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Revista psique, o afeto no tratamento psicológico

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10 anos
editorial
Um olhar psicológico 
sobre o câncer
Gláucia Viola, editora
“Uma cama de hospital é um táxi 
estacionado com o taxímetro a correr.”
 Groucho Marx
A 
relação do câncer com o sofrimento e a morte precoce faz com que a grande maioria das pessoas 
não saiba lidar com tudo que envolve essa doença. O surgimento da Psicologia Oncológica serviu 
PARA�DESMISTIlCAR�OS�MEDOS�E�CRIAR�NOVOS�PARÊMETROS�EM�RELA¥ÎO�A�QUESTÜES�COMO�DIAGNØSTICO��
MEDIDAS�DE�ENFRENTAMENTO��COMPREENSÎO�DAS�CHANCES�DE�CURA�E�ENTENDIMENTO�DO�QUE�PODE�REPRE-
sentar qualidade de vida.
O câncer deve ser enfrentado e encarado como um problema verdadeiramente de 
SAÞDE�PÞBLICA��QUE�ATINGE�PESSOAS�DE�TODAS�AS�IDADES�E�EM�TODOS�OS�LUGARES�DO�MUNDO��
sendo a segunda causa principal de morte por doença no planeta. Todas essas 
CARACTERÓSTICAS�EXIGIRAM�A�NECESSIDADE�DE�OS�PROlSSIONAIS� ENTENDEREM�O�PROBLEMA�
ALÏM�DA�VISÎO�CLÓNICA�MÏDICA��!�0SICO
ONCOLOGIA�ASSUME�ESSE�PAPEL��RECONHECENDO�
QUE�O�DESENVOLVIMENTO�DO�CÊNCER�E�SEU�PROCESSO�DE�TRATAMENTO��SEM�DÞVIDA��SOFREM�
INTENSA�INmUÐNCIA�DE�VARIÉVEIS�SOCIAIS�E�AFETIVAS��
!LÏM� DOS� PROBLEMAS� CAUSADOS� PELA� DOEN¥A�� O� DESGASTE� PSÓQUICO� SOFRIDO� PELO�
PACIENTE�E�POR�SEUS� FAMILIARES�E�AMIGOS�DURANTE�O�PROCESSO�DE�TRATAMENTO�OCORRE��
PRINCIPALMENTE��EM�FUN¥ÎO�DE�A�DOEN¥A�SER�ASSOCIADA�A�DOR��SOFRIMENTO��DEGRADA¥ÎO�
HUMANA��OU�SEJA��O�DIAGNØSTICO�Ï�ENCARADO�COMO�UMA�SENTEN¥A�DE�MORTE��%STA�EDI¥ÎO�
da Psique Ciência & Vida�MOSTRA�COMO�A�0SICOLOGIA�/NCOLØGICA�AJUDA�NA�CONDU¥ÎO�
DESSE� PROCESSO�� BUSCANDO� AMENIZAR�MITOS� E� AT�MESMO� FANTASIAS� PROVOCADAS� POR�
ELA��/� AMBIENTE� HOSPITALAR�� POR� EXEMPLO�� � UM� FATOR� ESTRESSANTE� CHEIO� DE� ESTIGMAS�� APESAR� DE� DESPERTAR�
SENTIMENTOS� AMBÓGUOS�� 0OIS�� ALÏM� DE� TRAZER� ALÓVIO� A� QUEM� CHEGA� A� SUAS� INSTALA¥ÜES� EM� MOMENTOS� DE�
SOFRIMENTO��CAUSA�GRANDE�REJEI¥ÎO��0ARA�VALIDAR�ESSES�SENTIMENTOS��A�0SICOLOGIA�GANHA�IMPORTÊNCIA�NO�SENTIDO�
DE� ATUAR�� JUSTAMENTE��NO�CAMPO�DAS� VARIÉVEIS� EMOCIONAIS��/�CÊNCER�� EM�CONJUNTO� COM�A�HOSPITALIZA¥ÎO��
CARREGA�ESSAS�SENSA¥ÜES��ESPECIALMENTE�NO�QUE�DIZ�RESPEITO�Ì�MORTE�
A verdade incontestável e difícil de aceitar é que o sofrimento está intimamente ligado ao câncer. Por 
ISSO��CABE�AO�PROlSSIONAL�DE�SAÞDE�MENTAL�COMPARTILHAR��DIVIDIR�E�MOBILIZAR�TODOS�OS�RECURSOS�DISPONÓVEIS�
para que as pessoas tenham mais possibilidades de elaborar a situação da melhor maneira possível e para 
QUE�POSSAM�SE�ANCORAR�NA�REALIDADE�DE�FORMA�SAUDÉVEL��!TÏ�PORQUE�A�DOEN¥A�GUARDA�EM�SI�A�CONSCIÐNCIA�DA�
possibilidade da morte e essa constatação é acompanhada de angústias que seguirão o paciente durante o 
PERCURSO�DO�TRATAMENTO��%�CADA�PACIENTE�ENXERGA�UM�SENTIDO�PARTICULAR�NA�MORTE��DE�ACORDO�COM�A�FASE�EM�
QUE�SE�ENCONTRA�NO�PROCESSO�DE�EVOLU¥ÎO�VITAL��%SSA�OBSERVA¥ÎO�DE�lNITUDE��VIVÐNCIAS�E�CONDI¥ÜES� FÓSICA��
PSICOLØGICA��SOCIAL�E�CULTURAL�DEPENDE��TAMBÏM��DE�UM�ACOMPANHAMENTO�EMOCIONAL�ADEQUADO��LEVANDO�A�
uma intersecção entre todos os fatores no desenrolar da vida.
Boa leitura! 
Gláucia Viola
psique@escala.com.br
www.facebook.com/RevistaPsiqueCienciaeVida
CAPA
DOSSIÊ: PSICOLOGIA 
NO ESPORTE 
A preparação psicológica 
pode ser o diferencial nos 
resultados expressivos de 
ATLETAS��RATIlCANDO�SEU�PAPEL�
central no universo esportivo
sumário
3510 anos
MATÉRIAS
ENTREVISTA
Neurologista Marcela Amaral Avelino 
destaca a heterogeneidade dos quadros 
CLÓNICOS�COMO�DESAlO�CIENTÓlCO� 
para a obtenção de diagnósticos 
dos transtornos mentais
SEÇÕES
05 EM CAMPO
16 IN FOCO 
18 PSICOPOSITIVA
20 PSICOPEDAGOGIA
22 SEXUALIDADE 
24 SUPERVISÃO 
32 COACHING
34 LIVROS
50 CYBERPSICOLOGIA 
52 NEUROCIÊNCIA
54 RECURSOS HUMANOS
64 DIVÃ LITERÁRIO
66 CINEMA
70 PERFIL
78 UTILIDADE PÚBLICA
80 EM CONTATO
82 PSIQUIATRIA FORENSE
Apoio fundamental
!S�DIlCULDADES�EM�LIDAR�COM�
o câncer, suas consequências 
e a proximidade da morte 
fazem com que a Psicologia 
Oncológica seja fundamental 
na atuação hospitalar
A Ética do psicólogo
!TUA¥ÎO�DO�PROlSSIONAL�
na Perícia Psicológica, 
no âmbito judicial e 
principalmente nas Varas 
de Família apresenta 
inúmeras diferenças do que 
é exigido na área clínica
Uma nova ordem
Counseling organizacional 
é uma ferramenta que usa 
o conhecimento técnico 
de uma pessoa para 
ORIENTAR�UM�PROlSSIONAL�A�
tomar decisões assertivas
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em campo 
TRABALHO E FELICIDADE
Enquanto as mais diversas vertentes 
organizacionais discutem um modelo 
de liderança, um estudo realizado por 
pesquisadores das universidades de 
Greenwich e Sussex mostra que propor-
cionar uma percepção de propósito no 
trabalho entre os seus liderados não é 
uma habilidade dos gestores. Muito pelo 
CONTRÉRIO��ELES�DESTROEM�ESSE�SIGNIlCADO��
A pesquisa ouviu 135 pessoas trabalhan-
do em 10 ocupações muito diferentes, 
desde sacerdotes até coletores de lixo, 
para perguntar sobre incidentes ou 
momentos em que os trabalhadores pen-
saram que o seu trabalho era algo signi-
lCATIVO�E��POR�OUTRO�LADO��MOMENTOS�EM�
que eles se perguntaram: “Por que estou 
trabalhando com isso?”. A despeito das 
lideranças, a autora do estudo, Katie 
Bailey, diz que para as organizações que 
BUSCAM�NUTRIR�ESSE�SIGNIlCADO��OPERAR�
“com responsabilidade ética e moral é 
uma boa alternativa, uma vez que são 
qualidades que fazem a ponte entre o 
trabalho e a vida pessoal”.
POR OUTRO LADO...
Um novo estudo, desta vez da Univer-
sidade de Split, Croácia, relacionou a 
satisfação no trabalho ao sucesso da 
empresa. A pesquisa comparou desempe-
nho empresarial de 40 grandes e médias 
companhias com a avaliação dos funcio-
nários sobre 10 diferentes aspectos de seu 
trabalho, totalizando 6 mil avaliações. 
(Fonte: ScienceDaily.com)
por Jussara Goyano
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AÇÃO X HÁBITO
MECANISMOS DE AÇÃO DIRIGIDA E 
ESTRUTURAS DE AÇÃO HABITUAL COMPETEM 
NA TOMADA DE DECISÃO
Com um modelo de experiência com ratos, uma equipe internacional de 
pesquisadores, sediada na Universidade da Califórnia, em San Diego (EUA), 
demonstra o que acontece no cérebro para que os hábitos controlem o nosso 
comportamento.
O estudo, publicado na revista Neuron, fornece a evidência mais forte até 
hoje, segundo seus autores, de que os circuitos do cérebro designados tanto 
para a ação habitual quanto para a ação dirigida competem pelo controle no 
córtex orbitofrontal, uma área do cérebro responsável pela tomada de decisão. 
.EUROQUÓMICOS�CHAMADOS�ENDOCANABINOIDES��ENVOLVIDO�EM�VÉRIOS�PROCESSOS�l-
siológicos, incluindo apetite, sensação de dor e humor, são os mecanismos que 
permitem ao hábito assumir o controle, agindo como uma espécie de freio no 
circuito da ação dirigida.
Os resultados sugerem, segundo os autores da pesquisa, um novo alvo tera-
pêutico para pessoas que sofrem de transtorno obsessivo-compulsivo ou vícios, 
para interromper a dependência excessiva do hábito e restaurar a capacidade de 
mudar das ações habituais para as ações dirigidas por objetivos; Pode ser útil 
para tratar o sistema endocanabinóide do cérebro e assim reduzir o controle das 
ações habituais sobre o comportamento do indivíduo. 
(Fonte: ScienceDaily.com) 
6 psique ciência&vida www.portalcienciaevida.com.br
ESTRESSE
COMO OS NEURÔNIOS CEREBRAIS 
COMANDAM REAÇÕES FISIOLÓGICAS 
Ao experienciar o estresse, o nosso corpo desvia re-
cursos metabólicos para sua resposta de emergência. Pen-
sava-se que o sistema nervoso simpático - sistema instinti-
vo do corpo para reagir ao estresse - dirigia essa atividade, 
mas uma pesquisa recente do Weizmann Institute of Science, 
em Israel, agora mostraque os neurônios no cérebro têm 
um papel surpreendente nessa atividade. As descobertas, 
que apareceram recentemente na Cell Metabolism, pode-
rão, no futuro, ajudar no desenvolvimento de melhores 
medicamentos para patologias relacionadas com o estres-
se, tais como os transtornos alimentares.
Quando somos expostos a situações estressantes, o hipo-
TÉLAMO�INTENSIlCA�A�ATIVA¥ÎO�DE�UM�RECEPTOR�EM�SUAS�PARE-
des exteriores, o CRFR1. Sabe-se que esse receptor contribui 
para a rápida ativação da rede nervo simpática - aumentando 
o ritmo cardíaco, por exemplo. Como essa área do cérebro 
também regula o equilí-
brio de energia do corpo, 
os cientistas partiram 
RESOLVERAM�VERIlCAR� SE�O�
CRFR1 poderia desem-
penhar um papel nisso. 
Eles descobriram que é 
o receptor que desem-
penha efeito inibitório 
sobre as células nervosas, 
e isso é o que ativa o sis-
tema nervoso simpático. 
A descoberta, entre 
outros detalhes revela-
dos pela pesquisa, pode auxiliar no desenvolvimento de 
tratamentos psicofarmacêuticos que atuem no hipotála-
mo, o que já está sendo feito por algumas empresas, em 
busca de um possível tratamento para os transtornos de 
ansiedade ou depressão. Os cientistas alertam, no entanto, 
que, como as células estão envolvidas no equilíbrio ener-
gético, bloquear os receptores poderá ter efeitos colate-
rais, como ganho de peso.
PARA SABER MAIS:
Yael Kuperman, Meira Weiss, Julien Dine, Katy Staikin, 
Ofra Golani, Assaf Ramot, Tali Nahum, Claudia Kühne, 
Yair Shemesh, Wolfgang Wurst, Alon Harmelin, Jan M. 
Deussing, Matthias Eder, Alon Chen. CRFR1 in AgRP 
Neurons Modulates Sympathetic Nervous System Activ-
ity to Adapt to Cold Stress and Fasting. Cell Metabolism, 
2016; DOI: 10.1016/j.cmet.2016.04.017
AR
Q
UI
VO
 P
ES
SO
AL
Jussara Goyano é jornalista. Estuda Psicologia, Medicina 
Comportamental e Neurociências, com foco em 
������È�I�G9�H��¢���G�����������G�I�:�U�I�GI��I����‚IG
G�
pelo Instituto de Psicologia Positiva e Comportamento.
COMPORTAMENTO 
E INTELIGÊNCIA
SABEDORIA VARIA DE ACORDO 
COM A SITUAÇÃO
Estudo mostra que não existe pessoa sábia, mas ati-
tude, sim. Pesquisadores da Universidade de Waterloo, 
nos Estados Unidos, observaram a reação de indivíduos 
em resposta a diversas situações cotidianas para estudar 
a sabedoria humana. Entre seus achados está a percepção 
de que raciocínio sábio é aquele que põe em prática uma 
combinação de habilidades, tais como a humildade in-
telectual, a consideração da perspectiva dos outros e a 
procura por compromisso. E não depende exclusivamente 
de personalidade, tendo essas características postas em 
prática de acordo com a circunstância. 
!�OBSERVA¥ÎO�DE�QUE�O�RACIOCÓNIO�SÉBIO�VARIA�SIGNIl-
cativamente entre as situações na vida cotidiana sugere 
que ele não é raro. Além disso, para indivíduos diferentes, 
apenas determinadas situações promovem esta qualidade.
Para a próxima etapa do trabalho, os cientistas prepa-
ram uma ferramenta para avaliar a sabedoria de acordo 
com a situação. Eles têm planos de realizar o primeiro 
estudo longitudinal com o objetivo de ensinar as pessoas 
a raciocinar sabiamente em suas próprias vidas. 
O novo mapa da sabedoria foi publicado recentemente 
na revista Social Psychological and Personality Science.
(Fonte: ScienceDaily.com) 
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ENTENDENDO A CRISE
REVISTA SOCIOLOGIA - EDIÇÃO 64
giro escala
POLÍTICA EM XEQUE
REVISTA FILOSOFIA - EDIÇÃO 119
O Brasil passa por um grave momen-
to em sua trajetória, no qual se observa 
que as instituições não demonstram es-
tar tão consolidadas quanto a sociedade 
esperava. Por isso, é fundamental enten-
der a crise da democracia nacional e a 
Sociologia assume um papel central en-
quanto instrumento teórico-metodoló-
gico, no sentido de promover uma leitu-
RA�E�UMA�COMPREENSÎO�MAIS�QUALIlCADAS�
DA� REALIDADE�� SUPERANDO� SUPERlCIALIDA-
des, subjetividades e estereótipos. Por 
meio da Sociologia entende-se o com-
promisso com a pluralidade e o desejo 
que o debate sociológico contribua para 
uma visão mais objetiva, a partir das 
formas de linguagem e saberes socioló-
gicos. A Sociologia, reconhecida como 
“ciência social que estuda a sociedade, 
ou, mais precisamente, conhecimento 
CIENTIlCO�DOS�FATOS�E�FENÙMENOS�SOCIAIS�
como realidades que ocorrem dentro 
da sociedade”, se insere no debate, cada 
vez mais atual e necessário, em torno de 
temas como o processo politico brasi-
LEIRO��CONTRIBUINDO�DE�MODO�QUALIlCADO�
para a descrição, compreensão, inter-
PRETA¥ÎO�E�EXPLICA¥ÎO�CIENTÓlCA�
Nesses tempos de inquietações, de 
atitudes que afrontam a democracia e o 
Estado, com o país em transe, e passan-
do por um momento curioso do ponto 
de vista sociológico, a Sociologia realça 
suas possibilidades na formação do pen-
samento inteligente, criativo e de ideias. 
Existem vários aspectos que podem jus-
TIlCAR� A� IMPORTÊNCIA� E� AS� RAZÜES� PARA�
estudar Sociologia. Atualmente, em 
um ambiente convulsionado por mani-
festações, crise política, torna-se cada 
vez mais importante aprimorar, quali-
lCAR�� COMPREENDER� A� REALIDADE� SOCIAL� E�
POLÓTICA�E�OS�FATORES�QUE�INmUENCIAM�OS�
FENÙMENOS��O�mUXO�DE� INFORMA¥ÜES�E�A�
comunicação. Mais informações na edi-
ção 64 da revista Sociologia.
A política, mais do que nunca, é 
parte do cotidiano. Está nos meios 
de comunicação, nas rodas de con-
versa, na universidade e nas ruas. No 
cotidiano, o termo “política” é usado 
em diferentes acepções. Há aque-
les que associam a certa habilidade 
nas relações sociais e para realizar 
conciliações, como, por exemplo, a 
pessoa chamada de muito política, 
quando, na verdade, é um indivíduo 
comunicativo e conciliador. Existe 
outro uso para a expressão política, 
que a relaciona a disputas partidá-
rias, ou a reduz aos pleitos eleitorais. 
Frases como “este é um ano de po-
lítica”, referindo-se aos anos em que 
há eleições, são análises restritas. 
Algumas pessoas dizem não gostar 
da atividade política e consideram-se 
indiferentes, desiludidas. Geralmen-
te, limitam a política à corrupção, à 
roubalheira e aos desvios de conduta 
cometidos por aqueles que exercem 
cargos públicos eletivos. Contudo, 
etimologicamente, política designa, 
desde a Antiguidade, o campo da ati-
vidade humana relativa à cidade, ao 
Estado, à gestão do espaço público, 
ao conjunto de cidadãos e às ações 
destes nessa esfera. Por isso, é um 
tema que deveria interessar a todos.
Na Grécia Antiga, cidadãos guia-
vam a cidade. Todavia, cabe ressaltar 
que no paradigma grego nem todos 
podiam ser considerados cidadãos. 
Mulheres, crianças, escravos e estran-
geiros não participavam da vida na pó-
lis. No entanto, todos os que gozavam 
de “cidadania” participavam politica-
mente. Em contrapartida, a partir da 
Modernidade, as questões privadas 
passaram a ocupar espaço maior na 
vida das pessoas. Uma das consequên-
cias é que a atividade política nas so-
ciedades atuais, em termos gerais, caiu 
em descrédito. O resultado é que nas 
DEMOCRACIAS� CONTEMPORÊNEAS� HOUVE�
avanços em relação aos direitos civis, 
mas retrocessos na participação polí-
tica. Mais detalhes na edição 119 da 
revista &ILOSOlA.
RENATO JANINE RIBEIRO
Ser de esquerda é um estilo de vida 
e não apenas uma posição política
ENTREVISTA
Edimar Brígido aborda Ética e Estética 
no pensamento de Wittgenstein
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REFLEXÃO E PRÁTICA: Pode existir Ciência sem Filosofia? 
Submissão e violência contra 
a mulher: a necessidade de 
desnaturalizar elementos comuns 
desde a Grécia Antiga e que 
persistem na atualidade
EXISTÊNCIA 
E DUALISMO
Vida como experiência 
subjetiva radical que está 
fora do alcance 
da razão
À ESPERA 
DE UM MILAGRE
HANNAH ARENDT: 
a capacidade humana de 
agir impulsiona novos 
inícios na vida política
ANO IX No 119 – www.portalcienciaevida.com.br
A VOZ DO
 EDIÇÃO 119 - PREÇO R$ 9,80
FEMINISMO
RICARDO DELLO BUONO VÊ A SOCIOLOGIA COMO FERRAMENTA DE LIBERTAÇÃO 
em sala de aula: apresente o Anarquismo, suas vertentes e seus personagens
www.portalcienciaevida.com.br
Game of 
Thrones
Artigo analisa 
arquétipos 
políticos de 
uma das séries 
mais populares 
da televisão
Estudo de caso
A agricultura 
familiar e a 
qualidade 
de vida do 
trabalhador 
rural
Mundo laboral
Mudanças nas 
DPOm�HVSBªFT�
do trabalho 
não alteraram 
radicalmente 
a lógica da 
exploração
Friedrich 
Engels 
Resenha de 
Anti-Dühring, 
um dos 
trabalhos mais 
importantes 
do pensador
Como a esquerda nacional 
encarou essa ideologia, 
confundindo-a com puro populismo
TRABALHISMO
Uma reflexão sobre o 
8 psique ciência&vida www.portalcienciaevida.com.br
MARCELA AMARAL AVELINO JACOBINA
www.portalcienciaevida.com.br psique ciência&vida 9
A neurologista Marcela Amaral Avelino ressalta o grande 
DESAlO�DA�COMUNIDADE�CIENTÓlCA�PARA�CONSEGUIR�DIAGNOSTICAR�
TRANSTORNOS�MENTAIS��EM�FUN¥ÎO�DA�HETEROGENEIDADE�DE�QUADROS�
CLÓNICOS�QUE�OCORREM�EM�RELA¥ÎO�A�ESSES�DISTÞRBIOS
E N T R E V I S T A
O
S�INÞMEROS�MISTÏRIOS�QUE�ENVOLVEM�A�
MENTE�DAS�CRIAN¥AS�E�DOS�ADOLESCENTES�
SÎO�CADA�VEZ�MAIS�INTENSAMENTE�ALVO�
DE�PROFUNDO�ESTUDO�POR�PARTE�DA�
.EUROLOGIA�0EDIÉTRICA��4EMAS�COMO�DISTÞRBIOS�
DO�DESENVOLVIMENTO�E�DOS�TRANSTORNOS�MENTAIS�
E�COMPORTAMENTAIS��DESENVOLVIMENTO�INFANTIL��
SUICÓDIO�ENTRE�ADOLESCENTES��DELINQUÐNCIA��DROGAS��
USO�ABUSIVO�DA�INTERNET��ENTRE�OUTROS��DESAlAM�AS�
PESQUISAS�DOS�PROlSSIONAIS�QUE�ATUAM�NA�ÉREA�
3EGUNDO�-ARCELA�!MARAL�!VELINO�*ACOBINA��NEU-
ROLOGISTA�DO�!MATO�)NSTITUTO�DE�-EDICINA�!VAN¥ADA��
NEM�SEMPRE�DIFERENCIAR�O�QUE�Ï�PRØPRIO�DO�DESEN-
VOLVIMENTO�HUMANO�DO�PATOLØGICO�Ï�SIMPLES��h%��NA�
MAIORIA�DAS�VEZES��OS�EXAMES�DIAGNØSTICOS�ACESSÓVEIS�
NÎO�SÎO�CAPAZES�DE�ESTABELECER�UM�DIAGNØSTICO�DE�
CERTEZA��.O�ÊMBITO�DOS�DISTÞRBIOS�DO�DESENVOLVI-
MENTO�E�DOS�TRANSTORNOS�MENTAIS�E�COMPORTAMENTAIS�
NA�INFÊNCIA�E�ADOLESCÐNCIA��FECHAR�DIAGNØSTICOS�E�
ESTABELECER�TRATAMENTOS�SÎO�SITUA¥ÜES�BEM�MAIS�
COMPLEXAS�DO�QUE�APARENTAMv��REVELA�
-ARCELA�POSSUI�GRADUA¥ÎO�EM�-EDICINA�PELA�
5NIVERSIDADE�&EDERAL�DO�0IAUÓ������	�E�TÓTULO�DE�
ESPECIALISTA�EM�.EUROLOGIA�E�.EUROLOGIA�0EDIÉTRICA�
PELA�%SCOLA�0AULISTA�DE�-EDICINA��%0-�5NIFESP	��
Neurologia Pediátrica pela Sociedade Brasileira 
DE�0EDIATRIA��3"0	�E�.EUROLOGIA�PELA�!CADEMIA�
"RASILEIRA�DE�.EUROLOGIA��!".	��2EALIZOU�MESTRADO�
PELA�5NIFESP��!TUALMENTE��ALÏM�DE�NEUROLOGISTA�
E�NEUROPEDIATRA�NA�#LÓNICA�!MATO�)NSTITUTO�DE�
-EDICINA�!VAN¥ADA��EM�3ÎO�0AULO��Ï�PRECEPTORA�
DA�RESIDÐNCIA�MÏDICA�DE�.EUROLOGIA�0EDIÉTRICA�DA�
5NIFESP��NEUROLOGISTA�E�NEUROPEDIATRA�DO�)NSTITUTO�
DE�!SSISTÐNCIA�-ÏDICA�AO�3ERVIDOR�0ÞBLICO�%STADUAL�
n�)AMSPE�E�NEUROLOGISTA�DO�(OSPITAL�DO�3ERVIDOR�
0ÞBLICO�-UNICIPAL�n�(30-�DE�3ÎO�0AULO�
Lucas Vasques é jornalista e escreve nesta publicação.
NÃO É NADA 
SIMPLES 
IDENTIFICAR O QUE É 
PATOLÓGICO 
Por Lucas Vasques
AR
QU
IV
O 
PE
SS
OA
L
�� psique ciência&vida www.portalcienciaevida.com.br
No âmbito dos distúrbios do desenvolvimento 
e dos transtornos mentais e comportamentais 
na infância e adolescência, fechar diagnósticos 
e estabelecer tratamentos são situações 
mais complexas do que aparentam
O SUICÍDIO, AINDA SEGUNDO A OMS, 
É A TERCEIRA CAUSA DE MORTE ENTRE 
ADOLESCENTES. COMO A NEUROLOGIA 
OU A NEUROCIÊNCIA PODEM CONTRIBUIR 
PARA MINIMIZAR ESSE CENÁRIO?
MARCELA:�.A�FAIXA�ETÉRIA�ADOLESCEN-
TE��OS�PRINCIPAIS�FATORES�ASSOCIADOS�AO�
RISCO�DE�SUICÓDIO�ESTÎO�RELACIONADOS�A�
TRANSTORNOS�DE�PERSONALIDADE�OU�HU-
MOR��QUE� INCLUEM�SINTOMAS�DEPRESSI-
VOS��AUTO�E�HETEROAGRESSIVIDADE��PRE-
DISPOSI¥ÎO�AO�ABUSO�DE�SUBSTÊNCIAS�E�
COMPORTAMENTO� ANTISSOCIAL�� 'ERAL-
MENTE�� OS� INDÓCIOS� DE� UM� DESFECHO�
SUICIDA� APARECEM� EM� TEMPO� HÉBIL�
para se evitar essa trágica consequ-
ÐNCIA�� 3EJA� ATRAVÏS� DE� PEQUENAS�MU-
DAN¥AS�NO�COMPORTAMENTO�OU�MESMO�
DROGADI¥ÎO�� ESSES� ADOLESCENTES� MUI-
TAS�VEZES�NOS�MOSTRAM�QUE�PRECISAM�
de ajuda. É nesse ponto que a ciência 
DEVE� INTERVIR�� FAZENDO� DIAGNØSTICO� E�
TRATANDO�ANTES�QUE�O�PIOR�ACONTE¥A�
COMO DETECTAR SE CONDUTAS ANTIS-
SOCIAIS, DELINQUÊNCIA E USO DE DRO-
GAS, POR EXEMPLO, SÃO APENAS MANI-
FESTAÇÕES INERENTES À ADOLESCÊNCIA, 
E POR ISSO PASSAGEIRAS, OU ESTÃO AS-
SOCIADOS A DISTÚRBIOS DE COMPORTA-
MENTO MAIS GRAVES?
MARCELA:� %SSA� � UMA� PERGUNTA� MUI-
TAS� VEZES� DIFÓCIL� DE� SER� RESPONDIDA��
-AS�PARA�MINIMIZAR�A�CHANCE�DE�ERRO�
E�DISTINGUIR�O�NORMAL�DO�PATOLØGICO�Ï�
FUNDAMENTAL� UMA� AVALIA¥ÎO� GLOBAL� DO�
ADOLESCENTE�� ¡� PRECISO� DETERMINAR� O�
IMPACTO� DO� COMPORTAMENTO� NA� VIDA�
DO� PRØPRIO� INDIVÓDUO� E� NA� DAQUELES�
COM�QUEM�ELE�SE�RELACIONA��E�SE�ELE�TEM�
CIÐNCIA� DISSO�� !LÏM� DO� SOMATØRIO� DE�
OUTRAS� CARACTERÓSTICAS�� EMPATIA� �COLO-
CAR
SE�NO�LUGAR�DO�OUTRO	�COSTUMA�SER�
UMA�CARACTERÓSTICA�AUSENTE�NOS�FRANCA-
MENTE�PATOLØGICOS�
VIVEMOS NA ERA DE MUITA INFOR-
MAÇÃO SIMULTÂNEA E COSTUMA-SE, 
INCLUSIVE, DIZER QUE A CRIANÇA SÓ 
FALTA NASCER FALANDO, POIS OS BEBÊS 
SÃO TOTALMENTE DIFERENTES DOS DA 
GERAÇÃO PASSADA. COMO A NEUROLO-
GIA EXPLICA ESSE DESENVOLVIMENTO 
DO CÉREBRO INFANTIL?
MARCELA: %STE��MAIS�UM�EXEMPLO�DE�
QUE� OS� NOSSOS� GENES� E� CROMOSSOMOS�
NÎO� SÎO� OS� ÞNICOS� DETERMINANTES� DO�
QUE� SOMOS�� !S� CRIAN¥AS�� ATUALMENTE��
SÎO�PRECOCEMENTE�EXPOSTAS� A�UMA�GI-
GANTESCA�MASSA�DE�ESTÓMULOS��DESDE�O�
INTRAÞTERO��/�ESTILO�DE�VIDA�CONTEMPO-
RÊNEO�Ï�EXTREMAMENTE�DIFERENTE�E�MAIS�
ACELERADO� QUE� NA� ÏPOCA� DOS� NOSSOS� IMA
GE
NS
: S
HU
TT
ER
ST
OC
K
DADOS DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA 
SAÚDE (OMS) INDICAM QUE A PREVA-
LÊNCIA MUNDIAL DE DISTÚRBIOS DO DE-
SENVOLVIMENTO E DOS TRANSTORNOS 
MENTAIS E COMPORTAMENTAIS NA IN-
FÂNCIA E ADOLESCÊNCIA CHEGA A 20%. 
A HETEROGENEIDADE DOS QUADROS CLÍ-
NICOS E AS PECULIARIDADES DIAGNÓSTI-
CAS REPRESENTAM UM DESAFIO PARA A 
PRÁTICA CLÍNICA?
MARCELA:� 3IM�� !� HETEROGENEIDADE�
DAS� MANIFESTA¥ÜES� CLÓNICAS� E� POSSÓ-
veis etiologias desses transtornos nos 
DESAlAM� DIARIAMENTE�� ,IDAMOS� COM�
ALTERA¥ÜES� TÎO�DIVERSAS� COMO�UM� LEVE�
TIQUE�PRØPRIO�DA�INFÊNCIA�ATÏ�ALTERA¥ÜES�
COMPORTAMENTAIS�MAIS� RARAS�� QUE� EN-
VOLVEM� QUADROS� DEGENERATIVOS� E� PRO-
GRESSIVOS�� .EM� SEMPRE� DIFERENCIAR� O�
QUE�Ï�PRØPRIO�DO�DESENVOLVIMENTO�HU-
MANO�DO�PATOLØGICO� Ï� TÎO� SIMPLES��%��
NA�MAIORIA�DAS�VEZES��OS�EXAMES�DIAG-
NØSTICOS�ACESSÓVEIS�NÎO�SÎO�CAPAZES�DE�
ESTABELECER�UM�DIAGNØSTICO�DE�CERTEZA��
.O� ÊMBITO� DOS� DISTÞRBIOS� DO� DESEN-
VOLVIMENTO�E�DOS� TRANSTORNOS�MENTAIS�
E�COMPORTAMENTAIS�NA�INFÊNCIA�E�ADO-LESCÐNCIA�� FECHAR� DIAGNØSTICOS� E� ESTA-
BELECER�TRATAMENTOS�SÎO�SITUA¥ÜES�BEM�
MAIS�COMPLEXAS�DO�QUE�APARENTAM�
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www.portalcienciaevida.com.br psique ciência&vida 11
Vários estudos na 
literatura médica 
comprovam que, nos 
transtornos mentais 
e comportamentais, 
a genética não é a 
única responsável 
pelas manifestações 
clínicas. Fatores 
ambientais e sociais 
SÎO�MODIlCADORES�
e causadores de 
psicopatologias
A MICROCEFALIA, RECENTEMENTE, SE 
TRANSFORMOU EM UM FANTASMA PARA 
NOSSA SAÚDE PÚBLICA. É CORRETO DIZER 
QUE O ZIKA VÍRUS, AO ATINGIR O CÉRE-
BRO DO FETO, PROVOCA UMA REAÇÃO 
INFLAMATÓRIA QUE PREJUDICA A MUL-
TIPLICAÇÃO DAS CÉLULAS QUE ORIGINAM 
OS NEURÔNIOS E POR CONTA DESSA IN-
FLAMAÇÃO O CÉREBRO NÃO ATINGE SEU 
TAMANHO NATURAL?
MARCELA:� !S� ANÉLISES� DE� AUTØPSIAS�
SUGEREM� QUE� O� VÓRUS� PROVOCA� INTENSA�
DESTRUI¥ÎO� CELULAR� DIRETA�� RESULTAN-
DO� EM�MORTE� NEURONAL�� CALCIF ICA¥ÜES��
GLIOSE� �CICATRIZES	�E�DEGENERA¥ÎO�WAL-
LERIANA� �DEGENERA¥ÎO� SECUNDÉRIA� DOS�
TRATOS�NEURONAIS	�� QUE�EXPLICAM�O�DÏ-
F ICIT� DE� CRESCIMENTO� CEREBRAL�� (OUVE�
INF ILTRADO� INF LAMATØRIO� NAS� AMOSTRAS��
PORÏM�MAIS�DISPERSO�
MAS EXISTEM CAUSAS MAIS FREQUENTES 
PARA A MICROCEFALIA DO QUE O ZIKA VÍ-
RUS. QUAIS SERIAM ESSAS CAUSAS E QUAIS 
AS FORMAS DE TERAPIA, UMA VEZ QUE SE 
TRATA DE UMA DOENÇA INCURÁVEL?
MARCELA: !� MICROCEFALIA� PODE� RE-
SULTAR� DE� INÞMERAS� CAUSAS� GENÏTICAS� E�
AMBIENTAIS��OU�ATÏ�DA�COMBINA¥ÎO�DE-
LAS�� %NTRE� ELAS�� ESTÎO� AS� SÓNDROMES� DE�
2ETT�� DE� #ORNELIA� DE� ,ANGE�� DE� #RI-
DU
#HAT�� DE� $OWN�� DE� 3ECKEL� E� DE�
AVØS��4UDO�ISSO�REmETE�NA�EVOLU¥ÎO�DAS�
NOSSAS� CRIAN¥AS�� ALTERA¥ÜES� HORMONAIS�
E� MODIlCA¥ÜES� DO� AMBIENTE� UTERINO�
EM�FUN¥ÎO�DA�VIDA�DA�MÎE��ADAPTA¥ÎO�Ì�
MULTIPLICIDADE�DE�ESTÓMULOS�AMBIENTAIS�
�DA�LUMINOSIDADE�AT�O�INGRESSO�PRECO-
CE�EM�ESCOLAS�E�CRECHES	�ETC�
EXISTEM CRIANÇAS CRUÉIS, OU SEJA, PO-
DEMOS DIZER QUE UMA CRIANÇA PODE 
APRESENTAR TRAÇOS DE PSICOPATIA DES-
DE MUITO PEQUENA? O QUE A NEUROLO-
GIA FALA SOBRE ISSO?
MARCELA:�3IM��0SICOPATIA��UM�TRANS-
TORNO� PSIQUIÉTRICO� QUE� SE� CARACTERIZA�
PELA� AUSÐNCIA� DE� CONSCIÐNCIA� MORAL��
ÏTICA� E� HUMANA�� EVIDENCIADA� POR� ATI-
TUDES�DESCOMPROMISSADAS�PARA�COM�O�
OUTRO�E�COM�AS�REGRAS�SOCIAIS��ALÏM�DE�
DEF ICIÐNCIA� SIGNIF ICATIVA� DE� EMPATIA��
0ODE� ACONTECER� EM� QUALQUER� IDADE��
-UITAS�VEZES��OS�SINTOMAS�SÎO�IGNORA-
DOS�PELO�TEMOR�DE�SE�ASSUMIR�UM�DIAG-
NØSTICO�TÎO�PRECOCEMENTE��%NTRETANTO��
DIVERSOS� SINAIS� SÎO� VISÓVEIS� JÉ� DESDE�
MUITO� CEDO�� COMO� MALTRATAR� ANIMAIS�
SEM� QUALQUER� REMORSO� OU� SENTIDO��
COMPORTAMENTO�EXTREMAMENTE�OPOSI-
TOR�E� IMPULSIVIDADE�EXAGERADA��!TUAL-
MENTE�� JÉ�SÎO�RECONHECIDAS�ALTERA¥ÜES�
CEREBRAIS�EM�PSICOPATAS�QUE�JUSTIF ICAM�
A�F ISIOPATOLOGIA�DA�PSICOPATIA�
É MUITO DIFÍCIL DIAGNOSTICAR UMA 
PSICOSE INFANTIL, UMA VEZ QUE A 
CRIANÇA VIVE EM UM MUNDO NO QUAL 
A IMAGINAÇÃO NÃO TEM LIMITES, O QUE 
PODE SER CONFUNDIDO COM ALGUMA 
PSICOPATOLOGIA?
MARCELA: #OMO� CITADO� ANTERIORMEN-
TE�� MALTRATAR� ANIMAIS� PODE� SER� UMA�
CARACTERÓSTICA� PRECOCE� DE� PSICOPATIA��
-AS� TORTURAR� UM� ANIMALZINHO� E� CHO-
RAR�APØS�SER�ESCLARECIDO�DO�FEITO�Ï�UM�
sinal de que esse ato pode ser apenas 
FRUTO�DA� INCAPACIDADE� INFANTIL�DE�PRE-
VER�CONSEQUÐNCIAS��!TÏ�O�PERÓODO�PRÏ-
ESCOLAR�� A� CRIAN¥A� GERALMENTE� TEM�
PENSAMENTOS� CONCRETOS� E� POUCA� OU�
NENHUMA�NO¥ÎO�DO�PERIGO��!SSIM��NÎO�
� INCOMUM� ACREDITAREM� QUE� PODEM�
VOAR�OU�QUE�ALGUÏM�Ï�UM�SUPER
HERØI�
E� TEM� PODERES� MÉGICOS�� -AS� ESSES�
PENSAMENTOS�SÎO�CONSTRUÓDOS�E�PODEM�
SER� DESCONTRUÓDOS�� O� QUE� NÎO� OCORRE�
DE� MANEIRA� TÎO� SIMPLES� NOS� QUADROS�
DE� PSICOSE�� .ESSES� ÞLTIMOS�� AS� IDEIAS�
DELIRANTES�SÎO�F IXAS�E�CONVENCÐ
LOS�DA�
IRREALIDADE�DE�ALGUMAS�COISAS��TAREFA�
PRATICAMENTE�IMPOSSÓVEL�
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3MITH
,EMLI
/PTIZ�� A� FENILCETONÞRIA�
MATERNA�� O� CONSUMO�DE� CIGARRO�� ÉLCO-
OL��DROGAS�OU�DE�ALGUNS�MEDICAMENTOS�
DURANTE� A� GESTA¥ÎO�� DOEN¥AS� INFECCIO-
SAS� �RUBÏOLA�� TOXOPLASMOSE�� CITOMEGA-
LOVÓRUS�� VARICELA�� HERPES� ZOSTER�� ENTRE�
OUTRAS	�� INTOXICA¥ÎO� POR� METILMERCÞ-
RIO�� EXPOSI¥ÎO� Ì� RADIA¥ÎO�� DESNUTRI¥ÎO�
MATERNA�� MÉ
FORMA¥ÎO� DA� PLACENTA��
TRAUMATISMO�CRANIOENCEFÉLICO�� E�HIPØ-
XIA� GRAVE� PERINATAL�� /� OBJETIVO� MAIOR�
DO� TRATAMENTO� Ï� A� REABILITA¥ÎO� �ESTI-
MULAR� O� MAIOR� DESENVOLVIMENTO� POS-
SÓVEL	�E�CONTROLAR�AS�COMPLICA¥ÜES��!S-
SIM�� A� TERAPIA� DEVE� SER� CONDUZIDA� POR�
UMA�EQUIPE�MULTIDISCIPLINAR�COMPOSTA�
POR�MÏDICOS�DE�DIFERENTES�ESPECIALIDA-
DES� �NEUROPEDIATRAS�� OFTALMOLOGISTAS��
PEDIATRAS��lSIATRAS�ETC�	��lSIOTERAPEUTAS��
FONOAUDIØLOGOS�� TERAPEUTAS� OCUPACIO-
NAIS�E�PSICØLOGOS��/�USO�DE�MEDICA¥ÜES�
TAMBÏM� Ï� FREQUENTEMENTE� NECESSÉRIO�
PARA�O�CONTROLE�DE�CRISES�EPILÏPTICAS�E�
DAS�ALTERA¥ÜES�DE�COMPORTAMENTO�
EM QUE MEDIDA AS DESCOBERTAS NO 
CAMPO DA NEUROLOGIA PEDIÁTRICA 
AVANÇARAM NO DIAGNÓSTICO E NO TRA-
TAMENTO DOS TRANSTORNOS DE DÉFICIT 
DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE?
MARCELA: !TUALMENTE�� O� DIAGNØSTICO�
DOS�4$!(� TEM� SIDO� FEITO� DE�MANEIRA�
CADA� VEZ� MAIS� PRECOCE�� /� ESTUDO� DO�
COMPORTAMENTO� E� DESENVOLVIMENTO�
NORMAL�DA�CRIAN¥A��ALÏM�DOS�ESTUDOS�DE�
IMAGEM� FUNCIONAIS�� AUMENTOU� EXPO-
NENCIALMENTE� NOSSO� CONHECIMENTO� NA�
ÉREA�� PERMITINDO� DIFERENCIAR� O� NORMAL�
DO�PATOLØGICO�COM�MAIS�SEGURAN¥A��%��
UMA� VEZ� DISTINGUINDO
OS�� Ï� POSSÓVEL�
TRATAR� OS� CASOS� NECESSÉRIOS�� !LÏM� DAS�
TERAPIAS� MEDICAMENTOSAS�� PODEMOS�
CONTAR�COM�O�TRATAMENTO�NEUROPSICOLØ-
GICO�DESSAS�CRIAN¥AS��QUE�CADA�DIA�MAIS�
ENGLOBA�NOVAS�TÏCNICAS��%NTRE�AS�MEDI-
CA¥ÜES�� ATUALMENTE� DISPOMOS� DE� UMA�
DIVERSIDADE�AMPLA�DE�CLASSES�DE�DROGAS�
E� FORMULA¥ÜES�COM�DIFERENTE� FARMACO-
CINÏTICA� E� DIFERENTE� FARMACODINÊMICA��
QUE� PERMITEM� OTIMIZAR� O� BENEFÓCIO� E�
MINIMIZAR�OS�EFEITOS�COLATERAIS�
O CÉREBRO DAS PESSOAS QUE SOFREM 
DE TDAH FUNCIONA DE MANEIRA DIFE-
RENTE? APRESENTA DIFERENÇAS MORFO-
LÓGICAS?
MARCELA:� 3ABE
SE� QUE� O� 4$!(� TEM�
UM� FORTE� COMPONENTE� HEREDITÉRIO�� !�
PROBABILIDADE� DE� UMA� CRIAN¥A� TER� O�
DISTÞRBIO� AUMENTA� EM� ATÏ� OITO� VEZES�
SE� OS� PAIS� TAMBÏM� FOREM� ACOMETIDOS��
%NTRETANTO�� A� CAUSA� DO�4$!(� �MUL-
TIFATORIAL�� COM�COMPONENTES� GENÏTICOS�
E� AMBIENTAIS�� %STUDOS� DEMONSTRAM�
REDU¥ÎO� DO� VOLUME� DE� CERTAS� ESTRUTU-
RAS� CEREBRAIS�� COM� PROPORCIONALMENTE�
MAIOR�DIMINUI¥ÎO�DO�CØRTEX�PRÏ
FRONTAL�
ESQUERDO�NOS�ACOMETIDOS��/S�CIRCUITOS�
PRÏ
FRONTAIS
ESTRIATO
CEREBELAR� E� PRÏ-
FRONTAIS
ESTRIATO
TÉLAMO�TAMBÏM�DIFE-
REM�ENTRE�PESSOAS� COM�E� SEM�4$!(��
3ABE
SE�� AINDA�� QUE�HÉ� ALTERA¥ÜES� FUN-
CIONAIS� ENVOLVIDAS�� EM� ESPECIAL� NAS�
VIAS�DOPAMINÏRGICA�MESOCORTICOLÓMBI-
CA�E�NORADRENÏRGICA�DO�locus ceruleus.
A SUPERMEDICALIZAÇÃO DAS CRIANÇAS 
EM CASOS DE TDAH PODE NÃO SER A 
MELHOR SAÍDA?
MARCELA: #OM�CERTEZAå�-UITOS�CASOS�
PODEM�SER�RESOLVIDOS��INCLUSIVE��SEM�O�
USO�DE�QUALQUER�MEDICA¥ÎO��/�4$!(�
TEM� VÉRIOS� GRAUS� E� TAMBÏM� TEM� SIDO�
ASSOCIADO� COM� DÏF ICITS� MOTIVACIONAIS�
EM�ALGUMAS� CRIAN¥AS��%SSAS� TÐM�DIF I-
CULDADE�PARA�MANTER�A�CONCENTRA¥ÎO�E�
EXIBEM�COMPORTAMENTO�IMPULSIVO�POR�
RECOMPENSAS� DE� CURTO� PRAZO�� .ESSES� SHU
TT
ER
ST
OC
K
O estilo de vida 
contemporâneo é 
mais acelerado que 
na época de nossos 
AVØS��)SSO�REmETE�NA�
evolução das crianças: 
alterações hormonais 
E�MODIlCA¥ÜES�DO�
ambiente uterino 
em função da vida 
da mãe, adaptação 
à multiplicidade de 
estímulos ambientais
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www.portalcienciaevida.com.br psique ciência&vida 13
INDIVÓDUOS��O�REFOR¥O�POSITIVO�MELHORA�
EFETIVAMENTE�O�DESEMPENHO�� SEM�USO�
DE� QUALQUER� MEDICA¥ÎO�� %NTRETANTO��
EM� MUITOS� CASOS�� OS� PSICOESTIMULAN-
TES� PODEM� SE� FAZER� NECESSÉRIOS� PARA�
AUMENTAR� A� PERSISTÐNCIA� E� A� ATEN¥ÎO��
ALÏM� DE� MELHORAR� O� COMPORTAMENTO�
TAMBÏM��#ONTUDO�� CADA� CRIAN¥A� Ï�DI-
FERENTE� DA� OUTRA�� .UNCA� DEVE� SER� ES-
QUECIDO� QUE� NEM� TODA� DESATEN¥ÎO� E�
OU� HIPERATIVIDADE� � 4$!(�� MUITAS�
VEZES� FALTAM� APENAS� ESTÓMULO� E� ORGA-
NIZA¥ÎO�FAMILIAR�
EXISTEM INÚMEROS MITOS A RESPEITO 
DO FUNCIONAMENTO DO CÉREBRO DO 
ADOLESCENTE, COMO A BUSCA PELO PRA-
ZER IMEDIATO, NECESSIDADE DE RECOM-
PENSAS POR MÉRITO, DIFICULDADE EM 
RESPEITAR LIMITES E REGRAS, POR EXEM-
PLO. COMO A NEUROLOGIA ENXERGA 
EM QUE MEDIDA ESSAS CARACTERÍSTICAS 
DEVEM SER CONSIDERADAS NATURAIS OU 
INDÍCIOS DE PATOLOGIAS OU DISTÚRBIOS?
MARCELA: !� ESTRUTURA� CEREBRAL� SOFRE�
VISÓVEIS� MUDAN¥AS� DURANTE� A� ADOLES-
CÐNCIA�� COMO� JÉ� COMENTADO� ANTERIOR-
MENTE�� 0ROVA� DISSO� � QUE� A� ESPESSURA�
DA� SUBSTÊNCIA� CINZENTA� VARIA� NESSE�
PERÓODO�� REF LETINDO� AS� ALTERA¥ÜES� QUE�
OCORREM�EM�NÓVEL�MICROSCØPICO��!LÏM�
DISSO��O�AMADURECIMENTO�DAS�CONEXÜES�
CEREBRAIS� OCORRE� DE� MANEIRA� PROGRES-
SIVA��MAS�EM�TEMPOS�DIFERENTES��£REAS�
ENVOLVIDAS� EM� FUN¥ÜES� MAIS� BÉSICAS�
AMADURECEM� PRIMEIRO�� AQUELAS� RELA-
CIONADAS�� POR� EXEMPLO�� AO� PROCESSA-
MENTO� DE� INFORMA¥ÎO� DOS� SENTIDOS�
�TATO��VISÎO��AUDI¥ÎO�ETC�	�E�NO�CONTROLE�
DOS�MOVIMENTOS��!S�PARTES�DO�CÏREBRO�
RESPONSÉVEIS�PELO�CONTROLE�DOS� IMPUL-
SOS�E�PLANEJAMENTO�DO�FUTURO��ATIVIDA-
DES� MAIS� COMPLEXAS� E� CARACTERÓSTICAS�
DO�COMPORTAMENTO�ADULTO	�ESTÎO�ENTRE�
AS� ÞLTIMAS� A� AMADURECER�� /UTRA� EVI-
DÐNCIA�DE�DIFEREN¥A�NO�FUNCIONAMENTO�
CEREBRAL�ADOLESCENTE��QUE�AS�PARTES�DO�
CÏREBRO�ENVOLVIDAS�EM�RESPOSTAS�EMO-
CIONAIS�SÎO�TOTALMENTE�ATIVAS��OU�MES-
MO�MAIS�ATIVAS�DO�QUE�EM�ADULTOS��EN-
quanto aquelas envolvidas no controle 
Para minimizar as 
sequelas da microcefalia, 
a reabilitação 
MULTIPROlSSIONAL�
precoce é fundamental. 
Ainda não temos 
MEDICA¥ÜES�ESPECÓlCAS�
neuroprotetoras ou que 
possam estimular a 
regeneração neuronal
DOS� IMPULSOS� AINDA� ESTÎO� CHEGANDO� Ì�
MATURIDADE��4AL�MUDAN¥A�DE�EQUILÓBRIO�
PODE�FORNECER�PISTAS�PARA�A�EXPLICA¥ÎO�
ENTRE� UM� APETITE� JOVEM� POR� NOVIDADE�
E� UMA� TENDÐNCIA� A� AGIR� POR� IMPULSO��
SEM�LEVAR�EM�CONTA�O�RISCO��%NTRETAN-
TO��APESAR�DESSA�IMPULSIVIDADE�NATURAL��
EXISTE� UMA� LINHA� TÐNUE� QUE� SEPARA� O�
NORMAL�DO�PATOLØGICO��MAS�ESSA�DIVISØ-
RIA�NEM�SEMPRE�Ï�TÎO�NÓTIDA��DEPENDEN-
DO� DA� REPERCUSSÎO� QUE� ESSAS� ATITUDES�
DITAS�JUVENIS�TÐM�NA�VIDA�DO�INDIVÓDUO�
O USO EXCESSIVO DA INTERNET PODE 
ALTERAR O FUNCIONAMENTO CEREBRAL 
DA CRIANÇA?
MARCELA: 6ÉRIOS�ESTUDOS�TÐM�MOSTRA-
DO� MODIF ICA¥ÜES� ESTRUTURAIS� �ATROF IA�
NA� SUBSTÊNCIA� CINZENTA	� E� FUNCIONAIS�
�ALTERA¥ÜES� NAS� VIAS� NEURONAIS� DE� DO-
PAMINA	�EM�ADICTOS�EM�INTERNET�OU�JO-
gos. !S�ÉREAS�AFETADAS�INCLUEM�O�LOBO�
FRONTAL�� QUE� REGULA� AS� FUN¥ÜES� EXECU-
TIVAS�� COMO� PLANEJAMENTO�� ORGANIZA-
¥ÎO� E� CONTROLE� DE� IMPULSOS�� 0ERDA� DE�
VOLUME�CORTICAL�TAMBÏM�FOI�OBSERVADA�
no striatum��QUE�EST�ENVOLVIDO�NAS�VIAS�
DE� RECOMPENSA�E� SUPRESSÎO�DE� IMPUL-
SOS�SOCIALMENTE�INACEITÉVEIS��4AMBÏM�
HÉ�POSSÓVEIS� ALTERA¥ÜES�NA� ÓNSULA�� QUE�
EST� LIGADA��NOSSA�CAPACIDADE�DE�DE-
SENVOLVER� EMPATIA� E� COMPAIXÎO� PARA�
COM� OS� OUTROS�� E� DE� INTEGRAR� SINAIS�
F ÓSICOS� DE� EMO¥ÎO�� %M� SUMA�� O� USO�
EXCESSIVO� DA� INTERNET� PARECE� PREJUDI-
CAR� A� ESTRUTURA� E� FUN¥ÎO� DO� CÏREBRO��
COM� GRANDE� PARTE� DOS� DANOS� OCOR-
RENDO� NO� LOBO� FRONTAL�� QUE� PASSA� POR�
GRANDES�MUDAN¥AS�DESDE�A�PUBERDADE�
AT� MEADOS� DOS� ��� ANOS�� %M� GRANDE�
PARTE�� DESDE� A� SENSA¥ÎO�DE�BEM
ESTAR�
AO� SUCESSO� ACADÐMICO�PROF ISSIONAL� E�
HABILIDADES�DE�RELACIONAMENTO��EMPA-
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TIA�OU�COMPORTAMENTO�ANTISSOCIAL	�DE-
PENDEM�DO�BOM�FUNCIONAMENTO�DESSA�
ÉREA�CEREBRAL�
PROCEDE A AFIRMAÇÃO QUE AS MENINAS 
AMADURECEM MAIS CEDO DO QUE OS ME-
NINOS E QUE O CÉREBRO MASCULINO E 
FEMININO POSSUEM DIFERENÇAS BIOLÓGI-
CAS? EM CASO AFIRMATIVO, COMO ESSAS 
DIFERENÇAS INFLUENCIAM NOS ESTUDOS 
DA NEUROPEDIATRIA?
MARCELA: -ATURIDADE�CEREBRAL�Ï�SINÙ-
NIMO�DE�CAPACITA¥ÎO�PARA�DETERMINADA�
ATIVIDADE� �DESENVOLVIMENTO� ADEQUADO�
DE�VIAS�E�CONEXÜES�INTERNEURONAIS	��3E-
GUNDO�ESTUDOS�RECENTES�� FOI�EVIDENCIA-
DO�QUE� AS�MENINAS� TENDEM�A�OTIMIZAR�
AS� CONEXÜES� CEREBRAIS� MAIS� CEDO� QUE�
OS�RAPAZES��AMADURECENDO�MAIS�RÉPIDO�
EM�ALGUMAS�ÉREAS�COGNITIVAS�E�EMOCIO-
NAIS�DURANTE�A�INFÊNCIA�E�ADOLESCÐNCIA��
%SSA� hEVOLU¥ÎOv� RESULTA� DE� UMA� PODA�
NEURONAL�� ONDE� CONEXÜES� REDUNDANTES�
SÎO�hAPARADASv�E�OUTRAS�ESSENCIAIS�ESTA-
BILIZADAS��!LÏM�DISSO��AS�MULHERES�TEN-
DEM�A�TER�MAIS�CONEXÜES�ENTRE�OS�DOIS�
HEMISFÏRIOS� DO� CÏREBRO�� $ESSA� FORMA��
CREDITA
SE�A�ESSA�REORGANIZA¥ÎO�PREMA-
TURA� A� CAPACIDADE� DE� O� CÏREBRO� FEMI-
NINO�TRABALHAR�DE�FORMA�MAIS�ElCIENTE�
E�� PORTANTO�� ALCAN¥AR� UM� ESTADO� MAIS�
MADURO�PARA�O�PROCESSAMENTO�DO�MEIO�
AMBIENTE� DE� MANEIRA� MAIS� PRECOCE��
.A� PRÉTICA�� Ï� COMUM� QUE� OS�MENINOS�
SE�MOVIMENTEM�MAIS�NO�PERÓODO�PERI-
NATAL� E� TENHAM� MELHORES� HABILIDADES�
MOTORAS�GROSSEIRAS�� QUE�ENVOLVEM� FOR-
¥A� E� PRECISÎO�� %NTRETANTO�� AS� MENINAS�
ADQUIREM�MATURIDADE� EMOCIONAL� E� AL-
GUNS�HÉBITOS�MAIS� RAPIDAMENTE�� COMO�
O�CONTROLE�DO�ESFÓNCTER��E�FALAM�ANTES�E�
MELHOR�DO�QUE�OS�MENINOS��/�QUE�LEVA�
Ì� DIFEREN¥A� DE� GÐNERO� AINDA� NÎO� ESTÉ�
TOTALMENTE� CLARO� NO� MOMENTO� E� NEM�
Um estudo sueco mostrou 
que homens homossexuais 
e mulheres heterossexuais 
têm características 
cerebrais semelhantes. 
%SPECIlCAMENTE��ESSAS�
semelhanças estão no 
tamanho total do cérebro, 
na atividade e nas 
conexões da amígdala
AS� INmUÐNCIAS�DO�MEIO� SÎO�CAPAZES�DE�
ELIMINAR� ESSA� DIVERGÐNCIA�� #ONTUDO�� Ï�
EVIDENTE� QUE� ESSA� DIFEREN¥A� DEVE� SER�
VALORIZADA� NA� AVALIA¥ÎO� NEUROLØGICA� E�
FUNCIONAL�DE�QUALQUER�INDIVÓDUO�
AINDA EM RELAÇÃO A GÊNEROS, E ABOR-
DANDO A QUESTÃO DA HOMOSSEXUALIDA-
DE, PARA A NEUROPEDIATRIA É POSSÍVEL 
AVALIAR SE O FENÔMENO É BIOLÓGICO? 
DESDE MUITO CEDO A CRIANÇA PODE 
DESCOBRIR SUA HOMOSSEXUALIDADE?
MARCELA: 5M� ESTUDO� SUECO� MOSTROU�
QUE� HOMENS� HOMOSSEXUAIS� E� MULHERES�
HETEROSSEXUAIS� TÐM� CARACTERÓSTICAS� CE-
REBRAIS� SEMELHANTES�� %SPECIlCAMENTE��
ESSAS� SEMELHAN¥AS� ESTÎO� NO� TAMANHO�
TOTAL�DO�CÏREBRO�E�NA�ATIVIDADE�E�CONE-
XÜES� DA� AMÓGDALA�� /� MESMO� ACONTECE�
ENTRE�HOMENS�HETEROSSEXUAIS�E�MULHERES�
HOMOSSEXUAIS�� /UTRA� PESQUISA� QUE� ES-
TUDOU�O�mUXO�SANGUÓNEO�NAS�AMÓGDALAS�
OBSERVOU�QUE�EM�HOMENS�HOMOSSEXUAIS�
E�MULHERES�HETEROSSEXUAIS�O�SANGUE�mUI�
PRINCIPALMENTE�PARA�AS�ÉREAS�ENVOLVIDAS�
COM� MEDO� E� ANSIEDADE�� ENQUANTO� QUE�
EM� HOMENS� HETEROSSEXUAIS� E� MULHERES�
HOMOSSEXUAIS� TENDIA� A� mUIR� PARA�OS� LO-
CAIS� LIGADOS� ÌS� REA¥ÜES� DE� LUTA� E� FUGA��
!LÏM�DISSO��AO�AVALIAR�AS�DIFEREN¥AS�ANA-
TÙMICAS�ENTRE�OS�HEMISFÏRIOS�CEREBRAIS��O�
DIREITO�PARECE�SER�UM�POUCO�MAIOR�QUE�
O� ESQUERDO� EM� HOMENS� HETEROSSEXUAIS�
E� MULHERES� HOMOSSEXUAIS�� ENQUANTO�
QUE�HAVIA�UMA�TENDÐNCIA�Ì�SIMETRIA�EM�
HOMENS�HOMOSSEXUAIS�E�MULHERES�HETE-
ROSSEXUAIS��%M�HOMENS�HOMOSSEXUAIS�E�
MULHERES�HETEROSSEXUAIS�CONSTATARAM
SE�
TAMBÏM�MAIS�CONEXÜES�A�PARTIR�DA�AMÓG-
DALA� ESQUERDA�� *� EM�MULHERES� HOMOS-
SEXUAIS�E�HOMENS�HETEROSSEXUAIS�HOUVE�
MAIS� LIGA¥ÜES� A� PARTIR� DA� AMÓGDALA� DI-
REITA��0ARA�A�EXISTÐNCIA�DESSAS�DIFEREN¥AS�
ENTRE� O� CÏREBRO�HOMOSSEXUAL�E� O�HETE-
ROSSEXUAL� J� FORAM� AVENTADAS� DIVERSAS�
TEORIAS��COMO�A�EXPOSI¥ÎO�PROLONGADA�Ì�
TESTOSTERONA�E�OUTROS�HORMÙNIOS�MASCU-
LINOS�OU�MESMO�ALTERA¥ÜES�GENÏTICAS��/�
FATO�Ï�QUE��ATÏ�O�MOMENTO��NÎO�SABEMOS�
A�REAL�CAUSA�DE�TAIS�DIFEREN¥AS�E�SE�JÉ�SE�
NASCE�HOMOSSEXUAL�OU�NÎO�
*�����GH������
���������������I��G�hG����
��G���G��P��G��I���������G�9����������G�G�����h€������I����G�9�
I������G��
G�����9����G���Gh����I��������
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MOMENTO DO LIVRO
Livro: Opala - A história do maior chevrolet brasileiro
Número de páginas: 116 
Editora: Escala
Dos editores da revista Car and Driver
À venda nas bancas e livrarias. Veja mais informações em www.escala.com.br
Coordenação de Luiz Guerrero
Durante 24 anos de produção, o Chevrolet 
Opala reinou sem concorrentes e se tornou obje-
to de desejo de uma geração de motoristas e en-
tusiastas. Suas linhas atraentes, especialmente na 
versão cupê, e sua versão esportiva, a SS, estabe-
leceram novos padrões para a indústria brasileira.
Pois é deste automóvel que trata este livro: das 
origens, cimentadas pelo Opel Rekord, até o dia 
���GH�DEULO�GH�������TXH�PDUFRX�R�ÀP�GR�FLFOR�GH�
um dos mais queridos automóveis já produzidos 
no Brasil.
OPALA – A história do maior Chevrolet brasileiro, 
coordenada por Luiz Guerrero, é o quarto título 
da coleção Os Imortais, que anteriormente contou 
a história de outros marcantes automóveis como 
o FUSCA, o MUSTANG e a KOMBI, todos com 
capa em acabamento Premium e 116 páginas de 
histórias contadas em imagens e textos cheios 
de detalhes.
Conheça toda a história deste automóvel 
e entenda por que o Opala foi o maior 
Chevrolet até hoje fabricado no País. 
16 psique ciência&vida www.portalcienciaevida.com.br
in foco por Michele Muller
Playgrounds são 
ASSUNTO SÉRIO
de funções psicomotoras, sensoriais e so-
ciais. Trazem às crianças a oportunidade 
de praticarem o equilíbrio, a força, a aten-
ção às diversas texturas, a lateralidade, a 
coordenação motora, a propriocepção 
(noção da localização espacial do próprio 
corpo) e as habilidades criativas e sociais.
Para comprovar que a arquitetura do 
espaço faz toda a diferença na brinca-
deira, os pesquisadores Anthony Susa e 
James Benedict (1994) realizaram um es-
tudo, na década de 90, relacionando brin-
cadeiras de faz de conta, criatividade e o 
design do playground. Para isso, testaram 
o “pensamento divergente” de 80 crianças 
enquanto brincavam em diferentes espa-
ços. A conclusão foi de que os parquinhos 
CONTEMPORÊNEOS�SÎO�MAIS�ElCIENTES�NO�ES-
tímulo à criatividade que os tradicionais. O 
estudo serviu de base para muitos projetos 
de arquitetura voltados a esse público e ou-
tras pesquisas apontando a necessidade de 
UM�OLHAR�MAIS�PROlSSIONAL�SOBRE�AS�ÉREAS�
construídas para estimular brincadeiras.
Enquanto seguimos conformados com 
nossos velhos e abandonados escorregado-
res de praça, em países em que ambientes 
de lazer são levados a sério e considerados 
parte fundamental do desenvolvimento 
infantil, a discussão (que nem chegou no 
"RASIL	�ESTÉ�TÎO�AVAN¥ADA�QUE�ESTÎO�REVEN-
do alguns de seus projetos mais modernos. 
O motivo: excesso de segurança.
ESPAÇOS PÚBLICOS QUE PROMOVEM A SOCIALIZAÇÃO E O 
DESENVOLVIMENTO DE FUNÇÕES FUNDAMENTAIS PARA A SAÚDE 
MENTAL DAS CRIANÇAS DEVERIAM RECEBER MAIS ATENÇÃO 
E MAIS INVESTIMENTOS DAS AUTORIDADES BRASILEIRAS
A VIDA É CHEIA DE RISCOS E A INFÂNCIA É A 
FASE DE TREINAMENTO PARA REAIS DILEMAS 
QUE REQUEREM SEGURANÇA NA HORA DE 
AGIR. CRIANÇAS PRIVADAS DO CONTATO COM O 
PERIGO CRESCEM SEM CORAGEM
D
iante das opções tentadoras de 
diversão eletrônica, as crianças 
estão reduzindo drasticamente o 
tempo dedicado às aventuras nos 
espaços externos. Muitos pais parecem se 
preocupar com a participação excessiva dos 
ELETRÙNICOS�NO�DIA�A�DIA�DO�lLHO��MAS� SÎO�
raros os que conseguem encaixar na rotina 
momentos de atividades livres em locais 
ESTIMULANTES��!�DIlCULDADE�EM�ADMINISTRAR�
o tempo e, principalmente, a preocupação 
crescente com a segurança das crianças 
pode tornar conveniente esse interesse 
quase obsessivo delas pelas telas e botões.
Uma pesquisa recente com 2 mil fa-
mílias inglesas constatou que três em 
cada quatro crianças passam menos de 
UMA�HORA�DIÉRIA�BRINCANDO�EM�AMBIENTE�
externo – um tempo menor de contato 
com luz solar que o garantido a detentos 
das prisões daquele país. A realidade das 
nossas crianças que vivem nas cidades 
GRANDES�NÎO�DEVE�SER�DIFERENTE��%�AQUI�HÉ�
um agravante: temos menos alternativas 
interessantes de ambientes destinados 
a brincadeiras ao ar livre. A maioria dos 
nossos playgrounds públicos têm duas ou 
três atrações, não raramente mal conser-
vadas. A arquitetura nos surpreende com 
tantas soluções belas e funcionais, mas até 
agora pouco trouxe para concorrer com 
OS� INEVITÉVEIS� ESCORREGADORES� E� BALAN¥OS�
das praças brasileiras. Sem questionar a 
diversão que podem propiciar, sozinhos 
eles não representam um grande motiva-
DOR�PARA�TIRAR�PAIS�E�lLHOS�DE�CASA�
A necessidade de oferecer ambien-
tes atraentes e repletos de estímulos em 
ESPA¥OS� PÞBLICOS� Ï� EVIDENTE� EM� VÉRIOS�
lugares do mundo. Em muitos países, a 
comunidade têm à disposição parquinhos 
desenvolvidos por arquitetos especializa-
dos nesse setor. Muitos são tão criativos e 
IRRESISTÓVEIS�QUE�DÉ�VONTADE�DE�VOLTAR�A�SER�
criança para aproveitar a estrutura.
Esses locais, quando bem arquitetados, 
não apenas servem de incentivo a passeios 
EM�FAMÓLIA�E�MENOS�HORAS�DE�SOFÉ��SÎO�PRO-
jetados a partir da consciência da impor-
tância do ambiente no desenvolvimento 
www.portalcienciaevida.com.br psique ciência&vida 17
IM
AG
EN
S:
 M
IC
HE
LE
 M
IL
LE
R
probabilidade de gerarem batidas, quedas 
e machucados. Os pais excessivamente 
protetores terão que rever seus conceitos 
e entender por que as ataduras do Menino 
Maluquinho foram essenciais para a for-
mação de um jovem feliz e bem resolvido, 
conforme Ziraldo concluiu a história.
Na década de 1940, muito antes de 
TERMOS� COMPROVA¥ÜES� CIENTÓlCAS� DA� IM-
portância dos riscos que a brincadeira 
livre traz, o arquiteto dinamarquês Carl 
Sørensen criou um conceito de play-
ground que foi espalhado por toda a Eu-
ropa. Sua ideia era dar às crianças da cida-
de as mesmas chances de viver aventuras 
que eram privilégio das que cresciam no 
interior. O Adventure Playground atual-
mente conta com cerca de mil espaços em 
diversos países, inclusive Estados Unidos 
e Japão. Equipados com muitos pedaços 
de madeira e ferramentas de verdade, os 
parques trazem aos pequenos aventurei-
ros a oportunidade de construírem seus 
próprios brinquedos, de subirem em cor-
DAS��ÉRVORES�E�DE�SE�SUJAREM�BASTANTE�
No Japão, a preocupação em expor 
crianças pequenas ao risco foi um dos 
principais fundamentos do projeto da 
escola construída por um dos arquitetos 
mais conceituados daquele país na atua-
lidade. Takaharu Tezuka projetou a Fuji 
Kindergarten, em Tóquio, levando em 
consideração as necessidades naturais das 
crianças – inclusive de se aventurar. Na 
escola, em formato oval e sem a tradicio-
nal separação física das salas de aula, elas 
têm total liberdade de explorar o ambien-
te e passam a maior parte do tempo gas-
TANDO�ENERGIA�NAS�ÉREAS�EXTERNAS��,É�ELAS�
correm, em média, 4 quilômetros por dia 
e ganham naturalmente as habilidades 
psicomotoras que garantem seu desen-
volvimento social e cognitivo. Nenhuma 
CRIAN¥A� Ï� CONSIDERADA� PROBLEMÉTICA� POR�
NÎO� CONSEGUIR� lCAR� SENTADA� DENTRO� DE�
uma sala. O arquiteto Takaharu Tezuca, 
em sua palestra do TED, destaca: “Crian-
ças precisam de pequenas doses de peri-
go. Nessas ocasiões elas aprendem a se 
ajudar. Isso é viver em sociedade. É oque 
estamos perdendo nos dias atuais”.
Além de serem impedidas de brincar 
LIVREMENTE�� COMO� RESULTADO� DE� VÉRIOS� TI-
pos de medo que as cidades grandes nos 
IMPÜEM��AS�CRIAN¥AS�PERDERAM�A�CONlAN-
ça de seus pais. Em algum momento da 
história recente colocaram uma lente de 
aumento nas pequenas ameaças do dia a 
dia e resolveram que crianças são total-
MENTE� IRRESPONSÉVEIS� E� DESPROVIDAS� DE�
noção de perigo.
Um dos fatores que mais pesam no es-
tilo de vida das crianças modernas – seja 
NA� )NGLATERRA� OU� AQUI� n� ACABOU� INmUEN-
ciando a criação dos espaços contempo-
RÊNEOS� DE� BRINCADEIRA�� !lNAL�� ALGUMAS�
sociedades, especialmente a americana, 
vivem sob ameaça constante de proces-
sos, e qualquer atividade que envolva o 
público infantil corre sério risco de gerar 
insatisfações com consequências legais.
Os medos e ansiedades dos adultos, 
desproporcionais aos verdadeiros riscos 
que a realidade traz, desconsideram a na-
tureza da criança e mais prejudicam que 
protegem. O perigo, em pequenas doses 
DIÉRIAS�� Ï� PARTE� FUNDAMENTAL� DAS� BRINCA-
deiras. Filhotes de espécies mais evoluídas 
se divertem correndo riscos, testando seu 
próprio comportamento diante de situ-
ações perigosas simuladas nas pequenas 
lutas e aventuras de sua curta infância. E 
isso não ocorre por acaso, nem representa 
irresponsabilidade ou falta de noção, como 
MUITOS� PAIS� DE� lLHOTES� HUMANOS� ACREDI-
tam. É parte do crescimento, do autoco-
nhecimento e do conhecimento dos limi-
tes do corpo e das necessidades do outro. 
A vida é cheia de riscos e a infância é a fase 
de treinamento para reais dilemas que re-
querem segurança na hora de agir. Crian-
ças privadas do contato com o perigo cres-
cem sem coragem, dependentes, com altos 
níveis de ansiedade e sem noção de como 
lidar com situações sociais simples que não 
poderão ser evitadas pelos pais mais tarde.
Portanto, além de modernos, criativos 
e cheios de estímulos, muitos playgrounds 
contemporâneos de países desenvolvidos 
estão sendo repensados para trazer um 
certo risco. Ou seja: voltam a ter cantos, 
pontas, superfícies duras, altura e mais 
Michele Muller é jornalista com especialização em Neurociência Cognitiva 
e autora do blog http://neurocienciasesaude.blogspot.com.br
18 psique ciência&vida www.portalcienciaevida.com.brwww.portalcienciaevida.com.br
psicopositiva por Lilian Graziano
CONSIDERADA 
COMO CONDIÇÃO 
FUNDAMENTAL 
PARA A 
FELICIDADE 
GENUÍNA, A 
AUTENTICIDADE 
DEVE SER 
UMA BUSCA 
CONSTANTE. 
MAS, PARA ISSO, 
PRECISAMOS 
CONHECER OS 
SEUS IMPEDITIVOS
A lata de azeite e os impeditivos 
da VIDA AUTÊNTICA (parte 2) 
aquela experimentada por um indiví-
duo distante da sua própria verdade.
No texto passado af irmei que se-
riam quatro essas razões (má inten-
ção, desconhecimento, falta de cora-
gem e o “moedor de carne”), tendo 
discutido, naquela ocasião, apenas as 
duas primeiras.
Começo este texto, portanto, falando 
sobre a terceira razão que poderia impe-
dir que uma pessoa leve uma vida autên-
tica: a simples e pura falta de coragem.
!RISTØTELES�AlRMAVA��SABIAMENTE��QUE�
a coragem é a principal das virtudes, vis-
to ser necessária até para que o indivíduo 
seja ele mesmo.
Concordo integralmente com o 
SÉBIO� lLØSOFO�� .O� ENTANTO�� VOU� ALÏM��
Tenho medo dos covardes quase tanto 
quanto dos maus caráteres. Isso por-
que, considerando a bondade como 
característica da maior parte dos seres 
humanos (uma crença bastante discutí-
vel, admito), creio ser no covarde que o 
mau caráter encontra sua principal fon-
te de manobra. O covarde se corrompe 
por medo. Medo de perder a aprova-
ção, o afeto, o conforto, o prestí-
gio, não importa. É por medo 
que ele deixa de viver aqui-
lo em que acredita, abre 
mão de seus valores e, 
P
artindo da ideia de que a au-
tenticidade é mais do que uma 
força pessoal, na coluna passa-
da comecei a discorrer sobre a 
importância dessa característica para 
a chamada felicidade genuína. Mais do 
QUE�ISSO��AlRMEI�QUE��A�DESPEITO�DESSE�
fato, existem algumas razões que cos-
tumam condenar as pessoas a uma 
vida inautêntica. Uma vida que, 
agora acrescento, seria bastante 
discutível em termos de felicida-
de, visto sua inerente ausência de 
sentido, uma vez que nenhuma 
anomia pode ser maior do que 
www.portalcienciaevida.com.br psique ciência&vida 19
Lilian Graziano é psicóloga e doutora em Psicologia pela USP, com curso de extensão 
em Virtudes e Forças Pessoais pelo VIA Institute on Character, EUA. É professora 
universitária e diretora do Instituto de Psicologia Positiva e Comportamento, 
onde oferece atendimento clínico, consultoria empresarial e cursos na área. 
graziano@psicologiapositiva.com.br
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/ A
CE
RV
O 
PE
SS
OA
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justamente por conta dessa fraqueza, 
torna-se perigoso.
Se pensarmos na autenticidade 
como uma condição para uma vida feliz 
e considerarmos que é necessário cora-
gem para sermos autênticos, a conclusão 
é clara: a felicidade exige coragem. E é 
triste saber que existem pessoas infelizes 
não pelas condições que cercam suas vi-
das mas, antes de tudo, pelo medo que 
as impele a uma vida pela metade em 
que a extensão de seus discursos não vai 
além do volume vacilante de suas pala-
vras. Além disso, vivemos em uma épo-
ca em que imersos em uma avalanche de 
simulações (sociedade do espetáculo, al-
guns diriam) ser autêntico e verdadeiro 
tornou-se um diferencial. Mas isso já é 
um outro assunto!
A quarta razão que nos afasta da au-
tenticidade é o que chamo de “moedor 
DE� CARNEv�� *É� DElNI� ESSA� EXPRESSÎO� EM�
outros textos meus, portanto, dessa vez, 
serei breve. Chamo de moedor de carne 
esse ritmo alucinante em que vivemos 
que nos faz viver numa espécie de piloto 
automático e que nos distancia de tudo: 
das atividades que fazemos, das pessoas 
ao nosso redor e de nós mesmos. Os dias 
vão se acumulando uns sobre os outros, 
a vida vai passando e lá estamos nós 
dentro (?!) daquele enorme moedor de 
carne, muitas vezes ligados no 220 volts.
E é assim que o moedor de carne 
se torna responsável por coisas como a 
lata de azeite. Antes que você me tome 
como louca, permita-me, caro leitor, 
que eu me explique.
Durante boa parte da minha infân-
cia e adolescência, brigava com minha 
mãe por causa das latas de azeite que 
tínhamos em casa (sim, porque naquela 
época o azeite era vendido em latas!). 
Nossas latas de azeite eram sempre me-
lecadas e grudentas, o que me incomo-
A AUTENTICIDADE 
É IMPOSSÍVEL SEM O 
AUTOCONHECIMENTO. 
TALVEZ POR ESSA 
RAZÃO ESSE ÚLTIMO 
SEJA A PEDRA 
ANGULAR DE 
TODO TRABALHO 
PSICOTERAPÊUTICO
dava bastante. Eu tinha a plena convic-
ção de que isso acontecia porque minha 
mãe fazia dois furos na lata (na época 
EU�DESCONHECIA�A�TEORIA�DOS�mUIDOS	��/�
fato é que brigava com minha mãe to-
das as vezes. Quando abria uma lata de 
azeite, eu fazia sempre um furo grande 
�RESOLVENDO� ASSIM� O� PROBLEMA� DO� mU-
XO	��-INHA�MÎE�lCAVA� LOUCA��!LÏM�DE�
fazer um outro furo na lata ainda en-
lAVA�UM�PALITO�DE�DENTE�NO�FURO�QUE�EU�
HAVIA�FEITO�A�lM�DE�DEIXÉ
LO�MENOR��&OI�
assim por muito tempo. Até que um dia 
EU�ME� CASEI�� lZ�MINHA� PRIMEIRA� COM-
pra de supermercado e, claro, comprei 
minha lata de azeite. Quando cheguei 
em casa, peguei a lata e aconteceu: sem 
QUE�ME�DESSE�CONTA��lZ�DOIS�FUROS�NELAå�
Lembro-me desse dia como se fosse 
hoje. Naquele momento meu cérebro, 
funcionando no piloto automático, me 
traíra, fazendo com que eu simplesmen-
te seguisse a minha referência, ainda 
que isso fosse de encontro com minha 
crença e minha verdade. 
Para mim, a lata de azeite se tornou 
uma metáfora do que acontece quan-
do estamos distantesde nós mesmos: 
traímos a nossa essência, deixamos de 
ser autênticos e, o pior, temos que arcar 
com uma vida, por assim dizer, um tan-
to “melecada”.
ANÚNCIO 1/3
20 psique ciência&vida www.portalcienciaevida.com.br
psicopedagogia por Maria Irene Maluf
Educando para o FUTURO
DURANTE TODA A ESCOLARIDADE É POSSÍVEL APARELHAR 
GRADATIVAMENTE AS CRIANÇAS E JOVENS DE MODO A 
DESENVOLVER AS CHAMADAS HABILIDADES INTERPESSOAIS
O 
homem é um ser social por 
natureza. Desde o momen-
to de seu nascimento, in-
dependentemente de onde 
viva, já se encontra inserido em um 
grupo social, que se amplia conforme 
cresce e começa a frequentar a escola, 
constituindo novas e crescentes rela-
ções interpessoais. 
Tal rede de relações é estabelecida 
segundo características do indivíduo, 
do próprio grupo e da cultura vigente 
e vai sendo construída gradativamen-
te no decorrer de toda vida e, embora 
os primeiros anos sejam primordiais 
nesse aprendizado, é preciso aprender 
a aprender como planejar novas situa-
ções por toda a vida.
Ninguém duvida que o maior ob-
jetivo da educação seja criar a auto-
nomia pessoal e social e que essa con-
dição dependa em grande parte da 
formação acadêmica e depois prof is-
sional, de cada pessoa. A constituição 
de um perf il prof issional que acom-
panhe as mudanças, as demandas de 
um mundo laboral hiperativo, compe-
titivo e exigente é uma urgência das 
últimas décadas, à qual ninguém se 
pode furtar.
Paralelamente a isso, temos como 
certo que a formação do adulto capaz 
e autônomo, socialmente responsável, 
depende primordialmente da educação 
que recebe da família e da escolaridade 
que frequenta e que esta não se baseia 
mais na transmissão de valores e co-
nhecimentos (de toda ordem) pratica-
mente imutáveis, mas na necessidade 
DE�CRIAR�PESSOAS�COM�UM�PERlL�ADAPTA-
tivo às rápidas mudanças sociais, cien-
TÓlCAS�� MERCADOLØGICAS�� ETC�� !PRENDER�
como se aprende, para aprender sem-
pre, constitui um padrão de realidade à 
qual ninguém pode se furtar. 
Entretanto, além do imprescindí-
vel respeito aos talentos naturais, há 
de se levar em conta que habilidades 
de toda ordem devem ser aprendidas a 
partir da pré-escola, visando o desen-
volvimento de um novo perf il, que vai 
passo a passo evoluindo até alcançar 
condições ideais de atender as exigên-
cias acadêmicas e, um dia, ser prof is-
sionalmente competitivo.
Capacidade de se adaptar a mu-
danças, responder a desaf ios de modo 
organizado, coerente, ser capaz de 
trabalhar e resolver problemas junto 
a outras pessoas, demonstrar atitudes 
interpessoais de comunicação, lide-
rança, domínio da tecnologia são im-
prescindíveis para a vida social e para 
atender as demandas do mercado de 
trabalho do século XXI.
No dia a dia é possível, por exem-
plo, criar métodos e estratégias que 
objetivam desenvolver as chamadas 
habilidades interpessoais das crianças 
e jovens em idade escolar. Isso pode 
ser realizado mediante jogos e tarefas 
de grupo, onde é maior a valorização 
dos comportamentos que demons-
trem capacidade de trocas de infor-
mação ef icientes, empatia, atitudes 
de comando, controle da frustração, 
capacidade de suportar pressão, resi-
liência e autonomia, entre outras.
Segundo Eric Smith, pesquisador 
da Universidade de Stanford, o controle 
emocional gera atitudes mais adapta-
TIVAS� EM� CASO� DE� MUDAN¥AS�� DESAlOS��
fracassos, estresse comuns na vida estu-
dantil, e preparam para as vicissitudes 
DO�MUNDO�PROlSSIONAL�PRINCIPALMENTE��
Portanto, preparar as crianças e jo-
VENS�PARA�ATENDER�A�ESSE�PERlL�DE�PRO-
lSSIONAIS�QUE�A� SOCIEDADE�PRECISA�PARA�
enfrentar as vicissitudes e os novos 
modelos do século XXI tornou-se um 
DESAlO�REALISTA�PARA�A�FAMÓLIA�E�A�ESCOLA��
E, evidentemente, bons professo-
res que também tenham essa feição 
tornaram-se indispensáveis: antes de 
dominar o conteúdo ou ser um mes-
tre na didática, o importante passou 
a ser sua habilidade interpessoal, ou 
seja, saber estabelecer um bom rela-
cionamento com seus alunos, desen-
volver empatia, criar o sentimento de 
pertencimento a um grupo. Isso tudo 
favorece as habilidades cognitivas e 
www.portalcienciaevida.com.br psique ciência&vida 21
Maria Irene Maluf é especialista em Psicopedagogia, Educação Especial e 
Neuroaprendizagem. Foi presidente nacional da Associação Brasileira de 
Psicopedagogia – ABPp (gestão 2005/07). É editora da revista Psicopedagogia 
da ABPp e autora de artigos em publicações nacionais e internacionais. Coordena 
curso de especialização em Neuroaprendizagem. irenemaluf@uol.com.br
SH
UT
TE
RS
TO
CK
/ A
RQ
UI
VO
 P
ES
SO
AL
inf luencia de forma marcante no en-
sino e na aprendizagem. 
Segundo revela uma importante 
pesquisa divulgada recentemente pelo 
Grupo Educacional Person (2015), re-
alizada em 23 países, sobre as carac-
terísticas mais valorizadas por alunos, 
pais, professores e responsáveis pelas 
políticas educacionais em cada nação, 
as coincidências foram muitas.
 Para os alunos brasileiros, a pa-
ciência é a principal qualidade de um 
bom professor (13%) e saber se rela-
cionar é o segundo quesito mais im-
portante, seguido do prof issionalismo 
e habilidades didáticas. 
Inqueridos os familiares dos alu-
nos, 14,2% indicaram o prof issionalis-
mo, seguido do relacionamento e da 
paciência, como características-chave 
de um bom professor, o que não di-
fere essencialmente do que pensam 
os próprios professores que agregam 
ainda a dedicação (9,8%).
A pesquisa revelou que para os re-
presentantes políticos se destaca outra 
ALÉM DO IMPRESCINDÍVEL RESPEITO 
AOS TALENTOS NATURAIS, APRENDER 
COMO SE APRENDE, PARA APRENDER SEMPRE, 
CONSTITUI UM PADRÃO DE REALIDADE 
DO QUAL NINGUÉM PODE SE FURTAR
qualidade, mas em quarta posição, que 
está relacionada ao gerenciamento 
da sala de aula (8,4%), perdendo ape-
nas para o relacionamento (12,2%), 
paciência (12,2%) e dedicação (10,7%).
Tais habilidades fazem com que a 
criança, no encontro e vivência com 
seus pares, conheça seus próprios 
sentimentos, suas reações emocionais 
FRENTE�AO�COTIDIANO�E�SEUS�DESAlOS��SEU�
MODO� DE� PENSAR� E� REmETIR� SOBRE� ISSO��
Portanto, oportunizar o desenvolvi-
mento das habilidades socioemocio-
nais dos professores é importante para 
melhorar a aprendizagem acadêmica e 
para ajudar a desenvolver as mesmas 
habilidades nas novas gerações. 
22 psique ciência&vida www.portalcienciaevida.com.br
sexualidade Por Giancarlo Spizzirri
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PE
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A SEXUALIDADE É MUITO MAIS QUE O ATO SEXUAL. 
MUITOS FATORES PODEM INFLUENCIAR NOSSO 
COMPORTAMENTO. FALAR SOBRE O ASSUNTO, MESMO 
ANTES DA PUBERDADE, É UMA TAREFA ÁRDUA DADA A 
DIVERSIDADE DAS CONDUTAS HUMANAS
A FASE das descobertas 
de SI MESMO
habitualmente descrito como início da 
vida sexual. Não é incomum nos per-
guntarem com que idade começamos 
a vida sexual – entretanto a sexualida-
de humana é muito mais do que o ato 
sexual em si.
As primeiras práticas e atividades 
sexuais durante a adolescência in-
f luenciam nossas emoções e, por con-
seguinte, nossas relações. Com frequ-
ência ouvimos relatos de pessoas que 
foram reprimidas durante a adolescên-
cia, e de como essa repressão as in-
f luenciou de forma negativa em com-
portamentos futuros; por outro lado, 
também são frequentes os relatos de 
indivíduos que não receberam qual-
quer orientação e/ou foram criados 
em ambientes considerados permis-
sivos, que também sofrem durante a 
vida adulta em seus relacionamentos. 
Portanto, chegar em um denominador 
do que seja adequado ao pensarmos na 
educação durante, e até mesmo antes 
da puberdade,é uma tarefa árdua dada 
a diversidade das condutas humanas. 
Em relação às mudanças f ísicas 
que acompanham esse período, algu-
mas considerações merecem desta-
que. É na adolescência (para alguns 
em fases precoces, para outros em 
fases posteriores do desenvolvimento 
– durante esse período) que se obser-
vam nas meninas o aparecimento do 
broto mamário e na sequência o de-
senvolvimento das mamas, da pilosi-
dade pubiana e axilar, da genitália e 
a primeira menstruação, que recebe 
o nome de menarca. Nos meninos ve-
rif icam-se aumento dos testículos e 
posteriormente o surgimento dos pe-
los pubianos, assim como o aumento 
do tamanho do pênis. Essas mudanças 
f ísicas são velozes, e muitas vezes po-
dem gerar conf litos. De certa maneira 
é como se o psiquismo não acompa-
nhasse a intensidade do aumento dos 
hormônios, responsáveis por essas al-
terações. Com frequência o adolescen-
te pode não reconhecer o seu próprio 
corpo, sentimentos de inconformidade 
são comuns, entre eles: sentir-se esqui-
sito, atrapalhado, atribulado, ansioso, 
frustrado, uma vez que nem sempre a 
imagem corporal reproduzirá aquela 
que foi idealizada.
Além desse corpo em mudança, que 
rapidamente vai perdendo as caracte-
rísticas infantis, é nesse período que as 
sensações oriundas de por quem sen-
timos atração sexual irão se tornando 
mais evidentes, e então mais dúvidas e 
A 
adolescência é uma fase 
do desenvolvimento, que 
geralmente ocorre dos 10 
aos 19 anos de idade. Para 
a Organização Mundial da Saúde, a 
puberdade se distingue por mudan-
ças envolvidas com particularidades 
f ísicas (por exemplo, pela inf luência 
dos hormônios no desenvolvimento 
das características sexuais secundá-
rias), emocionais, relacionais, entre 
outras. Com a maturação das gônadas 
(ovários e testículos), a função repro-
dutora passa a se constituir uma pos-
sibilidade; além do mais, é nessa fase 
que as práticas sexuais ganham outra 
dimensão, e normalmente costumam 
ser mais empreendidas, como a mas-
turbação, brincadeiras e jogos com a 
f inalidade de gratif icação sexual. En-
tretanto, não podemos resumir esse 
período somente como sendo o qual 
novas práticas sexuais são exploradas; 
ele é também um momento importan-
te de interação dos adolescentes com 
seus pares, família e sociedade. 
Segundo diversos estudos, é nesse 
período, geralmente após os 14 anos, 
que ocorrerá a primeira atividade se-
xual com outra pessoa. Para muitos, 
esse momento constitui um marco, 
www.portalcienciaevida.com.br psique ciência&vida 23
NA ADOLESCÊNCIA, 
AS MUDANÇAS 
FÍSICAS SÃO VELOZES 
E PODEM GERAR 
CONFLITOS. É COMO 
SE O PSIQUISMO NÃO 
ACOMPANHASSE 
A INTENSIDADE 
DO AUMENTO 
DOS HORMÔNIOS, 
RESPONSÁVEIS POR 
ESSAS ALTERAÇÕES
ABORDAGEM�OPORTUNA�E�ESPECÓlCA�SOBRE�
o tema. Além do mais, determinadas 
práticas sexuais são encorajadas de-
pendendo do sexo do nascimento. Para 
os garotos adolescentes, a masturbação 
parece ser mais aceita socialmente do 
que para as garotas. Ao pensarmos em 
desigualdades, esse fato pode consti-
tuir um prejuízo para as adolescentes 
na exploração e melhor entendimento 
das reações do próprio corpo. 
Após a avalanche de hormônios 
que acarretam as mudanças f ísicas, 
um pouco mais adiante, as sensações 
e as emoções perceberão o impacto 
dessas alterações. Chega-se então na 
fase das grandes paixões, de sensa-
ções como: o meu mundo acabou se 
meu amor não for correspondido; as-
sim como das grandes causas, como: 
Giancarlo Spizzirri é psiquiatra doutorando pelo Instituto de Psiquiatria (IPq) 
da Faculdade de Medicina da USP, médico do Programa de Estudos em 
Sexualidade (ProSex) do IPq e professor do curso de especialização em 
Sexualidade Humana da USP.
receios podem acompanhar essa fase. 
Como é um período de novas desco-
bertas, nem sempre as brincadeiras 
sexuais com pessoas do mesmo sexo 
IRÎO� REmETIR� EM� ORIENTA¥ÎO� SEXUAL� HO-
mossexual na idade adulta. Aliás, os 
fatores que determinam a orientação 
sexual são complexos e merecem uma 
eu tenho razão, os outros é que não 
me compreendem, e assim por diante. 
Diante do exposto, o adolescente ain-
da tem de lidar com questões cruciais 
que dizem respeito a sua integridade 
f ísica, como as doenças sexualmente 
transmissíveis, uso de bebidas alcoóli-
cas, rivalidades entre grupos etc. Além 
do mais, se esses adolescentes não fo-
ram bem instruídos sobre os métodos 
contraceptivos e preventivos, a possi-
bilidade de uma gravidez indesejada 
e/ou doenças transmissíveis pelo con-
tato sexual torna-se concreta. Portan-
to, quanto mais os adolescentes forem 
aconselhados de maneira adequada, 
tanto mais serão capazes de tomar de-
cisões apropriadas, que implicarão em 
mais satisfação em um período da vida 
do qual guardamos lembranças.
24 psique ciência&vida www.portalcienciaevida.com.br
EQUÍVOCOS da profissão
supervisão Por Ricardo Wainer
A SUPERVISÃO E O PROCESSO DE 
AUTOCONHECIMENTO DO TERAPEUTA 
PERMITEM A PREVENÇÃO SIGNIFICATIVA 
DE ALGUMAS OCORRÊNCIAS QUE SURGEM 
DE SENSAÇÕES DESCONFORTÁVEIS COM 
O PACIENTE OU POR PENSAMENTOS DE 
INCOMPETÊNCIA COM O CASO
O TERAPEUTA POSSUI A DESAFIADORA TAREFA DE AJUDAR O 
PACIENTE E PODE ENCONTRAR OBSTÁCULOS NO CAMINHO, 
COMO SEUS PRÓPRIOS ESQUEMAS MENTAIS DESADAPTATIVOS
O segundo erro é a utilização pelo 
terapeuta de mecanismos de hipercom-
pensação, de forma a evitar sentimentos 
desagradáveis vinculados a seus EIDs. 
Nesse tipo de ocorrência, o que se vê é o 
terapeuta agindo de um modo extremo, 
seja através de condutas agressivas (de 
ataque), de controle excessivo ou ainda 
se autoengrandecendo em relação ao 
paciente. Assim, um paciente narcisis-
ta, que ativa o esquema de fracasso e/
ou de privação emocional do terapeuta, 
pode sofrer um “ataque” do terapeuta, 
por meio de depreciação ou mesmo de-
monstrações de inveja. Evidentemente, 
esse tipo de situação usualmente tem o 
término da terapia como desfecho.
Tem-se também uma falha de mesma 
natureza da anterior, mas com sentido 
oposto. A conduta do psicoterapeuta em 
se subjugar ao paciente através de con-
dutas permissivas, como alongamento 
do tempo da sessão, permissividades em 
relação a faltas e/ou não cumprimento 
de combinações (horários, pagamentos, 
tarefas de casa etc.), indica que os EIDs 
do paciente ativaram EID de subjugação 
do terapeuta, que acaba por assumir esse 
papel passivo como uma forma primiti-
va de obter afeto-consideração ou de 
não ser visto como defeituoso.
A quarta situação a ser monitorada é 
a conduta de criticar o paciente. Talvez 
o mais iatrogênico de todos os quatro 
erros indicados, pois reapresenta ao pa-
CIENTE�UMA�FORMA�DE�hmASHBACKv�DE�SEU�
PASSADO�COM�lGURAS�DE�AUTORIDADE�DIS-
funcionais e as quais ele, provavelmente, 
(EIDs)¹ e/ou da repetição de estilos dis-
funcionais de enfrentamento (que his-
toricamente serviram para aliviar situ-
ações de abuso ou emoções negativas).
O primeiro desses equívocos é o 
terapeuta se desconectar do paciente 
durante a sessão, entrando no modo de 
enfrentamento disfuncional chamado 
“protetor desligado”, segundo a terapia 
do esquema. É uma forma de resistên-
cia automática e inconsciente (na maio-
ria das vezes), em que o terapeuta pode 
INTERAGIR�E�INTERVIR�DE�MODO�SUPERlCIAL��
desconexo, racionalizando (dando “dis-
cursos teóricos”) ou mesmo apresen-
tando sentimentos de tédio, chateação 
E�DESCONFORTO��.ÎO�RARO��PODE�lCAR�COM�
o pensamento em questões pessoais ou 
ainda falar sobre assuntos banais com 
o paciente (“conversa entre amigos”). 
A ocorrência desse tipo de erro indica, 
na maioria das vezes, que o paciente 
encontrava-se no mesmo modo “prote-
tor desligado” e, ao invés de “trazê-lo 
de volta” para o setting terapêutico, o 
terapeuta é que vai para a “periferia” do 
foco da sessão.A 
complexidade e sutilezas do 
processo psicoterápico podem 
lCAR�OCULTAS�NUMA�ANÉLISE�SU-
PERlCIAL� E� INGÐNUA�� %NTRETAN-
to, olhando-se para além do aparente, 
desnuda-se uma rede intricada de rela-
ções entre conhecimentos e experiên-
cias emocionais de diversos momentos 
cronológicos do indivíduo, que culmi-
nam na projeção das muitas facetas do 
self de cada ser humano.
Para obter sucesso em sua empreita-
da, o clínico necessita, para além de seus 
conhecimentos teóricos e técnicos, um 
saber sempre atualizado de seus esquemas 
mentais mais primitivos, bem como 
de seus modos de enfrentamento que 
são ativados quando suas necessidades 
emocionais não são satisfeitas (o que pode 
ocorrer a qualquer momento, inclusive na 
relação terapêutica).
Dentre os erros mais freqüentes que 
se apresentam na prática psicoterápi-
ca temos quatro deles que tipicamente 
aparecem como resultante da falta de 
consciência do terapeuta sobre seus pró-
prios esquemas mentais desadaptativos 
www.portalcienciaevida.com.br psique ciência&vida 25
SH
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Ricardo Wainer é doutor em Psicologia, especialista em Terapia do Esquema, 
com treinamento avançado pelo New York Schema Institute, e supervisor 
credenciado pela International Society of Schema Therapy. Pesquisador em 
Psicoterapia Cognitivo-Comportamental e em Ciências Cognitivas. Professor titular 
da Faculdade de Psicologia da PUC–RS. Diretor da Wainer Psicologia Cognitiva.
TA�A� IDENTIlCAR�AS�PISTAS�E�SINAIS�DE�QUE�
um EID determinado está ativado. Após 
isso, auxiliá-lo a conscientizar-se so-
bre qual modo de enfrentamento adota 
quando tal EID está ativado. Pode usar 
o “protetor desligado” e se desconectar 
dos sentimentos negativos que a sessão 
está lhe ativando. Pode ainda hipercom-
pensar ou subjugar-se. E, não menos da-
noso, lidando com a situação através da 
crítica e punição.
de alguns questionários e pela própria 
análise dos casos em que o terapeuta 
DEMONSTRA� MAIORES� DIlCULDADES�� ±S�
vezes isso pode se dar por sensações 
desconfortáveis com o paciente ou por 
pensamentos de incompetência com o 
caso. Em outros, paradoxalmente, por 
um interesse muito aumentado pelo 
caso, com ações incomuns de afeto 
com o cliente.
O supervisor deve levar o terapeu-
as traz dentro de si como “vozes críti-
cas”. A atitude de criticar pode assumir 
duas formas. Uma delas é a atitude de 
exigir mais e mais do paciente, sendo hi-
perdemandante com o mesmo e fazendo 
com que este se sinta sempre em falta ou 
sendo punitivo com o paciente, através 
de ironias, xingamentos ou gritos. Ou-
tra maneira desse modo crítico se mani-
festar é pela livre permissão do terapeu-
ta de falas e atitudes autodepreciativas 
do próprio paciente, do tipo, “não presto 
para nada”, “nada do que faço tem valor” 
ou outras ainda piores.
A supervisão e o processo de auto-
conhecimento do terapeuta permitem a 
PREVEN¥ÎO�SIGNIlCATIVA�DESSAS�OCORRÐN-
cias. Obtém-se isso através, inicialmen-
te, da detecção dos EIDs do terapeuta, 
o que pode ser obtido por meio do uso 
Referências
¹Young, J. E.; Klosko, J. S.; Weishaar, M. E. Terapia do Esquema: Guia de Técnicas Cognitivo-
comportamentais Inovadoras, 2008.
26 psique ciência&vida www.portalcienciaevida.com.br
PSICOLOGIA JURÍDICA 
 
Questõe
s
 
 éticas e 
 
técnicas
 do psicó
logo
A atua
ção do
 profiss
ional na
 Perícia
 Psicol
ógica n
o 
âmbito
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línica
Por A
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 Calça
da
www.portalcienciaevida.com.br psique ciência&vida 27
Andreia Calçada é psicóloga, psicoterapeuta, ludoterapeuta, 
pós-graduada pela UERJ em Psicopedagogia Clínica, 
especialista em Psicologia Clínica e Psicopedagogia, 
com especialização em Neuropsicologia pelo IPUB. Tem 
experiência em Equipe Psiquiátrica e Avaliação Psicológica e 
é pós-graduada e especializada em Psicologia Jurídica. Autora 
dos livros Falsas acusações de abuso sexual – o outro lado 
da história, Falsas acusações de abuso sexual e a implantação 
de falsas memórias, Perdas irreparáveis – alienação parental e 
falsas acusações de abuso sexual e é coautora do livro Guarda 
compartilhada – aspectos psicológicos e jurídicos.
SH
UT
TE
RS
TO
CK
 
Éstá cada vez mais clara a necessida-de que os psicólogos e outros pro-fissionais têm de compreender a diferença existente entre a atuação profissional do psicólogo na área 
clínica e a atuação do psicólogo no meio jurídico, 
especialmente na perícia psicológica.
A atuação do psicólogo tem sido cada vez 
mais solicitada no meio forense, principalmente 
no que tange à avaliação de crianças e adolescen-
tes em litígios familiares e em Varas de Família. 
As perícias psicológicas podem ocorrer também 
em Varas Criminais e ligadas ao Trabalho, mas 
em sua maioria ocorrem nas vinculadas à Famí-
lia. O momento atual pelo qual passam as famí-
lias traz em seu bojo uma série de mudanças que 
a reboque geram conf litos. A família mudou. Do 
núcleo tradicional, pai, mãe e filho, temos hoje 
mães que são chefes de família, pais que cuidam 
de filhos, famílias homoafetivas e famílias for-
madas por filhos de vários casamentos dos par-
ceiros. Normal, portanto, que novas demandas 
surjam e que o Judiciário seja procurado para 
resolver os conf litos decorrentes. Processos de 
guarda, convivência, partilha de bens, entre ou-
tros, nos quais, muitas vezes indevidamente, as 
crianças são envolvidas.
Consequentemente, o psicólogo é solicitado 
para avaliações. Em função disso, o número de 
processos contra esse profissional nos CRPs e 
CFP aumentou muito nos últimos anos. Visando 
estabelecer diretrizes, o CRP elaborou um docu-
mento denominado “Referências técnicas para a 
atuação do psicólogo em Varas de Família”, bem 
como a Resolução 8/2010, que regula a atuação 
dos psicólogos peritos e assistentes técnicos atu-
antes no Judiciário. Além da Resolução 7/2003, 
que regulamenta o manual de documentos decor-
rentes de avaliação psicológica (entre eles os lau-
dos e pareceres). O objetivo foi a proteção de fa-
mílias e profissionais, já que esses últimos, muitas 
vezes, se envolvem na seara do conflito, servindo 
como arma para os atores. É um lugar de difícil 
atuação, que demanda clareza por parte do psicó-
logo sobre qual o seu lugar e a sua importância.
A perícia psicológica em Varas de Família, 
segundo Silva (2015), “é uma avaliação/investiga-
ção psicológica realizada por perito psicólogo, de-
terminada pelo juiz, com o objetivo de verificar a 
relação entre pais e filhos (ou de quem está pedin-
do a guarda), seus vínculos, os processos mentais e 
28 psique ciência&vida www.portalcienciaevida.com.br
PSICOLOGIA JURÍDICA 
Œ�+��I�����G��
I����I�È�I�G����������Ô��Œ
O Conselho Federal de Psicologia (CFP) fun-
ciona como uma autarquia de direito públi-
co, que tem a missão de orientar, fiscalizar e 
disciplinar a profissão de psicólogo, zelar pela 
observância dos princípios éticos, além de co-
laborar para o desenvolvimento da Psicologia 
como ciência e profissão. Tem sede no Distrito 
Federal e sedes regionais (Conselhos Regionais 
– CRP) nas capitais de 17 estados brasileiros.
tologia, utilização de testes e dinâmica 
familiar. A redação do laudo ou relató-
rio pericial exige também formas espe-
cíficas de escrita fundamentais para a 
exposição do que foi avaliado.
O diagnóstico pericial tem quali-
dade de conclusão científica e não per-
manece, apenas, no conhecimento do 
psicólogo

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