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COLABORAÇÃO PREMIADA

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COLABORAÇÃO PREMIADA – lei 12.850
CONCEITO
A colaboração premiada surgiu como uma causa de redução de pena, aplicável ao coautor que delatasse os comparsas ou colaborasse espontaneamente com as investigações. 
Nesse sentido, a definição de Cleber Masson: 
Cuida-se de causa especial de diminuição da pena. A medida encontra origem no chamado “direito premial”, pois o Estado concede um prêmio ao criminoso arrependido que decide colaborar com a persecução penal.
Renato Brasileiro faz uma conceituação mais ampla da colaboração premiada: 
Espécie do Direito Premial, a colaboração premiada pode ser conceituada como uma técnica especial de investigação por meio da qual o coautor e/ou partícipe da infração penal, além de confessar seu envolvimento no fato delituoso, fornece aos órgãos responsáveis pela persecução penal informações objetivamente eficazes para a consecução de um dos objetivos previstos em lei, recebendo, em contrapartida, determinado prêmio legal. 
Assim, pode-se conceituar a colaboração premiada como um instrumento previsto na legislação por meio do qual um investigado ou acusado da prática de infração penal decide confessar a prática do delito e, além disso, aceita colaborar com a investigação ou com o processo, fornecendo informações que irão ajudar, de forma efetiva, na obtenção de provas contra os demais autores dos delitos e contra a organização criminosa.
Muitos autores consideram sinônimas as expressões delação premiada e colaboração premiada, Para parcela da doutrina, a nomenclatura "colaboração premiada" é mais ampla, devendo ser considerada como um gênero, do qual uma das suas espécies é a delação premiada. Para Renato Brasileiro a delação premiada exige a revelação de algum coautor, enquanto a colaboração premiada é mais ampla e abrange diversas formas de colaboração sem que necessariamente haja uma delação.
A colaboração premiada possui natureza jurídica de "meio de obtenção de prova" (art. 3º, I, da Lei nº 12.850/2013). Chamo atenção para esse fato: a colaboração premiada não é um meio de prova propriamente dito. A colaboração premiada não prova nada (ela não é uma prova). A colaboração premiada é um meio, uma técnica, um instrumento para se obter as provas. Com isso, nenhuma sentença condenatória será proferida com fundamento apenas nas declarações de agente colaborador (§ 16º do art. 4º).
FORMAS DE COLABORAÇÃO PREMIADA
A Lei 12.850/2013 prevê, em seu art. 4º, cinco formas por meio das quais o investigado/réu poderá colaborar com a investigação e com o processo. Assim, para ter direito aos benefícios decorrentes da colaboração, o indivíduo deverá fornecer informações efetivas com as quais as autoridades consigam pelo menos um dos seguintes resultados:
Art. 4º O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial, reduzir em até 2/3 (dois terços) a pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de direitos daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e com o processo criminal, desde que dessa colaboração advenha um ou mais dos seguintes resultados: 
I - a identificação dos demais coautores e partícipes da organização criminosa e das infrações penais por eles praticadas; 
II - a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização criminosa; 
III - a prevenção de infrações penais decorrentes das atividades da organização criminosa; 
IV - a recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das infrações penais praticadas pela organização criminosa; 
V - a localização de eventual vítima com a sua integridade física preservada.
Basta que um desses cinco objetivos sejam atingidos para que o colaborador tenha direito ao benefício. A colaboração deve ser voluntária, ou seja, o colaborador não pode ter sido coagido. Vale ressaltar que a colaboração é considerada voluntária mesmo que a proposta não tenha partido do investigado/acusado. Isso porque não se exige que a colaboração seja espontânea, ou seja, que tenha partido do colaborador a ideia, a iniciativa. Basta que seja voluntário (que aceite livremente). A colaboração deve ser efetiva, isto é, somente será concedido o benefício se, com as informações fornecidos pelo colaborador, for obtido um dos resultados do art. 4º da Lei 12.850/13 acima descritos.
A colaboração premiada e a concessão dos benefícios podem ocorrer na fase de investigação criminal (inquérito policial ou investigação conduzida pelo MP), durante o curso do processo penal e após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória.
BENEFÍCIOS
A Lei 12.850/13 trouxe uma leva de benefícios possíveis para o colaborador. Para os casos de condenação, a colaboração premiada pode resultar em concessão dos seguintes benefícios: 
 
- REDUÇÃO DA PENA:
Se a colaboração ocorrer antes da sentença, ou seja, se a pessoa decidir colaborar antes de ser julgada: sua pena poderá ser reduzida em até 2/3 (art. 4º). Se a colaboração ocorrer após a sentença, ou seja, se a pessoa decidir colaborar apenas depois de ser condenada: sua pena poderá ser reduzida em até a metade (art.4 § 5º).
- SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR RESTRITIVA DE DIREITO
O juiz poderá substituir a pena privativa de liberdade do colaborador por pena restritiva de direitos mesmo que não estejam presentes os requisitos do art. 44 do CP.
- PERDÃO JUDICIAL
Se a colaboração prestada for muito relevante, o Ministério Público ou o Delegado de Polícia poderão se manifestar pedindo que o juiz conceda perdão judicial ao colaborador, o que acarreta a extinção da punibilidade (art. 107, IX, do CP). Veja a redação do art. 4º, § 2º da Lei nº 12.850/2013:
§ 2º Considerando a relevância da colaboração prestada, o Ministério Público, a qualquer tempo, e o delegado de polícia, nos autos do inquérito policial, com a manifestação do Ministério Público, poderão requerer ou representar ao juiz pela concessão de perdão judicial ao colaborador, ainda que esse benefício não tenha sido previsto na proposta inicial, aplicando-se, no que couber, o art. 28 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal).
- NÃO OFERECIMENTO DA DENÚNCIA
Nos casos em que o colaborador não for líder da organização criminosa e for o primeiro a prestar efetiva colaboração47, a lei prevê um novo benefício: o não oferecimento da denúncia pelo Ministério Público. Esse benefício é uma clara flexibilização ao princípio da obrigatoriedade que vige no exercício da ação penal pública incondicionada, pelo qual, segundo Pacelli, “o Ministério Público é obrigado a promover a ação penal, se diante de fato que, a seu juízo, configure um ilícito penal”. Para que o MP deixe de oferecer a denúncia contra o colaborador é necessário o preenchimento dos seguintes requisitos:
§ 4º Nas mesmas hipóteses do caput, o Ministério Público poderá deixar de oferecer denúncia se o colaborador:
I - não for o líder da organização criminosa;
II - for o primeiro a prestar efetiva colaboração nos termos deste artigo.
- PROGRESSÃO DE REGIME
Para que ocorra a progressão de regime, o réu deverá ter cumprido determinado tempo de pena. A isso chamamos de requisito objetivo da progressão.
Para crimes comuns: o requisito objetivo consiste no cumprimento de 1/6 da pena aplicada. Para crimes hediondos ou equiparados, o requisito objetivo representa o cumprimento de:
• 2/5 da pena se for primário.
• 3/5 da pena se for reincidente.
Se o réu já estiver condenado e cumprindo pena e decidir colaborar, ele poderá receber como "prêmio" a progressão de regime ainda que não tenha atingido o requisito objetivo (§ 5º do art. 4º).
PROCEDIMENTO
Na negociação do acordo o investigado (ou acusado), assistido por seu advogado, negocia o acordo de colaboração premiada com o Delegado de Polícia e manifestação do Ministério Público. Segundo o § 6º do art. 4º da referida lei, o juiz não participará das negociações realizadas entre as partes para formalização do acordo de colaboração. O juiz apenas homologa ou não o acordo, para mantera parcialidade no julgamento. Caso as negociações tenham êxito, as declarações do colaborador serão registrados em um termo e encaminhados ao juiz para homologação, no qual deverá verificar sua regularidade, legalidade e voluntariedade, podendo sigilosamente ouvir o acusado com o seu defensor (§ 7º do art. 4º). O termo do acordo da colaboração deverá ser escrito e conter os seguintes requisitos formais:
Art. 6º O termo de acordo da colaboração premiada deverá ser feito por escrito e conter:
I - o relato da colaboração e seus possíveis resultados;
II - as condições da proposta do Ministério Público ou do delegado de polícia;
III - a declaração de aceitação do colaborador e de seu defensor;
IV - as assinaturas do representante do Ministério Público ou do delegado de polícia, do colaborador e de seu defensor;
V- a especificação das medidas de proteção ao colaborador e à sua família, quando necessário.
O magistrado não está vinculado aos termos da proposta, podendo adequá-lo ao caso concreto (§ 8º do art. 4º).
Na colaboração premiada o acusado ou investigado, nos depoimentos que prestar, renunciará na presença de seu defensor o direito de ficar em silêncio e estará sujeito ao compromisso de dizer a verdade (§ 14º do art. 4º). Lembrando que em todos os atos de negociação o acusado deverá estar acompanhado de seu defensor, segundo o § 15º do art. 4º.
APÓS HOMOLOGAÇÃO DO ACORDO
Depois de homologado o acordo, o colaborador poderá, sempre acompanhado pelo seu defensor, ser ouvido pelo membro do Ministério Público ou pelo Delegado de Polícia responsável pelas investigações. Ainda que beneficiado por perdão judicial ou não denunciado, o colaborador poderá ser ouvido em juízo a requerimento das partes ou por iniciativa da autoridade judicial. Sempre que possível, o registro dos atos de colaboração será feito pelos meios ou recursos de gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, destinados a obter maior fidelidade das informações (art. 4º §§ 9º, 12 e 13º). 
Segundo o art. 4º § 10, algumas das partes podem voltar atrás e se retratar, nesse caso as provas produzidas pelo colaborador não poderá ser usado ao seu desfavor.
 
Direitos do colaborador
O art. 5º da Lei 12.850/2013 prevê os seguintes direitos ao colaborador:
I - usufruir das medidas de proteção previstas na legislação específica (Lei nº 9.807/99);
II - ter nome, qualificação, imagem e demais informações pessoais preservados;
III - ser conduzido, em juízo, separadamente dos demais coautores e partícipes;
IV - participar das audiências sem contato visual com os outros acusados;
V - não ter sua identidade revelada pelos meios de comunicação, nem ser fotografado ou filmado, sem sua prévia autorização por escrito;
VI - cumprir pena em estabelecimento penal diverso dos demais corréus ou condenados.

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