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Perda da Biodiversidade

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Pesquisa sobre a Perda da Biodiversidade
Impactos sobre a Biodiversidade
Tanto a comunidade científica internacional quanto governos e entidades não-governamentais ambientalistas vêm alertando para a perda da diversidade biológica em todo o mundo, particularmente nas regiões tropicais. A degradação biótica que está afetando o planeta encontra raízes na condição humana contemporânea, agravada pelo crescimento explosivo da população humana e pela distribuição desigual da riqueza. A perda da diversidade biológica envolve aspectos sociais, econômicos, culturais e científicos.
Em anos recentes, a intervenção humana em habitats que eram estáveis aumentou significativamente, gerando perdas maiores de biodiversidade. Biomas estão sendo ocupados em diferentes escalas e velocidades: extensas áreas de vegetação nativa foram devastadas no Cerrado do Brasil Central, na Caatinga e na Mata Atlântica. 
É necessário que sejam conhecidos os estoques dos vários hábitats naturais e dos modificados existentes no Brasil, de forma a desenvolver uma abordagem equilibrada entre conservação e utilização sustentável da diversidade biológica, considerando o modo de vida das populações locais.
Como resultado das pressões da ocupação humana na zona costeira, a Mata Atlântica, por exemplo, ficou reduzida a aproximadamente 7% de sua vegetação original. Na periferia da cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, são encontradas áreas com mais de 500 espécies de plantas por hectare, muitas dessas são árvores de grande porte, ainda não descritas pela ciência.
Os principais processos responsáveis pela perda de biodiversidade são:
•    perda e fragmentação dos habitats;
•    introdução de espécies e doenças exóticas;
•    exploração excessiva de espécies de plantas e animais;
•    uso de híbridos e monoculturas na agroindústria e nos programas de reflorestamento;
•    contaminação do solo, água, e atmosfera por poluentes; e
•    mudanças climáticas.
As inter-relações das causas de perda de biodiversidade com a mudança do clima e o funcionamento dos ecossistemas apenas agora começam a ser vislumbradas.
Três razões principais justificam a preocupação com a conservação da diversidade biológica. Primeiro, porque se acredita que a diversidade biológica é uma das propriedades fundamentais da natureza, responsável pelo equilíbrio e estabilidade dos ecossistemas. Segundo, porque se acredita que a diversidade biológica representa um imenso potencial de uso econômico, em especial pela biotecnologia. Terceiro, porque se acredita que a diversidade biológica esteja se deteriorando, com aumento da taxa de extinção de espécies, devido ao impacto das atividades antrópicas.
O Princípio da Precaução, aprovado na Declaração do Rio durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD/Rio-92), estabelece que a ação deve ser imediata e preventiva.
Gestão de Biotecnologia
Artigo 19 da Convenção sobre Diversidade Biológica 
Biotecnologia significa qualquer aplicação tecnológica que utilize sistemas biológicos, organismos vivos, ou seus derivados, para fabricar ou modificar produtos ou processos para utilização específica. (Artigo 2 da Convenção sobre Diversidade Biológica.
O potencial de utilização sustentável da biodiversidade é dependente da disponibilidade de matéria prima, tecnologia e mercado. Exemplificando, um parente silvestre do trigo originário da Turquia proporcionou genes resistentes a doenças para as variedades comerciais de trigo resultando em ganho anual de US$50 milhões, somente nos Estados Unidos. Uma variedade de cevada da Etiópia forneceu um gene que protege, atualmente, a cultura da cevada na Califórnia contra um vírus fatal, proporcionando economia de US$ 160 milhões. Nos Estados Unidos, 25% dos produtos famacêuticos receitados, atualmente, contêm ingredientes ativos derivados de plantas e existem mais de 3000 antibióticos derivados de microrganismos. A exploração farmacológica da biodiversidade brasileira está em seu início e, a julgar pelos resultados obtidos em outros países, acredita-se que exista um vastíssimo campo para a produção de fármacos ainda desconhecidos.
Na área da agricultura o Brasil tem exemplos, de repercussão internacional, sobre o desenvolvimento de biotecnologias que geraram riquezas por meio do adequado emprego de componentes da biodiversidade. Este é o caso do programa de controle biológico, por meio de Baculovirus anticarsia utilizado no combate à lagarta da soja (Anticarsia gemmatalis), que gera economia da ordem de 200 milhões de dólares anuais, para os produtores brasileiros. Exemplo semelhante e já rotineiro na exploração de cana-de-açúcar é o uso de parasitas para controlar a cigarrinha (Diatraea saccharalis), prática que representa economia anual superior a 100 milhões de dólares. De importância estratégica para a produção de soja no Brasil, com reflexos diretos na nossa pauta de exportações, é a economia obtida com as pesquisas que possibilitaram a substituição de fertilizantes nitrogenados por associações simbióticas da planta com bactérias fixadoras de nitrogênio. Este trabalho científico liderado pela pesquisadora Dra. J. Dobereiner tem proporcionado uma economia à agricultura brasileira da ordem de 1,6 bilhões de dólares anuais. Outros exemplos poderiam ser ascrescentados.
Fonte: http://www.mma.gov.br/biodiversidade/biodiversidade-global/impactos
Acesso em 13/09/14.
Por que estamos perdendo tantas espécies e faixas de terra a cada segundo?
A biodiversidade sofreu redução de mais de um quarto nos últimos 35 anos.
O Living Planet Index (Índice do Planeta Vivo), que monitora quase 4.000 populações de fauna silvestre, aponta para uma queda geral de 27% nas tendências populacionais entre 1970 e 2005.
Essa notícia não é nada boa.
Em geral, o crescimento populacional e o nosso consumo são os motivos para essa enorme perda. Em termos específicos, a destruição do habitat e o comércio da fauna silvestre são as principais causas da queda da população das espécies.
Nós...coletamos, derrubamos, arrancamos e caçamos espécies de animais, árvores, flores e peixes para usar na medicina, lembranças, símbolos de status, materiais de construção e alimentos.
Hoje essa superexploração (caça, pesca, captura acidental) é totalmente insustentável. 
Em nível global, atualmente necessitamos do equivalente a 1,4 planeta para dar vazão a nossos estilos de vida. Esta é a atual Pegada Ecológica da humanidade, isto é, a demanda das pessoas imposta ao mundo natural.
Em 2009, a humanidade usou 40% mais recursos do que a natureza é capaz de regenerar em um ano. 
Esse problema (uso de recursos em velocidade superior à sua capacidade de regeneração e criação de resíduos como CO2 em velocidade superior à sua capacidade de absorção) recebe o nome de descompasso ecológico.
Atualmente mantemos esse descompasso liquidando os recursos naturais do planeta. Podemos cortar árvores mais rápido do que elas são capazes de voltar a crescer e capturar peixes em velocidade maior do que eles são capazes de se reproduzir. Embora seja possível fazer isso por um breve período de tempo, o descompasso acaba levando ao esgotamento dos recursos dos quais depende a nossa economia.
A pressão é agravada ainda mais pelas mudanças climáticas. A quantidade e o alcance de efeitos e impactos das mudanças do clima sobre a biodiversidade ainda são desconhecidos. E a capacidade (ou incapacidade) de os seres vivos se adaptarem a esses impactos é uma grande incógnita.
Entretanto, o que sabemos é que os próximos 30 anos serão determinantes.
Sabemos também que os seres humanos, e nosso comportamento, alteraram os ecossistemas da Terra com maior rapidez e amplitude nos últimos 50 anos do que em qualquer outro período da história humana.
No final das contas, pode-se dizer que a perda da biodiversidade é a maior ameaça à estabilidade e à segurança do mundo hoje. 
Fonte: http://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/especiais/biodiversidade/motivos_perda_biodiversidade/Acesso em 13/09/14.
"Eu entendo que pode haver uma crise de biodiversidade, mas como isso me afeta?”
Boa pergunta! Funciona assim...
 
A diversidade biológica é o recurso do qual dependem famílias, comunidades, nações e gerações futuras. É o elo entre todos os organismos existentes na terra, que liga cada um deles a um ecossistema interdependente, em que cada espécie desempenha sua função. É uma verdadeira teia da vida. 
O patrimônio natural da Terra é composto por plantas, animais, terra, água, a atmosfera e os seres humanos! Juntos, fazemos todos parte dos ecossistemas do planeta, o que equivale a dizer que, se houver uma crise de biodiversidade, nossa saúde e meios de subsistência também entram em risco.
Porém, atualmente estamos usando 25% mais recursos naturais do que o planeta é capaz de fornecer. O resultado é que espécies, habitats e comunidades locais estão sofrendo pressões ou ameaças diretas. Um exemplo de ameaça que já atinge seres humanos é a perda de acesso à água doce.
A biodiversidade é a base da saúde do planeta e tem um impacto direto sobre a vida de todos nós.
Indo direto ao ponto: a redução da biodiversidade significa que milhões de pessoas estão diante de um futuro em que os estoques de alimentos serão mais vulneráveis a pragas e doenças e a oferta de água doce será irregular ou escassa.
Para os seres humanos, isso é preocupante.
Muito preocupante mesmo. 
Serviços de ecossistemas
Essa é uma forma de descrever todos os serviços que recebemos do mundo natural e para os quais muitas vezes não damos a devida importância.
Pode ser a água, a formação e a proteção do solo, a desagregação e a absorção da poluição, a estabilidade climática e a prevenção e a recuperação de desastres naturais.
Qual é o valor dos serviços dos ecossistemas em nível global?
Segundo a IUCN (em inglês), a União Mundial para a Natureza, o valor monetário dos bens e serviços prestados pelos ecossistemas está estimado na ordem de US$ 33 trilhões ao ano.
Vamos colocar os zeros para que você possa ver com exatidão o que estamos falando:
33.000.000.000.000 de dólares, ou cerca de 55.000.000.000.000 de reais.
Para se ter uma ideia do quanto de riqueza está abrigada nos ecossistemas:
O PIB dos Estados Unidos para o ano de 2008 foi de apenas US$ 14,4 trilhões.
O PIB da União Europeia para o mesmo ano ficou em US$ 14,94 trilhões.
O PIB brasileiro em 2008 alcançou apenas R$ 2,9 trilhões!
Mas a questão não se resume ao dinheiro. Tem a ver com salvar vidas.
Estima-se que colhemos entre 50.000 e 70.000 espécies vegetais para uso na medicina tradicional e moderna em todo o mundo.
Tem a ver também com a segurança alimentar.
Cerca de 100 milhões de toneladas de criaturas aquáticas, inclusive peixes, moluscos e crustáceos, são retiradas da natureza todo ano.
A carne de animais silvestres forma uma contribuição determinante para as fontes de alimentos e meios de subsistência de diversos países, sobretudo aqueles com índices elevados de pobreza e insegurança alimentar.
A natureza oferece tudo isso gratuitamente. Ela só pede que cuidemos dela em troca.
Fonte: http://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/especiais/biodiversidade/consequencias_perda_biodiversidade/
Acesso em 13/09/14.
Perda de biodiversidade já ameaça economia, diz ONU
O Terceiro Panorama Global de Biodiversidade (Global Biodiversity Outlook ou GBO-3, na sigla em inglês) afirma que vários ecossistemas podem estar próximos de sofrer mudanças irreversíveis, tornando-se cada vez menos úteis à humanidade.
Entre estas mudanças, segundo o relatório da ONU estariam o desaparecimento rápido de florestas, a proliferação de algas em rios e a morte generalizada de corais.
Até o momento, a ONU calculou que a perda anual de florestas custa entre US$ 2 trilhões e US$ 5 trilhões, um número muito maior que os prejuízos causados pela recente crise econômica mundial.
O cálculo foi feito com base nos valores estipulados em um projeto chamado Economia dos Ecossistemas e da Biodiversidade (EEB) para serviços prestados pela natureza, como a purificação da água e do ar, a proteção de regiões litorâneas de tempestades e a manutenção da natureza para o ecoturismo.
"Muitas economias continuam cegas ao enorme valor da diversidade de animais, plantas e outras formas de vida e ao seu papel no funcionamento de ecossistemas saudáveis", disse o diretor-executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Achim Steiner.
"A humanidade criou a ilusão de que, de alguma forma, é possível se virar sem biodiversidade, ou de que isso é periférico no mundo contemporâneo", disse ele.
"Na verdade, precisamos dela mais do que nunca em um planeta com seis bilhões de pessoas indo a nove bilhões em 2050."
Segundo a ONU, quanto maior for a degradação dos ecossistemas, maior será o risco de que elas percam grande parte de sua utilidade prática para o homem.
Exemplo brasileiro
A Amazônia é citada como um dos ecossistemas ameaçados de atingir o chamado "ponto sem volta", mesmo com a recente diminuição nas taxas de desmatamento e com o plano de redução do desmatamento, que prevê a redução de 80% até 2020 em relação à média registrada entre 96 e 2005.
O relatório da ONU cita um estudo coordenado pelo Banco Mundial que afirma que se a Amazônia perder 20% de sua cobertura original, em 2025, certas partes da floresta entrariam em um ciclo de desaparecimento agravado por problemas como mudanças climáticas, queimadas e incêndios.
O relatório ressalta que o plano brasileiro deixaria o desmatamento acumulado muito próximo de 20% da cobertura original.
No entanto, o Brasil também é citado como exemplo no que diz respeito à criação de áreas de proteção ambiental.
"Alguns poucos países tiveram uma contribuição desproporcional para a expansão da rede global de áreas protegidas (que, segundo o relatório cresceu 57%): dos 700 mil quilômetros quadrados transformados em áreas de proteção desde 2003, quase três quartos ficam no Brasil, em grande parte, resultado do Programa de Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa)."
Na Convenção sobre Diversidade Biológica (CBD, na sigla em inglês), no mês passado, cientistas afirmaram que os governos nacionais não conseguiriam respeitar as suas metas de redução da perda de biodiversidade até 2010.
"Não são boas notícias", disse o secretário-executivo da CBD, Ahmed Djoglaf.
"Continuamos a perder biodiversidade em um ritmo nunca visto antes na História. As taxas de extinção podem estar até mil vezes acima da taxa histórica."
Metas fracassadas
A ONU diz ainda que a variedade de vertebrados no planeta – uma categoria que abrange mamíferos, répteis, pássaros, anfíbios e peixes – caiu cerca de um terço entre 1970 e 2006.
A meta de redução de perda de biodiversidade foi acertada durante uma reunião em Johanesburgo, na África do Sul, em 2002. No entanto, já se sabia que seria difícil mantê-la.
A surpresa do relatório GBO-3 é que outras 21 metas subsidiárias tampouco serão cumpridas globalmente.
Entre elas, estão a redução da perda e degradação de habitats, a proteção de pelo menos 10% das regiões ecológicas do planeta, controle da disseminação de espécies invasivas e a prevenção de extinção de espécies devido ao comércio internacional.
Uma sinal claro do fracasso registrado no relatório é que nenhum dos países envolvidos conseguirá atingir todas as metas até o fim do ano.
Fonte: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2010/05/100510_naturezaeconomiaebc.shtml
Acesso em 13/09/14.
Diminuir perda de biodiversidade exige medidas extras
O Planeta fornece recursos naturais em quantidade 20% superior à capacidade de reposição
Se, de um lado a biodiversidade no planeta ganha com o aumento na superfície de áreas protegidas, de outro perde com desmatamento em níveis elevados, o declínio de populações tradicionais, a ameaça de extinção de espécies e a fragmentação de florestas.Todos esses diversos tipos de degradação levam a uma demanda global por recursos 20% além da capacidade de a Terra repor o que dela é retirado. O resultado é uma perda de diversidade biológica que deve continuar para além de 2010, ano em que se concentram metas de recomposição do número de espécies perdidas. 
Em resumo, este é quadro o traçado pela segunda edição do estudo Panorama da Biodiversidade Global – realizado pela Convenção sobre Diversidade Biológica em colaboração com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) –, divulgado durante a 8ª Conferência das Partes (países membros) da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP8), em até 31 de março em Pinhais, na Grande Curitiba. 
O documento analisa as possibilidades de se atingir as metas de contenção da perda da biodiversidade e mostra que somente com esforços adicionais será possível reverter a tendência. 
Segundo o estudo, aumentam as ameaças à biodiversidade, entre as quais o ingresso de nitrogênio reativo nos ecossistemas, o que prejudica organismos de espécies de crescimento lento. 
Outro problema é a introdução de espécies exóticas em ecossistemas, como resultado do aumento do número de viagens e do comércio. As perdas ambientais anuais causadas pela introdução de pragas exóticas nos Estados Unidos, Reino Unido, Austrália, África do Sul, Índia e Brasil são calculadas em US$ 100 bilhões, aponta o relatório.
Avaliada favoravelmente, a expansão da superfície de áreas protegidas (hoje, 12% do planeta são áreas de proteção, no total de 105 mil unidades) não é uniforme em todos pontos. A maioria das ecorregiões está aquém da meta de 10% de áreas protegidas. 
A situação é particularmente grave nos ecossistemas marinhos, que têm escassa proteção, assim como na perda, elevada, de florestas que se transformam em terras agrícolas e pasto. A cada ano, cerca de 13 milhões de hectares (área semelhante ao território da Grécia) são desmatados para dar lugar a atividades agropastoris. A construção de infra-estrutura também impacta profundamente a diversidade. E, nesse quesito, a construção de barragens e o isolamento de manchas florestais, fragmentando os ecossistemas e os biomas, têm um papel de destaque. 
O estudo conclui que, embora haja uma tendência em degradação da biodiversidade, a adoção de mecanismos de controle pode reverter esta situação em habitats ou espécies específicos. Entre estas iniciativas estão a adoção de áreas protegidas ou programas de prevenção da poluição. Outras medidas vão simplesmente no sentido de aprimorar o uso de recursos. No caso do nitrogênio, um aumento de 20% na eficiência do uso de nitrogênio nos sistemas de produção de cereais poderia reduzir globalmente o nitrogênio reativo em 6%.
A preocupação com a eficiência da agricultura é um dos nortes na busca da contenção da perda da biodiversidade. De acordo com o documento, as ações neste campo ainda contemplam o planejamento mais eficiente na expansão agrícola e a moderação no consumo de alimentos. Neste aspecto, o Panorama da Biodiversidade Global aponta que muitas ações que poderiam ser implantadas para erradicar a pobreza extrema tendem a reduzir a biodiversidade no curto prazo, se medidas de precaução não forem tomadas conjuntamente.
Língua como veículo do conhecimento tradicional 
 
Com relação aos conhecimentos das comunidades tradicionais, dos quais as línguas indígenas são um veículo vital, o Panorama da Biodiversidade Global expressa preocupação com relação à diminuição da diversidade lingüística, embora não haja dados que indiquem uma tendência consistente. Um levantamento da Unesco mostrou que, de um universo pesquisado de mais de 250 línguas indígenas de 1980 a 2003, 149 tiveram aumento no número de falantes, enquanto 104 perderam pessoas aptas à compreensão do idioma.
O documento Panorama da Biodiversidade Global está disponível em www.biodiv.org/GBO2
Fonte: http://www.portaldomeioambiente.org.br/cidadania/2101-perda-de-biodiversidade
Acesso em 13/09/14.
Territórios sustentáveis na Amazônia e a necessidade de pesquisas 
integradas para o desenvolvimento da região
Novas estratégias de ciência e tecnologia (C&T) para a região amazônica devem considerar a criação de programas que visem a induzir a produção do conhecimento, conservação e geração de riquezas na região, e um planejamento que garanta que o componente de informação e conhecimento receba destaque para subsidiar linhas de ação de manutenção dos principais processos biológicos, da promoção de uso dos recursos naturais, da conservação da biodiversidade e da gestão integrada do território. Isto requer uma abordagem interdisciplinar, que integre temas biológicos e socioculturais (Vieira et al., 2000), processos climáticos (Nobre e Nobre, 2002), estudos das paisagens (Ab'Sáber, 2002), padrões e processos da origem e manutenção da biodiversidade (Haffer e Prance, 2002) e recursos hídricos.
O sistema atual de C&T na Amazônia está centralizado nas instituições de ensino e pesquisa das duas maiores metrópoles regionais. Os investimentos na região são poucos e não atingem, por exemplo, a mesma proporção da contribuição da região ao PIB nacional (Diniz, 1996). O maior desafio da ciência amazônica é descentralizar e, ao mesmo tempo, integrar suas ações de uma forma coerente e plenamente engajada nos principais desafios regionais. A descentralização pode ser feita via criação de institutos de pesquisa ou instituições de ensino superior públicos ou privados em municípios estratégicos da região. É preciso ter um programa forte de atração de mestres e doutores para estes novos pólos associado à construção de uma infra-estrutura de trabalho que permita a estes pioneiros se manterem conectados à grande rede mundial de pesquisas. Com o avanço das tecnologias de comunicação isso pode ser feito de forma rápida e a um baixo custo, como, por exemplo, a expansão da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), que segue este princípio. A integração das ações de ciência e tecnologia passa pelo desenvolvimento de grandes projetos temáticos via criação e expansão de redes de colaboração interinstitucional. O intercâmbio de experiências e o compartilhamento de laboratórios reduziriam os custos da pesquisa e criariam um ambiente permanente de aprendizado sobre os contextos sociais e políticos das diferentes regiões da Amazônia.
Dentre os vários temas integrados possíveis de investigação na Amazônia, o que está mais relacionado ao processo de gestão territorial da região é o planejamento e a implementação de territórios sustentáveis, ou seja, um mosaico de usos de terra complementares gerenciados de forma integrada que permitam conservar a biodiversidade e manter tanto a dinâmica dos processos ecológicos como a dinâmica socioeconômica de um determinado território. Para isso, é preciso integrar e aplicar os conhecimentos científicos diversos para desenvolver modelos sustentáveis de uso do território na região.
Projetos temáticos deste tipo precisam ser desenvolvidos por um consórcio de organizações que formem grupos de pesquisa multidisciplinares. A princípio, seis projetos seriam apoiados, devendo estar distribuídos de acordo com a proposta de divisão geopolítica da Amazônia de Becker (2001) que distingue três grandes unidades sub-regionais: a Amazônia oriental e meridional, que abarca o arco do desmatamento, a Amazônia central e a Amazônia ocidental. Dessa forma, os projetos-piloto deveriam ser assim distribuídos: a) dois ao longo do arco do desmatamento ou Amazônia oriental e meridional, sendo um em uma área de colonização mais antiga (leste do Pará) e um em uma área de colonização mais recente (Mato Grosso, Rondônia ou sul do Pará); b) dois na Amazônia central (que inclui Amapá, Pará, leste do Amazonas e parte de Rondônia); e c) dois na Amazônia oriental (que inclui o resto do Amazonas, Roraima e Acre). Essa distribuição dos projetos-piloto permite cobrir, de forma adequada, a maioria dos padrões de uso da terra na região.
Cada projetodeve definir precisamente a "unidade territorial de análise", que não deve ser menor do que os limites municipais ou de uma bacia hidrográfica (a escala da bacia ainda precisa ser definida). O projeto deve também contar com um forte apoio local (prefeituras, sociedade civil organizada etc.) e ser liderado por um pesquisador com competência científica demonstrada na forma de publicações científicas, formação de recursos humanos e coordenação de projetos multidisciplinares. O pesquisador deve ter pelo menos o título de doutor.
Cada projeto dever ser composto por quatro componentes principais: a) coleta de informações básicas; b) organização e integração de informações; c) disseminação e divulgação; e d) formação de recursos humanos.
O componente de informações básicas, por sua vez, deve ser composto pelo menos dos seguintes itens: a) caracterização da paisagem; b) estrutura e funcionamento dos ecossistemas e c) dinâmica econômica e social. A caracterização da paisagem inclui os seguintes assuntos: a) desenvolvimento de modelos de paisagem através da integração de informações biológicas (vegetação), solo, geomorfologia, clima e biofísica; b) desenvolvimento de protocolos de inventário biológico para grupos indicadores da qualidade do hábitat; c) desenvolvimento de modelos para predizer a distribuição de espécies indicadoras a partir da integração das informações do inventário biológico com as paisagens; d) estudo da área de vida e densidade de populações de espécies indicadoras; e e) ciclos de vetores de doenças. O estudo da estrutura e funcionamento de ecossistemas deve incluir ainda a) o estudo de interações biológicas críticas, tais como dispersão de sementes e polinização; b) a dinâmica de populações de espécies indicadoras; a dinâmica da paisagem, incluindo ciclos naturais de perturbação e sucessão vegetal; e c) a dinâmica biofísica e biogeoquímica dos ecossistemas, desenvolvimento de modelos e instrumentos de simulação da dinâmica dos ecossistemas. Para compreender as tendências atuais das formas de uso dos recursos naturais (e poder melhor orientá-las) é indispensável: a) identificar os atores envolvidos no processo, e o papel dessas redes na estratégia das populações; b) avaliar os padrões de desmatamento e de conservação; c) identificar os sistemas de produção, cadeias produtivas e técnicas; d) analisar a sustentabilidade de alternativas inovadoras (manejo florestal; recursos madeireiros e não-madeireiros; recuperação de áreas alteradas; manejo de florestas secundárias; valoração monetária/ não monetária; economia da pesca; piscicultura; biotecnologia); e) identificar as demandas em recursos e meios, tais como terra, crédito e ciência e tecnologia; f) realizar análise de risco1 para a saúde humana dos padrões de uso da terra existentes e indicadores de saúde das alternativas inovadoras sustentáveis.
O componente de organização e integração das informações é composto de dois itens principais. O primeiro diz respeito à construção de base de dados e à análise espacial, pois a organização de um banco de dados sobre socioeconomia e ecologia das regiões estudadas e análise espacial integrando essas informações faz com que as possibilidades de uso interdisciplinar e interinstitucional sejam ampliadas. O segundo item requer a elaboração de um sistema de apoio à tomada de decisão. A integração das informações dos projetos deve ficar disponível a outras instituições, principalmente para tomadores de decisão. É preciso, então, construir uma "base tecnológica de integração" através do desenvolvimento de software abertos e disponíveis na internet, mapas temáticos etc. Esses produtos permitirão uma visualização integrada dos resultados dos projetos e otimizarão tomadas de decisão em níveis locais e regionais.
Um dos principais desafios da comunidade científica que estuda a problemática amazônica dentro de um contexto de desenvolvimento sustentável é o impacto dos resultados de pesquisa nas mudanças de comportamento social ou políticas públicas. Nesse sentido, é necessário haver uma estratégia adequada para a disseminação e a divulgação dos resultados dos projetos-piloto.
Um dos principais pontos do programa-piloto é a sustentabilidade das soluções apresentadas para proteger as florestas tropicais. Com o atual reduzido número de pesquisadores na Amazônia, a formação de jovens cientistas com visão integrada das diversas áreas do conhecimento, face aos desafios de gestão territorial, é fundamental para o sucesso do projeto a médio prazo. Entende-se que o enfoque multidisciplinar é essencial na busca de soluções economicamente viáveis e ambientalmente sustentáveis para a Amazônia. Nesse sentido, os projetos deverão necessariamente estar vinculados a cursos de graduação e pós-graduação visando à formação de graduados, mestres e doutores com ampla compreensão dos problemas regionais. Tais cursos devem ter tradição em estudos amazônicos e/ ou a sinalização de prioridade nesta área. A estratégia de formação de pessoal numa proposta como essa deve permitir a formação de profissionais, com experiência na aplicação de abordagens modernas de pesquisa e na ação interdisciplinar, com vistas ao desenvolvimento sustentável.
Programas integrados deste tipo produzem mais resultados e são mais estratégicos do que um conjunto de projetos isolados. Assim, os seguintes produtos poderiam ser obtidos a partir deste programa de investigação científica: a) base para a formulação de um programa de desenvolvimento sustentável para a Amazônia; b) desenvolvimento de uma ferramenta de gestão territorial; c) criação de banco de dados integrados, acessíveis aos tomadores de decisão; d) validação de "tecnologias" sustentáveis; e) formação de grupos de pesquisa locais; f) fortalecimento de cursos de graduação e pós-graduação da Amazônia. As vantagens desta proposta em relação às formas tradicionais de apoio à pesquisa na região são as seguintes: a) promove o desenvolvimento de projetos centrados em espaços territoriais definidos; b) permite uma abordagem integrada que possibilita replicabilidade; c) apóia uma política de ciência e tecnologia baseada em realidades concretas; d) desenvolve projetos-piloto que permitem desenvolver instrumentos mais refinados de análise, rever e avançar na teoria; e) gera cenários futuros para a região; f) permite integração com outros projetos.
Fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40142005000200009&script=sci_arttext
Acesso em 13/09/14.

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