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Administração Pública AD9- Filosofia e Ética 1. Identifique como se apresenta a “crise ética” no noticiário dos últimos tempos. Até que ponto é reconhecida também, nos meios de comunicação, uma “crise da ética”? Em que sentido as duas abordagens se chocam? Segundo Selvino Assmann, “a ética existe porque, e enquanto, somos indivíduos que vivem juntos com outros indivíduos”. Dito isso, “só há bem e mal porque e enquanto vivemos em sociedade”. Ainda segundo o mesmo, tanto a crise ética que procura a resposta à pergunta “por que devo eu cumprir alguma norma? ”, quanto a crise da ética que se preocupa em responder “por que me esforçar para estabelecer alguma norma para a convivência humana? ” têm algo a ver com a experiência humana atual. A crise ética é apresentada diariamente nos noticiários através de roubos, assassinatos, corrupção na administração pública em geral. Atos para nós, considerados imorais. Infelizmente, boa parte dos indivíduos não se preocupam em cumprir as normas morais convencionadas na sociedade. A moral, segundo Maria Lúcia Aranha, ao mesmo tempo que é o conjunto de regras de como deve ser o comportamento dos indivíduos de um grupo, é também a livre e consciente aceitação das normas. Essas normas são as regras que organizam as relações entre os indivíduos. Não é possível um povo viver sem qualquer conjunto de normas de conduta. Por outro lado, observamos um choque entre a “crise ética” e a “crise da ética”, porque, os mesmos meios de comunicação também nos apresentam para todos esses atos imorais, a impunidade prosperando. E a justiça sendo ineficaz, faz parecer que quem não segue as normas morais de conduta, é mais beneficiado do que quem segue. Ou seja, ser desonesto é mais fácil do que ser honesto. Além disso, sendo o individualismo estimulado através da competitividade entre as pessoas, seja no trabalho ou em outros âmbitos de convivência, surge o questionamento do por que agir bem, respeitar as pessoas e as regras, se não há esperança de um futuro melhor? Se há impunidade, e quem pensa apenas em si próprio, aproveita mais a vida, por que ser bom? Esta é a crise que a ética atual enfrenta. 2. Tendo em conta a situação em que vivemos, seja na família, seja no trabalho ou nas relações sociais em geral, qual a moral que predomina na vida prática? Antiga, medieval ou moderna? Que mostras você encontra na vida cotidiana de que há um conflito entre éticas diferentes? Segundo Selvino Assmann, moral são as atitudes e normas que se estabeleceram como hábito de boa convivência, de bom comportamento. Mesmo que essas regras ou hábitos ou atitudes consideradas corretas mudem, há regras. Por isso dizemos que é moralmente correta a pessoa que mantém costumeiramente uma determinada postura frente às coisas e às pessoas, adotando um estilo de comportamento. De acordo com Selvino Assmann, a moralidade humana foi e continua sendo fundamentada em diferentes bases. De maneira geral, na história e no comportamento humano, foram e são apresentadas três fontes da norma moral. Na antiga, a ética, cujo modo era a virtude e cujo fim era a felicidade, realizava-se pelo comportamento virtuoso e sua ação era conforme à natureza. Sendo, o homem por natureza, um ser racional, virtuoso era quem dominava as paixões e se guiava pela razão. Na Idade Média os seres humanos assumiram e assumem um código de regras como se fosse estabelecido por um ser superior, por Deus, e, assim, fazer o mal é, para os cristãos, descumprir qualquer mandamento divino, mandamento que foi revelado por Deus. A liberdade consiste em cumprir ou não a vontade dele. Porém, na política, para os cristãos, o bem não pode ser exercido, diferentemente dos antigos onde a liberdade era essencialmente política. No cristianismo a liberdade do campo político é deslocada para o interior do ser humano: é dentro dele que se dá a luta entre bem e mal, e não só na convivência dos seres humanos entre si. Já na moral moderna, a lei é estabelecida pelos próprios seres humanos, através de hábitos estabelecidos nas coletividades, convenções ou consensos, como também de forma escrita, por exemplo, nas constituições nacionais, em acordos internacionais (por exemplo, na Declaração Universal dos Direitos Humanos). Se na Antiguidade e na Idade Média a ética priorizava a existência do ser humano como parte de uma comunidade, na vida moderna prioriza-se o indivíduo sobre a coletividade. A coletividade moderna é uma soma de indivíduos. A moral é, então, o que a soma dos indivíduos humanos estabelece como lei para si a fim de se protegerem mutuamente, e de não se prejudicarem reciprocamente, ou até para se beneficiarem. Analisando estas normas morais percebemos que é a norma moderna que prevalece hoje em dia na vida prática, porém, devido à religião fazer diferença na vida de boa parte da população, percebemos também que a norma assumida na Idade Média ainda perdura no cotidiano. E esta concepção moral pautada na Divindade, em oposição à moral moderna é responsável pela existência de grandes conflitos na sociedade. A intolerância religiosa é um deles. 3. Tome como exemplo um fato recente da vida política nacional ou estadual em que se assinalou a “falta de ética”, e analise-o para mostrar a diferença entre uma abordagem do fato a partir da “ética de responsabilidade” e a partir da “ética da convicção”. Verifique também sob qual perspectiva ética os meios de comunicação social abordaram ou abordam o fato analisado. Segundo Selvino Assmann, a ética da convicção, estabelece que o que vale é a intenção, a boa vontade; o que vale é cumprir a vontade de Deus ou a lei que existe, independente do fato de que o cumprimento da lei traga maior benefício, felicidade ou dos resultados práticos, imediatos. Ou seja, fazer o bem é cumprir a norma, independente, do resultado que isso trará. Já a ética da responsabilidade, de acordo com Selvino Assmann, ensina que devemos ter em conta as consequências previsíveis da própria ação. Nesta perspectiva, o que importa são os resultados, não os princípios ou a intenção. Desta forma, tomemos como exemplo na política nacional a notícia que o presidente da república Michel Temer e a primeira dama, Marcela Temer teriam efetuado gastos com cartão corporativo na ordem de 12 milhões em apenas 6 meses. Os meios de comunicação abordaram o fato analisado sobre a perspectiva ética moderna e contemporânea e entendeu como falta de ética do presidente o que causou muita indignação das pessoas, principalmente no momento de crise financeira vivenciada pelo país. Se o presidente seguir a ética da convicção, poderá arguir que agiu dentro da lei, pois a mesma possibilita ao mesmo utilizar o cartão para despesas pessoais. Apesar de necessitar justificar cada gasto, o mesmo poderá fazê-lo dentro das suas convicções de que é seu direito como presidente utilizar o cartão, pois, a seu ver, as despesas efetuadas foram no exercício do seu trabalho de dirigente da nação. Porém, dentro da ótica de ética da responsabilidade, as consequências de seu ato, deveriam ser melhor analisadas, pois, o resultado provocado pela sua atitude foi de insatisfação da população e interpretado como incoerente visto seu discurso de que é necessário cortar gastos públicos devido à falta de verba. Ou seja, no exercício da administração pública, dentro da ética de responsabilidade, deve ser considerado pelo servidor público, o que seria um resultado bom, e se este resultado bom seria apenas para quem age ou é bom também para aqueles que são atingidos por este resultado. Portanto, vemos que a ética da responsabilidade deveria ser, segundo Selvino Assmann, a única ética possível e desejável no campoda política. No entanto, tanto a responsabilidade sem convicção quanto a convicção sem responsabilidade parecem ser insuficientes. São as consequências práticas boas para todos que deveriam servir de motivo para considerar que alguém age bem, e não simplesmente a coerência mantida entre princípios e ação.
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