Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1/127 UTILIDADES DE PROCESSOS Eng° Nivaldo Bernardo Ferreira 2/127 capítulo 1: PROCESSOS INDUSTRIAIS 3/127 1. Conceitos Básicos 1.1. Definição de Processo É o conjunto de equipamentos, escolhidos pelas suas funções específicas e interligados de modo a possibilitar a transformação de uma matéria-prima em um produto de interesse, de forma econômica, segura e em escala comercial. Os processos químicos podem ser constituídos por uma seqüência de etapas muito diferentes, que têm princípios fundamentais independentes da substância que está sendo operada e de outras características do sistema. No projeto de um processo, cada etapa a ser usada pode ser investigada individualmente. Algumas etapas são reações químicas, enquanto outras são modificações químicas. O conceito de operação unitária está baseado na filosofia de que uma seqüência amplamente variável de etapas pode ser reduzida a operações simples, ou a reações, que são idênticas independentemente do material que está sendo processado. 1.2. Reação Química Transformação de uma ou mais substâncias, denominadas reagentes, em outras substâncias, denominadas produtos. 1.3. Definição de Operações Unitárias Qualquer processo químico, qualquer que seja a sua escala, pode ser decomposto numa série coordenada do que se pode denominar ―ações unitárias‖, como moagem, mistura, aquecimento, absorção condensação, lixiviação, precipitação, cristalização, filtração, dissolução, eletrólise, entre outras. O número destas operações unitárias básicas não é muito grande, apesar de que nos últimos anos há uma tendência constante de introdução de novas técnicas de processamento. 1.3.1. Operações Mecânicas Operações com Sólidos: Fragmentação, Transporte, Peneiramento, Mistura, Armazenamento Operações com Fluidos: Escoamento de fluidos, Bombeamento de líquidos, movimentação e Compressão de Gases, Mistura e Agitação de Líquidos Operações com Sólidos e Fluidos: Fluidização de Sólidos e Separações mecânicas (sólido-sólido, líquido-sólido, sólido-gás, líquido-gás, líquido-líquido) 1.3.2. Transferência de Calor Transferência de Calor por Condução Aquecimento e Resfriamento de Fluídos Condensação Ebulição Evaporação 4/127 Transferência de Calor por Radiação 1.3.3. Transferência de Massa Destilação Absorção e ―Stripping‖ de Gases Adsorção Extração Líquido-Líquido Lixiviação Secagem e Umidificação de Gases Secagem de sólidos Cristalização Troca Iônica 1.4. Conceito de Balanço de Massa O Balanço de Massa (BM) é uma restrição imposta pela natureza. A lei da conservação de massa nos diz que a massa não pode nem ser criada, nem destruída. Logo, não havendo acúmulo de massa no interior de um equipamento, tem-se ao longo de um determinado intervalo de tempo que: massa total na entrada = massa total na saída. Fazendo o intervalo de tempo tender a zero, ao invés de quantidades de massa, passamos a falar em termos de vazões: vazão mássica total que entra = vazão mássica total que sai 2. Classificações dos Sistemas 2.1. Quanto ao Regime de Operação Um sistema pode ser operado da seguinte maneira: Operação em Batelada: a massa não cruza as fronteiras do processo durante o tempo da batelada. O sistema é alimentado e os produtos são retirados de uma só vez, no início e ao final do tempo de processo, respectivamente. Assim, o processo ao longo da batelada se comporta como um sistema fechado. Normalmente, esta estratégia de operação é usada para produzir pequenas quantidades de especialidades químicas, produtos sazonais ou feitos por encomenda. Operação Contínua: há continuamente a passagem de massa através das fronteiras do processo através das correntes de entrada e de saída. Desta forma o processo se comporta como um sistema aberto. Esta operação é característica de grandes volumes de produção, como ocorre, por exemplo, no refino do petróleo. Operação Semi-batelada ou Semi-contínua: qualquer processo que não é operado em batelada ou em regime contínuo. Um exemplo deste tipo de processo é aquele em que uma massa de líquido é alimentada em um reator e 5/127 gás é borbulhado durante um certo tempo através do líquido. Ao final, a passagem de gás é interrompida e o líquido retirado do reator. 2.2. Quanto ao Comportamento ao Longo do Tempo A operação de um processo também pode ser classificada conforme o comportamento das variáveis ao longo do tempo: Operação em Regime Estacionário: os valores das variáveis de processo - temperatura, vazões, concentrações, por exemplo – não variam com o tempo em qualquer posição fixa. Operação em Regime Transiente: os valores das variáveis variam com o tempo em alguma posição fixa do processo. Os processos em batelada têm uma natureza tipicamente transiente, enquanto os processos contínuos operam normalmente em regime estacionário. 3. Fluxos Especiais em um Processo Existem algumas correntes de processo que têm um objetivo específico e aparecem em uma grande quantidade de fluxogramas. Estas correntes são apresentadas a seguir, bem como uma discussão inicial de suas finalidades. 3.1. Reciclo A corrente de reciclo é uma corrente que retorna parte ou a totalidade da massa de um ponto avançado do processo para um outro em uma posição pela qual esta massa já tenha passado. Uma representação esquemática de uma corrente de reciclo é apresentada na figura abaixo. Note que a corrente de reciclo nasce em um ponto de divisão que não necessariamente é um divisor de corrente. Muitas vezes a sua origem é em um equipamento de separação, o que trás como conseqüência que a sua composição é diferente da composição das outras correntes que saem de tal equipamento. As correntes de reciclo servem para a recuperação de reagente não consumido na etapa de reação, para a recuperação de catalisador que seja arrastado para fora do reator, assim como podem auxiliar no controle de processos através da diluição da corrente que é alimentado no reator, situação importante em reações altamente exotérmicas. Nesses casos, o reciclo é parcial. Há ainda sistemas onde um fluido opera em circuito fechado, por exemplo em ciclos de refrigeração e o circuito de água de resfriamento em plantas de processo. Nesses sistemas a totalidade da corrente é recirculada. 6/127 3.2. ―By-pass‖ As correntes de by-pass podem ser entendidas como correntes de reciclo com o sentido do escoamento invertido. Assim, o fluido que passa por uma corrente de bypass não atravessa o(s) equipamento(s) posicionado(s) na direção principal do processo entre o início do by-pass e o seu retorno para a corrente principal (vide figura abaixo). As correntes de by-pass, via de regra, são originadas em um divisor de correntes e terminam em um misturador. A corrente de bypass tem a sua utilização ligada principalmente ao controle operacional da planta, ou especificamente, de equipamentos. Assim, é comum ocorrer o by-pass de um equipamento, com a vazão que passa por esta corrente sendo manipulada para manter as condições de saída desejadas. 3.3. Purga A corrente de purga é uma corrente que é retirada de uma outra e é descartada. Seu objetivo é promover o descarte de substâncias que, sem a purga, iriam se acumular, principalmente em circuitos de reciclo. Imagine que haja a formação de um produto secundário na reação e que o processo de separação não seja capaz de separá-lo da matéria prima não reagida que é reciclada. Desde modo, a corrente de reciclo conterá toda a quantidade deste produto secundário. Assim, a corrente de purga retirada do reciclo é o único ponto de descartedeste produto secundário. Caso isto não fosse feito, haveria um acúmulo deste produto secundário, pois ele é continuamente formado na reação. 7/127 3.4. ―Make-up‖ A corrente de make-up é a corrente que repõe perdas em um circuito fechado. Seja, por exemplo, o circuito de água de resfriamento em uma planta de processos. Este circuito disponibiliza água, a temperatura ambiente, para retirar energia de qualquer ponto do processo. Ele é formado, principalmente, por uma bomba, que joga a água fria para o processo, e por uma coluna de resfriamento, que recebe a água aquecida que sai do processo e torna a resfriá-la até a temperatura ambiente, disponibilizando-a para ser novamente bombeada, fechando assim o circuito. Neste circuito, vazamentos e evaporação na torre de resfriamento são as principais causas da diminuição da água que circula. Para manter a quantidade constante, há a necessidade de repor esta água perdida, o que é feito através de uma corrente de make-up. 4. Controle de Processo: Instrumentação e Automação 4.1. Definições 4.1.1. Medição Ato de medir. 8/127 4.1.2. Medida Resultado da medição. 4.1.2.1. Instrumento de medida é o dispositivo pelo qual pode-se avaliar (medir) uma quantidade física, atribuindo-lhe um valor numérico ou uma qualificação. Por exemplo : a quantidade a ser medida pode ser uma temperatura, massa, pressão, velocidade, nível, etc. O valor numérico pode ser 34 ºC, ou 45 kg, ou 3,5 kgf/cm2, ou 122 km/h, etc. Uma qualificação da medida pode ser um aviso (luz de alerta) de pressão acima do permitido, ou um sinal (sonoro) de temperatura muito elevada, etc. 4.1.2.2. Sistema de medida são vários instrumentos de medida usados em conjunto. Por exemplo, o medidor de nível de combustível de um automóvel é composto de uma bóia, uma resistência elétrica, condutores elétricos, e um mostrador (amperímetro ou voltímetro). Todo esse conjunto é usado para mostrar no painel do carro o nível de combustível do tanque. 4.2. Utilização dos Instrumentos de Medida 4.2.1. Monitoração de Processos e Operações Certas aplicações de instrumentos de medida podem ser caracterizadas por terem essencialmente a função de monitorar. Como exemplo os termômetros, barômetros e anemômetros usados em uma estação meteorológica, simplesmente indicam as condições do tempo, sem qualquer função de controle. Da mesma forma, os medidores domésticos de consumo de água, eletricidade, gás, apenas indicam o consumo, controlá-los. 4.2.2. Controle de Processos e Operações Outra aplicação de extrema importância para os instrumentos de medida é utilizá-los como componentes num sistema automático de controle. É claro que, para controlar uma variável é necessário, inicialmente medi-la. Por isso todos os sistemas com "feedback" têm como elemento principal um instrumento de medida. Um exemplo bastante comum é o controle de temperatura do refrigerador doméstico. Um termômetro lê, continuamente, a temperatura interna do refrigerador. Quando ela aumenta e atinge um valor especificado, o termômetro aciona um contato elétrico que liga o motor de refrigeração. A temperatura diminui até atingir um valor mínimo, quando o o termômetro desliga o motor. Desta forma, a temperatura do refrigerador permanece continuamente entre dois valores de temperaturas pré-estabelecidos. Percebe-se claramente a função do termômetro como controlador do processo. 9/127 4.2.2.1. Controle por realimentação (feed-back): O controle é feito com base na comparação entre o resultado obtido e o desejado. 4.2.2.2. Controle feed-forward (chamado às vezes de preditivo): O controle é feito com base nos dados de entrada. Para sua aplicação, o controlador deve entender as relações de causa e efeito relativos ao comportamento do processo. 4.3. Abrangência da automação 4.3.1. Funções da automação A automação pode ter as seguintes funções em um processo: Controle: controle de variáveis de processo (temperatura, vazão, pH, pressão, etc), balanceamento de passes, controle de razão, etc. Segurança: válvulas de segurança, discos de ruptura, intertravamentos, diagrama de causa e efeito e lógicos, etc. 10/127 4.3.2. Níveis de automação No início da revolução industrial, o objetivo da automação se restringia a controlar (no sentido de manter constante) uma variável específica. Atualmente, o objetivo é a otimização do processo para maximização dos resultados, utilizando-se de ferramentas avançados de previsão e desenvolvimento de modelos. 4.4. Motivação para controle de processo As principais causas que levam a um controle de processo mais eficaz são os seguintes: Segurança operacional e pessoal Adaptação a perturbações externas Estabilidade operacional Especificação do produto Redução do impacto ambiental Adaptação às restrições inerentes à operação do sistema Otimização Resultado econômico do processo Desta forma, um sistema de controle é justificável economicamente, quando permite operar próximo aos limites impostos pela segurança, pelo meio-ambiente e pelo processo (temperatura máxima, pureza mínima), alterando as condições de operação anteriores (linha tracejada) para uma condição mais favorável (linha contínua). Os ganhos associados a uma menor variabilidade se tornam ainda maiores em processos onde existem transições entre produtos com diferentes graus ou especificações, como ocorre freqüentemente no refino do petróleo e em unidades de polimerização. Inevitavelmente, durante a transição, haverá um período em que será gerado um produto fora de especificação, que será reciclado (maior gasto de energia) ou vendido (a preços mais baixos). A seleção de uma boa estratégia de controle permite reduzir o tempo de produção fora da especificação, e conseqüentemente melhora o resultado econômico do processo. 4.5. Equipamentos convencionais de controle 4.5.1. Sensores e transmissores Os elementos primários de medição têm por função medir alguma propriedade do sistema e convertê-la em um sinal que possa ser utilizado para controle. Em alguns casos, o elemento sensor gera um tipo de sinal que não é diretamente compatível com o sistema de controle. Neste caso, utiliza-se um transmissor para gerar um sinal compatível a partir do sinal recebido do sensor. Em muitos casos, o próprio transmissor é também o elemento sensor. Tipicamente, o sensor e o transmissor estão localizados perto do processo, e por isso são denominados "elementos de campo". 11/127 Existem diversas padronizações para o envio de sinais a um sistema de controle. O padrão pneumático (pressões de ar de 0,2 a 1,0 kgf/cm2 ou de 3 a 15 psi), usual há alguns anos, está praticamente em desuso. O padrão eletrônico consiste em sinais de corrente de 4 a 20 mA. Cada vez mais se impõe a comunicação digital entre os elementos de campo e o sistema de controle. Recentemente foi padronizado, depois de anos de teste, o protocolo fieldbus de comunicação digital, em que os elementos de campo trocam informações entre si. 4.5.1.1. Medição de Pressão Há séculos que se conhecem métodos mecânicos de medição de pressão. Os manómetros de tubo em U, foram os primeiros medidores de pressão. Originalmente, estes tubos eram feitos de vidro e as escalas eram adicionadas conforme fosse necessário. Mas os manómetros são largos, tornando-se incómodos, e não estão bem ajustados para integração nas cadeias automáticas de controlo. No entanto, os manómetros encontram-se usualmente no laboratório, ou são usados como indicadores locais. Dependendo da pressão de referência usada, podem indicar pressões absolutas, atmosféricas e diferenciais. Os medidores de pressão podem ser classificados de acordo com os seus princípios defuncionamento: Por equilíbrio com uma coluna de liquído de densidade conhecida o Manómetros de tubo em U o Manómetros de tipo reservatório o Manómetros de ramo inclinado o Manómetro diferencial o Manómetro com flutuador Por equilíbrio de uma força produzida sobre uma área conhecida com uma força mensurável o Anel basculante o Campânula o Êmbolo Por equilíbrio de uma força produzida sobre uma área conhecida com a tensão actuante num meio elástico o Bourdon o Diafragma o Cápsula o Fole 4.5.1.2. Medição de Temperatura O parâmetro temperatura é um dos mais medidos em um processo industrial. Por ser um parâmetro cujo resultado é conseqüência de outros, a sua medição é bastante crítica. Os principais elementos primários de medição são: 12/127 Termômetros comuns: o Expansão de fluído (de mercúrio ou outros líquidos como álcool) o Bimetálicos Termistores: são resistores sensíveis à temperatura. Os elementos resistivos são óxidos de metais como manganês, níquel, cobalto, cobre, ferro, titânio. Sensores de Semi–Condutor: É sabido que os parâmetros elétricos dos semicondutores variam com a temperatura. E eles podem ser usados como sensores térmicos. RTDs (Termoresistência): RTD é abreviação inglesa de "Resistance Temperature Detector". A base do funcionamento é o conhecido fenômeno da variação da resistência elétrica dos metais com a temperatura. Os metais mais usados são platina, níquel, cobre, ferro, molibdênio e/ou ligas dos mesmos. o Cobre. o Molibdênio o Níquel o Níquel-Ferro o Platina Termopares: Os sensores anteriores operam basicamente pela variação da resistência elétrica com a temperatura. Isso significa que uma corrente elétrica deve ser fornecida ao elemento sensor 4.5.1.3. Medição de Nível O parâmetro nível é fundamental para estabilizar a operação de um processo. É possível medir o nível através de: Medidores de contato: o Bóia e fita o Corpo Imerso Medidores de pressão diferencial: o D/P Cell o Caixa de Diafragma Medidores sonares ou por Raios γ 5. Engenharia de Processo A área da Engenharia Química que se preocupa com a visão sistemática dos Processos Químicos, é a chamada Engenharia de Processos. Esta pode ser definida da seguinte forma: ―Conjunto de atividades que incluem a concepção, o dimensionamento e a avaliação de desempenho do processo para obter um produto desejado.‖ Definido o produto desejado, informações quanto as possíveis matérias- primas, o seu preço no mercado, a sua demanda e a qualidade requerida pelo mercado devem ser conhecidas de modo que sejam iniciadas as atividades da Engenharia de Processos. Estas atividades são normalmente realizadas em equipes multidisciplinares e podem ser divididas em três níveis: nível tecnológico (NT), nível estrutural (NE) e nível de 13/127 processos (NP). Os dois primeiros níveis são tratados durante o ESTUDO BÁSICO do projeto, e o último é desenvolvido nas etapas de ENGENHARIA BÁSICA deste mesmo projeto. NT - Nível Tecnológico: definição da rota química a ser utilizada. Com esta definição fica decidido o tipo de matéria-prima a utilizada, bem como a natureza da reação química, quando presente, ou do processo físico preponderante. NE - Nível Estrutural definição da estrutura do processo, ou seja, escolha dos principais equipamentos a serem utilizados bem como especificação da forma de interligá-los. NP – Nível de Processo neste nível, conhecida a estrutura do processo, deve-se definir os valores dos principais parâmetros operacionais, de modo que as operações ocorram de forma segura e maximizando o lucro. À medida que a concepção do processo evolui e que o equipamento passa a ser projetado, o trabalho de engenharia evolui da área do processamento químico para as especialidades da mecânica, elétrica e civil. Os equipamentos são especificados de forma completa e passam a integrar um projeto capaz de ser montado, testado e operado. Esta fase é denominada de FASE DE DETALHAMENTO. Encerrada esta fase, os equipamentos serão montados e testados. Após o ―startup‖ da planta, inicia-se a FASE DE OPERAÇÃO do sistema. O avanço no estudo e desenvolvimento do processo veio a demonstrar que para aplicação correta da ENGENHARIA DE PROCESSO, além da necessidade da fundamentação científica para a transformação da matéria, através dos princípios da Física, Química, Matemática e Computação é também indispensável o estudo em termos de Administração, Sociologia, Economia, visando conhecer a influência social e econômica das aplicações tecnológicas. Outra avaliação indispensável é a questão da legislação aplicável, especialmente, nas questões ligadas à Segurança do Trabalho e ao Controle de Poluição. 6. Materiais de Construção A Ciência dos Materiais teve um desenvolvimento histórico bastante acentuado nas recentes décadas, mas seu início ocorreu quando o homem preparou qualquer ferramenta ou utensílio usado para atender suas necessidades de sobrevivência natural. Materiais naturais: são materiais que apresentam-se prontos ou quase prontos para uso na natureza. Exemplos: madeira, couro, ossos, pedras, etc.; Materiais desenvolvidos empiricamente: materiais desenvolvidos a partir da observação e reprodução de ocorrências naturais. Exemplos: ligas de ferro, bronze, cerâmicas, vidro, papel e concreto; Materiais desenvolvidos pelo conhecimento: materiais cuja descoberta foi orientada por considerações técnicas. Exemplos: ligas mais antigas de alumínio, de titânio de magnésio, metal duro, aços inoxidáveis, termoplásticos, termorígidos, elastômeros e fases de ligas de ferro. 14/127 Materiais projetados: são materiais quase que exclusivamente preparados a partir de conhecimentos científicos e cujas propriedades podem ser quantitativamente previstas. Exemplos: semicondutores, materiais para reatores nucleares, aços de ultra-alta resistência mecânica, materiais compósitos reforçados com fibras, ligas com memória de forma e vidros metálicos. 6.1. Seleção de materiais Visando selecionar um material destinado para certa aplicação é necessário elaborar uma especificação, que determine qual o material mais adequado para a construção do equipamento, considerando-se fatores técnicos e econômicos. Fatores técnicos: o quanto às propriedades mecânicas: o material deve resistir aos esforços solicitados, o que também determina a espessura adequada. o quanto às propriedades térmicas: maior ou menor capacidade que o material tem de transmitir o calor, estabilidade à elevadas temperaturas e tensões mecânicas originadas com dilatações térmicas. o quanto às propriedades químicas: resistência à corrosão do material, considerando o fluido de contato e tempo útil de vida dentro da vida prevista para toda unidade. o quanto ao serviço de uso: condições de escoamento do fluido de contato sobre o material. o quanto à segurança: quando o risco do equipamento ou do local onde se encontra for alto, usa-se materiais mais nobres de forma a evitar a ocorrência de problemas de vazamentos ou paradas. o quanto às experiências anteriores e novas tecnologias: referências anteriores, tanto em literatura, como também através da similaridade no emprego de materiais em outras aplicações. Fatores econômicos o quanto ao preço: é fator decisivo na escolha e tem implicação direta no custo de fabricação e tempo de vida. o quanto à disponibilidade: facilidade de obtenção, necessidade de importação, prazo de entrega, quantidades mínimas de compra e outros fatores de fornecimento. o quanto à qualidade do fornecimento: as características de um mesmo material podem variar entre vários fornecedores. o quanto a urgência: quando a parada de certo equipamento, principalmenteos pequenos como válvulas, filtros, etc., implica em parar toda uma grande unidade, esses devem ser fabricados com materiais mais nobres. 15/127 6.2. Classificação dos principais materiais materiais para vasos de pressão e trocadores de calor metais ferrosos aços-carbono; aços-liga; aços inoxidáveis. metais não-ferrosos alumínios e ligas; cobre e ligas; níquel e ligas; titânio, zircônio e ligas. materiais para caldeiras e fornos metais ferrosos aços-carbono; aços-liga; aços inoxidáveis 16/127 materiais para tanques de armazenamento e outros reservatórios sem pressão. metais ferrosos aços-carbono; aços-liga; aços inoxidáveis. metais não-ferrosos alumínios e ligas; cobre e ligas; níquel e ligas; titânio, zircônio e ligas. materiais não-metálicos concreto armado; materiais plásticos com fibras. materiais para tubulações, válvulas e acessórios de tubulação metais ferrosos aços-carbono; aços-liga; aços inoxidáveis; ferros fundidos. metais não-ferrosos alumínios e ligas; cobre e ligas; níquel e ligas; chumbo e ligas; titânio, zircônio e ligas. materiais não-metálicos concreto armado; materiais plásticos com fibras; vidro. No passado os materiais metálicos eram de muito maior importância, entretanto, com o advento de tecnologias para produção à preços razoáveis de materiais cerâmicos (materiais inorgânicos) e de materiais poliméricos (materiais orgânicos), esses últimos estão assumindo maiores aplicações. Exemplo: a larga aplicação de materiais poliméricos nos veículos automotivos. 6.3. Principais materiais utilizados 6.3.1. Metais Ferrosos Aço Carbono o O aço carbono é o que apresenta menor relação custo/resistência mecânica, além de ser um material fácil de soldar e de se conformar. E, por estes motivos, é o material mais largamente utilizado na indústria. Em uma refinaria de petróleo, por exemplo, mais de 90% de todas as 17/127 tubulações são feitas em aço-carbono. Emprega-se o aço carbono para água doce, vapor de baixa pressão, condensados, ar comprimido, óleos, gases e muitos outros fluidos corrosivos, em temperaturas desde –45°C, e a qualquer pressão. o Devido ao fato de que o aço carbono é bastante susceptível às condições ambientais – umidade, temperatura e qualidade do ar, muitas vezes os materiais são fornecidos com uma película de proteção de zinco, sendo conhecido por galvanizado. o São fatores limitantes ao uso: Temperatura de operação inferior a 450°C uso com álcalis, desde que a temperatura de operação não supere a 40°C O material não é recomendado para uso com ácidos ou para aplicações que exijam o contato direto com o solo. Aços-Liga ou Inoxidáveis o Denomina-se aço-liga a todos os aços que possuem qualquer quantidade de outros elementos, além dos que entram na composição dos aços- carbono. Dependendo da quantidade total de elementos de liga, distinguem-se os aços de baixa liga - com até 5% de elementos de liga, aços de liga intermediária – contendo entre 5 e 10%, e os aços de alta liga – com mais de 10%. o Os aços inoxidáveis sãos os que contém pelo menos 12% de cromo, o que lhes confere a propriedade de não se enferrujarem mesmo em exposição prolongada a uma atmosfera normal. o Em geral, estes materiais somente são utilizados em condições especiais devido aocusto. Os principais casos em que se justifica o emprego destes aços são: Altas ou baixas temperaturas: fora da faixa adotada pelos aços carbono. Alta corrosão; salvo em condições especiais, como por exemplo a água salgada. Exigência de não contaminação do fluido Segurança de instalações. Ferro Fundido o O ferro fundido é utilizado para água, gás, água salgada e esgoto, em serviços de baixa pressão, temperatura ambiente, e onde não ocorram grandes esforços mecânicos. Esses tubos têm boa resistência à corrosão, principalmente ao solo, e grande duração. Em geral, é um material cuja utilização vem sendo reduzido pela excessiva fragilidade, pela dificuldade de manutenção e pelo tipo de fabricação. 18/127 6.3.2. Metais Não ferrosos Fazendo-se uma comparação geral entre os metais não-ferrosos e o aço carbono, podemos dizer que os metais não-ferrosos têm bem melhor resistência à corrosão. Em outros fatores, especialmente quanto ao custo, levam desvantagem. Devido a este fator, muitas vezes tem sido substituído por materiais plásticos em condições de alta corrosão. Cobre e suas Ligas o O cobre é comercializado puro ou em ligas de cobre-niquel e latões. Possui excelente resistência ao ataque da atmosfera, da água (inclusive a salgada), álcalis, ácidos diluídos, muitos compostos orgânicos e outros produtos corrosivos. É especialmente susceptível à corrosão quando em contato com amônia, aminas e compostos nitrados. São muito utilizados em sistemas de refrigeração, sendo proibido o seu uso em processos que envolvam produtos alimentares ou farmacêuticos. Alumínio e suas ligas o O alumínio é uma material muito leve, com alto coeficiente de transmissão de calor e muito boa resistência ao contato com a atmosfera, a água e compostos orgânicos. Possui resistência mecânica baixa. São mais utilizados em sistemas de refrigeração. Chumbo o O chumbo é um material de baixa resistência mecânica, porém com excelente resistência química. Resiste bem à atmosfera, ao solo, às águas (inclusive salgadas ou ácidas), álcalis, halógenos e outros meios corrosivos. É muito utilizado para equipamentos que operem com ácido sulfúrico. Níquel e suas ligas o São materiais de excelente resistência mecânica e química. O mais usual destes materiais é o monel (67% Ni, 30% Cu), que é empregado para tubulações de água salgada, ácido sulfúrico diluído, ácido clorídrico diluído, ácido fluorídrico, álcalis aquecidos e outros serviços corrosivos ou com exigência de não contaminação. Titânio, Zircônio e suas ligas o Metais de propriedades extraordinárias quanto a resistência química, mecânica e térmica, sendo muito mais leves que os aços. Sua principal desvantagem é o preço. 6.3.3. Materiais não metálicos Materiais Plásticos 19/127 o Os materiais plásticos são atualmente o grupo mais importante dos materiais não metálicos utilizados na indústria, especialmente pelo custo dos materiais metálicos. Destaca-se dentre as vantagens do uso destes materiais: baixo peso, alta resistência a corrosão e facilidade de fabricação e manuseio. São desvantagens: baixa resistência ao calor, baixa resistência mecânica, pouca estabilidade dimensional e risco maior de propagação de incêndio. Destacam-se duas classes específicas: os termoplásticos e os termoestáveis, cuja diferenciação básica é que o primeiro pode ser facilmente conformado sob calor. São exemplos de termoplásticos, o polietileno e o PVC, e de termoestáveis, os epóxis e os poliésteres. Os termoestáveis são normalmente utilizados com fibra de vidro para aumentar a resistência mecânica do equipamento fornecido. De um modo geral, os plásticos se comportam bem perante aos ácidos inorgânicos diluídos, álcalis e halógenos. Resistem bem também à água salgada e a outros produtos químicos, com exceção dos orgânicos. Para alguns solventes, o ataque é muito rápido e o material é rapidamente consumido. Em geral, são utilizados em aplicações em temperatura ambiente, com baixos esforços mecânicos e para produtos altamente corrosivos. São largamente utilizados em plantas de tratamento de água ou de efluentes industriais. Cimento ou Concreto o São materiais utilizados especialmente para o tratamento de água e efluentes. Não possuem resistênciaquímica, especialmente a soluções ácidas e a álcalis fortes. Sua resistência mecânica é baixa. A grande vantagem destes materiais é a baixa manutenção, quando bem aplicado. Vidro o É material utilizado em condições bastante especiais, em processos que os produtos sejam muito corrosivos. É utilizado como revestimento de metais nestas condições, melhorando a resistência mecânica dos equipamentos. Elastômeros o São materiais naturais ou sintéticos, cujas resistências mecânica, térmica e química variam entre os diversos tipos de materiais comercializados. São empregados especialmente para tubulações flexíveis, possuindo características similares ao plástico. Os materiais sintéticos mais largamente utilizados são o neoprene e o SBR (estireno butadieno). 20/127 TRABALHO LIVRE Com base no que foi apresentado na aula de Introdução a Processos prepare o trabalho a seguir. Você pretende montar uma empresa para produção de suco de _________________ 1) Apresente: O nome desta empresa. O lay-out com a localização geográfica da sua empresa em relação ao municipio onde ela será estabelecida apontando os recursos naturais que serão utilizados bem como as vias de acesso, empresas vizinhas e comunidade de entorno. 2) Determine: Os benefícios socio-econômicos que a sua empresa apresentará para o seu município, estado e pais. O relacionamento com a sociedade de seu municipio e a interação com a população vizinha à sua empresa apresentando os projetos sociais implantados em prol desta comunidade. O comprometimento com o meio ambiente (ar, água e solo) da sua região. O tipo de tecnologia que será utilizado pela sua empresa e os projetos previstos para a adequação destas tecnologias visando a utilização de energias renováveis e economia no consumo dos recursos finitos. A proposta de reaproveitamento dos resíduos gerados nas áreas administrativas e operacionais desta empresa. 3) Informe: O nome do produto final. O tipo de público que se pretende atingir e o tipo de abordagem que será utilizado para promover a venda do produto. 21/127 capítulo 2: Energia 22/127 ENERGIA: Em geral, o conceito e uso da palavra energia se refere "ao potencial para executar trabalho ou realizar uma ação". A palavra é usada em vários contextos diferentes. O uso científico tem um significado bem definido e preciso enquanto muitos outros não são tão específicos. O termo energia também pode designar as reações de uma determinada condição de trabalho, por exemplo o calor, trabalho mecânico (movimento) ou luz. Estes que podem ser realizados por uma fonte inanimada (por exemplo motor, caldeira, refrigerador, alto- falante, lâmpada, vento) ou por um organismo vivo (por exemplo os músculos, energia biológica). A etimologia da palavra tem origem no idioma grego, onde εργος (erfos) significa "trabalho". Qualquer coisa que esteja trabalhando - por exemplo, movendo outro objeto, aquecendo-o, atravessando ou sendo atravessado por uma corrente elétrica - está ―gastando" energia (uma vez que ocorre uma "transferência", pois nenhuma energia é perdida, e sim transformada ou transferida a outro corpo). Portanto, qualquer coisa que esteja pronta para trabalhar possui energia e enquanto o trabalho é realizado, ocorre uma transferência de energia. O conceito de Energia é um dos conceitos essenciais da Física. Nascido no século XIX, pode ser encontrado em todas as disciplinas da Física (mecânica, termodinâmica, eletromagnetismo, mecânica quântica, etc.) assim como em outras disciplinas, particularmente na Química. FORMAS DE PRODUÇÃO DE ENERGIA Apesar de não se restringir a isso, a energia pode ser entendida como a capacidade de realizar trabalho. As sociedades humanas dependem cada vez mais de um elevado consumo energético para sua subsistência. Para isso, foram sendo desenvolvidos, ao longo da história, diversos processos de transformação, transporte e armazenamento de energia. Na realidade, só existem duas modalidades de energia: a potencial e a cinética. Mas elas se apresentam de várias formas: hidráulica, nuclear, eólica, solar entre outras. 1. Energia hidrelétrica A energia hidrelétrica é a energia que vem do movimento das águas, usando o potencial hidráulico de um rio de níveis naturais, queda d'água ou artificiais. Essa energia é a segunda maior fonte de eletricidade do mundo. Frequentemente constroem-se represas que reprimem o curso da água, fazendo com que ela se [acumule] em um reservatório denominado barragem. Toda a energia elérica gerada dessa maneira é levada por cabos, dos terminais do gerador até o transformador elevado. A energia hidrelétrica apresenta certos problemas, como consequências socioambientais de alagamentos de grandes áreas. 23/127 1.1. Energia hidrelétrica no Brasil Devido à sua enorme quantidade de rios, a maior parte da energia elétrica disponível é proveniente de grandes usinas hidrelétricas. A energia primária de uma hidrelétrica é a energia potencial gravitacional da água contida numa represa elevada. Antes de se tornar energia elétrica, a energia primária deve ser convertida em energia cinética de rotação. O dispositivo que realiza essa transformação é a turbina. Ela consiste basicamente em uma roda dotada de pás, que é posta em rápida rotação ao receber a massa de água. O último elemento dessa cadeia de transformações é o gerador, que converte o movimento rotatório da turbina em energia elétrica. As usinas elétricas transformam a energia hidráulica em eletricidade. As usinas elétricas são uma fonte de energia limpa mas sua contrução impacta o ambiente. A formação do lago artificial alaga vastas áreas,destruindo a vegetaçao,matando animais e obrigando moradores da área alagada a procurar outro lugar para viver. 1.1.1. Hidroelétrica de Itaipu Construída sobre o Rio Paraná, que divide Brasil e o Paraguai, Itaipu é a maior usina hidrelétrica do mundo. O rio corre ao longo da fronteira dos dois países e durante as negociações diplomáticas iniciais de construção da barragem, ambos os países estavam sofrendo das secas. O objetivo inicial era fornecer uma melhor gestão e aproveitamento dos recursos hídricos para o uso da irrigação de culturas. A Argentina também foi mais tarde incorporada em alguns planejamentos e acordos porque é um dos afetados diretamente pela construção. Se a barragem ficar completamente aberta para o fluxo de água, áreas ao sul, como Buenos Aires, teriam grande potencial de serem inundadas. A construção da barragem começou em 1975 e o primeiro gerador foi inaugurado em 1983. Hoje, a barragem fornece mais de 75% das necessidades de energia elétrica do Paraguai e atende a quase 25% da demanda de eletricidade do Brasil. Estima-se que 10.000 moradores foram desalojados pela construção da barragem e cerca de 40.000 pessoas foram contratadas para ajudar na construção do projeto. Muitas preocupações ambientais foram negligenciados durante a construção da barragem, porque a barragem iria produzir uma quantidade tão grande de energia com quase nenhuma emissão de poluentes e sem subprodutos indesejáveis, tal como acontece com a energia nuclear. 1.1.2.Hidroeletricidade Complexo Hidrelétrico de Paulo Afonso, no Rio São Francisco, é algumas das usinas operadas pela Complexo Hidrelétrico de Paulo Afonso (CHESF). 24/127 Usinas hidrelétricas produzem mais de 90% da energia elétrica consumida no Brasil. Eles dependem das águas dos rios em níveis adequados em suas represas para gerar energia. A falta de chuvas, de investimentos e aumento do consumo resultou em racionalização de energia elétrica, conhecido como apagão,nos anos 2001 e 2002. A construção de novas usinas hidrelétricas significa impactos ambientais como grandes áreas que são inundadas, alterando o ecossistema. Tentar não usar muita energia durante o horário de pico, entre 18 e 21 horas, é necessário para evitar a necessidade de construir novas centrais de energia e linhas de transmissão só para atender a demanda nesse período. Novas barragens causma elevados custos sociais e ambientais devido à inundação da terra e pela destruição dos habitats de animais, plantas e comunidades inteiras que, muitas vezes, não são compensadas (reassentamento ou indenização). Grandes usinas hidrelétricas inundam imensas áreas de florestas e emitem grandes quantidades de metano para a atmosfera. Só existe desenvolvimento sustentável com energia vinda de novas fontes renováveis. Pequenas hidrelétricas podem produzir energia de forma descentralizada, com impacto ambiental reduzido. Essa opção pode ser implementada em várias regiões do país fazendo uso de cascatas naturais. Muitos agricultores brasileiros escolheram esta forma de produção de energia hidrelétrica.[] 1.2. Apagões Um blecaute ou apagão é o corte ou colapso temporário do suprimento de energia elétrica em uma determinada área geográfica, que pode variar desde uma localidade ou bairro, até uma grande área metropolitana ou regiões inteiras de um ou mais países. Pode ser provocado por diferentes motivos, como acidentes, queda de linhas de transmisão, sobrecargas, pane parcial do sistema de geração ou de distribuição, ou ainda por medida de segurança nacional, como durante ataques aéreos contra cidades em períodos de guerras. No Brasil, o fenômeno passou a ser conhecido também pelo nome de "apagão". O termo em inglês blackout se popularizou depois do colapso elétrico ocorrido em 1965, quando o Nordeste dos Estados Unidos e parte do Canadá ficaram às escuras por cerca de 12 horas. Dentre os maiores apagões da história destaca-se o ocorrido entre 14 e 16 de agosto de 2003 nos Estados Unidos, que deixou mais de 50 milhões de pessoas sem luz por mais de um dia, afetando todo o sudeste do Canadá e nordeste dos Estados Unidos por cerca de três dias. Em relação ao número de pessoas atingidas, os maiores apagões da história foram os ocorridos na Índia, em janeiro de 2001, que deixou mais de 220 milhões de pessoas em luz, e o ocorrido na Indonésia, em agosto de 2005, afetando mais de 100 milhões de pessoas. Em novembro de 2006 vários países da parte ocidental da União Européia foram afetados por um rápido apagão de cerca de 2 horas. Os seguidos apagões na Califórnia entre 2001 e 2003 estão entre os que provocaram os maiores prejuízos econômicos da história, devido à frequência com que ocorreram e ao fato de provocarem a paralização das atividades produtivas no estado mais rico dos Estados Unidos. 25/127 1.2.1. Principais causa dos Apagões A maior parte dos apagões regionais ou locais é causado por danos aos sistema de alimentação ou de transmisão das redes de transmissão de energia elétrica. Estes danos geralmente são pontuais e localizados, na maior parte das vezes relacionados a acidentes locais como queda de árvores, postes ou torres de transmissão, principalmente durante tempestades ou vendavais. Os danos à infra-estrutura de transmissão de energia elétrica também podem ocorrer como decorrência de descargas elétricas (raios) simultâneas na rede ou em subestações, desde que provocando sobrecargas nos sistemas de transmissão, fusíveis ou transformadores. Nestes casos, ocorre a chamada sobrecarga elétrica geralmente ligada a um curto-circuito, quando a passagem de corrente elétrica é maior do que um circuito suporta devido à redução abrupta da impedância do mesmo. Normalmente o curto-circuito provoca danos tanto no circuito elétrico em que ocorre como no elemento que causou a redução de impedância. A sobrecarga de uma estação elétrica pode provocar o chamado efeito em cadeia, quando a queda de uma unidade transmissora ou um transformador provoca sobrecarga nos equipamentos similares em sequência, resultando em colapso da rede elétrica de uma região. A escassez relativa de energia, ou seja, a demanda maior que a capacidade de produção de energia, levou a um nível crônico de risco de apagões no Brasil entre 1999 e 2001. Isto levou o país a criar um programa de racionamento de energia elétrica de quase um ano, durante o ano de 2001, que ficou popularmente conhecido como o "apagão elétrico de 2001". Aquele "apagão" foi resultado da conjunção de vários fatores, principalmente a ausência de investimetnos estatais na construção de novas hidroelétricas ou na ampliação da rede de distribuição elétrica por mais de uma década. Isto provocou uma sobrecarga crônica do sistema elétrico, deixou o nível dos reservatórios baixos demais, a ponto do sistema colapsar diante de um curto período de seca regional mais prolongada, com chuvas menos intensas no país. 1.2.3. Apagões no Brasil No Brasil, na década de 1990, houve o blecaute de 11 de Março de 1999, que atingiu grande parte do território do Brasil, deixando mais de 60 milhões de pessoas sem luz por cerca de quatro horas. Este episódio causou algumas horas de verdadeiro caos em metrópoles como Porto Alegre, Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro. Na noite de 10 de Novembro de 2009, uma possível falha no Sistema Integrado de Distribuição de energia elétrica provocou o maior apagão da história do Brasil, 26/127 atingindo 18 estados, além de um corte de 30 minutos no fornecimento em 87% do território do Paraguai, afetando diretamente mais de 60 milhões de pessoas. A Usina de Itaipu alegou que não ocorreu nenhuma falha no sistema de geração de energia, mas que a falha deve ter ocorrido no sistema de transmissão nas linhas de Furnas. Este tem sido considerado um dos maiores apagões que o país já enfrentou, tendo grande repercussão em redes de comunicação instantânea como o Twitter e também repercussão internacional, noticiadas por redes como: CNN, The New York Times, CBS e BBC. A rede CBS difundiu a hipótese de que este episódio, assim como apagões anteriores provocados no Brasil em 2005 e 2007, foram provocados por ataques de hackers (crackers]) contra o sistema de computadores de controle da rede elétrica. O governo descartou completamente esta hipótese. A Associação Brasileira das Grandes Empresas de Transmissão de Energia Elétrica (Abrate) descartou as hipóteses de queda de linhas de transmissão e de sobrecarga devido a tempestade de raios ocorridas simultaneamente em diversas linhas de transmissão. A Abrate manteve a explicação de que uma falha inicial em um disjuntor ou subestação teria desencadeado um efeito dominó que desligou preventivamente outras linhas, sem definir exatamente como isto teve início. A ONS defende que o desligamento de parte do Sistema Interligado Nacional (SIN) teve início com a pane de três linhas de 750 quilovolts (kV) e do elo de corrente contínua da rede que leva energia de Usina Binacional de Itaipu ao SIN no Sudeste e Centro-Oeste do país. O apagão regional de 2005 foi considerado por alguns como resultado da grave seca na região norte e nordeste, as mais afetas pela redução parcial do nível dos reservatório das hidrelétricas brasileiras. Entretanto, a rede de televisão estadunidense CBS levanta a hipótese de sabotagem ocorrido através de um ataque de hackers. Semelhanças com o apagão regional ocorrido em 2007, quando o nível das usinas hidrelétricas estava elevado, levaram muitos especialistas a defender que estes processos teriam sido causados por um ciber ataque (do inglês cyberwar) de hackers mal intencionados (crackers), que atacaram o sistema de computadores de controle digital da redede distribuição elétrica brasileira. Outros técnicos levantam a falta de investimentos em linhas de transmissão e mau gerenciamento do sistema. A tese de ataque hacker foi reforçada por declarações de especialistas americanos em guerra cibernética e popularizada pelo video documentário "60 Minutes" produzido pela CBS sobre este tema. O vídeo defende explicitamente que estes episódios ocorridos no Brasil foram obra de crackers. Entretanto, as autoridades responsáveis no Brasil reforçam que não existem evidências que comprovem esta hipótese. O Brasil ainda não possui grandes equipes permanentes de especialistas em computação trabalhando para o governo com o objetivo de defender a infra-estrutua estratégica do país de ciber ataques ou de ciberterrorismo, como alguns países já vêem criando. 2. Energia potencial É a energia que um objeto possui pronta a ser convertida em energia cinética. Um martelo levantado, uma mola enroscada e um arco esticado de um atirador, todos 27/127 possuem energia potencial. Esta energia está pronta para ser modificada em outras formas de energia e, consequentemente, realizar trabalho: quando o martelo cair, pregará um prego; a mola, quando solta, fará andar os ponteiros de um relógio; o arco disparará uma flecha. Assim que ocorrer algum movimento, a energia potencial da fonte diminui, enquanto se modifica em energia do movimento (energia cinética). Levantar o martelo, enrolar a mola e esticar o arco faz o uso da energia cinética produzir um ganho de energia potencial. Existem diferentes tipos de energia potencial, relacionados às diferentes formas de energia dos quais se destacam: a elástica, a gravitacional e a elétrica. 2.1. Energia Potencial Gravitacional A energia potencial gravitacional na superfície da Terra é proporcional à altura (h) do corpo (medido em relação a um determinado nível de referência que pode ser por exemplo o chão nessa localização). É calculada pela expressão: ou 2.2. Energia Potencial Elástica A energia potencial elástica está associada a uma mola ou a um corpo elástico. É calculada pela expressão (no caso ideal): Onde: K= Constante da mola (varia para cada tipo de mola, por exemplo a constante da mola de um espiral de caderno é bem menor que a constante da mola de um amortecedor de caminhão). X= Variação no tamanho da mola. 2.3. Energia Potencial Elétrica A energia potencial elétrica está relacionada com uma carga qualquer "q" de uma partícula situada a uma distância "d" de uma carga de prova "Q". É calculada pela expressão: , sendo , podemos substituir: 28/127 Onde: k= constante eletrostática do meio em que as cargas estiverem inseridas. V= potencial elétrico. q= carga da partícula. d= distância entre a partícula e o referencial. Q= carga do referencial. 3. Energia Cinética Uma velha locomotiva a vapor transforma energia química em energia cinética. A combustão de madeira ou carvão na caldeira é uma reação química que produz calor, obtendo vapor que dá energia à locomotiva. É a energia que um corpo em movimento possui devido à sua velocidade. É calculada por: Onde: m= massa do corpo. v= velocidade do corpo. Isto significa que quanto mais rapidamente um objeto se move, maior o nível de energia cinética. Além disso, quanto mais massa tiver um objeto, maior é a quantidade de energia cinética necessária para movê-lo. Para que algo se mova, é necessário transformar qualquer outro tipo de energia neste. As máquinas mecânicas, automóveis, tornos, bate-estacas ou quaisquer outras máquinas motorizadas, transformam algum tipo de energia em energia cinética. 4. Energia Mecânica Energia mecânica é a energia que pode ser transferida por meio de força. A energia mecânica total de um sistema é a soma da energia potencial com a energia cinética. Se o sistema for conservativo, ou seja, apenas forças conservativas atuam nele, a energia mecânica total conserva-se e é uma constante de movimento. A energia mecânica "E" que um corpo possui é a soma da sua energia cinética "c" mais energia potencial. 5. Energia Química 29/127 É a energia que está armazenada num átomo ou numa molécula. Existem várias formas de energia, mas os seres vivos só utilizam a energia química. A Energia Química está presente nas ligações químicas. Existem ligações pobres e ricas em energia. A água é um exemplo de molécula com ligações pobres em energia. A glicose é uma substância com ligações ricas em energia. Os seres vivos utilizam a glicose como principal combustível (fonte de energia química); entretanto, esta molécula não pode ser utilizada diretamente, pois sua quebra direta libera muito mais energia que o necessário para o trabalho celular. Por isso, a natureza selecionou mecanismos de transferência da energia química da glicose para moleculas tipo ATP (adenosina trifosfato). Os primeiros seres vivos criaram o primeiro destes mecanismos: a fermentação. A fermentação anaeróbia, além do ATP, gera também etanol e dióxido de carbono (CO2). A presença de CO2 na atmosfera possibilitou o surgimento da fotossíntese. Este processo fez surgir o O2 (oxigênio) na atmosfera. Com o oxigênio, outros seres vivos puderam desenvolver um novo mecanismo de transferência de energia química da glicose para o ATP: a respiração aeróbica. As reacções químicas geralmente produzem também calor: um fogo ardendo é um exemplo. A energia química também pode ser transformada em qualquer forma de energia, por exemplo em eletrica (uma bateria) e em energia cinética (os músculos ou os motores a gasolina). 6. Energia Nuclear É a energia produzida pelas reações nucleares: isso é, pela fissão ou pela fusão de átomos, os quais são transformados sobretudo em energia mecânica e calor, quer sob controle num reator nuclear, quer numa explosão de uma arma nuclear. O Sol produz o seu calor e a sua luz por fusão nuclear de átomos de, hidrogênio em hélio. Em 1939, os cientistas alemães Otto Hahn, Lise Meitner e Fritz Strassmann, bombardeando átomos de urânio com nêutrons, descobriram que eles se dividiam em dois fragmentos. A descoberta, chamada fissão nuclear, não teria saído dos limites estritos do laboratório não fosse pelo fato de que no processo de divisão do núcleo de urânio desprendia-se grande quantidade de calor. 7. Energia Eletromagnética Está associada aos fenômenos eletromagnéticos: a electricidade, o magnetismo e a radiação electromagnética (luz). Exemplo do seu uso: nas nossas casas a energia elétrica é convertida em trabalho pelos eletrodomésticos (normalmente através de motores que usam o princípio da indução electromagnética) ou em luz pelas lâmpadas, 30/127 entre diversas outras formas de uso em que esta forma de energia é convertida em outra. A Energia elétrica é medida em Kwh (kilowatts-hora) e equivale ao produto da potência e o tempo em que é utilizada. Onde: Eel= Energia elétrica. P= Potência. t= Tempo. Esta fórmula é útil para calcular e/ou prever certos dados sobre a conversão de energia, por exemplo, em um aparelho que use eletricidade para produzir calor poderá ser usada para prever a temperatura máxima alcançada por este aparelho, bastando para isso igualá-la a fórmula da energia calorífica ( ), considerando o rendimento (porcentagem de potência convertida de fato em calor) do aparelho elétrico. Energia de fácil obtenção, é utilizada como alternativa no desenvolvimento de equipamentos cada vez mais modernos que antes usavam outras formas de energia (em especial a mecânica) devido à crescente modernização da indústria eletrônica. As usinas,em especial as hidrelétricas, nos fornecem essa energia. Visto que existe uma constante preocupação em desenvolver cada vez mais meios de obtenção de energia alternativa que não agridam o meio ambiente e nos proporcionem eletricidade da maneira mais eficiente possível. 8. Energia Maremotriz é o modo de geração de eletricidade através da utilização da energia contida no movimento de massas de água devido às marés. Dois tipos de energia maremotriz podem ser obtidas: energia cinética das correntes devido às marés e energia potencial pela diferença de altura entre as marés alta e baixa. Em qualquer local a superfície do oceano oscila entre pontos altos e baixo, chamados marés, a cada 12h e 25min. Em certas baías e estuários, como em São Luís, essas marés são bastante amplificadas, podendo atingir alturas da ordem de 15 metros. As gigantescas massas de água que cobrem dois terços do planeta constituem o maior coletor de energia solar imaginável. As marés, originadas pela atração lunar, também representam uma tentadora fonte energética. Em conjunto, a temperatura dos oceanos, as ondas e as marés poderiam proporcionar muito mais energia do que a humanidade seria capaz de gastar — hoje ou no futuro, mesmo considerando que o consumo global simplesmente dobra de dez em dez anos. A energia das marés é obtida de modo semelhante ao da energia hidrelétrica. Trata-se de uma obra complexa de Engenharia hidráulica. Constrói-se uma barragem, formando-se um reservatório junto ao mar. Quando a maré é alta, a água enche o 31/127 reservatório, passando através da turbina hidráulica, tipo bulbo, e produzindo energia elétrica. Na maré baixa, o reservatório é esvaziado e a água que sai do reservatório passa novamente através da turbina, em sentido contrário, produzindo a energia elétrica. Este tipo de fonte é também usado no Japão, na França e na Inglaterra. A primeira usina maremotriz construída no mundo para geração de electricidade foi a de La Rance, em 1963 e antes de 1500, em Lameiras município de Sintra para uso direto em moendas. 9. Energia solar É a designação dada a qualquer tipo de captação de energia luminosa (e, em certo sentido, da energia térmica) proveniente do Sol, e posterior transformação dessa energia captada em alguma forma utilizável pelo homem, seja diretamente para aquecimento de água ou ainda como energia elétrica ou mecânica. No seu movimento de translação ao redor do Sol, a Terra recebe 1 410 W/m² de energia, medição feita numa superfície normal (em ângulo recto) com o Sol. Disso, aproximadamente 19% é absorvido pela atmosfera e 35% é reflectido pelas nuvens. Ao passar pela atmosfera terrestre, a maior parte da energia solar está na forma de luz visível e luz ultravioleta. As plantas utilizam diretamente essa energia no processo de fotossíntese. Nós usamos essa energia quando queimamos lenha ou combustíveis minerais. Existem técnicas experimentais para criar combustível a partir da absorção da luz solar em uma reação química de modo similar à fotossíntese vegetal mas sem a presença destes organismos. A radiação solar, juntamente com outros recursos secundários de alimentação, tal como a energia eólica e das ondas, hidro-electricidade e biomassa, são responsáveis por grande parte da energia renovável disponível na terra. Apenas uma minúscula fracção da energia solar disponível é utilizada. A Terra recebe 174 petawatts (GT) de radiação solar (insolação) na zona superior da atmosfera. Dessa radiação, cerca de 30% é reflectida para o espaço, enquanto o restante é absorvido pelas nuvens, mares e massas terrestres. O espectro da luz solar na superfície da Terra é mais difundida em toda a gamas visível e infravermelho e uma pequena gama de radiação ultravioleta. [1] Distribuição diária média entre 1991-1993 da energia solar recebida pela Terra ao redor do Mundo. Os círculos pretos representam a área necessária para suprir toda a demanda de energia do planeta Terra. 32/127 A superfície terrestre, os oceanos e atmosfera absorvem a radiação solar, e isso aumenta sua temperatura. O ar quente que contém a água evaporada dos oceanos sobe, provocando a circulação e convecção atmosférica. Quando o ar atinge uma altitude elevada, onde a temperatura é baixa, o vapor de água condensa-se, formando nuvens, que posteriormente provocam precipitação sobre a superfície da Terra, completando o ciclo da água. O calor latente de condensação de água aumenta a convecção, produzindo fenómenos atmosféricos, como o vento, ciclones e anti- ciclones. A luz solar absorvida pelos oceanos e as massas de terra mantém a superfície a uma temperatura média de 14 ° C. A fotossíntese das plantas verdes converte a energia solar em energia química, que produz alimentos, madeira e biomassa a partir do qual os combustíveis fósseis são derivados. O total de energia solar absorvida pela atmosfera terrestre, oceanos e as massas de terra é de aproximadamente 3.850.000 exajoules (EJ) por ano. A energia solar pode ser aproveitado em diferentes níveis em todo o mundo. Consoante a localização geográfica, quanto mais perto do equador, mais energia solar pode sr potencialmente captada. As áreas de deserto, onde as nuvens são baixas e estão localizadas em latitudes próximas ao equador são mais favoráveis à captação energia solar.Os desertos que se encontram relativamente perto de zonas de maior consumo em países desenvolvidos têm a sofisticação técnica necessária para a captura de energia solar realizações estão cada vez mais importante como o Deserto de Mojave (Califórnia), onde existe uma central de energia solar com uma capacidade total de 354 MW. De acordo com um estudo publicado em 2007 pelo Conselho Mundial da Energia, em 2100, 70% da energia consumida será de origem solar. 9.1. Tipos de energia solar Os métodos de captura da energia solar classificam-se em diretos ou indiretos: Direto significa que há apenas uma transformação para fazer da energia solar um tipo de energia utilizável pelo homem. Exemplos: A energia solar atinge uma célula fotovoltaica criando eletricidade. (A conversão a partir de células fotovoltaicas é classificada como direta, apesar de que a energia elétrica gerada precisará de nova conversão - em energia luminosa ou mecânica, por exemplo - para se fazer útil.) A energia solar atinge uma superfície escura e é transformada em calor, que aquecerá uma quantidade de água, por exemplo - esse princípio é muito utilizado em aquecedores solares. 33/127 Indireto significa que precisará haver mais de uma transformação para que surja energia utilizável. Exemplo: Sistemas que controlam automaticamente cortinas, de acordo com a disponibilidade de luz do Sol. Também se classificam em passivos e ativos: Sistemas passivos são geralmente diretos, apesar de envolverem (algumas vezes) fluxos em convecção, que é tecnicamente uma conversão de calor em energia mecânica. Sistemas ativos são sistemas que apelam ao auxílio de dispositivos elétricos, mecânicos ou químicos para aumentar a efetividade da coleta. Sistemas indiretos são quase sempre também ativos. 9.2. Vantagens e desvantagens da energia solar 9.2.1. Vantagens A energia solar não polui durante seu uso. A poluição decorrente da fabricação dos equipamentos necessários para a construção dos painéis solares é totalmente controlável utilizando as formas de controles existentes atualmente. As centrais necessitam de manutenção mínima. Os painéis solares são a cada dia mais potentes ao mesmo tempo que seu custo vem decaindo. Isso torna cada vez mais a energia solar uma solução economicamente viável. A energia solar é excelenteem lugares remotos ou de difícil acesso, pois sua instalação em pequena escala não obriga a enormes investimentos em linhas de transmissão. Em países tropicais, como o Brasil, a utilização da energia solar é viável em praticamente todo o território, e, em locais longe dos centros de produção energética, sua utilização ajuda a diminuir a demanda energética nestes e consequentemente a perda de energia que ocorreria na transmissão. 9.2.2. Desvantagens Um painel solar consome uma quantidade enorme de energia para ser fabricado. A energia para a fabricação de um painel solar pode ser maior do que a energia gerada por ele. Os preços são muito elevados em relação aos outros meios de energia. Existe variação nas quantidades produzidas de acordo com a situação atmosférica (chuvas, neve), além de que durante a noite não existe produção alguma, o que obriga a que existam meios de armazenamento da energia produzida durante o dia em locais onde os painéis solares não estejam ligados à rede de transmissão de energia. Locais em latitudes médias e altas (Ex: Finlândia, Islândia, Nova Zelândia e Sul da Argentina e Chile) sofrem quedas bruscas de produção durante os meses de 34/127 inverno devido à menor disponibilidade diária de energia solar. Locais com frequente cobertura de nuvens (Curitiba, Londres), tendem a ter variações diárias de produção de acordo com o grau de nebulosidade. As formas de armazenamento da energia solar são pouco eficientes quando comparadas, por exemplo, aos combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás), a energia hidroelétrica (água) e a biomassa (bagaço da cana ou bagaço da laranja). 9.3. Energia solar no mundo Em 2004 a capacidade instalada mundial de energia solar era de 2,6 GW, cerca de 18% da capacidade instalada de Itaipu. Os principais países produtores, curiosamente, estão situados em latitudes médias e altas. O maior produtor mundial era o Japão (com 1,13 GW instalados), seguido da Alemanha (com 794 MWp) e Estados Unidos (365 MW). Entrou em funcionamento em 27 de Março de 2007 a Central Solar Fotovoltaica de Serpa (CSFS), a maior unidade do gênero do Mundo. Fica situada na freguesia de Brinches, Alentejo, Portugal, numa das áreas de maior exposição solar da Europa. Tem capacidade instalada de 11 MW, suficiente para abastecer cerca de oito mil habitações. Entretanto está projetada e já em fase de construção outra central com cerca de seis vezes a capacidade de produção desta, também no Alentejo, em Amareleja, conselho de Moura. Muito mais ambicioso é o projeto australiano de uma central de 154 MW, capaz de satisfazer o consumo de 45 000 casas. Esta se situará em Victoria e prevê-se que entre em funcionamento em 2013, com o primeiro estágio pronto em 2010. A redução de emissão de gases de estufa conseguida por esta fonte de energia limpa será de 400.000 toneladas por ano. 10. Energia Eólica É a energia que provém do vento. O termo eólico vem do latim aeolicus, pertencente ou relativo a Éolo, Deus dos ventos na mitologia grega e, portanto, pertencente ou relativo ao vento. A energia eólica tem sido aproveitada desde a antiguidade para mover os barcos impulsionados por velas ou para fazer funcionar a engrenagem de moinhos, ao mover as suas pás. Nos moinhos de vento a energia eólica era transformada em energia mecânica, utilizada na moagem de grãos ou para bombear água. Os moinhos foram usados para fabricação de farinhas e ainda para drenagem de canais, sobretudo nos Países Baixos. 10.1. Conversão em energia elétrica Na atualidade utiliza-se a energia eólica para mover aerogeradores - grandes turbinas colocadas Parque Eólico Eco Energy, na cidade 35/127 em lugares de muito vento. Essas turbinas têm a forma de um catavento ou um moinho. Esse movimento, através de um gerador, produz energia elétrica. Precisam agrupar-se em parques eólicos, concentrações de aerogeradores, necessários para que a produção de energia se torne rentável, mas podem ser usados isoladamente, para alimentar localidades remotas e distantes da rede de transmissão. É possível ainda a utilização de aerogeradores de baixa tensão quando se trate de requisitos limitados de energia elétrica. Um aerogerador é um dispositivo que aproveita a energia eólica e a converte em energia elétrica. A energia eólica pode ser considerada uma das mais promissoras fontes naturais de energia, principalmente porque é renovável, ou seja, não se esgota, limpa, amplamente distribuída globalmente e, se utilizada para substituir fontes de combustíveis fósseis, auxilia na redução do efeito estufa. Em países como o Brasil, que possuem uma grande malha hidrográfica, a energia eólica pode se tornar importante no futuro, porque ela não consome água, que é um bem cada vez mais escasso e que também vai ficar cada vez mais controlado. Em países com uma malha hidrográfica pequena, a energia eólica passa a ter um papel fundamental já nos dias atuais, como talvez a única energia limpa e eficaz nesses locais. Além da questão ambiental, as turbinas eólicas possuem a vantagem de poderem ser utilizadas tanto em conexão com redes elétricas como em lugares isolados, não sendo necessário a implementação de linhas de transmissão para alimentar certas regiões (que possuam aerogeradores). Em 2009 a capacidade mundial de geração de energia elétrica através da energia eólica foi de aproximadamente 158 gigawatts (GW), o suficiente para abastecer as necessidades básicas de dois países como o Brasil(o Brasil gastou em média 70 gigawatts em janeiro de 2010). Para se ter uma idéia da magnitude da expansão desse tipo de energia no mundo, em 2008 a capacidade mundial foi de cerca de 120 GW e, em 2008, 59 GW. A capacidade de geração de energia eólica no Brasil foi de 606 megawatts (MW) em 2009, onde houve um aumento de 77,7% em relação ao ano anterior. A capacidade instalada em 2008 era de 341 MW. O Brasil responde por cerca da metade da capacidade instalada na América Latina, mas representa apenas 0,38% do total mundial. Os EUA lideram o ranking dos países que mais produzem energia através de fonte eólica. O total instalada nesse país ultrapassa os 35 GW. Atrás deles vem a Alemanha, com cerca de 26 GW instaladas, e a China, com 25 GW.[] Em alguns países, a energia elétrica gerada a partir do vento representa significativa parcela da demanda. Na Dinamarca esta representa 23% da produção, 6% na Alemanha e cerca de 8% em Portugal e na Espanha (dados de setembro de 2007). Globalmente, a energia eólica não ultrapassa o 1% do total gerado por todas as fontes. O custo da geração de energia eólica tem caído rapidamente nos últimos anos. Em 2005 o custo da energia eólica era cerca de um quinto do que custava no final dos anos 1990, e essa queda de custos deve continuar com a ascensão da tecnologia de produção de grandes aerogeradores. No ano de 2003 a energia eólica foi a forma de energia que mais cresceu nos Estados Unidos. 36/127 A maioria das formas de geração de eletricidade requerem altíssimos investimentos de capital e baixos custos de manutenção. Isto é particularmente verdade para o caso da energia eólica, onde os custos com a construção de cada aerogerador podem alcançar milhões de reais, os custos com manutenção são baixos e o custo com combustível é zero. Na composição do cálculo de investimento e custo nesta forma de energia levam- se em conta diversos fatores, como a produção anual estimada, as taxas de juros, os custos de construção, de manutenção, de localização e os riscos de queda dos geradores. Sendo assim, os cálculos sobre o real custo de produção da energia eólica diferem muito, de acordo com a localização de cada usina. Apesar da grandiosidade dos modernos moinhosde vento, a tecnologia utilizada continua a mesma de há 1000 anos, tudo indicando que brevemente será suplantada por outras tecnologias de maior eficiência, como é o caso da turbovela, uma voluta vertical apropriada para capturar vento a baixa pressão ao passar nos rotores axiais protegidos internamente. Esse tipo não oferece riscos de colisões das pás com objetos voadores (animais silvestres) e não interfere na áudiovisão. Essa tecnologia já é uma realidade que tanto pode ser introduzida no meio ambiente marinho como no terrestre. Capacidade instalada de produção de energia eólica no final de 2009 País EUA Alemanha China Espanha Índia Itália França Reino Unido Portugal Brasil MW 35.159 25.777 25.104 19.149 10.926 4.850 4.492 4.051 3.535 606 % 22,3 16,3 15,9 12,1 6,9 3,1 2,8 2,6 2,2 0,4 10.2. Energia Eólica no Brasil Parque eólico de Osório no Rio Grande do Sul, a energia eólica responde por 0,2% da energia produzida no país. 37/127 A energia eólica no Brasil tinha uma capacidade instalada de 602 MW no final de 2009, suficiente para abastecer uma cidade de cerca de 300 mil residências. Os 36 parques eólicos e fazendas eólicas do país, em 2009, estavam localizadas no Nordeste (5 estados), Sul (3 estados) e Sudeste (1 estado). O potencial da energia eólica no Brasil é mais intenso de junho a dezembro, coincidindo com os meses de menor intensidade de chuvas. Isso coloca o vento como uma potencial fonte suplementar de energia gerada por hidrelétricas. Em 2009, 10 projetos estão em construção, com uma capacidade de 256 MW, e em 2010, 45 iniciaram sua construção para gerar 2.139 MW, em vários estados. A empresa estadunidense General Electric tem uma indústria no Brasil, na cidade de Campinas, e uma parceria com a Tecsis em Sorocaba, para atender a demanda dos novos projetos. Em 14 de dezembro de 2009, cerca de 1.800 megawatts (MW) foram contratados com 71 usinas de energia eólica programados para serem entregues a partir do 1 de julho de 2012. Ao focalizar internamente na geração de energia eólica, o Brasil é parte de um movimento internacional para tornar a energia eólica uma fonte primária de energia. Na verdade, a energia eólica tem tido a maior taxa de expansão de todas as fontes renováveis de energia disponíveis, com um crescimento médio de 27% por ano desde 1990, segundo o Global Wind Energy Council (GWEC). 10.3. Suporte do governo A primeira turbina de energia eólica do Brasil foi instalada em Fernando de Noronha em 1992. Dez anos depois, o governo criou o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa) para incentivar a utilização de outras fontes renováveis, como eólica, biomassa e Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs). Estas estações podem usar energia hidrelétrica, o carro-chefe da matriz energética do Brasil, que compreende cerca de três quartos da capacidade energética instalada do Brasil. O alto custo da produção de energia, juntamente com as vantagens da energia eólica como uma fonte de energia renovável, amplamente disponível, tem levado vários países a estabelecer incentivos regulamentando e dirigindo investimentos financeiros para estimular a geração de energia eólica. 10.4.Crescimento da energia eólica Desde a criação do Proinfa, a produção de energia eólica no Brasil aumentou de 22 MW em 2003 para 602 MW em 2009, como parte dos 36 projetos privados. Outros 10 projetos estão em construção, com uma capacidade de 256,4 MW, e 45 outros projetos foram aprovados pela ANEEL, com um potencial estimado de 2,139.7 MW. O desenvolvimento destas fontes de energia eólica no Brasil está ajudando o país a alcançar seus objetivos estratégicos de aumentar a segurança energética, reduzir as emissões de gases de efeito estufa e criando empregos. O potencial para este tipo de geração de energia no Brasil poderia chegar a até 145.000 MW, segundo o Relatório de Potencial de Energia Eólica de 2001 do Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel). 38/127 11. Energia elétrica Energia elétrica é uma forma de energia baseada na geração de diferenças de potencial elétrico entre dois pontos, que permitem estabelecer uma corrente elétrica entre ambos. Mediante a transformação adequada é possível obter que tal energia mostre-se em outras formas finais de uso direto, em forma de luz, movimento ou calor, segundo os elementos da conservação da energia. É uma das formas de energia que o homem mais utiliza na atualidade, graças a sua facilidade de transporte, baixo índice de perda energética durante conversões. A energia elétrica é obtida principalmente através de termoelétricas, usinas hidroelétricas, usinas eólicas e usinas termonucleares porém ela pode ser produzida em grandes quantidades a partir de diversas fontes. Abaixo é mostrado uma tabela que indica diversas origens e fontes de energia e o equipamento utilizado para a produção. Origem Fonte Equipamento calor reação nuclear central nuclear nascentes hidrotermais central geotérmica queima de resíduos incinerador queima de outros tipos de combustível central termoeléctrica luz sol célula fotoeléctrica movimento vento aerogerador motor gerador ondas do mar central talassomotriz peso maré central talassomotriz água dos rios turbina hidráulica química reacções químicas célula electrolítica 39/127 11.1. Geração de eletricidade A geração de eletricidade é o primeiro processo na entrega da eletricidade aos consumidores. Outros três processos são transmissão de energia elétrica , distribuição da eletricidade e a venda da eletricidade . A importância da geração, da transmissão e da distribuição seguras de eletricidade foi revelada quando se tornou aparente que a eletricidade era útil para fornecer o calor, a luz e a energia em geral para atividades humanas. A geração de energia descentralizada tornou-se altamente atrativa quando se reconheceu que as linhas de energia elétrica em corrente alternada podiam transportar a eletricidade a baixo custo através de grandes distâncias. A eletricidade foi concebida com a finalidade de alimentar as tecnologias humanas. As primeiras plantas de energia funcionavam com madeira, quando hoje nós confiamos principalmente no petróleo, no gás natural, no carvão, no potencial hidroelectrico e nuclear e em uma quantidade pequena do hidrogênio, na energia solar, e em geradores do vento . 11.1.1. Métodos de geração de eletricidade As turbinas girando unidas aos geradores elétricos produzem a eletricidade. As turbinas podem ser movidas usando o vapor, a água, o vento ou outros líquidos como um portador de energia intermediário. As fontes de energia mais comuns são o vapor, combustíveis fosseis, reatores nucleares, e da energia potencial gravitacional das barragens das usinas hidroelétricas. As pilhas produzem a eletricidade pelas reações de óxido-redução com uma variedade de produtos químicos. O mundo confia principalmente no carvão e no gás natural para fornecer energia. As exigências elevadas do Energia nuclear e seus perigos impediram requisitar estruturas de poder nuclear para a America do Norte desde os 1970 . As turbinas de vapor podem produzir energia usando o vapor produzido das fontes geotermicas, da energia solar , ou dos reatores nucleares , que usam a energia criada pela fissão do plutônio ou do urânio radioativo para gerar o calor. O poder hidroelectrico usa a água que flui diretamente através das turbinas para dar energia aos geradores. As turbinas do vento usam o vento as girar as turbinas que são enganchadas
Compartilhar