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CRIMINOLOGIA 01

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DELEGADO DA POLICIA CIVIL 	 
	Criminologia 	 
	Rogério Sanches 	 
 
 
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	Criminologia 	 
	Rogério Sanches 	 
 
 
	 	DELEGADO DA POLICIA CIVIL 	 
	Criminologia 	 
	Rogério Sanches 	 
 
 
 
 
RESUMO: O direito penal estabelece as normas de conduta e comina sanções para a prevenção e reprovação das infrações penais (crimes e contravenções). Assim, o legislador ao criar o tipo penal tem em mente a proteção de um bem jurídico relevante, cuja lesão possa vir a causar uma desarmonia social. 
 	 
E a criminologia? Nesse procedimento seletivo, a criminologia pode auxiliar o legislador, pois é a ciência que cuida da causa (etiologia) do comportamento criminoso, e de seus meios preventivos.
 
Criminologia: Conceito 
 
Ciência empírica e interdisciplinar, que se ocupa do estudo do crime, da pessoa do infrator, da vítima e do controle social do comportamento delitivo, e que trata de subministrar uma informação válida, contrastada, sobre a gênese (causa), dinâmica e variáveis principais do crime – contemplado este como problema individual e como problema social – , assim como sobre os programas de prevenção eficaz do mesmo e técnicas de intervenção positiva no homem delinquente e nos diversos modelos ou sistemas de resposta ao delito. 
 	 
A criminologia é considerada ciência, pois apresenta função, método, e objeto próprios. Reúne informações válidas e confiáveis sobre a criminalidade baseadas na observação do mundo concreto, real. 
 	 
Qual seu método? É o método empírico, baseado na coleção de uma grande quantidade de dados de um fenômeno natural. Da análise dos dados cria uma teoria ou chega a uma determinada conclusão. Os dados empíricos são baseados na observação do mundo concreto.
OBS: A cientificidade revela que esta disciplina por meio do seu método (empírico), poderá fornecer informações dotadas de validade, confiabilidade sobre o delito e sua causa.
 
ATENÇÃO: não se trata de uma ciência exata que traz informações absolutas, de certeza insofismável, mas sim de uma ciência do ser, de natureza eminentemente humana, apresentando informações parciais, fragmentadas, e provisórias, mas compatíveis com a realidade. 
Obs: As informações dadas pela criminologia não são neutras, mas contribuem para a compreensão do delito.
 
Criminologia: História 
 
A história da criminologia costuma a ser estruturada por meio de períodos ou fases distintas. Partindo-se desta premissa, o período da antiguidade é marcado pelos grandes pensadores que opinavam e forneciam diversos conceitos sobre assuntos relacionados ao estudo criminológico, como os delitos, e as respectivas sanções. 
 
Protágoras (485-415 a.C) compreendia a pena como meio de evitar a prática de novas infrações pelo exemplo que deveria dar a todos os membros de um corpo social. 
Temos aqui:
Um estudo criminológico;
Estudo sobre a finalidade da pena;
Pena: Prevenção geral negativa (ficando afastada a ideia de retribuição)
Sócrates (470-399 a.C) destaca a importância da ressocialização, na medida em que pregava a necessidade de ensinar os delinquentes a não reiterar a conduta delitiva. 
Estudo criminológico
Pena e sua finalidade
Pena: prevenção especial negativa (evitar a reincidência) e positiva (ressocialização)
 
 Platão (427-347 a.C) sustentava que a ganância, a cobiça ou cupidez geravam a criminalidade. 
Estudo criminológico
Etiologia do crime
Associa a pratica delituosa a fatores de ordem econômica.
Aristóteles (388-322 a.C) seguia a mesma linha de pensamento de Platão. 
Imputava a fatores econômicos a causa do fenômeno criminal.
 
Conclusão: Esta fase ou período é responsável por lançar bases ou premissas éticas do delito e sua posição, com destaque para as causas e finalidades.
 
No período da Idade Média vigorava na Europa o sistema feudal, e o cristianismo era a ideologia religiosa dominante da época. Nesta fase, a doutrina cita São Tomás de Aquino (1226 - 1274), precursor da Justiça Distributiva, isto é, de se dar a cada um o que é seu segundo certa igualdade. 
Sustentava que a pobreza desencadeava o roubo, e defendia o furto famélico (excludente de estado de necessidade).
Outra personalidade marcante, tida como pensador medieval, é Santo Agostinho (354 a 430 d.C). 
Estudo criminológico;
Compreendia a pena de talião como uma injustiça, para ele a pena deveria assumir um papel de defesa social e promover a ressocialização do delinquente evitando a prática de novos crimes. (finalidade da pena, essencialmente preventiva).
A maioria dos manuais, no entanto, estuda a evolução da criminolgia a partir das escolas clássica e positiva (ou positivista): 
 
escola clássica (séc. XVIII); 
 
escola positiva (séc XIX); 
escola sociológica (séc XIX)
A Escola Clássica procurou construir os limites do poder punitivo do Estado em face da liberdade individual. 
 
a) baseada no iluminismo;
 
b) insurge-se contra as torturas e desrespeitos dos direitos fundamentais praticados pelo antigo regime absolutista
 
c) direito penal tem um fim de tutela (pena = instrumento de proteção)
 
d) a pena deve ser proporcional ao delito, deve ser certa, conhecida e justa.
 
o fundamento da responsabilidade penal encontra-se no livre arbítrio e na imputabilidade moral. (O homem criminoso sendo livre para escolher entre o bem e o mal, escolhe o mal. Os partidários dessa escola concentram seu estudo na vontade livre e consciente do indivíduo).
 
a pena é uma resposta objetiva a prática do delito revelando seu cunho retribucionista. 
 
O principal nome dessa escola é Beccaria (o 
Marquês de Beccaria) 
 
Fez 	surgir 	o 	chamado movimento humanitário em relação ao Direito de punir estatal. (Mostra-se contra as penas de caráter cruel e principalmente a desigualdade das penas determinadas pela classe social do delinquente, quanto mais pobre mais cruel a pena, quanto mais rico mais branda).
Inspirando-se na filosofia estrangeira sobretudo em Montesquieu, Hume e Rosseau, Beccaria baseou seu pensamento nos princípios do contrato social, do direito natural e do utilitarismo. 
 
Beccaria foi um contratualista, igualitário, liberal e individualista. (Abusava do critério de DEDUÇÃO, formulando princípios a priori e deduzindo depois, tirando conclusões).
 
O livro do Marquês de Beccaria, Dei delitti e delle pene (1764), será a mola propulsora para uma nova forma de pensar o sistema punitivo. 
 
Apesar da sua abordagem nitidamente filosófica, a obra se volta contra os excessos punitivos, marca dos regimes absolutistas, pretendendo humanizar a resposta do Estado à infração penal. 
 
Principais ideias defendidas por Beccaria: 
 
“(…)para que cada pena não seja uma violência (insurge contra penas cruéis) de um ou de muitos contra um cidadão privado, deve ser essencialmente pública (conhecida), rápida, necessária, a mínima possível nas circunstâncias dadas, proporcional aos delitos e ditadas pelas leis”. (pena mínima necessária e proporcional.
 
“Entre as penalidades e no modo de aplicá-las proporcionalmente aos delitos, é necessário, portanto, escolher os meios que devem provocar no espírito público a impressão mais eficaz e mais durável e, igualmente, menos cruel no corpo do culpado”. 
OBS: Beccaria era contra a pena de morte, salvo em tempo de guerra.
 
“Se a intenção fosse punida, seria necessário ter não apenas um Código particular para cada cidadão, mas uma nova lei penal para cada crime”. 
Beccaria repudia tipificação do desejo do pensamento, incentivando a tipificação de condutas.
Consegue-se perceber em Beccaria, um repudio ao direito penal do autor, dando preferência ao direito penal do fato.
“Ponde o texto sagrado das leis nas mãos do povo e, quantos mais homens o lerem, menos delitos haverá; pois não é possível duvidar que, no espírito do que pensa cometer um crime, o conhecimento e a certeza das penas coloquem um freio à eloquência das paixões”. 
Lei anterior conhecida, certa e necessária, acaba sendo um fatorde inibição de comportamentos criminosos).
Beccaria defende aqui o P. da Taxatividade.
 
O réu não deve ser julgado por um tribunal parcial (defende a imparcialidade do julgador).
 
Deve preponderar a publicidade do processo (mostra-se contra julgamentos secretos). 
 
Contra acusações secretas 
 
Cabia o juiz aplicar as leis e não interpretálas. 
 
A Escola Positiva tem como os seus principais autores e obras Cesare Lombroso que marcou a fase antropológica da criminologia (O homem delinquente), e na fase jurídica Rafael Garofalo (Criminologia), e Enrico Ferri (Sociologia Criminale). Por essa linha de pensamento: 
 
a) a criminalidade é considerada um fenômeno natural de causa determinada;
 
b) a criminologia deve explicar as causas dos delitos, utilizando-se de método cientifico capaz de prever meios de combater o crime;
 
c) a criminologia assume o papel de defesa do corpo social;
 
d) a criminologia combatendo a criminalidade; (reação em favor da defesa social);
 
e) a pena não deve ser aplicada com o fim de retribuição (escola clássica), mas em razão da periculosidade do delinquente como instrumento de defesa social.
 
O maior expoente do positivismo foi Cesare Lombroso. Médico italiano, é responsável por estudos do homem sob uma perspectiva morfológica 
Obs: Neste período (positivista), o estudo da criminalidade abandona as ideias da Escola Clássica (defensora do livre arbítrio) e migra para o terreno do concretismo, da verificação pratica do delito e do delinquente.
 
O marco científico da Criminologia se dá com a publicação da obra “L’Uomo Delinquente”, de Lombroso, no final do século XIX. 
Obs: Até então diversas investigações sobre o crime (e sua causa) e o criminoso, foram conduzidas por pseudociências ou ciências ocultas. Cesare Lombroso trouxe estudos com PREDICADO CIENTÍFICO.
A DEMOLOGIA, por exemplo, procurou explicar o mal (conduta criminosa) por meio do estudo dos demônios e tal foi o desenvolvimento desta que se chegou a um número de 7 milhões diabos. 
 
Resumo: Trabalhava com ideias de possessão, desenvolveu a teoria da tentação (o criminoso embora não possuído, era tentado pelo espirito do mal). Promove a compreensão do crime como um mal externo a natureza humana; (estuda o crime, mas não de forma cientifica).
 	 
Temos, ainda, a FISIONOMIA, pseudociência que mais se aproxima do positivismo criminológico de Lombroso. Como o próprio nome enuncia, esta ciência oculta foca suas pesquisas na aparência do indivíduo como ponto de conexão entre o externo e o interno, entre o físico e o psíquico. (está teoria é aprimorada por Lombroso).
 
Resumo: Sustenta a relação entre corpo e alma, sinalizando para algumas características de índole criminosa que podem manifestar-se na cabeça, orelha, nariz e dentes.
 	 
Cita-se, também, a FRENOLOGIA, ciência que tem por objetivo identificar a localização física de cada função anímica do cérebro 
(Teoria da localização). 
 
Resumo: A chave para explicar o comportamento criminoso está no crânio, pois nele manifesta-se cada função do cérebro.
 	 
Essas pseudociências foram importantes para o nascimento do movimento científico da criminologia nos fins do século XIX. 
 
Essa importância está evidente nas obras de Lombroso, nome mais destacado da Escola 
Positiva. 
 
Lombroso, na sua construção teórica, promove um resumo de todo o pensamento à sua volta, especialmente os fisionomistas (tbm vai trabalhar a aparência do indivíduo como ponto de conexão entre o externo e o interno, entre o físico e o psíquico) e frenólogos (o comportamento criminoso está no crânio).
 
Lombroso incorpora o método experimental em todos os seus trabalhos, derivando da aplicação desta orientação a figura do criminoso nato (expressão criada por Ferri). 
Resumo: Examinando o crânio de um criminoso multireincidente, Lombroso encontra uma série de anomalias, e, daí, à vista desta estranha característica do crânio do criminoso examinado, pensava ter resolvido o problema da origem do comportamento criminoso.
 
As conclusões de Lombroso repercutem especialmente no modelo de política-criminal a ser adotado para o combate à criminalidade: contra o criminoso nato, incorrigível, não caberiam aplicações de sanções morais, mas sim preventivas, devendo a sociedade se proteger com aplicação da pena de prisão perpétua ou de morte. 
 
A principal contribuição de Lombroso para a Criminologia não reside tanto em sua famosa tipologia (onde destaca a categoria do "delinqüente 	nato") 	ou 	em 	sua 	teoria criminológica, senão no método que utilizou em suas investigações: MÉTODO EMPÍRICO INDUTIVO – Marco cientifico da criminologia. 
Sua teoria foi construída com base em resultados de mais de 400 autopsias de delinquentes e 600 analises de delinquentes vivos.
 
Enrico Ferri (1856-1929) e seu determinismo social também contribuíram para a evolução da criminologia. Autor da obra Sociologia Criminal publicada em 1914, apontava os fatores antropológicos, sociais e físicos como as causas do delito. 
Entre seus estudos pode ser apontada a tese de negativa do livre arbítrio (a defesa do determinismo social).
Ferri não admite crime como produto da liberdade de escolha do agente. (Defende a responsabilidade social). 
Ferri acredita que todo criminoso deve ser afastado do convívio social. (Pena como instrumento de defesa social).
ATENÇÃO: Ferri também foi o idealizador da Lei da Saturação Criminal que realizava a seguinte associação: 
Da mesma forma que um liquido em determinada temperatura dilua em parte assim também ocorre com o fenômeno criminal, pois em determinadas condições sociais seriam produzidos determinados delitos.
O jurista e ministro da Corte de Apelação de Nápoles, 	Raphael 	Garofalo, 	criador 	do TERMO criminologia, a compreendia como a ciência da criminalidade, do delito e da pena. 
 
Garofalo sustentava que se havia o criminoso nato também haveria de existir o delito desta mesma 	natureza. 	Portanto, 	Garofalo acreditava na existência de duas espécies de delitos: delitos legais e delitos naturais. 
Delitos Legais: sofriam variações conforme o local, pois não ofendiam o senso de moralidade comum. (Delitos tributários)
Delitos naturais: Lesavam sentimentos de altruísmo ou de piedade, inerentes a própria condição humana, independentemente de onde se encontrassem. (Delitos contra a vida) 
 
 
 
A Escola Sociológica do Direito considera que o DIREITO é um fato social, é um fenômeno social decorrente do próprio convívio do homem em sociedade, sendo direito o conjunto de normas que regulam a vida social. Direito é realidade da vida social. Seu FUNDAMENTO está na própria sociedade e nas inter-relações sociais. Tem ORIGEM com o pensamento dos sociólogos Herbert Spencer, Émile Durkheim, Léon Duguit, Nordi Greco.
Afinal, quando nasceu a criminologia? 
O termo criminologia foi criado por GAROFALO.
O marco cientifico se deve a LOMBROSO.
Para aqueles que defendem que criminologia se resume aos estudos dos fenômenos sociais, sua gênese se da com os trabalhos de Quetelet.
Para aqueles que entendem que criminologia abarca política-criminal, sua origem ocorre com BECCARIA.
Criminologia: Finalidade 
 
Os autores modernos, de forma copiosa, escrevem que função linear da criminologia é informar a sociedade e os poderes públicos sobre o crime, o criminoso, a vítima e o controle social, reunindo um núcleo de conhecimentos seguros que permita compreender cientificamente o problema criminal, preveni-lo e intervir com eficácia e de modo positivo no homem criminoso. 
Indicar um diagnóstico qualificado e conjuntural sobre o crime.
 
ATENÇÃO
A criminologia não é causalista;
A criminologia não é fonte de dados ou de estatísticas.
A criminologia é uma ciência pratica com problemas e conflitos concretos.
O papel da criminologia no cenário social, é a constante luta contra a criminalidade, o controle e a prevenção do delito.
 
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