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1 Estudos de Direito Constitucional III Sumário A Constituição ............................................................................................................................................... 2 O Processo .................................................................................................................................................... 4 O Direito Processual Constitucional .............................................................................................................. 5 Existência ...................................................................................................................................................... 6 Vigência ......................................................................................................................................................... 6 Validade ........................................................................................................................................................ 6 Eficácia .......................................................................................................................................................... 6 Nulidades ...................................................................................................................................................... 6 Controle de Constitucionalidade .................................................................................................................. 7 Controle Preventivo .................................................................................................................................. 7 Controle Repressivo .................................................................................................................................. 8 Controle difuso ...................................................................................................................................... 8 Controle concentrado ........................................................................................................................... 8 Ação Direta de Inconstitucionalidade ........................................................................................................... 9 Finalidade .................................................................................................................................................. 9 Competência ............................................................................................................................................. 9 Legitimidade .............................................................................................................................................. 9 Tramitação ................................................................................................................................................ 9 Consequências jurídicas .......................................................................................................................... 10 Fundamentos legais ................................................................................................................................ 10 Ação Declaratória de Constitucionalidade .................................................................................................. 11 Legitimidade ............................................................................................................................................ 11 Tramitação .............................................................................................................................................. 11 Efeitos da decisão ................................................................................................................................... 12 Ação Declaratória de Inconstitucionalidade por Omissão .......................................................................... 12 Objetivo ................................................................................................................................................... 12 Competência ........................................................................................................................................... 12 Legitimidade e Procedimento ................................................................................................................. 13 2 Efeitos da decisão ................................................................................................................................... 13 Ação Direta de Inconstitucionalidade Interventiva .................................................................................... 13 Competência ........................................................................................................................................... 13 Legitimidade ............................................................................................................................................ 14 Procedimento.......................................................................................................................................... 14 Efeitos da decisão ................................................................................................................................... 14 Arguição de descumprimento de preceito fundamental - ADPF ................................................................ 14 Competência ........................................................................................................................................... 15 Legitimidade ............................................................................................................................................ 15 Efeitos da decisão ................................................................................................................................... 15 Súmula Vinculante ...................................................................................................................................... 16 Introdução à disciplina Direito Processual Constitucional A Constituição, o Processo e o Direito Constitucional Processual A Constituição É a regra fundamental do Estado, estruturando o poder, bem como seus limites, e assegura os direitos fundamentais do cidadão em face do Estado, levando em conta os valores da sociedade. Podemos conceituar a constituição como uma norma jurídica fundamental e organizacional do Estado. Sua natureza é normativa (norma na qual existe exigibilidade-obrigatoriedade) qualificada (pois é a norma fundamental e suprema). A essência da constituição é organizacional (porque trata da organização da competência dos órgãos que compõe o Estado, disciplinando-o), fundante (porque tem em seu conteúdo a instituição e organização do sistema jurídico) e fundamental (porque é o fundamento de unidade e validade de todo o sistema jurídico). Seu conteúdo é o seguinte: ● Organização da competência dos órgãos do Estado; ● Instituição e organização do sistema jurídico; ● Fundamento de validade e unidade do sistema jurídico. 3 Como reguladora da estrutura básica do Estado, é indispensável que a constituição possua os seguintes capítulos: ● A forma do Estado; ● A competência dos órgãos que compõe o Estado; ● Os direitos fundamentais dos seus cidadãos. No aspecto jurídico a constituição tem por finalidade organizar o Estado, configurando-se como sua norma fundamental, pois é ela alicerce do sistema jurídico. No prisma político-jurídico e sendo a manifestação política plena do povo, a constituição tem como funções: ● Consagrar e garantir os direitos fundamentais; ● Organizar e limitar o poder; ● Preservar a unidade política da nação. ● A constituição podeser classificada com base nos seguintes critérios: ● Quanto à forma - escritas x não escritas: As constituições podem ser escritas, quando positivadas em um documento proclamado de forma solene, ou não escritas, de modo que não exista um texto único solene, apenas leis esparsas, costume, jurisprudência e convenções. ● Quanto ao modo de elaboração - dogmáticas x históricas: As constituições podem ser dogmáticas, emanadas de um Poder constituinte e sistematizadas em dogmas fundamentais escritos, ou históricas, provenientes de uma construção histórica longa e continua. ● Quanto à origem - promulgadas x outorgadas: 4 Conforme sua origem, as constituições podem ser promulgadas, resultantes de um processo democrático idealizado para tal fim, outorgadas, elaboradas e impostas por um poder ditatorial e sem participação popular. ● Quanto à estabilidade ou mutabilidade - imutáveis x rígidas x flexíveis x semirrígidas ou semiflexíveis: Imutáveis – não se permite qualquer alteração no texto constitucional. Tal limitação pode ser apenas temporal; Rígidas – possuem um processo legislativo especial para reforma constitucional, mais rígido do que para as normas ordinárias; Flexíveis – podem ser alteradas por processo legislativo ordinário; Semirrígidas ou semiflexíveis – certas normas constitucionais são alteradas mediante processo legislativo ordinário e outras por especial. ● Quanto ao conteúdo - material x formal: Material – quando a matéria contida na constituição for constitucional; Formal – oriunda de um único texto escrito estabelecido de forma solene pelo Poder Constituinte Originário. ● Quanto à extensão ou finalidade - constituição garantia x constituição dirigente: Constituição garantia – contém as regras e princípios básicos referentes à organização e aos limites do Estado, com limitação do poder do Estado; Constituição dirigente – disciplina todos os assuntos que sejam relevantes ao Estado. Utilizando os critérios classificatórios utilizados, a Constituição Federal brasileira de 1988 é: escrita, dogmática, promulgada, rígida, formal e dirigente. O Processo 5 Processo é o conjunto de atos dirigidos para cumprir uma finalidade, seja ela a aplicação da norma, sua elaboração, investigação de um fato ou mesmo solução de um conflito. O direito processual é um ramo do direito público que assegura a efetividade dos preceitos constitucionais e protege o interesse público fundamental. As três características ou finalidades do processo são as seguintes: ● Instrumental – verifica-se na aplicação da lei ao caso concreto; ● Garantística – protege o interesse público e os direitos da personalidade, além de investigação da verdade; ● Sociopolítica – reafirmação dos valores consagrados pela sociedade. A constituição e o processo relacionam-se na medida em que o processo reflete os axiomas consagrados na constituição. O sistema processual brasileiro é o acusatório, em que se garante os direitos fundamentais presentes na constituição: contraditório, público, imparcial, com ampla defesa e a distribuição das funções de acusar, defender e julgar a órgãos distintos. O Direito Processual Constitucional Entende-se como Direito Constitucional Processual as normas e princípios processuais consagrados e tutelados no texto constitucional. Já o Direito Processual Constitucional são as normas e princípios processuais com a finalidade de regular a jurisdição constitucional. Estuda a relação entre a Constituição e o processo, ou seja, a influência da Constituição no Processo (o Direito Processual Constitucional no sentido restrito do termo) e a influência do processo na Constituição (a ideia de jurisdição Constitucional). A jurisdição constitucional tem por finalidade a regularidade constitucional, na medida em que garante a democracia e o controle político, das liberdades e da constitucionalidade. A existência da jurisdição 6 constitucional é compatível com a democracia, , na medida em que se torna instrumento eficaz para compatibilizar os preceitos do Estado Liberal com os do Estado Social. Na jurisdição constitucional ocorre o controle de constitucionalidade (exemplo: adin); na jurisdição constitucional das liberdades há o controle das liberdades públicas (exemplo: habeas corpus); e a jurisdição constitucional politica apresenta a defesa da cidadania (exemplos: ação civil pública e ação popular). Pressupostos de validade no sistema jurídico Existência, vigência, validade e eficácia da norma jurídica Nulidades no Direito Público Existência A existência da norma é sua entrada válida ou inválida no mundo jurídico. No sistema jurídico pátrio a norma passa a ter existência jurídica após a promulgação e publicação no Diário Oficial. A existência da norma jurídica é condição indispensável para que possa ser revestida de vigência, validade e eficácia. Vigência A vigência da norma equivale ao seu período de vida, desde o início de sua obrigatoriedade e observância até sua revogação, quando deixa de existir no mundo jurídico. Validade Dizer que uma norma é válida significa que ela foi elaborada em concordância com os requisitos exigidos pelo ordenamento jurídico e não contraditória com as demais. Eficácia A eficácia é a efetiva aplicação e observância da norma. Refere-se aos efeitos ou consequências de uma norma jurídica. Pode a eficácia ser jurídica ou social. A social é a efetiva conduta social, sendo a norma aplicada e respeitada. A eficácia jurídica é a capacidade de produzir efeitos jurídicos. Nulidades Uma norma abstrata só pode ser aplicada ao caso concreto se ela possuir existência, vigência, validade e eficácia; caso contrário ocorre uma sanção: revogação, suspensão da eficácia ou declaração de nulidade. 7 A norma no sistema jurídico Revogação Suspensão da eficácia Declaração de nulidade Fato A norma é extinta do sistema jurídico Suspensão da aplicabilidade Retirada do sistema jurídico Natureza Aspecto técnico-jurídico, relaciona-se com a vigência a norma Relaciona-se com a validade e fundamento da norma Validade - fundamento Ato gerador Lei posterior provoca Resolução do Senado federal Decisão do STF Atos anteriores São válidos os atos anteriores São válidos, mas inquinados de vícios Os atos anteriores são inválidos Poder responsável Poder legislativo Senado federal + STF STF Restauração Não se restaura Sim. Levantamento de resolução Não, sem exceções Efeitos Ex nunc Ex nunc Ex tunc Controle de constitucionalidade Formas e sistemas de controle Ação Direta de Inconstitucionalidade Ação Declaratória de Inconstitucionalidade Controle de Constitucionalidade Controle de constitucionalidade é o ato pelo qual se verifica a adequação ou compatibilidade de lei ou ato normativo com a constituição por intermédio de requisitos formais (diz respeito ao procedimento) ou materiais (diz respeito ao conteúdo). O controle de constitucionalidade pode ser preventivo ou repressivo. Controle Preventivo O controle preventivo verifica-se antes do ingresso do ato legislativo no sistema jurídico, portanto, antes de sua promulgação. Tem por finalidade impedir o ingresso no sistema jurídico de norma inconstitucional. Essa espécie é exercida tanto no âmbito do Legislativo (por meio de debates, estudos, pareceres de Comissões - art. 58, CF. Exemplo: Comissão de Constitucionalidade e Justiça) quanto no do Executivo (por meio do veto presidencial) 8 Controle Repressivo O controle repressivo verifica-se depois do ingresso do ato legislativo, após sua entrada em vigor. Tem por finalidade expurgar do sistemajurídico norma incompatível com a Constituição e é exercido pelo Poder Judiciário. O controle repressivo exercido pelo Poder Judiciário comporta duas espécies: difuso (aberto, via de exceção ou defesa) e concentrado (fechado, via de ação). Controle difuso O controle difuso é aquele que ocorre incidentalmente no curso de um processo comum. Caracteriza-se pela possibilidade de qualquer juiz ou Tribunal, ao analisar um caso concreto, verifique a inconstitucionalidade da norma, arguida pela parte como meio de defesa. Nesse caso, o objeto principal da ação não é a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, sendo a mesma analisada incidentalmente ao julgamento de mérito. A declaração de inconstitucionalidade, via controle difuso, por meio do STF tem efeito ex tunc, ou seja, o ato se desfaz desde a sua origem com todas as consequências (retroativo). Com a edição da resolução do Senado Federal suspendendo a lei declarada inconstitucional pelo STF, passará a ter efeitos ex nunc e erga omnes. Exemplo: Súmula Vinculante. Controle concentrado O controle concentrado dá-se por meio de ação própria, cujo objeto é obter a invalidade da lei ou ato normativo (resolução administrativa dos Tribunais, bem como deliberações administrativas de outros órgão públicos), independentemente da existência de caso concreto. Almeja-se expurgar do sistema ato normativo que o contrarie. É um instrumento político de controle de normas. A tutela é de interesse público, e o que se busca é a defesa da constituição. O controle concentrado da constitucionalidade é realizado por meio das seguintes ações contempladas no texto constitucional: ação direta de inconstitucionalidade (ADIN), ação declaratória de inconstitucionalidade (ADECON) e arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF). Controle de Constitucionalidade Difuso Concentrado Objetivo Busca a declaração de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo. Busca a declaração de Inconstitucionalidade de lei ou ato normativo. Objeto da ação A inconstitucionalidade é um incidente ao processo comum. O objeto da ação é uma obrigação qualquer. A inconstitucionalidade e o objeto principal da lide. Finalidade A garantia de direitos subjetivos, liberando alguém do cumprimento de uma lei inconstitucional. A finalidade Expelir, do sistema jurídico, lei ou ato inconstitucional. A finalidade é o exame da validade da lei (objeto da lide). 9 é o exame do incidente em um processo comum. Ação Direta de Inconstitucionalidade De acordo com o Glossário Jurídico do portal do STF: “Ação que tem por finalidade declarar que uma lei ou parte dela é inconstitucional, ou seja, contraria a Constituição Federal. A ADI é um dos instrumentos daquilo que os juristas chamam de “controle concentrado de constitucionalidade das leis”. Em outras palavras, é a contestação direta da própria norma em tese”. Finalidade A ação direta de inconstitucionalidade genérica tem por finalidade expelir, do sistema jurídico, lei ou ato normativo inconstitucional. A declaração da inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal, estadual ou distrital é o objeto principal da ação. Competência A competência originária para o julgamento e processamento da ADIN é do STF, nos termos do art. 102, I, a, da Constituição Federal. Cabe anotar que o Regimento Interno do STF consagra a inadmissibilidade da desistência da ação de inconstitucionalidade. Legitimidade Os legitimados passivos são as autoridades ou órgãos responsáveis pela edição do ato impugnado. Quanto a legitimidade ativa, ou seja, quem pode propor a ação, são apenas as seguintes pessoas ou entidades: ● Presidente da República; ● Mesa das Casas Legislativas (do Senado Federal, Câmara dos Deputados, Assembleia Legislativa ou Câmara Legislativa); ● Governador de Estado ou do Distrito Federal; ● Procurador-Geral da República; ● Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; ● Partido político com representação no Congresso Nacional; ● Confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional. Tramitação A petição inicial deve conter cópia da lei ou do ato normativo que está sendo questionado. Ela deve ser fundamentada, caso contrário pode ser impugnada de imediato pelo relator. 10 O relator deve pedir informações às autoridades de quem emanou a lei, tais como Presidente da República, Congresso Nacional, para estabelecer o contraditório. Considerando a relevância da matéria e a representatividade dos requerentes, o relator poderá ouvir outros órgãos ou entidades. Caso haja necessidade de esclarecimento da matéria, podem ser designados peritos para emitir pareceres sobre a questão ou chamadas pessoas com experiência e autoridade no assunto para opinar. O Advogado-geral da União e o Procurador-Geral da República devem se manifestar nos autos. Quando houver pedido de medida cautelar, só poderá haver concessão pela maioria absoluta dos ministros que compõem o Tribunal, ou seja, por 6 votos. Somente em casos de excepcional urgência, a cautelar poderá ser deferida sem que sejam ouvidas as autoridades de quem emanou a lei. Uma vez proposta a ação, não se admite desistência. A decisão sobre a constitucionalidade ou inconstitucionalidade da lei somente será tomada se estiverem presentes na sessão de julgamento pelo menos oito ministros. Uma vez proclamada a constitucionalidade em uma ADECON, será julgada improcedente eventual Ação Direta de Inconstitucionalidade contra a mesma lei. Do mesmo modo, uma vez proclamada a inconstitucionalidade em ADI, será improcedente a Ação Declaratória de Constitucionalidade contra a mesma norma. Contra a decisão que declara a constitucionalidade ou inconstitucionalidade em ADC e ADI não cabe recurso de qualquer espécie, com a exceção de embargos declaratórios. Consequências jurídicas A decisão que declara a inconstitucionalidade de uma lei tem eficácia genérica, válida contra todos e obrigatória. A lei também diz que se gera o efeito vinculante em relação aos órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública federal, estadual e municipal, que não podem contrariar a decisão. Ocorrem ainda efeitos retroativos, ou seja, quando a lei é declarada inconstitucional, perde o efeito desde o início de sua vigência. A decisão do Supremo Tribunal Federal passa a surtir efeitos imediatamente, salvo disposição em contrário do próprio tribunal. Quando a segurança jurídica ou excepcional interesse social estiverem em jogo, o STF poderá restringir os efeitos da declaração de inconstitucionalidade ou decidir que ela só tenha eficácia a partir do trânsito em julgado ou um outro momento a ser fixado. Essa decisão depende da aprovação de dois terços dos ministros. Fundamentos legais Constituição Federal, artigo 102, I, a. Lei 9868/99. Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal, artigos 169 a 178. 11 Ação Declaratória de Constitucionalidade Para Alexandre de Moraes, “a ADECON consiste em típico processo objetivo destinado a afastar a insegurança jurídica ou o estado de incerteza sobre a validade de lei ou ato normativo federal, buscando preservar a ordem jurídica constitucional”. Tem por finalidade confirmar a constitucionalidade de uma lei federal. O objetivo da ADECON é garantir que a constitucionalidade da lei não seja questionada por outras ações. A ADECON é um dos instrumentos que os juristas chamam de “controle concentrado de inconstitucionalidade das leis”. A própria norma é colocada à prova. O oposto disso seria o “controle difuso”, em que a constitucionalidade de uma lei é confirmada em ações entre pessoas (e não contra leis), onde a validade da norma é questionada para, sefor o caso, aplicada ou não a uma situação de fato. Legitimidade Somente as seguintes pessoas/ entidades podem propor esta ação: ● Presidente da República; ● Mesa da Câmara dos Deputados; ● Mesa do Senado Federal; ● Mesa da Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do DF; ● Governador de Estado ou do DF; ● Procurador-Geral da República; ● Conselho Federal da OAB; ● Partido político com representação no Congresso Nacional; ● Confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional. Não pode haver intervenção de terceiros no processo, ou seja, partes que não estavam originariamente na causa não podem ingressar posteriormente. Tramitação Ocorre nos mesmos moldes da ADIN: A petição inicial deve conter cópia da lei ou do ato normativo que está sendo questionado. Ela deve ser fundamentada, caso contrário pode ser impugnada de imediato pelo relator. O relator deve pedir informações às autoridades de quem emanou a lei, tais como Presidente da República, Congresso Nacional, para estabelecer o contraditório. Considerando a relevância da matéria e a representatividade dos requerentes, o relator poderá ouvir outros órgãos ou entidades. Caso haja necessidade de esclarecimento da matéria, podem ser designados peritos para emitir pareceres sobre a questão ou chamadas pessoas com experiência e autoridade no assunto para opinar. 12 O Advogado-geral da União e o Procurador-Geral da República devem se manifestar nos autos. Quando houver pedido de medida cautelar, só poderá haver concessão pela maioria absoluta dos ministros que compõem o Tribunal, ou seja, por 6 votos. Somente em casos de excepcional urgência, a cautelar poderá ser deferida sem que sejam ouvidas as autoridades de quem emanou a lei. Uma vez proposta a ação, não se admite desistência. A decisão sobre a constitucionalidade ou inconstitucionalidade da lei somente será tomada se estiverem presentes na sessão de julgamento pelo menos oito ministros. Uma vez proclamada a constitucionalidade em uma ADECON, será julgada improcedente eventual Ação Direta de Inconstitucionalidade contra a mesma lei. Do mesmo modo, uma vez proclamada a inconstitucionalidade em ADI, será improcedente a Ação Declaratória de Constitucionalidade contra a mesma norma. Efeitos da decisão O julgamento procedente ou improcedente da ADECON terá, como regra feral, efeito ex nunc (retroativo), erga omnes (perante todos) e vinculante. O efeito vinculante ocorre no momento da decisão, surtindo efeitos em relação ao Poder Executivo e aos demais órgãos do Poder Judiciário. O STF não está vinculado a suas próprias decisões. Controle de Constitucionalidade Ação Declaratória de Inconstitucionalidade por Omissão Ação Direta de Inconstitucionalidade Interventiva Ação Declaratória de Inconstitucionalidade por Omissão É a ação cabível para tornar efetiva norma constitucional em razão de omissão de qualquer dos Poderes ou de órgão administrativo. Como a Constituição Federal possui grande amplitude de temas, algumas normas constitucionais necessitam de leis que a regulamentem. A ausência de lei regulamentadora faz com que o dispositivo presente na Constituição fique sem produzir efeitos. Objetivo A ADO tem o objetivo de provocar o Judiciário para que seja reconhecida a demora na produção da norma regulamentadora. Caso a demora seja de algum dos Poderes, este será cientificado de que a norma precisa ser elaborada. Se for atribuída a um órgão administrativo, o Supremo determinará a elaboração da norma em até 30 dias. Competência É do STF, pois trata-se de ação direta de inconstitucionalidade, sendo que a diferença encontra-se no objeto da ação, com reflexos nos efeitos da decisão. 13 Legitimidade e Procedimento São os mesmos da ação direta de inconstitucionalidade genérica, de acordo com a lei 9.868\99. Efeitos da decisão Com o julgamento procedente da ADIN por omissão, o STF declara a omissão da medida legal para a efetiva aplicação da norma constitucional, devendo dar ciência ao Poder competente para a adoção das providências necessárias e, em se tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias. A decisão tem caráter obrigatório e mandamental. No caso do Poder Legislativo, tendo em vista a autonomia dos Poderes, não há fixação de prazo. Apenas fixa-se judicialmente a omissão, podendo ensejar ação de perdas e danos, se da omissão ocorrerem prejuízos. Seus efeitos são erga omnes, aproveitando a todos e revestindo-se da autoridade da coisa julgada. O alcance da decisão se faz sentir ex nunc, pois é a partir da decisão que surge a omissão constitucional e vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e da Administração Pública. Ação Direta de Inconstitucionalidade Interventiva Tem por finalidade a declaração da inconstitucionalidade de lei ou ato normativo estadual contrário aos princípios elencados no art. 34, VII, CF, e a consequente intervenção federal no estado ou Distrito Federal, objetivando restabelecer a ordem constitucional na unidade federativa. As demais ações de inconstitucionalidade possuem apenas a finalidade declaratória (jurídica), ao passo que a ação direta de inconstitucionalidade interventiva possui dupla finalidade: ● Jurídica, que é a declaração da inconstitucionalidade; ● Política, que é a intervenção federal. A ADIN interventiva tem por finalidade precípua preservar a observância dos seguintes princípios constitucionais: ● Forma republicana, sistema representativo e regime democrático; ● Direitos da pessoa humana; ● Autonomia municipal; ● Aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde. Competência É do STF, nos termos do art. 36, III, da CF. 14 Legitimidade A propositura cabe exclusivamente ao Procurador-Geral da República, que detém legitimidade exclusiva. Procedimento É o mesmo da ADIN genérica, observadas as peculiaridades das Leis 4.337\64 e 5.778\72, com as inovações consagradas na Lei 9.868\99. Efeitos da decisão Com o julgamento procedente da ADIN interventiva, o Tribunal comunicará a decisão à autoridade interessada, bem como ao Presidente da República, para que este decrete a intervenção federal. A decretação de intervenção federal é ato exclusivo da Presidência da República, entretanto, depende da requisição do STF. É uma intervenção normativa, na medida em que o decreto limita-se a suspender a execução do ato impugnado. Controle de Constitucionalidade Arguição de descumprimento de preceito fundamental Arguição de descumprimento de preceito fundamental - ADPF É um tipo de ação, ajuizada exclusivamente no STF, que tem por objeto evitar ou reparar lesão a preceito fundamental, resultante de ato do Poder Público. Neste caso, diz-se que a ADPF é uma ação autônoma. Entretanto, esse tipo de ação também pode ter natureza equivalente às ADIs, podendo questionar a constitucionalidade de uma norma perante a Constituição Federal, mas tal norma deve ser municipal ou anterior à Constituição vigente (no caso, anterior à de 1988). A ADPF é disciplinada pela Lei Federal 9.882/99. Os legitimados para ajuizá-la são os mesmos da ADI. Não é cabível ADPF quando existir outro tipo de ação que possa ser proposto. Possui efeitos erga omnes, vinculante e ex nunc ou ex tunc dependendo do caso concreto. Não há efeito dúplice. É cabível em três hipóteses: 1. Evitar lesão a preceito fundamental - arguição preventiva (art. 1º, caput, da Lei 9.882\99); 2. Reparar lesão a preceito fundamental - arguição repressiva (art. 1º, caput, da Lei 9.882\99); 3. Controvérsiarelevante sobre lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal, incluídos os anteriores à constituição - arguição por equiparação (art. 1º, parágrafo único, I, da Lei 9.882\99). 15 Aplica-se em relação a: ● Atos do Poder Público; ● Leis ou atos normativos municipais; ● Leis ou atos normativos anteriores à constituição (direito pré-constitucional); ● Atos inacabados do Poder Público (controle preventivo abstrato). Competência A competência para o julgamento e processamento da ADIN é do STF. Legitimidade O legitimado passivo é o Poder Público, pois o art. 1º da Lei nº 9.882\99 diz expressamente que o objeto da arguição é evitar ou reparar lesão a preceito fundamental, resultante de ato do Poder Público. A legitimidade ativa é a mesma para a propositura de ADIN. Efeitos da decisão A decisão da arguição de descumprimento de preceito fundamental terá eficácia contra todos (erga omnes) e efeitos vinculantes relativamente aos demais órgãos do Poder Público. A decisão que julgar procedente ou improcedente o pedido de arguição é irrecorrível, não podendo ser objeto de ação rescisória. Controle Concentrad o Ação Direta de Inconstitucionalida de Genérica Ação Declaratória de Inconstitucionalida de Ação Declaratória de Inconstitucion alidade por Omissão Ação Declaratória Interventiva Arguição de Descumprime nto de Preceito Fundamental Objetivo É a declaração de inconstitucionalidad e da lei ou ato normativo estadual e federal É a declaração da constitucionalidade de lei ou ato normativo federal É a declaração da inconstitucion alidade omissiva do Poder Público É a declaração de inconstituciona lidade de lei ou ato normativo estadual contrário aos princípios sensíveis e a consequente intervenção federal É declaração do descumprimen to de preceito fundamental Objeto da ação A inconstitucionalidad A constitucionalidade A inconstitucion A inconstituciona O objeto principal da 16 e é o objeto principal da lide é o objeto principal da lide alidade omissiva é o objeto principal da lide lidade de lei ou ato normativo é o objeto principal da lide ação é a ofensa a Preceito Fundamental. Finalidade Expelir do sistema jurídico lei ou ato inconstitucional Afastar a insegurança jurídica ou estado de incerteza sobre validade da lei. Transforma a presunção relativa em presunção absoluta. Implementar preceitos constitucionais que, para plena eficácia, dependem de legislação infraconstituci onal. Dupla finalidade: jurídica (declaração de inconstituciona lidade Súmula Vinculante As súmulas são enunciados emitidos pelos Tribunais que sintetizam as decisões em casos semelhantes, firmando o entendimento do Tribunal a respeito daquela matéria. A súmula vinculante apresenta natureza de norma jurídica, pois é dotada de obrigatoriedade, mas não com efeito erga omnes e sim em relação ao Poder Público. A súmula tem por objeto matéria constitucional e como objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas em face da Constituição. A edição da súmula pode ocorrer desde que preenchidos os seguintes requisitos: ● Decisão de dois terços dos membros do STF; ● Reiteradas decisões sobre matéria constitucional; ● Controvérsia atual entre órgão judiciários ou entre esses e a administração pública; ● Grave insegurança jurídica; ● Relevante multiplicidade de processos sobre questão idêntica. A competência para edição, revisão e cancelamento de súmula vinculante é do STF. O processo de súmula vinculante possui natureza de ação autônoma, ação constitucional. Trata-se de um processo objetivo. A decisão produz efeito ex nunc vinculante perante os órgãos do Poder Judiciário e a Administração Pública.
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