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“Somos responsáveis por aquilo que somos”. J.P. Sartre ...o homem primeiramente existe, se descobre, surge no mundo; e que só depois se define. O homem, tal como o concebe o existencialista, se não é definível, é porque primeiramente não é nada. Só depois será alguma coisa e tal como a si próprio se fizer.(...) O homem é, não apenas como ele se concebe, mas como ele quer que seja, como ele se concebe depois da existência, como ele se deseja após este impulso para existência, o homem não é mais que o que ele faz. Tal é o primeiro princípio do existencialismo. (SARTRE, Existencialismo é um humanismo. Lisboa: Presença, 1970. p.216) “Com efeito, sou um existente que aprende sua liberdade através de seus atos”. (SARTRE, O ser e o nada – ensaio de ontologia fenomenológica. Tradução: Paulo Perdigão. 6 ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1998.) Mas se verdadeiramente a existência precede a essência, o homem é responsável por aquilo que é. Assim o primeiro esforço do existencialismo é o de pôr todo o homem no domínio do que ele é e de lhe atribuir a total responsabilidade da sua existência. E, quando dizemos que o homem é responsável por si próprio, não queremos dizer que o homem é responsável pela sua restrita individualidade, mas que é responsável por todos os homens [...] Com efeito, não há nos nossos atos um sequer que, ao criar o homem que desejamos ser, não crie ao mesmo tempo uma imagem do homem como julgamos que deve ser. [...] Se a existência, por outro lado, precede a essência e se quisermos existir, ao mesmo tempo que construímos a nossa imagem, esta imagem é válida para todos e para nossa época. Assim, a nossa responsabilidade é muito maior do que poderíamos supor, porque ela envolve toda a humanidade. (SARTRE, Existencialismo é um humanismo. Lisboa: Presença, 1970. p.218-219) [...] Como vimos, para a realidade humana, ser é escolher-se: nada lhe vem de fora, ou tão pouco de dentro, que ele possa receber ou aceitar. Está inteiramente abandonado, sem qualquer ajuda de nenhuma espécie, à insustentável necessidade de fazer-se até o mínimo detalhe. Assim, a liberdade não é um ser: é o ser do homem, ou seja, ser nada do ser. Se começássemos por conceder o homem como algo pleno, seria absurdo procurar nele depois momentos ou regiões psíquicas em que fosse livre: daria no mesmo buscar o vazio em um recipiente que previamente preenchemos a borda. O homem não poderia ser ora livre, ora escravo: é inteiramente e sempre livre, ou não o é. SARTRE, O ser e o nada – ensaio de ontologia fenomenológica. Tradução: Paulo Perdigão. 6 ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1998. p. 545. Um artigo introdutório sobre a filosofia de Sartre pode ser lido em: http://www.ufsj.edu.br/portal-repositorio/File/revistalable/numero1/ilda9.pdf Outro artigo sobre a liberdade em Sartre: http://www.pucminas.br/imagedb/documento/DOC_DSC_NOME_ARQUI20060607103706.pdf
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