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Direito Processual Civil 
Prof. Georgios Alexandridis 
Matéria: Intervenção de 3º (continuação) – Nomeação à Autoria/Denunciação da 
Lide/Chamamento ao Processo. 
 
3. Nomeação à Autoria: 
O autor na petição inicial é quem estabelece contra quem está litigando (réu). Caso o autor atue 
equivocadamente contra alguém – cabe ao réu utilizar-se da nomeação à autoria (correção do 
polo passivo da ação). 
A nomeação à autoria é exclusiva ao réu, no qual tem por objetivo a correção do polo passivo 
(ser excluído da ação), uma vez que foi acionado judicialmente por algo que detém, porém não 
lhe pertence. Observa-se que o réu antes de alegar ser parte ilegítima tem o dever processual de 
propor a nomeação à autoria. O réu ao desejar ser excluído da ação deverá informar o nome do 
real proprietário da coisa litigiosa. 
Aplica-se a nomeação à autoria em duas circunstâncias, são elas: 
1º Quando o réu for demandado na qualidade de detentor (Art. 1.198, CC). Ex.:É aquele que 
exerce a posse (exteriorização de domínio) em ordem de outra pessoa, p.ex.: caseiro (parte 
ilegítima no processo, consequentemente ocorrendo a extinção sem resolução de mérito, pois 
quem deveria estar no polo é o possuidor ou proprietário). Este caseiro tem o dever processual de 
promover a nomeação à autoria – indicando qual a pessoa que deve ocupar o polo passivo. 
Art. 1.198: “Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para 
com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas. 
2º Ação de indenização - sempre que aquele que causar prejuízo a uma coisa (dano), mas em 
cumprimento de ordem de um 3º. Diante, desta circunstância este réu deverá promover a 
nomeação à autoria - indicando qual a pessoa que deve ocupar o polo passivo. 
Art. 932. “São também responsáveis pela reparação civil: 
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do 
trabalho que lhes competir, ou em razão dele.” 
Trata-se de um dever processual, logo se o réu não promover a nomeação à autoria terá a 
responsabilidade objetiva civil de reparar os danos pelos eventuais prejuízos causados ao autor, 
bem como no caso de indicar 3º equivocadamente (pessoa errada). 
A nomeação a autoria só é cabivel no rito ordinário. 
 
 
O procedimento: 
A nomeação à autoria deve ser feita no prazo estipulado para a defesa (da ação principal), ou 
seja, 15 dias, contados da citação válida. Obs.: Apartir do momento que ao invés de contestar 
promover a nomeação à autoria – o processo permanece suspenso. 
Após o juiz determina que o autor manifeste-se no prazo de 5 dias, diante da nomeação à autoria. 
Na manifestação o autor poderá: 
1º Não concordar com a nomeação à autoria. Portanto, seguirá ação apenas em face do réu, no 
qual apresentará sua contestação (em preliminar alegará ilegitimidade de parte, Art. 301, do 
CPC) no prazo de 15 dias (devolvido integralmente). Obs.: Consequência – reconhecida a 
ilegitimidade, o juiz profere a sentença sem resolução de mérito, Art. 267, do CPC. 
Obs.: Na nomeação fica suspenso o processo, porém o efeito é de interrupção, uma vez que o 
prazo será devolvido integralmente ao réu. 
2º Permanecer silente. O silêncio do autor é interpretado como concordância. 
3º Concordar com a nomeação à autoria. 
No caso do autor permanecer silente ou concordar com a nomeação à autoria será promovida a 
citação do 3º (nomeado). O 3º terá o prazo de 15 dias para: 
 
- Aceitar, consequentemente promove a contestação, razão pela qual o réu originário será 
excluído da lide (parte ilegítima). Caso este 3º nomeado permecer silente, tal ato será 
interpretado como aceitação. 
 
- Não aceitar/recusar a qualidade de nomeado a ação continuará em face do réu originário 
(receberá a devolução integral para contestar à ação – 15 dias). 
 
Se houver efetivação da correção do polo passivo (réu originário será excluído – autor X réu/3º 
nomeado). 
4. Denunciação da Lide: 
O objetivo da denunciação da lide é buscar garantir o direito de regresso. 
A denunciação da lide é cabível nos casos do artigo 70 do CPC: 
I – Relacionado ao instituto do Direito Civil – evicção (Art. 447 e seguintes, do CC), sendo 
obrigatória a propositura da denunciação da lide, tendo por finalidade garantir o direito de 
regresso. Obs.: Ao alienante, na ação em que terceiro reivindica a coisa, cujo domínio foi 
transferido à parte, a fim de que esta possa exercer o direito que da evicção lhe resulta; 
Art. 447. “Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia 
ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública.” 
 
II – Quando o possuidor direto (ex.: locatário, usufrutuário) é acionado em nome próprio. Logo, 
existe a possibilidade de denunciar à lide ao possuidor indireto (ex.: proprietário). 
III – Qualquer um que por lei ou contrato – é o garantidor de uma obrigação. Ex.: Contrato de 
seguro. Aquele que estiver obrigado, pela lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o 
prejuízo do que perder a demanda. 
Art. 70 – “A denunciação da lide é obrigatória: 
I - ao alienante, na ação em que terceiro reivindica a coisa, cujo domínio foi transferido à parte, 
a fim de que esta possa exercer o direito que da evicção lhe resulta; 
II - ao proprietário ou ao possuidor indireto quando, por força de obrigação ou direito, em 
casos como o do usufrutuário, do credor pignoratício, do locatário, o réu, citado em nome 
próprio, exerça a posse direta da coisa demandada; 
III - àquele que estiver obrigado, pela lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o 
prejuízo do que perder a demanda.” 
A denunciação da lide pode tanto ser feita pelo autor quanto pelo réu, pois ambos estão em 
situação de risco de perder a ação. Sendo que, o autor promove a denuncia na petição inicial – 
antes de promover a citação do réu ocorrerá a citação do denunciado (3º). 
Quando a denunciação for promovida pelo réu – será feita na contestação, posteriormente 
ocorrerá a citação do denunciado (3º). Este 3º poderá contestar à ação – formando um 
litisconsorte. 
A denunciação da lide só é cabível no rito ordinário. No entanto o Art. 280, do CPC prevê a 
impossibilidade do seguimento pelo rito sumário, mas abre a possibilidade da intervenção no 
contrato de seguro. 
Art. 280 – “No procedimento sumário não são admissíveis a ação declaratória incidental e a 
intervenção de terceiros, salvo a assistência, o recurso de terceiro prejudicado e a intervenção 
fundada em contrato de seguro. 
I - não será admissível ação declaratória incidental, nem a intervenção de terceiro, salvo 
assistência e recurso de terceiro prejudicado.” 
Salienta-se, ainda que a ação de regresso também será cabível em duas circunstâncias previstas 
no Código de Defesa do Consumidor, são elas: 
Art. 88, do CDC: Não cabe nas lides de consumo a denunciação da lide, ainda que seja ação do 
rito ordinário. O fornecedor que indenizar o consumidor pode seguir nos mesmos autos para 
garantir o direito de regresso, salvo exceção ao Art. 101, II, do CDC (cabe intervenção na 
modalidade - chamamento ao processo) no contrato do seguro. 
Art. 88 – “Na hipótese do artigo 13, parágrafo único, deste Código, a ação de regresso poderá 
ser ajuizada em processo autônomo, facultada a possibilidade de prosseguir-se nos mesmos 
autos, vedada a denunciação da lide.” 
 
Art. 101 – “Na ação de responsabilidade civil do fornecedor de produtos e serviços, sem 
prejuízo do disposto nos Capítulos I e II deste Título, serão observadas as seguintes normas: 
 
II - o réu que houver contratado seguro de responsabilidade poderá chamar ao processo o 
segurador, vedada a integração do contraditório pelo Instituto de Resseguros do Brasil. Nesta 
hipótese, a sentença que julgar procedente o pedido condenará o réu nostermos do artigo 80 do 
Código de Processo Civil. Se o réu houver sido declarado falido, o síndico será intimado a 
informar a existência de seguro de responsabilidade facultando-se, em caso afirmativo, 
 o ajuizamento de ação de indenização diretamente contra o segurador, vedada a denunciação 
da lide ao Instituto de Resseguros do Brasil e dispensado o litisconsórcio obrigatório com este.” 
O procedimento: 
A denunciação a lide será promovida juntamente com a petição inicial do autor, no qual irá 
requerer a citação do 3º (garantidor). Portanto, primeiro será citado o denunciado e não o réu, 
uma vez que existe a possibilidade de aditar a petição inicial, pois o objetivo do denunciado é 
que o autor saia vitorioso. Este denunciado se torna litisconsorte do autor, ou seja, ingressando 
no polo ativo da demanda. Após ocorrerá a citação do réu para que apresente a sua defesa no 
prazo de 15 dias. Obs.: O réu promove a denunciação da lide na própria contestação. Observa-se 
que o denunciado na sua citação poderá contestar a demanda ou negar a sua posição de 
garantidor ou ainda reconhecer o pedido do autor. O juiz ao prolatar a sentença decidirá a lide 
entre o autor e o réu e também irá promover a decisão do direito de ação de regresso. 
Obs.: É cabível a denunciação da lide sucessivas. 
5. Chamamento ao Processo: 
O chamamento ao processo tem por finalidade buscar garantir o direito de regresso, sendo 
modalidade exclusiva do réu e cabível apenas no chamamento no rito ordinário. 
Corresponde à inclusão como réu do processo pessoa que tem responsabilidade direta com a 
causa de pedir. Assim, é passível de chamamento: 
1º O devedor na ação em que o fiador (garantidor pessoal) for réu; 
2º Os outros fiadores quando para a ação for citado apenas um deles; 
3º Qualquer obrigação solidária, ou seja todos os devedores solidários, quando o credor exigir de 
um ou de alguns deles, parcial ou totalmente, a dívida comum. 
Diferença entre Denunciação da Lide e Chamamento ao Processo: Ambas tem por finalidade o 
direito de regresso e seguem no rito ordinário, sendo que a denunciação a lide é modalidade 
possível tanto para o autor quanto para o réu e o chamamento ao processo é modalidade 
exclusiva do réu (solidários). O fundamento da denunciação a lide ocorrerá por via de lei ou 
contrato, enquanto que o chamamento ao processo ocorrerá em face da solidariedade existente 
entre os réus. 
Resumo das Intervenções de 3º: 
Denunciação da lide: O autor e o réu (partes que provocam o 3º); 
Assistência: 3º quer auxiliar o autor ou o réu; 
Nomeação à autoria: Réu promove a nomeação do 3º; 
Chamamento ao processo: Somente o réu poderá promover o chamamento em face do 3º. 
Oposição: É o 3º que está indo contra o autor ou o réu.

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