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Ventilação Mecânica Curso de Graduação em Emergência Universidade Estácio de Sá Prof. Cristiano Saldanha Introdução A ventilação artificial consiste da aplicação de aparato mecânico com o objetivo de insuflar uma mistura gasosa conhecida no interior do aparelho respiratório, possibilitando as trocas gasosas de oxigênio (O2) e dióxido de carbono (CO2). É utilizada no ambiente de terapia intensiva, em situações de insuficiência respiratória, quando o sistema respiratório encontra-se incapaz de suprir as necessidades de oxigenação e eliminação de CO2 do organismo, seja por problema respiratório primário (doença pulmonar, doença muscular respiratória) ou no contexto de doença sistêmica ou em situação especial (trauma craniano, acidente vascular cerebral, sepse, choque, anestesia geral – bloqueador neuro-muscular, miastênia gravis etc... Aparelho Respiratório O objetivo principal do ventilador mecânico é gerar um fluxo de gás, capaz de percorrer a árvore respiratória e chegar ao alvéolo, local das trocas gasosas Prof. Fernando Ramos NARIZ E BOCA Prof. Fernando Ramos LARINGE Prof. Fernando Ramos ARVORE TRAQUEOBRÔNQUICA Prof. Fernando Ramos Prof. Fernando Ramos Prof. Fernando Ramos ESTRUTURAS DO TÓRAX Prof. Fernando Ramos Fisiologia Respiratória Mecanismos da respiração Ventilação pulmonar A inspiração, que promove a entrada de ar nos pulmões, dá-se pela contração da musculatura do diafragma e dos músculos intercostais. O diafragma abaixa e as costelas elevam-se, promovendo o aumento da caixa torácica, com conseqüente redução da pressão interna (em relação à externa), forçando o ar a entrar nos pulmões. Prof. Fernando Ramos Prof. Fernando Ramos Prof. Fernando Ramos Organização do Centro Respiratório Prof. Fernando Ramos Controle da respiração Prof. Fernando Ramos A AVM é benéfica: Permitir sedação e bloqueio neuromuscular; Diminuir o consumo de O2 miocárdico e sistêmico; Permitir Hiperventilação (reduzir HIC); Recrutamento Alveolar e prevenir Atelectasia. Indicação da Ventilação mecânica Insuficiência respiratória grave CO2 O2 SNC: agitação, cefaléia, tremores, etc... Respiração: alterações amplitude, freq., ritmo, padrão, expiração prolongada Ausculta:Ruídos adventícios Aparência: sudorese, cianose, musc. Acessória Hemodinâmica: arritmias, HA, Hipotensão Indicações de Ventilação Mecânica (VM) Doenças do SNC associadas a redução do estímulo respiratório e redução dos reflexos de proteção de vias aéreas: 1. Intoxicação exógena 2. Acidente Vascular Cerebral 3. Trauma Craniano 4. Hemorragia Subaracnóidea 5. Anestesia Geral Doenças associadas a função neuromuscular: 1. Síndrome de Guillain-Barré 2. Esclerose Múltipla e Esclerose Lateral Amiotrófica 3. Miastenia Gravis 4. Trauma raqui-medular alto Doenças associadas a função músculo-esquelética e pleural: 1. Derrame pleural volumoso 2. Pneumotorax hipertensivo 3. Hemotórax volumoso 4. Trauma torácico (tórax instável) 5. Síndrome de Fadiga Muscular associada a VM Doenças de Vias Aéreas: 1. Asma Brônquica 2. DPOC 3. Apnea do Sono 4. Edema de laringe ou glote Doenças Pulmonares: 1. Pneumonia 2. Síndrome de Angústia Respiratória Aguda – SARA 3. Edema Pulmonar 4. Pneumonia aspirativa 5. Afogamento ICP. Residência cirurgia cardíaca Objetivos da VM Manter oxigenação adequada: PO2>60 mmhg. Evitar hipocarbia: PCo2< 35mmhg: hipopotassemia, arritimias, dissociação da curva de oxihemoglobina p esquerda, dificultando liberação de O2 para os tecidos. Evitar hipercarbia: PCO2 > 45 mmhg ICP. Residência cirurgia cardíaca INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA Oxigenação inadequada: PaO2< 60 mmhg com FiO2 > 50% PaO2/FiO2 < 200 com PEEP> 5 cmh2o Insuficiência ventilatória: PaCO2 > 50 mmhg em VM Objetivos da Ventilação: Fisiológicos Clínicos Trocas Gasosas Reverter a hipoxemia - normalizar a ventilação alveolar (PaCo2 e pH) Tratar acidose Obter nível aceitável PaO2, SaO2 Aliviar desconforto respiratório Aumentar o volume Pulmonar Prevenir e tratar atelectasias Reduzir o trabalho musc. Respiratória Reverter fadiga muscular Permitir sedação ou bloqueio muscular Reduzir e PIC Estabilizar a parede torácica AUTONOMIA DO ENFERMEIRO NA MONTAGEM DO RESPIRADOR - MÓDULO CONTROLADO Atenção – Este modo será utilizado - principalmente na IRA ou problemas do SNC e outras patologias. Pós-parada cardíaca revertida. Lembre-se que o paciente estará inconsciente, faça o ABC da vida. Se não respira e tem pulso – ofertar O2 com máscara + ambú 100% O2, máscara de venturi, Puncionar acesso venoso; Chamar o médico, Trazer o carrinho de parada e preparar o material de intubação. Após o paciente ser intubado será conectado ao ambú e logo em seguida o colocaremos no respirador. Com os seguintes parâmetros: Parâmetros Módulo Controlado Volume Corrente- 8 a 10 ml/kg- 500mml- é o volume de ar inspirado e expirado num ciclo Freqüência- freqüência do ciclo respiratório do ventilador . Valor: 16 a 20 no adulto FiO2- 21% à 100% dependendo da gasometria Relação Tempo Inspiratório / Expiratório: 1:2 Sensibilidade_sensib. do aparelho em detectar ciclagem, esforços respiratório. 3 a 4cm H20 PEEP- pressão positiva final expiração 5 á 8 cm H20 Assistência de enfermagem Siga o ABCDE Monitorização Cardíaca; SPO2 FC FR Pulso PA (monitor mais a verificação normal) Tax Ver vídeo Máscara de venturi com reservatório de O2 Sistemas de alto fluxo de O2: -máscara "Venturi“ com reservatório de O2 -Máscara + ambú e O2 90% Ambú + máscara com reservatório Via Aérea Artificial Tipo:Cânulas utilizadas para acessar a via aérea inferior, direcionando o fluxo de gás do ventilador para os pulmões. Podem ser: Não Invasivo Invasivo • Não invasivo Intubação Oro-Traqueal EQUIPAMENTO DE INTUBAÇÃO •Unidade Ventilatória com máscara e FiO2 100% •Laringoscópio •Tubos endotraqueais ( tamanho estimado + 0,5 cm ) •Aspirador com sonda larga (10 A 14 F ) •Fita adesiva •Oxímetro de Pulso Ventiladores Mecânicos Prof. Fernando Ramos ICP. Residência cirurgia cardíaca ICP. Residência cirurgia cardíaca Classificação dos Ventiladores Conforme a ciclagem inspiratória / expiratória O que determina o final da fase inspiratória e início da fase expiratória 1. Volumétricos (ciclado a volume) 2. Pressométricos (ciclado a pressão) 3. Cronométricos (ciclado a tempo) 4. Fluxométricos (ciclado a fluxo) Interrupção do ciclo inspiratório por ter alcançado um volume, uma pressão, um tempo inspiratório ou um fluxo Pressão Positiva ao Final da Expiração - PEEP Obtido por meio de uma resistência a saída de ar ao final da expiração Leva ao aumento da capacidade residual funcional pulmonar (CRF) Recruta unidades alveolares colabadas ou repletas de fluídos, melhorando assim a relação entre ventilação e perfusão pulmonar Unidades alveolares colabadas Atelectasia Com PEEP normais Excesso de PEEP barotrauma Prof. Fernando Ramos 7. Outros ParâmetrosImportantes: A. Pressão Inspiratória: Pressão de Pico Inspiratório Pressão requerida para vencer a resistência das Vias aéreas e a pressão para vencer as propriedades elásticas do pulmão e da parede torácica. Pressão de Platô: Pressão para vencer a elasticidade é a melhor alternativa para estimar a pressão de pico alveolar. Idealmente deve ser mantida <=30cm de H2O Prof. Fernando Ramos Os Modos ventilatórios podem ser classificados como: Espontâneo: ciclos iniciados e concluidos pelo paciente; Mandatória: Quando o ventilador começa ou termina a inspiração. Se o paciente inicia a inspiração ela é uma ventilação assistida, caso contrário= Não Assistida. Prof. Fernando Ramos B. relação tempo insp/Exp. ( índice I:E) Índice I:E normal =1:2 ( O tempo de exalação é duas vezes o tempo de inalação); Nas DPOC I:E= 1:2,5; 1:3. C. PEEP Pressão positiva no final da inspiração PEEP aumenta a capacidade residual funcional aumenta o volume pulmonar distende os alveolos. Valor mais usado= 5 Evita Atelectasia Usado Alto PEEP na SARA. Prof. Fernando Ramos C. FiO2 Altas concentrações de O2lesões parênquima Pulmonar. FiO2 desejável= <50% Hipoxemia é mais danosa que níveis elevados de FiO2; D. Umidificação Essencial Ar Úmido e Aquecido. evitar super-aquecimento; Principais Modalidade da Ventilação Mecânica 1. Ventilação Controlada ou CMV (volume corrente (VC), freqüência (FR), e fluxo são predeterminados pelo ventilador. Modalidade usada em apnéia devido a patologias ou drogas) 2. Assistidao-Controlada (a FR é controlada pelo paciente: o ciclo respiratório é iniciado quando o paciente gera uma pressão negativa alcançando um valor imposto pela sensibilidade do ventilador; 3. VC e Fluxo são predeterminados; 4. Caso não haja esforço do paciente, o ventilador funciona na FR mínima) 5. Ventilação Mandatória Intermitente ou IMV (ventilação mandatória intermitente- o ventilador permite a combinação de ciclos controlados e com uma FR predeterminada e ciclo espontâneo). 6. Ventilação Mandatória Intermitente Sincronizado ou SIMV (ventilação mandatória intermitente sincronizado- o ventilador combina ciclos espontâneos com um determinado ciclos mecânicos assistido devido ao esforço do paciente). Principais Modalidade da Ventilação Mecânica 1. Ventilação compressão de suporte ou PSV (os esforços inspiratórios espontâneos do paciente são assistidos com uma pressão positiva . O paciente controla a FR, o F, o tempo inspiratório, e a relação I: E. 2. O paciente deve ter um estímulo respiratório íntegro. 3. Pressão Positiva Contínua nas vias aéreas ou CPAP ( o paciente respira espontaneamente dentro do circuito pressurizado após o ventilador mecânico. A pressão positiva é mantida predeterminada é mantida constante durante o ciclo. Assistência de enfermagem Assistência ventilatória Mecânica Entubação orotraqueal Entubação endotraqueal Macronebulização Protocolo para avaliação da sedação e a Escala de Ramsay Protocolo de Sedação Fazer bolus de fentanil 0,7 a 2mcg/kg e iniciar infusão contínua de 50 –500mcg/h, droga pura sem diluição. Dripping de Dormonid: (midazolan) Sf 0,9% 120 + 30 ml de Dormonid na BI (bomba infusora) Dripping de Fentanil SF 0,9 % 80ml + 20ml de Fentanil - na BI (bomba infusora) • Se necessário (não adaptação com doses baixas de fentanil, em média 3 a 5 ml/h) fazer bolus de midazolam: 0,02 a 0,3mg/kg e iniciar infusão contínua de 0,012 – 0,6mg/kg/h. • Caso a sedação se mostre insuficiente com o uso concomitante de fentanil e midazolan, pode-se associar ou substituir o midazolan por propofol: 0,3 – 3mg/kg/h. Caso haja falha e o tempo de uso fentanil seja longo, pode-se tentar a troca por morfina. A opção pela utilização de propofol por tempo prolongado obriga a mensuração dos níveis de triglicerídeos, duas vezes por semana . Alem disso, as calorias infundidas devem ser consideradas no cálculo nutricional (1 ml = 1 kcal). • Em pacientes traqueostomizados, com fonte potencial de dor, pode-se tentar manter apenas analgesia com tramadol. ESCALA DE RAMSAY 1- Ansioso, agitado. 2- Cooperativo, orientado, tranqüilo. 3- Sonolento, atendendo a comandos. 4- Dormindo, responde rapidamente ao estímulo glabelar ou ao estímulo sonoro. 5- Dormindo, responde lentamente ao estímulo glabelar ou ao estímulo sonoro vigoroso. 6- Dormindo sem resposta. Ventilação mecânica Hiperventilação: só indicada quando houver aumento da pressão intracraniana. Prof. Fernando Ramos CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA VENTILATÓRIA •Manter o paciente com decúbito elevado •Posicionar o cateter ou máscara • Reduzir o consumo de oxigênio, limitando a movimentação do paciente •Mudar decúbito •Monitorizar a saturação de O2-( a cianose é um dos últimos sinais de hipoxemia a aparecer) Prof. Fernando Ramos •Controlar o fluxo de oxigênio oferecido •Avaliar a expansão torácica 2/2h e auscultar os pulmões de 4/4h, se necessário.( Identificar ruídos adventícios e simetria de murmúrios.) •Monitorizar rítmo e frequência cardíaca ( as arritmias cardíacas podem ser causadas por hipoxemia ou desequilibrio ácido – básico). Prof. Fernando Ramos •Monitorar a pressão arterial (2/2h) •Realizar balanço hídrico de 6/6h( balanço hídrico positivo pode desencadear edema pulmonar.) • Acompanhar níveis de hemoglobina e hematócrito( a redução de hemoglobina altera a capacidade de transporte de oxigênio). •Avaliar o refluxo gástrico em pacientes com sonda. •Acompanhar a evolução pulmonar e radiológica do paciente. Monitorização de Enfermagem na Ventilação Mecânica Vigilância constante, exame físico e evolução de enfermagem Respiração Controle da oxigenação-Pa02 e Sat. O2 Controle índices ventilação- PaO2 Controle da pressão, volume e monit. VM RX tórax Avaliação cardiovascular Controle neurológico Função Renal e BH Controle da nutrição Sistema digestório Monitorização de Enfermagem na Ventilação Mecânica Via aérea artificial Umidificação e aquecimento de gases Aspiração secreção Fixação e posicionamento TOT/ TQT Balonete Mobilização do paciente Monitorização VM Paciente: Monit. Sinais vitais Decúbito Pele Sedação e analgesia Comunicação e apoio Sist, digestório Ventilação/ perfusão Complicações Ventilação Mecânica Via aérea artificial: Traumatismo intubação, mucosa oral, labial, septo Lesões do balonete Oclusão, perfuração do balonete, extubação acidental, intubação seletiva; Trauma aspiração Edema de Glote Paralisia das cordas vocais, traqueomalácia Problemas ventilador: Ajusta inadequado umidificação, superaquecimento Hipo ou hiperventilação, trabalho respiratório intenso, PEEP, Problemas Complicações pulmonares: Barotrauma Edema pulmonar Atelectasias Lesão toxicidade oxigênio Prof. Fernando Ramos Paciente Grave em VentilaçãoMecânica Prof. Fernando Ramos Enfisema Subcutâneo no Pneumotórax hipertensivo Prof. Fernando Ramos Enfisema Subcutâneo – Padrão radiológico Prof. Fernando Ramos Pneumotórax Prof. Fernando Ramos Extubação Desmame Terá a causa da insuficiênciarespiratória desaparecido ou melhorado? Estará o doente bem oxigenado e ventilado? Poderá o coração tolerar o aumento do trabalho respiratório? Prof. Fernando Ramos Extubação Desmame (cont.) diminuição do PEEP (4-5) diminuição da frequência diminuição da PIP O que se pretende é diminuir o trabalho do ventilador e ver se o doente consegue compensar a diferença….
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