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ROSEMARI DE MELO SOUZA RETENÇÃO DE TALENTOS E SUA IMPORTÂNCIA NA GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS LONDRINA 2011 ROSEMARI DE MELO SOUZA RETENÇÃO DE TALENTOS E SUA IMPORTÂNCIA NA GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS Monografia apresentada ao curso de Especialização em Recursos Humanos – Gestão de Pessoas e Competências, do Centro Universitário Filadélfia – Unifil, para obtenção do título de especialista. Orientador: Prof. Ms. Silas Barbosa Dias. LONDRINA 2011 ROSEMARI DE MELO SOUZA RETENÇÃO DE TALENTOS E SUA IMPORTÂNCIA NA GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS Monografia apresentada ao curso de Especialização em Recursos Humanos – Gestão de Pessoas e Competências, do Centro Universitário Filadélfia – Unifil, para obtenção do título de especialista. Orientador: Prof. Ms. Silas Barbosa Dias. Aprovada em:__________/__________/__________ _______________________________________________ Nome do Membro da Banca Instituição de Origem _______________________________________________ Nome do Membro da Banca Instituição de Origem SOUZA, R.M. Retenção de Talentos e sua Importância na Gestão de Recursos Humanos. 2011. 29 f. Monografia (Especialização em Recursos Humanos – Gestão de Pessoas e Competências). Centro Universitário Filadélfia, Unifil. Londrina, Pr., 2011. RESUMO O mercado de trabalho tem se tornado cada vez mais competitivo e essa nova realidade fez com que o perfil do funcionário ideal também sofresse transformações. Como consequência, os fatores determinantes para a contratação foram se tornando cada vez mais complexos. Dentro desse contexto, buscar e reter talentos de modo que a organização possa contar com recursos humanos que possibilitem que ela seja competitiva no mercado tem se tornado um desafio cada vez maior. O presente trabalho teve por objetivo identificar, através de pesquisa bibliográfica, abrangendo os últimos vinte anos, qual o perfil do funcionário ideal requisitado pelas empresas atualmente, quais os fatores que podem levar à fuga de talentos em uma empresa bem como sua retenção, sem deixar de levar em consideração o papel do líder nesse processo. Palavras-chave: Organização. Funcionários. Retenção. Talentos. ABSTRACT Job market has become very competitive and the profile of the ideal employee has changed as well. As a consequence, the level requirement for hiring employees is now more complex. In this context, search for and keep talents so as the organization might be provided with human resources that enable it to be competitive in the market has been a big challenge. This report aimed to identify, through bibliography research covering the last twenty years, the ideal employee profile which is required by companies nowadays, the factors that may lead a talent to leave the companies as well as their retention, and also took into consideration the role of the leader is this process. Key words: Organization. Employees. Retention. Talent. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO............................................................................................... 4 2 METODOLOGIA........................................................................................... 6 3 PANORAMA DO MERCADO DE TRABALHO X PERFIL DO FUNCIONÁRIO IDEAL................................................................................... 7 4 DEFINIÇÃO DE TALENTOS...................................................................... 12 4.1 FATORES QUE PODEM LEVAR A FUGA DE TALENTOS................... 14 4.2 COMO RETER TALENTOS........................................................................ 15 5 IMPORTÂNCIA DO LÍDER NA RETENÇÃO DE TALENTOS............ 19 5.1 LIDERANÇA E COMUNICAÇÃO COM OS COLABORADORES......... 20 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................... 22 REFERÊNCIAS................................................................................................ 25 4 1 INTRODUÇÃO Vivemos em uma sociedade onde as mudanças ocorrem a uma velocidade exponencial e não é raro que pessoas e empresas sequer tenham tempo de assimilar e adequar-se às demandas e o panorama já se mostra outro, trazendo novas exigências e necessidades para serem satisfeitas. Dentro do contexto empresarial, mais especificamente na Gestão de Pessoas, a situação não é diferente e faz-se necessária a adaptação a essa nova realidade a fim de possibilitar que os objetivos sejam atingidos. A partir dessa constatação, propôs-se então uma análise de algumas variáveis que permeiam essa realidade, a começar pelo conceito de empresa que pode ser entendido como um conjunto organizado de meios que busca exercer uma atividade particular, pública, ou de economia mista, com objetivo de atender a alguma necessidade humana e, dentro desse contexto, o lucro advindo desse processo é visto como consequência e como sendo o retorno esperado pelos investidores. Para Chiavenato (2004) uma organização pode ser entendida como uma entidade social dirigida para objetivos específicos e deliberadamente estruturada, sendo entidade social porque é constituída por pessoas, é dirigida para objetivos porque é desenhada para alcançar resultados, é deliberadamente estruturada pelo fato que o trabalho é dividido e seu desempenho é atribuído aos membros da organização. Nesse sentido, a palavra organização significa qualquer empreendimento humano moldado intencionalmente para atingir determinados objetivos. Diante do exposto, pode-se compreender os conceitos de empresa e organização como sinônimos, já que ambos são formados por pessoas e têm objetivos a atingir. No entanto, para que esses objetivos sejam atingidos plenamente faz–se necessária a existência de planejamento, qualidade e utilização adequada dos recursos disponíveis. Mas, quais seriam esses recursos? Nos últimos anos, um novo enfoque que combina as análises interna e externa da organização está emergindo e parte da premissa de que os recursos internos da organização comandam as estratégias. A visão da empresa baseada em recursos considera que toda empresa tem um portfólio: físico (infra-estrutura), financeiro, intangível (marca, imagem etc.), organizacional (sistemas administrativos, cultura organizacional), tecnológico e recursos humanos (FLEURY; FLEURY, 2003, p.35). Desse modo, acredita-se que, dentro da visão de empresa baseada em recursos, é essencial que haja sinergia entre todas as partes para que efetivamente se 5 atinja os objetivos de forma mais efetiva e que assim essa organização possa sobreviver em um mercado tão competitivo como o atual. Partindo-se desse pressuposto segundo o qual as empresas são compostas por pessoas e que são orientadas para que metas e objetivos sejam atingidos, deve-se assumir, então, que, para que isso ocorra, é necessário fazer uso racional deseus recursos humanos. Nesse contexto, pode-se depreender que as pessoas são um diferencial nas empresas e que é essencial para as organizações o investimento na retenção de seus talentos, pois quanto melhor a qualidade de seu quadro de colaboradores, tanto maior a sua eficiência na consecução dos objetivos propostos e, sendo mais eficiente, tanto mais lucrativa e competitiva será. Reter talentos, portanto, não deve ser uma prática ou política empresarial encarada como uma opção a mais e sim como fator imprescindível para a sobrevivência da empresa em um universo tão globalizado e acirrado como o que se tem atualmente. Dentro dessa perspectiva buscou-se fazer uma investigação mais detalhada sobre esse assunto tão relevante para a área de Recursos Humanos e, por meio deste trabalho, pretendeu-se realizar uma pesquisa bibliográfica para investigar quais são os fatores apontados pela literatura como sendo preponderantes para a retenção de talentos dentro das empresas bem como aqueles que podem contribuir para a fuga de colaboradores. Num primeiro momento, foi apresentado um paralelo entre o panorama do mercado de trabalho e o perfil do funcionário ideal, a fim de ilustrar como mudanças ocorridas no cenário mundial contribuíram para uma alteração do perfil desejável do colaborador, bem como das competência comportamentais requeridas pelas empresas, o que levou a uma carência de mão de obra qualificada. Em seguida, foi abordado o conceito de Talento Humano e sua constituição como fator primordial para o sucesso de uma organização e a importância do gerenciamento adequado desses recursos no ambiente organizacional. Os fatores que podem levar à fuga de talentos assim como aqueles que estão relacionados à retenção também foram levantados posteriormente, enfatizando-se a necessidade de políticas de Recursos Humanos adequadas nesse contexto e salientando a importância e a complexidade do papel do líder nesse processo que é crucial para o desenvolvimento das organizações e do seu capital humano. 6 2 METODOLOGIA A partir da constatação da relevância do tema para a área de Recursos Humanos, justificou-se então uma investigação mais detalhada sobre esse assunto e, com esse intuito realizou-se uma Pesquisa Bibliográfica em livros e artigos publicados nos últimos vinte anos para o levantamento de fatores apontados pela literatura que podem contribuir para a fuga de talentos bem como aqueles que são preponderantes para a retenção desses talentos dentro das empresas. Segundo Biazin e Scalco (2008, p.76) Pesquisa Bibliográfica “é aquela desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos”, caracterizando “uma análise aprofundada sobre o tema”. Para a busca foram utilizadas as seguintes palavras-chave: organização; funcionários; retenção; talento. Os dados encontrados ao longo desse processo foram expostos e analisados no decorrer do presente trabalho e apresentados de forma descritiva. 7 3 PANORAMA DO MERCADO DE TRABALHO X PERFIL DO FUNCIONÁRIO IDEAL O cenário mundial vem sofrendo transformações nos últimos anos em todas as áreas e por conta dessas novas contingências o mercado de trabalho tem se tornado cada vez mais competitivo e concorrido. Guedes (2002) relaciona três movimentos os quais certamente contribuíram para que essas mudanças ocorressem, fazendo com que as relações e a dinâmica do mercado de trabalho se estabeleçam sobre novas bases: I) o movimento de globalização, processo de internacionalização do capital que se consolida no final do século XX, difundindo padrões hegemônicos de produção, tecnologia, organização e consumo; II) o movimento de reestruturação produtiva, que sai de um modelo de produção caracterizado pela rigidez da cadeia produtiva, predominância do emprego assalariado, regulação do Estado e intensa participação dos sindicatos para um modelo mais flexível, caracterizado pelo surgimento de setores de produção, fornecimento e mercados novos e, sobretudo, de inovação comercial, tecnológica e organizacional; e, III) movimento de financeirização, com deslocamento de acumulação de riqueza da esfera produtiva para a financeira. Diante de tais mudanças constata-se que, na medida em que se considera o capital humano como uma das principais forças motrizes dentro do mundo globalizado e capitalista é de se supor que, a partir do momento em que as circunstâncias mudaram e as demandas são outras, é natural que haja uma consequente mudança no perfil do profissional que as empresas buscam. No passado, para conseguir um bom emprego o candidato precisava ter noções de datilografia, depois se passou a valorizar curso superior, domínio de outro idioma, conhecimento em informática, enfim, os fatores determinantes para a contratação foram se tornando cada vez mais complexos. Posteriormente incluíram-se 8 experiência, pós-graduação, bem como outros conhecimentos, habilidades e competências. Outro exemplo de como as circunstâncias mudaram é que, em um tempo não muito distante, o profissional que entrava em uma empresa e nela permanecia na mesma função por vinte e cinco anos, era tido como estável, responsável e confiável, ou seja, era um trabalhador bem visto pela empresa e pela sociedade em geral. Atualmente esse tipo de comportamento pode ser interpretado como comodismo e falta de iniciativa. Nesse contexto, Rodriguez (2009) argumenta que as competências comportamentais exigidas pelo mercado de trabalho são diferentes das requeridas nas décadas anteriores, pois as tarefas em geral requeriam disciplina, regularidade, assiduidade, previsibilidade, estabilidade, investigação, força bruta, submissão e obediência cega às ordens e quase ou nenhuma interação com pessoas, enquanto características como dinamismo, auto-iniciativa, criatividade e capacidade de comunicação eram vistas com alguma desconfiança. Atualmente o quadro é outro, principalmente após o advento da automação das funções, que liberou o ser humano de muitas tarefas. Com isso, essas mesmas características podem ser o diferencial na hora da contratação. Percebe-se então uma mudança de paradigma com relação às atribuições desejáveis no que tange à empregabilidade, na medida em que o novo perfil da força de trabalho deve se adequar no intuito de atender às necessidades geradas pela nova realidade do mercado. No entanto isso não vem ocorrendo, haja vista o número de vagas ofertadas que ficam em aberto pela falta de qualificação do trabalhador. Essa afirmação é corroborada por números divulgados pelo Ministério do Trabalho (IBGE, 2011), os quais mostram que no ano passado o Brasil gerou um recorde de 2,52 milhões de novos empregos formais e nos dois primeiros meses de 2011 já havia criado 448.742 postos, número esse inédito para o período, impulsionado pela estabilização monetária e a diminuição da inflação, que contribuíram para a queda da taxa de desemprego. Em 2010 essa taxa foi de 6,7%, a menor em oito anos, fator esse atribuído ao crescimento de 7,5% da economia brasileira no período (ver gráfico a seguir). 9 Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, coordenação de Trabalho e Rendimento, Pesquisa Mensal de Emprego (2011) Gráfico 1: Série de taxas de desemprego 2003 a 2010 (em porcentagem). Aparentemente, com taxas de desemprego tão baixas de acordo com a média histórica e com criação de novos postos de trabalho, seria de se supor que o aquecimento no mercadode trabalho seja extremamente positivo. Contudo, o quadro atual relacionado a esses números é fator preocupante para os profissionais de recursos humanos, na medida em que, como foi dito anteriormente, o perfil do profissional requisitado mudou, havendo uma demanda por uma força de trabalho cada vez mais qualificada, embora o perfil da população em geral não tenha acompanhado proporcionalmente as necessidades do mercado. Segundo o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP, 2011), a escassez de mão de obra qualificada levou o Brasil a bater recorde de sobra de vagas no mercado de trabalho formal em 2009, sendo que essa escassez afeta 69% das empresas. Dados obtidos sobre o desempenho do Sistema Nacional de Emprego (Sine) mostram que 1.661 milhão de postos de trabalho oferecidos no ano passado não foram preenchidos por esse sistema em virtude de motivos como baixo nível de escolaridade, carência de preparo técnico e pouca experiência. Com isso, as empresas têm tido dificuldade para encontrar trabalhadores qualificados, gerando uma lacuna em seus quadros, conforme mostra o gráfico 2: 10 Fonte: Ovelhafake.blogspot.com Gráfico 2: Percentual de empresas (por setor) que têm problemas com falta de mão-de-obra qualificada A oferta de emprego aliada à falta de mão de obra qualificada resulta no chamado apagão de mão de obra, que Mascarenhas (2011) define como sendo um efeito colateral do rápido crescimento da economia no Brasil. Este conceito retrata as dificuldades enfrentadas pela sociedade em decorrência da oferta limitada de profissionais frente às necessidades dos setores econômicos em transformação, seja pela indisponibilidade de recursos humanos em termos numéricos, seja em relação à qualidade da formação desses recursos. Assim sendo, a demanda por uma força de trabalho cada vez mais qualificada se torna maior, fazendo com que as políticas de retenção de colaboradores, mais especificamente os talentos, ganhem força. Nesse panorama em que se verifica a falta de profissionais qualificados para suprir as necessidades das empresas em preencher seus postos de trabalho, fica clara a necessidade que essas organizações têm de reter os colaboradores que já são parte do seu quadro, especialmente os talentos e, desse modo, se manter de forma competitiva no mercado. 11 Branham (2002) afirma que nas empresas, de modo geral, os funcionários tendem a se enquadrar nas seguintes categorias em relação ao desempenho: 1 - desempenho estrelar (os primeiros 10 % aproximadamente); 2 - alto desempenho (entre 20% a 30%); 3- desempenho constante (a maioria dos funcionários, aproximadamente 40% a 50); 4- desempenho ruim ou marginal (de 15% a 20%). Assim sendo, o autor afirma que a retenção seletiva é um processo que deve ser usado pela gerência para minimizar a perda dos profissionais, nos três primeiros grupos, e passar essas do último grupo para outras funções, onde essas pessoas possam ser mais bem- sucedidas. A construção do perfil ideal do colaborador tem se tornado cada vez mais complexa e Guedes (2002, p.2) descreve que: Este perfil profissional desejável está alicerçado em três grandes grupos de habilidades: i) as cognitivas... (raciocínio lógico e abstrato, resolução de problemas, criatividade, capacidade de compreensão, julgamento crítico e conhecimento geral); ii) as técnicas especializadas (informática, língua estrangeira, operação de equipamentos e processos de trabalho) e iii) as comportamentais e atitudinais. Dentro desse contexto, compreende-se que o modo como esse perfil está composto poderá determinar a qualificação do funcionário e sua consequente capacidade de posicionamento no mercado. Contudo, vale ressaltar que se as competências comportamentais não estiverem alinhadas aos perfis dos cargos, o resultado é que o funcionário enfrentará dificuldade para se adaptar. Rodriguez (2009) afirma que eles cumprirão as tarefas determinadas, mas provavelmente se sentirão frustrados e desmotivados, passando a ter um desempenho apenas razoável, o que pode trazer como consequência o Turnover. Portanto, é necessário que o funcionário tenha um perfil compatível com a função para que seu desempenho seja alto e para assegurar que o mesmo continue na empresa. O referido autor ainda coloca que a retenção de talentos nas empresas está relacionada à capacidade em usar adequadamente as informações sobre talentos necessários x talentos disponíveis, para que sejam implantadas políticas de Recrutamento, Treinamento e Desenvolvimento de carreira que motivem os profissionais a permanecerem nos seus quadros por mais tempo. Isso leva ao entendimento de que a prática do profissional de Recursos Humanos extrapola, então, os modelos baseados nos conceitos tradicionais de Gestão de Pessoas, exigindo um conhecimento cada vez maior dos colaboradores e suas características e particularidades, tornando o processo de incorporar, alocar e manter as pessoas certas nos cargos adequados mais complexo. 12 4 DEFINIÇÃO DE TALENTOS Qual é a diferença entre pessoas e talentos? O que leva algumas pessoas a serem reconhecidas como talento e outras não? Micheletti (2006) define talento como uma pessoa que possui várias competências técnicas e intelectuais, é interessado pelo seu trabalho e pela empresa, tem ampla cultura geral, adapta-se rapidamente e é flexível, além de saber lidar com pessoas e ser carismática. Herman (1993) defende que esse conceito aplica-se à experiência técnica de alguém ou refere-se à dedicação, produtividade, iniciativa e determinação, alto grau de realização, capacidade criativa, experiência, nível educacional, posição na sua área ou atividade, ou seja, o diferencial de cada um para que o trabalho seja desempenhado com qualidade e que metas sejam sempre atingidas. O mesmo autor acrescenta que as empresas necessitam contar com funcionários talentosos para executar eficientemente as tarefas e que um dos maiores desafios hoje para a área de Recursos Humanos é atrair, integrar, motivar e manter os bons funcionários. A constituição do talento humano, de acordo com Chiavenato (2004) envolve três aspectos: 1. conhecimento - É o saber. Constitui o resultado de aprender a aprender, aprender continuamente e aumentar continuamente o conhecimento. 2. habilidade - É o saber fazer. Significa utilizar e aplicar o conhecimento, seja para resolver problemas ou situações ou criar e inovar. 3. competência - É o saber fazer acontecer. A competência permite alcançar e superar metas e resultados, agregar valor, obter excelência e abastecer o espírito empreendedor. Chiavenatto (2004, p. 54) também enfatiza que “o conceito de talento humano conduz necessariamente ao conceito do capital humano - o patrimônio inestimável que uma organização pode reunir para alcançar competitividade e sucesso.” Como é de conhecimento geral, todo patrimônio deve ser bem gerenciado para que possa ser aproveitado da melhor forma possível, caso contrário o sucesso da organização estará comprometido. Por outro lado, há que se considerar que o simples 13 fato de uma empresa contar com talentos em seu quadro não significa que ela saiba como usá-lo em seu favor. Deve-se estar atento para evitar o que Vicenzi (2011) chama de “auto sabotagem”, que é quando a empresa não conhece os talentos disponíveis ou não os considera, ou mesmo não possui uma estratégia adequada de alinhamento entre as competências do negócio e as competências de seu capital humano. Nesse sentido, Kanaane (1999) alerta que para que haja efetivo desenvolvimento organizacional deve-se buscar o desenvolvimentodas competências pessoais e interpessoais. Ulrich (1999, p. 29) também afirma que “as empresas bem- sucedidas serão aquelas mais experientes em atrair, desenvolver e reter indivíduos com habilidades, perspectiva e experiência suficientes para conduzir um negócio global”. A Gestão por Competências pode facilitar esse processo, já que busca alinhar o profissional e suas características individuais às necessidades da empresa e aos objetivos a serem atingidos, permitindo uma atuação mais estratégica da área de Recursos Humanos na utilização de processos que facilitem o desenvolvimento organizacional, profissional e pessoal. O papel do gerenciamento dos recursos de uma empresa, mais especificamente os recursos humanos, é enfatizado por Tachizawa, Ferreira e Fortuna (2001, p. 123-124): Um dos requisitos para a obtenção de resultados cada vez melhores pelas organizações é a otimização dos recursos de que elas dispõem... Em conseqüência, a otimização do trabalho das pessoas poderá ser crescente, na medida em que programas específicos mantenham a sua motivação e desenvolvam a sua capacitação. Portanto, a otimização do trabalho das pessoas está diretamente ligada ao melhor desempenho financeiro da organização. Mayo (2003, p. 5) afirma que “sem as pessoas, todos os elementos estruturais – tantos relativos aos clientes como organizacionais – poderiam se desintegrar e, com toda certeza, deixariam de crescer”. Isso corrobora o fato de quão importante as pessoas são dentro de uma estrutura organizacional e que as empresas não podem prescindir de uma política de retenção de talentos efetiva. 14 4.1 FATORES QUE PODEM LEVAR À FUGA DE TALENTOS Quais são as razões pelas quais os profissionais talentosos decidem deixar a empresa? Muitos autores têm refletido acerca dessa questão e muitos fatores têm sido enumerados. A perda de um colaborador pode trazer prejuízos à organização, pois ele leva consigo toda a experiência e conhecimentos adquiridos durante o seu período de atuação na empresa, gerando ainda uma lacuna no quadro de colaboradores que nem sempre é preenchida a tempo e de modo satisfatório. Isso implica dizer que quando a instituição perde um talento para o mercado perde também capital humano, bem como todo o tempo e os recursos que foram investidos nessa pessoa. Nessa abordagem, Mayo (2003, p. 101) complementa que “em uma empresa comercial, perder um ativo vital para um competidor é um prejuízo duplo – não somente não teremos o benefício, como ainda poderia trabalhar ativamente contra nós”. Branham (2002) menciona os seguintes motivos que podem levar a perda de capital humano: - não ver relação entre salário recebido e desempenho; - não perceber oportunidades de crescimento ou promoção; - não considerar seu trabalho importante ou achar que suas contribuições não são reconhecidas e valorizadas; - não ter oportunidade de usar seus talentos naturais; - possuir expectativas pouco precisas ou irreais; e, - não tolerar gerentes abusivos ou ambientes tóxicos. O mesmo autor ainda lembra que dentro da organização podem ocorrer três tipos de abuso, que também contribuem para a fuga de talentos: 1. abuso sistêmico, que ocorre quando uma empresa não está cumprindo suas promessas e renega seus compromissos; 2. abuso estrutural, em geral causado por pressões externas do mercado, no qual os funcionários podem se sentir “presos em uma bolha de medo e tensão”; e, 3. abuso deliberado por gerentes individuais, no qual o gerente humilha e derruba os funcionários em vez de motivá-los. Lico (2011) reforça alguns aspectos que podem influenciar os talentos na decisão de deixarem a empresa, tais como: 15 - não sentir que terão futuro e já chegaram onde poderiam chegar; - clima organizacional contaminado e difícil de mudar; - a remuneração não é compatível com as atividades e a média de mercado; - não existe qualquer política de reconhecimento, somente metas e mais metas; - os colaboradores não recebem feedback adequado, nem orientação coerente; - as ferramentas e processos são inadequados e não se pode falar sobre isso; - lideranças não exercem seu papel e sobrecarregam a equipe inutilmente; - falta capacitação técnica e comportamental; - noções equivocadas sobre o papel do “patrão” e do “empregado”; e, - não estar realmente comprometidos, era apenas um emprego. Considerando-se os fatores acima relacionados, percebe-se que, na maioria dos casos, os motivos que levam a saída de um colaborador são recorrentes e estão mais relacionados à uma gestão inapropriada dos recursos humanos do que à falta de comprometimento do funcionário. Algumas vezes essa inadequação pode estar presente já no processo de Recrutamento, Seleção e Contratação do funcionário, bem como pode ser notório na falta de políticas adequadas de treinamento e desenvolvimento, o que sem dúvida facilitaria o processo de adaptação do colaborador à sua nova rotina e à empresa em geral. 4.2 COMO RETER TALENTOS Em uma pesquisa divulgada pela Taleo Researh em 2009, verificou-se que noventa e sete por cento dos diretores de empresas participantes disseram que o fator número um para a vantagem competitiva e crescimento sustentável em longo prazo nas empresas é o acesso a talentos e sua retenção. Esses dados alertam para o fato que a empresa que negligenciar essa realidade em suas políticas de Recursos Humanos estará pondo em risco seu futuro no mercado. Parodi (2009) afirma que atualmente só sobrevive no mercado uma empresa que seja capaz de identificar, desenvolver e reter seus talentos, já que essa política está intimamente relacionada a aspectos econômicos, na medida em que se busca reter os profissionais cujos resultados são satisfatórios para a organização. Chiavenato (2003, p. 19) complementa essa assertiva ao colocar que “a organização viável, do ponto de vista de recursos humanos, é aquela que não apenas 16 capta e aplica seus recursos humanos adequadamente, mas também os mantém na organização”. Diante dessa realidade, buscar-se-á então apontar algumas medidas que visem minimizar a perda de capital humano, levando-se em consideração as relações estabelecidas no ambiente empresarial e entre os indivíduos, as especificidades e o contexto dessas organizações com o objetivo de evitar níveis de rotatividade que comprometam sua viabilidade e saúde financeira. Nakashima (2003) argumenta que a retenção de talentos envolve obrigatoriamente duas dimensões: o ser humano e a organização. Esse processo implica na implementação de políticas e estratégias que favoreçam a permanência do profissional na empresa, por um lado, e o ser humano, responsável pelos seus desejos e realizações por outro. Nessa rede de relações, o que pode ser atrativo (salário, benefícios, plano de carreira, desafios, transparência na comunicação, participação nos acontecimentos) para um profissional, pode não ser para os demais, já que as pessoas são diferentes e têm necessidades diferentes. Biondo (2005) lembra que nos anos sessenta Abraham Maslow, psicólogo e teórico das relações humanas elaborou sua famosa hierarquia das necessidades, que trazia conceitos hoje amplamente difundidos como motivação e sinergia bem como preocupação acerca dos desejos subjacentes ao ser humano quando as necessidades fisiológicas estão supridas. A existência e a manifestação de outras necessidades menos fisiológicas, como o sentido de posse, o reconhecimento, a auto- estima ou a auto-realização são inerentes ao homem e devem ser levadas em consideração ao se planejar e implantar políticas de manutençãode capital humano. Dentre as práticas mais comuns adotadas pelos profissionais de Recursos Humanos, a política de salários é destacada por Chiavenato (2003, p. 34) no trecho a seguir Um dos aspectos mais importantes da filosofia de uma organização é o que se relaciona com a política de salários. O nível de salários é o elemento essencial na posição competitiva da organização no mercado de trabalho, como nas relações da organização com seus próprios empregados. Por outro lado, o mesmo autor (2003, p. 35) também enfatiza a importância da concessão de benefícios nesse contexto e utiliza o termo Compensação para essa prática, que ele define como: “[...] sistema de incentivos e recompensas que a organização estabelece para remunerar e recompensar as pessoas que nela trabalham.” 17 Desse modo, a compensação envolve a remuneração sob todas as suas formas possíveis, nas quais os benefícios se destacam como um diferencial nas políticas de Recursos Humanos. Todavia, não existe uma forma ideal de gerir a remuneração e outros fatores têm influenciado nessa prática e por vezes acabam tendo peso maior do que o salário em si quando analisados de forma conjunta. Pesquisas realizadas pelo Grupo Catho/ Carreira e Sucesso (2009) apontam que os profissionais, via de regra, não têm como prioridade a remuneração, mas valorizam perspectivas de crescimento dentro da empresa. O salário aparece em terceiro lugar. Há preocupação com o desenvolvimento da carreira e aprimoramento do currículo. Esses resultados também apontam outros itens que podem compor um pacote atrativo de benefícios, como por exemplo: Stock Options, onde a empresa fornece ações aos seus funcionários por um valor bem abaixo do mercado; empréstimo social, quando a empresa empresta dinheiro sem nenhuma taxa de juros, ou com uma taxa simbólica; participação em resultados; cursos tanto para aperfeiçoar o lado técnico como o comportamental do funcionário; aluguel, supermercado, combustível e estudo dos filhos. Vale lembrar que não basta apenas adotar certos benefícios, é necessário que haja critérios técnicos para que não percam sua característica recompensadora e se tornem apenas mais um item no cardápio oferecido ao colaborador. Nessa perspectiva, Gil (2006, p. 193-194) salienta a importância de usar os benefícios com parcimônia ao afirma que: tem sido comum em muitas empresas a concessão de benefícios em lugar de aumentos, como forma de evitar a tributação. Não há dúvida de que constitui medida bastante adequada para a saúde financeira da empresa. Todavia, quando essa política de benefícios não é bem orientada, pode provocar no empregado a sensação de que não está recebendo um benefício, mas algo dado em troca de um aumento de salário. Além de remuneração competitiva e pacote de benefícios, outros fatores são essenciais para uma política de Retenção de Talentos, tais como: cultura e imagem da empresa perante o mercado; ambiente de trabalho saudável, com horário flexível e instalações adequadas; motivação constante; possibilidade de desenvolvimento de carreira; comunicação e clareza quanto aos objetivos, visão, missão e valores da empresa. 18 Lico (2011) considera que inovar na abordagem de recursos humanos ao se estabelecer contratos e acordos de desempenho pode trazer bons resultados. Ações como cronograma anual de treinamentos para atualização de conhecimentos direcionados a profissionais que entreguem bons resultados, bônus por produtividade para colaboradores potenciais, pagar faculdade ou MBA, (fazendo um contrato de desempenho onde ele tenha que restituir o investimento se deixar a empresa em determinado prazo), plano de participação nos resultados para gestores competentes, realização de workshops de integração e alinhamento, entre outras práticas. Na análise de Herman (1993) se a empresa for capaz de atitudes extras para demonstrar a sua lealdade para com seus funcionários, esses também serão capazes de atitudes extras para mostrar a sua lealdade para com a empresa. Em síntese, alguns passos que podem ser considerados como elementos chave no que concerne â retenção de talentos, de acordo com Talent Retention: Six Technology-Enabled Best Practices (2009) são: 1. recrutar as pessoas certas em primeiro lugar; 2. melhorar a capacidade de gerenciamento dos lideres; 3. dar aos colaboradores feedback constante e claro; 4. capacitar os funcionários a administrar suas próprias carreiras; 5. incentivar a pró-atividade; e, 6. medir o desempenho dos funcionários continuamente e melhorar estratégias de retenção. Evidentemente, os processos de retenção de talentos devem estar de acordo com a cultura, natureza e realidade de cada empresa e os gestores devem ter clareza dos fatores relacionados às perspectivas de seus subordinados e da organização. Nesse contexto, Kanaane (1999) sugere que pesquisas com o objetivo de identificar o nível motivacional e as expectativas do trabalhador também podem fornecer aos administradores uma idéia de programas sociais a serem adotados, com o intuito de alavancar atitudes e comportamentos além de promover a interação social e profissional, com foco no mercado. 19 5 IMPORTÂNCIA DO LÍDER NA RETENÇÃO DE TALENTOS Todos os fatores já mencionados devem ser monitorados e controlados pela organização. Por isso, é importante que a empresa conte com líderes capacitados e forneça condições para que eles desempenhem sua função eficientemente. O líder deve conhecer cada colaborador e procurar saber como as variáveis presentes na situação afetam cada um de seus subordinados. Seu papel é fundamental, pois além de ser capaz de identificar, estimular e potencializar o trabalho dos talentos, precisa saber como melhor aproveitá-lo dentro da organização e conhecer o que pode funcionar como fator motivador para retê-lo na empresa. Para Weil e Tompakow (2005), o líder deve apresentar autocontrole e empatia, buscar a unanimidade, dar o exemplo e saber enfrentar tensões e conflitos. Em outras palavras, “liderança é a influência interpessoal exercida numa situação, por intermédio do processo de comunicação, para que seja atingida uma meta.” (MINICUCCI, 2006, p.170). Compreende-se que o papel do líder não está limitado a planejar, dar ordens e supervisionar a execução de tarefas. Muito mais que isso, segundo Goleman, Boyatzis e McKee (2002), o líder é responsável pela difusão de sentimentos positivos entre o grupo. Isso implica trabalhar para estimular a aprendizagem contínua, a fim de diminuir do nível de resistência às mudanças, e criar condições para uma comunicação clara que permita aos integrantes vencer dificuldades, conquistar a autonomia e participar do crescimento da organização. Para Chiavenato (2004) cabe ainda salientar que o papel do líder vem sofrendo alterações, a exemplo de todo o meio social em que está inserido. Por conseguinte, liderança não é uma capacidade nata, privilégio de poucos. Trata-se de um processo dinâmico que pode ser aprendido e implantado nas organizações, em todos os seus níveis de atuação. Para tanto, não bastam investimentos em conhecimento técnico. Torna-se imprescindível a valorização do potencial humano em toda sua extensão. Em outras palavras, o papel da gestão de recursos humanos nesse contexto é complexo e envolve a negociação de interesses e a administração das necessidades. 20 5.1 LIDERANÇA E COMUNICAÇÃO COM OS COLABORADORES A comunicaçãoefetiva com os colaboradores é uma das práticas mais eficazes para motivar e reter subordinados pois permite que se estabeleça uma conexão com os mesmos, além de demonstrar que existe preocupação quanto ao seu desempenho e crescimento profissional.. O feedback é sem dúvida a melhor ferramenta para que essas diretrizes sejam implementadas, pois permite que se estabeleça uma zona de comunicação entre os diferentes níveis de uma organização e que se desenvolva relacionamento interpessoal, essencial para um ambiente de trabalho saudável e propício. Assim sendo, fica clara a importância de o líder valer-se dessa estratégia que pode funcionar como um poderoso fator motivador, se feito no momento adequado e da forma correta. De acordo com Williams (2005) são quatro os tipos de feedback: Feedback positivo: Quando o objetivo é reforçar o que a pessoa é ou o que ela faz; feedback corretivo: Quando se pretende modificar um comportamento, tendo-se a preocupação de referir-se especificamente ao comportamento e não à pessoa, evitando rótulos. Deve-se tomar cuidado para que não se torne um feedback ofensivo, que pode gerar agressividade e afastamento, ao invés de uma mudança positiva. Por último, há o feedback insignificante, que não traz informações suficientes e a pessoa que o recebe não tem certeza de seu propósito. Vale ressaltar que a ausência de feedback é também prejudicial, pois não leva a mudanças desejáveis no comportamento das pessoas, além de transmitir uma mensagem de ausência de interesse nas ações do subordinado e que portanto não se acompanha suas ações. Williams (2005) afirma que a falta de retorno pode fazer com que uma pessoa reaja com baixa produtividade e/ou comportamento inadequado, daí a importância de o líder estar atento a esses aspectos cuja causa subjacente pode ser a qualidade e/ou a quantidade de feedback que os colaboradores recebem. Importante salientar que o feedback não consiste apenas de palavras, já que atos e gestos podem ser até mais reveladores das intenções e sentimentos do interlocutor do que verbalizações. Fazer contato visual quando se está falando com a pessoa é importante, pois mostra que há interesse e abertura ao diálogo. Pimenta (2002) reafirma o valor da comunicação não-verbal e a importância do que se faz ou deixa-se de fazer enquanto uma mensagem é transmitida, pois a linguagem corporal expressa os estados emocionais dos indivíduos. A autora 21 lembra que certos gestos também podem ser inconscientes e “podem servir para extravasar tensões acumuladas, gerando equilíbrio e bem-estar” (PIMENTA, 2002, p.157). Desse modo verifica-se a importância de o líder utilizar-se dessa ferramenta de modo eficaz para que possa ampliar seu campo de atuação no meio organizacional, não apenas no sentido de fazer com que metas sejam cumpridas em um contexto meramente funcional, mas principalmente otimizando sua influência no contexto relacional para que objetivos sejam atingidos. 22 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Esse trabalho teve como propósito fazer uma investigação sobre a Retenção de Talentos nas empresas, buscando delinear os fatores preponderantes para a retenção, mas detendo-se também sobre aspectos que podem contribuir para a fuga de colaboradores. Partiu-se do pressuposto de que a prática de retenção de talentos é elemento fundamental para a área da Gestão de Recursos Humanos, na medida em que as empresas são compostas por pessoas e precisam delas para que suas metas e objetivos sejam atingidos, sendo necessário utilizar seus recursos humanos de forma racional. Assim sendo, acredita-se que o investimento na retenção de seus talentos seja justificável, pois quanto melhor a qualidade do quadro de colaboradores, tanto maior a eficiência da organização. Para dar conta do objetivo proposto realizou-se uma pesquisa bibliográfica abrangendo livros e artigos escritos nos últimos vinte anos, a fim de se buscar elementos relacionados ao contexto da fuga e retenção de talentos. Observou-se que o mercado de trabalho tem se tornado cada vez mais competitivo e que essa nova realidade levou invariavelmente a uma mudança no perfil do funcionário ideal requisitado pelas empresas, gerando uma demanda por uma força de trabalho cada vez mais qualificada. Verificou-se também que as contingências atuais desse mercado de trabalho competitivo, a concorrência acirrada, a globalização, a já citada demanda por profissionais qualificados, entre outros fatores, justificam a adoção de uma política de retenção de talentos mais impositiva, dada sua relação de causalidade com a competitividade e até mesmo a sobrevivência da empresa no mercado. Constatou-se que os principais fatores apontados como sendo relacionados à fuga de talentos são, entre outros, insatisfação com salário, falta de perspectiva de crescimento profissional, falta de comunicação com liderança, que se reflete na falta de clareza dos objetivos da função bem como de uma compreensão mais acurada do papel de empregado e patrão e da cultura organizacional, além de aproveitamento inadequado do capital humano, o que pode se traduzir em baixa motivação, podendo comprometer a produtividade e gerar perdas financeiras. Em contrapartida, os aspectos relacionados à retenção de talentos foram: implementação de políticas e estratégias que favoreçam a permanência do profissional na empresa, dentre as quais a política de salário e benefícios se destaca, 23 além de outros fatores essenciais tais como: cultura e imagem da empresa; ambiente de trabalho saudável; motivação constante; possibilidade de desenvolvimento de carreira; comunicação e clareza quanto aos objetivos, visão, missão e valores da empresa. Nessa perspectiva, vale ressaltar que a atuação dos líderes é fundamental, pois ele deve saber como as variáveis presentes na rotina de trabalho afetam cada um de seus subordinados e é imprescindível que as empresas forneçam condições para que eles desempenhem sua função eficientemente. A partir da análise das informações obtidas na literatura, que sugerem que os fatores que podem levar à fuga de talentos bem como sua retenção têm sido assunto recorrente em diversos escritos, sendo portanto bastante estudados, infere-se que tais dados sejam de conhecimento dos gestores de Recursos Humanos, em virtude de sua relevância para a área em questão. Entretanto, o simples conhecimento dessa realidade não é suficiente para mudá-la, sendo necessário que sejam viabilizados meios para assegurar um ambiente adequado e motivador que permita a manutenção de profissionais competentes em seu quadro, favorecendo assim o crescimento da empresa e de seus colaboradores. Com base no exposto, este trabalho ratifica a importância de não apenas conhecer os aspectos teóricos relacionados à Retenção de Talentos, mas principalmente, a adoção de medidas práticas que possam ser efetivas na diminuição do índice de fuga desses profissionais. Assim sendo, seria pertinente sugerir que em um momento posterior, como continuidade desse trabalho, se proceda a uma pesquisa de campo com o objetivo de identificar se os fatores citados dentro do referencial teórico como sendo importantes para retenção de talentos fazem efetivamente parte da rotina das empresas, corroborando assim os dados apontados e, em caso negativo, levantar os motivos que podem inviabilizar essas práticas,ou seja, o que impede as empresas de implementar essas premissas. Assim poder-se-ia verificar se há correlação entre os aspectos citados no referencial teórico e a prática das organizações, haja vista que a retenção de talentos tem sido objeto de estudos por alguns anos e os fatores apontados como imprescindíveis na consecução desse objetivo devem ser considerados pelos gestores de RH e efetivamente colocados em prática, levando-se em conta as particularidades de cada organização e os objetivos a que se propõe. Tendo em vista todos os dados encontrados no decorrer dessa pesquisa bibliográfica, pode-se afirmar que o objetivo inicialmente proposto, que era identificar 24 fatores pelos quais perpassa a retenção de talentos foi atingido e, como reflexão final importa salientar a importância de perceber cada organização e cada indivíduo como sendo únicos para que as políticas de retenção não sejam meramente reproduzidas sem critério, o que fatalmente levaria ao insucesso de todo o procedimento. Vale relembrar que as organizações que estiverem comprometidas com a qualidade de seu capital humano e que investirem em políticas que valorizem e privilegiem esse segmento certamente poderão atuar de modo estratégico no mercado, atingindo assim metas estabelecidas e, não sendo possível debelar a fuga de talentos, que os seus efeitos sejam menos perceptíveis e danosos para as pessoas e as organizações. 25 REFERÊNCIAS BIAZIN, D. T.; SCALCO, T. F. Normas da ABNT & Padronização para Trabalhos Acadêmicos. 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