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AUTARQUIAS PROF. MA. MAIANE SERRA 3 ENTIDADES EM ESPÉCIE 3.1 AUTARQUIAS Compõe a administração pública indireta com personalidade jurídica de direito público, com capacidade de autoadministração, criadas por lei específica para o desempenho de determinadas competências estatais (art. 37, XIX, CF/88). Decreto 200/1967, art. 5, I: Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar atividades típicas da Administração Pública, que requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada. QUEM EXERCE ATIVIDADES TÍPICAS? Autarquias Exemplos de autarquias • Agências reguladoras: ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) ANP (Agência Nacional do Petróleo), ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), dentre outras; • DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes); • INSS (Instituto Nacional do Seguro Social); • BACEN (Banco Central do Brasil); • INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária); • IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis); • As Universidades federais; • Conselhos profissionais: Conselho Federais e Regionais de Medicina, Contabilidade, Enfermagem...; E a OAB? É considerada uma autarquia? Quais as atividades que são desenvolvidas? Atividades próprias e típicas de Estado, despidas de caráter econômico Estamos diante de uma centralização, descentralização ou desconcentração? STF – ADI 3.026/DF, rel. Min. Eros Grau, 08/06/2006. Não procede a alegação de que a OAB sujeita-se aos ditames impostos à Administração Pública Direta e Indireta. A OAB não é uma entidade da Administração Indireta da União. A Ordem é um serviço público independente, categoria ímpar no elenco das personalidades jurídicas existentes no direito brasileiro. A OAB não está incluída na categoria na qual se inserem essas que se tem referido como "autarquias especiais" para pretender-se afirmar equivocada independência das hoje chamadas "agências". Por não consubstanciar uma entidade da Administração Indireta, a OAB não está sujeita a controle da Administração, nem a qualquer das suas partes está vinculada [...] Não há ordem de relação ou dependência entre a OAB e qualquer órgão público. A Ordem dos Advogados do Brasil, cujas características são autonomia e independência, não pode ser tida como congênere dos demais órgãos de fiscalização profissional. A OAB não está voltada exclusivamente a finalidades corporativas. Possui finalidade institucional. Incabível a exigência de concurso público para admissão dos contratados sob o regime trabalhista pela OAB (...) CF/88 – Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho; RE 595.332/PR, Rel. Min. Marco Aurélio, 31/08/2016 (informativo 837 do STF) “Compete à Justiça Federal processar e julgar ações em que a Ordem dos Advogados do Brasil, quer mediante o Conselho Federal, quer seccional, figure na relação processual”. FIXAÇÃO DE CONTEÚDO 1. (CESP – TCE-RO – 2013). As autarquias são entidades destinadas a executar atividades típicas da administração e, para tanto, têm autonomia administrativa, independentemente do órgão ao qual estão vinculadas. 2. (ESAF – SUSEP 2010) A SUSEP é uma autarquia, atua na regulação da atividade de seguros (entre outras), e está sob supervisão do Ministério da Fazenda. Logo, é incorreto dizer que ela: a) é integrante da chamada Administração Indireta. b) tem personalidade jurídica própria, de direito público. c) está hierarquicamente subordinada a tal Ministério. d) executa atividade típica da Administração Pública. e) tem patrimônio próprio. 3 (ESAF – ATRFB 2012). Quanto às autarquias no modelo da organização administrativa brasileira, é incorreto afirmar que: a) possuem personalidade jurídica. b) são subordinadas hierarquicamente ao seu órgão supervisor. c) são criadas por lei. d) compõem a administração pública indireta. e) podem ser federais, estaduais, distritais e municipais. • CLASSIFICAÇÃO DAS AUTARQUIAS • Quanto ao nível federativo Podem ser federais, estaduais, distritais e municipais, a depender da instituição pela União, Estados, DF e municípios. OBS 1: em virtude da autonomia prevista no art. 18 da CF/88 cada uma das pessoas federativas tem competência para instituir suas próprias autarquias, que ficarão vinculadas a respectiva Administração Direta. OBS 2: ACO 503, Min. Moreira Alves, 25/10/2001 – “não há possibilidade de criação de autarquia interestadual mediante a convergência de diversas unidades federadas” OBS 3: Também não são admitidas autarquias intermunicipais. • Espécies 1. Autarquia comum ou ordinária; 2. Autarquia em regime especial; 3. Autarquia fundacional; 4. Autarquia associativa (consórcios públicos sob forma de associação) a. Autarquia comum ou ordinária: aquela que se enquadra, sem nenhuma peculiaridade a mais do que o previsto no regime jurídico do DL 200/1967 Ex: DNIT – Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes INSS – Instituto Nacional do Seguro Social b. Autarquia em regime especial: aquela em que a lei conferiu algumas prerrogativas específicas (a estabilidade de seus dirigentes, por exemplo) e não aplicáveis as autarquias em geral (comuns ou ordinárias) e que não encontram-se no DL 200/1967 Ex: USP – Universidade de São Paulo BACEN – Banco Central do Brasil Agências reguladoras Lei 9.472/1997 que criou a ANATEL: Art. 8° Fica criada a Agência Nacional de Telecomunicações, entidade integrante da Administração Pública Federal indireta, submetida a regime autárquico especial e vinculada ao Ministério das Comunicações, com a função de órgão regulador das telecomunicações, com sede no Distrito Federal, podendo estabelecer unidades regionais (...) § 2º A natureza de autarquia especial conferida à Agência é caracterizada por independência administrativa, ausência de subordinação hierárquica, mandato fixo e estabilidade de seus dirigentes e autonomia financeira. COM RELAÇÃO AO MANDATO FIXO: Importante ressaltar que, uma vez nomeado, o dirigente exerce um cargo por tempo determinado e só pode ser exonerado ou destituído nas hipóteses previstas em lei. É o que se infere da lei 9986/2000: “art. 9º: Os Conselheiros e os Diretores somente perderão o mandato em caso de renúncia, de condenação judicial transitada em julgado ou de processo administrativo disciplinar. Parágrafo único: A lei de criação da Agência poderá prever outras condições para a perda do mandato". Agências reguladoras São pessoas jurídicas administrativas na esfera federal e caracterizadas como autarquias em regime especial, tendo por objetivo a regular/fiscalizar determinado setor da economia. Exercem atividades típicas da administração pública e possuem maior grau de autonomia que as demais autarquias. OBS: não confundir agências reguladoras com toda autarquia em regime especial – qualquer entidade pode ser criada por lei em regime autárquico especial, independente da atividade e mesmo que não tenha como objetivo regular ou fiscalizar determinado setor da economia. FIXAÇÃO DE CONTEÚDO 3. Cespe – ANATEL – 2012. Todas as agências reguladoras federais são autarquias e cada uma está vinculada a um ministério específico, de acordo com a sua área de atuação. 4. CESPE – TRF/5ª Região – 2011. É característica da natureza de autarquia especial conferida à Agência Nacional de Energia Elétrica, agência reguladora criada pelo Estado brasileiro: a) a contratação de servidores não concursados para atribuiçõesefetivas. b) a independência administrativa. c) o mandato variável de seus dirigentes. d) a exoneração sumária de seus dirigentes. e) a vinculação financeira a órgãos da administração direta. FIXAÇÃO DE CONTEÚDO 5. CESPE – ANATEL – 2014. No Brasil, as agências reguladoras, assim como o Banco Central, são dotadas de autonomia operacional e independência em relação aos poderes do Estado. 6. São características das Agências Reguladoras, EXCETO: a) poder normativo técnico. b) autonomia decisória. c) não vinculação à Administração Direta. d) independência administrativa. e) autonomia econômico-financeira. c. Autarquia fundacional ou fundação autárquica: seria uma fundação pública instituída por lei específica, com personalidade jurídica de direito público dotada de patrimônio com uma finalidade específica que irá beneficiar pessoas indeterminadas, que não a integram como membros ou sócios. Ex: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPQ Fundação Nacional de Saúde – FUNASA OBS: Autarquia ≠ Fundação autárquica Autarquia = serviço público personificado, em regra típico de Estado Fundação autárquica = patrimônio personalizado (ou personificado), destinado a uma finalidade determinada, principalmente de interesse social Diferença meramente conceitual, visto que o regime jurídico é o mesmo = pessoa jurídica de direito público. d. Autarquia associativa (= associações públicas ou consórcios públicos sob forma de associação Resultam da associação com a finalidade de mútua cooperação entre as entidades federativas, sendo essa cooperação formalizada pela instituição de consórcios públicos (Lei 11.107/2005) Art 41 do CC/2002: “São pessoas jurídicas de direito público interno: IV - as autarquias, inclusive as associações públicos”; Ex: Criação de uma entidade (autarquia associativa) a partir de um consórcio público entre a União, estado do Maranhão e município de São Luís para construção de um museu. • RELAÇÃO DA AUTARQUIA COM O ENTE FEDERADO (PESSOA POLÍTICA) Controle finalístico, tutela ou supervisão – uma vez que são vinculadas ao ente federado (nos termos e limites expressos em lei), mas não são subordinadas; Obs1: Não há hierarquia entre a autarquia e o ente federado que a instituiu. Obs 2: O controle finalístico visa verificar se a entidade está atingindo os resultados previstos como objeto. • CRIAÇÃO Mediante lei específica (art. 37, XIX, CF/88) por iniciativa privativa do chefe do Poder Executivo (CF, art. 61, §1º, “e”); XIX - somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação; § 1º São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que: II - disponham sobre: e) criação, estruturação e atribuições dos Ministérios e órgãos da administração pública; ALGUNS QUESTIONAMENTOS: 1. Qualquer um dos poderes pode criar uma autarquia? À luz do art. 37,caput, da Constituição Federal 1988, pode-se concluir que qualquer dos poderes da União, Estados-Membros, Distrito Federal e Municípios poderiam criar uma autarquia. OBS: Se a entidade a ser criada ou extinta se vincular ao Poder Legislativo ou Judiciário, a iniciativa da lei será do respectivo chefe do Poder (ALEXANDRINO; PAULO, 2017). 2. A lei que cria uma autarquia pode disciplinar também um outro assunto? Não, porque as autarquias são criadas por lei específica. A doutrina interpreta isso como sendo uma lei monotemática, ou seja, que trata de um assunto só, a autarquia. 3. Um órgão público pode ser transformado em autarquia? Pelo entendimento da doutrina majoritária, nada impede que um órgão seja extinto e transformado em autarquia por uma lei específica que garanta sua criação. Tem-se como exemplo o antigo Departamento Nacional de Estradas de Rodagem - DNER (órgão Federal) que mais tarde foi extinto e transformado no atual Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - DNIT (autarquia federal vinculada ao Ministério do Transporte – Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte) que atua na prestação de um serviço público. Agora, nem todo órgão pode ser transformado em autarquia, pois existem determinados órgão que são permanentes conforme previsão constitucional. Como exemplo, a polícia federal, instituída por lei como órgão permanente segundo o disposto no §1º do art.147 da Constituição Federal de 1988. • EXTINÇÃO Adequação ao princípio da simetria das formas – também mediante lei específica por iniciativa privativa do chefe do Poder Executivo. • NATUREZA JURÍDICA Pessoa jurídica de direito público • Quando inicia a personalidade da autarquia? - Inicia com a vigência da lei que a instituiu • ORGANIZAÇÃO DA AUTARQUIA Mediante ato administrativo, normalmente um decreto. Atenção: isso não significa que na prática a autarquia já esteja em efetivo funcionamento, sendo evidente a necessidade de que sejam adotadas pelo Poder Executivo, providências concretas para possibilitar a efetiva entrada em operação da autarquia, sendo necessário um ato administrativo (normalmente um decreto de “instalação” ou “implantação”) que aprova e veicula o regulamento da entidade, mas não possui nenhuma influência com relação a personalidade jurídica da autarquia. • ORGANIZAÇÃO DAS AUTARQUIAS Mediante ato administrativo – decreto do chefe do Poder Executivo. No ato de organização são fixadas as regras atinentes ao: 1. Funcionamento da autarquia; 2. Órgãos componentes; 3. Procedimentos internos; 4. Demais aspectos ligados à atuação da entidade autárquica. • PATRIMÔNIO Formado a partir da transferência de bens (móveis e imóveis) do ente federado que a criou, passando a pertencer a entidade, passando a ter patrimônio e receita próprios. Art. 98 CC/2002 - São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem. Bens públicos – imprescritibilidade (não podem ser adquiridos mediante usucapião), impenhorabilidade (execução judicial contra autarquias sujeita ao regime de precatórios). Bens imóveis – necessidade de autorização legislativa para alienação (em regra devendo ser precedida de licitação). • OBRAS, SERVIÇOS, COMPRAS E ALIENAÇÕES CONTRATADOS COM TERCEIROS – mediante contratos administrativos, exigindo licitação prévia Art. 37, XXI, CF/88 Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações. • REGIME DE PESSOAL Regime de servidores públicos estatutários ou de empregados públicos celetistas (contratual trabalhista)? 1. Redação original do art. 39 CF – regime jurídico único para todos os servidores da Adm. Direta, autarquias e fundações publicas; 2. O RJU foi então extinto pela EC 19/1998 que alterou o art. 39 da CF; = Exclusão da obrigatoriedade do regime jurídico único para os servidores da adm. Direta, autarquias e fundações públicas Redação original, vigente: Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, no âmbito de sua competência, regime jurídico único eplanos de carreira para os servidores da administração pública direta, das autarquias e das fundações públicas (Vide ADIN nº 2.135-4) -> Redação dada pela EC 19/1998, com eficácia suspensa pelo STF: Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão conselho de política de administração e remuneração de pessoal, integrado por servidores designados pelos respectivos Poderes. OBS: Art. 39, caput da CF/88 (redação dada pela EC 19/1998) – suspensa a eficácia – efeitos ex nunc (ou seja, válido somente a partir da vigência) Toda legislação editada durante a vigência do art. 39 caput da CF/88 (redação dada pela EC 19/1998) continua válida, assim como as contratações de pessoal realizadas na época. E O QUE VIGORA HOJE QUANTO AO REGIME DE PESSOAL? SERVIDORES PÚBLICOS ESTATUTÁRIOS OU DE EMPREGADOS PÚBLICOS CELETISTAS (CONTRATUAL TRABALHISTA)? 1. Atualmente, face à suspensão cautelar do art. 39, caput, da CF, as autarquias se submetem ao regime jurídico único aplicável à respectiva Administração Direta a que elas se vinculam; 2. No âmbito da União, estados-membros e DF, o regime jurídico único é o estatutário. OBS: No caso da União, por conseguinte, as autarquias devem adotar o regime estatutário previsto na Lei 8.112/1990, o qual se aplica à Administração Direta. Por sua vez, nos Estados e Municípios, o regime jurídico do pessoal das autarquias deve observar o regime das respectivas administrações diretas. Em geral, nos Estados e nos Municípios maiores também se adota o regime estatutário. OBS: Independente da época de admissão e do regime de pessoal adotado (estatutário ou celetista), as autarquias exigem a realização de concurso público (art. 37, II da CF/88), sendo ainda vedada a acumulação remunerada de cargos, empregos e funções públicas (art. 37, XVII da CF/88)
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