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15/08/2017 1 Poliana D. Gurak 1 Aula 3 e 4 Métodos de conservação pelo calor: pasteurização e esterilização Conservação por redução da atividade de água 2 Métodos de conservação de alimentos Conservação pelo calor Conservação pelo frio Conservação por adição de solutos Conservação pelo uso de atmosfera controlada e modficada Conservação por fermentação Conservação por aditivos químicos Conservação por irradiação � Deve-se considerar a taxa de penetração do calor em alimentos de consistência diferente, assim como as dimensões dos continentes dos quais estão acondicionados. � A temperatura alta é um dos métodos mais seguros e mais confiáveis na preservação dos alimentos. � Requer o conhecimento da resistência térmica dos microrganismos e esporos. Conservação pelo calor Conservação por calor Recipientes fechados e trocadores de calor (ex. contínuo) Vapor ou água quente Cuidados com o resfriamento e armazenamento Intensidade afeta tempo de prateleira e características do produto Transferência de calor Conservação de alimentos pelo calor 4 Pasteurização Esterilização Branqueamento Temperaturas < 100 ºC Não elimina todos os microrganismos e esporos Temperaturas > 100 ºC Destruição de todos (99.99%) os microrganismos e esporos Temperaturas < 100 ºC Não elimina todos os microrganismos e esporos Tipo de produto Necessidade Destino e Preferência regional 87 % 78 % 15/08/2017 2 Recapitulando... 5 • Operação de pré-tratamento entre o preparo da matéria-prima e operações posteriores (secagem, congelamento, pasteurização e esterilização). • Principais funções do branqueamento: o Ajuda a limpeza do alimento o Amolece e incha os tecidos vegetais oElimina quase a totalidade do ar e gases contidos nos tecidos vegetais o Produz a inativação das enzimas BRANQUEAMENTO Conservação pelo calor • Produção de doce de leite •Assados • Pasteurização do leite • Pasteruização de ovo • Esterilização de enlatados • Branqueamento de vegetais • Pasteurização de sucos Inativação enzimática Diminuição da carga microbiana Propriedades organolépticas desejáveis Destruição de microrganimos patogênicos, insetos e parasitas Louis Pasteur – químico, explicou corretamente a causa da estabilidade dos alimentos; ficou conhecido pela técnica de pausterização que revolucionou a ciência do século XIX. Nicolas Appert - confeiteiro francês, na transição do século XVIII ao XIX, observou que os alimentos aquecidos em recipientes fechados podiam se conservar durante um longo período se o recipiente não fosse aberto. Tipos de tratamentos térmicos Como determinar o binômio tempo/temperatura? Marcadores: Fosfatase alcalina o enzima encontrada naturalmente no leite cru o tem valor D similar aos patógenos termo resistentes o A determinação direta do número de patógenos por métodos microbiológicos é demorada e de alto custo o Uso de um teste simples de atividade de fosfatase é utilizado rotineiramente. o Se encontrada atividade de fosfatase no leite pasteurizado, conclui-se que o processo não foi adequado para destruir bactérias patogênicas ou que leite não pasteurizado contaminou o produto (ex. sorvete). 15/08/2017 3 Conservação pelo calor: microrganismos Conservação pelo calor: microrganismos Tipo de tratamento térmico a ser aplicado depende: Na maioria dos casos, o número de células viáveis de microrganismos diminui exponencialmente com o tempo de exposição a uma temperatura constante. Termossensibilidade do alimento e da sua suscetibilidade à deterioração Binômio tempo-temperatura requerido para inativar os microrganismos patogênicos e deterioradores mais termo resistentes em um dado alimento Estabilidade requerida do produto final Efeito do calor nos microrganismos Efeitos deletérios do calor sobre os microrganismos: Inativação de enzimas (metabolismo microbiano) Desnaturação de proteínas Aplicação de calor Qualquer temperatura superior à temperatura ótima de crescimento tem EFEITO LETAL sobre o microrganismo. Termo resistência dos microrganismos Classificação dos microrganismos considerando variações de temperatura: Psicrófilos • Crescem em baixas temperaturas • Temperatura ótima de crescimento de 0 – 15 °C Mesófilos • Crescem em temperaturas moderadas • Temperatura ótima de crescimento de 25 – 40 °C Termófilos • Crescem em altas temperaturas • Temperatura ótima de crecimento entre 50 – 60 °C 15/08/2017 4 Termorresistência dos microrganismos Fatores intrínsicos • Tipo de microrganismos • Forma como se encontram • Número de células • Fase de crescimento Fatores extrínsicos Fatores que determinam a resistência térmica dos microrganismos • pH do alimento • Atividade de água • Temperatura • Composição do alimento (conteúdo de gordura, carboidratos, sais) Termorresistência dos microrganismos � Classificação dos alimentos quanto ao pH: � Atividade de água: � quanto menor a umidade maior a resistência térmica; � desnaturação protéica é mais fácil em ambiente aquoso. Classificação dos alimentos quanto ao pH Pouco ácidos: pH maior do que 4,5 Ácidos: pH entre 4 e 4,5 Muito ácidos: pH abaixo de 4 Termorresistência dos microrganismos Comportamento de microrganismos e enzimas diante da temperatura e tempo de exposição (binômio tempo-temperatura): Quando a temperatura for mais elevada será necessário um menor tempo para destruir o mesmo número de células viáveis. Quando a temperatura for mais branda será necessário um tempo de exposição maior para destruir o mesmo número de células viáveis. t e m p e r a t u r a tem peratura � Exemplo: FDA - Inativação específica do Cryptosporidium parvum presente no suco de maçã: � 71,1°C – 6 segundos � 73,9°C – 2,8 segundos � 76,6°C – 1,3 segundos � 79,4°C – 0,6 segundos � 82,2°C – 0,3 segundos Binômio tempo-temperatura é especificado pelo valor D e Z do microrganismo mais resistente TEMPO DE MORTE TÉRMICA (TDT –THERMAL DEATH TIME) Tempo necessário para matar um certo número de microrganismos a uma temperatura constante Como saber qual o tempo necessário para matar um determinado número de microrganismos? Quais os fatores de influenciam nesse tempo x temperatura? Termorresistência dos microrganismos 15/08/2017 5 � Tipo de microrganismos que temos interesse � Número inicial de microrganismos que temos presentes �Meio em que vai se propagar o calor � Geometria da embalagem FATORES COLOCA-SE nº CONHECIDO DE CÉLULAS Posso fazer para diferentes recipientes selados Meio adequado Nº SUFICIENTE DE RECIPIENTE SELADOR Submento a Temperatura x tempo desejado Resfrio rapidamente e analiso Termorresistência dos microrganismos MORTE Incapacidade dos microrganismos formarem colônias visíveis após inoculação Valor D É o tempo de redução decimal Tempo necessário para destruir 90% dos microrganismos É numericamente igual ao número de minutos necessários para a curva de sobrevivência atravessar um ciclo log MEDIDA DA TAXA DE MORTE DE UM MICRORGANISMO DESTRUIÇÃO TÉRMICA DE MICRORGANISMOS CURVA DA TAXA DE DESTRUIÇÃO TEMPO DE AQUECIMENTO S O B R E V I V E N T E S ( L O G ) DE 1 PARA 2 DETRUIÇÃO DE UM CICLO LOG 1 2 QUANTIDADE DE TEMPO NECESSÁRIA PARA REDUZIR EM UM CICLO LOG VALOR D É USADO PARA COMPARAR A RESISTÊNCIA TÉRMICA DOS MICRORGANISMOS o É tempo de redução decimal ou tempo de redução logarítmica. o É o tempo necessário de exposição à certatemperatura constante para destruir 90 % do composto de interesse presente no produto. EFEITO DO pH NO VALOR D DE ESPOROS DE C. botulium 62A EM TRÊS PRODUTOS ALIMENTARES A 115,5ºC pH VALOR D (min) ESPAGUETE, MOLHO DE TOMATE E QUEIJO MACARRÃO “CREOLE” ARROZ ESPANHOL 4,0 0,128 0,127 0,117 4,2 0,143 0,148 0,124 4,4 0,163 0,170 0,149 4,6 0,223 0,223 0,210 4,8 0,226 0,261 0,256 5,0 0,260 0,306 0,266 6,0 0,491 0,535 0,469 7,0 0,515 0,568 0,550 VALOR D AUMENTA COM AUMENTO DO pH 15/08/2017 6 Tratamento térmico - microrganismos Figura – Taxa de morte de E. coli O7:H57 em carne a 60°C. Figura – Taxa de morte de St. Aureus em ovo líquido a 60°C. Valor D É o tempo necessário de exposição à certa temperatura constante para destruir 90 % do composto de interesse presente no produto. Microrganismo D65°C D60°C D55°C Termófilos Streptococcus thermophilus Lactobacillus spp. 10-20 10-20 Mesófilos – termorresistência típica Salmonella spp. Escherichia coli Lactobacillus spp. 1-3 1-3 1-3 Mesófilos – termorresistência atípica Mycobacterium tuberculosis Salmonella senftenberg 10-20 10-20 Psicrófilos Vibrio marinus Serratia spp. 0,1 0,1 Termorresistênica aproximada de microrganismos não-esporulados (D em minutos) DESTRUIÇÃO TÉRMICA DE MICRORGANISMOS VALOR Z Refere-se aos Graus necessários para a curva de destruição térmica atravessar um ciclo log Enquanto D reflete a resistência de um organismo para uma temperatura específica, Z dá a informação da resistência relativa de um microrganismo para diferentes temperaturas destrutivas EXEMPLO: Valor Z de 6 ºC → Processo em 68 ºC é eficaz em 10 minutos de aquecimento. Se mudar a temperatura, passar 62 ºC, o processe de pasteurização será eficaz com 100 minutos de aquecimento. Se alterar para 74 ºC o processo de pasteurização será eficaz em 1 minuto de aquecimento. Leite pasteurizado 63º C por 30 min ou processo equivalente por 72ºC por 15 segundo cálculos matemáticos. 15/08/2017 7 Figura- Valor Z para c. jejuni em cubos de carne de cordeiro. A destruição dos microrganismos depende da temperatura; as células morrem mais rapidamente em temperaturas elevadas. Graficando valores de D sob diferentes temperaturas, pode-se construir uma curva de tempo de destruição térmica (TDT). Valor Z Conhecendo-se o valor "z", pode-se calcular o processo térmico equivalente em diferentes temperaturas. Curva de tempo de morte térmica Tratamento térmico: microrganismos Também descreve a dependência da temperatura. Expressa o aumento da temperatura para aumentar a taxa de morte (ou a destruição de componentes) em 10 vezes. Expressa o aumento da temperatura para reduzir o valor D 10 vezes. Valor Z CONCEITO 12-D Refere-se ao mínimo processamento térmico de letalidade utilizado na indústria de enlatados, necessário para reduzir a probalilidade de sobrevivência do esporo mais resistente de C. Botulinum para 10-12 ESPOROS NÃO GERMINAM NEM PRODUZEM TOXINA ABAIXO DO pH 4,5 CONCEITO APLICADO APENAS EM ALIMENTOS COM VALORES DE pH ACIMA DE 4,5 1 ESPORO EM 1 TRILHÃO (1012) DE RECIPIENTES Fonte: Stumbo (1973) 15/08/2017 8 Fonte: Stumbo (1973) Conservação de alimentos pelo calor 30 Pasteurização Esterilização Branqueamento Temperaturas < 100 ºC Não elimina todos os micro- organismos e esporos. Temperaturas > 100 ºC Destruição de todos (99.99%) os micro-organismos e esporos. Temperaturas < 100 ºC Não elimina todos os micro- organismos e esporos. Pasteurização Objetivos Destruição de micro- organismos patogênicos Inativação enzimática Aumento a vida de prateleira do alimento Tratamento térmico relativamente brando, no qual o alimento é aquecido a temperaturas menores do que 100°C. Os produtos pasteurizados podem conter, ainda, muitos organismos vivos capazes de crescer. Assim, a pasteurização é, muitas vezes, combinada com outros métodos de conservação e muitos produtos pasteurizados são estocados sob refrigeração (no caso de alimentos de baixa acidez). Destruição de micro- organismos deteriorantes Alimentos de baixa acidez (pH > 4,5) Minimizar possíveis riscos à saúde devido a contaminação com micro- organismos patogênicos e para aumentar a vida de prateleira por diversos dias. Alimentos de ácidos (pH < 4,5) Aumentar a vida de prateleira por vários meses pela destruição de micro- organismos deteriorantes (fungos e leveduras) e/ou pela inativação de enzimas. A pasteurização é aplicada também em alimentos submetidos a processamentos adicionais, como concentração e desidratação. Por que essa classificação? 15/08/2017 9 Alimento Objetivo principal Objetivos secundários Condições de processamento Suco de fruta pH < 4,5 Inativação enzimática (pectinases e polifenoloxidases) Deterioração de micro- organismos deteriorantes (fungos e leveduras) 65°C por 30 min 77°C por 1 min 88°C por 15 seg. Cerveja pH < 4,5 Destruição de micro-organismos deteriorantes (leveduras selvagens e Lactobacillus) e leveduras residuais (espécies de Saccharomyces) - 65-68°C por 20 min (em garrafas) Leite pH > 4,5 Destruição de patógenos (Brucella abortis, Mycobacterium tuberculosis, C. burnetti Deterioração de micro- organismos e enzimas deteriorantes 65°C por 30 min 71.5°C por 15 seg Ovo líquido pH > 4,5 Destruição de Salmonella seftenburg Deterioração de micro- organismos deteriorantes 64.4°C por 2.5 min 60°C por 3.5 min Sorvete pH > 4,5 Destruição de patógenos Deterioração de micro- organismos deteriorantes 65°C por 30 min 71°C por 10 min 80°C por 15 seg Pasteurização: equipamentos Pasteurização de alimentos embalados � Batelada: cestos com o alimento embalado são aquecidos a uma temperatura pré- determinada e mantidos durante o tempo requerido. Posteriormente, água fria é bombeada ao tanque para resfriamento do produto. � Contínuo: tanque, no qual uma correia transportadora leva as embalagens ao longo das fases de aquecimento e resfriamento. Outra versão é um túnel com jatos de água atomizados a diferentes temperaturas (ou vapor, na zona de aquecimento). Pasteurização - equipamentos Pasteurização lenta - LTLT • É um sistema descontínuo, adequado quando se pretende pasteurizar volumes pequenos (ex. 100 a 500 litros). � É realizada em tanques ou reatores de parede dupla com sistema de agitação. � Não tem controle perfeito: o controle é feito por termômetro. � Exemplos: fabricação de sorvetes, leite achocolatado. Pasteurização 36 Tipos de pasteurização Processo HTST High temperature short time - alta temperatura e tempo rápido Processo LTLT Low temperature long time - baixa temperatura e longo tempo Ex: 62 - 68ºC durante 30 minutos Ex: 72 - 85 ºC durante 15 a20 segundos 15/08/2017 10 37 Pasteurizador para sorvetes e picolés Pasteurizador para calda de sorvete Pasteurização - equipamentos Pasteurização lenta - LTLT Pasteurização de alimentos embalados � Sucos de frutas, cerveja, etc. � Contínuo: túnel no qual o alimento é transportado ao longo das fases de aquecimento e resfriamento. A temperatura e ajustada com jatos de água a diferentes temperaturas (ou vapor, na zona de aquecimento). Vantagens: 1. Aquecimento mais rápido 2. Menor tempo de residência 3. Equipamentos menores Pasteurização - equipamentos Pasteurização rápida – HTST • Empregam-se temperaturas elevadas (72ºC a 85ºC) e tempos curtos (15 a 20 segundos) • É realizada em sistemas de fluxo contínuo com trocadores de calor (tubulares ou de placas) • Pasteurização de fluidos a granel Trocador de calor tubular Trocador de calor de placas 15/08/2017 11 Pasteurização -equipamentos Trocadores de placa Entrada do líquido/vapor aquecido Saída do líquido/vapor resfriado Saída do produto aquecido Entrada do produto frio Capacidade de até 80 L/h dependendo do tamanho e do número de placas. Consiste de uma série de finas placas verticais de aço inoxidável mantidas juntas em uma armação de metal. Elas formam canais paralelos, sendo que o alimento líquido e o meio de aquecimento (água quente ou vapor) são bombeados através de canais alternados, normalmente com o fluxo em contracorrente. Cada placa é vedada para evitar a mistura dos produtos com os meios de aquecimento e resfriamento. As placas são corrugadas para induzir turbulência no líquido o que reduz a camada limite e gera altos coeficientes de troca térmica. Trocadores de placa - leite Leite pasteurizado Leite cru Vapor Água fria Mais de 97% do calor pode ser recuperado ! Pasteurização - equipamentos Trocadores de placa – regeneração de calor no processamento de suco Consistem em várias serpentinas de aço inoxidável concêntricas, feitas de tubos com paredes duplas ou triplas. Usado em alimentos mais viscosos. Trocadores tubulares 15/08/2017 12 Pasteurização - equipamentos Trocadores tubulares o Exemplo casca e tubo http://rpaulsingh.com/animations/animations_master.html http://rpaulsingh.com/animation s/animations_master2.html Entrar no site: http://rpaulsingh.com/animations/animations_master2.html Alimentos: produtos viscosos ou com partículas em suspensão; ex: alimentos com pedaços de frutas como iogurtes, massa de tomate, polpa de banana, baby food. Pasteurizadores de superfície raspada Possui implementos que permanentemente raspam a superfície interna dos tubos, similares a barras com segmentos com espirais ou hélices, otimizando a área de transferência de calor, mantendo alto o coeficiente de transferência de calor pela ação combinada da redução da incrustação e ocasionando o aumento da turbulência interna no tubo com movimento contínuo em vai-e-vém dos elementos de raspagem. 15/08/2017 13 QUEIJOS! Pasteurização acoplada com a utilização de microfiltração. Ex: produção de proteína concentrada Pasteurização - equipamentos Vantagens em relação ao processamento em garrafas/potes de vidro: • tratamento térmico mais uniforme; • equipamentos mais simples e menores custos de manutenção; • menor necessidade de espaço e diminuição do custo de mão de obra; • maior flexibilidade para diferentes produtos; • maior controle das condições de pasteurização. Tratamento brando: pequenas mudanças nas características na maioria dos alimentos. SENSORIAIS • Sucos de frutas: � desaeração prévia à pasteurização – retirar O2 presente para evitar ação polifenoloxidase; � perda de compostos aromáticos voláteis causam redução na qualidade; � sabor de cozido. • Leite: � Perda de compostos voláteis remove aroma que lembra afeno e produz produto mais agradável. NUTRICIONAIS • Sucos de frutas: desaeração reduz perda vitamina C e carotenóides. • Leite: perdas de 5% das proteínas do soro e pequenas mudanças no conteúdo de vitaminas. Pasteurização - efeitos 51 Pasteurização x Esterilização A pasteurização é considerada um tratamento brando que aumenta a vida de prateleira de um alimento em poucos dias ou semanas, em comparação com os vários meses que se obtém utilizando a esterilização térmica (processo mais severo). Dessa forma, o produto pasteurizado deve ser refrigerado. 15/08/2017 14 Esterilização Com a esterilização pretende-se destruir os microrganismos mais termorresistentes e inativar enzimas para conseguir a esterilidade comercial. Esterilização comercial: destruição dos microrganismos é de 99,99%. A temperatura é alta o suficiente por um tempo adequadamente longo para conseguir a morte térmica dos micro-organismos. A esterilização de alimentos é feita em unidades envasadas e a granel. ESTERILIZAÇÃO COMERCIAL: termo utilizado para indicar que nenhum microrganismo viável pode ser detectado pelos métodos usuais de semeadura ou ainda que o número de sobreviventes é tão baixo que nas condições de envasamento e armazenamento é insignificante. Esterilização O tempo necessário para esterilizar um alimento é influenciado:O tempo necessário para esterilizar um alimento é influenciado: o pela resistência ao calor dos micro-organismos ou enzimas que podem estar presentes no alimento; o pelas condições do aquecimento; o pelo pH do alimento; o pelo tamanho do recipiente; o pelo estado físico do alimento. São aplicadas temperaturas acima de 100 °C e, em geral, tempos mais curtos que no processo de pasteurização. São aplicadas temperaturas acima de 100 °C e, em geral, tempos mais curtos que no processo de pasteurização. Esterilização o Microrganismo esporulante resistente ao calor o É o patógeno mais perigosos que pode estar presente nos alimentos o Em condições anaeróbias, ele pode desenvolver-se e produzir uma toxina muito potente, a toxina botulínica, que é forte o suficiente para causar a morte de 65 % das pessoas afetadas. o Pode estar presente no solo e é, portanto, muito provável que apareça em pequenas concentrações em qualquer matéria-prima que esteja em contato com ele. Destruição desse microrganismos é um requisito mínimo para a esterilização térmica. Normalmente os alimentos recebem mais que o tratamento mínimo pois outras bactérias mais termorresistentes podem estar presentes. Esterilização • O objetivo principal da esterelização é a destruição dos esporos do Clostridium botulinum, impedindo que este se multiplique e produza sua toxina letal. • As temperaturas de esterilizaçãm oscilam entre 115 - 150°C. Alimentos de baixa acidez pH > 4,6 • A presença de esporos do C. botulinum praticamente não tem significado sanitário, uma vez que não é possível demonstrar o crescimento deste micro-organismo em pH inferior a 4,7. • Tratamento térmico aplicado a esses alimentos é consideravelmente menos drástico. Alimentos ácidos pH < 4,6 15/08/2017 15 Esterilização A esterilização pode ser feita de duas formas: Em unidades envasadas – esterilização de alimentos acondicionados Sem embalar/a granel – UHT (Ultra High Temperature) Esterilização – no recipiente Tipos de embalagens: Processo: Calor é transmitido do vapor ou água pressurizada através do recipiente para o alimento. Remoção do ar do head space do recipiente (vapor substitui o ar, fomação de vácuo parcial) Exaustão Evita expansão do ar com calor Reduz a tensão da embalagem Evita corrosão interna Evita alterações oxidativas Esterilização no recipiente � Para determinar o tempo de processo em um certo alimento é necessário conhecer: � a resistência térmica dos micro-organismos e enzimas presentes no alimento � a taxa de penetração do calor A temperatura não é completamente uniforme dentro da embalagem. Esterilização no recipiente Medição de temperatura no centro geométrico do recipiente. Transferência de calor em recipiente: (a) condução; (b) convecção CONVECTIVO MAIS RÁPIDO QUE CONDUTIVO Figura – Penetração de calor em uma lata com alimento aquecido por condução: (-) temperatura da autoclave; (--) temperatura do alimento no ponto de aquecimentomais lento. Onde é o ponto mais frio? 15/08/2017 16 Esterilização no recipiente Tipo de produto Tamanho do recipiente Agitação do recipiente Embalagens pequenas � penetração de calor até o centro é mais rápida. Fatores que influenciam na taxa de penetração de calor Temperatura da autoclave Forma do recipiente Material do recipiente Quanto maior o ΔT, maior a taxa de aquecimento. Recipientes mais altos, promovem maiscorrentes por convecção. Metal transfere calor mais rapidamente que vidro e plástico (diferenças na condutividade térmica). Agitação por inversão � aumenta a efetividade das correntes de convecção natural Alimentos líquidos = correntes de convecção; alimentos sólidos são aquecidos somente por condução. Esterilização no recipiente Aquecimento Vapor saturado O calor é transferido para o alimento quando o vapor saturado condensa por fora do vasilhame Processo realizado em autoclave, muito usado em enlatados Água quente Chama Resfriamento com pressão: utilização de jatos de água fria seguidos de ar comprimido para o resfriamento das latas. O ar comprimido equaliza a pressão dentro e fora das latas para evitar o estresse nas soldas dos vasilhames. Esterilização no recipiente Aquecimento Vapor saturado Água quente Aquecimento usando água quente com uma sobrepressão de ar Aquecimento usando água quente com uma sobrepressão de ar Processo em autoclave, usando em embalagens de vidro e pouches Processo em autoclave, usando em embalagens de vidro e pouches Chama Esterilização no recipiente Aquecimento Vapor saturado Água quente Chama Aquecimento direto por chama sob pressão atmosférica Aquecimento direto por chama sob pressão atmosférica T = 1770°C – altas taxas de transferência de calor T = 1770°C – altas taxas de transferência de calor Tempo de processamento mais curto, aumento da qualidade. Usado em latas pequenas: milhos, vages, etc. Tempo de processamento mais curto, aumento da qualidade. Usado em latas pequenas: milhos, vages, etc. 15/08/2017 17 Esterilização no recipiente Autoclave em batelada Vertical Horizontal Esterilização no recipiente Autoclave contínua horizontal Controle minuscioso sobre as condições de processamento. Para altos volumes de produção (1.000 latas/min). Esterilização no recipiente Autoclave contínua hidrostática (vertical) • Três zonas de aquecimento (Zonas 1, 2 e 3) • Zona de esterilização (Zona 4) • Quatro zonas de resfriamento Esterilização UHT - Processamento o Alimento é aquecido em camadas relativamente finas em um trocador de calor contínuo. o É realizado um controle preciso sobre a temperatura de esterilização e o tempo de retenção. o É importante saber o menor tempo que uma partícula pode levar para passar pela seção de retenção e a taxa de transferência de calor do líquido para o centro da partícula. � Para garantir que os esporos microbianos não sobrevivam ao processo! 15/08/2017 18 Esterilização - UHT 69 � Vantagens: � longa vida-de-prateleira sem refrigeração; � mínima perda nutricional; � independe do tamanho da embalagem. Processamento asséptico – UHT (ultra-alta temperatura) Temperaturas de processamento mais altas por tempos mais curtos são possíveis quando o produto é esterilizado antes de ser envasado em um ambiente estéril em embalagem previamente esterilizada. � Desvantagens: � alto custo de implementação; � complexidade da planta: materiais, tubulações, embalagens estéreis; � mão-de-obra com maior grau de especialização. Produtos: alimentos líquidos com pequenas partículas; alimentos com sólidos maiores ainda é um desafio para o processamento UHT. Esterilização UHT - Processamento � O produto esterilizado é resfriado em um segundo trocador de calor ou em uma câmara de vácuo quando precisa desaeração. � Não é necessário que as embalagens resistam às condições de esterilização, por isso usam-se muito embalagens cartonadas laminadas (pré esterilizadas). � Embalagens cartonadas laminadas: � custo vantajoso em relação a latas e garrafas; � melhores para transporte e armazenagem. Site da Tetrapark Esterilização - UHT Binômio tempo-temperatura para a esterilidade comercial (para destruir Cl. botulimum): • 1,8s a 141ºC Exemplo do Reino unido: • leite: 1s a 135ºC. • creme de leite e produtos de leite: 2s a 140ºC. • misturas para sorvetes: 2s a 148.9ºC. Processamento asséptico – UHT (ultra-alta temperatura) Figura – Condições de tempo-temperatura para UHT e esterilização convencional (enlatamento). 15/08/2017 19 Esterilização UHT Dificuldades ainda encontradas no processamento de alimentos com sólidos maiores: inativação enzimática/esporos no centro do alimento, o que causa um supercozimento das superfícies e limita o tamanho das partículas; necessidade de agitação para melhorar a taxa de transferência de calor e auxiliar na distribuição de temperatura, o que pode causar danos ao produto; carência de equipamentos adequados para o processamento e enchimento; e problemas de deposição de sólidos no tubo de retenção. Esterilização UHT - equipamentos Sistemas diretos Injeção de vapor Infusão de vapor Sistemas indiretos Trocadores de calor (placa, tubular, tubo-casco, etc) Outros sistemas Microondas Aquecimento ôhmico Alta pressão São consideradas tecnologias emergentes ou alternativas Esterilização UHT - equipamentos Envase asséptico: é o enchimento, a frio, de um alimento comercialmente estéril, em uma embalagem previamente esterilizada, sob condições ambientais também estéreis Embalagem: polietileno-cartão- polietileno-alumínio-polietileno 76 15/08/2017 20 Esterilização - efeitos Carnes enlatadas o COR: pigmento vermelho oximioglobina é convertido em metamioglobina, de coloração marrom; reações de Maillard e caramelização também contribuem para coloração marrom. o SABOR E AROMA: pirólise, desaminação e descarboxilação e aminoácidos; formação de furfural e hidroximetilfurfural devido a reação de Maillard e caramelização; oxidação e descarboxilação de lipídeos. o TEXTURA: coagulação e perda da capacidade de retenção de água das proteínas, o que provoca endurecimento e encolhimento dos tecidos musculares; amaciamento causado pela hidrólise do colágeno, pela solubilização da gelatina resultante e derretimento e dispersão de gorduras através do produto. o VALOR NUTRICIONAL: perda de aminoácidos é de 10 a 20 %; redução do teor de lisina em torno de 25 %; perda de triptofano e metionina reduz valor biológico das proteínas em 6 a 9 %. Esterilização - efeitos Frutas e hortaliças o COR: clorofila é convertida em feofitina, catotenoides são isomerizados de 5,6 em 5,8-epóxidos; antocianinas são degradadas para pigmentos amarronzados. o SABOR E AROMA: reações complexas que envolvem a degradação, recombinação e a volatilização de aldeídos, cetonas, açúcares, lactonas, aminoácidos e ácidos orgânicos. o TEXTURA: hidrólise de materiais pécticos, pela gelatinização do amido, e pela solubilização da hemiceluloses, combinada com a perda de turgidez das células. o VALOR NUTRICIONAL: perda de vitaminas, como a tiamina, ácido ascórbico, piridoxina. Esterilização - efeitos Leite o COR: suaves alterações na coloração devido a reação de Maillard, além de mudanças na refletividade das micelas de caseína. o SABOR E AROMA: sabor cozido devido a desnaturação das proteínas do soro que formam sulfeto de hidrogênio e à formação de lactonas e metilcetonas a partir dos lipídeos. o TEXTURA: não é alterada. Processo UHT o Ocorre pouca caramelização e reação de Maillard; carotenos e betaninas não são praticamente afetados; antocianinas e clorofilas são mais retidas. o Alterações menos drásticas na cor, sabor, aroma e valor nutricional. 15/08/2017 21 Pasteurização e esterilização: vídeos interessantes 81 https://www.youtube.com/watch?v=ZZoU50HNSa8 https://www.youtube.com/watch?v=iU1u3yzSAgI https://www.youtube.com/watch?v=5v6jaJn0wsw 82 Exercícios e esclarecimento de dúvidas… Próxima aula
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