Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Direito Processual Penal Prof. Flavio Cardoso Matéria: Desenvolvimento do Procedimento Ordinário (continuação)/ Correlação entre acusação e sentença – Emendatio Libelli e Mutatio Libelli 09/06/2011 Procedimento Ordinário (continuação): Inicia-se com o oferecimento da denúncia ou queixa. O prazo para se oferecer: - Denúncia: 5 dias = preso / 15 dias = solto. - Queixa: 6 meses, contados da ciência da autoria. Oferecida a denúncia ou queixa – poderá ocorrer a rejeição (indeferimento) da peça inicial. Causas de Rejeição (Art. 395, do CPP): 1º Quando for manifestamente inepta (peça inviável – não descreve os fatos, sendo imprestável para dar continuidade aos autos). 2º Quando faltar condição para o exercício da ação: - Condição para o exercício da ação: Possibilidade jurídica do pedido, legitimidade, causa de pedir e pedido. - Pressupostos processuais penais: Existência de um juiz com jurisdição pena, existência de uma causa penal (= prática de um crime), existência de um orgão regular de acusação e intervenção ou a possibilidade de intevenção de defesa/ princípios do contraditório e ampla defesa). 3º Quando houver justa causa para o exercício (desenvolvimento) da ação. - Justa causa: ter um justo motivo para processar alguém criminalmente, ou seja, a existência dos mínimos de elementos para o amparo da impetração da ação penal. Art. 395. “A denúncia ou queixa será rejeitada quando: I - for manifestamente inepta; II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou III - faltar justa causa para o exercício da ação penal.” Vencida as possibilidades da rejeição – ocorrerá o recebimento da peça inicial (denúncia ou queixa). Este recebimento deve ser formal (e não implícito). A prescrição se interrompe, com o momento do recebimento, logo é fundamental a formalidade do juiz: “recebo a denúncia ou queixa”. Após será promovida a citação do réu. Citação: É o ato pelo qual se dá ciência ao acusado da imputação que lhe é dirigida, chamado-o para se defender. - Nota-se que existem 2 elementos fundamentais na citaçao: ciência e possibilidade de defesa. Divisão tradicional da citação: - Citação pessoal: Poderá ser: Por mandado: Ocorre quando o réu se encontra em território do juízo processante. Por carta precatória: Ocorre quando o réu se encontra em local diverso, daquele do juízo processante. Obs.: Território nacional. Por carta rogatória: Ocorre quando o réu se encontra no exterior ou em legação estrangeira no Brasil/ embaixada. Obs.: No exterior, mas em local conhecido. Expedida a rogatória, fica suspendida a prescrição. - Citação ficta: Instrumentalizada através do edital. Ocorre quando o réu estiver em local incerto e não sabido. A citação ficta será sempre subsidiária, ou seja, primeiro deve ser tentada a citação pessoal. O prazo de vigência do edital será de 15 dias. O edital é veiculado de duas formas: 1º Uma via será impressa na entrada do Forum; 2º Através da publicação na imprensa oficial (Diário Oficial). O réu pode dar sua ciência pessoalmente no Forum ou nomear um defensor (e não comparecer pessoalmente) – o processo continua prosseguindo normalmente. Se o réu for revel na esfera penal, sofrerá apenas um efeito = não será intimado para os atos subsequentes, sendo que, o seu defensor sempre será intimado. Caso o réu tenha sido citado por edital – não comparece e nem constitui advogado, consequentemente o processo ficará suspenso, bem como o prazo prescricional (Art. 366, do CPP). Obs.: A doutrina questionava que diante da circuntância mencionada no Art. 366, do CPP – o crime nunca iria prescrever? Impossível, pois a CF apresenta um rol taxativo dos crimes imprescritíveis. Solução: Diante, deste problema foi criada a Súmula 415/STJ – que apregoa: a prescrição fica suspensa, conforme o perído do prazo prescricional da pena em abstrato. Ex.: Art. 155, do CP = pena de 4 anos. Segue para a análise da tabela do Art. 109, do CP = recaindo na prescrição de 8 anos. Portanto, suspende o processo por 8 anos e após ele volta a correr. Art. 366. “A citação ainda será feita por edital quando inacessível, por motivo de força maior, o lugar em que estiver o réu.” STJ Súmula nº 415 - Período de Suspensão do Prazo Prescriciona - Pena Cominada “O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo da pena cominada.” Declarada a prescrição e a suspensão, o juiz poderá: - Produzir provas antecipadamente (Súmula 455/STJ) – Para ocorrer esta produção antecipada deverá justificar fundamentalmente a sua necessidade. - Poderá decretar a prisão do réu. STJ Súmula nº 455 - Produção Antecipada de Provas - Fundamentação - Periculum in Mora “A decisão que determina a produção antecipada de provas com base no art. 366 do CPP deve ser concretamente fundamentada, não a justificando unicamente o mero decurso do tempo.” Citação por hora certa: Quando o réu se ocultar para não ser citado. Esta modalidade de citação é regularizada pelos Arts. 227 ao 229, do CPC. Nos termos do art. 227 do Código de Processo Civil, ocorrerá a citação por hora certa quando, por três vezes, o oficial de justiça houver procurado o réu em seu domicílio ou residência, sem o encontrar, deverá, havendo suspeita de ocultação, intimar a qualquer pessoa da família, ou em sua falta a qualquer vizinho, que, no dia imediato, voltará, a fim de efetuar a citação, na hora que designar. Caso o réu não compareça, sendo citado por hora certa – ocorrerá a nomeação de um Defensor Dativo (ele patrocinará os interesses do acusado). Meios de Defesa do Acusado: 1ª Defesa: É realizada na forma escrita (resposta à acusação) – oferecida no prazo de 10 dias, contados da citação. Nesta peça (resposta à acusação) poderá o acusado: - Arguir preliminares e opor exceções; - Promover alegações de mérito; -Juntar os documentos e justificações (documento preparatório para produzir provas antecipadas); - Requerer diligências e especificar outras provas que pretende produzir; - Apresentar o rol de testemunhas, sob pena de preclusão. Obs.: A vítima/ofendido – apresenta o rol de testemunhas na peça inicial (denúncia ou queixa). Já o acusado – apresenta o rol de testemunhas na resposta à acusação (contestação). Absolvição Sumária (Art. 397, do CPP). Consiste no julgamento antecipado da lide, com base nas provas já produzidas com à resposta. Diante, da absolvição sumária – não será realizada à audiência de instrução. Hipóteses que autorizam à Absolvição Sumária: - Existência manifesta de causa da excludente de ilicitude; - Existência manifesta de causa excludente da culpabilidade, exceto a inimputabilidade por doência (pois nesta aplica-se Medida de Segurança); - Quando o fato não constituir crime (fato atípico); - Quando estiver extinta a punibilidade do agente. Art. 397. “Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar: I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato; II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade; III- que o fato narrado evidentemente não constitui crime ou IV - extinta a punibilidade do agente.” Extinção da Punibilidade: É a declaração que o Estado não pode exercer mais o “ius puniendi” – por conta, p.ex.: da prescrição. Se o juiz reconhecer a prescrição, ele terá que absolver sumariamente o acusado. Não sendo caso de absolvição sumária – o juiz designa Audiência de Instrução de Julgamento (maraca em dos próximos 60 dias). A Audiência de Instrução e Julgamento é composta de: 1º Ato: Declaração do ofendido (vítima). 2ºAto: Serão ouvidas as testemunhas arroladas pela acusação e após as testemunhas arroladas pela defesa. Obs.: Em regra segue esta ordem (primeiro acusação e após defesa), salvo quando existir uma testemunha de defesa arrolada por carta precatória (Art. 222, do CPP). 3º Ato: Esclarecimento dos peritos quanto aos laudos proferidos. 4º Ato: Eventuais acareações; 5º Ato: Reconhecimento de coisas ou pessoas. 6º Ato: Em regra, a audiência será finalizada com o interrogatório. Terminado o interrogatório – o juiz irá perguntar se alguma das partes querem requerer novas diligências (provas surgidas durante o processo). Caso não exista a produção do requerimento de novas provas – à audiência procede com as alegações finais. Regra: As alegações finais serão realizadas oralmente: - Acusação 20 minutos, prorrogáveis por + 10 minutos. Obs.: Se houver assistente – 10 minutos. - Defesa 20 minutos, prorrogáveis por + 10 minutos. Obs.: Na hipótese de ter havido assistente – a defesa ganhará + 10 minutos. Existe a possibilidade das alegações serem feitas na forma escrita, denominadas de memoriais. Prazo de 5 dias sucessivos (cada parte tem o direito a 5 dias). Hipóteses que autorizam a conversão das alegações em memoriais: 1º Se à audiência for interrompida para cumprir diligências; 2º Ser a causa complexa ou com grande número de acusados. Encerra-se com a sentença – proferida em 10 dias ou na própria audiência. Esta sentença pode ter 3 modalidades: - Condenatória: Acolhe a pretensão punitiva estatal. - Absolutória: Pode comportar uma subdivisão em – absolutória imprópria (absolve, mas pode impor uma Medida de Segurança). - Terminativa de mérito: Não condena e nem absolve – é aquela que declara extinta a punibilidade. Correlação entre acusação e sentença: Estabelece o princípio da correlação que há necessidade imperiosa da correspondência entre a condenação e a imputação, ou seja, o fato descrito na peça inaugural de um processo – queixa ou denúncia – deve guardar estrita relação com o fato constante na sentença pelo qual o réu é condenado, representando uma das mais relevantes garantias do direito de defesa, pois assegura ao réu a certeza de que não poderá ser condenado sem que tenha tido oportunidade de prévia e pormenorizadamente, ciência dos fatos criminosos que lhe são imputados, podendo, assim, defender-se amplamente da acusação. Podemos ter 2 ajustes – antes do juiz julgar: - Emendatio Libelli: É o conserto da peça inicial – este pode ser feito pelo próprio juiz (corrige a capitulação legal) – Art. 383, do CPP. Art. 383. “O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em conseqüência, tenha de aplicar pena mais grave.” - Mutatio Libelli: Há uma mudança do fato (e não apenas da capitulação legal) – Art. 384, do CPP. Diante, da mudança do fato – o juiz abre para a acusação se manifestar em 5 dias, podendo arrolar até 3 testemunhas/ em contrapartida, abre para a defesa se manifestar em 5 dias, podendo arrolar até 3 testemunhas. Art. 384. “Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição jurídica do fato, em conseqüência de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração penal não contida na acusação, o Ministério Público deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude desta houver sido instaurado o processo em crime de ação pública, reduzindo-se a termo o aditamento, quando feito oralmente.” Após profere o julgamento.
Compartilhar