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Renascimento 2017

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RENASCIMENTO
Unidade II
Introdução
 “O estilo gótico foi criado para (...) 
o abade de Saint Denis, 
conselheiro de dois reis de 
França; o estilo renascentista, 
para os comerciantes de 
Florença, banqueiros dos reis da 
Europa”; (Nikolaus Pevsner) 
 “É na atmosfera desta próspera 
república comerciante que o novo 
estilo aparece, por volta de 1420”. 
(Pevsner)
Introdução
 O Renascimento nasceu na 
Itália, porque ali, na verdade, o 
gótico quase não foi explorado. 
Sempre houve, contudo, uma 
memória muito viva das glórias 
do antigo Império Romano, 
presente nas ruínas 
impressionantes de templos, 
teatros, termas, obras de arte 
etc.
Introdução
 Esse “ressurgimento” das artes e valores clássicos 
impressionou tanto os acadêmicos, que eles denominaram 
todo o período de Renascimento (ou Renascença).
“O Homem Vitruviano” 
de Leonardo da Vinci
“A Adoração dos Magos” (c.1480) - Boticelli
Introdução
 Detalhe: “A palavra “renascimento” foi 
utilizada em tempos para designar os 
cerca de 400 anos da arquitetura 
europeia que vão desde o 
reaparecimento da tradição clássica, em 
Florença, no século XV, até a emergência 
do Romantismo (...) nos finais do século 
XVIII”; (Jordan) 
 Contudo, desde o final do século XIX, os 
historiadores subdividiram “este 
movimento global em Renascimento
propriamente dito, Maneirismo, Barroco 
e Neoclassicismo.” (Jordan)
“Perseu” (c.1806) de 
Antonio Canova 
(1757-1822)
Introdução
 Apesar de continuarem a ser 
erguidas várias igrejas no período, o 
Renascimento foi, antes de mais 
nada, um estilo “régio e mercantil”; 
 Ou seja, o estilo destacou-se tanto 
pela arquitetura secular quanto pela 
religiosa. Os seus grandes patronos 
serão a nobreza, os banqueiros, os 
comerciantes e até mesmo membros 
importantes do clero.
 O Humanismo pode ser descrito como uma reforma 
cultural e educacional defendida por estudiosos, 
escritores e líderes civis entre os séculos XIV e XV, em 
oposição à escolástica medieval.
Histórico - Humanismo
 Escolástica: modalidade de pensamento essencialmente 
cristão que dominou as universidade medievais entre os 
séculos IX e XVI e que procurou atribuir aos princípios 
religiosos ensinados pelo clero um caráter filosófico, de 
certo modo aproximando o Cristianismo da filosofia da 
Antiguidade Clássica (ou seja, foi uma espécie de 
tentativa de “racionalização do pensamento cristão” 
através das ideias de Platão, Sócrates etc.);
 Os escolásticos, portanto, “tentam harmonizar os ideais 
platônicos com fatores de natureza espiritual, à luz do 
cristianismo vigente no Ocidente”. (Ana Lúcia Santana) 
Histórico - Humanismo
 “A tarefa do teólogo: estudar Deus e sua revelação e, 
em seguida, todas as demais coisas "à luz de Deus"
(...), pois Ele é o princípio e fim de tudo”.
 “Os professores devem ser elevados em suas vidas, de 
modo que iluminem aos fiéis com sua pregação, ilustrem 
aos estudantes com seus ensinamentos, e defendam a Fé 
mediante suas disputas contra o erro”.
 “Três coisas são necessárias para a salvação do homem: 
saber o que deve crer, saber o que deve desejar, saber o 
que deve fazer”.
Histórico - Humanismo
São Tomás de Aquino (1225-1274) e a Summa Theologica:
 O termo “humanismo”, portanto, tem origem na forma de 
identificar (ou diferenciar) os antigos textos “pagãos”, em 
oposição aos textos “divinos” da Igreja Católica (como a 
Bíblia e as obras dos principais teólogos);
 Detalhe: os humanistas não eram contra a igreja Católica! 
Eles apenas procuravam ignorar os séculos de 
interpretações dos antigos textos feitas por autores 
católicos e ter um contato direto com as obras originais da 
Antiguidade Clássica, lidas em sua inteireza (e não 
apenas através de comentários ou versões reduzidas).
Histórico - Humanismo
 Portanto, a partir desse momento – quando os textos 
clássicos são novamente valorizados e “caçados” por toda 
a Europa - verificamos o surgimento de inúmeras coleções 
de livros, armazenados em bibliotecas cada vez mais 
impressionantes. 
Histórico - Humanismo
Histórico - Humanismo
 Na Itália, o programa educacional humanista foi 
rapidamente aceito e em meados do século XV 
vários membros das altas classes já haviam 
recebido uma educação humanista, incluindo até 
mesmo alguns dos mais altos oficiais da Igreja; 
 Entre o século XV e o início do século XVI, 
vários papas foram humanistas, como por 
exemplo Nicolau V (1447-1455), Pio II (1458-
1464), Sisto IV (1471-1484), Júlio II (1503-1513) 
e Leão X (1513-1521: Giovanni de Medici).
 Esses papas, por sinal, viriam a destacar-se 
como grandes patronos (e protetores) dos 
principais artistas renascentistas. 
Pio II
 Muitos desses papas, na verdade, 
pensavam – e agiam - mais como 
governantes comuns do que como 
sacerdotes... Júlio II (Giuliano 
Della Rovere, pai de três filhas), 
por exemplo, em cujo reinado a 
catedral de São Pedro foi iniciada, 
pediu a Michelangelo para retratá-
lo, numa estátua, com uma 
espada na mão em vez de um 
livro; seu argumento: “sou um 
soldado, não um erudito”.
Papa Júlio II
Histórico - Humanismo
Cenas de batalhas 
com o Papa Júlio II
Histórico - Humanismo
 As obras literárias produzidas por Dante Aleghieri, 
Francesco Petrarca e Nicolau Machiavel, nesse mesmo 
período, enfatizavam as virtudes da liberdade intelectual e 
da expressão individual. 
“Dante e seu Poema” 
(1460), pintura de 
Domenico di Michelino, 
exposta na Igreja de 
Santa Maria del Fiore
(Florença)
Histórico - Humanismo
Histórico – Roma no Século XIV
 O intelectual e poeta Francesco 
Petrarca (1304-1374) foi um dos 
principais defensores dos ideais
humanistas. Ao estudar as obras
clássicas do passado, desenvolveu
um novo tipo de nostalgia pela 
antiguidade clássica (e sua grandeza
perdida): os seus ideais procuravam
demonstrar justamente a capacidade
de regeneração dessa antiguidade. 
 O contraste evidente entre a rica memória e o estado
lamentável em que se encontravam os templos e palácios
arruinados da outrora “grande” Roma enchia Petrarca de 
tristeza e o levou às lágrimas em sua visita à cidade em
1337. 
Histórico – Roma no Século XIV
Histórico – Roma no Século XIV
Quadros que mostram o 
estado de abandono da cidade 
de Roma até o século XV
 Curiosidade: Entre 1309 e 1376, a sede do papado havia 
sido transferida para Avignon (França), em função de 
conflitos da Igreja com a coroa francesa. Nesse período, a 
igreja teve sete papas, todos franceses e, de certa forma, 
todos eles controlados pelos reis da França.
Histórico – Roma no Século XIV
Palácio Papal em Avignon
 Em várias oportunidades, Petrarca tentou convencer o Papa 
a voltar para Roma, devolvendo à cidade a sua condição de 
sede da Cristandade e, desse modo, restaurando a sua
antiga importância como centro mundial;
Histórico – Roma no Século XIV
 Em 1377, Gregório XI (Pierre-Rocher de 
Beaufort, um francês) finalmente retorna 
à Roma, marcando uma importante 
virada política para a cidade.
 A substituição da história religiosa – a única que importava
- por um renovado interesse na história de Roma marcou o 
início de uma nova abordagem da historiografia e, ao
mesmo tempo, um interesse no estudo arqueológico dos 
antigos monumentos e obras de arte.
Histórico – Roma no Século XIV
Os Tratados de Arquitetura
 Além dos próprios edifícios romanos, a mais importante
fonte para o estudo da arquitetura clássica foi o tratado De 
Architectura, escrito pelo engenheiro e arquiteto romanoMarcus Vitruvius Pollio (Vitrúvio) em 27 a.C. e 
redescoberto em 1414 na biblioteca da abadia de Monte 
Cassino (Itália).
Curiosidade: Abadia de 
Monte Cassino (antes e 
depois da Segunda 
Guerra Mundial)
Curiosidade: cidade de Monte Cassino ao final da 2ª Guerra Mundial
Os Tratados de Arquitetura
 Em De Architectura, como vimos, estão expressos os
princípios clássicos fundamentais da simetria, harmonia e 
proporção, o estilo e as proporções apropriadas para 
diferentes tipos de edificações, bem como os métodos e 
materiais de construção a serem aplicados pelos
construtores;
 A partir de então, Vitrúvio tornou-se uma
fonte inestimável de conhecimentos e 
uma referência básica para os tratados
de arquitetura de Leon Battista Alberti
(1404-1472) em diante. 
 O primeiro (e mais influente) autor a tratar da arquitetura 
renascentista foi Leon Battista Alberti (1404-1472), um 
grande humanista que, além de escritor, foi também
arquiteto e antiquário;
Os Tratados de Arquitetura
 A sua principal obra é De re 
aedificatoria, composta de dez livros
sobre arquitetura (imitando a divisão
dos temas adotada por Vitrúvio), todos
escritos entre 1443 e 1452 (mas só
publicados, postumamente, em 1485). 
 Esse tratado procurou, em linhas gerais, expressar a 
importância das regras “cristalizadas” a partir do exemplo
dos antigos, a importância do conselho dos especialistas e 
do conhecimento preciso obtido através da prática
contínua.
Os Tratados de Arquitetura
Gravura do 
“De re 
aedificatoria”
 Resgatando Vitrúvio, Alberti lembrou que a arquitetura
deveria atender sempre a três princípios básicos: 
deveria ser funcional (utilitas), ter a máxima solidez e 
durabilidade (firmitas) e, por fim, ter uma forma “elegante
e agradável à vista” (venustas); 
Os Tratados de Arquitetura
 A beleza, para Alberti, era algo inerente
à estrutura. Exemplo: muitas vezes o uso
adequeado de materiais comuns era 
mais harmonioso do que o uso
desordenado de materiais caros e 
extravagantes. 
 Se ao longo do século XV, o caráter dos tratados havia
sido mais literário, a partir do século XVI, contudo, eles
voltaram-se mais para a arquitetura, com uma ênfase
maior em ilustrações (ou seja, um tipo de coletânea de 
modelos a serem adotados pelos projetistas), além de 
fornecerem uma clara orientação para o desenvolvimento
de “uma forma sólida e bem pensada de se construir”, 
influenciando arquitetos e construtores até o século XIX; 
 Destaque especial para Os Quatro
Livros de Arquitetura, escritos por
Andrea Palladio em 1570. 
Os Tratados de Arquitetura
Exemplos de estudos
arquitetônicos de Palladio
Os Tratados de Arquitetura
A Renascença e os Monumentos
 Em termos dos antigos monumentos e obras de arte da
Antiguidade Clássica, portanto, a Renascença marcou
uma virada;
 O novo humanismo via os antigos monumentos como
relíquias da grandeza perdida de Roma, tanto imperial 
quanto cristã, dando-lhes uma importante significação
política;
 Além disso, os antigos monumentos eram também fontes
de estudos: artistas e arquitetos podiam aprender sobre
arte, tecnologia e arquitetura; os humanistas podiam
aprender sobre história, a língua latina e sua respectiva
literatura. 
A Renascença e os Monumentos
A Renascença e os Monumentos
 Consequentemente, vários artistas passaram a visitar Roma 
para estudar os monumentos e obras de arte clássicos:
“Santíssima Trindade”, de Masaccio 
(c.1425-1427), afresco da igreja de 
Santa Maria del Carmine (Florença), 
uma das primeiras pinturas a fazer 
uso da perspectiva linear
A Renascença e os Monumentos
dentre eles, figuras importantes
como Brunelleschi, Donatello e 
Masaccio, os primeiros grandes
mestres da arte e da arquitetura 
renascentistas.
 Cosimo de Medici e o seu neto (Lorenzo, 
o Magnífico), eram, “segundo o estatuto 
social, cidadãos comuns, mas, pela sua 
cultura, estavam ao nível dos grandes 
príncipes”. Fizeram de Florença a cidade 
mais atraente da Europa;
 Os grandes comerciantes foram os 
primeiros mecenas da história. A eles 
devemos não só os palácios, quadros, 
esculturas e literatura, mas sobretudo “o 
fato determinante dos florentinos terem 
aceito o Renascimento como base da 
cultura”.
Os Mecenas Renascentistas
Davi de Michelangelo, 
encomenda da guilda de 
comerciantes de lã de 
Florença (Itália)
 Deve-se, portanto, a uma série de 
famílias de grandes comerciantes e 
banqueiros (Medici, Pitti, Strozzi etc.) o 
fato do estilo renascentista, no século 
XIV, ter sido “inteiramente aceito em 
Florença e ali desenvolvido a maravilhosa 
unanimidade de propósitos, por 30 ou 40 
anos, antes que outras cidades da Itália, 
além de outros países estrangeiros, 
tivessem começado a entender o seu 
significado”. (Pevsner)
Cosimo I – Grã-Duque 
da Toscana
Os Mecenas Renascentistas
 Uma república comerciante naturalmente tenderá mais para os 
ideais “mundanos” do que para os ideais “transcendentais” 
(típicos de uma mentalidade dominada pela religiosidade); ou 
seja, tenderá mais “para a clareza, e não para a obscuridade”.
Os Mecenas Renascentistas
 “E uma vez que o clima era claro, limpo, saudável, e que a 
mente das pessoas era clara, limpa e orgulhosa, era ali 
que o espírito claro, orgulhoso e mundano da Antiguidade 
romana poderia ser redescoberto, (...) era ali que sua 
atitude com relação à beleza física nas belas-artes e no 
domínio da proporção na arquitetura poderia ter eco; era 
ali que sua grandeza e humanidade poderiam ser 
compreendidas”. (Pevsner)
Os Mecenas Renascentistas
 E assim como os Medici (e famílias rivais) 
honravam os intelectuais e os recebiam 
em seus círculos mais íntimos, assim 
como eles honravam os poetas e 
escreviam poesias, esses ilustres 
mecenas, de fato, consideravam os 
artistas sob um ângulo totalmente 
diferente do registrado durante a Idade 
Média. Ou seja, a “moderna maneira” de 
considerar o artista e o respeito à sua 
genialidade é algo que também nasceu 
na Toscana neste período.
Giovanni de Medici (Papa 
Leão X – 1513 a 1521): brasão
Os Mecenas Renascentistas
 “Agora, esses homens, quando 
construíam uma igreja, não 
queriam que sua aparência lhes 
lembrasse aquele incerto amanhã 
ou aquilo que viria depois que esta 
vida terminasse. Queriam que a 
arquitetura eternizasse o 
presente. Assim, eles 
encomendavam igrejas como 
templos à sua própria glória”. 
(Pevsner) Túmulo de Lorenzo 
Medici (Capela Medici), 
de Michelangelo
Os Mecenas Renascentistas
 Em 1334, as autoridades civis responsáveis 
pela nomeação de um novo mestre de obras 
para a catedral e para a cidade de Florença 
escolheram Giotto di Bondone (1267-1337), 
um pintor, porque estavam convencidas de que 
o arquiteto da cidade deveria ser, antes de 
mais nada, um “homem famoso”.
O Arquiteto na Renascença
Políptico de Santa 
Reparata, de Giotto
Campanário de Santa 
Maria Fiore (Florença), 
c.1298-1359
 Assim, unicamente por acreditarem 
que “no mundo todo não se poderia 
encontrar ninguém melhor neste e 
em outros assuntos”, escolheram 
Giotto, embora ele não fosse 
construtor. Cerca de 60 anos mais 
tarde, por sinal, outros dois pintores 
estavam entre os especialistas 
chamados para opinar sobre os 
projetos de conclusão da nova 
catedral de Florença.
O Arquiteto na Renascença
Campanário de Santa 
Maria Fiore (Florença), 
c.1298-1359
 Esses eventos assinalam o começo de um novo período 
da história da arquitetura como profissão;O Arquiteto na Renascença
Sansovino: “Netuno”
 A partir de então – e esta é uma 
característica específica da 
Renascença – os grandes arquitetos 
eram pessoas que geralmente não 
tinham uma formação específica na 
área: Rafael, Leonardo da Vinci e 
Bramante eram pintores renomados; 
Sansovino era escultor; Brunelleschi 
era ourives e relojoeiro; Baccio
d’Agnolo era marceneiro etc.
 Ou seja, grandes artistas eram 
homenageados e recebiam 
encomendas de trabalhos em 
outras áreas que não as de 
sua especialidade, 
simplesmente pelo fato de 
serem grandes artistas!
O Arquiteto na Renascença
Donato Bramante: “O 
Interior de uma Igreja”
 O fascínio pela Antiguidade, 
porém, não era apenas estético: 
era também social;
 Ou seja, tendo em vista que o 
estudo do passado romano era, 
neste momento, acessível apenas 
aos “instruídos”, demonstrar 
conhecimento sobre a Antiguidade 
Clássica era sinal de status e de 
domínio da leitura e da escrita.
A Arquitetura Renascentista
Chiostro (Claustro) del Bramante (Roma), 
anexo à Igreja de Santa Maria della Pace (1504) 
 Assim, o artista e o arquiteto - que até então haviam se 
contentado em aprender seu ofício com mestres e 
desenvolvê-lo conforme a tradição e sua própria 
imaginação -, dedicavam agora sua atenção à arte da 
Antiguidade, não apenas porque ela os encantava, mas 
também porque lhes conferia distinção social. 
A Arquitetura Renascentista
 Do lado dos ricos e 
influentes patronos, o 
interesse pela arquitetura, 
além de comprovar a sua
erudição, funcionava como
uma forma de competição
entre amigos e rivais pela
construção de edifícios
cada vez mais destacados. 
Palazzo Strozzi
(Florença)
A Arquitetura Renascentista
 “A natureza secular do Renascimento – o 
“triunfo do Humanismo” (...) – tem o seu 
símbolo (...) no palácio, e não menos nos 
palácios de Florença. Estes foram 
construídos em meados do século XV para 
famílias de comerciantes ou príncipes (...). 
Variando nos pormenores, obedecem, 
todavia, ao mesmo tipo”. (Jordan)
A Arquitetura Renascentista: o Palazzo
 Os palácios renascentistas são fundamentalmente urbanos. 
Alguns chegam a ocupar um quarteirão inteiro da cidade, e 
as fachadas, “como falésias de cantaria”, ficam junto à rua. 
A Arquitetura Renascentista: o Palazzo
Palazzo Medici (Florença)
 Todos têm um pátio interior
com colunatas e “agradáveis 
recantos sombreados”: “Aquilo 
que se espera da Renascença, 
em termos de delicadeza e 
articulação, pode ser visto 
principalmente nos pátios 
interiores”. (Jordan)
A Arquitetura Renascentista: o Palazzo
Palazzo Strozzi
(Florença)
A Arquitetura Renascentista: o Palazzo
Pátio interior do Palazzo Medici-Ricardi (Florença)
A Arquitetura Renascentista: o Palazzo
Pátio interior do Palazzo Ducale (Urbino)
 O pátio interno do Palazzo Farnese é circundado por galerias 
em arcadas (como em todo palácio renascentista), mas com 
colunas dóricas e um friso de métopas e tríglifos. 
A Arquitetura Renascentista: o Palazzo
 Além disso, o primeiro andar do 
Palazzo Farnese não tem uma 
galeria, mas sim “janelas nobres 
com frontões, dispostas em 
arcadas cegas, segundo a ordem 
jônica”. Essa disposição, na 
verdade, segue o uso romano: “o 
dórico, mais rude, deve figurar no 
térreo, o elegante jônico no 
primeiro andar e o rico coríntio no 
segundo”. (Jordan)
A Arquitetura Renascentista: o Palazzo
 O pavimento térreo dos palazzos destina-se à zona de serviço
e inclui, por exemplo, escritórios, estábulos, cozinhas, 
alojamentos dos guardas etc.; 
 Essas dependências têm normalmente pequenas janelas que 
dão para a rua, protegidas por grades de ferro que, muitas 
vezes, contrastam fortemente com a cantaria rusticada”.
Detalhe da fachada do 
Palazzo Pitti (Florença)
A Arquitetura Renascentista: o Palazzo
 Rusticado (“cantaria 
rusticada”, “aparelho rústico”): 
embora já tivesse sido usado 
em alguns (poucos) edifícios da 
Antiguidade romana, esse 
revestimento tornou-se 
realmente popular durante a 
Renascença, quando então 
geralmente o andar térreo – e 
às vezes toda a fachada – era 
decorado (revestido) dessa 
forma.
Palazzo Medici (Florença)
A Arquitetura Renascentista: o Palazzo
 O contraste entre o 
rusticado do andar térreo e 
as paredes “lisas” dos 
andares superiores 
normalmente enriqueciam 
as fachadas, tornando-as 
mais imponentes e 
marcantes. 
A Arquitetura Renascentista: o Palazzo
Palazzo Medici
(Florença)
Palazzo Medici (Florença)
A Arquitetura Renascentista: o Palazzo
Detalhe da fachada do Palazzo Pitti (Florença)
A Arquitetura Renascentista: o Palazzo
 Praticamente todos esses 
imponentes palácios possuem 
também uma série de salões no 
primeiro andar, com tetos 
côncavos e pintados. No exterior, 
a estes tetos correspondem as 
grandes áreas de parede maciça 
sobre cada fila de janelas.
A Arquitetura Renascentista: o Palazzo
A Arquitetura Renascentista: o Palazzo
Palazzo Farnese (Roma): piano nobile
 Finalmente, o palácio é coroado 
por uma cornija: a do Palazzo 
Strozzi, por exemplo, projeta-se a 
mais de dois metros sobre a rua, 
acentuando a sua imponência. 
Palazzo Strozzi (Florença)
Palazzo Rucellai (Florença)
A Arquitetura Renascentista: o Palazzo
A Arquitetura Renascentista: o Palazzo
Palazzo Farnese: piano nobile
A Arquitetura Renascentista: o Palazzo
Palazzo Farnese (Roma): escadaria
 Mais importante que as características individuais é o fato de 
se ter criado desse modo um novo tipo urbano, “que haveria 
de frutificar através do séculos na praça georgiana, (...) e no 
banco da Wall Street. Os burgueses abastados (...) tinham 
encontrado o seu símbolo arquitetônico”. (Jordan) 
“Palácio Renascentista” 
construído em Nova Iorque no 
início do século XX para um 
rico financista de Wall Street
A Arquitetura Renascentista: o Palazzo
 Filippo Brunelleschi (1377-1446)
 Leon Battista Alberti (1404-1472)
 Donato Bramante (1444-1514) 
A Arquitetura Renascentista
 De acordo com Pevsner, o primeiro edifício a assumir as 
formas renascentistas foi o Asilo dos Enjeitados 
(Ospedale degli Innocenti), de Filippo Brunellesci, iniciado 
em 1421;
A Arquitetura Renascentista: Brunelleschi
 Antes disso, em 1419, o ourives e 
relojoeiro Brunelleschi havia sido 
escolhido para terminar a catedral de 
Florença (Santa Maria del Fiore); ele 
acrescentou um domo sobre o 
cruzeiro, obra-prima da construção
gótica italiana.
 Ospedale: o andar térreo apresenta uma colunata com delicadas 
colunas coríntias e amplos arcos semicirculares; o primeiro andar 
apresenta uma série de janelas retangulares, de tamanho 
reduzido e bem espaçadas, encimadas por frontões triangulares 
pouco salientes. 
Ospedale degli Innocenti
A Arquitetura Renascentista: Brunelleschi
 Medalhões em terracota colorida estão colocados no espaço 
livre entre um arco e outro. Acima deles, um entablamento 
característico. Separando o andar térreo do primeiro andar, 
uma sutil arquitrave. 
 “Mas esses arcos que repousam sobre colunas tão delgadas 
são tão diferentes daqueles do Coliseu (...) quanto dos que 
aparecem em qualquer arcada gótica”. (Pevsner)
A Arquitetura Renascentista: Brunelleschi
A Arquitetura Renascentista: Brunelleschi
 A relação das igrejas de 
Brunelleschi com o passado 
é parecida. Santo Spirito, 
projetada em 1436, é uma 
basílica de arcadas e teto 
plano; “pode-se dizer que, 
por esses traços, elaseria 
praticamente paleocristã”.
A Arquitetura Renascentista: Brunelleschi
Basilica di Santo Spirito (Florença)
 As bases e os capitéis das 
colunas coríntias, por outro 
lado, bem como os fragmentos 
de um entablamento que os 
encima, são romanos, 
“realizados com tal fidelidade e 
compreensão de sua beleza 
vigorosa que iam além da 
capacidade dos arquitetos” do 
período anterior. (Pevsner)
A Arquitetura Renascentista: Brunelleschi
 Os curiosos nichos das naves 
laterais também são de 
inspiração romana, embora 
sejam tratados de modo 
original. Mas, “se é verdade 
que os motivos até aqui 
mencionados remontam à 
Idade Média, ou à Antiguidade, 
a expressão espacial para 
cuja criação contribuem é 
absolutamente nova e tem 
toda a serenidade do início da 
Renascença”.
A Arquitetura Renascentista: Brunelleschi
Interior da Igreja de Santo Spirito (Florença)
A Arquitetura Renascentista: Brunelleschi
 Ainda sobre Santo Spirito: a altura da 
nave principal tem exatamente o dobro 
da largura; o andar térreo e o andar do 
clerestório têm a mesma altura; as 
naves laterais são formadas por vãos 
quadrados, cuja altura tem o dobro da 
largura etc.; 
 “Caminhando através da igreja, talvez 
não registremos conscientemente, de 
imediato, todas essas proporções, mas 
mesmo assim elas contribuem para o 
efeito de serena ordem que o seu 
interior produz”. (Pevsner) 
A Arquitetura Renascentista: Brunelleschi
“Hoje é difícil imaginar o 
entusiasmo da Renascença 
primitiva por essas relações 
matemáticas simples aplicadas 
ao espaço. Para se poder 
apreciá-las, é preciso saber que 
foi naquela época – por volta de 
1425 – que os pintores de 
Florença descobriram as leis da 
perspectiva”. (Pevsner)
A Arquitetura Renascentista: Brunelleschi
Consequentemente, “do 
mesmo modo que, como em 
suas pinturas, eles já não se 
satisfaziam com uma 
representação arbitrária do 
espaço, também os arquitetos 
mostravam-se agora ansiosos 
por descobrir proporções 
racionais para suas 
construções”. (Pevsner)
A Arquitetura Renascentista: Brunelleschi
Igreja de S.Spirito (1436)
Igreja de S. Maria degli Angeli
 No mesmo ano em que S. Spirito
foi iniciada, Brunelleschi projetou 
uma igreja de plano completamente 
central, a primeira da 
Renascença: Santa Maria degli
Angeli
 Tanto aqui, quanto na ala leste de 
S. Spirito, Brunelleschi afastou-se 
da composição normal das igrejas 
românicas e góticas, evidenciando 
“um novo entusiasmo” e um esforço 
renovado para dominar o espaço.
A Arquitetura Renascentista: Brunelleschi
 A função principal de uma igreja da Idade Média, como 
vimos, era guiar o fiel até o altar. Numa construção de plano 
central, contudo, esse movimento não é possível.
A Arquitetura Renascentista: Brunelleschi
Igreja de Sta. Maria degli Angeli
 A construção de plano central só exerce plenamente todo o 
seu efeito quando é observada de um determinado ponto 
focal. É ali que o espectador deve se colocar e, dali, ele se 
torna “a medida de todas as coisas”. Assim, “o significado 
religioso da igreja é substituído por um significado 
humano”.
A Arquitetura Renascentista: Brunelleschi
Interior da Capela dos 
Pazzi, de Brunelleschi
 Na igreja, “o homem não mais se esforça para alcançar um 
objetivo transcendente: apenas desfruta da beleza que o cerca
e da gloriosa sensação de ser o centro dessa beleza”. Ou, 
como diz Pevsner: “Não se poderia ter concebido nenhum 
símbolo mais eloquente (...) para a nova atitude dos 
humanistas e seus patronos com relação ao homem e à 
religião”.
A Arquitetura Renascentista: Brunelleschi
Igreja de Sta. Maria 
degli Angeli
 “Os arquitetos renascentistas (...) 
sempre ansiaram pelo fascínio 
geométrico ou arquitetônico deste tipo 
de planta. (...) enquanto a planta 
medieval, do tipo basilical, orientava 
os fiéis para os mistérios distantes de 
Deus, a planta centrada era 
tipicamente renascentista, pois 
glorificava o próprio homem, 
colocando-o no centro de todas as 
coisas, e terá sido isto que levou a 
Igreja a rejeitá-la”. (Jordan)
A Arquitetura Renascentista: Brunelleschi
Estudo de Leonardo da Vinci 
para uma igreja de plano 
central (1488)
 Contudo, isso não excluía o uso da planta centrada em 
pequenas capelas ou em mausoléus de importantes 
famílias, como veremos adiante...
A Arquitetura Renascentista: Brunelleschi
Capela dos Pazzi, de Brunelleschi (iniciada em 1429)
 Leon Battista Alberti (1404-
1472), de aristocrática família 
florentina, era um típico cortesão 
italiano do século XV: “cavaleiro e 
um atleta brilhante, (...) escrevia 
peças e compunha música, pintava 
e estudava física e matemática, era 
um perito em leis, e seus livros 
abordam tanto questões de 
economia doméstica como de 
pintura e arquitetura”. (Pevsner) 
A Arquitetura Renascentista: Alberti
A Arquitetura Renascentista: Alberti
 No contexto renascentista, Alberti
representa um novo tipo de 
arquiteto: enquanto Brunelleschi e 
Michelangelo foram escultores-
arquitetos, Giotto e Leonardo da 
Vinci foram pintores-arquitetos, 
Alberti foi, de fato, o primeiro dos 
arquitetos a atuar com o interesse 
focado na própria arquitetura. 
 A fachada da Igreja de San Francesco em Rimini, iniciada 
em 1446 (mas nunca terminada), é a primeira da Europa a 
adaptar a composição do arco triunfal romano à arquitetura 
de uma igreja. Como diz Pevsner: “com isso, Alberti revela-
se muito mais empenhado do que Brunelleschi em reviver a 
antiguidade”. 
A Arquitetura Renascentista: Alberti
Arco de Adriano em Jerash (Jordânia)
 A parte lateral da igreja possui sete 
nichos em arcos plenos, separados 
por pesados pilares. Esses nichos, 
por sua vez, contêm sarcófagos, os 
monumentos aos humanistas da 
corte de Sigismundo Malatesta (daí 
a sua outra denominação: Templo 
Malatesta).
A Arquitetura Renascentista: Alberti
 Para a ala leste, aparentemente havia sido projetada uma 
imponente cúpula, novamente como um monumento à glória 
de Sigismundo e sua esposa.
A Arquitetura Renascentista: Alberti
Recriação em 3D do 
projeto original de 
Alberti para a Igreja de 
San Francesco
Sigismundus Pandulfus Ma- latesta Pan. F. V. Fecit - Anno Gratiae MCCCCL
A Arquitetura Renascentista: Alberti
 O mesmo “orgulho” de Sigismundo Malatesta é demonstrado 
por Giovanni Rucellai, um mercador de Florença para quem 
Alberti projetou a sua segunda fachada de igreja: a de Santa 
Maria Novella (em Florença). 
A Arquitetura Renascentista: Alberti
 O nome desse comerciante também aparece na fachada de 
S. Maria Novella. Essa atitude, por sinal, tornou possível 
que os doadores dos afrescos pintados nessa mesma igreja 
aparecessem em tamanho natural, e com roupas da época, 
“como se fossem atores das histórias sagradas”.
A Arquitetura Renascentista: Alberti
 Nessa fachada, Alberti introduziu o motivo de grandes 
volutas, uma característica que viria a ter enorme projeção 
ao longo dos séculos (especialmente a partir da Igreja de 
Gesú, de Giacomo Vignola).
A Arquitetura Renascentista: Alberti
 Para o mesmo patrono da 
fachada de Santa Maria 
Novella, Alberti realiza outro 
projeto de destaque: o 
Palazzo Rucellai, iniciado em 
1446 (e também na cidade de 
Florença);
 Alberti empregou pilastras na 
fachada e, com isso, 
introduziu “um novo e 
esplêndido meio de compor 
uma parede”.
A Arquitetura Renascentista: Alberti
 Nesse palazzo, três ordens de 
pilastras aparecemsuperpostas, com “um 
tratamento dórico livre” ao 
nível do andar térreo, um 
jônico no primeiro andar e um 
coríntio no andar superior. 
A Arquitetura Renascentista: Alberti
 Enquanto essas pilastras dividem a fachada verticalmente, 
elegantes cornijas projetadas realçam as divisões 
horizontais; 
A Arquitetura Renascentista: Alberti
 A cornija superior, 
por sua vez é, 
provavelmente, a 
primeira de 
Florença. (Pevsner)
 A proporção entre a altura e a 
largura nas partes retangulares 
das janelas é igual à proporção 
entre a altura e a largura dos 
vãos. Assim, “a colocação de 
cada detalhe parece já estar 
determinada, e não há 
possibilidade de qualquer 
mudança”. 
A Arquitetura Renascentista: Alberti
 Segundo os escritos de Alberti, é nesse equilíbrio que está 
a própria essência da beleza, que ele define como sendo “a 
harmonia e a concordância de todas as partes realizada 
de tal forma que nada possa ser acrescentado, retirado ou 
alterado, sem que seja para pior”.
A Arquitetura Renascentista: Alberti
 Para ilustrar o princípio da ordenação rigorosa que Alberti
defendia também para o interior das igrejas, vejamos o 
plano da Igreja de San Andrea em Mântua, última obra de 
Alberti, projetada por volta de1460.
A Arquitetura Renascentista: Alberti
 Curiosidade: a sua fachada “curiosamente pagã” levou um 
cardeal a fazer o seguinte comentário: “não sei dizer se isto 
se transformará numa igreja, numa mesquita ou numa 
sinagoga.” 
A Arquitetura Renascentista: Alberti
 Como em Santo Spirito, o lado 
leste dessa igreja segue uma 
composição de plano central; 
 Do ponto de vista prático, essas 
igrejas de plano central eram 
realmente pouco funcionais. 
Portanto, desde o começo, pode-se 
perceber tentativas de combinar o 
tradicional plano longitudinal com 
características centrais, 
“esteticamente mais agradáveis”. 
Leste
Oeste
A Arquitetura Renascentista: Alberti
 Em San Andrea, Alberti substituiu a 
disposição tradicional de nave 
principal e naves laterais por uma 
série de capelas (que tomam o lugar 
das naves laterais e que 
correspondem à largura dos 
contrafortes) que se ligam à nave 
principal, alternadamente, por 
aberturas altas e largas e por 
aberturas baixas e estreitas. 
A Arquitetura Renascentista: Alberti
Detalhe das 
capelas de San
Andrea
A Arquitetura Renascentista: Alberti
 Com isso, as naves laterais 
deixam de participar de um 
movimento orientado na 
direção leste e tornam-se 
uma série de “centros 
menores” que acompanham a 
espaçosa nave recoberta por 
uma abóbada de berço. 
A Arquitetura Renascentista: Alberti
 Em relação às paredes que encerram a nave, a mesma 
intenção é evidente na substituição da simples sequencia 
ininterrupta de colunas (característica da basílica), por uma 
alternância rítmica (a-b-a) de vãos abertos e fechados; 
 As colunas, por sua 
vez, são 
substituídas por 
pilastras gigantes, 
as primeiras da 
arquitetura 
ocidental. 
A Arquitetura Renascentista: Alberti
 Podemos avaliar o quanto a 
manutenção das mesmas 
proporções por toda parte é 
responsável pela “harmonia 
profundamente tranquilizante” de 
San Andrea, se observarmos que o 
mesmo ritmo (a-b-a) e as mesmas 
pilastras gigantes são utilizadas 
como motivo principal da fachada da 
igreja, e que a proporção dos arcos 
do cruzeiro é a mesma das capelas 
laterais.
A Arquitetura Renascentista: Alberti
 Coerente com suas próprias teorias, Alberti ainda erguia 
suas igrejas sobre uma plataforma elevada (semelhante ao 
que faziam os antigos romanos com os templos). 
A Arquitetura Renascentista: Alberti
San Andrea
S. Sebastiano
A Arquitetura Renascentista: Alberti
Interior da Igreja de San Andrea
A Alta Renascença
 “A Baixa Renascença havia 
redescoberto a Antiguidade e tinha 
utilizado com prazer uma mistura de 
cópia de detalhes e liberdade ingênua 
na reconstrução de algo mais do que 
detalhes. A Alta Renascença [c.1480-
c.1520], no uso que fazia das formas 
romanas, não era muito mais precisa, 
mas o espírito da Antiguidade por um 
momento reviveu de fato na 
austeridade de Bramante e na 
maturidade de Rafael”. (Pevsner) 
A Alta Renascença
 A Baixa Renascença foi essencialmente toscana; a Alta 
Renascença, contudo, é romana;
 “Em Roma tornou-se um grande estilo internacional, legando 
à Europa uma arquitetura destinada a perdurar durante três 
séculos, tal como Paris dera à Europa o estilo gótico”. 
(Jordan)
A Alta Renascença
 A passagem da Baixa Renascença para a Alta 
Renascença, da delicadeza à grandiosidade, e de uma 
concepção mais sutil das superfícies a uma modulação 
das paredes num alto-relevo mais audacioso encorajou 
um estudo mais intenso das ruínas da Roma Imperial.
A Alta Renascença: Bramante
 A primeira construção de Bramante foi feita em Milão, entre 
1477 e 1480: a igreja de Santa Maria presso San Satiro;
 Em função da semelhança com a igreja de San Andrea de 
Mântua (de Alberti), acredita-se que Bramante a teria conhecido 
muito bem antes de elaborar o seu projeto.
A Alta Renascença: Bramante
 A igreja de Sta. Maria 
presso S. Satiro não tinha 
espaço para o coro, levando 
Bramante a adotar uma 
solução criativa (que 
também demonstrava o seu 
talento na pintura e no uso 
da perspectiva linear).
A Alta Renascença: Bramante
Sta. Maria presso S. Satiro
A Alta Renascença: Bramante
 Ele desenhou na parede um trompe-l’oeil (“engana o 
olho”, em francês), técnica artística que, com truques de 
perspectiva, cria uma ilusão ótica que mostra objetos ou 
formas que não existem realmente. 
A Alta Renascença: Bramante
Villa Farnesina (c.1510), em Roma, do arquiteto Baldassari Peruzzi
A Alta Renascença: Bramante
 Em 1499 Bramante mudou-se de Milão para Roma: a 
partir de então, sua arquitetura assumiu, de imediato, uma 
austeridade muito maior; 
 O Tempietto di San Pietro in
Montorio, de 1502, é o primeiro 
monumento que opõe a Alta 
Renascença à Baixa Renascença, e é 
também um “monumento” em seu 
sentido mais preciso, isto é, uma 
realização muito mais escultural do 
que propriamente arquitetural. 
A Alta Renascença: Bramante
A Alta Renascença: Bramante
 O Tempietto foi construído para assinalar 
o lugar em que se supõe ter sido 
crucificado S. Pedro (Pevsner: “Assim, 
podemos chamá-lo de um relicário 
ampliado”); 
 A primeira impressão do Tempietto, após 
as igrejas e palácios do século XV, é 
“quase chocante”; 
 A ordem das colunas é o dórico toscano –
“é a primeira utilização moderna dessa 
ordem austera e despojada”.
A Alta Renascença: Bramante
 As colunas sustentam um entablamento clássico, outro 
traço que contribui “para dar ao conjunto uma sensação de 
peso e rigor”. 
A Alta Renascença: Bramante
 Por outro lado, além dos 
tríglifos e das métopas, não há 
um único cm² de decoração em 
toda a parte externa. Isso, 
combinado com a simplicidade 
das proporções – exemplo: a 
proporção existente entre a 
largura e a altura no andar 
térreo é repetida no andar 
superior – dá ao Tempietto
“uma dignidade que está bem 
além do seu tamanho”.
A Alta Renascença: Bramante
 Pevsner: com o Tempietto, 
a Renascença atingiu seu 
objetivo consciente de 
imitar a Antiguidade 
clássica. Pois, bem além 
dos motivos da simples 
expressão formal, esta é 
uma construção que 
aparece, quase tanto 
quanto um templo grego, 
como puro volume.
A Alta Renascença: Bramante Em 1506, o papa Júlio II confiou a Bramante a 
reconstrução da Basílica de São Pedro, a mais sagrada 
das igrejas do Ocidente. De fato, até aquela data, São 
Pedro permanecia praticamente inalterada desde a sua 
construção pelo imperador Constantino; 
Planta baixa proposta por Bramante para São 
Pedro (Roma): trata-se de uma cruz grega com 
quatro absides, inteiramente simétrica.
 A São Pedro de Júlio II, porém, seria 
uma construção de plano central –
uma decisão surpreendente, 
considerando-se a imensa 
significação religiosa dessa basílica!
A Alta Renascença: Bramante
 Ou seja, com o próprio papa adotando esse símbolo de 
mundanismo em sua própria igreja, “o espírito do 
humanismo havia realmente penetrado no mais interior da 
fortaleza da resistência cristã”. (Pevsner)
 “Do ponto de vista geométrico, a planta de Bramante era 
brilhante, mas impossível do ponto de vista litúrgico; não 
se sabia em qual das quatro absides iguais se colocaria 
um altar (...) e, se fosse colocado sob a cúpula (...), para 
que lado se voltaria o celebrante”. (Jordan)
 Ou seja, “foi um triunfo efêmero”.
A Alta Renascença: Bramante
 De fato, ao longo de quase 
cem anos de construção, a 
planta de São Pedro foi sendo 
continuamente modificada, 
obtendo-se, ao final, uma 
“gloriosa basílica”;
 “(...) uma vitória dos clérigos 
sobre os arquitetos”. (Jordan)
A Alta Renascença: Bramante
 O que é novo, e inteiramente 
do século XVI, é a maneira de 
tratar as paredes e, 
sobretudo, os pilares que 
sustentam o domo central, as 
únicas partes do plano de 
Bramante que foram 
executadas e que ainda são 
parcialmente visíveis.
A Alta Renascença: Bramante
 Nelas, nada sobrou da “escala 
humana e da delicada modelação, 
típicas da Baixa Renascença”. 
Trata-se de peças maciças em 
pedra, “energicamente caneladas”, 
explorando de forma intensa as 
potencialidades plásticas de uma 
parede; 
 Bramante: “o arauto do Barroco.” 
A Alta Renascença: Michelangelo
 “A verdade é que ele [Michelangelo] 
pertenceu à Renascença apenas por uns 
poucos anos, no início de sua carreira. A 
Pietá, de 1499, pode muito bem ser uma 
obra da Alta Renascença. Também o Davi
pode participar do espírito da 
Renascença. Já, da Capela Sistina, pode-
se dizer o mesmo apenas em parte; e de 
seu trabalho posterior a 1515 quase nada 
é renascentista. Sua natureza tornou-lhe 
impossível aceitar os ideais da 
Renascença por muito tempo”. (Pevsner)
Renascimento fora da Itália
 “Trata-se de um tema complexo, porque o 
desenvolvimento dessas concepções em qualquer 
outro país não foi nem contínuo nem lógico. A influência 
italiana fez-se sentir de modo arbitrário, dependendo 
largamente das circunstâncias políticas. Mais ainda, 
nos países onde a tradição gótica estava mais 
profundamente enraizada, o novo estilo, de início, foi 
usado apenas de modo superficial, como uma nova 
forma de ornamentação. A primeira fase da arquitetura 
renascentista na França, na Inglaterra e na Alemanha 
aparece, por isso, como uma arte híbrida, difícil de 
avaliar nos seus próprios termos.” (Jordan)
Referências:
JORDAN, Robert Furneaux. História da Arquitetura no Ocidente. São 
Paulo: Editorial Verbo, 1985. 
KING, Ross. O Domo de Brunelleschi. Rio de Janeiro: Editora Record, 
2013.
PEVSNER, Nikolaus. Panorama da Arquitetura Ocidental. São Paulo: 
Martins Fontes, 2002.
RENAISSANCE Architecture. Essential Humanities. Disponível em: 
<http://www.essential-humanities.net/western-art/western-
architecture/renaissance-architecture/#.UeHfw9JJ7ko>. Acesso em: 10 jul. 
2013.

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