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A HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL

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LINHA DO TEMPO: A HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL 
Com 518 anos de história brasileira – contados a partir da vinda dos portugueses –, as políticas 
de saúde sofreram diversas mudanças. Quais foram os momentos decisivos com relação à 
saúde no Brasil? Quando o Estado passou a agir? E, enquanto não agia, quais eram os 
responsáveis pelos cuidados médicos da população? Entenda a linha do tempo da saúde 
pública no Brasil: 
Colonização e Império: pouco – ou nada – feito em relação à saúde pública no Brasil 
Como se sabe, antes da chegada de europeus em território brasileiro, os povos indígenas já o 
habitavam há centenas de anos. Os povos indígenas já tinham enfermidades, mas com a 
colonização portuguesa tudo piorou, principalmente pela conhecida expressão usada em aulas 
sobre a história do Brasil: as “doenças de branco”. Doenças comuns na Europa, que não 
existiam no Brasil, acabaram sendo trazidas. O ponto de atenção é de que os indígenas não 
tinham imunidade para elas e a consequência foi a morte de milhares deles. 
Durante os 389 anos de duração da Colônia e do Império, pouco ou nada foi feito com relação 
à saúde. Não havia políticas públicas estruturadas, muito menos a construção de centros de 
atendimento à população. Além disso, o acesso a tratamentos e cuidados médicos dependia 
da classe social: pessoas pobres e escravos viviam em condições duras e poucos sobreviviam 
às doenças que tinham. As pessoas nobres e colonos brancos, que tivessem terras e posses, 
tinham maior facilidade de acesso a médicos e remédios da época. Portanto, suas chances de 
sobrevivência eram maiores. 
Com a chegada da Família Real portuguesa ao Brasil, em 1808, e a sua vontade em 
desenvolver o Brasil para que se aproximasse da realidade vivida em Portugal, uma das 
primeiras medidas foi a fundação de cursos universitários. Foram criados cursos de Medicina, 
Cirurgia e Química, sendo os pioneiros: a Escola de Cirurgia do Rio de Janeiro e o Colégio 
Médico-Cirúrgico no Real Hospital Militar de Salvador. Assim, aos poucos, os médicos 
estrangeiros foram substituídos por médicos brasileiros, ou formados no Brasil. 
Caridade, filantropia e saúde: o papel das Santas Casas de Misericórdia 
A ligação entre entidades religiosas e tratamentos de saúde é bastante forte e existe desde a 
colonização do Brasil. Movimentos da Igreja Católica, da Igreja Protestante, da Igreja 
Evangélica, da Comunidade Espírita, entre outras, chegam a ter 2.100 estabelecimentos de 
saúde espalhados por todo o território brasileiro, de acordo com a Confederação de Santas 
Casas de Misericórdia (CMB). 
As Santas Casas de Misericórdia são uma dessas entidades que se destinaram a prestar 
assistência médica às pessoas. As santas casas foram, durante décadas, a única opção de 
acolhimento e tratamento de saúde para quem não tinha dinheiro. Elas eram fundadas pelos 
religiosos e, num primeiro momento, conectadas com a ideia de caridade – entre o século XVIII 
e o ano de 1837. 
Sobre seu financiamento, a CMB explica: “desde sua origem, até o início das relações com os 
governos (especialmente na década de 1960), as Santas Casas foram criadas e mantidas 
pelas doações das comunidades, vivendo períodos áureos, em que construíram seus 
patrimônios, sendo boa parte destes tombados como patrimônio histórico.” 
De acordo com a Confederação das Santas Casas de Misericórdia do Brasil, o surgimento das 
primeiras santas casas coincidiu já com o “descobrimento” do Brasil. Elas foram criadas antes 
mesmo de o país se organizar juridicamente e determinar as funções do Estado – a 
organização jurídica brasileira ocorreu, de fato, com a Constituição Imperial de 1824. 
Antes da Constituição de 1824, algumas das santas casas no Brasil eram: as Santas Casas de 
Santos (1543), Salvador (1549), Rio de Janeiro (1567), Vitória (1818), São Paulo (1599), João 
Pessoa (1602), Belém (1619), entre diversas outras. 
De 1838 a 1940, as santas casas mudaram seu propósito e começaram a agir por meio da 
filantropia, que é, de acordo com a CMB, uma forma de “tornar a ajuda útil àqueles que dela 
necessitam”. Mais importante do que bens, a filantropia seria a orientação das pessoas e a 
preocupação com o seu bem-estar futuro. 
Independência ou morte? Mudanças nas políticas de saúde durante o Império 
Em 1822, D. Pedro II declara a independência brasileira com relação a Portugal bradando: 
“Independência ou morte!”. Relacionando o bordão com a saúde pública, pode-se dizer que 
houve avanços durante o período imperial – de acordo com o Dr. Dráuzio Varella, pouco 
eficazes. 
Além de transformar escolas em faculdades, D. Pedro II criou órgãos para vistoriar a higiene 
pública principalmente na nova capital brasileira, o Rio de Janeiro. A cidade, além de sofrer 
diversas mudanças urbanas, como calçamento de ruas e iluminação pública, também visava a 
higienizar o centro urbano – de maneira sanitária e social. Social, pois expulsava do centro da 
cidade os casebres e as pessoas de classe social mais inferior, proliferando então o 
desenvolvimento de favelas nas áreas periféricas. 
A higienização sanitária deveria ocorrer por conta das recorrentes endemias de febre amarela, 
peste bubônica, malária e varíola, doenças associadas à falta de saneamento básico e de 
higiene. Os esgotos, na época, corriam a céu aberto e o lixo era depositado em valas. Assim, o 
alvo da campanha pela saúde pública nesse princípio de século XIX foi estruturar o 
saneamento básico. 
Saúde pública na República: as vacinas e os sanitaristas 
Com a declaração do fim da escravidão em 1888, o país ficou dependente de mão de obra 
imigrante para continuar no cultivo de insumos que eram a base da economia brasileira, 
principalmente o café. Entre 1900 e 1920, o Brasil ainda era refém dos problemas sanitários e 
das epidemias. Portanto, para a recepção dos imigrantes europeus, houve diversas reformas 
urbanas e sanitárias nas grandes cidades, como o Rio de Janeiro, em que houve atenção 
especial às suas áreas portuárias. Para o governo, o crescimento do país dependia de uma 
população saudável e com capacidade produtiva, portanto era de seu interesse que sua saúde 
estivesse em bom estado. 
Os sanitaristas comandaram esse período com campanhas de saúde, sendo um dos 
destaques o médico Oswaldo Cruz, que enfrentou revoltas populares na defesa da vacina 
obrigatória contra a varíola – na época, a população revoltou-se com a medida, pois não foram 
explicados os objetivos da campanha e do que se tratavam as vacinas. As ações dos 
sanitaristas chegaram até o Sertão Nordestino, divulgando a importância dos cuidados com a 
saúde no meio rural. Lá, porém, as pessoas eram muito pobres e continuavam em moradias 
precárias, vitimadas por doenças mesmo com a disseminação de vacinas. 
Ainda nos anos de 1920, foram criadas as CAPS: Caixas de Aposentadoria e Pensão. Os 
trabalhadores as criaram para garantir proteção na velhice e na doença. Posteriormente e 
devido à pressão popular, Getúlio Vargas ampliou as CAPS para outras categorias 
profissionais, tornando-se o IAPS: Instituto de Aposentadorias e Pensões. 
 
Período Getulista: o começo da organização das leis 
Com a presidência de Getúlio Vargas, houve reformulações no sistema a fim de criar uma 
atuação mais centralizada, inclusive quanto à saúde pública. O foco de seu governo foi o 
tratamento de epidemias e endemias, sem muitos avanços, pois os recursos destinados à 
saúde eram desviados a outros setores – de acordo com o Dr. Dráuzio Varella, parte dos 
recursos dos IAPS ia para o financiamento da industrialização. 
A Constituição de 1934, promulgada durante o governo Vargas, concedia novos direitos aos 
trabalhadores, como assistência médica e “licença-gestante”. Além disso,a Consolidação das 
Leis Trabalhistas de 1943, a CLT, determina aos trabalhadores de carteira assinada, além do 
salário mínimo, também benefícios à saúde. 
Anos 50 e a 3ª Conferência Nacional da Saúde 
Em 1953, foi criado o Ministério da Saúde. Foi a primeira vez em que houve um ministério 
dedicado exclusivamente à criação de políticas de saúde, com foco principalmente no 
atendimento em zonas rurais, já que nas cidades a saúde era privilégio de quem tinha carteira 
assinada. 
As Conferências Nacionais de Saúde tiveram um papel muito importante na consolidação do 
entendimento da importância da saúde pública no Brasil – mais adiante, você entenderá por 
quê. A 3ª Conferência Nacional de Saúde ocorreu no final de 1963 e apresentou diversos 
estudos sobre a criação de um sistema de saúde. De acordo com o doutor em saúde pública 
Gilson Carvalho, houve duas bandeiras principais nessa conferência: 
1. A criação de um sistema de saúde para todos, o direito à saúde deveria ser universal; 
2. A organização de um sistema descentralizado, visando ao protagonismo do município. Além 
disso, afirma que a ditadura militar, iniciada em março de 1964, sepultou a proposta poucos 
meses depois. 
A saúde pública durante a ditadura militar (1964-1985) 
A saúde sofreu com o corte de verbas durante o período de regime militar e doenças como 
dengue, meningite e malária se intensificaram. Houve aumento das epidemias e da mortalidade 
infantil, até que o governo buscou fazer algo. Uma das medidas foi a criação do INPS, que foi a 
união de todos os órgãos previdenciários que funcionavam desde 1930, a fim de melhorar o 
atendimento médico. 
Passou-se a enxergar a atenção primária de pacientes cada vez mais como responsabilidade 
dos municípios; os casos mais complexos eram responsabilidade dos governos estadual e 
federal. De acordo com o Dr. Gilson Carvalho, houve “projetos privatizantes como o do Vale 
Consulta e para as regiões mais pobres uma reedição da Fundação Sesp denominado 
Programa de Interiorização de Ações e Serviços de Saúde (Piass). O Piass não se implantou 
por falta de vontade política dos governos à época. Tinha mais virtudes que defeitos. Faltou 
interesse público para levá-lo à frente.” 
Durante os anos de 1970, mesmo no auge do milagre econômico, as verbas para saúde eram 
baixas: 1% do orçamento geral da União. Ao fim da década, as prefeituras das cidades que 
mais cresciam começaram a se organizar para receber e conceder aos migrantes algum tipo de 
atendimento na área da saúde. Começou-se a estruturar políticas públicas que envolveram as 
Secretarias Municipais de Saúde, que depois se estenderam aos estados e a ministérios, como 
os Ministérios da Previdência Social e da Saúde. 
Anos 80 e o princípio da saúde pública como direito 
O Movimento Sanitarista e a 8ª Conferência Nacional de Saúde 
O movimento sanitarista foi de importância ímpar ao entendimento de saúde pública, do 
conceito de saúde e também da evolução do direito à saúde no Brasil. A reforma sanitária se 
refere às ideias de uma série de mudanças e transformações necessárias à saúde. Sua 
composição era de técnicos da saúde – médicos, enfermeiros, biomédicos… – e intelectuais, 
partidos políticos, diferentes correntes e tendências e movimentos sociais diversos. Ao fim da 
década de 1970, o movimento adquiriu certa maturidade em função de uma série de estudos 
acadêmicos e práticos realizados, principalmente, nas faculdades de Medicina. Nas 
universidades, o entendimento de medicina se tornava cada mais social, pensando a saúde 
como uma série de fatores que vão além do bem-estar do corpo humano. 
De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), alguns dos atores do movimento 
sanitarista foram os médicos residentes, “que na época trabalhavam sem carteira assinada e 
com uma carga horária excessiva”, por exemplo. Outras movimentações da Reforma Sanitária 
foram as primeiras greves realizadas depois de 1968 e os sindicatos médicos, que também 
estavam em fase de transformação. 
“Esse movimento entra também nos conselhos regionais, no Conselho Nacional de Medicina e 
na Associação Médica Brasileira – as entidades médicas começam a ser renovadas. A criação 
do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes), em 1976, também é importante na luta pela 
reforma sanitária. A entidade surge com o propósito de lutar pela democracia, de ser um 
espaço de divulgação do movimento sanitário, e reúne pessoas que já pensavam dessa forma 
e realizavam projetos inovadores”, de acordo com a Fiocruz. 
Enquanto a ditadura militar existia, o movimento sanitarista foi “testando” uma série de 
hipóteses a respeito do seu entendimento de saúde. Na Escola Nacional de Saúde Pública 
(Ensp) da Fundação Oswaldo Cruz são colocados em prática diversos projetos “e pessoas que 
faziam política em todo Brasil foram treinadas”. Os projetos envolviam: 
– saúde comunitária; 
– clínica de família; 
– pesquisas comunitárias. 
Ao fim da ditadura, as propostas da Reforma Sanitária foram reunidas num documento 
chamado Saúde e Democracia, enviado para aprovação do Legislativo. Uma das conquistas foi 
a realização da 8ª Conferência Nacional da Saúde em 1986. Pela primeira vez na história, foi 
possível a participação da sociedade civil organizada no processo de construção do que seria o 
novo modelo de saúde pública brasileiro. 
Essa conferência foi tão importante pois desde o seu tema – “saúde como direito de todos e 
dever do Estado” – teve como resultado uma série de documentos que basicamente 
esboçaram o surgimento do Sistema Único de Saúde (SUS). A conferência ampliou os 
conceitos de saúde pública no Brasil, propôs mudanças baseadas no direito universal à saúde 
com melhores condições de vida, além de fazer menção à saúde preventiva, à 
descentralização dos serviços e à participação da população nas decisões. O relatório da 
conferência teve suas principais resoluções incorporadas à Constituição Federal de 1988. 
A Constituição de 1988 e a criação do SUS: o direito à saúde como dever do Estado 
A Constituição Federal de 1988 foi o primeiro documento a colocar o direito à saúde 
definitivamente no ordenamento jurídico brasileiro. A saúde passa a ser um direito do cidadão e 
um dever do Estado – essa última posição é problematizada pelo Dr. Dráuzio Varella por, na 
sua concepção, retirar a responsabilidade do cidadão sobre o cuidado da própria saúde. A 
Constituição ainda determina que o sistema de saúde pública deve ser gratuito, de qualidade e 
universal, isto é, acessível a todos os brasileiros e/ou residentes no Brasil. 
O Sistema Único de Saúde foi regulado posteriormente pela lei 8.080 de 1990, em que estão 
distribuídas todas as suas atribuições e funções como um sistema público. 
 
Referencias:<<https://guiadoestudante.abril.com.br/blog/atualidades-vestibular/conheca-a-
historia-da-saude-publica-no-brasil/>> Acesso: 25 de abril de 2018