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DIAGNÓSTICO MOLECULAR DE ANEMIA FALCIFORME MANUAL DA OFICINA PRÁTICA DE GENÉTICA, GENOMA E BIOTECNOLOGIA, 2004. Pontifícia Universidade Católica de Goiás Escola de Ciências Médicas, Farmacêuticas e Biomédicas Módulo de Hematologia – 2° turma 2017/2 Goiânia – Setembro de 2017 Discentes: Thais Regina dos Santos e Thuanny Cordeiro do Carmo Prof. Dr. Luiz Murilo Martins INTRODUÇÃO À ANÁLISE MOLECULAR Avanços na pesquisa molecular Diagnóstico mais frequente de doenças genéticas Pode indicar indivíduos portadores de alelos mutantes, mesmo que não haja sintomas. INTRODUÇÃO À ANÁLISE MOLECULAR Síndromes onde a mãe, geralmente assintomática, apresenta 50% de chance de gerar um filho homem acometido pela doença em questão. Síndromes genéticas recessivas ligadas ao cromossomo X Análise molecular Riscos de gerar um individuo afetado INTRODUÇÃO À ANÁLISE MOLECULAR A análise molecular pode ser realizada através de diferentes técnicas, definidas a partir de características moleculares específicas da doença em questão, tais como: • Ocorrência e frequência de mutações em determinadas populações; • Localização da mutação; • Características específicas do gene em questão; • Tipo de mutação • mutação pontual • grandes deleções • inserções • outras. INTRODUÇÃO À ANÁLISE MOLECULAR • Neste estudo foi realizado o diagnóstico molecular da anemia falciforme através da análise molecular de indivíduos normais, heterozigotos e homozigotos para a mutação HbS no gene da beta-globina ANEMIA FALCIFORME • Faz parte de um grupo de doenças genéticas recessivas hereditárias chamadas de hemoglobinopatias. Anemia Falciforme • podem consistir de variações estruturais na hemoglobina, ou de talassemias. Hemoglobinopatias • alta incidência em regiões endêmicas e possui características específicas de acordo com a região e população em estudo. Malária ANEMIA FALCIFORME • É de grande valia na análise genética de indivíduos acometidos por algum tipo de hemoglobinopatia Origem étnica • a chamada Hemoglobina S (HbS) possui maior significado clínico, apresenta altas incidências na África, Arábia Saudita e Ìndia Variação estrutural • atualmente encontra-se indivíduos afetados por diferentes formas de hemoglobinopatias no mundo inteiro. Migração populacional ANEMIA FALCIFORME • Os indivíduos portadores de dois alelos HbS (homozigotos) são acometidos de Anemia Falciforme. Já os indivíduos heterozogitos levam uma vida normal, embora suas hemácias tenham uma meia-vida mais curta. Alelos • Anemia crônica e episódios de dor severa. Os sintomas são consequência de uma alteração estrutural específica na molécula de hemoglobina S. Características • O formato de foice impede que a mesma circule livremente pelos capilares, podendo haver interrupção de fluxo sanguíneo e morte tissular. Molécula Hb S ANEMIA FALCIFORME ht tp :/ / w w w .n up a d .m e d ic in a .u fm g .b r/ to p ic o s- e m -s a ud e / d o e nc a -f a lc if o rm e / A MOLÉCULA DE HEMOGLOBINA • Hemoglobina: proteína levemente esférica composta por quatro subunidades: duas alfa, com 141 resíduos de aminoácidos cada uma, e duas beta com 146 resíduos. • A cadeia alfa é codificada pelo gene alfa-globina enquanto a cadeia beta é codificada pelo gene beta-globina. A MOLÉCULA DE HEMOGLOBINA Hemoglobina com as quatro cadeias peptídicas. A MOLÉCULA DE HEMOGLOBINA • Cada cadeia da hemoglobina possui em seu interior um radical heme que contém um átomo de ferro. • A Hb nada mais é que um carregador do átomo de ferro, que é altamente reativo e fica fortemente ligado à proteína quando a mesma circula pelo sangue. Radical hemo com o átomo de ferro no centro A MOLÉCULA DE HEMOGLOBINA Forma de uma proteína Estrutura secundária Estrutura terciária Estrutura quaternária Estrutura primáriaSequência de aa. DNA A MOLÉCULA DE HEMOGLOBINA http://experimentoteca.com/biologia/perguntas/banco-de-questoes-genetica-hemoglobina-e-anemia-falciforme-2/ • Enquanto na hemoglobina normal há o ácido glutâmico ocupando a sexta posição da sequência, na hemoglobina S é a valina que ocupa esta posição. A MOLÉCULA DE HEMOGLOBINA • A região do cromossomo 11, onde o gene da beta globina está localizado, contém vários outros genes relacionados, sendo a região denominada de região cluster da beta globina. • Nesta região há vários polimorfismos, que podem envolver mais de um gene. • Cada um dos padrões de polimorfismo é chamado de haplótipo. A MOLÉCULA DE HEMOGLOBINA • Certos haplótipos são encontrados nos cromossomos que carregam a hemoglobina mutante (Hb S) e podem estar associados com a severidade clínica da doença. • No homem: 7 cadeias diferentes de hemoglobina que se associam durante o desenvolvimento para produzir 7 hemoglobinas diferentes. Cada uma dessas cadeias é codificada por um gene independente. TÉCNICAS MOLECULARES • Há várias técnicas para diagnóstico molecular; • Todas têm como princípio básico o isolamento do gene (ou região) do genoma onde localiza-se a alteração que se quer analisar; • É essencial que se conheça que gene, ou genes, são responsáveis pela ocorrência da doença. TÉCNICAS MOLECULARES Fibrose cística Doenças podem ser causadas por mais de um defeito genético Mais de 500 mutações no gene conhecido como CFTR Diagnóstico molecular facilitado quando se conhece a mutação especifica da família. TÉCNICAS MOLECULARES Mutações pontuais Causadas pela alteração de um único nucleotídeo Anemia Falciforme Deleções Distrofia Muscular de Duchenne Expansão de nucleotídeos repetidos Doença de Huntington Síndrome do X-frágil Distrofia Miotônica TÉCNICAS MOLECULARES Identificada através de mudança no padrão eletroforético da hemoglobina, ou através da presença ou ausência do sítio de clivagem da enzima de restrição no gene da beta globina. Mutação falciforme TÉCNICAS MOLECULARES Neste estudo foi realizado o diagnóstico molecular de Anemia Falciforme através da técnica de PCR e posterior análise por enzimas de restrição de DNA extraído de sangue. EXTRAÇÃO DE DNA DE SANGUE • Três etapas: • Quebra da membrana celular para que o núcleo seja liberado; • Quebra da membrana do núcleo para liberação do DNA; • Isolamento do DNA através de precipitação em solução com álcool e sal. EXTRAÇÃO DE DNA DE SANGUE • Estas etapas podem ser feitas com o uso de detergentes, temperatura, processos mecânicos ou processos enzimáticos; • Kits comerciais para a extração de DNA dos mais variados tecidos; • No sangue, é necessário que todo o grupamento heme presente nas hemoglobinas sejam removidos – o ferro, altamente reativo, interfere nas reações enzimáticas realizadas em seguida. REAÇÃO EM CADEIA DA POLIMERASE Princípio a partir de quantidades mínimas de DNA, multiplicar uma determinada sequência, de modo que esta se torne majoritária na amostra. fragmento de DNA que desejamos amplificar para o estudo – β globina DNA alvo Primers pequenos fragmentos de DNA complementares às extremidades da região que se pretende amplificar. REAÇÃO EM CADEIA DA POLIMERASE MIXPrimers DNTP Taq pol DNA alvo Síntese do DNA Nucleotídeos livres (adenina, guanina, timina e citosina) REAÇÃO EM CADEIA DA POLIMERASE 95ºC • Separação das fitas de DNA. • Os primers se ligam às regiões complementares das fitas de DNA que estão separadas. 72ºC • A Taq irá promover a síntese de DNA somente a partirda região. 95ºC • Nova separação de todo DNA em fitas simples. Ao final do primeiro ciclo há duas fitas da molécula original de DNA, mais duas cópias da região de interesse. • Os primers irão se ligar aos 4 sítios nas novas duas cópias e também na molécula original de DNA. 72ºC • As 4 fitas individuais são copiadas em 8. Esses ciclos são repetidos geralmente 30 vezes. 55 a 65ºC 55 a 65ºC REAÇÃO EM CADEIA DA POLIMERASE • Os ciclos realizados num termociclador. • Ao final dos ciclos de amplificação existem, aproximadamente, 1 milhão de cópias do segmento de DNA de interesse para cada molécula molde originária da amostra inicial. • É assim que podemos selecionar um fragmento específico dentro de todo o genoma. ANÁLISE COM ENZIMAS DE RESTRIÇÃO Endonucleases Proteínas bacterianas que cortam em fragmentos a longa molécula linear de DNA. São as principais ferramentas da tecnologia do DNA recombinante. Uma enzima de restrição reconhece uma sequência específica de nucleotídeos, como AGCT, cortando o DNA nos locais onde esta combinação de “letras” ocorrer. ANÁLISE COM ENZIMAS DE RESTRIÇÃO O número de pedacinhos produzido é estabelecido pelo número de sítios de restrição reconhecido pela enzima utilizada. A digestão de DNA por enzimas de restrição é um processo simples Quando o DNA é colocado em contato com a enzima a uma temperatura ideal (geralmente 37°C), a enzima inicia o processo de digestão imediatamente, cortando o DNA em diversos pedacinhos. ANÁLISE COM ENZIMAS DE RESTRIÇÃO ANÁLISE COM ENZIMAS DE RESTRIÇÃO ELETROFORESE EM GEL DE AGAROSE • O DNA é carregado em um poço do gel e este é submetido a um campo elétrico. • O DNA irá se mover na direção do pólo positivo, uma vez que a molécula de DNA é negativa, devido à presença de grupamentos de fosfato. Eletroforese é a técnica pela qual fragmentos de DNA de diferentes tamanhos são separados ELETROFORESE EM GEL DE AGAROSE https://www.clentlifescience.co.uk/pcr-mastermix- products/hotshot-diamond-pcr-master-mix ELETROFORESE EM GEL DE AGAROSE • Durante a corrida eletroforética, os fragmentos de menor tamanho correm mais rapidamente que os fragmentos maiores e, deste modo, a posição relativa dos fragmentos no gel depende dos tamanhos dos mesmos. • Após a corrida eletroforética, o gel deve ser tratado com um corante específico para que se possa observar os fragmentos de DNA. ELETROFORESE EM GEL DE AGAROSE • Por convenção, os géis são interpretados da esquerda para a direita, com os poços orientados para cima e as amostras são aplicadas no poço da esquerda para a direita. • O DNA das amostras ficará separado no gel de acordo com o tamanho, sendo que os menores migraram mais enquanto que os maiores migraram menos. ELETROFORESE EM GEL DE AGAROSE http://www.ageracaociencia.com/2016/01/14/a-tecnica-de-eletroforese/ QUESTÕES ÉTICAS DO DIAGNÓSTICO MOLECULAR • 5 a 10% das mulheres afetadas apresentam a forma hereditária da doença; • Pelo menos dois genes podem estar envolvidos neste tipo de câncer: BRCA 1 e BRCA 2; • Mutações em um destes dois genes aumentam as chances de desenvolver câncer de mama em algum momento da vida; • 90% dos casos de câncer de mama são esporádicos. Câncer de mama QUESTÕES ÉTICAS DO DIAGNÓSTICO MOLECULAR • Ainda não existe cura definitiva para o câncer de mama, embora a remoção do seio ou parte do mesmo, e tratamentos específicos podem reduzir os riscos de ocorrência da doença; • Mulheres que possuem familiares com câncer de mama ou ovário apresentam maior probabilidade de terem alterações genéticas; • Estas mulheres têm sido encorajadas a realizarem mamografias e o auto-exame da mama desde jovens. QUESTÕES ÉTICAS DO DIAGNÓSTICO MOLECULAR • Muitos médicos e cientistas acreditam que quanto mais cedo o câncer for detectado, maiores são as possibilidades de tratamento assim como as chances de sobrevivência do paciente. • No entanto, estes procedimentos, incluindo o monitoramento por mamografias, ainda estão em discussão na comunidade científica quanto à eficácia em reduzir a taxa de mortalidade. QUESTÕES ÉTICAS DO DIAGNÓSTICO MOLECULAR • Vários laboratórios já realizaram o teste genético para estes genes. • A principal técnica utilizada é a PCR e várias regiões destes dois genes são analisadas para possíveis mutações. • O resultado geralmente leva uma ou duas semanas e é mantido sob sigilo. SOBRE A ANÁLISE MOLECULAR A análise genética pode expor uma pré-condição antes desconhecida ao indivíduo, podendo ter sérias implicações psicológicas para o mesmo. As vezes, nem todos os indivíduos de uma mesma família têm a mesma posição em relação á análise genética e a realização do teste genético em um indivíduo pode expor todo o resto da família Há ainda casos onde a decisão da realização de um diagnóstico genético está sob responsabilidade dos pais, e não do indivíduo em questão. SOBRE A ANÁLISE MOLECULAR Além disso, em muitos países já existe a preocupação de que este tipo de informação possa ser usada por seguradoras de saúde na hora de negar cobertura ao indivíduo sob a alegação de que se trata de condição médica pré-existente A maioria das doenças genéticas hereditárias ainda não possui tratamento e por isso muitos indivíduos argumentam que não há sentido em se buscar uma informação que poderá apenas trazer danos psicológicos ao indivíduo, não sendo de nenhuma forma útil para o tratamento do paciente. SOBRE A ANÁLISE MOLECULAR Há quem diga que o diagnóstico molecular pode ajudar o indivíduo a tomar certas decisões pessoais, como constituir ou não família, ter filhos, fazer seguro de vida, etc. Este tipo de debate é especialmente visto em casos de doenças genéticas de manifestação tardia como, por exemplo, a Doença de Huntington. Qual sua opinião em relação a estas questões? OBRIGADA!
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