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FACULDADE INDEPENDENTE DO NORDESTE DIREITO 9º SEMESTRE / MATUTINO ANA KARINE SOUZA NEVES MELLO, Daniela. GAUER, Gabriel. Vivências da maternidade em uma prisão feminina do Estado do Rio Grande do Sul. Disponível em: http://stat.saudeetransformacao.incubadora.ufsc.br/index.php/saudeetransformacao/article/view/654/876. Acesso em: 19 mar. 2018. O artigo supramencionado traz à tona uma questão –ainda- pouco discutida no mundo jurídico. Mulheres que se encontram no período gestacional, cometem delitos e são postas em cárcere privado; muitas delas acabam ganhando os seus filhos em cárcere, e os mantendo após darem a luz, para que a criança tenha direito ao aleitamento materno, previsto na Carta Magna. Temos ainda, o Estatuto da Criança e do Adolescente que reafirma o direito da criança em ter condição apropriada para o Aleitamento. O questionamento principal do artigo está denotado no cuidado referente ao recém-nascido, quando levanta a hipótese desta criança ter direito ao amparo materno, e ao mesmo tempo, viver em condições insalubres e inapropriadas, pois o nosso sistema prisional é falho, e nossas instituições prisionais não oferecem condições mínimas de uma sobrevivência digna, nem para as mães muito menos para os bebês. Para que chegassem a uma demonstração de dados, foram realizadas coletas com mães gestantes ou acompanhadas de seus filhos, que se encontravam encarceradas na Penitenciária Feminina Madre Pelletier, do Estado do Rio de Grande do Sul, Brasil. Essas mulheres estavam alojadas numa galeria específica dentro do ambiente prisional, considerando que, esta é única penitenciária do Estado que possui uma galera com esta finalidade – a de abrigar mães e filhos. Durante o estudo, foi apresentada uma característica em comum entre as mulheres que se submeteram à coleta. Na maioria delas, foi constatada uma alta prevalência de uso de drogas e tabaco ao longo da vida, e também durante o período gestacional. Ressalta-se ainda, que o motivo principal do encarceramento é o tráfico de drogas, e que antes do cárcere, já se encontravam economicamente e socialmente vulneráveis. Nas entrevistas realizadas, ficou evidente a minimização do sofrimento do cárcere, pela presença dos seus filhos, pois as mães veem nas crianças um suporte para enfrentar este período, a oportunidade de exercer o papel de mãe, e ainda a interrupção do uso de drogas. Diante do que foi descrito, fica a análise da ambiguidade presente no encarceramento de mães e gestantes, pois ao mesmo tempo, que é de suma importância o amparo materno, os ambientes prisionais ainda não possuem condições de habitação dignas para um ser humano recém-nascido. Cabe ao Estado, procurar medidas sociais efetivas que não submetam mães e filhos a esta situação, e ao Legislador, analisar cada caso com sua peculiariedade, para que a justiça não se torne mais um meio de injustiças sociais.
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