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Jusnaturalismo e Juspositivismo
Publicado por Carlos Eduardo Vanin
há 3 anos
Como sabemos o homem sempre seguiu regras, seja social, moral ou
jurídica, ele sempre se guiou através de regras de condutas, hoje
vamos falar das duas correntes em que o direito divide-se que são
elas: a corrente do jusnaturalismo e a corrente do juspositivismo.
JUSNATURALISMO
A Corrente do Jusnaturalismo defende que o direito é
independente da vontade humana, ele existe antes mesmo do
homem e acima das leis do homem, para os jusnaturalistas o direito é
algo natural e tem como pressupostos os valores do ser humano, e
busca sempre um ideal de justiça.
O direito natural é universal, imutável e inviolável, é a lei imposta
pela natureza a todos aqueles que se encontram em um estado de
natureza.
A concepção jusnaturalista foi o resultado de transformações
econômicas e sociais que impuseram mudanças na concepção de
poder do Estado, que passou a ser compreendido como uma
instituição criada através do consentimento dos indivíduos através
do contrato social. O declínio das relações feudais de produção,
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 Precisa de Orientação Jurídica?
desenvolvimento econômico da burguesia, a Reforma Protestante, as
revoltas camponesas e as guerras ocorridas durante o processo de
formação do capitalismo propiciaram uma nova situação social. Em
oposição aos privilégios da nobreza, a burguesia não podia invocar o
sangue e a família para justificar sua ascensão econômica. Em outras
palavras, a partir da secularização do pensamento político, os
intelectuais do século XVII estão preocupados em buscar respostas
no âmbito da razão como justificativa do poder do Estado. Daí a
preocupação com a origem do Estado. Porém, não se tratava de uma
busca histórica, mas sim de uma explicação lógica que justificasse a
ordem social representada pelos interesses da burguesia em
ascensão.
Em Thomas Hobbes (1588-1679) o “estado de natureza” é
caracterizado como o direito e a liberdade de cada um para usar todo
o seu poder—inclusive a força—para preservar a sua natureza e
satisfazer os seus desejos. A violência é uma possibilidade constante
e pode ocorrer da forma mais imprevisível. Para que assegurar a paz
e segurança, os homens devem concordar conjuntamente em
renunciar ao direito de natureza (uso individual e privado da força)
em nome de um soberano. É o contrato social. O contrato (pacto)
cria o soberano: todos os membros se tornam seus súditos, logo,
todos lhe devem obediência. Afinal, o soberano concentra em si toda
a força à qual renunciaram todos os homens.
Já em Jonh Locke (1632-1704), preocupado em encontrar respostas
para os graves conflitos políticos e religiosos que devastam a
Inglaterra do século XVII, existe a seguinte questão norteadora: como
criar uma teoria que conciliasse a liberdade dos cidadãos com a
manutenção da ordem política?
 Precisa de Orientação Jurídica?
Assim como Hobbes, Locke defende que apenas o contrato torna
legítimo o poder do Estado, mas não considera que o estado de
natureza como uma situação de guerra. Porém, cada um é juiz em
causa própria, o que pode desestabilizar as relações entre os homens.
Uma vez que Locke considera o trabalho como fundamento
originário da propriedade, o contrato é a resposta para a sua
preservação. É a necessidade de superar as possíveis ameaças contra
a propriedade (vida, liberdade e bens) que leva os homens a se
unirem e estabelecerem livremente entre si o contrato social, que
realiza a passagem do estado de natureza para a sociedade política
ou civil.
CARACTERES DO JUSNATURALISMO
O Jusnaturalismo se afigura como uma corrente jurisfilosófica de
fundamentação do direito justo que remonta às representações
primitivas da ordem legal de origem divina, passando pelos sofistas,
estóicos, padres da igreja, escolásticos, racionalistas dos séculos XVII
e XVIII, até a filosofia do direito natural do século XX.
Com base no magistério de Norberto Bobbio (1999, pp. 22-23),
podem ser vislumbradas duas teses básicas do movimento
jusnaturalista.
A primeira tese é a pressuposição de duas instâncias jurídicas: o
direito positivo e o direito natural.
Direito Positivo - corresponderia ao fenômeno jurídico
concreto, apreendido através dos órgãos sensoriais, sendo, deste
modo, o fenômeno jurídico empiricamente verificável, tal como
ele se expressa através das fontes de direito, especialmente,
 Precisa de Orientação Jurídica?
aquelas de origem estatal.
Direito Natural - corresponderia a uma exigência perene,
eterna ou imutável de um direito justo, representada por um
valor transcendental ou metafísico de justiça.
A segunda tese do jusnaturalismo é a superioridade do direito
natural em face do direito positivo. Neste sentido, o direito positivo
deveria, conforme a doutrina jusnaturalista, adequar-se aos
parâmetros imutáveis e eternos de justiça. O direito natural
enquanto representativo da justiça serviria como referencial
valorativo (o direito positivo deve ser justo) e ontológico (o direito
positivo injusto deixa de apresentar juridicidade), sob pena da
ordem jurídica identificar-se com a força ou o mero arbítrio. Neste
sentido, o direito vale caso seja justo e, pois, legítimo, daí resultando
a subordinação da validade à legitimidade da ordem jurídica.
Embora se oriente pela busca de uma justiça eterna e imutável, a
doutrina do direito natural ofereceu, paradoxalmente, diversos
fundamentos para a compreensão de um direito justo ao longo da
história ocidente. Diante disto, o Jusnaturalismo pode ser agrupado
nas seguintes categorias:
a) Jusnaturalismo Cosmológico - vigente na antiguidade clássica;
b) Jusnaturalismo Teológico - surgido na Idade Média, tendo como
fundamento jurídico a idéia da divindade como um ser onipotente,
onisciente e onipresente;
c) Jusnaturalismo Racionalista - surgido no seio das revoluções
liberais burgueses do século XVII e XVIII, tendo como fundamento a
razão humana universal; Precisa de Orientação Jurídica?
d) Jusnaturalismo Contemporâneo - gestado no século XX, que
enraíza a justiça no plano histórico e social, atentando para as
diversas acepções culturais acerca do direito justo.
Do ponto de vista Jurisfilosófico, a doutrina jusnaturalista
desempenhou a função relevante de sinalizar a necessidade de um
tratamento axiológico para o direito. Isto porque o jusnaturalismo
permite uma tematização dos valores jurídicos, abrindo espaço para
a discussão sobre a justiça e sobre os critérios de edificação de um
direito justo.
Entretanto, como salienta Auto de Castro (1954, p.28), em face da
necessidade de delimitar o que seja o direito justo, a doutrina
jusnaturalista não logra oferecer uma proposta satisfatória de
compreensão dos liames mantidos entre direito, legitimidade e
justiça. Ao encerrar o jusnaturalismo todos os postulados metafísicos,
resta demonstrado que a epistemologia jurídica, em consonância
com os resultados da teoria do conhecimento, não reconhece os
títulos de legitimidade da doutrina do direito natural.
Eis os motivos:
a) o jusnaturalismo confunde os planos do ser e do dever-ser,
porque, para a grande maioria dos jusnaturalistas, o direito injusto
seria descaracterizado como fenômeno jurídico. Para que um
fenômeno ético merecesse a nomenclatura direito deveria estar em
consonância com a justiça, sob pena de configurar a imposição o
arbítrio ou da força por um poder constituído;
b) os jusnaturalistas não visualizam a bipolaridade axiológica: todo
valor é correlato a um desvalor. Os valores humanos estão
estruturados em binômios, tais como: justo x injusto, útil x inútil, Precisa de Orientação Jurídica?
sagrado x profano ou belo x feio. Isto, portanto, não autoriza a
assertiva de que o direito injusto não é direito, pois os juízos de fato e
de valor se situam em planos distintos de apreensão cognitiva;
c) a compreensão da justiça como uma estimativa a-histórica,
a-
temporal e a-espacial, em que pese a crítica do jusnaturalismo
contemporâneo, merece sérias objeções. O justo não pode ser
concebido como um valor ideal e absoluto, envolto em nuvens
metafísicas, visto que a axiologia jurídica contemporânea já
demonstrou como o direito é um objeto cultural e como a justiça
figura como um valor histórico-social, enraizado no valor da cultura
humana. O conceito de justiça é, pois, sempre relativo, condicionado
ao tempo e ao espaço; o jusnaturalismo acaba por identificar os
atributos normativos da validade e legitimidade, ao afirmar que a
norma jurídica vale se for justa, o que compromete as exigências de
ordem e segurança jurídica, que se traduzem no respeito à legalidade
dos Estados Democráticos de Direito.
JUSPOSITIVISMO
Ao contrário do que defende a corrente jusnaturalista
(jusnaturalismo), a Corrente Juspositivista (juspositivismo) acredita
que só pode existir o direito e consequentemente a justiça através de
normas positivadas, ou seja, normas emanadas pelo Estado com
poder coercivo, podemos dizer que são todas as normas escritas,
criadas pelos homens por intermédio do Estado.
O direito positivo é aquele que o Estado impõe à coletividade, e que
deve estar adaptado aos princípios fundamentais do direito natural.
 Precisa de Orientação Jurídica?
Veja as principais diferenças entre o jusnaturalismo e o
juspositivismo:
JUSNATURALISMO
Leis superiores.
Direito como produto de ideias (Metafísico).
Pressuposto: Valores.
Existência de leis naturais.
JUSPOSITIVISMO
Leis impostas.
Leis como produto da ação humana (empírico-cultural).
Pressuposto: o próprio ordenamento positivo.
Existência de leis formais.
REFERÊNCIAS:
BOBBIO, Norberto. O positivismo jurídico: lições de filosofia do
direito. São Paulo: Ícone, 1999.
CASTRO, Auto de. A ideologia jusnaturalista: dos estóicos à O. N. U.
Salvador: S. A. Artes Gráficas, 1954.
GUSMÃO, Paulo Dourado de. Filosofia do Direito. Rio de Janeiro:
Forense, 1985. Precisa de Orientação Jurídica?
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MACHADO NETO, Antônio Luís. Sociologia do direito natural.
Salvador: Progresso, 1957.
______. Sociología jurídica. São Paulo: Saraiva, 1987.
MARCONDES, Danilo. Iniciação à história da filosofia. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1997.
NADER. Paulo. Filosofia do direito. Rio de Janeiro: Editora Forense,
2000.
REALE. Miguel. Teoria tridimensional do direito. São Paulo:
Saraiva, 1994.
______. Filosofia do Direito. São Paulo: Saraiva, 1994.
FONTE DA PESQUISA:
http://caderno-de-
direito.blogspot.com.br/2010/07/jusnaturalismoejuspositivismo.html
http://www.histedbr.fe.unicamp.br/navegando/glossario/verb_c_jusn
aturalismo.htm
Carlos Eduardo Vanin
Futuro professor!
Bacharel em Direito pela UNIC (FIS). Cursos Extracurriculares: - Direito Administrativo e Internacional. -
Legislação Trabalhista. - Segurança do Trabalho. - Usucapião Extrajudicial. - Tecnologia da Informação. -
Ciências Políticas. - Ética Profissional. - Empreendedorismo na prática. - Carreira e Mercado de trabalho. Ex-
Estagiário da 5ª Vara Civel do Tribunal de Justiça do MT - TJ/MT Ex-Estagiário da 3ª Vara Criminal do
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Tribunal de Justiça do MT - TJ/MT Ex-Estagiário do Escritório Raneco Advocacia ˍ E-mail:
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