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fichamento do cap. Da violência

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Fichamento do capítulo 'Da violência' do texto
 " Lugares para a história" de Arlette Farge
"Refletir dobre a história da violência e sobre a história das interpretações que integraram ao coração dos dinamismos sociais, a fim de se submeter a novas interrogações em face de um presente inapreensível e cruel, pode parecer ambicioso e utópico." (pág. 25; p.2)
"Com efeito, nosso sistema de inteligência e de percepção está atualmente brutalizado - no domínio da violência - pelos grandes acontecimentos que atingiram a Europa e a África(depuração étnica, violação sistemática, genocídio de populações)." (pág 26; p.3)
"Com efeito, podemos ainda nos perguntar se uma certa impotência espreita a inteligência em face de acontecimentos, ela que não pôde mais do que ser derrotada pelas consequências de certos sistemas ideológicos." (pág 26; p.3)
"A interpretação, seja filosófica ou histórica, não é uma coisa regulamentada de uma vez por todas.É mesmo uma tarefa infinita, que coloca em primeiro lugar o caráter ilimitado e infinitamente problemático da coisa a analisar e daquele que analisa." (pág 27; p.4)
"Com efeito, somente a interpretação é capaz de dar sentido, de produzir consentimento ou rebeliões, de "dar um eixo" ao curso das coisas." (pág 27; p.4)
"...as interpretações recíprocas de julho de 1789 e do Termidor eram muito mais importantes do que os próprios "fatos", quase apagados pelos discursos sobre eles," (pág 27; p.6)
"A partir desse primeiro postulado - a interpretação é primeira em relação à coisa - pode-se avançar uma segunda afirmação. Através de cada movimento da história, através de cada período, produz-se um sujeito novo. A história, o acontecimento o constituem; fundado e refundado por eles, esse sujeito é o produto da história e de sua interpretação." (pág 28; p.7)
"... que há a um só tempo reinterpretação ao infinito e arefundação no interior da história de um sujeito novopodemos buscar compreender como se institui, a cada momento histórico a relação de uma sociedade com a violência, como se fabrica um homem violento ou dócil, como o discurso sobre a violência fabrica sujeitos resistentes ou consencientes..." (pág 28; p.8)
"O espaço público e o espaço privado adquirem pouco a pouco (tratados de civilidade, aprendizagem de leitura, adestramento dos corpos, sociedades de sociabilidade, regulamentos escolares, regulamentos esportivos, associações) o costume da não violência, ou menos de uma violência controlada." (pág 29; p.10)
"Essa nescla elisiana (sociológica) penetrou amplamente a ciência histórica; revela-se convincente e satisfatória para certa história sociocultural, para a história da vida privada, dos modelos culturais e dos sistemas de representação, mas dificilmente pode dar conta das grandes rupturas violentas que afetaram o corpo social." (pág 29; p.12)
"... a violência é - entre outros - um meio para um corpo social estabelecer uma espécie de comunidade resistente em face do estado." (pág 30; p.13)
"O esquema frequentemente adotado por sociólogos e historiadores é o seguinte: quando uma sociedade se sente ameaçada em sua realização e asimbólica coletiva corre o risco de ser arruinada pelas decisões que são tomadas ao seu respeito, os gestos de violência decidida tem de fato por meta refundir o corpo social que parecia desagregar." (pág 30; p.14)
"..existe uma verdadeira preocupação coma construção dos modos de regulação social, regulação que seria a um só tempo o ponto de partida dos modos de organizção societária e sua conculminância." (pág 31; p.15)
"A violência e adesordem tem sua funçãi - e essa hipótese permanece, sem dúvida alguma, fecunda hoje; mais que isso, são de certa forma sacralizadas; o pesquisador, nessa forma de interpretação bastante monolítica, corre o risco de trabalhar apenas sobre elementos que lhe permitem ligar incessantemente a violência e a ordem, numa pesquisa simbólica." (pág 31; p.16)
"Como interpretar a violência quando esta se aparenta à barbárie e nenhuma justificação a posteriori permite recolocá-la num sistema coerente? Permanece impensável e nefasto deixá-la justamente no domínio do impensável, do caos e da barbárie, que são meios de derrapar no incontrolável e numa chocante maneira de avalizar crueldade e barbárie." (pág 32; p.17)
"Os atores sociais dominam a cena; quer-se, a justo título, tomar distância das explicações psicologizantes que fizeram das multidões instrumentos cegos da violência, masas animais ou fêmeas conduzidas pela selvageria ou pelo instinto." (pág 32; p.19)
"Vivemos sempontos de referência ou coordenadas originárias, em miríades de acontecimentos perdidos: assim, na origem, não haveria a ordem, nem a razão, nem mesmo a liberdade." (pág 33; p.23)
"Cabe aos sujeitos, a partir de então, demarcar os sistemas de violência que os constrangem, para poder se subtrair a eles, desfazer-se deles ou estabelecer outros modos de regulação." (pág 34; p.24)
"... a violência é um fenômeno que se cola ao corpo de toda a intenção, toda humanidade,todo pressuposto. Ela é o certo modo priemira e inverte os esquemas funcionalistas." (pág 34; p.25)
"O esquema é claro: a coisa não é mais combater a razão-desrazão do homens no momento em que se exerce a violência, mais analizar a natureza da racionalidade que produz essa violência a fim de transformar eventualmente o seu curso." (pág 35; p.27)
".. já na interpretação, uma violência que se instaura no lugar preciso e compreender que a relação de poder tem também por racionalidade instituir tanto a liberdade quanto a coerção." (pág 36; p.29)
"A razão de ser do poder não é u sentimento humanitário, uma suavização dos costumes, mas uma lógica de seu exercício." (pág 38; p.33)
"É preciso então compreender as formas de racionalidade que fazem jorrar a violência." (pág 39; p.35)

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