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Prof. José Renato de Castro Pessôa jrenatopessoa@gmail.com Energia de Deformação I Métodos Energéticos Aplicados a Estruturas Isostáticas Trabalho de uma Força Trabalho de um Momento Energia de Deformação Energia de Deformação Elástica para Vários Tipos de Carga Conservação de Energia Princípio do Trabalho Virtual Resistência dos Materiais II 2 Trabalho de uma Força Em mecânica uma força realiza trabalho quando sofre um deslocamento dx que está na mesma direção dela. O trabalho realizado é um escalar, definido como dUe = Fdx. Se o deslocamento total for x, o trabalho será: Na barra mostrada, à medida que a intensidade de F aumenta gradualmente de zero até algum valor limite F = P, o deslocamento final da extremidade da barra torna-se ∆. Se o material comportar-se de maneira linear elástica, a força será diretamente proporcional ao deslocamento; isto é, (P/∆)x. Integrando a equação do trabalho de 0 a ∆, obteremos: À medida que a força é gradualmente aplicada à barra, sua intensidade aumenta de zero até algum valor P e, por consequência, o trabalho realizado é igual à intensidade média da força, P/2, vezes o deslocamento total ∆. 3 Pode-se representar esse trabalho como a área sombreada mais clara do triângulo, representada no gráfico mostrado. Suponha que P já está aplicada à barra e que outra força P' é aplicada, de modo que a extremidade da barra desloca-se por uma quantidade adicional ∆' , como mostrado. Então, o trabalho realizado por P (não P') quando a barra sofre esse deslocamento adicional ∆' será: No gráfico mostrado esse trabalho representa a área retangular sombreada. Notar que P não muda de intensidade, visto que o deslocamento da barra ∆' é provocado somente por P'. Quando uma força P é aplicada à barra , seguida pela aplicação da força P', o trabalho total realizado por ambas as forças é representado pela área do triângulo inteiro mostrado no gráfico. A área triangular mais clara representa o trabalho de P que é provocado por seu deslocamento ∆. A área triangular sombreada mais escura representa o trabalho de P', visto que essa força desloca-se ∆' e por fim, a área retangular escura representa o trabalho adicional realizado por P quando P desloca-se ∆', em razão de P'. 4 Trabalho de um Momento Um momento M realiza trabalho quando sofre um deslocamento rotacional dθ ao longo de sua linha de ação. O trabalho realizado é definido como Ue = Mdθ, como mostrado na figura. Se o ângulo total de deslocamento rotacional for θ rad, o trabalho torna-se: Como ocorreu no caso da força, se o momento for aplicado a um corpo que tenha comportamento de material linear elástico, tal que sua intensidade aumente gradualmente de zero em θ = 0 a M em θ(∆θ=θ), (M/∆θ)θ então o trabalho será: Todavia, se o momento já estiver aplicado ao corpo e outras cargas provocarem rotação adicional θ' ao corpo, então o trabalho será: 5 Energia de Deformação Quando cargas são aplicadas a um corpo, elas deformam o material. Contanto que nenhuma energia seja perdida sob a forma de calor, o trabalho externo realizado pelas cargas será convertido em trabalho interno denominado energia de deformação. Essa energia, que se apresenta sempre positiva, é armazenada no corpo e provocada pela ação da tensão normal ou da tensão de cisalhamento. Tensão Normal Se o elemento de volume mostrado na figura for submetido à tensão normal σz, a força criada nas faces superior e inferior é dFz = σzdA = σz dxdy. Se essa força for aplicada gradualmente ao elemento, como a força P que discutimos anteriormente, sua intensidade aumentará de zero a dFz, enquanto o elemento sofrerá um deslocamento d∆z = ԑzdz. 6 Sendo a força criada nas faces superior e inferior igual a dFz = σzdA = σz dxdy e o deslocamento d∆z = ԑzdz, o trabalho realizado por dFz será dUi = 1/2dFz d∆z = 1/2[σzdxdy]ԑzdz Visto que o volume do elemento é dV = dxdydz, teremos: Observar que Ui é sempre positivo , mesmo que σz seja uma força de compressão, uma vez que σz e ԑz estarão sempre na mesma direção. Se o corpo for submetido somente a uma tensão normal uniaxial σ, que age em uma direção específica, a energia de deformação no corpo será: Se o material comportar-se de maneira linear elástica, a lei de Hooke, σ = Eԑ, é aplicável e, portanto, podemos expressar a energia de deformação em termos da tensão normal como: 7 Tensão de Cisalhamento As faces verticais só giram, portanto as forças de cisalhamento nessas faces não realizam nenhum trabalho. A energia de deformação armazenada no elemento será: No elemento de volume mostrado a tensão de cisalhamento provoca a sua deformação de modo tal que somente a força de cisalhamento dF = Ƭ(dxdy), que age sobre a face superior, desloca-se γdz, em relação á face inferior. O volume do elemento será dxdydz. Integrando sobre todo o volume do corpo para obter a energia de deformação armazenada, (sempre positiva) teremos: Se o material for linear elástico, aplicando- se a lei de Hooke , γ=Ƭ/G teremos: 8 Tensão Multiaxial Como a energia é um escalar, a energia total de deformação no corpo será: Quando um corpo é submetido a um estado geral de tensão as energias de deformação associadas a cada componente da tensão normal e da tensão de cisalhamento podem ser obtidas pelas equações: As deformações podem ser eliminadas usando-se a forma generalizada da lei de Hooke dada pelas equações: 9 Após substituir e reunir termos teremos: Se somente as tensões principais σ1, σ2 e σ3 agirem sobre o elemento como mostrado, essa equação é reduzida a uma forma mais simples: 10 Energia de Deformação Elástica para Vários Tipos de Carga Para se formular a energia de deformação armazenada em um elemento estrutural quando submetido a carga axial, momento fletor, cisalhamento transversal e momento de torção procede-se como se segue, para cada caso particular: Carga Axial Considerar uma barra de seção transversal variável ligeiramente cônica, que é submetida a uma carga axial que coincide com o eixo centroide da barra, como mostrado. A força axial interna em uma seção localizada à distância x de uma extremidade é N. Se a área da seção transversal nessa seção for A, então a tensão normal na seção é σ = N/A. Aplicando a equação para energia de deformação em função da tensão teremos: 11 Se escolhermos um elemento ou uma lâmina diferencial com volume dV = Adx, a fórmula geral para a energia de deformação na barra será, portanto, Para o caso mais comum de uma barra prismática de área de seção transversal constante A, comprimento L e carga axial constante N, como mostrado, a equação quando integrada dará: Por essa equação pode-se ver que a energia de deformação elástica da barra aumentará se o comprimento da barra aumentar, ou se o módulo de elasticidade ou a área da seção transversal diminuir. Dobrar a área da seção transversal de uma determinada haste reduzirá à metade sua capacidade de armazenar energia. 12 Exemplo Determine a energia de deformação no conjunto de hastes. AB é de aço (Eaço= 200GPa) BC de latão (Elat=101GPa); CD de alumínio (Eal=73,1GPa). Propriedades das seções: Solução Forças internas nos trechos: 13 Paço= PA Pal = PA + PB + PC Plat = PA + PB Cálculo da Energia de Deformação: Resolvendo teremos: Lembrar que 1J = 1N.m = 1kgm2/s2 14 Momento Fletor Visto que o momento fletor aplicado a um elemento estrutural prismático reto desenvolve nele uma tensão normal, para determinar a energia de deformação armazenada no elemento decorrente da flexão utilizamos a seguinte fórmula desenvolvida anteriormente: Considerando a viga assimétrica mostrada, o momento interno é M e a tensão normal que age sobre o elemento arbitrário à distância y do eixo neutro é σ = My/I. Se o volume do elementofor dv = dAdx, onde dA é a área de sua face exposta e dx seu comprimento, a energia de deformação elástica na viga será: Percebendo que a integral de área representa o momento de inércia da viga em torno do eixo neutro, o resultado final pode ser escrito como: Para se obter a energia de deformação expressamos o momento interno em função da posição x ao longo da viga, e integramos sobre o comprimento total da viga. 15 Exemplo Determine a energia de deformação por flexão na região AB da viga mostrada considerando EI constante. Um diagrama de corpo livre da viga é mostrado . Podemos expressar o momento interno em termos de qualquer uma das três coordenadas 'x' indicadas e em seguida aplicar a equação : Solução Consideraremos a coordenada x1 para expressar o momento interno.(0≤x1≤L) 16 Cisalhamento Transversal A energia de deformação decorrente d tensão de cisalhamento em um elemento de uma viga pode ser determinada pela equação: Consideraremos que a viga é prismática e tem um eixo de simetria em torno do eixo y como mostrado. Se o cisalhamento interno na seção x for V, a tensão de cisalhamento que age sobre o elemento de volume de material, que tem comprimento dx e área dA, será Substituindo na equação da energia de deformação para o cisalhamento teremos: 17 A integral entre parênteses é calculada em toda a área da seção transversal da viga. Para simplificar essa expressão, definiremos o fator de forma para cisalhamento como: Substituindo na equação teremos: O fator de forma definido pela equação para fs é um número adimensional exclusivo para cada área de seção transversal específica. 18 Por exemplo, se a viga tiver uma seção transversal retangular com largura b e altura h, então teremos: Substituindo esses termos na equação para o fator de forma teremos: O fator de forma para outras seções pode ser determinado de forma semelhante. O número obtido é substituído na equação para energia de deformação para o cisalhamento. 19 Exemplo Determine a energia de deformação na viga em balanço decorrente de cisalhamento, se a viga tiver seção transversal quadrada e for submetida a uma carga distribuída uniforme w . Considerar EI e G constantes. Solução Pelo diagrama de corpo livre de uma seção arbitrária teremos: Como a seção transversal é quadrada, o fator de forma fs = 6/5, então teremos: 20 Sabendo que para seção transversal dada A = a2 e I = 1/12 a4, a relação entre a energia de deformação por cisalhamento e energia de deformação por flexão será: Energia de deformação por flexão calculada pela fórmula apresentada anteriormente: Energia de deformação por cisalhamento calculada: Visto que G = E/2(1+v) e v≤0,5, teremos como limite superior E=3G, de modo que: Pode-se ver que a relação aumenta à medida que L diminui. Mesmo para vigas muito curtas, por exemplo L = 5a, a contribuição dada pela energia de deformação por cisalhamento é somente 8% da energia de deformação por flexão. Por essa razão a energia de deformação por cisalhamento armazenada em vigas é normalmente desprezada na análise de engenharia. 21 Momento de Torção Para determinar a energia de deformação interna em um eixo ou tubo circular decorrente de um momento de torção aplicado, temos de aplicar a equação para a energia de deformação em termos da tensão de cisalhamento. A seção do eixo mostrado tomada à distância x de uma extremidade é submetida a um torque interno T. A distribuição de tensão de cisalhamento que provoca esse torque varia linearmente em relação ao centro do eixo. No elemento de comprimento arbitrário dx e área dA, a tensão será Assim a energia de deformação armazenada no eixo será: 22 Visto que a integral de área representa o momento polar de inércia J para o eixo na seção, o resultado final pode ser escrito como: O caso mais comum ocorre quando um eixo (ou tubo) tem uma área de seção transversal constante e o torque aplicado é constante como mostrado. A integração da equação dará: Por essa equação, pode-se concluir que, do mesmo modo que ocorre com um elemento estrutural submetido a carga axial, a capacidade de absorção de energia de um eixo submetido á carga de torção diminui quando o diâmetro do eixo aumenta, visto que isso aumenta J. Caso o eixo não seja circular a equação deve ser modificada e teremos que recorrer a análise matemática baseada na teoria da elasticidade. 23 O eixo tubular da figura está engastado na parede e é submetido aos dois torques mostrados. Determine a energia de deformação armazenada no eixo decorrente dessa carga. G = 75GPa. Pelo método das seções, determinamos em primeiro lugar o torque interno dentro das duas regiões do eixo onde ele é constante, como mostrado. Exemplo Solução Embora esses torques estejam em direções opostas, isso não terá consequência para a determinação da energia de deformação, visto que o torque é elevado ao quadrado na equação, ou seja; a energia de deformação é sempre positiva. O momento polar de inércia para o eixo é: 24 Aplicando a equação para cada trecho teremos: 25 Conservação de Energia Todos os métodos de energia usados em mecânica baseiam-se em um equilíbrio de energia, muitas vezes denominado conservação de energia. Consideraremos a energia mecânica no estudo do equilíbrio de energia. Não serão consideradas as energias desenvolvidas por calor, reações químicas e efeitos eletromagnéticos. Se uma carga for aplicada lentamente a um corpo, de modo que a energia cinética também possa ser desprezada, as cargas externas tendem a deformar o corpo fisicamente, de modo que as cargas realizam trabalho externo Ue à medida que são deslocadas. Esse trabalho externo provocado pelas cargas transforma-se em trabalho interno ou energia de deformação Ui, que é armazenada no corpo. Quando se removem as cargas, a energia de deformação restitui o corpo à posição original não deformada, desde que o limite de elasticidade do material não seja ultrapassado. Assim a conservação de energia para o corpo pode ser expressa como: 26 Para determinar o deslocamento de um ponto sobre um elemento estrutural ou estrutura deformável, consideraremos primeiramente uma treliça sujeita à carga conhecida P. Contanto que P seja aplicada de modo gradual, o trabalho externo realizado por P é determinado por Ue = 1/2P∆, onde ∆ representa o deslocamento vertical da treliça na articulação onde se aplica P. Considerando que P desenvolve uma força axial N em um determinado elemento estrutural, a energia de deformação armazenada nesse elemento é determinada por Ui = N2L/2AE. Somando as energias de deformação para todos os elementos da treliça, podemos escrever: Uma vez determinadas as forças internas (N) em todos os elementos da treliça e calculados os termos à direita, é possível determinar o deslocamento desconhecido ∆. 27 Outro exemplo é considerar a viga que sofre ação da carga vertical P, conhecida. Desejamos determinar o deslocamento vertical ∆, causado pela carga. Novamente o trabalho externo será Ue = 1/2P∆, onde ∆ representa o deslocamento vertical da viga no ponto onde se aplica P. Contudo, nesse caso, a energia de deformação seria o resultado das cargas do cisalhamento e momentos internos provocados por P. A energia de deformação será, portanto, determinada somente pelo momento fletor interno M e teremos: Desde que M seja expresso em função da posição e que a integral seja calculada, pode-se determinar ∆. Como foi visto, a contribuição da energia de deformação decorrente do cisalhamento é desprezada na maioria dos problemas de deflexão em vigas. 28 Mais um exemplo consiste em se considerar uma viga carregada por um momento M0, como mostrado na figura. Esse momento provoca o deslocamento rotacional θ no pontode sua aplicação. Visto que o momento só realiza trabalho quando gira, o trabalho externo será Ue = 1/2M0θ. Teremos, então: Aqui a energia de deformação é determinada como resultado do momento fletor interno M provocado pela aplicação do Momento M0. Desde que M seja expresso em função da posição x e a energia de deformação calculada, pode-se calcular θ. Observa-se que a aplicação da equação Ue = Ui é bastante limitada, porque somente uma única força interna ou momento interno deve agir sobre o elemento estrutural. Se mais de uma força externa ou momento externo fosse aplicado, o trabalho externo de cada carga envolveria seu deslocamento desconhecido associado o que não poderia ser feito visto só haver uma equação disponível para solução. Embora exista essa restrição, a aplicação da conservação de energia como foi visto serve como introdução aos métodos de energia mais gerais. 29 Exemplo A viga em balanço mostrada tem seção transversal retangular e está sujeita a uma carga P em sua extremidade. Determine o deslocamento da carga. EI constante. Solução O cisalhamento interno e o momento interno na viga em função de x são determinados pelo método das seções. Consideraremos a energia de deformação decorrente de cisalhamento e flexão. 30 O primeiro termo do lado direito dessa equação representa a energia de deformação decorrente do cisalhamento, enquanto o segundo é a energia de deformação decorrente da flexão. Como já foi dito e demonstrado, para a maioria das vigas a energia de deformação por cisalhamento por ser muito menor do que a energia de deformação por flexão só deverá ser utilizada para vigas curtas e largas. Então teremos: 31 Princípio do Trabalho Virtual Desenvolvido por John Bernoulli em 1717 e baseia-se na conservação de energia. Sempre que um corpo é impedido de mover-se, as cargas devem satisfazer as condições de equilíbrio, e os deslocamentos, as de compatibilidade. As condições de equilíbrio exigem que as cargas externas estejam relacionadas apenas às cargas internas, e as condições de compatibilidade exigem que os deslocamentos externos estejam relacionados apenas com as deformações internas. Supondo um corpo deformável de qualquer forma submetido a uma série de cargas externas P. Pode-se observar: As cargas externas P provocarão cargas internas u dentro do corpo. As cargas externas e internas estão relacionadas pelas equações de equilíbrio. Como o corpo é deformável as cargas externas serão deslocadas ∆, e as cargas internas sofrerão deslocamentos δ. Se o material não comportar-se elasticamente os deslocamentos não estarão relacionados com as cargas. 32 Se os deslocamentos externos forem conhecidos, os internos correspondentes estarão definidos unicamente visto que o corpo é contínuo. Nesse caso, a conservação de energia afirma que: Utilizaremos o princípio do trabalho virtual para determinar o deslocamento e a inclinação em qualquer ponto sobre o corpo. Considerando um corpo de forma arbitrária, como mostrado, submetida às cargas P1, P2 e P3. As cargas não provocam nenhum movimento nos apoios, podendo deformar o material além do limite elástico. Aplicando o princípio da conservação de energia, observa-se que em A não há nenhuma força agindo. Dessa forma o deslocamento desconhecido ∆ não será incluído como termo de trabalho externo na equação. Se quer determinar o deslocamento ∆ do ponto A sobre o corpo provocado por essas cargas. 33 Para contornar essa limitação, aplica-se uma força imaginária ou virtual P' sobre o corpo no ponto A, tal que P' aja na mesma direção de ∆. Além disso, consideraremos que essa carga é aplicada ao corpo antes da aplicação das cargas reais, como mostrado na figura. Essa carga externa virtual P' = 1, cria uma carga virtual interna u em um elemento ou fibra representativa do corpo como também mostrado na figura. P' e u podem ser relacionadas pelas equações de equilíbrio. Uma vez aplicada a carga virtual e submetido o corpo às cargas reais P1, P2 e P3, o ponto A será deslocado por uma quantidade real ∆, que provocará um deslocamento dL no elemento como mostrado na figura. O resultado é que a força virtual externa P' e a carga virtual interna u deslocam-se juntas por ∆ e dL, respectivamente. Essas cargas realizam trabalho virtual externo de 1.∆ sobre o corpo e trabalho virtual interno de u.dL sobre o elemento. 34 Considerando somente a conservação de energia virtual, o trabalho virtual externo é igual ao trabalho virtual interno realizado sobre todos os elementos do corpo. Portanto, podemos escrever a equação do trabalho virtual como: Sendo: P' = 1 = carga virtual externa unitária que age na direção de ∆; u = carga virtual interna que age sobre o elemento; ∆ = deslocamento externo provocado pelas cargas reais; dL = deslocamento interno do elemento na direção de u, provocado pelas cargas reais. Escolhendo P' = 1, pode-se ver que a solução para ∆ decorre diretamente, visto que ∆ = ∑ udL. 35 De maneira semelhante, se tivermos que determinar o deslocamento rotacional ou a inclinação da tangente em um ponto sobre o corpo, aplicamos um momento virtual M' de intensidade unitária ao ponto. Sendo: M' = 1 = momento unitário virtual externo que age na direção de θ; uθ = carga virtual interna que age sobre um elemento; θ = deslocamento rotacional em radianos provocado pelas cargas reais; dL = deslocamento interno do elemento na direção de uθ, provocado pelas cargas reais. Esse momento provoca uma carga virtual uθ em um dos elementos do corpo. Considerando que as cargas reais deformam o elemento por uma quantidade dL, a rotação θ pode ser determinada pela equação do trabalho virtual: 36 Esse método de aplicação do princípio do trabalho virtual costuma ser denominado método das forças virtuais, visto que se aplica uma força virtual, resultando no cálculo de um deslocamento real externo. A equação do trabalho virtual representa, nesse caso, uma declaração de requisitos de compatibilidade para o corpo. Também pode-se aplicar o princípio do trabalho virtual como um método de deslocamentos virtuais. Nesse caso, deslocamentos virtuais são impostos ao corpo quando ele é submetido a cargas reais. Esse método pode ser usado para determinar a força de reação externa sobre o corpo ou uma carga interna desconhecida dentro do corpo. Aqui, a equação do trabalho virtual é uma declaração de requisitos de equilíbrio para o corpo. Esse método é visto em detalhes em um curso de análise de estruturas. 37 Trabalho Virtual Interno Os termos do lado direito das equações do trabalho virtual representam o trabalho virtual interno desenvolvido no corpo. Os deslocamentos reais internos dL nesses termos podem ser produzidos de vários modos diferentes. Esses deslocamentos podem resultar dos erros de fabricação na geometria, da temperatura, ou o que é mais comum da tensão. Se considerarmos que o comportamento do material é linear elástico e que a tensão não ultrapassa o limite de proporcionalidade, pode-se formular as expressões para o trabalho virtual interno provocado por tensão usando as equações de energia de deformação elástica já desenvolvidas. 38 Cada uma dessas expressões considera que a tensão resultante N, V, M ou T foi aplicada gradualmente de zero até seu valor total. Como resultado, o trabalho realizado pela tensão resultante é mostrado nessas expressões como metade do produto entre a tensão resultante e seu deslocamento. No caso do método da força virtual, entretanto, a carga virtual total é aplicada antes de as cargas reais provocarem deslocamentos e, portanto, o trabalho das cargas virtuais internas consiste simplesmente no produto entre a carga virtual interna e seu deslocamento real. Designando essas cargas virtuais internas (u) pelossímbolos correspondentes em letras minúsculas n, v, m e t, o trabalho virtual decorrente da carga axial, cisalhamento, momento fletor e momento de torção é mostrado. : 39 A equação do trabalho virtual para um corpo submetido a uma carga geral pode ser escrita como: É importante utilizar um conjunto consistente de unidades para todos os termos. Por exemplo, se as cargas reais forem expressas em (kN) e as dimensões do corpo em (m), uma força virtual de 1 kN ou um momento virtual de 1 kN deve ser aplicado ao corpo. Desse modo, um deslocamento calculado ∆ será expresso em metros, e uma inclinação calculada em radianos.
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