Buscar

Estudos de Direito Constitucional III

Prévia do material em texto

1 
Estudos de Direito Constitucional III 
Sumário 
A Constituição ............................................................................................................................................... 2 
O Processo .................................................................................................................................................... 4 
O Direito Processual Constitucional .............................................................................................................. 5 
Existência ...................................................................................................................................................... 6 
Vigência ......................................................................................................................................................... 6 
Validade ........................................................................................................................................................ 6 
Eficácia .......................................................................................................................................................... 6 
Nulidades ...................................................................................................................................................... 6 
Controle de Constitucionalidade .................................................................................................................. 7 
Controle Preventivo .................................................................................................................................. 7 
Controle Repressivo .................................................................................................................................. 8 
Controle difuso ...................................................................................................................................... 8 
Controle concentrado ........................................................................................................................... 8 
Ação Direta de Inconstitucionalidade ........................................................................................................... 9 
Finalidade .................................................................................................................................................. 9 
Competência ............................................................................................................................................. 9 
Legitimidade .............................................................................................................................................. 9 
Tramitação ................................................................................................................................................ 9 
Consequências jurídicas .......................................................................................................................... 10 
Fundamentos legais ................................................................................................................................ 10 
Ação Declaratória de Constitucionalidade .................................................................................................. 11 
Legitimidade ............................................................................................................................................ 11 
Tramitação .............................................................................................................................................. 11 
Efeitos da decisão ................................................................................................................................... 12 
Ação Declaratória de Inconstitucionalidade por Omissão .......................................................................... 12 
Objetivo ................................................................................................................................................... 12 
Competência ........................................................................................................................................... 12 
Legitimidade e Procedimento ................................................................................................................. 13 
2 
Efeitos da decisão ................................................................................................................................... 13 
Ação Direta de Inconstitucionalidade Interventiva .................................................................................... 13 
Competência ........................................................................................................................................... 13 
Legitimidade ............................................................................................................................................ 14 
Procedimento.......................................................................................................................................... 14 
Efeitos da decisão ................................................................................................................................... 14 
Arguição de descumprimento de preceito fundamental - ADPF ................................................................ 14 
Competência ........................................................................................................................................... 15 
Legitimidade ............................................................................................................................................ 15 
Efeitos da decisão ................................................................................................................................... 15 
Súmula Vinculante ...................................................................................................................................... 16 
 
Introdução à disciplina Direito Processual Constitucional 
 A Constituição, o Processo e o Direito Constitucional Processual 
A Constituição 
É a regra fundamental do Estado, estruturando o poder, bem como seus limites, e assegura os 
direitos fundamentais do cidadão em face do Estado, levando em conta os valores da 
sociedade. 
Podemos conceituar a constituição como uma norma jurídica fundamental e organizacional do 
Estado. Sua natureza é normativa (norma na qual existe exigibilidade-obrigatoriedade) 
qualificada (pois é a norma fundamental e suprema). 
A essência da constituição é organizacional (porque trata da organização da competência dos 
órgãos que compõe o Estado, disciplinando-o), fundante (porque tem em seu conteúdo a 
instituição e organização do sistema jurídico) e fundamental (porque é o fundamento de 
unidade e validade de todo o sistema jurídico). Seu conteúdo é o seguinte: 
● Organização da competência dos órgãos do Estado; 
● Instituição e organização do sistema jurídico; 
● Fundamento de validade e unidade do sistema jurídico. 
3 
 
Como reguladora da estrutura básica do Estado, é indispensável que a constituição possua os 
seguintes capítulos: 
● A forma do Estado; 
● A competência dos órgãos que compõe o Estado; 
● Os direitos fundamentais dos seus cidadãos. 
No aspecto jurídico a constituição tem por finalidade organizar o Estado, configurando-se como 
sua norma fundamental, pois é ela alicerce do sistema jurídico. 
 
No prisma político-jurídico e sendo a manifestação política plena do povo, a constituição tem 
como funções: 
● Consagrar e garantir os direitos fundamentais; 
● Organizar e limitar o poder; 
● Preservar a unidade política da nação. 
● 
A constituição podeser classificada com base nos seguintes critérios: 
● Quanto à forma - escritas x não escritas: 
As constituições podem ser escritas, quando positivadas em um documento proclamado 
de forma solene, ou não escritas, de modo que não exista um texto único solene, 
apenas leis esparsas, costume, jurisprudência e convenções. 
● Quanto ao modo de elaboração - dogmáticas x históricas: 
As constituições podem ser dogmáticas, emanadas de um Poder constituinte e 
sistematizadas em dogmas fundamentais escritos, ou históricas, provenientes de uma 
construção histórica longa e continua. 
● Quanto à origem - promulgadas x outorgadas: 
4 
Conforme sua origem, as constituições podem ser promulgadas, resultantes de um 
processo democrático idealizado para tal fim, outorgadas, elaboradas e impostas por 
um poder ditatorial e sem participação popular. 
● Quanto à estabilidade ou mutabilidade - imutáveis x rígidas x flexíveis x semirrígidas ou 
semiflexíveis: 
Imutáveis – não se permite qualquer alteração no texto constitucional. Tal limitação 
pode ser apenas temporal; 
Rígidas – possuem um processo legislativo especial para reforma constitucional, mais 
rígido do que para as normas ordinárias; 
Flexíveis – podem ser alteradas por processo legislativo ordinário; 
Semirrígidas ou semiflexíveis – certas normas constitucionais são alteradas mediante 
processo legislativo ordinário e outras por especial. 
● Quanto ao conteúdo - material x formal: 
 Material – quando a matéria contida na constituição for constitucional; 
Formal – oriunda de um único texto escrito estabelecido de forma solene pelo Poder 
Constituinte Originário. 
● Quanto à extensão ou finalidade - constituição garantia x constituição dirigente: 
Constituição garantia – contém as regras e princípios básicos referentes à organização e 
aos limites do Estado, com limitação do poder do Estado; 
Constituição dirigente – disciplina todos os assuntos que sejam relevantes ao Estado. 
Utilizando os critérios classificatórios utilizados, a Constituição Federal brasileira de 1988 é: 
escrita, dogmática, promulgada, rígida, formal e dirigente. 
O Processo 
 
5 
Processo é o conjunto de atos dirigidos para cumprir uma finalidade, seja ela a aplicação da 
norma, sua elaboração, investigação de um fato ou mesmo solução de um conflito. 
O direito processual é um ramo do direito público que assegura a efetividade dos preceitos 
constitucionais e protege o interesse público fundamental. 
As três características ou finalidades do processo são as seguintes: 
● Instrumental – verifica-se na aplicação da lei ao caso concreto; 
● Garantística – protege o interesse público e os direitos da personalidade, além de 
investigação da verdade; 
● Sociopolítica – reafirmação dos valores consagrados pela sociedade. 
 
A constituição e o processo relacionam-se na medida em que o processo reflete os axiomas 
consagrados na constituição. 
O sistema processual brasileiro é o acusatório, em que se garante os direitos fundamentais 
presentes na constituição: contraditório, público, imparcial, com ampla defesa e a distribuição 
das funções de acusar, defender e julgar a órgãos distintos. 
O Direito Processual Constitucional 
 
Entende-se como Direito Constitucional Processual as normas e princípios processuais consagrados e 
tutelados no texto constitucional. 
Já o Direito Processual Constitucional são as normas e princípios processuais com a finalidade de regular 
a jurisdição constitucional. Estuda a relação entre a Constituição e o processo, ou seja, a influência da 
Constituição no Processo (o Direito Processual Constitucional no sentido restrito do termo) e a 
influência do processo na Constituição (a ideia de jurisdição Constitucional). 
A jurisdição constitucional tem por finalidade a regularidade constitucional, na medida em que garante a 
democracia e o controle político, das liberdades e da constitucionalidade. A existência da jurisdição 
6 
constitucional é compatível com a democracia, , na medida em que se torna instrumento eficaz para 
compatibilizar os preceitos do Estado Liberal com os do Estado Social. 
Na jurisdição constitucional ocorre o controle de constitucionalidade (exemplo: adin); na jurisdição 
constitucional das liberdades há o controle das liberdades públicas (exemplo: habeas corpus); e a 
jurisdição constitucional politica apresenta a defesa da cidadania (exemplos: ação civil pública e ação 
popular). 
Pressupostos de validade no sistema jurídico 
Existência, vigência, validade e eficácia da norma jurídica 
Nulidades no Direito Público 
Existência 
A existência da norma é sua entrada válida ou inválida no mundo jurídico. No sistema jurídico pátrio a 
norma passa a ter existência jurídica após a promulgação e publicação no Diário Oficial. 
A existência da norma jurídica é condição indispensável para que possa ser revestida de vigência, 
validade e eficácia. 
Vigência 
A vigência da norma equivale ao seu período de vida, desde o início de sua obrigatoriedade e 
observância até sua revogação, quando deixa de existir no mundo jurídico. 
Validade 
Dizer que uma norma é válida significa que ela foi elaborada em concordância com os requisitos exigidos 
pelo ordenamento jurídico e não contraditória com as demais. 
Eficácia 
A eficácia é a efetiva aplicação e observância da norma. Refere-se aos efeitos ou consequências de uma 
norma jurídica. Pode a eficácia ser jurídica ou social. A social é a efetiva conduta social, sendo a norma 
aplicada e respeitada. A eficácia jurídica é a capacidade de produzir efeitos jurídicos. 
Nulidades 
Uma norma abstrata só pode ser aplicada ao caso concreto se ela possuir existência, vigência, validade e 
eficácia; caso contrário ocorre uma sanção: revogação, suspensão da eficácia ou declaração de nulidade. 
7 
 
A norma no 
sistema 
jurídico 
Revogação Suspensão da eficácia Declaração de 
nulidade 
Fato A norma é extinta do sistema 
jurídico 
Suspensão da 
aplicabilidade 
Retirada do sistema 
jurídico 
Natureza Aspecto técnico-jurídico, 
relaciona-se com a vigência a 
norma 
Relaciona-se com a 
validade e fundamento 
da norma 
Validade - 
fundamento 
Ato gerador Lei posterior provoca Resolução do Senado 
federal 
Decisão do STF 
Atos 
anteriores 
São válidos os atos anteriores São válidos, mas 
inquinados de vícios 
Os atos anteriores 
são inválidos 
Poder 
responsável 
Poder legislativo Senado federal + STF STF 
Restauração Não se restaura Sim. Levantamento de 
resolução 
Não, sem exceções 
Efeitos Ex nunc Ex nunc Ex tunc 
 
Controle de constitucionalidade 
Formas e sistemas de controle 
Ação Direta de Inconstitucionalidade 
Ação Declaratória de Inconstitucionalidade 
Controle de Constitucionalidade 
Controle de constitucionalidade é o ato pelo qual se verifica a adequação ou compatibilidade de lei ou 
ato normativo com a constituição por intermédio de requisitos formais (diz respeito ao procedimento) 
ou materiais (diz respeito ao conteúdo). 
O controle de constitucionalidade pode ser preventivo ou repressivo. 
Controle Preventivo 
O controle preventivo verifica-se antes do ingresso do ato legislativo no sistema jurídico, portanto, antes 
de sua promulgação. Tem por finalidade impedir o ingresso no sistema jurídico de norma 
inconstitucional. Essa espécie é exercida tanto no âmbito do Legislativo (por meio de debates, estudos, 
pareceres de Comissões - art. 58, CF. Exemplo: Comissão de Constitucionalidade e Justiça) quanto no do 
Executivo (por meio do veto presidencial) 
 
8 
Controle Repressivo 
O controle repressivo verifica-se depois do ingresso do ato legislativo, após sua entrada em vigor. Tem 
por finalidade expurgar do sistemajurídico norma incompatível com a Constituição e é exercido pelo 
Poder Judiciário. O controle repressivo exercido pelo Poder Judiciário comporta duas espécies: difuso 
(aberto, via de exceção ou defesa) e concentrado (fechado, via de ação). 
 Controle difuso 
 O controle difuso é aquele que ocorre incidentalmente no curso de um processo comum. 
Caracteriza-se pela possibilidade de qualquer juiz ou Tribunal, ao analisar um caso concreto, 
verifique a inconstitucionalidade da norma, arguida pela parte como meio de defesa. Nesse 
caso, o objeto principal da ação não é a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, sendo a 
mesma analisada incidentalmente ao julgamento de mérito. 
A declaração de inconstitucionalidade, via controle difuso, por meio do STF tem efeito ex tunc, 
ou seja, o ato se desfaz desde a sua origem com todas as consequências (retroativo). Com a 
edição da resolução do Senado Federal suspendendo a lei declarada inconstitucional pelo STF, 
passará a ter efeitos ex nunc e erga omnes. Exemplo: Súmula Vinculante. 
 
 Controle concentrado 
 O controle concentrado dá-se por meio de ação própria, cujo objeto é obter a invalidade da lei 
ou ato normativo (resolução administrativa dos Tribunais, bem como deliberações 
administrativas de outros órgão públicos), independentemente da existência de caso concreto. 
Almeja-se expurgar do sistema ato normativo que o contrarie. É um instrumento político de 
controle de normas. A tutela é de interesse público, e o que se busca é a defesa da constituição. 
O controle concentrado da constitucionalidade é realizado por meio das seguintes ações 
contempladas no texto constitucional: ação direta de inconstitucionalidade (ADIN), ação 
declaratória de inconstitucionalidade (ADECON) e arguição de descumprimento de preceito 
fundamental (ADPF). 
Controle de 
Constitucionalidade 
Difuso Concentrado 
Objetivo Busca a declaração de 
inconstitucionalidade de lei 
ou ato normativo. 
Busca a declaração de 
Inconstitucionalidade de lei 
ou ato normativo. 
Objeto da ação A inconstitucionalidade é um 
incidente ao processo 
comum. O objeto da ação é 
uma obrigação qualquer. 
A inconstitucionalidade e o objeto 
principal da lide. 
Finalidade A garantia de direitos 
subjetivos, liberando alguém 
do cumprimento de uma lei 
inconstitucional. A finalidade 
Expelir, do sistema jurídico, lei ou 
ato inconstitucional. A finalidade é 
o exame da validade da lei (objeto 
da lide). 
9 
é o exame do incidente em 
um processo comum. 
Ação Direta de Inconstitucionalidade 
De acordo com o Glossário Jurídico do portal do STF: 
 “Ação que tem por finalidade declarar que uma lei ou parte dela é inconstitucional, ou seja, contraria a 
Constituição Federal. A ADI é um dos instrumentos daquilo que os juristas chamam de “controle 
concentrado de constitucionalidade das leis”. Em outras palavras, é a contestação direta da própria 
norma em tese”. 
Finalidade 
A ação direta de inconstitucionalidade genérica tem por finalidade expelir, do sistema jurídico, lei ou ato 
normativo inconstitucional. A declaração da inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal, 
estadual ou distrital é o objeto principal da ação. 
 
Competência 
A competência originária para o julgamento e processamento da ADIN é do STF, nos termos do art. 102, 
I, a, da Constituição Federal. 
Cabe anotar que o Regimento Interno do STF consagra a inadmissibilidade da desistência da ação de 
inconstitucionalidade. 
Legitimidade 
Os legitimados passivos são as autoridades ou órgãos responsáveis pela edição do ato impugnado. 
Quanto a legitimidade ativa, ou seja, quem pode propor a ação, são apenas as seguintes pessoas ou 
entidades: 
● Presidente da República; 
● Mesa das Casas Legislativas (do Senado Federal, Câmara dos Deputados, Assembleia Legislativa 
ou Câmara Legislativa); 
● Governador de Estado ou do Distrito Federal; 
● Procurador-Geral da República; 
● Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; 
● Partido político com representação no Congresso Nacional; 
● Confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional. 
Tramitação 
A petição inicial deve conter cópia da lei ou do ato normativo que está sendo questionado. Ela deve ser 
fundamentada, caso contrário pode ser impugnada de imediato pelo relator. 
10 
O relator deve pedir informações às autoridades de quem emanou a lei, tais como Presidente da 
República, Congresso Nacional, para estabelecer o contraditório. 
Considerando a relevância da matéria e a representatividade dos requerentes, o relator poderá ouvir 
outros órgãos ou entidades. Caso haja necessidade de esclarecimento da matéria, podem ser 
designados peritos para emitir pareceres sobre a questão ou chamadas pessoas com experiência e 
autoridade no assunto para opinar. 
O Advogado-geral da União e o Procurador-Geral da República devem se manifestar nos autos. 
Quando houver pedido de medida cautelar, só poderá haver concessão pela maioria absoluta dos 
ministros que compõem o Tribunal, ou seja, por 6 votos. Somente em casos de excepcional urgência, a 
cautelar poderá ser deferida sem que sejam ouvidas as autoridades de quem emanou a lei. 
Uma vez proposta a ação, não se admite desistência. 
A decisão sobre a constitucionalidade ou inconstitucionalidade da lei somente será tomada se estiverem 
presentes na sessão de julgamento pelo menos oito ministros. 
Uma vez proclamada a constitucionalidade em uma ADECON, será julgada improcedente eventual Ação 
Direta de Inconstitucionalidade contra a mesma lei. Do mesmo modo, uma vez proclamada a 
inconstitucionalidade em ADI, será improcedente a Ação Declaratória de Constitucionalidade contra a 
mesma norma. 
Contra a decisão que declara a constitucionalidade ou inconstitucionalidade em ADC e ADI não cabe 
recurso de qualquer espécie, com a exceção de embargos declaratórios. 
Consequências jurídicas 
A decisão que declara a inconstitucionalidade de uma lei tem eficácia genérica, válida contra todos e 
obrigatória. A lei também diz que se gera o efeito vinculante em relação aos órgãos do Poder Judiciário e 
à Administração Pública federal, estadual e municipal, que não podem contrariar a decisão. Ocorrem 
ainda efeitos retroativos, ou seja, quando a lei é declarada inconstitucional, perde o efeito desde o início 
de sua vigência. 
A decisão do Supremo Tribunal Federal passa a surtir efeitos imediatamente, salvo disposição em 
contrário do próprio tribunal. Quando a segurança jurídica ou excepcional interesse social estiverem em 
jogo, o STF poderá restringir os efeitos da declaração de inconstitucionalidade ou decidir que ela só 
tenha eficácia a partir do trânsito em julgado ou um outro momento a ser fixado. Essa decisão depende 
da aprovação de dois terços dos ministros. 
Fundamentos legais 
Constituição Federal, artigo 102, I, a. Lei 9868/99. Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal, 
artigos 169 a 178. 
11 
Ação Declaratória de Constitucionalidade 
Para Alexandre de Moraes, “a ADECON consiste em típico processo objetivo destinado a afastar a 
insegurança jurídica ou o estado de incerteza sobre a validade de lei ou ato normativo federal, buscando 
preservar a ordem jurídica constitucional”. 
 Tem por finalidade confirmar a constitucionalidade de uma lei federal. O objetivo da ADECON é garantir 
que a constitucionalidade da lei não seja questionada por outras ações. 
A ADECON é um dos instrumentos que os juristas chamam de “controle concentrado de 
inconstitucionalidade das leis”. A própria norma é colocada à prova. O oposto disso seria o “controle 
difuso”, em que a constitucionalidade de uma lei é confirmada em ações entre pessoas (e não contra 
leis), onde a validade da norma é questionada para, sefor o caso, aplicada ou não a uma situação de 
fato. 
Legitimidade 
Somente as seguintes pessoas/ entidades podem propor esta ação: 
● Presidente da República; 
● Mesa da Câmara dos Deputados; 
● Mesa do Senado Federal; 
● Mesa da Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do DF; 
● Governador de Estado ou do DF; 
● Procurador-Geral da República; 
● Conselho Federal da OAB; 
● Partido político com representação no Congresso Nacional; 
● Confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional. 
 
 Não pode haver intervenção de terceiros no processo, ou seja, partes que não estavam originariamente 
na causa não podem ingressar posteriormente. 
Tramitação 
Ocorre nos mesmos moldes da ADIN: 
A petição inicial deve conter cópia da lei ou do ato normativo que está sendo questionado. Ela deve ser 
fundamentada, caso contrário pode ser impugnada de imediato pelo relator. 
O relator deve pedir informações às autoridades de quem emanou a lei, tais como Presidente da 
República, Congresso Nacional, para estabelecer o contraditório. 
Considerando a relevância da matéria e a representatividade dos requerentes, o relator poderá ouvir 
outros órgãos ou entidades. Caso haja necessidade de esclarecimento da matéria, podem ser 
designados peritos para emitir pareceres sobre a questão ou chamadas pessoas com experiência e 
autoridade no assunto para opinar. 
12 
O Advogado-geral da União e o Procurador-Geral da República devem se manifestar nos autos. 
Quando houver pedido de medida cautelar, só poderá haver concessão pela maioria absoluta dos 
ministros que compõem o Tribunal, ou seja, por 6 votos. Somente em casos de excepcional urgência, a 
cautelar poderá ser deferida sem que sejam ouvidas as autoridades de quem emanou a lei. 
Uma vez proposta a ação, não se admite desistência. 
A decisão sobre a constitucionalidade ou inconstitucionalidade da lei somente será tomada se estiverem 
presentes na sessão de julgamento pelo menos oito ministros. 
Uma vez proclamada a constitucionalidade em uma ADECON, será julgada improcedente eventual Ação 
Direta de Inconstitucionalidade contra a mesma lei. Do mesmo modo, uma vez proclamada a 
inconstitucionalidade em ADI, será improcedente a Ação Declaratória de Constitucionalidade contra a 
mesma norma. 
Efeitos da decisão 
O julgamento procedente ou improcedente da ADECON terá, como regra feral, efeito ex nunc 
(retroativo), erga omnes (perante todos) e vinculante. O efeito vinculante ocorre no momento da 
decisão, surtindo efeitos em relação ao Poder Executivo e aos demais órgãos do Poder Judiciário. O STF 
não está vinculado a suas próprias decisões. 
Controle de Constitucionalidade 
 Ação Declaratória de Inconstitucionalidade por Omissão 
 Ação Direta de Inconstitucionalidade Interventiva 
Ação Declaratória de Inconstitucionalidade por Omissão 
É a ação cabível para tornar efetiva norma constitucional em razão de omissão de qualquer dos Poderes 
ou de órgão administrativo. Como a Constituição Federal possui grande amplitude de temas, algumas 
normas constitucionais necessitam de leis que a regulamentem. A ausência de lei regulamentadora faz 
com que o dispositivo presente na Constituição fique sem produzir efeitos. 
Objetivo 
A ADO tem o objetivo de provocar o Judiciário para que seja reconhecida a demora na produção da 
norma regulamentadora. Caso a demora seja de algum dos Poderes, este será cientificado de que a 
norma precisa ser elaborada. Se for atribuída a um órgão administrativo, o Supremo determinará a 
elaboração da norma em até 30 dias. 
Competência 
É do STF, pois trata-se de ação direta de inconstitucionalidade, sendo que a diferença encontra-se no 
objeto da ação, com reflexos nos efeitos da decisão. 
13 
Legitimidade e Procedimento 
São os mesmos da ação direta de inconstitucionalidade genérica, de acordo com a lei 9.868\99. 
Efeitos da decisão 
Com o julgamento procedente da ADIN por omissão, o STF declara a omissão da medida legal para a 
efetiva aplicação da norma constitucional, devendo dar ciência ao Poder competente para a adoção das 
providências necessárias e, em se tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias. 
A decisão tem caráter obrigatório e mandamental. No caso do Poder Legislativo, tendo em vista a 
autonomia dos Poderes, não há fixação de prazo. Apenas fixa-se judicialmente a omissão, podendo 
ensejar ação de perdas e danos, se da omissão ocorrerem prejuízos. 
 
Seus efeitos são erga omnes, aproveitando a todos e revestindo-se da autoridade da coisa julgada. O 
alcance da decisão se faz sentir ex nunc, pois é a partir da decisão que surge a omissão constitucional e 
vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e da Administração Pública. 
Ação Direta de Inconstitucionalidade Interventiva 
Tem por finalidade a declaração da inconstitucionalidade de lei ou ato normativo estadual contrário aos 
princípios elencados no art. 34, VII, CF, e a consequente intervenção federal no estado ou Distrito 
Federal, objetivando restabelecer a ordem constitucional na unidade federativa. 
As demais ações de inconstitucionalidade possuem apenas a finalidade declaratória (jurídica), ao passo 
que a ação direta de inconstitucionalidade interventiva possui dupla finalidade: 
● Jurídica, que é a declaração da inconstitucionalidade; 
● Política, que é a intervenção federal. 
 
A ADIN interventiva tem por finalidade precípua preservar a observância dos seguintes princípios 
constitucionais: 
● Forma republicana, sistema representativo e regime democrático; 
● Direitos da pessoa humana; 
● Autonomia municipal; 
● Aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, na manutenção e 
desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde. 
 
Competência 
É do STF, nos termos do art. 36, III, da CF. 
14 
Legitimidade 
A propositura cabe exclusivamente ao Procurador-Geral da República, que detém legitimidade exclusiva. 
Procedimento 
É o mesmo da ADIN genérica, observadas as peculiaridades das Leis 4.337\64 e 5.778\72, com as 
inovações consagradas na Lei 9.868\99. 
Efeitos da decisão 
Com o julgamento procedente da ADIN interventiva, o Tribunal comunicará a decisão à autoridade 
interessada, bem como ao Presidente da República, para que este decrete a intervenção federal. 
 
A decretação de intervenção federal é ato exclusivo da Presidência da República, entretanto, depende 
da requisição do STF. É uma intervenção normativa, na medida em que o decreto limita-se a suspender 
a execução do ato impugnado. 
 
Controle de Constitucionalidade 
Arguição de descumprimento de preceito fundamental 
Arguição de descumprimento de preceito fundamental - ADPF 
 É um tipo de ação, ajuizada exclusivamente no STF, que tem por objeto evitar ou reparar lesão a 
preceito fundamental, resultante de ato do Poder Público. 
Neste caso, diz-se que a ADPF é uma ação autônoma. Entretanto, esse tipo de ação também pode ter 
natureza equivalente às ADIs, podendo questionar a constitucionalidade de uma norma perante a 
Constituição Federal, mas tal norma deve ser municipal ou anterior à Constituição vigente (no caso, 
anterior à de 1988). 
A ADPF é disciplinada pela Lei Federal 9.882/99. Os legitimados para ajuizá-la são os mesmos da ADI. 
Não é cabível ADPF quando existir outro tipo de ação que possa ser proposto. 
Possui efeitos erga omnes, vinculante e ex nunc ou ex tunc dependendo do caso concreto. Não há efeito 
dúplice. 
É cabível em três hipóteses: 
1. Evitar lesão a preceito fundamental - arguição preventiva (art. 1º, caput, da Lei 9.882\99); 
2. Reparar lesão a preceito fundamental - arguição repressiva (art. 1º, caput, da Lei 9.882\99); 
3. Controvérsiarelevante sobre lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal, incluídos os 
anteriores à constituição - arguição por equiparação (art. 1º, parágrafo único, I, da Lei 
9.882\99). 
15 
 
Aplica-se em relação a: 
● Atos do Poder Público; 
● Leis ou atos normativos municipais; 
● Leis ou atos normativos anteriores à constituição (direito pré-constitucional); 
● Atos inacabados do Poder Público (controle preventivo abstrato). 
 
Competência 
A competência para o julgamento e processamento da ADIN é do STF. 
Legitimidade 
O legitimado passivo é o Poder Público, pois o art. 1º da Lei nº 9.882\99 diz expressamente que o objeto 
da arguição é evitar ou reparar lesão a preceito fundamental, resultante de ato do Poder Público. 
A legitimidade ativa é a mesma para a propositura de ADIN. 
Efeitos da decisão 
A decisão da arguição de descumprimento de preceito fundamental terá eficácia contra todos (erga 
omnes) e efeitos vinculantes relativamente aos demais órgãos do Poder Público. 
A decisão que julgar procedente ou improcedente o pedido de arguição é irrecorrível, não podendo ser 
objeto de ação rescisória. 
 
Controle 
Concentrad
o 
Ação Direta 
de 
Inconstitucionalida
de 
Genérica 
Ação Declaratória 
de 
Inconstitucionalida
de 
Ação 
Declaratória 
de 
Inconstitucion
alidade por 
Omissão 
Ação 
Declaratória 
Interventiva 
Arguição de 
Descumprime
nto de 
Preceito 
Fundamental 
Objetivo É a declaração de 
inconstitucionalidad
e 
da lei ou ato 
normativo estadual 
e federal 
É a declaração da 
constitucionalidade 
de lei ou ato 
normativo federal 
É a declaração 
da 
inconstitucion
alidade 
omissiva do 
Poder Público 
É a declaração 
de 
inconstituciona
lidade de lei ou 
ato normativo 
estadual 
contrário aos 
princípios 
sensíveis e a 
consequente 
intervenção 
federal 
É declaração 
do 
descumprimen
to de preceito 
fundamental 
Objeto da 
ação 
A 
inconstitucionalidad
A 
constitucionalidade 
A 
inconstitucion
A 
inconstituciona
O objeto 
principal da 
16 
e é o objeto 
principal da lide 
é o objeto principal 
da lide 
alidade 
omissiva é o 
objeto 
principal da 
lide 
lidade de lei 
ou ato 
normativo é o 
objeto 
principal da 
lide 
ação é a 
ofensa a 
Preceito 
Fundamental. 
Finalidade Expelir do sistema 
jurídico lei ou ato 
inconstitucional 
Afastar a 
insegurança jurídica 
ou estado de 
incerteza sobre 
validade da lei. 
Transforma 
a presunção 
relativa em 
presunção absoluta. 
Implementar 
preceitos 
constitucionais 
que, para 
plena eficácia, 
dependem de 
legislação 
infraconstituci
onal. 
Dupla 
finalidade: 
jurídica 
(declaração de 
inconstituciona
lidade 
 
Súmula Vinculante 
 As súmulas são enunciados emitidos pelos Tribunais que sintetizam as decisões em casos semelhantes, 
firmando o entendimento do Tribunal a respeito daquela matéria. 
A súmula vinculante apresenta natureza de norma jurídica, pois é dotada de obrigatoriedade, mas não 
com efeito erga omnes e sim em relação ao Poder Público. 
A súmula tem por objeto matéria constitucional e como objetivo a validade, a interpretação e a eficácia 
de normas determinadas em face da Constituição. 
A edição da súmula pode ocorrer desde que preenchidos os seguintes requisitos: 
● Decisão de dois terços dos membros do STF; 
● Reiteradas decisões sobre matéria constitucional; 
● Controvérsia atual entre órgão judiciários ou entre esses e a administração pública; 
● Grave insegurança jurídica; 
● Relevante multiplicidade de processos sobre questão idêntica. 
 
A competência para edição, revisão e cancelamento de súmula vinculante é do STF. 
O processo de súmula vinculante possui natureza de ação autônoma, ação constitucional. Trata-se de 
um processo objetivo. 
A decisão produz efeito ex nunc vinculante perante os órgãos do Poder Judiciário e a Administração 
Pública.

Continue navegando