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MENGER, C Cap 5 A doutrina sobre o preço

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MENGER, C. Princípios de Economia Política. 2ª ed. 
São Paulo: Nova Cultural, 1987.
Cap. V – A Doutrina sobre os preços
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No tocante aos preços, os pesquisadores têm concentrado sua atenção na solução do problema da identificação das causas da suposta igualdade existente entre duas quantidades de bens. Uns vêem essas causas na igualdade da soma de trabalho empregada para a produção desses bens, outros na igualdade dos custos de produção [...].
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Só poderiam ser consideradas equivalentes as quantidades de bens que pudessem ser vendidas de qualquer maneira e em determinado momento, de forma que, oferecida uma, se recebesse infalivelmente a outra, e vice-versa.
Não existem mercadorias [...] que possam ser trocados à vontade, entre si, tanto na compra como na venda; em suma, não existem mercadorias equivalentes no sentido objetivo da palavra.
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Uma teoria correta sobre os preços deve, pois, mostrar como e por que as pessoas – em seu empenho de atender da maneira mais completa possível às suas necessidades – são levadas a trocar bens entre si.
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 A formação do preço 
na troca isolada
Vimos que a possibilidade de uma troca econômica depende de que o indivíduo disponha de bens que tenham, para ele, valor menor que outros bens encontrados na posse de outro indivíduo, enquanto com esse segundo indivíduo a situação é inversa.
Imaginemos agora um indivíduo A, possuidor de trigo, para o qual:
100 medidas de trigo = 40 medidas de vinho. 
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Se A encontrar um indivíduo B, detentor de vinho, para o qual:
80 medidas de trigo = 40 medidas de vinho
passam a existir as bases para uma troca econômica entre A e B. Neste caso, o preço de 40 medidas de vinho deverá situar-se entre os limites de 80 e 100 medidas de trigo. 
Cada um dos dois indivíduos tenderá a pleitear um preço tanto mais alto, quanto menos conhecer a situação econômica do outro, e o limite extremo até o qual esse pode chegar.
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Supondo haver paridade entre ambos (no tocante à experiência comercial e às demais situações), poderemos estabelecer, como regra geral, que o empenho dos dois (em auferir o máximo proveito econômico) se equilibra e se paralisa mutuamente; portanto, os preços permanecerão a igual distância daqueles extremos, dentro dos quais se podem fixar. No caso, fixar-se á em 90.
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2. A formação dos preços no comércio de monopólio
a. Formação do preço e a distribuição dos bens no caso da concorrência de várias pessoas participando da aquisição de um bem individual e indivisível de monopólio
Suponha existir um indivíduo A, para o qual:
1 cavalo (por ele possuído) = 10 medidas de trigo
ao passo que para um indivíduo B¹:
1 cavalo = 80 medidas de trigo (por ele possuídas)
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Suponha ainda existir um indivíduo B², para o qual:
1 cavalo = 30 medidas de trigo (por ele possuídas)
Duas questões se colocam:
 Com qual dos dois concorrentes o monopolista A fechará negócio?
 Dentro de que limite se fixará o preço nesse caso?
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É certo que se efetivará a troca entre A e B¹, todavia, o preço não poderá ser inferior a 30 medidas de trigo, pois, do contrário, permaneceria dentro do limite em que, para B², a troca ainda seria econômica.
Portanto, no presente caso, o preço se fixará entre os limites de 30 e 80 medidas de trigo.
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b. A formação do preço e a distribuição dos bens na concorrência para a obtenção de quantidades de um monopólio
Suponhamos o caso do agricultor B¹, para o qual um cavalo vale 80 medidas de trigo; também que para um segundo agricultor, B², um cavalo vale 70 medidas de trigo, para B³, 60, para B4, 50, para B5, 40, para B6, 30, para B7, 20 e para B8, 10 medidas de trigo. Imaginemos que um segundo cavalo vale, para cada um deles, 10 medidas de trigo menos que o primeiro cavalo, que um terceiro cavalo vale 10 medidas de trigo menos que o segundo cavalo, e assim por diante.
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A situação econômica poderia ser ilustrada em seus elementos essenciais, pela seguinte tabela:
 I II III IV V VI VII VIII
 medidas de trigo
B1 80 70 60 50 40 30 20 10
B2 70 60 50 40 30 20 10
B3 60 50 40 30 20 10
B4 50 40 30 20 10
B5 40 30 20 10
B6 30 20 10
B7 20 10
B8 10
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Imaginemos que o monopolista coloque à venda um só cavalo; é certo que B¹ o adquirirá por um preço fixado entre 70 e 80 medidas de trigo.
Se o monopolista colocar à venda 3 cavalos, B¹ pode adquirir dois cavalos, e B² um, por um preço fixado entre 60 e 70 medidas de trigo.
Se A, em lugar de 3 cavalos, colocasse à venda 6, B¹ adquiriria 3 cavalos, B² adquiriria dois e B³, um, sendo que o preço de cada cavalo deveria estar obrigatoriamente entre 50 e 60 medidas de trigo.
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Não há dúvida de que, se o monopolista A resolvesse colocar à venda quantidades ainda maiores de seu monopólio (de cavalos), por um lado veríamos que seria cada vez menor o número de agricultores excluídos da concorrência; por outro lado, o preço de uma quantidade determinada de cavalos baixaria cada vez mais.
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c. Influência dos preços fixados pelo monopolista sobre as quantidades do bem de monopólio em circulação e sobre a distribuição dessas quantidades entre os concorrentes
O método mais comum pelo qual o monopolista coloca seus bens de monopólio no mercado consiste em conservar de prontidão, para a venda, as quantidades de que dispõe, porém oferecendo porções dessa quantidade total aos concorrentes, e isso por um preço que ele determina.
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Suponhamos que A fixe o preço de um cavalo em 75 medidas de trigo; B¹ já teria condições para adquirir (com proveito econômico) um cavalo.
Por um preço de 62 medidas de trigo, B¹ levaria vantagem comprando dois cavalos, e B², um.
Por um preço de 54 medidas de trigo, B¹ teria vantagem comprando três cavalos, B², comprando dois, e B³, comprando um.
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A situação acima descrita, na qual B¹, B² etc. podem designar não apenas indivíduos, mas também grupos de concorrentes de diferente possibilidade de permuta, mostra a influência que exercem sobre a economia os preços fixados por um monopolista.
Quanto mais elevados forem esses preços, tanto maior será o número de pessoas que ficarão totalmente excluídas da possibilidade de adquirir o respectivo bem, e tanto menores serão também as quantidades que o monopolista conseguirá vender do respectivo bem.
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d. Os princípios do comércio de monopólio (política monopolista)
Primeiro, continua em plena validade o princípio segundo o qual, em toda troca econômica – mesmo em se tratando de comércio de monopólio – as duas partes devem levar vantagem.
Além disso, ao fixar os preços, o monopolista não pode determinar as quantidades que conseguirá vender a esses preços. 
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O que dá ao monopolista posição excepcional na vida econômica é que, em cada caso concreto, ele pode determinar – sozinho e sem a interferência de outros – as quantidades do bem de monopólio que colocará à venda, ou, então, os preços – cabendo-lhe escolher livremente a alternativa que melhor atender a seus interesses econômicos.
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3. A Formação do preço e distribuição dos bens no caso da concorrência bilateral
a. A origem da concorrência
O crescimento da população, o aumento das necessidades dos indivíduos [...] forçam, em muitos casos, o monopolista a excluir camadas cada vez mais numerosas da população de desfrutar o bem de monopólio, permitindo-lhe, ao mesmo tempo, elevar cada vez mais seus preços. Será essa situação que, normalmente, provocará a concorrência, se não houver obstáculos sociais ou de outro tipo, que impeçam seu surgimento.
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b. Efeito das quantidades de mercadoria colocadas à venda pelos concorrentes, no tocante aos preços; efeito da formação de certos preços fixados pelos concorrentes, no tocante à venda, e, nos dois casos, no tocante à distribuição da mercadoria entre os pretendentes
Tomando por base o caso citado ao tratar das leis que regem o comércio de monopólio, pergunta-se: que influência tem, para a formação dos preços, ou então para a distribuição da respectiva mercadoria, quantidades maiores ou menores de uma mercadoria oferecida à venda por vários concorrentes?
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Suponhamos que A¹ e A² juntos ofereçam 3 cavalos; é claro que o agricultor B¹ adquirirá 2 cavalos e B² adquirirá um, a preços que se fixarão entre 70 e 60 medidas de trigo.
Imaginemos agora que A¹ e A² coloquem à venda 6 cavalos; nesse caso, é certo que B¹ adquirirá 3 deles, B² adquirirá 2 e B³ adquirirá um, o preço se fixará entre 60 e 50 medidas de trigo, e assim por diante.
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Como se vê, a quantidade menor ou maior colocada à venda tem influência determinante na formação do preço e na distribuição, tanto no comércio de monopólio, quanto em regime de concorrência na oferta; todavia, nada muda para esse efeito, caso a quantidade colocada à venda seja oferecida por um único monopolista ou por vários concorrentes.
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c. Efeitos que a concorrência na oferta de um bem provoca sobre as quantidades comercializáveis e, respectivamente, sobre os preços da oferta (política de concorrência)
Situação 1: Um monopolista dispõe de 1.000 libras de uma mercadoria, podendo vender 800 libras pelo preço unitário de $9, ou o estoque inteiro ao preço unitário de $6. Não há dúvida que o monopolista escolherá vender apenas 800 libras, pelo preço total de $7.200 – ao invés de vender 1.000 libras por $6.000.
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Situação 2: Sendo as 1.000 libras em questão divididas entre dois concorrentes, se um dos dois impedisse a quantidade de que dispõe de chegar ao mercado, certamente provocaria determinado aumento do preço de sua mercadoria por unidade, mas não faria isso por não atender a seu desejo de lucro. Por exemplo, se um dos dois destruísse 200 libras de suas mercadorias conseguiria aumentar o preço da mesma de $6 para $9, mas somente receberia $2.700 por seu produto total, enquanto seu concorrente obteria $4.500. 
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A concorrência verdadeira na oferta faz com que nenhum dos concorrentes possa auferir proveito econômico subtraindo sua mercadoria do mercado.
A concorrência elimina também a sucessiva exploração das diversas camadas da população – das quais se falou anteriormente.
Além disso, a concorrência leva à produção em larga escala, caracterizando-se pela tendência a muitos lucros pequenos e alto grau de economicidade.

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