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Livro políticas públicas de composição do CPC

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Prévia do material em texto

1 1
Políticas Públicas para Composição no Código de Processo Civil Brasileiro
Políticas 
Públicas para
composição
no Código de Processo 
Civil brasileiro
Fabiana Marion Spengler
Theobaldo Spengler Neto
(organizadores)
2 3
Políticas Públicas para Composição no Código de Processo Civil Brasileiro
2017
Santa Cruz do Sul
1ª edição
Políticas Públicas 
para composição 
no Código de 
Processo Civil 
brasileiro
Fabiana Marion Spengler
Theobaldo Spengler Neto
(organizadores)
2 3
Políticas Públicas para Composição no Código de Processo Civil Brasileiro
CONSELHO EDITORIAL
Prof. Dr. Alexandre Morais da Rosa – Direito – UFSC e UNIVALI/Brasil
Prof. Dr. Alvaro Sanchez Bravo – Direito – Universidad de Sevilla/Espanha
Prof. Dr. Argemiro Luís Brum –Economia – UNIJUI/Brasil
Prof. Dr. Carlos M. Carcova – Direito – UBA/Argentina
Profª. Drª. Caroline Müller Bitencourt – Direito – UNISC/Brasil
Prof. Dr. Demétrio de Azeredo Soster – Ciências da Comunicação – UNISC/Brasil
Prof. Dr. Eduardo Devés – Direito e Filosofia – USACH/Chile
Prof. Dr. Eligio Resta – Direito – Roma Tre/Itália
Profª. Drª. Gabriela Maia Rebouças – Direito – UNIT/SE/Brasil
Prof. Dr. Gilmar Antonio Bedin – Direito – UNIJUI/Brasil
Prof. Dr. Giuseppe Ricotta – Sociologia – SAPIENZA Università di Roma/Itália
Prof. Dr. Humberto Dalla Bernardina de Pinho – Direito – UERJ/UNESA/Brasil
Prof. Dr. Ingo Wolfgang Sarlet – Direito – PUCRS/Brasil
Prof. Dr. Janriê Rodrigues Reck – Direito – UNISC/Brasil
Prof. Dr. João Pedro Schmidt – Ciência Política – UNISC/Brasil
Prof. Dr. Jose Luis Bolzan de Morais – Direito – UNISINOS/Brasil
Profª. Drª. Kathrin Lerrer Rosenfield – Filosofia, Literatura e Artes – UFRGS/Brasil
Profª. Drª. Katia Ballacchino – Antropologia Cultural – Università del Molise/Itália
Profª. Drª. Lilia Maia de Morais Sales – Direito – UNIFOR/Brasil
Prof. Dr. Luís Manuel Teles de Menezes Leitão – Direito – Universidade de Lisboa/Portugal
Prof. Dr. Luiz Rodrigues Wambier – Direito – UNIPAR/Brasil
Profª. Drª. Nuria Belloso Martín – Direito – Universidade de Burgos/Espanha
Prof. Dr. Sidney César Silva Guerra – Direito – UFRJ/Brasil
Profª. Drª. Silvia Virginia Coutinho Areosa – Psicologia Social – UNISC/Brasil
Prof. Dr. Ulises Cano-Castillo – Energia e Materiais Avançados – IIE/México
Profª. Drª. Virgínia Appleyard – Biomedicina – University of Dundee/ Escócia
COMITÊ EDITORIAL
Profª. Drª. Fabiana Marion Spengler – Direito – UNISC/Brasil 
Prof. Me. Theobaldo Spengler Neto – Direito – UNISC/Brasil
4 5
Políticas Públicas para Composição no Código de Processo Civil Brasileiro
Bibliotecária responsável: Fabiana Lorenzon Prates - CRB 10/1406
Catalogação: Fabiana Lorenzon Prates - CRB 10/1406
Correção ortográfica: pelos autores
Diagramação: Daiana Stockey Carpes
Essere nel Mondo
Rua Borges de Medeiros, 76
Cep: 96810-034 - Santa Cruz do Sul
Fones: (51) 3711.3958 e 9994. 7269
www.esserenelmondo.com.br
www.facebook.com/esserenelmondo
Todos os direitos são reservados. Nenhuma parte deste 
livro poderá ser reproduzida por qualquer meio impresso, 
eletrônico ou que venha a ser criado, sem o prévio e ex-
presso consentimento da Editora. A utilização de citações 
do texto deverá obedecer as regras editadas pela ABNT.
As ideias, conceitos e/ou comentários expressos na presen-
te obra são criação e elaboração exclusiva do(s) autor(es), 
não cabendo nenhuma responsabilidade à Editora.
P769 Políticas públicas para composição no Código de Processo Civil brasileiro
 [recurso eletrônico] / Fabiana Marion Spengler, Theobaldo Spengler Neto
 (organizadores) – Santa Cruz do Sul: Essere nel Mondo, 2017. 
 174 p.
 
 Texto eletrônico.
 Modo de acesso: World Wide Web.
 1. Política pública. 2. Processo civil. 3. Direito processual. 4. Mediação. 5.
 Conciliação (Processo civil). I. Spengler, Fabiana Marion. II. Spengler 
 Neto, Theobaldo. 
 
 
 CDD-Dir: 341.4618
Bibliotecária responsável: Fabiana Lorenzon Prates - CRB 10/1406
Catalogação: Fabiana Lorenzon Prates
Revisão gramatical: Rodrigo Bartz
Diagramação: Daiana Stockey Carpes
Prefixo Editorial: 67722
Número ISBN: 978-85-67722-90-0
4 5
Políticas Públicas para Composição no Código de Processo Civil Brasileiro
O presente livro foi construído a partir dos estu-
dos, leituras e debates realizados junto ao grupo 
de pesquisa “Políticas Públicas no Tratamento dos 
Conflitos”, certificado pelo CNPq. 
A pesquisa aconteceu no decorrer do ano de 2017, 
no âmbito do projeto intitulado “A mediação e a 
conciliação como políticas públicas autocomposi-
tivas de Acesso à Justiça no Código de Processo 
Civil brasileiro (CPC)”
6 7
Políticas Públicas para Composição no Código de Processo Civil Brasileiro
 
“Diante da lei está um porteiro. Um homem do campo dirige-se a este 
porteiro e pede para entrar na lei. Mas o porteiro diz que agora não pode 
permitir-lhe a entrada. [...] Durante todos esses anos, o homem observa o 
porteiro quase sem interrupção. Esquece os outros porteiros e este primeiro 
parece-lhe o único obstáculo para a entrada na lei [...] Mas já não tem mais 
muito tempo de vida. Antes de morrer, todas as experiências daquele tempo 
convergem na sua cabeça para uma pergunta que até então não havia feito 
ao porteiro [...] ‘O que é que você ainda quer saber?’, pergunta o porteiro. 
‘Você é insaciável.’ ‘Todos aspiram à lei’, diz o homem. ‘Como se explica 
que, em tantos anos, ninguém além de mim pediu para entrar?’ O porteiro 
percebe que o homem já está no fim, e para ainda alcançar sua audição em 
declínio, ele berra: ‘Aqui ninguém mais podia ser admitido, pois esta entrada 
estava destinada só a você. Agora eu vou embora e fecho-a’.” 
(O Processo – Franz Kafka)
6 7
Políticas Públicas para Composição no Código de Processo Civil Brasileiro
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO
1 O PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO COMO FUNDAMENTO PARA 
AS POLÍTICAS PÚBLICAS AUTOCOMPOSITIVAS NO CÓDIGO DE 
PROCESSO CIVIL - CPC
Fabiana Marion Spengler, David Kelling de Souza e Thais Mello
2 IMPACTOS PRÁTICOS E PSICOLÓGICOS DAS POLÍTICAS PÚ-
BLICAS DE AUTOCOMPOSIÇÃO NA RAZOÁVEL DURAÇÃO DO 
PROCESSO CIVIL BRASILEIRO 
Victor Priebe, Helena Schwantes e Julilaine Oliveira
3 ANÁLISE DAS FORMAS DE AUTOCOMPOSIÇÃO NO CÓDIGO 
DE PROCESSO CIVIL BRASILEIRO
Roselaine Berenice Ferreira da Silva, Ricardo Leal da Costa e Taiane 
Lemos Lorencena
4 O PAPEL DO MEDIADOR E DO CONCILIADOR NO CÓDIGO DE 
PROCESSO CIVIL: DOS CURSOS DE CAPACITAÇÃO À FACILITA-
ÇÃO DE DIÁLOGOS
Helena Pacheco Wrasse, Manoela Staub Soares e Letícia Rauber
5 A AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO OU DE MEDIAÇÃO PREVISTA 
NO ARTIGO 334 DO ATUAL CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: 
CAMINHOS PARA A HUMANIZAÇÃO DA JUSTIÇA
Camila Silveira Stangherlin, Lilian Elise Bartz e Márcio Luis Schenwgber
6 A IMPRESCINDIBILIDADE DA MEDIAÇÃO NAS AÇÕES DE FA-
MÍLIA COMO RESULTADO DA APLICAÇÃO DOS EQUIVALENTES 
JURISDICIONAIS NO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
Giácomo Tenório Farias e Maria Eriadne Leite de Oliveira
7 A MEDIAÇÃO NO DIVÓRCIO COMO POLITICA PÚBLICA NO 
TRATAMENTO ADEQUADO DE CONFLITOS FAMILIARES DE 
ACORDO COM O CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL BRASILEIRO
Silvio Erasmo Souza da Silva, Dianifer Moraes dos Santos e Rafaela 
Matos Peixoto.
9
11
31
51
63
82
96
117
8 9
Políticas Públicas para Composição no Código de Processo Civil Brasileiro
8 A MEDIAÇÃO NAS AÇÕES DE INTERESSES DIFUSOS EM FACE 
DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL BRASILEIRO (CPC)
Cássio Alberto Arend, Aline Casagrande e Mitson Mota de Mattos
9 O JUIZ COMO LONGA MANUS DO ÁRBITRO: COMOO CPC CO-
LABORA COM A ARBITRAGEM
Theobaldo Spengler Neto, Paula Keller, Victor Teixeira da Silveira
10 SOBRE OS AUTORES
136
154
169
8 9
Políticas Públicas para Composição no Código de Processo Civil Brasileiro
APRESENTAÇÃO
O legislador do Código de Processo Civil de 2015 almeja inaugurar 
uma nova fase no Processo Civil Brasileiro, ao estabelecer as normas funda-
mentais nos dispositivos inaugurais do diploma. Fincar o Processo Civil Bra-
sileiro em novas bases exige de toda a comunidade jurídica uma profunda 
e séria reflexão, a fim de que tais propósitos efetivamente saiam do papel e 
ganhem vida no dia-a-dia forense, representando, em última análise, benefí-
cios reais para os jurisdicionados.
Dentre as novas bases trazidas pelo Código, destaca-se a valorização 
da justiça coexistencial, lastreada no diálogo e no consenso. Trata-se de pro-
funda mudança de paradigma entre nós, tão habituados à polarização autor
-réu e à solução adjudicada. No entanto, embora reconheçamos que mudar 
uma tradição secular consiste em um grande desafio, entendemos que, se 
vencido, esse desafio proporcionará que o Processo Civil saia enriquecido e 
a sociedade disponha de profissionais do Direito com formação mais com-
pleta, multifacetada e condizente com os tempos atuais.
A obra coletiva “Políticas Públicas de autocomposição no Código de 
Processo Civil brasileiro”, organizada pelos Professores Fabiana Marion 
Spengler e Theobaldo Spengler Neto e fruto das pesquisas realizadas no 
grupo de pesquisa “Políticas Públicas no Tratamento dos Conflitos”, cum-
pre à altura o nobre papel de jogar luz sobre esse tema, que se encontra 
na ordem do dia. Os organizadores são pesquisadores de excelência, com 
vasta experiência no estudo dos meios alternativos de solução de confli-
tos, e, nesta obra, juntamente com os autores, vêm elucidar diferentes 
aspectos da mediação, muitos dos quais não haviam recebido a merecida 
atenção da Academia. 
São tratados, na obra, dentre outros temas de relevo, o impacto da 
consensualidade para a duração razoável do processo ─ outro objetivo a ser 
perquirido no Direito Processual de nossos dias ─, a mediação nas ações de 
família e nas ações envolvendo interesses difusos, o papel do mediador para 
além dos cursos de formação, a preocupação com a humanização da justiça 
através dos meios consensuais de solução de conflitos e as relações entre 
arbitragem e justiça estatal.
10 11
Políticas Públicas para Composição no Código de Processo Civil Brasileiro
Trata-se de uma obra rica, tanto na diversidade de temas relacio-
nados à justiça coexistencial, quanto na profundidade e na seriedade 
acadêmica dos artigos que ela congrega. Por tudo isso, recomendo vi-
vamente a sua leitura, na certeza de que esta obra contribui significati-
vamente para o soerguimento de um Processo Civil mais compreensivo, 
dialogal e construtivo.
 
Rio de Janeiro, 17 de outubro de 2017.
Flávia Pereira Hill
Professora Adjunta de Direito Processual Civil da UERJ. 
Redatora-Chefe da Revista Eletrônica de Direito Proces-
sual. Tabeliã.
10 11
Políticas Públicas para Composição no Código de Processo Civil Brasileiro
1 
O PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO COMO 
FUNDAMENTO PARA AS POLÍTICAS 
PÚBLICAS AUTOCOMPOSITIVAS NO 
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL - CPC
Fabiana Marion Spengler
David Kelling de Souza
Thais Melo
INTRODUÇÃO
É de conhecimento geral, por isso chamado senso comum, que o 
Judiciário enfrenta dificuldades para lidar com o contingente de processos 
que a ele aporta cotidianamente. Também é sabido, desta vez de modo 
cientificamente provado1 – ainda que de conhecimento geral acanhado - que 
essa realidade já se encontra evidenciada em números e em relatórios que 
tem por objetivo delinear os limites do Poder Judiciário enquanto órgão es-
tatal cuja função principal é decidir conflitos.
O Código de Processo Civil – CPC, que entrou em vigor em 2015, 
trouxe vários dispositivos que pretendem tornar a prestação jurisdicional 
do Estado mais célere, com mais eficácia e mais humana. Diante de tal reali-
dade, o presente texto tem por objetivo analisar o princípio da cooperação 
como fundamento para as políticas públicas autocompositivas previstas no 
CPC, dentre elas, e principalmente, a mediação e a conciliação.
Para fins de desenvolver tal objetivo, a metodologia empregada con-
tou com o método de abordagem dedutivo, partindo da relação entre argu-
mentos gerais, denominados premissas, para argumentos particulares, até 
1 Sobre o assunto sugere-se a leitura do Relatório “Justiça em Números” (Disponível 
em: <http://www.cnj.jus.br/programas-e-acoes/pj-justica-em-numeros>. Acesso em: 13 
out. 2016b.)
12 13
Políticas Públicas para Composição no Código de Processo Civil Brasileiro
se chegar a uma conclusão. Como método de procedimento foi utilizado o 
método monográfico, a partir da leitura e fichamentos de fontes bibliográfi-
cas ligadas ao tema da pesquisa. 
Inicialmente, o texto refere-se ao princípio da cooperação, adentrando 
sobre o mesmo em relação aos princípios constitucionais. A diferença entre 
os termos “cooperação e colaboração” é ressaltada, já que, muitas vezes, 
ambos se confundem em seu real significado. O processo cooperativo pro-
porciona à tutela jurisdicional um andamento mais célere e eficaz; esses 
aspectos são abordados, especificadamente.
Além disso, a cooperação por ter semelhança com o contraditório, 
complementa-o, formando assim, uma ligação entre esses dois princípios. 
Na primeira parte ocorre, também, uma explicação de quem são os sujei-
tos processuais que devem, realmente, cooperar, tratando da divergência da 
doutrina quanto a cooperação para o juiz com as partes, bem como entre as 
próprias partes.
Adiante, o texto adentra o debate a respeito do tempo do processo 
abordando a Emenda Constitucional 45 de 2004 (EC/45) que introduz a dis-
cussão e que foi a mola propulsora da criação de muitas políticas públicas 
cujo objetivo foi tornar o processo mais célere. 
Concomitantemente, o mesmo item analisa alguns dos principais dis-
positivos do CPC de 2015 que tem por objetivo tornar rápida e adequada a 
prestação jurisdicional. Esses dispositivos abrem caminho, inclusive, para 
a introdução, junto a legislação processual, de institutos intra/extraproces-
suais tais como a mediação e a conciliação, cujo objetivo primeiro é huma-
nizar a justiça adequando, em termos temporais e qualitativos, a resposta 
aos conflitos. 
Então, por fim, tendo em vista que o tempo do processo e a coopera-
ção/colaboração são princípios do Processo Civil do Brasil, o capítulo abor-
dará, ainda, a resposta adequada do processo, partindo-se do texto legal, da 
jurisprudência e da matriz principiológica.
Nesse sentido, os princípios da boa-fé, os princípios processuais 
constitucionais e os da autocomposição, servem para colaborar com o 
deslinde das ações, aprimorando a interpretação, de modo a sistematizá
-la e adequá-la ao contexto atual das demandas que batem às portas do 
Poder Judiciário.
São esses, portanto, os objetos do texto que se aproxima.
12 13
Políticas Públicas para Composição no Código de Processo Civil Brasileiro
1.1 O PRÍNCIPIO DA COOPERAÇÃO NO ATUAL 
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
O Código de Processo Civil (Lei 13.105/15) vigente foi elaborado com 
diretrizes para que a sua abordagem, expressa e explicitamente, ocorresse 
num contexto mais abrangente, no qual a Constituição Federal ocupa um 
lugar de destaque (WAMBIER, 2016). Os princípios constitucionais inseridos 
no código de processo civil fornecem os preceitos mínimos de como deve se 
dar o próprio comportamento do Estado-Juiz, isto é, prescrevem, conforme 
Bueno (2017, p. 28) “o modo de ser (mais precisamente, de “dever ser”) do 
processo na perspectiva constitucional.”. Desta maneira, o princípio da coo-
peração, ou, o processocooperativo, merece notoriedade.
Torna-se necessário, primeiramente, fazer uma distinção entre cooperação 
e colaboração. Embora os dois termos sejam sinônimos, não possuem o mesmo 
significado. A diferenciação é precisa já que parte da doutrina utiliza, por vezes, 
“princípio da cooperação” e outra parte como “princípio da colaboração”. 
Na cooperação ocorre uma divisão mais clara de tarefas a serem rea-
lizadas pelos participantes, já que cada um se responsabiliza por uma parte 
da resolução do problema. Na colaboração o engajamento dos participantes 
é mútuo, ou seja, há um esforço coordenado para a resolução do problema 
em conjunto (RIBEIRO, 2017). Isto é, na cooperação cada sujeito é responsá-
vel por fazer a sua parte, enquanto na colaboração ambos os sujeitos traba-
lham juntos.
O princípio da cooperação no Direito Processual Civil tem sua origem 
na ligação dos princípios da boa-fé e do contraditório. Cooperar não é ape-
nas uma obrigação das partes, uma vez que, no mesmo nível de importância 
aplica-se, também, ao juiz. Diante disso, a inclusão do artigo 6º do Código 
de Processo Civil (Lei 13.105/15), o qual expressa que “todos os sujeitos do 
processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, 
a decisão de mérito justa e efetiva” tornou-se de suma importância. Assim, 
as resoluções da lide passam a ter mais dinâmica e ativismo, já que as partes 
não são mais tratadas como meros artefatos do processo, garantindo o seu 
direito de agir de forma crítica e construtiva, dando mais celeridade ao ne-
cessitado andamento do processo, bem como, integrando a maneira de agir 
em busca da verdade real (MELO, 2016). 
O enunciado n. 6 do Fórum Permanente de Processualistas Civis 
(2015), referenciado por Ribeiro (2017, p. 109), cita que “o negócio jurídico 
processual não pode afastar os deveres inerentes à boa-fé e à cooperação”. 
Reforçando, ainda mais, a ligação da cooperação com o princípio da boa-fé. 
Nas palavras de Carneiro (2015, p. 4):
14 15
Políticas Públicas para Composição no Código de Processo Civil Brasileiro
a cooperação ocorre através da prática dos atos processuais, que 
no contexto das partes realiza-se com o exercício dos direitos 
de ação, de defesa e de manifestação em geral; e na seara da 
magistratura se efetiva através das ordens e decisões latu sen-
su. Ademais, a cooperação, como dever imposto aos sujeitos do 
processo, pressupõe uma harmoniosa sintonia nesta prática de 
atos processuais, os quais devem ser realizados sempre sob o 
signo da boa-fé.
Ocorre que, por conta do ambiente de conflito de interesses, que é 
característico da relação processual, a doutrina e a jurisprudência posicio-
nam-se, na maioria das vezes, no sentido de que uma parte não poderia 
ser compelida a praticar atos em prol dos interesses de seu adversário (AL-
VIM, 2017). Porém, o modelo cooperativo de processo enxerga as partes não 
como adversárias, mas sim como partícipes, e tendo o mesmo objetivo que 
é a resolução do litígio, devem atuar em conjunto, e em consequência terão 
mais rapidamente o resultado. Como explica Cunha (2016, p. 9) “o processo 
precisa superar a fase de ser um duelo e passar a ser um diálogo.” Comple-
menta-se, ainda, conforme Carneiro (2016, p. 6) que: 
os participantes do processo não poderiam ter comportamento 
diverso, na medida em que a finalidade da jurisdição é a reali-
zação da justiça rápida e eficaz. Para o alcance desse mister, é 
fundamental que exista um vínculo de cooperação entre todos 
aqueles que participam da atividade jurisdicional, sem o qual 
dificilmente as suas finalidades poderiam ser alcançadas.
A ideia de cooperação é bastante ampla, dependendo dela, a própria 
marcha do processo. Do início ao fim, deve “dar o tom” para todo e qualquer 
impulso processual. Explicitamente ou implicitamente, o contraditório é im-
portante no transcorrer de cada procedimento, alinhado e ditado pelo gene 
da cooperação (LANES, 2014).
Em relação ao contraditório, cabe destacar que, no processo civil 
atual, o seu significado é divergente do que lhe era atribuído à época do 
direito liberal. Mas, como a legitimação do exercício da jurisdição depende 
da participação e tendo essa importante significância no princípio do con-
traditório, não há como entender como legítimo ou até mesmo democrático 
o processo que prive alguém de participar. A legitimidade do processo tem 
ligação com uma possibilidade real de participação (MARINONI; ARENHART; 
MITIDIERO, 2017).
A norma fundamental prevista no artigo 6º do Código de Processo 
Civil (Lei 13.105/15), sob rótulo de cooperação, são de deveres que com-
plementam a garantia do contraditório. Sendo o seu objetivo principal de 
predispor em tempo razoável, a decisão de mérito justa e efetiva. Isso só é 
14 15
Políticas Públicas para Composição no Código de Processo Civil Brasileiro
possível, devido a simbiose formada entre o contraditório e a cooperação 
(THEODORO JÚNIOR, 2017).
Segundo Ribeiro (2017, p. 115):
vale dizer, o processo de ontem não era cooperativo porque o 
juiz não se valia concretamente da atividade das partes para 
construir a sentença, elas simplesmente serviam de meio para 
que o juiz pudesse produzir sua sentença. Elas tinham, pois, um 
papel coadjuvante na criação de seu próprio direito. Com o novo 
CPC, o processo deve ser cooperativo no sentido de o juiz valer-
se efetivamente das atividades praticadas pelas partes ao longo 
de todo o procedimento para democraticamente, com a colabo-
ração das partes, construir a decisão judicial mais apropriada.
Partindo do ponto de que uma decisão justa não pode ser fundada em 
fatos obscuros e nem em dúvidas que poderiam ser resolvidas, se houvesse 
a boa vontade dos participantes do processo, torna-se necessário compreen-
der quem são os sujeitos do processo que precisam cooperar para que se 
obtenha a tutela jurisdicional, justa, efetiva e célere (CUNHA, 2016).
A cooperação prevista no Código de Processo Civil deve ser praticada 
por todos os sujeitos do processo. Não é apenas um envolvimento entre as 
partes (autor e réu) e de seus procuradores, compreendidos entre esses os 
membros da advocacia pública e da defensoria pública. Terceiros interve-
nientes, o próprio magistrado, os auxiliares da justiça, e o próprio Ministé-
rio Público quando atuar na qualidade de fiscal da ordem jurídica, devem 
cooperar. Ademais, cabe destacar que os advogados das partes não podem 
criar empecilhos um para o outro, mesmo tendo restrições em relação ao 
advogado ou à parte contrária, como, por exemplo, o sigilo e a probidade 
profissional. Não significa, contudo, que a eles não é aplicada a cooperação 
(BUENO, 2017).
Cada um, dentro de sua especificidade decorrente de seu mister insti-
tucional, deve cooperar, uma vez que isso é essencial para viabilizar a pres-
tação da tutela jurisdicional (BUENO, 2017). Desdobra-se em quatro deveres 
o princípio da cooperação para o juiz, os quais são: esclarecimento, diálogo, 
prevenção e auxílio (WAMBIER; TALAMINI 2016). Sobre a atuação do juiz no 
processo cooperativo, é importante a visão de Marinoni, Arenhart e Mitidiero 
(2017, p. 13) “o juiz do processo cooperativo é isonômico na sua condução e 
assimétrico apenas quando impõe suas decisões. Desempenha duplo papel: 
é paritário no diálogo e assimétrico nas decisões.”
A doutrina não é pacífica em relação ao princípio da cooperação entre 
as partes. A cooperação no processo civil não implica cooperação entre as 
partes, pois estas não cooperam e não devem cooperar entre si já que pos-
16 17
Políticas Públicas para Composição no Código de Processo Civil Brasileiro
suem interesses diferentes no que tange à sorte no litígio (MARINONI; ARE-
NHART; MIDIERO, 2017). Nesse mesmo sentido, conforme salienta Amaral 
(2016, p. 8): 
é importante ressaltar, contudo, que diferentemente do que 
se poderia suporda interpretação literal do dispositivo em 
comento, quando se fala em colaboração ou cooperação, não se 
está a exigir a colaboração entre as partes. É ilusório imaginar 
que num processo de corte eminentemente adversarial as partes 
venham a contribuir uma com a outra para o alcance da solução 
mais justa para o litígio. O princípio da cooperação impõe, isto 
sim, que o juiz colabore para com as partes e que as partes 
colaborem com o juízo.
Por outro lado, embora as partes não estejam obrigadas a pro-
duzir provas contra si mesmas, não podem se recusar, sem razão ou 
motivo, a fornecer elementos imprescindíveis para que o juiz, ou até 
mesmo o adversário, produza determinada prova relevante para a cau-
sa. Diante disso, as partes possuem sim o dever de cooperar (WAMBIER; 
TALAMINI, 2016).
A cooperação não se restringe à relação parte-juiz, e nem se limita 
ao relacionamento entre as partes. Ou seja, induz a ideia de que são de-
veres que devem ser cumpridos por ambos (juízes e partes) (THEODORO 
JÚNIOR, 2017).
Deste modo, o princípio da cooperação tende a transformar o proces-
so civil numa “comunidade de trabalho”. Por meio disso, é potencializado 
o diálogo entre todos os sujeitos processuais, com o objetivo de se obter a 
solução mais adequada e justa ao caso concreto (THEODORO JÚNIOR, 2017). 
Como base na doutrina alemã, a “comunidade de trabalho” supõe que: 
os seus sujeitos, cônscios de suas funções institucionais, agem 
com boa-fé e em regime de cooperação entre si para viabilizar a 
efetiva prestação da tutela jurisdicional a quem dela for merece-
dor; um processo, destarte, que seja, a um só tempo, o devido e 
eficiente” (BUENO, 2017, p. 102). 
É importante salientar que, embora pareça haver uma limitação do 
objetivo do artigo 6º do atual Código de Processo Civil, referindo-se apenas 
à esfera do processo de conhecimento, a cooperação é indispensável em 
qualquer tipo de processo (THEODORO JÚNIOR, 2017). A decisão judicial so-
mente alcançará a esperada legitimidade democrática, e por consequência, 
a devida rapidez e justiça, se a cooperação ocorrer constantemente no iter 
processual (CARNEIRO, 2015).
16 17
Políticas Públicas para Composição no Código de Processo Civil Brasileiro
Segundo Cunha (2016, p. 9) “o princípio da cooperação tem por finali-
dade evitar o erro judiciário, a injustiça da decisão, o julgamento equivoca-
do.”. Por conseguinte, o processo deixa de ser apenas um conjunto de des-
pachos e decisões, passando a ser uma atividade cooperativa. Cada agente 
possui a sua função e seus próprios interesses, mas ambos almejam um 
justo e efetivo fim para a causa.
1.2 O TEMPO DO PROCESSO, A EMENDA CONSTITUCIONAL 
45 E O CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
A cooperação é princípio incorporado ao atual CPC que foi muito co-
memorado. Conectada diretamente ao princípio da boa-fé, a cooperação tam-
bém é uma elaboração simbólica do processo, tal como outros princípios. 
Porém, todas essas elaboração simbólicas do processo são alvo de ataques 
e críticas. Na maioria das vezes, acusa-se a justiça de ser demasiado lenta e 
para muitos o antídoto para essa morosidade é o tratamento dos processos 
“em tempo real”. Desse modo, a justiça, que se flexibiliza e desformaliza, é 
solicitada com mais frequência. 
Percebe-se que a morosidade judicial “tem uma história longa e famo-
sa” (SANTOS, 2014, p. 40). A solicitação cada vez mais presente e urgente 
pela intervenção jurisdicional em outros poderes estatais (tais como o legis-
lativo e o executivo) tem como consequência o congestionamento dos tri-
bunais. Na ânsia de dar resposta céleres às demandas, o Judiciário brasileiro 
passou por uma reforma trazida pela Emenda Constitucional 45 (EC/45), 
cujas expectativas eram de que suas alterações pudessem gerar transforma-
ções necessárias para implementar uma efetividade quantitativa e qualitati-
vamente junto ao sistema judiciário nacional.
Na verdade, a EC/45 é apenas uma das tentativas (não a primeira e, 
com certeza, nem a última) de buscar celeridade através da alteração/intro-
dução de legislação que tenha por objetivo estimular a eficácia quantitativa 
das decisões através da celeridade processual (SPENGLER, 2016). 
O novo Código de Processo Civil (Lei 13.105/15)2 (SPENGLER, 2016) 
contempla a preocupação com a celeridade processual em alguns de seus 
dispositivos, dentre os quais se pode mencionar o art. 4º, Lei 13.105/15 
que determina: “as partes têm o direito de obter em prazo razoável a solu-
2 Aqui é importante salientar que os artigos citados são exemplificativos e que não 
esgotam os dispositivos que tem por objetivo tornar mais célere o trâmite processual, 
dentre os quais pode-se referir: art. 1º, art. 3º, art. 69, art. 120, art. 153, art. 154, art. 
193, art. 218, art. 219, art. 269, dentre outros. 
18 19
Políticas Públicas para Composição no Código de Processo Civil Brasileiro
ção integral do mérito, incluída a atividade satisfativa”. Esse dispositivo tem 
correspondência direta com o art. 5º, inciso LXXVIII da Constituição Federal, 
uma vez que ambos preveem o direito à duração razoável do processo - judi-
cial ou administrativo. Nesse sentido, cabe ao Poder Judiciário, respeitando 
a determinação legal, promover a solução integral da lide. Esse artigo é uma 
inovação do novo Código de Processo Civil (NCPC) uma vez que não possui 
dispositivo correspondente no Código de Processo Civil de 1973.
Em relação ao inciso LXXVIII, do art. 5º da Constituição Federal, 
em ligação com o art. 4º do Novo Código de Processo Civil, deve ser de 
relevância a verificação de como economizar a atividade jurisdicional, re-
duzindo a atividade em si, o número de atos processuais e, até mesmo, 
a propositura de outras demandas. No entanto, não se pode ter esses 
dispositivos como sinônimos de celeridade, uma vez que, eventual cele-
ridade não pode comprometer outras garantias do processo, as quais de-
mandam por suas próprias características de tempo necessário para que 
se concretizem (BUENO, 2017).
De igual importância é o dispositivo contido no art. 12 do NCPC: “os juízes 
e os tribunais atenderão, preferencialmente, à ordem cronológica de conclusão 
para proferir sentença ou acórdão”. A redação foi alterada pela Lei 13.256/2016. 
Esse artigo também não possui correspondência no Código de processo Civil 
de 1973. A primeira versão apresentada no texto processual previa que Juízes e 
Tribunais deveriam obedecer a ordem cronológica de conclusão. Mas, a redação 
foi revista e alterada pela Lei 13.256/2016. Atualmente, a determinação é de 
que será observada, preferencialmente, a ordem cronológica de conclusão. Esse 
artigo contém ainda importante referência a celeridade nas exceções à ordem 
cronológica de julgamento dispostas no § 2º, que objetiva a possibilidade de 
uma apreciação mais célere das demandas ali mencionadas.
Por fim, o art. 139 determina que “o juiz dirigirá o processo conforme 
as disposições deste Código, incumbindo-lhe: [...] II - velar pela duração ra-
zoável do processo; [...] V - promover, a qualquer tempo, a autocomposição, 
preferencialmente com auxílio de conciliadores e mediadores judiciais.”. Este 
dispositivo corresponde ao art. 125 do Código Processual Civil de 1973, no 
entanto, não foi reproduzido completamente, tendo sofrido algumas altera-
ções, a exemplo das acima citadas. 
Diante disso, o direito ao prazo razoável no processo tem por caracterís-
tica ser autônomo e, além disso, independe das técnicas processuais adotadas 
pela lei. Portanto, o juiz para garantir que solução integral do mérito seja ofe-
recida em tempo razoável, deverá adotar todas as medidas necessárias. Ou, 
em outras palavras, o dever do juiz de velar pelo prazo razoável do processo 
não se acaba nos métodos dominantes e já previstos em lei. É importante sa-
18 19
Políticas Públicas para Composição no Código de Processo CivilBrasileiro
lientar que, nem sempre depende do juiz o fato de que o processo tenha uma 
duração razoável, sendo que, existem fatores que ultrapassam a sua atuação 
e que implicam numa demora do procedimento (FONSÊCA, 2017).
Percebe-se, pois, que tanto a entrada em vigor da EC/45 e do novo 
CPC são tentativas de fortalecer e modernizar a prestação jurisdicional brasi-
leira que sabidamente tem acontecido de forma acanhada em termos quanti-
tativos e principalmente qualitativos. É fato que o Judiciário viu sua estrutura 
(física, política, pessoal...) tornar-se inadequada diante dos avanços da socie-
dade moderna, sem o necessário acompanhamento em termos tecnológicos, 
administrativos e comportamentais.
De fato, “são múltiplos os impactos negativos da morosidade judicial 
nos objetivos a serem cumpridos pelos tribunais” (SANTOS, 2014, p. 40). Den-
tre esses impactos pode-se referir, em primeiro lugar, “o método de decisão 
baseado num sistema adversarial depende de se preservar a memória dos 
fatos” (SANTOS, 2014, p. 40). Por outro lado, “a demora, ao prolongar a ansie-
dade e a incerteza nas partes, abala a confiança que estas têm nos tribunais 
como meio de resolução de seus conflitos. Quando a morosidade é um proble-
ma estrutural, a desconfiança generaliza-se.” (SANTOS, 2014, p. 40).
Além desses, outros problemas acontecem, todos eles rotulados: “ex-
plosão de litigiosidade”, “sobrecarga de legislação” (que muitas vezes é para-
doxal e contraditória entre si), “acúmulo de processos”, e assim por diante. 
Verdadeiramente, todos os problemas do Judiciário brasileiro são conhecidos 
e detectados quando a lentidão e a ineficiência se fazem sentir pelas partes, 
que, mesmo desconhecedoras dos procedimentos, percebem que a jurisdi-
ção não responde de forma adequada e ainda a identificam como morosa. 
Segundo Boaventura de Sousa Santos (2014), é possível identificar 
dois tipos de morosidade: a morosidade sistêmica e a morosidade ativa. “A 
morosidade sistêmica é aquela que decorre da sobrecarga de trabalho, do 
excesso de burocracia, positivismo e legalismo.”3. Já a morosidade ativa é 
3 Provavelmente, a melhor forma de “medir” a morosidade sistêmica seja analisar os núme-
ros obtidos junto ao site do CNJ, especialmente no Relatório “Justiça em Números” (Dispo-
nível em: <http://www.cnj.jus.br/programas-e-acoes/pj-justica-em-numeros>. Acesso em: 
13 out. 2016b.). Trabalhando com esses números Paulo Henrique dos Santos Lucon, em 
palestra proferida junto as “Jornadas de Direito Processual”, intitulada “Procedimento ade-
quado as necessidades do direito material e do caso concreto”, refere que: a) 106 milhões 
de processos tramitam no Brasil (considerando todas as esferas); b) um processo brasileiro 
dura em média 13 anos; c) cada processo tem, em média, 15 recursos; d) existem mais de 1 
milhão de advogados integrantes da OAB; e) o número de faculdades de Direito no país che-
ga a 1.400 (informação verbal). (LUCON, Paulo Henrique dos Santos, em palestra proferida 
junto as “Jornadas de Direito Processual”, intitulada “Procedimento adequado as necessida-
des do direito material e do caso concreto” na XXV Ibero-americanas/XI Brasileiras Jornadas 
de Direito Processual, em Porto de Galinhas, em 15 de setembro de 2016. 
20 21
Políticas Públicas para Composição no Código de Processo Civil Brasileiro
aquela identificada por situações nas quais os processos encontram-se “na 
gaveta”, de “intencional não-decisão em que, em decorrência do conflito de 
interesses em que estão envolvidos, os envolvidos e os responsáveis pelo 
encaminhamento da decisão utilizam todos os tipos de escusas protelató-
rias possíveis.”
Diante dessas duas formas de morosidade, percebe-se que as refor-
mas propostas e já em vigor (anteriormente mencionadas) incidem sobre a 
morosidade sistêmica objetivando a obtenção de uma justiça mais rápida, 
porém nem sempre proporcionam um uma justiça mais cidadã. Diante dessa 
constatação, faz-se necessário que a democratização e a obtenção de um 
efetivo acesso à justiça não se dê apenas com medidas de aceleração - nas 
quais visa-se apenas a melhora quantitativa da prestação jurisdicional - e sim 
mediante a qualificação da resposta, gerando decisões exequíveis. Por fim, 
a celeridade deveria deixar de ser a meta principal, objetivando-se mais do 
que rapidez, uma justiça democrática e cidadã.
Isso se dá porque as imbricações entre tutela jurisdicional e tempo 
são visíveis, especialmente quando a primeira é vista como uma resposta 
estatal às expectativas sociais e normativas e como uma forma importante 
de proteção do indivíduo à lesão ou ameaça de lesão através do direito de 
ação. No entanto, essas imbricações tornam-se frouxas e débeis quando se 
verifica que a tutela jurisdicional acontece “a destempo” e sem qualidade. Tal 
afirmativa se deve ao fato de que o tempo, assim como perpetua situações 
de litígios e corrói direitos (que não são tutelados de forma adequada e “a 
tempo”), tem o poder de interferir na concepção processual, uma vez que se 
torna grande controlador da máquina judiciária.4 
Mas, como se sabe, o acesso à justiça não se esgota no acesso ao 
4 As relações temporais/processuais precisam ser analisadas levando em considera-
ção que “o tempo do processo judicial é o tempo diferido, encarado como sinônimo 
de segurança e concebido como uma relação de ordem e autoridade, representada 
pela possibilidade de esgotamento de todos os recursos e procedimentos numa ação 
judicial. Cada parte intervindo no momento certo, pode apresentar seus argumentos 
e ter a garantia de ser ouvida na defesa de seus interesses. O tempo diferido, nesta 
perspectiva, é utilizado como instrumento de certeza, na medida que impede a rea-
lização de julgamentos precipitados, sem o devido distanciamento com relação aos 
acontecimentos que deram margem à ação judicial. Já o tempo da economia globali-
zada é o tempo real, isto é, o tempo da simultaneidade. À medida que se torna mais 
complexa, gerando novas contingências e incertezas, a economia globalizada obriga 
os agentes a desenvolver intrincados mecanismos para proteger seus negócios, ca-
pitais e investimentos da imprevisibilidade e do indeterminado. A presteza se con-
verte assim numa das condições básicas para a neutralização dos riscos inerentes 
às tensões e aos desequilíbrios dos mercados, o que leva a um processo decisório 
orientado pelo sentido da vigência e baseado tanto na capacidade quanto na veloci-
dade de processamento de informações técnicas e altamente especializadas”. (FARIA, 
2002, p. 35).
20 21
Políticas Públicas para Composição no Código de Processo Civil Brasileiro
Judiciário, traduzindo-se no direito de acesso a uma justiça organizada de 
forma adequada, cujos instrumentos processuais sejam aptos a realizar, 
efetivamente, os direitos assegurados ao cidadão5. É por isso que não bas-
ta apenas “garantir o acesso aos tribunais, mas principalmente possibilitar 
aos cidadãos a defesa de direitos e interesses legalmente protegidos atra-
vés de um acto de jurisdictio” (CANOTILHO, 2000, p. 423). Nessa seara, 
mesmo que a EC/45 alcance resultados significativos tornando célere o 
trâmite processual, aproximando a justiça do cidadão, especializando va-
ras para o melhor tratamento de uma parcela de direitos até então pouco 
observados, valorizando as defensorias públicas (o que implica de forma 
direta ou indireta na diminuição de custos e na possibilidade de inclusão 
do cidadão hipossuficiente), deve-se recordar que os mecanismos de tra-
tamento dos conflitos precisam ser revistos. Os resultados atingidos pela 
Reforma do Judiciário, mesmo que significativos, não evitarão o necessá-
rio empreendimento de novos esforços na busca por outras estratégias 
de tratamento de conflitos, cuja base consensuada possibilite à sociedade 
retomar a autonomia perdida, conquistando a possibilidade de encontrarrespostas para suas demandas. 
Consequentemente, essas novas garantias constitucionais vêm para 
integrar o sentido includente que deve ser conferido às normas constitucio-
nais de um País que pretende reduzir desigualdades, erradicar a pobreza, 
fundar uma sociedade justa e solidária, etc., como forma de integrar a na-
ção em um projeto de sociedade comprometida com a dignidade humana 
que, como escopo do “constitucionalismo social e democrático de direito”, 
repercute em todos os âmbitos da prestação estatal, seja administrativa ou 
jurisdicional (MORAIS, 2005).
5 Uma tarefa básica dos processualistas modernos é expor o impacto substantivo dos 
vários mecanismos de processamento de litígios. Eles precisam, consequentemente, 
ampliar sua pesquisa para além dos tribunais e utilizar métodos de análise da socio-
logia, da política, da psicologia e da economia, e ademais, aprender através de outras 
culturas. O “acesso” não é apenas um direito social fundamental, crescentemente reco-
nhecido; ele é, também, necessariamente, o ponto central da moderna processualística. 
Seu estudo pressupõe um alargamento e aprofundamento dos objetivos e métodos da 
moderna ciência jurídica. (CAPPELLETTI; GARTH, 1988, p. 13).
22 23
Políticas Públicas para Composição no Código de Processo Civil Brasileiro
1.3 O CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL SOB O PRISMA DOS 
PRINCÍPIOS PROCESSUAIS E DA AUTOCOMPOSIÇÃO: 
A RESPOSTA ADEQUADA AOS CONFLITOS
Quer-se, a partir deste item, verificar se a resposta dada pela justiça 
oficial6 às demandas conflitivas que se desenvolvam através dos procedi-
mentos adotados para o seu tratamento, atualmente previstos no Código de 
Processo Civil, adequa-se aos anseios das pessoas envolvidas em conflitos.
Para cumprir tal objetivo, será traçado um paralelo entre os princípios 
que regem o Processo Civil brasileiro e os meios adequados de tratamento 
dos conflitos, com vistas a cumprir o objetivo de pesquisa que ora se propõe.
Sabe-se, que o acesso à justiça é um Direito Humano, uma vez que 
está expresso na Constituição Federal, no seu art. 5º, inciso XXXV, que dita 
que “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a 
direito” (Brasil, 1988 < www.planalto.gov.br >).
O direito ao acesso à justiça tem tido progressivo reconhecimento e ama-
durecimento ao longo da história constitucional brasileira. Isto decorre, dentre 
outros motivos, da proteção erigida pela novel Carta Política aos direitos indi-
viduais indisponíveis e sociais, conforme esclarece Cappelletti e Garth (1988).
Brevemente, traz-se à baila a importância dos direitos individuais e 
sociais aos indivíduos, e a consequente influência no acesso à justiça. Estes 
direitos são qualificados, conforme Moraes (2007), como direitos de ordem 
fundamental, versando acerca das “liberdades positivas”, que devem ser ob-
servadas pelo Estado, enquanto ente que deve garantir a melhoria das possi-
bilidades das pessoas com insuficiência de recursos. Visam, segundo o autor 
“à concretização da igualdade social, e são consagrados como fundamentos 
do Estado democrático, pelo art. 1º, IV, da Constituição Federal” (MORAES, 
2007, p. 181).
Nesse interim, a ausência de políticas públicas destinadas à prestação 
de serviços básicos à população, tais como aqueles descritos no art. 6º da 
Constituição Federal – os chamados direitos sociais -, acarretam à prestação 
jurisdicional o dever de conceder, ou não, direitos garantidos em tese pelo 
legislador constituinte.
Assim, preleciona Cappelletti e Garth que, “o ‘acesso’ [à justiça] não 
é apenas um direito social fundamental, crescentemente reconhecido; ele 
é, também, necessariamente o ponto central da moderna processualística” 
(1988, p. 13).
6 Aquela com forma prevista em lei, seja a jurisdição prestada pelo Estado-juiz, seja a 
oriunda da autocomposição das partes.
22 23
Políticas Públicas para Composição no Código de Processo Civil Brasileiro
Ao falar-se, portanto, em resposta adequada às demandas propostas 
perante o Poder Judiciário ou difundidas através dos meios adequados de 
tratamento dos conflitos (tais como a mediação e a conciliação), parte-se do 
prisma do acesso à justiça. Este se revela como acesso ao Poder Judiciário e, 
também, como acesso ao direito “de justiça”. 
Tem-se, assim, o direito de acesso à jurisdição e o direito de acesso à 
justiça. Este é uma garantia material, que se confunde com o próprio direito, 
classificado, inclusive, como de ordem natural (CAPPELLETTI; GARTH, 1988); 
aquele é a vindicação formal do direito subjetivo de ação (ingressar em juízo 
se quiser).
A garantia, portanto, à justiça, que em um primeiro momento será 
qualificada enquanto o acesso ao Judiciário, traduz-se em norma ordinária (o 
CPC), com o fito de resguardar os interesses de todos que pretendam buscar 
a tutela jurisdicional.
Os princípios resguardam o processo civil brasileiro atual. Cappelletti 
e Garth (2008, p. 364) ensinam que “nenhuma técnica jurídica é um fim em 
si mesmo”.
Exsurgem, a partir disso, princípios que nortearão o procedimento a 
fim de dispensar aos demandantes um resultado adequado. Os princípios 
são, para Wambier e Talamini (2014, p. 68) “normas que fornecem coerên-
cia e ordem a um conjunto de elementos, sistematizando-o”. Continuam os 
autores ao mencionarem que “os princípios jurídicos são também normas 
jurídicas. Mesmo quando implícitos, não expressos, os princípios jurídicos 
são obrigatórios, vinculam, impõem deveres, tanto quanto qualquer regra 
jurídica” (WAMBIER; TALAMINI, 2014, p. 68).
As normas principiológicas existentes no Ordenamento Processual Ci-
vil destinam-se, especialmente, para orientar o desenvolvimento do processo 
e estão, boa parte delas, previstas no texto constitucional, conforme se ob-
serva da leitura de Wambier e Talamini (2014). O que se objetiva, portanto, é 
a prestação da tutela jurisdicional (inclusive a partir das inovações oriundas 
do surgimento dos meios autocompositivos de tratamento dos conflitos), 
devolvendo ao cidadão um serviço cujo resultado seja adequado ao caso em 
concreto, mas além disto, que esteja em conformidade com os direitos e as 
garantias previstas na Constituição Federal.
O Código de Processo Civil, por sua vez, consagra os princípios pro-
cessuais de modo a introduzir na sua sistemática procedimentos atinentes a 
proporcionar um desenvolvimento do processo (lato sensu) em conformida-
de com as garantias fundamentais.
Nesse diapasão, elencam-se os princípios processuais-constitucionais 
do devido processo legal, do contraditório, ampla defesa e duplo grau de 
24 25
Políticas Públicas para Composição no Código de Processo Civil Brasileiro
jurisdição, do juiz natural, da motivação das decisões, da publicidade, da 
razoável duração do processo,7 da efetividade do processo e da vedação de 
provas ilícitas (WAMBIER; TALAMINI, 2014).
Todos estes princípios, independentemente do procedimento adotado 
(seja sob a jurisdição do Estado-juiz, seja sob os procedimentos alternativos 
a ela) devem ser observados, sob pena de acarretarem prejuízos ao processo, 
mas, sobremaneira, aos envolvidos (partes, advogados, juízes e serventuários).
Destarte, a matriz principiológica acompanha o julgador/terceiro media-
dor ou conciliador. Neste sentido, haure-se ementa que traduz a jurisprudência 
acerca da influência dos princípios constitucionais norteadores do processo:
Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO 
DE UNIÃO ESTÁVEL. REVELIA. EFEITO MATERIAL. A revelia é um 
fato processual consistente na inércia do réu em apresentar con-
testação no prazo estipulado pelo CPC. Essa é a regra geral, apli-
cável ao procedimento comum ordinário. A presunção relativa 
de veracidade dos fatos precisa ser interpretada à luz dos 
princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa, 
além, é claro, do princípio processual dolivre convencimento 
motivado, o qual estipula, em última análise, que o Juiz precisa 
fundamentar seu entendimento em sentença de maneira racional, 
expondo argumentos concretos, críveis e objetivos para acolher 
ou não o pedido posto em lide. Mesmo em situações de revelia, 
pode-se exigir, em alguns casos, que a parte autora tome a 
iniciativa probatória. Sendo a união estável um instituto civil 
de exceção, por ser paralelo ao casamento, que é solene (no 
sentido de depender de muitas formalidades), a interpretação de 
seus pressupostos configuradores deve ser restritiva, além de 
cabalmente comprovados por quem o alega. Era ônus da parte 
autora a comprovação, mas ficou inerte. APELO IMPROVIDO. 
UNÂNIME. Apelação Cível 70068162486, Oitava Câmara Cível, 
Relator: Ivan Leomar Bruxel, Julgado em 13/07/2017.
Como tais, os princípios estão intrinsecamente ligados ao resultado 
adequado que se busca dar aos litigantes.
Nesse sentido, o Código de Processo Civil (Lei nº 13.105/2015) con-
sagra as técnicas alternativas à jurisdição comum, isto é, aquela tradicional-
mente conhecida e prestada pelo Estado-juiz.
A mediação e a conciliação, neste sistema, foram instituídas com o fito 
de abreviar o deslinde do conflito. Entretanto, precipuamente a mediação e 
a conciliação trazem ao procedimento contencioso importantes propostas, 
cujas consequências interagem com as regras processuais e com o que as 
partes efetivamente pretendem com a ação judicial (resultado adequado).
A busca pela autocomposição dos conflitantes é um dos princípios 
7 Objeto de análise neste capítulo.
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Políticas Públicas para Composição no Código de Processo Civil Brasileiro
norteadores do sistema processual civil em vigor. De partida, o Códex esti-
pula a preferência que se dará à mediação e à conciliação, que deverão, con-
forme o seu art. 3º, ser estimuladas pelos operadores do direito. Spengler 
Neto, Zuchetto e Ferreira (2016, p. 267) elucidam que “está-se diante de um 
novo momento e que deve ser objeto de estudos, análises e, em especial, de 
coragem para implementação de uma Justiça de Paz”.
Tal busca decorre da necessidade que o processo possui de ser bem 
administrado, sob pena de submetê-lo a uma espécie de competição. Neste 
aspecto, vem o estímulo à mediação e a conciliação, sem, contudo, torná-las 
obrigatórias. Logo, a despeito da pressão e da coerção usuais do poder he-
terônomo, as ferramentas da criatividade e da flexibilidade oportunizam aos 
envolvidos a condução cooperativa do processo, instituindo-se uma outra 
cultura no tratamento dos conflitos (SPENGLER, 2016).
A corroborar isso, a Resolução nº 125/2010 instituída pelo Conselho 
Nacional de Justiça, trouxe, antes mesmo do CPC, ao bojo dos sistemas de 
resolução de controvérsias, a mediação e a conciliação. O seu objetivo, 
agora consagrado pelo Código de Processo Civil, conforme leciona Spengler 
(2014) é conferir melhores respostas ao conflito.
Assim, tanto a Resolução nº 125/2010 do Conselho Nacional de Jus-
tiça quanto o Código de Processo Civil, tendem, a partir das oportunidades 
da mediação e da conciliação, promover “a participação dos conflitantes em 
busca de um resultado que satisfaça seus interesses, preservando o rela-
cionamento prévio e os laços por ventura existentes entre eles” (SPENGLER, 
2014, p. 75).
Outra característica dos procedimentos de mediação e conciliação ora 
previstos no CPC, é o dever de informação das partes (princípio da decisão 
informada). Conforme ensina a professora Fabiana Marion Spengler (2014, 
p. 88) é:
direito de todos os participantes das sessões de receberem infor-
mações quantitativas e qualitativas acerca da composição que es-
tão realizando, de modo a não ser surpreendidos por qualquer con-
sequência inesperada da direção ou proposta pela qual optarem.
Ademais, em uma técnica autocompositiva na qual se possibilita aos 
envolvidos a discussão de pontos nevrálgicos sobre o conflito, o que cor-
robora na exposição de sentimentos e emoções, traz como consequência 
direta a confidencialidade do que foi objeto de tratativas (SPENGLER, 2014).
Outrossim, os princípios do CPC que regem a mediação e a concilia-
ção, como a construção conjunta da solução do conflito posto em exame 
(princípio da autonomia da vontade), fomentam a confiança e a comunica-
26 27
Políticas Públicas para Composição no Código de Processo Civil Brasileiro
ção, “bem como providenciam uma base mais estável para uma cooperação 
contínua”, de acordo com Spengler (2016, p. 104).
Os princípios vislumbrados à mediação e à conciliação guardam im-
portante conexão com o resultado que se espera às demandas conflitivas, e 
estão expressamente dispostos no caput do art. 166 do Código de Processo 
Civil. Prescreve o aludido dispositivo que “a conciliação e a mediação são 
informadas pelos princípios da independência, da imparcialidade, da auto-
nomia da vontade, da confidencialidade, da oralidade, da informalidade e da 
decisão informada” (BRASIL, 2015 <www.planalto.gov.br>).
Assim, o princípio da independência visa à manutenção espacial do 
terceiro mediador e conciliador em relação aos mediandos e conciliandos, a 
partir do que leciona a doutrina de Spengler (2016). Vale dizer, ainda, que a 
independência do terceiro indica a sua capacidade de agir de forma livre, ao 
arrepio de influências externas, como informa Sales (2004).
Por conseguinte, o princípio da imparcialidade advém da impossibi-
lidade do terceiro (mediador ou conciliador) conferir privilégios a uma das 
partes. Em que pese isto, não se deve dispensar tratamento distante aos 
mediandos e conciliandos, mas antever as suas necessidades, funcionando 
o terceiro como um intermediário entre as pretensões dos litigantes. Outro 
princípio que ilustra os procedimentos alternativos é o da oralidade. Tanto a 
mediação quanto a conciliação não possuem o condão de convencer o ma-
gistrado, mas visam à troca de experiências e informações entre as partes 
(SPENGLER, 2016). 
De mais a mais, a guisa do entendimento de Spengler (2016, p. 108), 
a oralidade do procedimento vem atrelada ao princípio da informalidade, 
“no qual as pessoas têm a oportunidade de debater os problemas que lhes 
envolvem, visando a encontrar a melhor solução para eles”. Impende afir-
mar, ainda, que tal princípio não se confunde com a criação de novos ritos 
processuais, mas trata-se da adequação dos atos procedimentais a partir de 
alternativas, no caso concreto, que não venham a ferir as normas jurídicas.
Ademais, todos os princípios processuais, concernentes a dar azo ao 
bom deslinde do processo, devem tomar por base a boa-fé. Esta, conforme 
esclarece Darci Guimarães Ribeiro (2017, p. 103), “é um princípio que se 
sobrepõe aos demais, por possuir um interesse público iminente, condicio-
nando, sempre que possível, os demais princípios”. 
De tal modo, continua o doutrinador, “obriga a todos os intervenientes 
a agirem e a se comportarem no processo com probidade e honestidade” 
(RIBEIRO, 2017, p. 103).
Com efeito, a resposta adequada ao processo passa pela percepção 
dos princípios processuais constitucionais e pelos princípios erigidos do CPC 
26 27
Políticas Públicas para Composição no Código de Processo Civil Brasileiro
no que tange aos métodos adequados de tratamento dos conflitos. 
Nessa toada, verifica-se que a autonomia da vontade estabelece impor-
tante congruência entre o que se pede e como alcançar o pedido. Portanto, 
um processo que se desenvolva sob o crivo do diálogo entre os seus litigan-
tes, oportuniza que estes de forma conjunta costurem o meio e o fim da sua 
demanda. Mais do que isto, a autonomia “diz respeito às decisões, dando aos 
conflitantes a opção de homologarem ou não o acordo construído. Compete a 
eles optarem pelo melhor para si mesmos” (SPENGLER, 2016, p. 107).
Compreende-se, nessa esteira, que a respostaadequada vai além da-
quela oriunda dos tribunais, proferida por um juiz. Braga Neto preleciona que 
a justiça não se encontra única e exclusivamente sob o manto da toga, tam-
pouco está “restrita à aplicação pura e simples da previsão legal” (2007, p. 64).
Por tais razões, a aplicação das normas legais deve interagir com o 
anseio sócio-jurídico à prestação jurisdicional célere e eficaz, de modo que a 
mediação de conflitos e a conciliação possam introduzir nos procedimentos 
formais e processuais, técnicas que elucidem a interdisciplinariedade oriunda 
dos meios adequados de tratamento dos conflitos, resultando em uma res-
posta adequada aos contornos delineados pela lide. Esse resultado se dará, 
tão-somente, se forem respeitados os princípios processuais, que compõem 
o CPC brasileiro, dentre eles, e principalmente, o princípio da colaboração. 
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30 31
Políticas Públicas para Composição no Código de Processo Civil Brasileiro
2
IMPACTOS PRÁTICOS E PSICOLÓGICOS 
DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE 
AUTOCOMPOSIÇÃO NA RAZOÁVEL 
DURAÇÃO DO PROCESSO CIVIL 
BRASILEIRO
Victor Priebe
Helena Schwantes
Julilaine Oliveira
INTRODUÇÃO
A proposta da Política Pública Judiciária Nacional de tratamento de 
conflitos de interesse, implementada pelo Conselho Nacional de Justiça 
(CNJ) através da Resolução nº 125/2010, tem como uma de suas finalida-
des o incentivo aos mecanismos de autocomposição, em especial a media-
ção e a conciliação, na medida em que esses institutos são considerados 
ferramentas úteis a uma efetiva duração razoável dos processos, uma vez 
que promovem outros modos de resolução de conflitos que não a clássica 
Jurisdição estatal.
Nessa seara, objetivo principal é investigar se a política pública de au-
tocomposição traz, de algum modo, impactos práticos na razoável duração 
do processo, bem como, investigar os impactos psicológicos que tais resul-
tados práticos possam trazer ao indivíduo que esteja envolvido em conflito 
regido pelo processo civil brasileiro.
Diantedesse cenário, a justificativa sustenta-se no fato de que o atual 
contexto da efetividade processual apresenta um congestionamento de 
ações que leva a uma irrazoabilidade na duração do processo civil brasileiro. 
Sendo assim, trabalha-se com a hipótese de que a autocomposição constitui-
se como o meio mais autêntico e simples de se conferir um tratamento quali-
32 33
Políticas Públicas para Composição no Código de Processo Civil Brasileiro
tativamente adequado para os conflitos, tanto no aspecto prático (Jurisdição) 
quanto no aspecto psicológico (jurisdicionado).
Nessa conjuntura, procura-se responder a seguinte indagação: A políti-
ca pública de autocomposição possui o condão de tratar os conflitos de uma 
maneira quantitativa e qualitativamente mais adequada, ao mesmo tempo 
em que proporciona impactos positivos, psicologicamente falando, aos juris-
dicionados submetidos a um processo com tempo irrazoável?
Para exame do proposto, realizou-se um estudo de cunho qualitativo, 
visando a interpretação e análise dos dados por meio da pesquisa biblio-
gráfica. Utilizou-se, ainda, o método dedutivo, o qual parte de argumentos 
gerais para particulares.
Assim, a reflexão que segue, no primeiro momento, trata de expor 
o atual cenário da razoável duração dos processos na Jurisdição brasileira. 
Após, passa-se a fazer breves apontamentos acerca dos reflexos quantitati-
vos e qualitativos da política pública de autocomposição. Por fim, aborda-se, 
de modo específico, a repercussão psicológica da autocomposição frente o 
atual cenário de duração dos processos.
2.1 ATUAL CENÁRIO DA RAZOÁVEL DURAÇÃO 
DOS PROCESSOS NA JURISDIÇÃO BRASILEIRA
 
Antes de adentrar precisamente na proposta central deste ponto é ne-
cessário trazer claro que se parte aqui da concepção de que o tempo é uma 
das principais características instituintes do Direito, cabendo-lhe estabele-
cer, dentro de suas múltiplas realidades, categorias simples e operacionais 
que possam servir de base para pautar o seu agir frente às complexidades 
sociais (GARAPON, 1997, p. 70-71).
Em sendo assim, observa-se que a implementação da norma jurídica 
exige um tempo próprio repleto de força instituinte. Para isto, o tempo do 
processo, por ser separado do da vida real, e, rigorosamente regulado pelas 
prescrições do ritual, faz com que o julgamento desenvolva seus efeitos 
instituintes, tanto jurídicos, como a condenação/absolvição, quanto efeitos 
sociais relativos ao apaziguamento e/ou surgimento de novos conflitos (OST, 
1999, p. 15).
Neste passo, se pode dizer que durante seu desenvolvimento o pro-
cesso apresenta avanços e recuos que se alternam entre esperança e pessi-
mismo, e, quando o fim se aproxima, surge a ansiedade. O processo é dota-
do de inúmeras sensações, as quais vistas de fora induzem a uma revolução 
32 33
Políticas Públicas para Composição no Código de Processo Civil Brasileiro
completa. É nestes termos que se afirma que a temporalidade processual 
não encontra possibilidade de reprodução (RESTA, 2014, p. 7), o que faz do 
processo um “instituto essencialmente dinâmico, porquanto não exaure o 
seu ciclo vital em um único momento, mas é destinado a desenvolver-se no 
tempo, possuindo duração própria” (TUCCI, 1997, p. 25).
Posto assim fica nítido que o processo é composto de várias cadências 
próprias que atuam para instrumentalizar o julgamento dos diversos tipos 
de conflitos sociais a ele submetidos, sendo que, por vezes segue o seu rit-
mo próprio, e, por vezes abandona este ritmo, fazendo com que desta for-
ma diferencie, temporalmente, as matérias por ele tratadas, seguindo para 
um avançar, ou deixar de avançar, pautado pela complexidade do conflito. 
Porém, da mesma forma que no direito, é imposto ao processo que atue no 
presente olhando para o passado sem perder a linha do horizonte que guar-
da o futuro.
No entanto, o tempo processual “não é um tempo ordinário. Da 
mesma forma que o espaço judiciário reconstrói, por oposição ao aban-
dono da sociedade, um interior que encarna a ordem absoluta, o tempo 
do processo interrompe o escoamento linear do tempo quotidiano” (GA-
RAPON, 1997, p. 53).
Partindo-se disto, destaca-se que o ideal é fazer com que as tutelas 
processuais atuem internamente de modo a distribuir o tempo do processo 
da maneira mais racional possível. Desta forma, a resposta jurisdicional obti-
da através do processo, deve ser proferida em um lapso temporal compatível 
com a natureza do objeto litigioso, para que essa resposta seja a mais plena 
possível, com a possibilidade de em não sendo assim, se tornar utópica a 
tutela jurisdicional de qualquer direito (TUCCI, 1997, p. 64-65).
Em consequência, identifica-se que a conclusão de um debate é cada 
vez mais negligenciada pela justiça contemporânea, fazendo com que, atual-
mente, assista-se a uma epidemia de decisões urgentes, preparatórias e con-
servatórias, ao invés de decisões de mérito. Não obstante, a justiça não pode 
esquecer aquilo que a sociedade aspira dela, ou seja, que ponha fim aos seus 
conflitos que são a ela levados, remetendo-os definitivamente para a catego-
ria do passado (GARAPON, 1997, p. 69-70).
Frente a este contexto, uma das principais consequências desta crise 
é o surgimento, no cidadão, de uma falta de confiança na justiça. Isto se dá 
não só pela falta de conhecimento dos ritos e da linguagem que envolveos 
processos judiciais, mas também muito pelo tempo que cada processo leva 
para exprimir o direito. Também contribuem para isso as inadequações das 
decisões proferidas depois deste longo tempo, ou ainda, a impossibilidade 
de seu cumprimento pelo perecimento da coisa que estava sob litígio. O 
34 35
Políticas Públicas para Composição no Código de Processo Civil Brasileiro
que se verifica então é uma ampla falta de conexão entre o sistema judicial 
e o sistema político e social, afastando a lei, bem como sua interpretação e 
aplicação, da sociedade na qual se encontra inserida, não correspondendo, 
assim, à expectativa de regular os conflitos (SPENGLER, 2014, p. 27).
Desta forma, a crise estatal que enfraquece a figura do Estado, bem 
como, a explosão de litigiosidade que a segue, sobrelevam uma das caracte-
rísticas do reino da urgência, qual seja 
[...] resolver de imediato e em definitivo uma situação problemática, 
parece comprometer-se na via de um provisório permanente, como se, ali-
mentando-se de alguma forma de si mesma, cada uma das suas intervenções 
pedisse a seguinte. Sem agarrar nos problemas pela raiz e aplicar-lhes um 
tratamento em profundidade, sem uma perspectivação real das questões e 
da vontade (ou da capacidade) política de os resolver duravelmente, as inter-
venções em urgência parecem sempre chegar ao mesmo tempo demasiado 
cedo e demasiado tarde: demasiado cedo porque o tratamento aplicado é 
sempre superficial; demasiado tarde porque, sem uma inversão de lógica, o 
mal não parou de se propagar (OST, 1999, p. 356).
Percebe-se aqui que as ações tomadas de forma imediata, buscando li-
gar o futuro, fazem com que a urgência ao longo do tempo se transforme em 
uma cultura da impaciência, a qual trata um mero atraso como dilação insu-
portável, bem como qualquer alteração institucional como um bloqueio repro-
vável. As expectativas alteram-se no seu sentido mais profundo, deixando de 
agir como fontes de esperança, e assumindo a condição de fontes de atraso e 
frustração, atingindo consequentemente a ideia de que necessitamos de um 
determinado tempo para que possamos trilhar o percurso dos objetivos que 
pretendemos atingir, fazendo com que através deste caminho a maturação 
das coisas e das ideias tornem os fins bem sucedidos (OST, 1999, p. 355).
Dentro desta realidade, observa-se que o processo é utilizado como 
um instrumento implementador da vontade da lei, carecendo de um desen-
volvimento progressivo e célere, com a finalidadeprecípua de que a presta-
ção jurisdicional seja realmente efetiva em resguardar os direitos subjetivos 
dos cidadãos, de uma forma que promova a máxima garantia social com o 
mínimo sacrifício das liberdades individuais, tudo dentro do menor tempo 
possível (TUCCI, 1997, p. 27).
Sendo assim, é possível dizer que o termo razoável duração “traz 
como imediata consequência a visualização das dilações indevidas como 
um conceito indeterminado e aberto, que impede de considerá-las como a 
simples inobservância dos prazos processuais pré-fixados” (TUCCI, 1997, p. 
68). Consequentemente, a razoabilidade deve ser analisada sob o contexto 
que apresenta cada caso específico, utilizando-se de conceitos concretos e 
34 35
Políticas Públicas para Composição no Código de Processo Civil Brasileiro
objetivos como os apresentados pelo Tribunal Europeu de Direitos Humanos 
(TUCCI, 1997, p. 76).
Tais critérios objetivos devem ser analisados frente às várias parti-
cularidades de cada caso (KOEHLER, 2013, p. 91), o que de certa forma faz 
com que se assemelhem tais mecanismos com a gestão de policronia das 
várias cadências do direito, as quais reconduzem a um sentido de temperan-
ça8 anteriormente mencionado (OST, 1999, p. 16-17). À vista disto, não se 
pode entender a celeridade unicamente como um conceito que a resumiria 
em celeridade vulgar. A celeridade que se busca é aquela que proporciona-
ria ao processo “um ritmo tão rápido quanto possível, sem desatender aos 
princípios fundamentais da ordem jurídica, como a presunção de inocência 
ou o direito de defesa... A celeridade ou rapidez não pode ser entendida em 
sentido pejorativo” (TUCCI, 1997, p. 28). Pois, “o processo tem também por 
vocação dar as suas oportunidades à dúvida e institucionalizar a prudência” 
(OST, 1999, p. 383).
Desta maneira, nota-se que a definição do que pode ser entendido 
como razoável somente se alcança analisando diretamente o caso concreto, 
que através das suas peculiaridades poderá se chegar a uma resposta se a ju-
risdição está sendo quantitativamente e qualitativamente prestada de modo 
adequado (SPENGLER, 2010, p. 218), de maneira que, no cenário jurídico 
nacional, atualmente são dados os primeiros passos nesta direção.
Notadamente, esta virada de rumos em direção a uma jurisdição quali-
tativa e quantitativamente adequada fortalece uma cadeia de princípios cons-
titucionais por conta dos efeitos que irradia, quando desde logo já se destaca 
o princípio do acesso à justiça, pois “não basta apenas garantir o acesso aos 
tribunais, mas principalmente possibilitar aos cidadãos a defesa de direitos e 
interesses legalmente protegidos” (SPENGLER, 2010, p. 218-219).
Assim, a decisão judicial, “por mais justa e correta que seja, muitas ve-
zes pode tornar-se ineficaz quando chega tarde, ou seja, quando é entregue 
ao jurisdicionado no momento em que não mais interessa nem mesmo o re-
conhecimento e a declaração do direito pleiteado” (SPENGLER, 2008, p. 50).
Isto posto, salienta-se que é somente através de mudança de mentali-
dade que rompa com a introspecção, que neste caso lê-se como introspecção 
por efetividade, é que se conseguirá considerar uma adequação do processo 
às realidades da vida, das quais leva-se em consideração fatores político-so-
ciais (BOLZAN DE MORAIS; SPENGLER, 2012, p. 26).
8 O conceito do termo “temperança” adotado no presente texto é definido por François 
Ost como a sabedoria do tempo que se desenvolve de forma justa frente as peculiarida-
des envolvidas (1999, p. 17).
36 37
Políticas Públicas para Composição no Código de Processo Civil Brasileiro
Ademais, os efeitos de uma razoável duração empregada de uma for-
ma adequada, que aqui se trata, refletem a urgente incorporação à práxis 
jurisdicional de mecanismos diversos que permitam não só impor agilidade 
aos procedimentos, mas, também, demonstrar a problemática que cerca os 
métodos clássicos em não conseguir mais dar respostas suficientes e eficien-
tes para os litígios que atualmente lhe estão sendo apresentados (BOLZAN 
DE MORAIS; SPENGLER, 2012, p. 30).
Neste ínterim, a atuação do CNJ merece destaque no momento em 
que rompe com a mentalidade de que duração razoável é aquela conta-
bilizada pelo somatório dos prazos processuais, revogando seus planos 
estratégicos traçados pela Resolução nº 70 e implantando novos concei-
tos com a Estratégia Judiciário 2020, em que ficou definido como um dos 
Macrodesafios o de impor efetividade na jurisdição, a qual ocupa as cinco 
primeiras posições para o cenário desejado no ano de 2020, sendo estas 
respectivamente: justiça mais acessível; desjudicialização; desconges-
tionamento do Poder Judiciário; probidade pública; e justiça tempestiva 
(CNJ, 2014, p. 2).
Aqui, percebe-se que o ajustamento por parte do CNJ agiu sob uma 
perspectiva de requestionamento que desliga as promessas de futuro insti-
tuídas por ele mesmo no momento em que determina que o prazo razoável 
seja o somatório dos prazos processuais, restabelecendo a concepção de 
tempo das invariantes jurídicas (OST, 1999, p. 18; 55).
Ainda nisto, põe-se clara a intenção do CNJ, através da criação do “in-
dicador sintético de resultado, denominado Índice de Efetividade da Justi-
ça - IEJus, que permitirá ao Poder judiciário aferir a sua efetividade a partir 
dos dados relativos às dimensões: Acesso à Justiça, Duração do Processo e 
Custo” (CNJ, 2014, p. 3), de trazer a quantidade na efetividade da prestação 
jurisdicional pela via da qualidade desta prestação. 
No entanto, adequando-se ao pensamento de que para se obter 
uma jurisdição qualitativamente adequada devem também ser desenvol-
vidos mecanismos que prestem tratamentos aos litígios desta mesma 
forma (SPENGLER, 2008, p. 50), o CNJ concretiza este posicionamento 
com a adoção de políticas públicas que visam garantir a razoável dura-
ção dos processos ao mesmo tempo em que tratem de forma adequada 
os conflitos. 
Sendo assim, esta é a temática central do debate que segue.
36 37
Políticas Públicas para Composição no Código de Processo Civil Brasileiro
2.2 REFLEXOS QUANTITATIVOS E QUALITATIVOS 
DA POLÍTICA PÚBLICA DE AUTOCOMPOSIÇÃO
Conforme abordado no tópico anterior, a falta de estrutura combinada 
com a precária mão de obra, numericamente falando, faz com que a morosi-
dade processual seja enfrentada pelo Judiciário não somente como uma crise 
de eficácia, mas também como uma crise na qualidade da prestação jurisdi-
cional. Por meio disso, evidencia-se a necessidade de um maior fomento aos 
mecanismos alternativos resolução dos conflitos, com a intenção de obter-se 
por meio destes uma harmonia entre os aspectos quantitativo e qualitativo 
da Jurisdição (SPENGLER; GHISLENI, 2011, p. 110).
Nesses termos, entende-se que o clássico modelo de solução de confli-
tos monopolizado pelo Estado, não abarca mais os anseios que a sociedade 
contemporânea a submeteu, não oferece mais respostas as complexas con-
flituosidades produzidas pela sociedade (SPENGLER, 2012, p. 23).
Sendo assim, surge à percepção de que “[...] a autocomposiçãoé o meio 
mais autêntico e genuíno de solução de conflitos, pois emana da própria 
natureza humana o querer-viver-em-paz” (CALMON, 2008, p. 06).
Atualmente, mecanismos que possibilitem a busca por consenso são 
indispensáveis, em nossa legislação e nos órgãos que atuam no judiciário, 
pois se as partes conseguem buscar a superação do conflito, o ato se torna 
extremamente vantajoso (TARTUCE, 2008, p. 47).
Isto se dá, pois os mecanismos consensuais de tratamento dos confli-
tos, a mediação especialmente, além de trazer celeridade processual, abar-
cam a informalidade, a diminuição de custos, retoma a proximidade entre a 
justiça e o cidadão, quebrando as barreiras do tradicional modelo triádico de 
Jurisdição (SPENGLER; GHISLENI, 2011, p. 110).
Tem-se claro “que o processo, sozinho, jamais será instrumento

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