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Resumo 2 bimestre penal aplicado

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Camila Regiani Ricardo de Oliveira – Direito – UNIARA
Resumo – Direito Penal Aplicado – Prof. Silvio Maciel – 2° Bimestre
-> Fase Investigatória:
* Habeas Corpus na Fase Investigativa: 
- Não há prazo para impetração. 
- Legitimidade: qualquer pessoa, inclusive quem não tem capacidade postulatória. O HC não é uma peça privativa de advogado. A capacidade postulatória é privativa de advogado, exceto no caso de HC. Até analfabeto pode impetrar HC, bastando que alguém redija a peça e assine a rogo. 
- Cabimento: pode impetrar HC na fase investigatória. 
I) Para impugnar prisões cautelares (provisórias). Pode impetrar o HC para discutir sobre prisão preventiva, temporária e flagrante. 
II) Para trancar Inquérito Policial. Chamado pela doutrina de HC Trancativo. Não cabe em qualquer caso, pois se não o Estado não poderá exercer seu papel investigatório. Portanto, caberá o HC Trancativo como exceção e não como regra. Cabe quando a instauração do inquérito policial é manifestamente abusiva que revele uma evidente situação de constrangimento ilegal. 
Causas: 
a) Falta de justa causa: a falta de justa causa pode se dar por atipicidade formal ou material (o ato investigado não é considerado como crime); extinção da punibilidade (ex: crime está prescrito); ou ausência de elementos mínimos de autoria e materialidade (mesmo para instaurar um IP precisa de indícios mínimos de que tenha havido crime). A justa causa é uma condição da ação penal. 
b) Falta de representação ou de requisição do Ministro da Justiça: os crimes de ação penal pública condicionada precisam de representação (ex: ameaça) ou requisição (ex: crime contra a honra do Presidente da República). Se a ação penal só pode ser proposta com essa representação/requisição, consequentemente o inquérito policial também só poderá ser instaurado se as tiver. Art. 5°, CPP, § 4o: O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, não poderá sem ela ser iniciado. Por analogia, esse artigo se aplica para o requerimento do Ministro da Justiça. 
c) Reabertura ilegal do Inquérito Policial: o inquérito policial reaberto ilegalmente pode ser trancado. Art. 17, CPP: A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito. Delegado não pode arquivar o inquérito policial. Art. 18, CPP: Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia. Quem pode arquivar o inquérito policial é o juiz depois de ouvido o MP. A decisão que arquiva o IP é uma decisão judicial que faz coisa julgada formal (e não material) e, por isso, o IP poderá ser reaberto, desde que surjam novas provas. OBS: Coisa julgada formal: pode discutir novamente o que está decidido. Coisa julgada material: não pode discutir novamente. Súmula 524, STF: Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento do promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas. Isso serve para evitar perseguições e alegações sem justificativas. 
Há quatro situações em que a decisão judicial que arquiva o IP fará coisa julgada material e, nesse caso, não poderá ser reaberto: 
- Inquérito policial arquivado por atipicidade;
- Inquérito policial arquivado por excludente de ilicitude;
- Inquérito policial arquivado por excludente de culpabilidade; 
- Inquérito policial arquivado por extinção da punibilidade. 
	Arquivamento
	Arquivamento
	* Por falta de provas.
- faz coisa julgada formal. 
- reabertura: é possível se surgirem novas provas. Art. 18, CPP c.c Súmula 524, STF. 
	* Por atipicidade;
* Por excludente de ilicitude;
* Por excludente de culpabilidade;
* Por extinção de punibilidade.
- faz coisa julgada material.
- reabertura: não é possível. 
Em ambos os casos pode impetrar HC, sendo que só muda o argumento. No primeiro alega a falta de provas e no segundo alega a coisa julgada material. 
III) Para anular ou impedir indiciamento: o indiciamento é uma planilha em que constam todas as características físicas da pessoa para deixa-la individualizada. Planilha BIC (boletim de informações cadastrais) e cada uma tem um código próprio. É um simples ato de identificação criminal. 
O HC só cabe quando houver risco ou ofensa à liberdade de locomoção. Porém, o indiciamento não restringe a liberdade de locomoção da pessoa e, diante disso, o STF/STJ criaram a ofensa reflexa/indireta a liberdade de locomoção. Por esse instituto, alegam que o indiciamento pode sugerir ao MP/juiz que a pessoa é criminosa e desse ato pode ocorrer uma denúncia ou condenação criminal que irá restringir a liberdade da pessoa. Quando isso ocorrer, o fundamento do HC será: a) falta de previsão legal, pois o indiciamento não tem autorização legal e nem está previsto em lei; ou b) descabimento do indiciamento, pois o inquérito policial já está encerrado e, nesse caso, o juiz não pode pedir o indiciamento de alguém depois que o inquérito já se finalizou. 
- Indiciamento é diferente de identificação criminal. O primeiro ocorre se tiver documentos da pessoa. Já o segundo é feito quando não há documentos sobre a pessoa. 
- Súmula 693, STF: Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa, ou relativo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada. Em caso de pessoa jurídica ou quando a pessoa for apenada apenas com multa em que ambos não há ofensa à liberdade de locomoção, o STF diz que não cabe HC nos crimes apenados com pena de multa, pois não tem risco a liberdade de locomoção. OBS: A pena de multa se não for paga se converte em dívida ativa, mas não pode ser convertida em pena de prisão. Se nesses casos o crime estiver prescrito e for instaurado o inquérito policial, não consegue trancar o IP com HC, pois não há risco à liberdade de locomoção. Nesses casos (quando for pessoa jurídica ou infração apenada com multa), excepcionalmente, deve trancar o IP por meio de mandado de segurança. 
-> Fase da Ação Penal:
 * Denúncia ou Queixa: 
- É a petição inicial do processo penal. O juiz não pode mandar emendar denúncia ou queixa, sendo que ele rejeita e manda apresentar nova. No processo civil pode emendar. No caso da queixa, se o juiz rejeitar e mandar apresentar nova tem que observar se não passou o prazo decadencial de 06 meses, pois se tiver passado, não pode apresentar. 
- Requisitos: esses são os requisitos legais. Art. 41, CPP: A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas. 
1) Exposição o fato criminoso com todas suas circunstâncias: é o mais importante. Requisito obrigatório (se não tiver, enseja na inépcia da denúncia ou queixa). O réu só consegue saber pelo que está sendo acusado se estiver detalhadamente narrado o crime da denúncia ou queixa. Tem que ter as circunstancias de tempo, lugar, hora, etc., mas também é preciso detalhar as circunstâncias de causa de aumento de pena, as qualificadoras e as agravantes genéricas. O juiz não pode condenar por uma qualificadora ou por uma causa de aumento de pena que não está requerida na denúncia ou na queixa, mas que ela esteja provada nos autos, pois isso é julgamento extra petita. Portanto, o juiz só pode julgar pelo que está sendo pedido na denúncia ou queixa, de acordo com o princípio da correlação. Art. 385, CPP: Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença condenatória, ainda que o Ministério Público tenha opinado pela absolvição, bem como reconhecer agravantes, embora nenhuma tenha sido alegada. Porém, em relação às agravantes, o juiz pode julgar mesmo que não esteja sendo requerida na denúncia ou queixa. Há doutrina que diz que esse dispositivo é inconstitucional, pois viola o princípio do contraditório e ampla defesa (se não está sendo pedido na denúncia ou queixa, o réu não se defendeu e, por isso, não pode ser condenado). 
OBS1: Crime culposo: se a denúncia ou queixa narrar um crime culposo, não basta dizer que houve culpa, mas tem que descrever qual modalidade de culpa é (imprudência, negligência ou imperícia). Se não narrar, é causa de inépcia da denúncia ou queixa. Se narrar negligência, por exemplo, e for caso de imprudência, o juiz não pode julgar por imprudência, pois viola o contraditório. Nesse caso, o juiz deve mandar aditar a denúncia ou queixa para que fique de acordo com a modalidade de culpa ocorrida. 
OBS 2: Denúncia genérica: é aquela que inclui a pessoa como réu na denúncia exclusivamente em razão da sua condição de sócia, dona ou diretora da empresa. Não individualiza ou especifica qual foi o envolvimento de fato da pessoa no crime. Isso ocorre em crimes contra a ordem tributária, crimes societários ou de autoria coletiva. Problemas: a) imputa responsabilidade objetiva a quem não agiu nem com dolo e nem com culpa. No direito penal a regra é que a responsabilidade é subjetiva e, nesse caso, será objetiva; b) como a denúncia não descreve qual o envolvimento da pessoa no crime, ela não sabe pelo que está sendo processada e nem tem como garantir seu direito ao contraditório e ampla defesa. 
2) Qualificação do acusado ou sinais pelos quais se possa identifica-lo: tem que ter a qualificação apenas do réu. Não precisa da qualificação do autor. Requisito obrigatório (se não tiver, enseja na inépcia da denúncia ou queixa). No processo penal pode ocorrer de o réu não ter qualificação e, nesse caso, a denúncia tem que narrar os sinais característicos para identifica-lo. 
3) Classificação do crime: qual crime o fato narrado configura. Tem que indicar o dispositivo legal. Requisito obrigatório (se não tiver, enseja na inépcia da denúncia ou queixa). Se a denúncia ou queixa narrar um fato com todas as suas circunstâncias, mas qualificar erradamente o crime, não acarretará a inépcia da denúncia ou queixa, pois o juiz não pode rejeitá-la por estar qualificado o crime errado. Art. 383, CPP: O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena mais grave. Nesse caso, o juiz, ao sentenciar, corrige o crime. Ele condena pelo fato narrado e não pelo classificado. Portanto, se narrar um crime e qualificar por outro, o juiz condena pelo crime narrado, pois o réu terá se defendido do fato narrado e não o qualificado.
4) Rol de testemunhas: não é um requisito obrigatório, mas sim um requisito facultativo, pois podem ser usados outros tipos de prova que não seja a testemunhal. É facultativo e preclusivo, ou seja, se não for arrolado o rol de testemunhas na denúncia ou queixa, não pode mais arrolar depois. No processo civil as testemunhas são arroladas em todo o decorrer do processo. No processo penal, são arroladas no primeiro ato da acusação (denúncia ou queixa) e no primeiro ato da defesa (resposta à acusação). O juiz pode ouvir as testemunhas de ofício, pois pode produzir provas de ofício se achar necessário. 
- Requisitos doutrinários: além dos quatro requisitos legais, a doutrina indica outros. 
5) Endereçamento à autoridade competente: o erro de endereçamento não acarreta à inépcia da denúncia ou queixa, pois o juiz se declarará incompetente de ofício. 
6) Subscrição: é a assinatura. A falta de assinatura não acarreta à inépcia da denúncia ou queixa se não houver dúvida quanto à autenticidade da peça, pois é mera irregularidade que pode ser sanada a qualquer tempo. 
7) Redação em vernáculo: ou seja, em língua portuguesa. A denúncia ou queixa não pode ter trechos em língua estrangeira, sendo que se tiver, tem que traduzir o documento. 
8) Procuração com poderes especiais: se a procuração não tiver poderes especiais, a queixa será rejeitada e se já ter passado o prazo decadencial de 06 meses, não pode ingressar novamente. Art. 44, CPP: A queixa poderá ser dada por procurador com poderes especiais, devendo constar do instrumento do mandato o nome do querelante e a menção do fato criminoso, salvo quando tais esclarecimentos dependerem de diligências que devem ser previamente requeridas no juízo criminal. Poder especial: na procuração tem que constar o fato criminoso objeto da queixa, inclusive com a indicação do infrator. 
9) Recolhimento de custas: existe custa processual na queixa crime. Se for pessoa pobre pode pedir a gratuidade judiciária (junta a declaração de hipossuficiência/de pobreza). Art. 806, CPP: Salvo o caso do art. 32, nas ações intentadas mediante queixa, nenhum ato ou diligência se realizará, sem que seja depositada em cartório a importância das custas. No juizado especial cível e criminal não há custas. 
10) Prazo: há dois tipos que ação que admitem a queixa. Ação exclusivamente privada (para os crimes de ação penal privada) e a ação privada subsidiária da pública (para os crimes de ação pública em que o MP fica inerte). O prazo para o oferecimento da queixa nos dois casos é de 06 meses. 
No caso da ação exclusivamente privada, o prazo começa a correr do dia da ciência da autoria do crime. No caso da ação subsidiária, o prazo começa a correr quando termina o prazo para o MP propor a ação penal pública. Esse prazo é de natureza decadencial, pois não se interrompe, suspende e nem se prorroga para o primeiro dia útil subsequente. Ex: se o prazo para oferecer a queixa terminar em um sábado, terminou nesse dia mesmo e se não tiver como protocolar no sábado, antecipa para o dia útil anterior, pois não pode prorrogar para o posterior. 
É um prazo decadencial e, portanto, conta com as regras do direito penal (e não processual). Nesse caso, inclui o dia do começo e exclui o dia do final. Art. 10, CP: O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum.
* Resposta à Acusação e Defesa Preliminar:
	Defesa Preliminar
	Resposta à Acusação
	- Apresentada ANTES do recebimento da denúncia ou queixa. Antes mesmo de ter iniciado a ação penal
	- Apresentada APÓS o recebimento da denúncia ou queixa. Depois de a ação penal ter iniciado
	- É exceção. Só está prevista para quatro procedimentos
	- É regra. Está prevista em todos os procedimentos de primeira instância
1) Defesa Preliminar:
- Nomenclatura: tem autor que chama de defesa prévia, defesa escrita, resposta escrita, resposta preliminar. Porém, em todos os casos, tem a mesma finalidade.
- Momento para oferecimento: antes do recebimento da denúncia ou queixa.
- Objetivo: se o juiz ainda não recebeu a denúncia ou queixa, sua finalidade é convencer o juiz a não receber/rejeitar a denúncia ou queixa. As matérias alegadas estão no Art. 395, CPP: A denúncia ou queixa será rejeitada quando: I - for manifestamente inepta; II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. (matérias de rejeição da denúncia). 
- Nulidade: a resposta à acusação existe inclusive nos processos que possui previsão de defesa preliminar. Nos procedimentos em que cabe defesa preliminar, a ordem do procedimento se dá da seguinte forma: a) oferecimento da denúncia ou queixa; b) juiz notifica para apresentação da defesa preliminar; c) apresentada a defesa preliminar, se o juiz receber a denúncia ou queixa, cita o réu para apresentar resposta à acusação. Na defesa preliminar o réu alega as matérias de rejeição da denúncia ou da queixa, porém tais matérias também podem ser alegadas na resposta à acusação. Conclusão: se o juiz não abrir o prazo para apresentar defesa preliminar, mas abrir o prazo para apresentar resposta à acusação, a não abertura do prazo da defesa preliminar será mera irregularidade, pois as mesmas teses podem ser alegadas posteriormente na resposta à acusação. Portanto, a não apresentação da defesa preliminar não acarreta prejuízo no processo. Não há nulidade pela não apresentação de defesa preliminar se foi dada a oportunidade de apresentação de resposta à acusação. 
- Cabimento: cabível antes do recebimento da denúncia ou queixaem quatro hipóteses. 
a) Lei de Drogas - Art. 55, Lei 11.343/06: Oferecida a denúncia, o juiz ordenará a notificação do acusado para oferecer defesa prévia, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias.
b) Crimes de Responsabilidade de Prefeitos - Art. 2º, Decreto Lei 201/67: O processo dos crimes definidos no artigo anterior é o comum do juízo singular, estabelecido pelo Código de Processo Penal, com as seguintes modificações: I - Antes de receber a denúncia, o Juiz ordenará a notificação do acusado para apresentar defesa prévia, no prazo de cinco dias. Se o acusado não for encontrado para a notificação, ser-lhe-á nomeado defensor, a quem caberá apresentar a defesa, dentro no mesmo prazo.
c) JECRIM - Art. 81, Lei 9099/95: Aberta a audiência, será dada a palavra ao defensor para responder à acusação, após o que o Juiz receberá, ou não, a denúncia ou queixa; havendo recebimento, serão ouvidas a vítima e as testemunhas de acusação e defesa, interrogando-se a seguir o acusado, se presente, passando-se imediatamente aos debates orais e à prolação da sentença.
d) Procedimento dos Crimes Funcionais Afiançáveis - Art. 514, CPP: Nos crimes afiançáveis, estando a denúncia ou queixa em devida forma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a notificação do acusado, para responder por escrito, dentro do prazo de quinze dias. Nesse caso, só se aplica aos crimes funcionais típicos, ou seja, praticados por funcionários públicos contra a Administração Pública e não é necessária que a denúncia seja baseada em inquérito policial. Súmula 330, STJ: É desnecessária a resposta preliminar de que trata o artigo 514 do Código de Processo Penal, na ação penal instruída por inquérito policial.
- Prazo: varia conforme a lei. 
a) Lei de Drogas – 10 dias.
b) Crimes de Responsabilidade de Prefeitos – 05 dias. 
c) JECRIM – apresentada na audiência de instrução e julgamento de forma oral. 
d) Procedimento dos Crimes Funcionais Afiançáveis – 15 dias. 
Esses prazos não são preclusivos, ou seja, a perda do prazo é mera irregularidade, podendo apresentar posteriormente. 
OBS: Essa peça de defesa perdeu importância prática com a resposta à acusação. 
2) Resposta à Acusação: 
- É a primeira peça de defesa e é prevista em todos os procedimentos. No processo penal, a petição inicial equivale à denúncia ou queixa e a contestação equivale à resposta à acusação. OBS: Se o último ato do processo foi a citação do réu, SÓ é cabível a resposta à acusação. 
- Fundamentação: Art. 396 e 396-A, CPP. 
- Cabimento: cabível em todos os procedimentos de primeira instância, inclusive nos procedimentos especiais e nos especiais que preveem a defesa preliminar. Art. 394, CPP, § 4o As disposições dos arts. 395 a 398 deste Código aplicam-se a todos os procedimentos penais de primeiro grau, ainda que não regulados neste Código. Cabível em todos os procedimentos de primeira instância, ainda que de procedimento especial.
- Prazo: 10 dias. É prazo processual impróprio, ou seja, não preclusivo. A perda do prazo é mera irregularidade e a peça pode ser apresentada depois. Art. 396, CPP: Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o juiz, se não a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias. Parágrafo único.  No caso de citação por edital, o prazo para a defesa começará a fluir a partir do comparecimento pessoal do acusado ou do defensor constituído. 
Contagem de prazo: exclui o dia do começo e inclui o dia do final. No processo penal os prazos não são contados da juntada do mandado, mas sim da data da citação. Conta o prazo em dias corridos. Súmula 710, STF: No processo penal, contam-se os prazos da data da intimação, e não da juntada aos autos do mandado ou da carta precatória ou de ordem. Súmula 310, STF: Quando a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou a publicação com efeito de intimação for feita nesse dia, o prazo judicial terá início na segunda-feira imediata, salvo se não houver expediente, caso em que começará no primeiro dia útil que se seguir.
Portanto, no processo penal:
1°) Os prazos são contados da intimação ou da citação e não da juntada do mandado, excluindo-se o dia da citação ou da intimação.
2°) Os prazos são contados em dias corridos. 
3°) Os prazos não se iniciam e não terminam em dias não úteis (sábado, domingo ou feriados). Se terminar em um dia não útil, prorroga para o primeiro útil subsequente. 
- Conteúdo: Art. 396-A, CPP: Na resposta, o acusado poderá arguir preliminares e alegar tudo o que interesse à sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo sua intimação, quando necessário. Pode apresentar preliminar de mérito; juntar documentos; arrolar testemunhas; e alegar “tudo” que interesse à defesa. 
OBS: 1- Em relação à juntada de documentos, se esquecer de juntar na resposta à acusação pode juntar depois, pois no processo penal os documentos podem ser juntados em qualquer momento. Art. 231, CPP: Salvo os casos expressos em lei, as partes poderão apresentar documentos em qualquer fase do processo.
2- Em relação ao arrolamento de testemunhas, se esquecer, não pode arrolar depois. Se não arrolar na resposta à acusação, o prazo é preclusivo. Se perder prazo para arrolar as testemunhas, deve procurar o juiz e pedir para que ele as ouça de ofício na forma do Art. 209, CPP: O juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir outras testemunhas, além das indicadas pelas partes.
3- Em relação ao “tudo” que interesse à defesa, a resposta à acusação visa a absolvição sumária e, por isso, deve alegar as quatro teses de absolvição do Art. 397, CPP: Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar: I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato; II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade; III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou IV - extinta a punibilidade do agente. Ademais, também pode alegar teses de rejeição de denúncia do Art. 395, CPP, mesmo que ela já tenha sido recebida, pois o juiz pode anular a própria decisão de recebimento da denúncia e rejeitar a denúncia que já havia recebido. 
* Memorais:
- Em regra, as alegações finais são feito oralmente (debates orais) na própria audiência. Porém, alguns juízes substituem por memorias escritos, mas não são todos. 
- Cabimento dos memoriais em substituição às alegações finais: em alguns casos é possível a substituição por Memoriais Escritos. São eles: 
1) Se na audiência de instrução e julgamento surgir necessidade de diligência. Nesse caso, as partes não podem apresentar debates antes de cumprida a diligência e, portanto, o juiz tem que encerrar a audiência, manda cumprir a diligência e depois abre prazo para os memoriais. Fundamentação: Art. 404, CPP, Parágrafo único: Realizada, em seguida, a diligência determinada, as partes apresentarão, no prazo sucessivo de 5 (cinco) dias, suas alegações finais, por memorial, e, no prazo de 10 (dez) dias, o juiz proferirá a sentença. 
2) Se for processo complexo ou com muitos réus. Fundamentação: Art. 403, CPP, § 3o O juiz poderá, considerada a complexidade do caso ou o número de acusados, conceder às partes o prazo de 5 (cinco) dias sucessivamente para a apresentação de memoriais. Nesse caso, terá o prazo de 10 (dez) dias para proferir a sentença. 
Essa substituição não é direito processual das partes e nem do advogado, sendo uma faculdade do juiz (ato discricionário do juiz). O juiz pode indeferir as diligencias ou entender que o processo não é complexo. Portanto, sempre tem que ir preparado para fazer os debates orais. 
- Prazo para memoriais: 05 dias. É um prazo sucessivo: abre prazo primeiro para a acusação, depois para assistente de acusação (se tiver) e depois para a defesa. Não é um prazo preclusivo, ou seja, a apresentação dos memoriais fora do prazo é mera irregularidade e podeser apresentado posteriormente. Os prazos são sempre contados em dias corridos. O juiz não pode diminuir esse prazo, mas ele pode aumentar o prazo para ambas as partes (se aumentar para uma parte só há nulidade). 
- Cabimento em todos os procedimentos: o procedimento ordinário é, geralmente, para os crimes mais graves e complexos. Por isso o legislador prevê a substituição dos debates orais por memoriais no procedimento ordinário, porém isso não impede que o juiz faça essa substituição para o procedimento sumário, sumaríssimo e até ao Júri. Art. 394, CPP, § 5o Aplicam-se subsidiariamente aos procedimentos especial, sumário e sumaríssimo as disposições do procedimento ordinário. 
- Endereçamento: só pode ser para o juiz do processo. A competência para analisar os memoriais é do próprio juiz. 
- Legitimidade: os memoriais são peças de defesa e de acusação, portanto pode ser apresentado pelos dois. No que tange à acusação, quem tem legitimidade é o MP e assistente de acusação na ação penal pública e o querelante na ação penal privada. No que tange a defesa, quem tem legitimidade é o réu.
Consequência jurídica da não apresentação dos memoriais: Art. 576, CPP: O Ministério Público não poderá desistir de recurso que haja interposto. – Princípio da indisponibilidade da ação penal. Portanto, se o MP não apresentar os memoriais, o juiz tem que notificar o PGR para que ele nomeie outro integrante do MP para apresentar memoriais. 
Se o assistente de acusação não apresentar, é mera irregularidade sem qualquer consequência prática. 
Na ação penal privada, vigora o princípio da disponibilidade (querelante pode abandonar a ação) e, portanto, se o querelante não apresentar os memorais ele está abandonando a ação e, com isso, ocorre a extinção da punibilidade pela perempção. Art. 60, CPP c.c Art. 107, CP. 
Se a defesa não apresentar os memoriais, significa violação do princípio da ampla defesa e, portanto, o juiz tem que intimar o réu para conseguir novo advogado, sob pena de nomeação de procurador. 
- Conteúdo dos memoriais: 
	MEMORIAIS DA ACUSAÇÃO
	TESES
	PEDIDOS
	a) Justa causa (há prova de autoria e materialidade). 
	Procedência do pedido acusatório com a aplicação da pena nos moldes das teses articuladas. 
	b) Dolo/culpa (elemento subjetivo do crime). 
	
	c) Qualificadoras, causas de amento de pena ou agravantes.
	
	d) Teses sobre a aplicação da pena. 
	
	e) Teses específicas que o caso concreto reclamar.
	
OBS: 1- No crime culposo, o MP tem que pedir a condenação ou absolvição com base naquilo que já alegou na denúncia. Ex: alega imprudência, não pode pedir para julgar por causa de negligência. 
2- A acusação pode pedir a improcedência da ação ou absolvição. Se o MP pedir a absolvição na ação pública, ele não está abandonando a ação, mas sim pedindo que o juiz profira sentença resolutiva do mérito de improcedência do pedido. 
3- O juiz pode condenar mesmo diante de pedido de absolvição do MP. O pedido de absolvição do MP não vincula o juiz. Se o MP pedir absolvição e mesmo assim o juiz condenar, o MP tem legitimidade para apelas em favor do réu (pois houve sucumbência). 
4- Se o querelante pedir absolvição na ação privada ocorre a causa extintiva de punibilidade por perempção. Ou seja, é como se estivesse abandonando a causa (desistindo da ação). Art. 60, CPP. 
	MEMORIAIS DA DEFESA
	TESES
	PEDIDO
	a) Preliminar de nulidade (rol das nulidades – art. 564, CPP). Rol exemplificativo. 
	a) Processo/procedimento seja anulado totalmente ou desde o ato viciado. 
	b) Preliminar de extinção da punibilidade (rol do art. 107, CP). Rol exemplificativo. 
	b) Seja declarada a extinção da punibilidade. 
	c) Tese principal de mérito. 
Absolvição – Art. 386, CPP: O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça:
I - estar provada a inexistência do fato; quando houver prova de que o fato criminoso não ocorreu.
II - não haver prova da existência do fato; quando não houver provas da ocorrência do fato.
III - não constituir o fato infração penal; quando o fato não constitui infração penal (princípio da insignificância).
IV –  estar provado que o réu não concorreu para a infração penal; se ficar provado que não participou do crime.
V – não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal; quando não houver provas de que o réu participou do crime.
VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua existência; quando houver prova de uma circunstância que exclui o crime (excludente de ilicitude) ou isenta de pena (excludente de culpabilidade).
VII – não existir prova suficiente para a condenação. Quando não houver prova suficiente.
	c) Réu seja absolvido com fundamento no art. 386, CPP. 
OBS: A sentença absolutória com fundamento nos incisos I, IV e VI (1° parte) faz coisa julgada no cível e no administrativo. Ou seja, impede a responsabilidade civil e administrativa. 
- O réu pode apelar de uma absolvição para mudar o motivo da absolvição. 
	d) Tese subsidiária de mérito da desclassificação. 
	d) A acusação seja desclassificada para o crime tal e a eventual consequência processual da desclassificação. 
	e) Teses relacionadas com a pena:
Pena base (art. 59, CP)
Atenuantes/causas de diminuição (art. 65 e 66, CP)
Regime inicial (art. 33, CP)
Substituição por restritivas de direitos (art. 44, CP)
Sursis (art. 77, CP)
	Súmulas STJ: 241, 269, 440, 443, 444, 471, 493, 501, 511 e 545.
Súmulas STF: 497, 499, 718, 719.
Súmulas Vinculantes: 26 e 56. 
Todas essas súmulas se referem a aplicação da lei penal. 
OBS: Muitas vezes a desclassificação acarreta em mudanças processuais. Portanto, deve pedir que a imputação seja desclassificada para determinado crime, mas também tem que pedir a eventual consequência processual se caso essa desclassificação mudar o processo. 
* Observações sobre as peças:
- Uma peça tem no mínimo cinco itens. Pode ter mais, mas nunca terá menos. 
- Terminologia: “opor” usada para embargos. “propor” usada para recursos.
- Crimes do juizado especial possuem pena máxima de 02 anos. 
- Só coloca “caput” se o artigo tiver parágrafos ou incisos, pois se tiver apenas o caput, não tem que escrever, vez que está se referindo ao próprio caput. 
- Narrando os fatos corretamente e colocar a fundamentação errada, o juiz recebe mesmo assim. 
- Na denúncia e na queixa deve narrar as provas de autoria e materialidade. 
- O fato narrado com todas as suas circunstâncias deve ser típico, pois se for atípico, a denúncia/queixa será rejeitada. Para não correr o risco de narrar um fato atípico, é aconselhável reproduzir exatamente o que está no tipo penal. 
- As testemunhas devem ser arroladas na petição inicial, sob pena de preclusão.
- Regra: a ação é julgada pelo juiz de onde o crime se consumou ou foi tentado (Art. 70, CPP: A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução.). Exceção: no caso de ação privada o querelante pode ajuizar a queixa no local onde se consumou o crime ou no domicílio do réu. Art. 73, CPP: Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o foro de domicílio ou da residência do réu, ainda quando conhecido o lugar da infração.
- Estrutura de uma peça: 1) Endereçamento. 
2) Cabeçalho (preâmbulo). Tem que conter a qualificação das partes, o nome da peça e os artigos que fundamentam. 
3) Fatos.
4) Direito. Enquadramento jurídico. 
5) Pedidos. Tem que ser quantos pedidos forem as teses. 
- Excelência é termo de tratamento usado para juiz e MP.

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