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Aula 9 HABEAS CORPUS preventivo

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EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ... VARA CRIMINAL DA COMARCA DA CAPITAL/...
Guilherme Nicola, brasileiro, advogado, inscrito na OAB-XXX sob o nº XXX, com escritório na Rua XXX, nesta Capital, onde recebe intimações, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fundamento no artigo 5º, LXVIII, da Constituição Federal c/c artigos 647 e 648, inciso I, do Código de Processo Penal, impetrar de forma preventiva ordem de:
HABEAS CORPUS
Em benefício da Paciente Sarajane, brasileira, solteira, profissional do sexo, inscrita no CPF com nº xxx, residente e domiciliada na rua XXX, qual vem sofrendo comprovada ameaça a sua liberdade, por ato ilegal e abusivo da autoridade coatora delegado de Polícia do distrito da capital, pelos motivos de fato e de direito a seguir delineados:
I – DOS FATOS:
O Delegado do Distrito Policial da Capital determinou, aos seus agentes, a prisão de todas as garotas de programa que atuam na região, pois pretende restabelecer os bons costumes na cidade, como afirmou em entrevista à rádio local. 
Algumas horas após a ordem, os agentes de polícia realizaram as primeiras prisões. A paciente, que atua como acompanhante na localidade, passou a temer ser presa no horário em que realiza os seus encontros, razão pela qual deixou de fazê-los. 
Ocorre Nobre Julgador, que a decretação da prisão da paciente não encontra qualquer respaldo no ordenamento jurídico, motivo de sua ilegalidade.
II – DO DIREITO:
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 escreve em seu art. 5º, inciso LXVIII, que será concedido “habeas corpus” sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.
Em igual substrato, o Código de Processo Penal contempla em seus artigos 647 e 648:
"Art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar;"
"Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal:
I - quando não houver justa causa; (...)"
Há que se mencionar ainda o Pacto de São José da Costa Rica, recepcionado em nosso ordenamento jurídico brasileiro, que em seu art. 7º, é taxativo ao expor que toda pessoa tem direito a liberdade, sendo que ninguém pode ser submetido ao encarceramento arbitrário.
Assim, para ocorrer o cerceamento da liberdade de qualquer cidadão deve-se observar os princípios e garantias previstos na Carta Magna, o que foi gritantemente violado, além de, vislumbrar que, no caso em tela, não ocorreram os requisitos do artigo 312 do CPP (prisão preventiva).
Ressalto que a execução da atividade de prostituição não é considerada crime pelo código penal, desta forma, fica evidenciado total abuso do poder e ilegalidade de uma prisão que se quer tem previsão na legislação.
III – DO PEDIDO:
Requer assim que seja expedido o salvo conduto em favor da paciente para que a mesma não seja presa injustamente.
Requer também que a paciente possa exercer suas atividades profissionais sem qualquer risco uma vez que é essencial para seu sustento.
Nestes termos, peço deferimento.
Guilherme Nicola
OAB/UF 000000

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