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XXXIII EXAME DE ORDEM DIREITO ADMINISTRATIVO Professor José Aras 2 https://www.cursocejas.com.br/ BENS PÚBLICOS 1. ESPÉCIES DE BENS PÚBLICOS • São aqueles que que se destinam à utilização geral pela coletividade. • São bens afetados, ou seja, utilizados para uma finalidade pública. • Exemplos: Ruas, Praças, Mares, Meio ambiente, etc. Bens de Uso Comum do Povo • São aqueles ligados a prestação de serviços ou políticas públicas. • São bens afetados, ou seja, utilizados para uma finalidade pública. • Exemplos: Veículos oficiais, Prédios públicos e Terras indígenas. Bens de Uso Especial • São aqueles sem uso. • São bens desafetados, ou seja, sem destinação específica. • Exemplos: Terras devolutas, Terrenos de Marinha, etc. Bens Dominicais Os bens públicos são aqueles titularizados pelas pessoas jurídicas de direito público. Os demais bens são bens privados, a exemplo dos bens das empresas públicas e das sociedades de economia mista. A Constituição Federal traz, de forma meramente exemplificativa os bens da União (art. 20) e dos Estados (art. 26). 3 https://www.cursocejas.com.br/ Observações: • A afetação ou desafetação do bem ocorre através da lei, fato administrativo ou ato administrativo. • A desafetação de imóveis da administração pública direta autárquica e fundacional somente se efetiva por meio de lei específica. • O simples uso é capaz de afetar um bem público, porém, o simples não uso, não desafeta o bem público. 2. CARACTERÍSTICAS DOS BENS PÚBLICOS a) Impenhorabilidade: significa dizer que o bem público não se submete a penhora. É por isso que a execução contra a Fazenda Pública se dá pelo sistema de precatório (é uma ordem de pagamento; quando o judiciário manda pagar conforme a ordem orçamentária – art. 100 da CF). Obs.: além dos bens públicos, os bens privados gozarão da impenhorabilidade enquanto estiverem afetados ao interesse público. Ex: carro alugado para a polícia; frota de ônibus de concessionárias e estação de tratamento de água e esgoto. b) Não-onerabilidade: o bem público é não-onerável, ou seja, não se sujeita ao ônus, a hipoteca, penhor e anticrese. → Princípio da indisponibilidade dos bens públicos. c) Imprescritibilidade: significa que o bem público não está sujeito à usucapião. - Súmula 340 do STF: Segundo a súmula, desde a vigência do Código Civil, os bens dominicais, assim como os demais bens públicos, não podem ser adquiridos por usucapião. A regularização dos bens públicos se efetiva por dois institutos: 1. Concessão real de uso: art. 7º do DL 271/67. 4 https://www.cursocejas.com.br/ 2. Concessão especial de uso para fins de moradia: Medida Provisória 2220/2001. d) Inalienabilidade: não é absoluta. Significa que o bem não pode ser vendido a terceiros, como regra. Nesse caso aqui, “alienação” se refere apenas à venda, embora tenha outras espécies, como dação em pagamento, permuta, etc. Obs.: das quatro características dos bens públicos, as três primeiras são absolutas, isto porque a inalienabilidade admite exceções. Assim, os bens públicos podem ser vendidos a terceiros, desde que obedeça a quatro condições (cumulativas): 1. Avaliação prévia; 2. Demonstração do interesse público na venda; 3. Desafetação (mediante Lei); 4. Licitação (modalidade de leilão). Se o bem for imóvel ou móvel, a licitação será na modalidade leilão. Observações: • Além dos bens públicos, os bens privados que estiverem afetados ao serviço público gozam também da impenhorabilidade enquanto estiverem servindo a coletividade. É o que acontece, por exemplo, com veículos privados alugados à administração para utilização como viatura policial. • No quesito da Inalienabilidade, se o bem for imóvel, em regra, a modalidade de licitação será a concorrência. Se for bem móvel, a modalidade é o leilão, tudo isso na forma do art. 17, I e II da Lei 8.666/93. 5 https://www.cursocejas.com.br/ 3. USO DO BEM PÚBLICO 3.1. Quanto à destinação 3.2. Quanto ao destinatário Observações: • A concessão de uso constitui modalidade de contrato administrativo, precedido de licitação e tem prazo definido. A rescisão antecipada gera direito à indenização ao concessionário. • A permissão de uso é doutrinariamente equiparada à autorização de uso, que, por sua vez, se consubstancia em um ato administrativo unilateral, discricionário, precário. Normal Será normal, quando realizada em conformidade com a destinação própria do bem. Anormal Será anormal, quando realizada em desacordo com a destinação. Por exemplo, o uso de vias públicas para desfile de carnaval. Comum Todos fazem uso do bem público, sem necessidade de consentimento da administração. O uso comum pode ser gratuito ou remunerado. Privativo Apenas uma pessoa faz uso do bem público, necessitando do consentimento da administração pública. Esse consentimento é feito mediante Concessão, Permissão ou Autorização de uso. 6 https://www.cursocejas.com.br/ • A característica da precariedade se explica pelo fato de não ter prazo preestabelecido. De modo que a revogação, que pode ser feita a qualquer tempo, não dará direito a indenização. • Vale consignar que quando a permissão ou a autorização for consentida com prazo preestabelecido (permissão ou autorização qualificada ou condicionada), a revogação antecipada dará direito a indenização. QUESTÕES DE TREINO: 1. O governo estadual, após receber a solicitação do município, decide autorizar por três anos a utilização gratuita, pelo município, de um imóvel público estadual que se encontra desocupado, a fim de que lá seja instalado um órgão municipal de atendimento à educação. Nessa hipótese, a utilização do bem estadual é feita mediante o seguinte instrumento jurídico: A) concessão de direito real de uso B) autorização de uso C) concessão de uso D) permissão de uso E) cessão de uso 2. Um prédio que sirva de sede para um órgão da administração direta federal é exemplo da seguinte espécie de bem público: A) de uso comum do povo B) de uso especial C) dominical D) dominial E) alodial 3. Os bens dominicais (A) podem ser alienados por meio de institutos privados. 7 https://www.cursocejas.com.br/ (B) são afetados a uma finalidade pública específica. (C) são aqueles que pertencem a todos, como por exemplo, mares e praças. (D) não podem ser alienados, seja por meio de institutos privados ou públicos. 4. As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios em caráter permanente, utilizadas para suas atividades produtivas e imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e às necessidades de sua reprodução física e cultural são consideradas bens: a) públicos de uso especial, pertencentes à União. b) públicos de uso especial, pertencentes ao estado em que se localizem. c) públicos de uso especial, pertencentes ao município em que se localizem. d) públicos dominicais, pertencentes à União. e) particulares, pertencentes à comunidade indígena respectiva. 5. Com relação aos bens públicos, pode-se afirmar: I - o transcurso do tempo, dependendo de situações concretas, pode resultar em apropriação por terceiros; II - segundo a Constituição Federal, mostra-se defeso a incidência de execução forçada sobre os bens públicos; III - a Constituição Federal veda, atualmente, apenas a usucapião de imóveis públicos situados em zona urbana; IV - a inalienabilidade não se apresenta em caráter absoluto, existindo leis que disciplinam a alienação de bens públicos. a) todas as proposições estão corretas; b) todas as proposições estão incorretas; c) apenasa proposição II está correta; d) estão corretas as proposições II e IV; e) estão corretas as proposições I e II. 8 https://www.cursocejas.com.br/ 6. Assinale a opção em que todos os bens sejam considerados de uso comum do povo. a) prédios da sede da prefeitura, ruas e veículo policial b) ruas, praças e veículo policial c) mares, estradas e praças d) rios, mares e prédios da sede da prefeitura 7. Terras devolutas são as: a) faixas de terras particulares, marginais dos rios, lagos e canais públicos, na largura de quinze metros, oneradas com a servidão de trânsito. b) ocupadas pelos índios. c) banhadas pelas águas do mar ou dos rios navegáveis. d) pertencentes ao domínio público de qualquer das entidades estatais, que não se acham utilizadas pelo poder público nem destinadas a fins administrativos específicos. 8. Assinale a opção correta: a) Os bens públicos de uso comum do povo são penhoráveis; b) Os bens públicos de uso especial podem ser alienados enquanto mantiverem essa característica; c) Os bens públicos dominicais estão sob o domínio público, sendo impenhoráveis, porém podem ser usucapidos; d) Os bens públicos são imprescritíveis. 9. Sobre os bens públicos, observe as seguintes proposições: I. A afetação é a destinação do bem público à satisfação das necessidades coletivas e estatais, do que deriva inclusive a sua inalienabilidade, sendo decorrente ou da própria natureza do bem ou de um ato estatal. 9 https://www.cursocejas.com.br/ II. Os bens públicos de uso comum e de uso especial não podem ser desafetados, diante do regime jurídico a que se sujeitam. III. Uma diferença fundamental entre bens dominicais e outras espécies de bens públicos consiste na possibilidade de alienação daqueles, desde que respeitadas as exigências e formalidades previstas em lei. IV. Os bens dominicais, assim como os demais bens públicos, não podem ser adquiridos por usucapião. V. Apesar de inalienáveis, os bens públicos afetados podem ser objeto de penhora quando a execução contra a Fazenda Pública tiver por objeto créditos de natureza trabalhista. a) somente as proposições I, II e III são corretas b) somente as proposições I, III e IV são corretas c) somente as proposições II, III e IV são corretas d) somente as proposições II, IV e V são corretas GABARITO DE BENS PÚBLICOS 1. E 2. B 3. A 4. A 5. D 6. C 7. D 8. D 9. B 10 https://www.cursocejas.com.br/ ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA Administração Direta e administração Indireta A Administração Pública pode ser exercida: I. De forma “Direta” ou “Centralizada” A própria pessoa jurídica de direito público desenvolve a função. Envolve a prestação de atividades e serviços públicos pela própria União, Estados, Distrito Federal e Municípios de forma desconcentrada por meio de seus órgãos públicos, isto é, unidades de atuação destituídos de personalidade jurídica própria. Por excelência os órgãos públicos são os ministérios e as secretarias. Considerando que esses órgãos são destituídos de personalidade jurídica própria, esses órgãos não têm patrimônio, servidores, nem responsabilidade jurídica próprias. Sua atuação é imputada à pessoa jurídica que esse órgão integra, conforme teoria do órgão (também chamada de teoria da imputação volitiva). Os órgãos públicos independentes e os autônomos gozam de personalidade judiciária, podendo, portanto, demandar em juízo, no polo ativo, na defesa de prerrogativas próprias, conforme previsto na súmula 525 do STJ, que se aplica às Casas Legislativas. A Organização Administrativa estuda a maneira em que a atividade pública é desenvolvida no Brasil. Envolve a administração pública direta, indireta e as entidades paraestatais ou entidades do “terceiro setor”. 11 https://www.cursocejas.com.br/ II. De forma “Indireta” ou “Descentralizada” Cria-se uma nova pessoa jurídica para desenvolver a função determinada pela Administração Pública. Efetiva-se através da criação de novas pessoas jurídicas para desenvolver a função pública. Cria-se, assim, autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista (além de suas subsidiárias). As entidades que compõem a administração pública indireta são regidas por três princípios: Tutela, Especialidade e Legalidade. a) Tutela → Controle que a administração pública direta realiza sobre as entidades da administração pública indireta. A tutela (que não se confunde com a autotutela) não se realiza com vínculo de subordinação hierárquica, já que envolve diferentes pessoas jurídicas, dotadas, portanto, de autonomia. No plano Federal, a tutela denomina-se supervisão ministerial, como acontece, por exemplo, quando o ministério da previdência (órgão da União) controle o Instituto Nacional de Seguro Social (autarquia federal). b) Especialidade → Justifica a própria descentralização administrativa, uma vez que a criação dessas pessoas jurídicas se faz com o objetivo de prestar determinada atividade com alto grau de especialização. É o que acontece, por exemplo, com o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), autarquia federal que cuida da proteção do patrimônio histórico brasileiro. c) Legalidade → Aplica-se porque a criação de qualquer pessoa da administração pública indireta depende sempre de lei autorizativa, conforme regras insertas no art. 37, XIX e XX, da CF. Trata-se de lei ordinária específica, porque trata de um único tema. As autarquias e as fundações públicas de direito privado nascem diretamente da lei. 12 https://www.cursocejas.com.br/ Observação: • Frise-se que todas as entidades da administração pública (direta ou indireta) sujeitam-se a limitações públicas, dentre as quais a necessidade de realização de concurso público, licitação e controle financeiro, a cargo dos Tribunais de Contas. • As fundações públicas constituídas como pessoas jurídicas de direito privado têm sua criação autorizada mediante lei ordinária específica, são criadas por decreto e terão sua área de atuação definida em lei complementar. • As empresas públicas e as sociedades de economia mista nascem quando do arquivamento dos seus atos constitutivos na Junta Comercial ou Cartório de Pessoas Jurídicas competente. • A criação das subsidiárias também depende de autorização em lei ordinária específica. AS PESSOAS DESCENTRALIZADAS E SEUS RESPECTIVOS REGIMES JURÍDICOS AUTARQUIAS FUNDAÇÕES PÚBLICAS ENTIDADES ESTATAIS • Correspondem à personificação de um serviço público. • São sempre pessoas jurídicas de direito público que desenvolvem atividades típicas do estado (prestação de • Correspondem à personificação de um patrimônio público, e desenvolvem atividades complementares a do estado. Exemplo clássico é a Fundação Nacional do Índio (FUNAI). • São as Empresas Públicas e as Sociedades de Economia Mista. • São sempre pessoas jurídicas de direito privado, tendo vários pontos em comum, 13 https://www.cursocejas.com.br/ serviços públicos), sem finalidade lucrativa. • As autarquias gozam das mesmas prerrogativas das entidades da administração pública direta. Assim, seus bens são públicos; gozam de imunidade tributária recíproca; seus créditos são exigidos via execução fiscal; gozam de privilégios processuais (prazos dilatados, isenção de custas, intimação pessoal dos seus procuradores, foro privativo, duplo grau de jurisdição obrigatório, dentre outros). • As fundações públicas podem ser constituídas com personalidade jurídica de direito público ou de direito privado. Trata-se, essa diferença de “roupagem jurídica” de uma mera opção legislativa que não altera a natureza pública dessa entidade,de modo que às fundações aplica-se o regime jurídico de direito público, inclusive as mesmas prerrogativas das autarquias. • As fundações públicas se confundem com as fundações privadas, que são sempre pessoas jurídicas de direito privado e não integram a administração pública indireta, como, por exemplo, a Fundação Ayrton Sena, Fundação Roberto Marinho, Fundação Bradesco e Fundação José Aras. especialmente quanto ao seu regime jurídico de direito privado quanto às obrigações de natureza civil, comercial, trabalhista e tributária. Por isso mesmo seus bens sejam de natureza privada, suas obrigações comerciais em nada diferem dos contratos firmados pelas demais pessoas jurídicas de direito privado, não se aplicando a falência a essas entidades, entretanto. • Seus empregados são regidos pela CLT e essas pessoas jurídicas não gozam de imunidade ou isenções fiscais. • Vale ressaltar, entretanto, que quando essas 14 https://www.cursocejas.com.br/ Além das autarquias e fundações públicas comuns, existe no direito brasileiro as autarquias em regime especial (denominadas de agências reguladoras) e as agências executivas, isto é, autarquias e fundações públicas qualificadas pela assinatura de contrato de gestão. • O regime especial aplicado às agências reguladoras se consubstancia na maior extensão do seu poder normativo e na maior estabilidade conferida a seus dirigentes, na medida em que exercem mandato, de modo que somente podem perder o cargo em decorrência de renúncia, processo judicial ou administrativo, com garantia de ampla defesa e contraditório. entidades prestam serviços públicos, sem finalidade lucrativa (a exemplo da EBCT – “Correios”), sofrem uma maior interferência de normas de direito público e, por isso, terão algumas prerrogativas públicas, a exemplo de impenhorabilidade de seus bens e imunidade tributária. 15 https://www.cursocejas.com.br/ Após o exercício do mandato, o dirigente fica sujeito a um período de quarentena, continuando vinculado à agência e proibido de prestar serviços ao setor regulamentado, a fim de evitar que transfira informações privilegiadas. • Por sua vez, a qualificação das autarquias ou fundações públicas como agências executivas se realiza, como dito, por meio da assinatura de um contrato de gestão, através do qual essa entidade tem ampliada a sua autonomia, em troca do cumprimento de metas de desempenho, na forma do art. 37, §8º, da CF. O descumprimento dessas metas de desempenho implicará na 16 https://www.cursocejas.com.br/ desqualificação da entidade. AS “PARAESTATAIS” OU ENTIDADES DO TERCEIRO SETOR. • As entidades paraestatais são pessoas jurídicas de direito privado, que atuam sem finalidade lucrativa em prol dos interesses da coletividade. • Essas entidades preenchem uma lacuna deixada pelo Estado, quanto ao atendimento dos interesses coletivos e, por conta disso, gozam de um sistema de compensação pública, através do qual se valem da utilização de bens públicos, cessão de pessoal, isenções fiscais, assinatura de convênios e termos de parcerias, recebimento de contribuições parafiscais, dentre outros. • Classificam-se em três categorias: a) Entidades de Cooperação Governamental (serviços sociais autônomos - sistema “S”: SESI, SEBRAE, SEMATEC, SESC, SENAI); b) Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP’s); c) Organizações Sociais (OS’s). QUESTÕES DE TREINO: 1. Ocorre desconcentração administrativa quando: a) Pressupõe pessoas jurídicas distintas para desempenho de atividades públicas; b) Se reparte várias funções entre os vários órgãos despersonalizados de uma mesma Administração, sem quebra de hierarquia; c) O ente administrativo age por outorga, mediante supervisão ministerial; d) O ente administrativo age por delegação para execução de sua atividade, em nome próprio e sua conta e risco, observada a necessária tutela administrativa; e) A prestação de serviços pelo Estado é indireta e mediata, sem quebra de hierarquia. 17 https://www.cursocejas.com.br/ 2. Analisando as proposições abaixo: I - A administração pública federal indireta compreende as autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações públicas. II - A administração pública, no âmbito do Poder Executivo Federal, se constitui dos serviços integrados na estrutura administrativa da Presidência da República e dos Ministérios. III - Todas as entidades integrantes da administração pública indireta são dotadas de personalidade jurídica de direito privado. IV - As autarquias são entidades dotadas de personalidade jurídica de direito público. V – As empresas públicas são dotadas sempre de personalidade jurídica de direito privado. Assinale: a) se apenas as afirmativas I, II e III estão corretas; b) se apenas as afirmativas III e IV estão corretas; c) se apenas a afirmativa V está correta; d) se apenas as afirmativas IV e V estão corretas; e) se apenas as afirmativas I, II, IV e V estão corretas. 3. Sobre a autarquia não é correto afirmar-se: a) a autarquia, por tratar-se de um prolongamento do Poder Público, deve executar serviços próprios do Estado; b) a autarquia, por atuar em condições idênticas às do Estado, é entidade estatal; c) a instituição das autarquias faz-se por lei específica; d) as proibições de acumulação remunerada de cargos, empregos e funções atingem também os servidores das autarquias; e) dedicando-se à exploração de atividade econômica, impõe-se, nas relações de trabalho com os seus empregados, o mesmo regime das empresas privadas. 18 https://www.cursocejas.com.br/ 4. Quais, dentre as entidades abaixo, não ostentam a natureza de Autarquia? a) as agências reguladoras b) as empresas públicas c) as agências executivas d) as autarquias sob regime especial 5. Julgue: A gestão das agências reguladoras mereceu um tratamento legislativo especial, tendo em vista a complexidade de suas atividades. Entre as inovações constantes de seu regramento, está a figura da denominada “estabilidade” de seus dirigentes, materializado no fato de exercerem mandato. ( ) CERTO ( ) ERRADO 6. A empresa pública: a) é pessoa jurídica de direito público interno, criada por lei, com patrimônio próprio, exercendo função delegada pelo Estado; b) é pessoa jurídica de direito público interno, criada por lei, com patrimônio próprio, sem vínculo de subordinação hierárquica, exercendo funções típica do Estado; c) é pessoa jurídica de direito privado, criada por lei, com capital dividido entre o Estado e particulares, com patrimônio próprio, para a realização de serviço público ou atividade econômica, regendo-se pelas normas das sociedades anônimas, com as adaptações previstas na sua lei de criação; d) é pessoa jurídica de direito privado, criada por lei, com capital exclusivamente público, ainda que vindo de suas Administrações Indiretas, com patrimônio próprio, destinadas ao exercício de serviço público ou de atividade econômica de relevante interesse coletivo, podendo-se revestir de qualquer forma e organização empresarial; e) é pessoa jurídica de direito privado, criada por lei, com capital exclusivamente público, não se admitindo que venha de suas 19 https://www.cursocejas.com.br/ Administrações Indiretas, com patrimônio próprio, destinadas ao exercício de serviço público ou de atividade econômica de relevante interesse coletivo, podendo-se revestir de qualquer forma e organização empresarial. 7. Considere as seguintes proposições: I. A exploração direta de atividade econômica pelo Estado somente será permitida quando necessária aos imperativos de segurança nacionalou relevante interesse coletivo, conforme definido em lei, ressalvados os casos previstos na Constituição Federal. II. As empresas públicas e as sociedades de economia mista não poderão gozar de privilégios fiscais, não extensivos às do setor privado. III. A lei regulamentará as relações da empresa pública com o Estado e a sociedade. IV. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado. V. A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública da sociedade de economia mista, exceto o de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços. Assinale a alternativa correta: a) somente a proposição IV está incorreta b) as proposições I e V estão incorretas c) somente a proposição V está incorreta d) as proposições I, II e V estão incorretas e) somente a proposição II está incorreta 8. Acerca do direito administrativo, julgue: Considere que uma lei estadual do Acre institua, com caráter de autarquia, o Instituto Academia de Polícia Civil, com o objetivo de oferecer formação e aperfeiçoamento aos servidores ligados à polícia civil do Acre. Nessa situação, a 20 https://www.cursocejas.com.br/ criação do instituto representaria um processo de descentralização administrativa, visto que implicaria a criação de uma entidade da administração estadual indireta. ( ) CERTO ( ) ERRADO 9. Julgue os itens subsequentes, relativos à organização e estruturação da administração pública. I. Uma lei que reestruture a carreira de determinada categoria de servidores públicos pode também dispor acerca da criação de uma autarquia. II. O controle das entidades que compõem a administração indireta da União é feito pela sistemática da supervisão ministerial. III. As autarquias podem ter personalidade jurídica de direito privado. IV. As autarquias têm prerrogativas típicas das pessoas jurídicas de direito público, entre as quais se inclui a de serem seus débitos apurados judicialmente executados pelo sistema de precatórios. Estão certos apenas os itens: a) I e II. b) I e III. c) II e IV. d) III e IV. GABARITO DE ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA BRASILEIRA 1. B 2. E 3. E 4. B 5. C 6. D 7. C 8. C 9. C 10. D 21 https://www.cursocejas.com.br/ RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL DO ESTADO Diferentemente do que ocorre com o direito privado, a administração responde por danos decorrentes de condutas ilícitas ou lícitas, desde que o dano seja, a um só tempo, certo (efetivo), anormal (aquele que supera os meros dissabores da vida em sociedade) e especial (atingindo indivíduos ou grupos de indivíduos determinados). 1. RESPONSABILIDADE SUBJETIVA X OBJETIVA Dever da Administração de indenizar aqueles que sofrem danos em razão da atuação ou omissão estatal. Objetiva O dano decorre de conduta comissiva dos agentes públicos, conforme previsão do art. 37, §6º, da CF, que consagra a teoria do risco administrativo. Desse modo, a administração responderá pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causem a terceiros, sendo dispensável a avaliação de culpa ou dolo. Subjetiva O dano decorre de omissão estatal (falta do serviço), aplica-se a responsabilidade subjetiva do estado, aplicando-se a teoria da culpa administrativa, conforme orientação doutrinária e jurisprudencial. 22 https://www.cursocejas.com.br/ Exceções onde mesmo o dano tendo sido causado por omissão, aplica- se a responsabilidade objetiva do estado: • Dano ambiental; • Dano nuclear; • Danos em situação de trânsito; • Hipóteses de custódia (incluindo prejuízos ocorridos em hospitais e escolas públicas e ambientes prisionais). Observação: É necessária a presença do nexo de causalidade entre o fato e o dano para impor-se o dever de reparação. 2. EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE 2.1. Caso fortuito; 2.2. Força maior; 2.3. Culpa exclusiva da vítima. Enquanto eventos externos, essas causas retiram o nexo de causalidade e, portanto, afastam o dever de reparação por parte da administração. 3. TEORIA DO RISCO INTEGRAL (SEGURADOR UNIVERSAL) • A teoria do risco integral envolve a responsabilidade objetiva da administração. • Difere da teoria do risco administrativo porque nas hipóteses de sua incidência não se admite a oposição das excludentes de responsabilidade. • Nessas hipóteses o estado apresenta-se como segurador universal, de modo que assume integralmente o risco da atividade. • Aplica-se aos danos decorrentes de atividade ambiental, nuclear e aqueles causados por atentados terroristas com uso de aeronave de matrícula brasileira, salvo taxi aéreo. 23 https://www.cursocejas.com.br/ 4. AÇÃO INDENIZATÓRIA E AÇÃO REGRESSIVA • Configurada a hipótese de prejuízo causado a terceiro, cabe à vítima buscar a sua reparação por meio de ação pelo rito comum, de natureza indenizatória, englobando, de acordo com a circunstância fática, a reparação de danos materiais (dano emergente e lucro cessante), morais (in re ipsa) e estético. • Em conformidade com o princípio da dupla garantia, essa ação deve ser movida unicamente pela vítima contra o estado. • Não se admite a denunciação à lide do agente e submete-se ao prazo de prescrição em cinco anos, conforme art. 1º do Decreto 20.910/32. • Uma vez sendo obrigado a reparar a vítima, cabe ao estado buscar a sua reparação mediante ação regressiva. A ação regressiva, que tem natureza obrigatória, se baseia na responsabilidade subjetiva do agente que, portanto, apenas responde em casos de dolo ou culpa. Prescreve em três anos, sendo que a característica da imprescritibilidade, hodiernamente, reservou-se aos danos decorrentes de atos de improbidade administrativa praticados por meios dolosos. 5. ALCANCE DO ART. 37, §6º, CRFB • O art. 37, §6º, da CF, que consagra a teoria do risco administrativo (responsabilidade objetiva) não se limita à União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Alcança, na realidade, as pessoas jurídicas de direito público e de direito privado prestadoras de serviços públicos. • Assim, incidem também sobre as autarquias e fundações públicas (pessoas jurídicas de direito público), além das empresas públicas e sociedades de economia mista (quando prestadoras de serviços públicos), bem como as delegatárias de serviços públicos. • As delegatárias (concessionárias e permissionárias) respondem de forma objetiva por danos causados a seus usuários e a terceiros. 24 https://www.cursocejas.com.br/ • Quanto a essas pessoas jurídicas, a responsabilidade do estado é subsidiária. Vale lembrar que será subsidiária a responsabilidade envolvendo tabeliães e oficiais de registros. • Consigne-se, ainda, que tem natureza solidária a responsabilidade pelo fornecimento de medicamentos e prestação de serviços de saúde à população. 6. A (IR)RESPONSABILIDADE DO ESTADO POR ATOS TIPICAMENTE LEGISLATIVOS E JURISDICIONAIS • Diferentemente do que ocorre em relação aos atos de natureza administrativa, prevalece a irresponsabilidade do estado por danos decorrentes de atos tipicamente legislativos e jurisdicionais. Assim, não haverá dever de reparação quanto a prejuízos decorrentes da edição de leis ou de decisões judiciais. Admite-se, entretanto, exceções. • Quanto ao Estado-Legislador, haverá responsabilidade em decorrência de danos provocados pela edição de leis formalmente declaradas inconstitucionais e pela edição de leis dos efeitos concretos, ou seja, leis em sentido formal, que causam prejuízos ao indivíduo. • No que tange ao Estado-Juiz, haverá responsabilidadeexcepcionalmente envolvendo o erro judicial (ou erro judiciário), ou seja, aquele que for preso indevidamente ou que permanecer preso além do tempo fixado na sentença, na forma do art. 5º, LXXV, da CF. • O Brasil envergonha-se, dentre outras hipóteses, da prisão ilegal do mecânico Marcos Mariano da Silva, cuja memória se deve fazer presente para evitar a repetição da conduta quanto a outros indivíduos. 25 https://www.cursocejas.com.br/ QUESTÕES DE TREINO: 1. A responsabilidade civil do Estado por conduta omissiva não exige caracterização da culpa estatal pelo não-cumprimento de dever legal, uma vez que a Constituição brasileira adota para a matéria a teoria da responsabilidade civil objetiva. ( ) CERTO ( ) ERRADO 2. Os servidores públicos de uma autarquia do Acre respondem objetivamente pelos danos que, no exercício de suas funções, causem culposamente a terceiros. ( ) CERTO ( ) ERRADO 3. Considere que um detento tenha sido morto por seus colegas de carceragem, dentro da cela de uma delegacia de polícia do estado do Acre. Nessa situação, o Acre responde pelos danos materiais e morais resultantes dessa morte, mesmo que reste demonstrada a ausência de culpa dos agentes públicos responsáveis pela segurança dos presos. ( ) CERTO ( ) ERRADO 4. Os atos lesivos a terceiros praticados em razão dos serviços públicos prestados por empregados de empresas concessionárias ou permissionárias não geram a responsabilidade objetiva do Estado. ( ) CERTO ( ) ERRADO 5. Assinale a opção correta no que concerne à responsabilidade civil do Estado. a) Nos Estados absolutistas, negava-se a obrigação da administração pública de indenizar os prejuízos causados por seus agentes aos administrados, com fundamento no entendimento de que o Estado não podia causar males ou danos a quem quer que fosse (the king can do no wrong). Segundo a classificação da doutrina, a teoria adotada nesse período era a teoria do risco integral. 26 https://www.cursocejas.com.br/ b) Perante o transportado, a responsabilidade da transportadora que exerça função pública sob concessão é contratual e subjetiva. c) A Constituição Federal de 1988 adotou o princípio da responsabilidade civil subjetiva para as autarquias. d) De acordo com a teoria da responsabilidade objetiva, o Estado responde pelos danos causados por seus agentes a terceiros, independentemente da prova de culpa ou da demonstração do nexo causal. e) Uma sociedade de economia mista prestadora de serviço público responderá por danos causados a terceiros independentemente da prova de culpa. 6. Um policial militar do estado da Paraíba, durante o período de folga, em sua residência, teve um desentendimento com sua companheira e lhe desferiu um tiro com uma arma pertencente à corporação. Considerando o ato hipotético praticado pelo referido policial, é correto afirmar que: a) está configurada a responsabilidade civil do Estado, pois a arma pertencia à corporação. b) está configurada a responsabilidade civil do Estado, pois o disparo foi efetuado por um policial militar, e o fato de ele estar de folga não afasta a responsabilidade do Estado. c) não há responsabilidade civil do Estado, visto que o dano foi causado por policial fora de suas funções públicas. d) não há responsabilidade civil do Estado, pois o dano não foi causado nas dependências de uma repartição pública. e) não há responsabilidade civil do Estado, uma vez que a conduta praticada pelo policial não configurou dano. 7. A obrigação do Estado de indenizar o particular independe de culpa da administração, visto que a responsabilidade é objetiva. O agente público causador do dano deverá ressarcir a administração, desde que comprovada a 27 https://www.cursocejas.com.br/ existência de culpa ou dolo do agente. Com relação aos efeitos da ação regressiva do Estado contra o agente público, julgue os seguintes itens: I. Os efeitos da ação regressiva transmitem-se aos herdeiros e sucessores do agente público culpado, respeitado o limite do valor do patrimônio transferido. II. A ação regressiva pode ser movida mesmo após terminado o vínculo entre o agente e a administração pública. III. A ação por meio da qual o Estado requer ressarcimento aos cofres públicos de prejuízo causado por agente público considerado culpado prescreve em 5 anos. IV. A orientação dominante na jurisprudência e na doutrina é de ser cabível, em casos de reparação do dano, a denunciação da lide pela administração a seus agentes. Estão certos apenas os itens: a) I e II. b) I e IV. c) II e III. d) I, III e IV. e) II, III e IV. 8. Julgue o item a seguir: Não é possível a denunciação à lide pelo Estado, do seu agente causador do dano a terceiros: ( ) CERTO ( )ERRADO 9. Tratando-se de responsabilidade civil do Estado, assinale a afirmativa INCORRETA. a) Empresas públicas podem se sujeitar à responsabilidade objetiva ou subjetiva, dependendo de seu objeto social. b) Pessoas jurídicas de direito privado, não integrantes da Administração Pública, podem se sujeitar à responsabilidade objetiva. 28 https://www.cursocejas.com.br/ c) A teoria francesa da faute du service é enquadrada como hipótese de responsabilidade objetiva. d) A responsabilidade do Estado por omissão caracteriza-se como de natureza subjetiva. e) A responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa. GABARITO DE RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO 1. E 2. E 3. C 4. E 5. E 6. C 7. A 8. C 9. C 29 https://www.cursocejas.com.br/ INTERVENÇÃO DO ESTADO As Intervenções do Estado dividem-se: RESTRITIVAS SUPRESSIVAS As primeiras apenas mitigam um dos direitos inerentes ao domínio (usar, gozar, fruir), tendo como espécies a limitação administrativa; requisição administrativa, a ocupação temporária, a servidão administrativa e o tombamento. Retira o patrimônio do expropriado, corresponde, portanto, à desapropriação. 1. CARACTERÍSTICAS DE CADA ESPÉCIE DE INTERVENÇÃO DO ESTADO 1.1. Limitação Administrativa Espécie de intervenção marcada por um caráter geral e NÃO individualizado. Justamente pelo caráter geral, a limitação administrativa NÃO gera direito a indenização. Tem como exemplos: altura máxima de prédios (gabaritos), rodízio de veículos, obrigação de colocar extintor em veículos, espaços entre construções, preempção (preferência do Município sobre a aquisição do bem). As intervenções do estado sobre a propriedade privada têm como fundamento os princípios da supremacia do interesse público sobre o interesse privado e da função social da propriedade privada. 30 https://www.cursocejas.com.br/ A limitação administrativa afeta o caráter absoluto da propriedade e está intimamente ligada ao poder de polícia do Estado. 1.2. Requisição Envolve situações emergenciais e de calamidade pública; incidem sobre bens móveis, imóveis e semoventes e, também sobre serviços particulares. A requisição administrativa DÁ direito à indenização (porque atinge um bem específico/individualizado) posterior, em caso de dano. Incidem em situações de enchentes, acidentes, terremotos, dentre outras. 1.3. Ocupação Temporária Incide sobre imóveis vizinhos (ou próximos) a obras públicas, para viabilizar a sua execução. Tem como exemplos escavações arqueológicas (conceito amplo de obras públicas), perfuração de poços, etc. A ocupação temporária DÁ direito à indenização posterior em caso de dano. 1.4. Servidão Administrativa Caracteriza-se pela natureza de direito real sobre a coisa alheia (de caráter perpetuo, portanto). Na servidão administrativa a coisa dominante é SEMPRE um serviço público, enquanto a coisa serviente é a propriedade particular.A servidão pode ser instituída através de lei; de contrato ou por sentença judicial, ou seja, não tem natureza auto executória (como acontece com as demais espécies de intervenções restritivas). Quando imposta por lei NÃO dá direito a indenização; quando estabelecida mediante contrato ou sentença DÁ direito a indenização. São exemplos, a servidão para transmissão de energia elétrica, servidão de dutos de combustíveis e de gás e a altura máxima de prédios próximos a pistas de pouso e decolagem de aeronave. 31 https://www.cursocejas.com.br/ 1.5. Tombamento Espécie de Intervenção que visa a proteção do patrimônio histórico, cultural e artístico Nacional, e realiza-se através de órgãos públicos ou entidades da administração pública indireta, a exemplo do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – autarquia federal). Incide sobre bens móveis ou imóveis, corpóreos ou incorpóreos, e como regra, não gera direito à indenização. Embora os bens públicos tombados sejam absolutamente inalienáveis, o bem privado tombado pode ser vendido livremente, não persistindo o direito de preferência antes instituído no Decreto 25/1937. O bem tombado pode ser gravado com penhor, anticrese e hipoteca, por exemplo. 1.5.1. Espécies de tombamento (classificação): a) Tombamento Geral ou Individual: geral quando atinge a vários bens, a exemplo do tombamento existente nos centros históricos de Salvador (Pelourinho), Olinda, Ouro Preto, São Luís, dentre outros. Será individual quando atinge um único bem, a exempro do elevador Lacerda e a Igreja do Senhor do Bonfim (na Bahia); o Cristo Redentor e a casa de Santos Drummond (no Rio de Janeiro). b) Tombamento Provisório ou Definitivo: Será provisório quando houver dúvidas sobre o valor histórico do bem. Será definitivo quando já se tem certeza do valor histórico do bem. c) Tombamento de Ofício ou Mediante Processo: O tombamento de ofício atinge bens públicos, não sendo obrigatória a observância da hierarquia política. Será mediante processo administrativo quando atinge bens particulares. O tombamento de bens particulares pode ser voluntario (quando o proprietário pede, solicita ou aceita o tombamento), ou compulsório (quando o proprietário resiste ao tombamento). 32 https://www.cursocejas.com.br/ 1.5.2. Efeitos do tombamento: a) Aos proprietários: dever de manutenção e conservação; proibição de alterar o bem e necessidade de autorização para retirar o bem do País. b) À entidade responsável pelo tombamento: dever subsidiário de conservação da coisa e dever de fiscalização. c) Aos vizinhos: sofrem uma servidão administrativa envolvendo a denominada “área de entorno”, dentro da qual não se pode realizar construções ou inserir placas ou pinturas que tirem a visibilidade do bem tombado. Observação: Vale consignar que o tombamento não é a única forma de proteção do bem dotado de valor histórico, artístico ou cultural, podendo também serem resguardados através dos livros, registros e museus, dentre outros. 1.6. Desapropriação Espécie de intervenção supressiva que resulta no perdimento da propriedade pelo particular. Constitui modo originário de aquisição e incide sobre bens móveis ou imóveis, de valor patrimonial, apenas não se aplicando à moeda corrente (dinheiro) e aos direitos personalíssimos (exemplo: vida, honra, intimidade, etc). Para fins didáticos, a desapropriação se divide em dois grandes grupos: desapropriações com ou sem caráter sancionatório. 1.6.1. Desapropriação com caráter sancionatório: nessas hipóteses a expropriação funciona quando a desapropriação tem caráter de sanção, ela corresponde a uma penalidade ao proprietário, que deixou de cumprir a função social da propriedade privada, daí porque, ele NÃO terá a indenização ou a indenização será paga através de títulos. Existem três espécies de desapropriação sancionatória: a) Desapropriação urbana: É de competência exclusiva dos Municípios e o pagamento da indenização se dará através de títulos 33 https://www.cursocejas.com.br/ da dívida pública, com prazo de resgate até 10 anos, desde que a emissão seja autorizada pelo Senado Federal. Vale registrar que o não cumprimento da função social da propriedade urbana não resulta na imediata desapropriação, na medida em que o Município deve atender a passos antecedentes à desapropriação: o primeiro passo é a notificação para a edificação (construção) ou o parcelamento compulsório; o segundo passo é a imposição do IPTU progressivo no tempo (pelo prazo de cinco anos e a alíquota máxima de 15); terceiro passo é a desapropriação sancionatória. Para a imposição de qualquer dessas medidas interventivas, o Município precisa ser dotado de plano diretor e de uma lei específica para a área (imóvel) em que serão aplicadas. b) Desapropriação rural: É da competência exclusiva da União, realizada através do INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), quando o proprietário deixa de cumprir a função social da propriedade rural. A indenização se dá através de títulos da dívida agrária, no prazo de resgate de até 20 anos, sendo os dois primeiros anos de carência (ou seja, o pagamento ocorre apenas a partir do 3º ano das emissões). Consigne-se que se no imóvel tiver benfeitorias úteis ou necessárias, estas serão indenizadas de forma prévia e em dinheiro, de modo que, as benfeitorias voluptuárias e a terra nua (sem benfeitoria) é que serão indenizadas através de TDA (títulos da dívida agrária). NÃO são passiveis dessa desapropriação a pequena ou média propriedade rural (a não ser que tenha mais de uma pequena ou medida propriedade rural), e também NÃO atinge a propriedade produtiva (que cumpre a função social). c) Desapropriação confiscatória: constitui a modalidade MAIS grave de desapropriação em razão da plantação ILEGAL de substâncias psicotrópicas ou da utilização de mão-de-obra análoga à escrava. A expropriação é feita sem o pagamento de qualquer indenização. O 34 https://www.cursocejas.com.br/ confisco se estende também para todos os bens vinculados ao tráfico de entorpecentes ou à utilização de mão-de-obra escrava e os imóveis arrecadados serão utilizados para assentamento de colonos e parcelamento popular. 1.6.2. Desapropriação sem caráter sancionatório: Aplica-se quando o proprietário cumpre a função social da propriedade, mas esta se mostra indispensável à consecução do interesse público. Nessas hipóteses o proprietário terá direito à indenização justa, prévia e em dinheiro. Vale lembrar que a desapropriação SEM caráter sancionatório atinge também os bens públicos, mediante lei autorizativa e observância da hierarquia política, ou seja, somente a entidade de maior grau hierárquico pode desapropriar as entidades de menor hierarquia. Existem duas espécies de desapropriação sem natureza sancionatória: a) Desapropriação por utilidade (ou necessidade) pública: Quando o bem expropriado passa a incorporar o patrimônio público, a exemplo da desapropriação de um imóvel para duplicação de uma avenida. b) Desapropriação por interesse social: Hipótese em que o bem é transferido a um particular, a exemplo da desapropriação de um imóvel para construção de casas populares. Essas espécies de desapropriação se efetivam mediante um processo administrativo composto de duas fases: declaratória e executória, a saber: 1ª) Fase declaratória: Nela, o poder público declara o motivo (causa) e a finalidade da desapropriação, sendo, essa declaração, de competência exclusiva das pessoas políticas (União, Estados, DF e Municípios), correspondendo, portanto, ao exercício do poder de polícia do Estado, por isso mesmo absolutamente indelegável; A declaração pode ser feita pelo Poder Executivo (mediante decreto expropriatório) ou pelo Poder Legislativo (mediante lei, cabendo, nesse caso,35 https://www.cursocejas.com.br/ ao Executivo os atos subsequentes da desapropriação). O objetivo da fase declaratória é o de fixar o estado do bem, realizando as avaliações necessárias para aferir o preço a ser oferecido ao proprietário a título de indenização. A Administração tem o prazo de 5 anos para concluir a fase declaratória na desapropriação por utilidade pública. Tratando-se de desapropriação por interesse social, esse prazo é de 2 anos. 2ª) Fase executória: Nela, promove-se a desapropriação, de forma amigável (se o proprietário aceitar o valor da indenização oferecida pelo Poder Público) ou pela via judicial (quando o proprietário não aceitar o preço oferecido). Daí se vê que a desapropriação, nessa fase, não tem natureza auto executória. Diferentemente do que ocorre com a fase declaratória, a fase executória pode ser delegada às pessoas integrantes da administração pública indireta, bem como às delegatárias de serviços públicos (concessionárias e permissionárias), já que corresponde aos denominados atos materiais ligados ao exercício ao poder de polícia, mas não exercício do poder de polícia em si, que, conforme já estudado, é absolutamente indelegável. Na ação judicial de desapropriação é cabível o pedido de imissão provisória na posse do imóvel, mediante dois requisitos: deposito prévio da quantia oferecida e demonstração de urgência, à luz dos quais o juiz é obrigado a conceder o pedido em favor do expropriante. Também merece registro o fato de que na ação judicial a contestação somente pode versar sobre vício do processo ou impugnar a oferta do preço, já que não cabe ao juiz avaliar se se trata ou não de caso de utilidade pública ou interesse 36 https://www.cursocejas.com.br/ social (ou seja, não cabe ao poder judiciário adentrar no mérito do ato administrativo). 2. CONCEITOS JURÍDICOS APROFUNDADOS Envolvem institutos ligados ao tema de desapropriação de extrema relevância para as provas: 2.1. Destinação: É a finalidade da desapropriação. Exemplo: Administração Pública desapropria um imóvel para a utilidade pública para construção de uma escola pública. 2.2. Tredestinação: Corresponde ao desvio da finalidade inicialmente indicada para o bem expropriado e pode ser lícita ou ilícita. Será lícita quando, embora haja desvio de finalidade, ainda se atende o interesse público, por exemplo, quando se desapropria um bem para a construção de uma escola, mas, no lugar da escola, constrói-se um hospital público. A tredestinação será lícita, por sua vez, quando se desvia da finalidade e também do interesse público, por exemplo, se a Administração desapropria para a construção de uma escola, e, no lugar, se constrói uma borracharia e destina-a à um determinado particular. A tredestinação lícita não gera qualquer consequência jurídica. Por sua vez, a tredestinação ilícita gera a retrocessão. 2.3. Retrocessão: É a consequência da tredestinação ilícita. Através dela, embora o particular não possa reaver o bem (reivindicar), terá direito a uma indenização complementar ante a perda do bem e à destinação diversa que lhe foi dada. Anote-se que quando a desapropriação é feita para parcelamento popular, sua destinação é obrigatória, de modo que não pode haver tredestinação, e, portanto, não haverá retrocessão. 37 https://www.cursocejas.com.br/ 2.4. Desapropriação Indireta: Corresponde a um fato administrativo através do qual o poder público retira a propriedade particular sem a observância de um processo. Por causar danos ao proprietário, a desapropriação indireta dá ensejo a indenização, não sendo possível ao proprietário reaver o bem ao qual já tenha sido dada determinada utilidade pública. Geralmente a desapropriação indireta é configurada em situações equivalentes ao esbulho (ou invasão) de um determinado imóvel pela Administração Pública. 2.5. Direito de extensão: É o direito que o proprietário tem de postular que a desapropriação parcial alcance todo o imóvel, quando lhe sobejar uma parte mínima, sem possibilidade de exploração econômica ou menor que a pequena propriedade rural. QUESTÕES PARA TREINO: 1. A empresa pública federal X, que atua no setor de pesquisas petroquímicas, necessita ampliar sua estrutura, para a construção de dois galpões industriais. Para tanto, decide incorporar terrenos contíguos a sua atual unidade de processamento, mediante regular processo de desapropriação. A própria empresa pública declara aqueles terrenos como de utilidade pública e inicia as tratativas com os proprietários dos terrenos – que, entretanto, não aceitam o preço oferecido por aquela entidade. Nesse caso: A) se o expropriante alegar urgência e depositar a quantia arbitrada de conformidade com a lei terá direito a imitir-se provisoriamente na posse dos terrenos. B) a desapropriação não poderá consumar-se, tendo em vista que não houve concordância dos titulares dos terrenos. C) a desapropriação demandará a propositura de uma ação judicial e, por não haver concordância dos proprietários, a contestação poderá versar sobre qualquer matéria. 38 https://www.cursocejas.com.br/ D) os proprietários poderão opor-se à desapropriação, ao fundamento de que a empresa pública não é competente para declarar um bem como de utilidade pública. 2. O Município Y promove o tombamento de um antigo bonde, já desativado, pertencente a um colecionador particular. Nesse caso, A) o proprietário pode insurgir‐se contra o ato do tombamento, uma vez que se trata de um bem móvel. B) o proprietário fica impedido de alienar o bem, mas pode propor ação visando a compelir o Município a desapropriar o bem, mediante remuneração. C) o proprietário não poderá alienar livremente o bem tombado, devendo garantir o direito de preferência do Poder Público. D) o proprietário do bem, mesmo diante do tombamento promovido pelo Município, poderá gravá-lo com o penhor. 3. Com relação à intervenção do Estado na propriedade, assinale a alternativa correta. A) requisição administrativa é uma forma de intervenção supressiva do Estado na propriedade que somente recai em bens imóveis, sendo o Estado obrigado a indenizar eventuais prejuízos, se houver dano. B) A limitação administrativa é uma forma de intervenção restritiva do Estado na propriedade que consubstancia obrigações de caráter específico e individualizados a proprietários determinados, sem afetar o caráter absoluto do direito de propriedade. C) A servidão administrativa é uma forma de intervenção restritiva do Estado na propriedade que afeta as faculdades de uso e gozo sobre o bem objeto da intervenção, em razão de um interesse público. D) O tombamento é uma forma de intervenção do Estado na propriedade privada que possui como característica a conservação dos aspectos 39 https://www.cursocejas.com.br/ históricos, artísticos, paisagísticos e culturais dos bens imóveis, excepcionando-se os bens móveis. 4. Nas hipóteses de desapropriação, em regra geral, os requisitos constitucionais a serem observados pela Administração Pública são os seguintes: A) comprovação da necessidade ou utilidade pública ou de interesse social; pagamento de indenização prévia ao ato de imissão na posse pelo Poder Público, e que seja justa e em dinheiro; e observância de ato administrativo, sem contraditório por parte do proprietário. B) comprovação da necessidade ou utilidade pública ou de interesse social; pagamento de indenização prévia ao ato de imissão na posse pelo Poder Público, e que seja justa e em dinheiro; e observância de procedimento administrativo, com respeito ao contraditório e ampla defesa por parte do proprietário. C) comprovação da necessidade ou utilidade pública ou de interesse social; pagamento de indenização prévia ao ato de imissão na posse pelo Poder Público, e que seja justa e em títulosda dívida pública ou quaisquer outros títulos públicos, negociáveis no mercado financeiro; e observância de procedimento administrativo, com respeito ao contraditório e ampla defesa por parte do proprietário. D) comprovação da necessidade ou utilidade pública ou de interesse social; pagamento de indenização, posteriormente ao ato de imissão na posse pelo Poder Público, e que seja justa e em dinheiro, e observância de procedimento administrativo, com respeito ao contraditório e ampla defesa por parte do proprietário 5. Assinale a opção correta com relação às modalidades de restrição do Estado sobre a propriedade. A) As limitações administrativas consubstanciam obrigações de caráter específico a proprietários determinados, sem afetar o caráter absoluto do 40 https://www.cursocejas.com.br/ direito de propriedade, que confere ao titular o poder de usar, gozar e dispor da coisa do modo como melhor lhe convier. B) O tombamento, que configura instituição de direito real de natureza pública, impõe ao proprietário a obrigação de suportar ônus parcial sobre o imóvel e não afeta o caráter absoluto do direito de propriedade. C) A servidão administrativa afeta a exclusividade do direito de propriedade, visto que transfere a outrem faculdades de uso e gozo. D) A requisição de imóveis é restrição imposta ao proprietário que não utiliza adequadamente a sua propriedade. 6. A respeito do instituto da servidão administrativa, assinale a opção correta. A) As servidões administrativas podem decorrer diretamente da lei, de acordo ou de sentença judicial. B) Somente mediante lei pode ser extinta uma servidão administrativa. C) Cabe direito a indenização em qualquer das hipóteses de servidão administrativa. D) A servidão administrativa tem natureza auto executória. 7. Acerca da intervenção do Estado na propriedade, assinale a opção correta. A) No tombamento, modalidade de intervenção restritiva da propriedade, não há mudança de propriedade. B) O direito de preempção municipal, por meio do qual se assegura ao município preferência para aquisição do imóvel urbano objeto de alienação onerosa entre particulares, não é exemplo de limitação administrativa. C) A ocupação temporária não pode incidir sobre bens imóveis. D) A servidão administrativa é um direito pessoal. 8. Acerca da intervenção do Estado na propriedade privada, assinale a opção correta. A) A limitação administrativa consiste na instituição de ônus real de uso pelo poder público sobre a propriedade privada. 41 https://www.cursocejas.com.br/ B) A desapropriação, que consiste na transferência de propriedade de terceiro ao poder público, tem por objeto bens móveis ou imóveis, corpóreos ou incorpóreos, públicos ou privados. C) A desapropriação por interesse social, para fins de reforma agrária, é de competência da União e dos estados, devendo ser realizada sobre imóvel rural que não esteja cumprindo a sua função social, mediante prévia indenização em títulos da dívida agrária. D) Ocorre a desapropriação indireta quando a entidade da administração direta decreta a desapropriação, sendo o processo expropriatório desenvolvido por pessoa jurídica integrante da administração descentralizada. 9. Assinale a opção correta acerca de desapropriação. A) Em caso de desapropriação por interesse social para fim de reforma agrária, deve haver indenização, necessariamente em dinheiro, das benfeitorias úteis e das necessárias. B) A desapropriação de imóveis urbanos pode ser feita mediante prévia e justa indenização, permitindo-se à administração, caso haja autorização legislativa do Senado Federal, pagá-la com títulos da dívida pública. C) A desapropriação indireta, forma legítima de intervenção na propriedade, é realizada por entidade da administração indireta. D) Os bens públicos não podem ser desapropriados. 10. A modalidade de intervenção estatal que gera a transferência da propriedade de seu dono para o Estado é: A) o tombamento. B) a desapropriação. C) a servidão administrativa. D) a requisição. GABARITO 1. D 2. D 3. C 4. B 5. C 6. A 7. A 8. B 9. A 10. B 42 https://www.cursocejas.com.br/ LICITAÇÃO e CONTRATOS Atualmente convivem as Leis 8.666/93 e 14.133/21 (Nova Lei de Licitações e Contratos Administrativos). Vamos aguardar como o tema de licitações e contratos será cobrado no Edital do Exame da Ordem, e daremos um material de apoio específico para esse tema. Conforme o art. 37, XXI, da CF, a licitação é procedimento via de regra obrigatório para a contratação, pela administração pública, de obras, serviços, compras e alienações. A licitação visa assegurar igualdade de condições a todos os concorrentes, efetivando os princípios da isonomia, impessoalidade, julgamento objetivo, vinculação ao instrumento convocatório, adjudicação compulsória, dentre outros. Quanto aos contratos administrativos, essa mesma regra prevê o direito do Contratado à manutenção do equilíbrio-econômico-financeiro. 43 https://www.cursocejas.com.br/ SERVIÇOS PÚBLICOS A prestação de serviços públicos pode ser prestada pela Administração Pública de forma direta ou mediante delegação, isto é, transferindo a prestação dos serviços públicos mediante concessão ou permissão, em regra, sem caráter de exclusividade, salvo no caso de inviabilidade técnica ou econômica devidamente justificada. I. Prestação de serviço adequado As delegatárias, para prestarem o serviço público que lhe fora concedido de forma adequada, precisa atender aos princípios da regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas. Merece destaque o fato de que o postulado da atualidade compreende a modernidade das técnicas, do equipamento e das instalações e a sua conservação, bem como a melhoria e expansão do serviço. Por sua vez, o princípio da continuidade (ou permanência) proíbe, como regra, a interrupção da prestação dos serviços pelas delegatárias. Não obstante, os serviços podem ser interrompidos por questões de segurança ou em razão do inadimplemento das tarifas, desde que seja efetivado o aviso prévio e observado o interesse da coletividade. II. A concessão de serviços públicos A concessão de serviço público corresponde à delegação de sua prestação, feita pelo poder concedente, mediante licitação, na 44 https://www.cursocejas.com.br/ modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado. É possível a concessão de serviço público precedida da execução de obra pública, consistente na construção, total ou parcial, conservação, reforma, ampliação ou melhoramento de quaisquer obras de interesse público, delegada pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para a sua realização, por sua conta e risco, de forma que o investimento da concessionária seja remunerado e amortizado mediante a exploração do serviço ou da obra por prazo determinado. Em suma, as concessões de serviços públicos configuram contratos administrativos firmados com prazo certo através de licitação por meio de concorrência com pessoas jurídicas ou consórcios de pessoas jurídicas para prestação de serviços públicos em seu próprio nome, por sua conta e risco. 1. POLÍTICA TARIFÁRIA • As concessões comuns são marcadas pelo fato de que a remuneração do concessionário é feita através do recebimento das tarifas pagas pelos usuários, observado o princípio da modicidade e preservada pelas regras de reajuste e revisão previstas na lei, no edital e no contrato administrativo de concessão. •Os contratos poderão prever mecanismos de revisão das tarifas, a fim de manter-se o equilíbrio econômico-financeiro, inclusive envolvendo a teoria da imprevisão, como, por exemplo, as hipóteses de fato do príncipe, uma vez que, ressalvados os impostos sobre a renda, a criação, alteração ou extinção de quaisquer tributos ou encargos legais, após a apresentação da proposta, quando comprovado seu impacto, implicará a revisão da tarifa, para mais ou para menos, conforme o caso. 45 https://www.cursocejas.com.br/ • Haverá direito à manutenção do equilíbrio econômico-financeiro também nas hipóteses de caso fortuito, força maior, áleas administrativas, áleas extraordinárias e fatos imprevisíveis, na forma como estudada no capítulo relativo a contratos administrativos. • Admite-se o recebimento, em favor da concessionária, de outras fontes provenientes de receitas alternativas, complementares, acessórias ou de projetos associados, com ou sem exclusividade, com vistas a favorecer a modicidade das tarifas, as quais serão obrigatoriamente consideradas para a aferição do inicial equilíbrio econômico-financeiro do contrato, a exemplo de receitas provenientes da locação de espaços para lojas, lanchonetes e estacionamentos, bem como espaços publicitários. • É possível, no processo de licitação, a inversão da ordem das fases de habilitação e julgamento na concorrência, hipótese em que encerrada a fase de classificação das propostas ou o oferecimento de lances, será aberto o invólucro com os documentos de habilitação do licitante mais bem classificado, para verificação do atendimento das condições fixadas no edital. • Por sua vez, o contrato de concessão poderá prever o emprego de mecanismos privados para resolução de disputas decorrentes ou relacionadas ao contrato, inclusive a arbitragem. • Conforme estudado no capítulo próprio, os concessionários respondem objetiva e diretamente pelos prejuízos causados durante a execução dos serviços (a usuários ou terceiros, não usuários dos serviços públicos), sendo apenas subsidiária a responsabilidade do Estado. 2. DA INTERVENÇÃO NA CONCESSÃO • A fim de averiguar o atendimento dos princípios pertinentes à prestação do serviço adequado, poderá, o poder concedente, intervir na concessão. • A intervenção é realizada mediante decreto, que indicará a designação do interventor, o prazo da intervenção e os objetivos e limites da medida. 46 https://www.cursocejas.com.br/ • No prazo de trinta dias após o decreto, cabe ao poder concedente instaurar procedimento administrativo para comprovar as causas determinantes da medida e apurar responsabilidades, dentro de até cento em oitenta dias, sob pena de considerar-se inválida a intervenção, assegurado ao concessionário o direito de ampla defesa. • Cessada a intervenção, se não for extinta a concessão (mediante caducidade), a administração do serviço será devolvida à concessionária, precedida de prestação de contas pelo interventor, que responderá pelos atos praticados durante a sua gestão. 3. DAS MODALIDADES DE EXTINÇÃO DA CONCESSÃO E DA REVERSÃO • São modalidades de extinção do contrato de concessão: o advento do termo (prazo) contratual, anulação, falência ou extinção da empresa, encampação, caducidade, rescisão. • O advento do termo contratual é causa de extinção do contrato de concessão. • A anulação ocorre quando constatada alguma nulidade no contrato. • A falência ou extinção da empresa concessionária igualmente são causas de extinção do contrato de concessão, que, como os demais contratos administrativos, tem natureza intuito personae. • A encampação corresponde à extinção do contrato de concessão por motivo de interesse público, mediante lei autorizativa específica e após prévio pagamento da indenização. • A caducidade, a seu turno, corresponde à extinção do contrato quando constatada a inexecução total ou parcial, ou seja, por culpa do contratado. • A rescisão, por sua vez, ocorre quando a culpa é do poder concedente, e se realiza mediante ação judicial. Nessa situação, os serviços prestados pela concessionária não poderão ser interrompidos ou paralisados, até a decisão judicial transitada em julgado. 47 https://www.cursocejas.com.br/ • Em qualquer hipótese de extinção da concessão, haverá a reversão ao poder concedente todos os bens reversíveis, direitos e privilégios transferidos ao concessionário, mediante pagamento de indenização, salvo quanto às parcelas já amortizadas. 4. PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS • Além da concessão comum, isto é, aquela que não envolve contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado, coexistem no direito brasileiro duas outras espécies de concessão que configuram parcerias público-privadas são modalidades de contrato de concessão, dividindo-se em concessão patrocinada e a concessão administrativa. 4.1. Concessão Patrocinada: Configura a concessão de serviços públicos ou de obras públicas de quando envolve, adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado. 4.2. Concessão Administrativa: Corresponde ao contrato de prestação de serviços de que a Administração Pública seja a usuária direta ou indireta, ainda que envolva execução de obra ou fornecimento e instalação de bens. • Aplicam-se às parcerias público-privadas as regras relativas à concessão comum, acima estudadas, além de outras condições específicas. Destarte, é legalmente vedada a celebração de contrato de parceria público-privada cujo valor do contrato seja inferior a R$ 20.000.000,00 (vinte milhões de reais) ou cujo período de prestação do serviço seja inferior a 5 (cinco) ou superior a 35 (trinta e cinco) anos. 48 https://www.cursocejas.com.br/ • Considerando a necessidade de prestação de serviços, igualmente é defeso a contratação de parceria público-privada que tenha como objeto único o fornecimento de mão-de-obra, o fornecimento e instalação de equipamentos ou a execução de obra pública. • Importante previsão relativa às PPP’s envolve o direito ao equilíbrio econômico-financeiro à luz da teoria da imprevisão. Isto porque, a lei de PPP’s prevê a repartição de riscos entre as partes, inclusive os referentes a caso fortuito, força maior, fato do príncipe e álea econômica extraordinária. Ou seja, os prejuízos decorrentes desses fatores serão suportados, meio a meio, pelas partes contratantes: poder concedente e concessionário. • Naturalmente que os prejuízos decorrentes de fato da administração (inexecução contratual) são suportados unicamente pelo poder concedente. 5. DA SOCIEDADE DE PROPÓSITO ESPECÍFICO • Antes da celebração do contrato de concessão, deverá ser constituída sociedade de propósito específico, incumbida de implantar e gerir o objeto da parceria. • Essa entidade poderá assumir a forma de companhia aberta, com valores mobiliários admitidos a negociação no mercado, e deverá obedecer a padrões de governança corporativa e adotar contabilidade e demonstrações financeiras padronizadas, conforme regulamento, não podendo ter como titular da maioria do capital votante das sociedades a Administração Pública, salvo quanto à eventual aquisição da maioria do capital votante da sociedade de propósito específico por instituição financeira controlada pelo Poder Público em caso de inadimplemento de contratos de financiamento. 49 https://www.cursocejas.com.br/ 6. PERMISSÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS • Conforme conceito legalmente inserto na Lei 8.987/95, a permissão de serviço público corresponde à modalidade de delegação, a título precário, mediante licitação, da prestação de serviços públicos, feita pelo poder concedente à pessoa física ou jurídica que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco, sendo formalizada mediantecontrato de adesão, revogável unilateralmente pelo poder concedente. • Vê-se que, diferentemente do que ocorre quanto às concessões, a permissão pode ser outorgada à pessoa física. QUESTÕES: 1. No que se refere aos serviços públicos, julgue o item abaixo. Os serviços públicos uti singuli são aqueles prestados à coletividade, que têm por finalidade a satisfação indireta das necessidades dos cidadãos, tais como os serviços de iluminação pública e de saneamento. ( ) CERTO( ) ERRADO 2. Sobre Serviços Públicos analise as assertivas a seguir: I. Por ser incumbência do Poder Público, a prestação dos serviços públicos deve sempre, ser diretamente por ele executada. II. A concessão de serviço público é uma relação jurídica alterável unilateralmente pela Administração Pública. III. O equilíbrio econômico-financeiro é direito do concessionário de serviço público, devendo por isso ser restabelecido se afetado por alteração unilateral do contrato. IV. A encampação é forma de extinção contratual, pela qual o poder concedente retoma o serviço durante o prazo da concessão, por motivo de interesse público, mediante lei específica e prévio pagamento de indenização. a) Apenas I, III e IV são corretas. 50 https://www.cursocejas.com.br/ b) Apenas II, III e IV são corretas. c) Somente II e IV são corretas. d) Todas são corretas . e) Todas são incorretas. 3. Quanto aos serviços públicos e à administração pública, julgue o item seguinte. A autorização de serviço público constitui contrato administrativo pelo qual o poder público delega a execução de um serviço de sua titularidade a determinado particular, para que o execute em seu próprio nome, por sua conta e risco, predominantemente em benefício próprio, razão pela qual não depende de licitação e, quando revogado pela administração pública, gera, para o autorizatário, o direito à correspondente indenização. ( ) CERTO ( ) ERRADO 4. Nos termos do que prevê a Lei Federal no 8.987/95, a concessão de serviços públicos extingue-se por diversas formas, sendo correto afirmar, neste tema, que a: a) falência do concessionário acarreta a extinção da concessão e, como consequência, a reversão ao poder concedente dos bens aplicados ao serviço objeto do contrato. b) encampação da concessão é implementada por meio da edição de decreto e tem lugar quando se verifica a inadimplência do concessionário. c) caducidade enseja a rescisão da concessão pela expiração do prazo fixado no contrato. d) anulação da concessão tem lugar somente quando o concessionário pratica infração contratual que também configure violação de dispositivo normativo, eivando a relação de vício de ilegalidade. e) reversão da concessão enseja o retorno ao poder concedente dos bens afetos ao serviço público somente nos casos em que tiver havido inadimplência do concessionário. 51 https://www.cursocejas.com.br/ 5. Em relação aos Serviços Públicos, é INCORRETO afirmar: a) O contrato de concessão pela chamada parceria público-privada deve ser precedido de licitação, na modalidade concorrência, sendo imprescindível consulta pública e autorização legislativa quando se tratar da hipótese de concessão patrocinada, por prazo superior a 35 anos. b) A conservação de praças, jardins e canteiros de avenidas, em troca de publicidade local da pessoa jurídica prestadora dos respectivos serviços, enquadra-se na chamada autorização de serviços públicos, dispensada licitação e autorização legislativa. c) A permissão tem caráter precário, mediante contrato de adesão tanto com pessoas jurídicas quanto físicas, admitindo qualquer modalidade de licitação. d) A instituição de um órgão gestor e a criação de um fundo Garantidor de Parcerias Público-Privadas são essenciais para as parcerias público- privadas em que a União figurar como parceira. e) A concessão de serviço público exige autorização legislativa, licitação exclusivamente pela modalidade concorrência, formalização de contrato e prazo determinado, abrangendo somente pessoas jurídicas ou consórcio de empresas. 6. É indevida a utilização de tutela possessória por concessionário de serviço público com a finalidade de tentar assegurar o direito que acredita possuir sobre o serviço de utilidade pública a ele confiado pelo poder público, pois tal direito não configura direito possessório. ( ) CERTO ( ) ERRADO 7. A autorização de serviço público é ato unilateral da administração pública pelo qual se consente a um particular a prática de atividade individual incidente sobre um bem público, com caráter precário. ( ) CERTO ( ) ERRADO 52 https://www.cursocejas.com.br/ 8. A discricionariedade ínsita aos atos de autorização de serviços públicos permite ao poder público avaliar a conveniência de eventual revogação do ato autorizado, não havendo, portanto, por parte do particular, qualquer direito subjetivo à continuidade da autorização. ( ) CERTO ( ) ERRADO 9. Em relação ao sentido de serviço público que se pode extrair do regime constitucional hoje vigente no Brasil, pode-se corretamente afirmar que é um sentido: a) unívoco, na medida em que a Constituição contém um rol expresso taxativo dos deveres do Estado, dizendo-os “serviços públicos”. b) mais restrito do que certas formulações doutrinárias, face à dicotomia constitucional estabelecida entre serviços públicos e atividades econômicas exploradas pelo Estado. c) amplo, posto que as atividades estatais em geral, como regra, comportam execução por delegação, mediante concessão ou permissão. d) restrito, vez que apenas pode ser considerado serviço público aquele prestado diretamente pelo Estado. e) restrito, vez que apenas pode ser considerado serviço público aquele prestado mediante concessão ou permissão. 10. Se a empresa de transportes Viação Ligeirinho Ltda. venceu licitação para transportar passageiros entre estados, então esse serviço pode ser considerado serviço público, mesmo sendo explorado por sociedade privada. ( ) CERTO ( ) ERRADO 11. Quanto aos usuários, os serviços públicos podem ser gerais ou específicos (divisíveis, para alguns autores); o serviço de telefonia é um exemplo de serviço público divisível. ( ) CERTO ( ) ERRADO 53 https://www.cursocejas.com.br/ 12. Considere que compete ao município determinado serviço público; então, caberá ao próprio município a regulamentação dele, mas, não obstante, competirá à União baixar normas gerais acerca da licitação para sua outorga a particular. ( ) CERTO ( ) ERRADO 13. Todos os serviços públicos são, juridicamente, prestados aos membros da coletividade em caráter facultativo. ( ) CERTO ( ) ERRADO 14. O requisito da generalidade do serviço público tem fundamento constitucional. ( ) CERTO ( ) ERRADO 15. A permissão de serviço público, formalizada mediante celebração de contrato de adesão entre o poder concedente e a pessoa física ou jurídica que demonstre capacidade para o seu desempenho, por sua conta e risco, tem como características a precariedade e a possibilidade de revogação unilateral do contrato pelo poder concedente. ( ) CERTO ( ) ERRADO 16. Os serviços de utilidade pública têm característica de essencialidade e necessidade para os membros da coletividade, sendo prestados de forma direta, pela administração pública, ou indireta, por meio de concessionários, permissionários ou autorizatários. ( ) CERTO ( ) ERRADO 17. A responsabilidade civil do Estado por conduta omissiva não exige caracterização da culpa estatal pelo não-cumprimento de dever legal, uma vez 54 https://www.cursocejas.com.br/ que a Constituição brasileira adota para a matéria a teoria da responsabilidade civil objetiva. ( ) CERTO ( ) ERRADO 18. Os servidores públicos de uma autarquia do Acre respondem objetivamente pelos danos que, no exercício de
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