão é utilizada em situações de menor prazo. Exs. de permissão: Boxes em mercados municipais; colocação de mesas e cadeiras em frente de estabelecimentos comerciais. Concessão: É um contrato administrativo, através do qual, por prazo determinado, tranfere-se o uso de bens públicos para particulares. Se é por prazo determinado (contrato) – não pode mais ser cogitado o desfazimento da concessão à qualquer tempo, como acontece com à autorização e a permissão. Portanto, inexiste o grau de precariedade, razão pela qual este instrumento fornece maior estabilidade para os particulares. Ex. de concessão: Construção de restaurante em aeroporto. Responsabilidade do Estado: 1. Definição: É a obrigação atribuida ao Poder Público de indenizar os danos causados à terceiros, pelos seus agentes, agindo nesta qualidade. 2. Localização: Art. 37, p.6º, da CF. Art. 37 § 6º “As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.” a) O Estado responde (indenizará): Quando o dano, tiver sido causado por seus agentes. Obs.: Agentes – É toda as pessoas que estão dentro da Administração, não importando à que título (se ingressou com concurso ou sem concurso). Agentes Públicos – Envolve agentes políticos, servidores (funcionários e empregados temporários), particulares em colaboração para com o Estado. Obs.: Os agentes públicos, respondem por improbidade administrativa, conforme o Art. 1º e 2º, da Lei 8.429/92. Art. 1° “Os atos de improbidade praticados por qualquer agente público, servidor ou não, contra a administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de empresa incorporada ao patrimônio público ou de entidade para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais de cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita anual, serão punidos na forma desta lei. Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades desta lei os atos de improbidade praticados contra o patrimônio de entidade que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público bem como daquelas para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com menos de cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita anual, limitando-se, nestes casos, a sanção patrimonial à repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos.” Art. 2° “Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior.” b) Agindo nesta qualidade: Isto significa que, não basta que o dano tenha sido causado pelo agente para o Estado ser responsabilizado, deve ser necessário que ele esteja atuando na qualidade de agente, pois se estiver agindo como simples particular – o Estado não será responsabilizado. c) Responsabilidade Objetiva: Preenchidos estes pressupostos (letra “a” e “b”) – o Estado responde objetivamente (a responsabilidade não é baseada em culpa ou dolo). A base para a responsabilidade objetiva se encontra no nexo de causalidade ou nexo causal (que é a relação de causa e efeito entre o fato ocorrido e as consequências dele resultantes). d) Risco Administrativo: A responsabilidade se apresenta na variante do risco administrativo. Acionado em juízo o Estado só responde pelos danos que efetivamente tenha causado à terceiros, abrindo-se a possibilidade de invocar em sua defesa – excludentes ou atenuantes de responsabilidade. - Caso fortuito; - Força maior; - Culpa da vítima. Conclusão: Diante destas 3 situações, uma vez acionadas em juízo o Estado poderá excluir ou atenuar a sua responsabilidade, pois só responde pelos danos efetivos, causados por ele ou por seus agentes. O Estado voltará contra o agente responsável pelo dano causado à terceiros, via Ação de Regresso. Pressupostos para o ingresso da Ação de Regresso: - Quando o Estado não tenha sido condenado (na primeira ação contra ele proposta); - A responsabilidade do agente é subjetiva, baseada nos conceitos de culpa ou dolo. *Exceções Doutrinárias – Quanto a Responsabilidade Objetiva e o Risco variantes Administrativo: 1º Responsabilidade Subjetiva do Estado: Quando o dano experimentado por terceiros for resultante de uma omissão. 2º Risco: O risco será integral. No risco integral, o Estado responde por qualquer dano experimentado por terceiros, ainda que, não tenha sido o seu causador. Acionado em juízo – não poderá invocar em sua defesa excludentes ou atenuantes de responsabilidade. A única variante do risco integral, será quando – o dano for resultante de um atentado terrorista em aeronave brasileira. Direito de Propriedade 1. Localização: a) Art. 5º, “caput”, da CF: Assegura o direito à propriedade. Portanto, o direito de propriedadeé um direito fundamental – cláusula pétrea. Art. 5º - “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes...” b) A CF, novamente em seu Art. 5º, XXII: Garante o direito à propriedade. Art. 5º XXII – “é garantido o direito de propriedade.” 2. Existe a extensão sobre bens móveis, imóveis, materiais e imateriais. Ex.: Bens imateriais – direito de propriedade eleitoral. O direito de propriedade não tem natureza absoluta, porque em algumas situações o seu proprietário poderá perde-lo. Perderá a propriedade, quando: - Tiver cometido uma inconstitucionalidade; - Ou por razões de interesse público. Perda por razões de interesse público: Fundamento – O proprietário perde, por supremacia do interesse público, sobre o do particular. Ex.: A propriedade poderá ser perdida quando – para alargar uma avenida, construir uma delegacia ou escola etc (realizado, por meio de intervenção). O proprietário, diante da perda, fará jus a uma indenização, que deverá ser prévia, justa (valor de mercado) e em dinheiro, conforme o Art. 5º, XXIV, da CF. Art. 5º XXIV – “a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição.” A propriedade poderá ser perdida, quando o seu proprietário cometer uma inconstitucionalidade: Não der à sua propriedade uma função social, conforme o Art. 5º, XXIII. Art. 5º XXIII – “a propriedade atenderá a sua função social.” Função Social da Propriedade: - Urbana; - Rural. -Urbana: A função social será cumprida (Art. 182, p.2º, da CF), quando ela atender as diretrizes fixadas no plano diretor. Art. 182 § 2º - “A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor.” Plano Direitor (Art. 182, p.1º, da CF): É um instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana. Obs.: É o diploma legal que estabelece regras para que uma cidade possa crescer, de forma organizada, tendo por finalidade evitar o caos urbano. O plano diretor como regra principal – estabelece o zoneamento. Art. 182 § 1º - “O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana.” - Rural: próxima aula.
Compartilhar